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quinta-feira, 19 de maio de 2022

João Paulo II, Carlo Acutis e Chiara Badano estão entre os 13 padroeiros da JMJ Lisboa 2023

São João Paulo II, beato Carlo Acutis e beata Chiara Luce Badano /
Vatican Media, Associação Carlo Acutis e Movimento dos Focolares

Lisboa, 19 mai. 22 / 09:55 am (ACI).- O cardeal Manuel Clemente, patriarca de Lisboa, apresentou oficialmente os 13 padroeiros da Jornada Mundial da Juventude (JMJ) 2023. Entre eles estão são João Paulo II e os jovens beatos Carlo Acutis e Chiara Badano.

A edição de 2023 da JMJ acontecerá em Lisboa, Portugal, de 1º a 6 de agosto, e deve reunir centenas de milhares de jovens católicos.

Em comunicado divulgado ontem (18), o cardeal Clemente disse que "a padroeira por excelência da próxima Jornada Mundial da Juventude é a Virgem Maria, a jovem que aceitou ser mãe do Filho de Deus encarnado".

“Ela, que se levantou e correu para a montanha, ao encontro de sua prima Isabel, levando-lhe Jesus que ela havia concebido. Desta forma, ela ensina os jovens de todos os tempos e lugares a levar Jesus aos outros que o esperam, tanto agora como naquela época!”, disse.

Em seguida, o cardeal português disse que “são João Paulo II também é padroeiro. Devemos a ele a iniciativa das Jornadas, que têm reunido e animado milhões de jovens dos cinco continentes”.

O cardeal destacou que os “padroeiros e padroeiras são todos santos e santas que se dedicaram ao serviço da juventude e em especial são João Bosco, que são João Paulo II declarou ‘Pai e Mestre da Juventude’”.

“Contamos também com a proteção de são Vicente, diácono e mártir do século IV, que sendo padroeiro da diocese a todos acolherá e reforçará com a sua caridade e testemunho evangélico”, disse.

O patriarca de Lisboa disse que ao ser feita na capital portuguesa, “a Jornada terá o apoio celestial de alguns santos lisboetas, que daqui partiram para anunciar a Cristo.”.

"Como santo Antônio, nascido por volta de 1190, que mais tarde seguiria, já franciscano, rumo a Marrocos primeiro e logo em seguida para a Itália, o sul de França e de novo Itália, convertendo muita gente ao Evangelho que vivia e pregava", disse ele, lembrando que “o papa Leão XIII o chamava de 'o santo do mundo inteiro'”.

"Também de Lisboa foi, séculos depois, são Bartolomeu dos Mártires, dominicano e arcebispo de Braga", disse, que "quis reformar a Igreja, tornando os pastores mais próximos das ovelhas, como o Evangelho requer e tanto insiste o papa Francisco".

O patriarca de Lisboa disse que “um século mais tarde, “são João de Brito, jesuíta, partiu para a Índia, para anunciar Cristo. Imparável no anúncio e nas viagens difíceis, vestindo e falando de modo a chegar a todos os grupos e classes, foi martirizado em Oriur, em 1693”.

Entre os beatos padroeiros nascidos em Lisboa, o cardeal destacou "Joana de Portugal, filha do rei Afonso V, que podendo ter sido rainha em vários reinos da Europa preferiu unir-se a Cristo e à paixão de Cristo, partindo para o claustro aos dezenove anos. Morreu em Aveiro, no convento das freiras dominicanas, em 1490”.

"Nós a chamamos de santa Joana Princesa e ela nos leva a tomar decisões radicais", disse ele.

O cardeal Clemente destacou então o beato jesuíta João Fernandes, que em 1570 " foi martirizado ao largo das Canárias, quando se dirigia para a missão do Brasil.".

"Mais tarde, Maria Clara do Menino Jesus, jovem aristocrata nascida nos arredores da capital. Ficou órfã muito cedo, mas decidiu ser ‘mãe’ dos desamparados", lembrou.

O cardeal lembrou outros jovens "de outras origens, mas do mesmo Reino", entre eles "o beato Pedro Jorge Frassati que, até à sua morte em Turim, em 1925, aos 24 anos, tocou a todos com o dinamismo, a alegria e a caridade com que vivia o Evangelho, tanto escalando os Alpes como servindo os pobres”.

"Com a mesma juventude e generosidade contamos com o beato Marcel Callo, nascido em Rennes e morto no campo de concentração de Mauthausen em 1945", disse.

Em seguida, o cardeal Clemente destacou que "a beata Chiara Badano, jovem focolarina, identificou-se com Cristo abandonado na cruz quando, aos 16 anos, foi atingida por uma doença".

"Morreu dois anos depois, em 1990, sempre irradiando uma alegria luminosa que confirmou o nome 'Luce' dado a ela por Chiara Lubich", fundadora do Movimento dos Focolares.

“No ano seguinte, 1991, nasceu o beato Carlo Acutis, que morreu de leucemia em Monza aos 15 anos”, observou.

“A sua curta vida foi preenchida com grande devoção mariana e eucarística, que a habilidade com o computador lhe permitiu difundir, mesmo durante a doença. Fez de seu sofrimento uma oferta e morreu feliz”, disse.

“No tempo de cada um, os patronos da JMJ Lisboa 2023 demonstraram que a vida de Cristo preenche e salva a juventude de sempre. Com eles contamos, com eles partimos!”, destacou o cardeal.

Além destes padroeiros, a JMJ Lisboa 2023 é também confiada aos padroeiros que cada diocese de Portugal escolheu como “referência para cada realidade diocesana”.

A primeira JMJ reuniu jovens em Roma, Itália, em 1986. Foram feitos encontros posteriores, com um intervalo de dois ou três anos, em Buenos Aires, Argentina; Santiago de Compostela, Espanha; Czestochowa, Polônia; Denver, EUA; Manila, Filipinas; Paris, França; Roma, Itália; Toronto, Canadá; Colônia, Alemanha; Sydney, Austrália; Madri, Espanha; Rio de Janeiro, Brasil; Cracóvia, Polônia. A mais recente foi no Panamá, em 2019.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Francisco: sejam sacerdotes próximos do povo e não de "laboratório teológico"

O Papa com a Comunidade do Pio Colégio Romeno (Vatican Media

O Papa recebeu no Vaticano os membros do Pio Colégio Romeno que celebra seus 85 anos de fundação. Convidou os estudantes a tomarem "cuidado para não se tornarem clérigos de Estado", "mas padres do povo, com o cheiro do povo, com o cheiro do rebanho", disse ainda Francisco.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, na Sala do Consistório, no Vaticano, nesta quinta-feira (19/05), a Comunidade do Pontifício Colégio Pio Romeno, por ocasião de seus 85 anos de fundação.

Francisco iniciou o seu discurso, recordando sua viagem apostólica à Romênia, em 2019, em particular a Divina Liturgia celebrada no Campo da Liberdade, em Blaj, onde encorajou a "resistir às novas ideologias que buscam se impor e erradicar os povos, às vezes de forma sutil, de suas tradições religiosas e culturais". "Durante aquela celebração eu proclamei beatos sete bispos mártires, indicando-os como exemplo para todo o povo romeno", frisou o Papa.

Francisco disse que aqui em Roma, "na cidade que preserva o testemunho de Pedro, Paulo e muitos outros mártires", a Comunidade do Pontifício Colégio Pio Romeno "pode redescobrir suas raízes de forma completa, através do estudo e da meditação. É uma oportunidade preciosa para refletir sobre como as raízes foram formadas".

Nutrir as raízes

O Papa recordou as palavras de dom Ioan Ploscaru, bispo de Lugoj, que escapou da morte ao contrário dos outros sete bispos mortos durante a II Guerra Mundial e beatificados pelo Papa dois anos atrás, em Blaj. Dom Ioan ficou preso durante quinze anos. Segundo Francisco, ele foi uma das raízes da Igreja romena da qual hoje os estudantes do Pontifício Colégio Pio Romeno são o "fruto".

Queridos amigos, sem nutrir as raízes toda tradição religiosa perde fecundidade. Na verdade, se verifica um processo perigoso: com o passar do tempo focamos cada vez mais em nós mesmos, na própria pertença, perdendo o dinamismo das origens. Então, se concentra em aspectos institucionais, externos, na defesa do próprio grupo, da própria história e dos próprios privilégios, perdendo, talvez sem perceber, o sabor do dom.

Francisco alertou para não deixar ser afetado pelo vírus da mundanidade espiritual, "que é o pior mal que pode acontecer na Igreja: a mundanidade espiritual".

A atitude de escalar, de ter poder, de ter dinheiro, de ter fama, de se sentir confortável, de fazer carreira: isso é querer crescer sem raízes. É verdade que existem outros que vão às raízes para se esconder lá, porque têm medo de crescer, não? É verdade. Se retorna às raízes para tomar força, tomar o suco e continuar crescendo. Não se pode viver nas raízes e não se pode viver na árvore sem as raízes. A tradição é um pouco a mensagem que nós recebemos das raízes: é o que nos dá força para seguir em frente, hoje, sem repetir as coisas de ontem, mas com a mesma força da primeira inspiração.

Os herdeiros dessas raízes têm a responsabilidade de "atualizá-las", "para que seu ministério não seja uma repetição estéril do passado ou uma manutenção do presente, mas seja fecundo". Segundo o Papa, este "é o segredo da fecundidade" bem conhecido, por exemplo, pelo

cardeal Mureşan, que completará 91 anos de serviço ao sacerdócio, citado como exemplo daquela época de coragem de "pastores pobres de coisas, mas ricos do Evangelho".

Terreno bom da fé

A seguir, o Papa deteve sobre a palavra terreno, convidando a Comunidade do Pontifício Colégio Pio Romeno a não se esquecer do "terreno bom da fé", terreno "trabalhado por seus avós, por seus pais, pelo santo povo de Deus". "O Evangelho não é proclamado com palavras complicadas, mas na linguagem do povo, no dialeto do povo de Deus, aquele que o povo entende, com simplicidade. Por favor, tenham cuidado para não se tornarem clérigos de Estado. Sejam pastores do povo. Proximidade ao povo do qual vocês vêm. Não sejam sacerdotes de laboratório teológico, não. Padres do povo, com o cheiro do povo, com o cheiro do rebanho", disse ainda Francisco.

O terreno bom também é o que faz vocês tocarem a carne de Cristo, presente nos pobres, nos doentes, no sofrimento, nos pequenos e nos simples, naqueles que sofrem e em quem Jesus está presente. Penso, em particular, nos muitos refugiados da vizinha Ucrânia que a Romênia também está acolhendo e ajudando.

Universalidade, bom ar a ser respirado

As palavras finais do Papa foram dirigidas aos estudantes de língua árabe pertencentes ao antigo Colégio Santo Efrém que há dez anos formam uma única comunidade com o Colégio Pio Romeno. "A sua partilha de vida não deve ser sentida como uma diminuição de suas respectivas características distintas, mas como uma promessa fecunda do futuro. Os colégios nacionais, orientais e latinos, não devem ser "enclaves" dentro dos quais voltar após o dia de estudo para viver como se estivesse em pátria, mas laboratórios de comunhão fraterna, onde experimentar a autenticidade da catolicidade, a universalidade da Igreja. Essa universalidade é o bom ar a ser respirado para não ser sugado por particularismos que dificultam a evangelização".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santo Ivo Hélory de Kermartin

S. Ivo Hélory de Kermartin | arquisp
19 de maio

Santo Ivo Hélory de Kermartin

Ivo, ou melhor, Yves Hélory de Kermartin, filho de um nobre, nasceu em 17 de outubro de 1253, no castelo da família, na Baixa Bretanha, França. Educado e orientado por sua mãe, muito religiosa, até a idade de catorze anos, recebeu uma sólida formação religiosa e cultural. Nessa ocasião, decidiu continuar os estudos em Paris, acompanhado de seu professor, João de Kernhoz.

Os próximos doze anos foram dedicados aos estudos de teologia e filosofia na escola de são Boaventura e de direito civil e canônico, cursados na cidade de Orleans, junto ao famoso jurista Peter de la Chapelle. Era muito respeitado no meio acadêmico, por sua aplicação nos estudos e devido à sua vida de piedade muito intensa. Dessa forma, atender o chamado do Senhor pelo sacerdócio seria apenas uma questão de tempo para Ivo.

Atuou como destacado advogado, tanto na corte civil quanto na corte eclesiástica. Aos vinte e sete anos, passou a trabalhar para o diaconato da diocese de Rennes, onde foi nomeado juiz eclesiástico. Pouco tempo depois, o bispo o convocou para trabalhar junto dele na mesma função, mas antes o consagrou sacerdote.

Ivo, aos poucos, se despojou de tudo para se conformar de maneira radical a Jesus Cristo, exortando os seus contemporâneos a fazerem o mesmo, por meio de uma existência diária feita de santidade, no caminho da verdade, da justiça, do respeito pelo direito e da solidariedade para com os mais pobres.

Seus conhecimentos legais estavam sempre à disposição dos seus paroquianos, defendendo a todos, ricos e pobres, com igual lisura. Foi o primeiro a instituir, na diocese, a justiça gratuita para os que não podiam pagá-la. A fama de juiz austero, que não se deixava corromper, correu rapidamente e Ivo se tornou o melhor mediador da França, sempre tentando os acordos fora das cortes para diminuir os custos legais para ambas as partes.

Essa sua dedicação na defesa dos fracos, inocentes, viúvas e pobres lhe conferiu o título de "advogado dos pobres". Muitos foram os casos julgados por ele, registrados na jurisprudência, que mostraram bem seu modo de agir. Ficou constatado que, quando lhe eram denunciados roubos de carneiros, bois e cavalos, com a desculpa de impostos não pagos, Ivo ia pessoalmente aos castelos recuperar os animais. Famosa também era sua caridade.

Contam os devotos que ele tirava a roupa do corpo, mesmo no inverno, e ia distribuindo aos pobres e mendigos, indo para sua casa muitas vezes só com a camisa. Diz a tradição que, certa vez, deu sua cama a um mendigo que dormia na porta de uma casa e foi dormir onde dormia o mendigo.

Por tudo isso, sua saúde ficou comprometida. Em 1298, a doença se agravou e ele se retirou no seu castelo, o qual transformara num asilo para os mendigos e pobres ali tratados com conforto, respeito e fervor. Morreu em 19 de maio de 1303, aos cinqüenta anos de idade. O papa Clemente VI declarou-o santo 1347. Ele é o padroeiro da Bretanha, dos advogados, dos juízes e dos escrivães.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

quarta-feira, 18 de maio de 2022

Igreja Católica estaria “crescendo escondida” na Coreia do Norte

Robsonphoto | Shutterstock
Por Francisco Vêneto

"Nas árvores brotam novos rebentos em cada galho todos os anos. Assim também crescem os católicos que se escondem em algum lugar do norte."

A declaração do arcebispo emérito de Gwangju, na Coreia do Sul, foi registrada no livro “A História da Igreja da Coreia do Norte” (obra não traduzida ao português), escrito por Kwon Eun-jung a partir de oito entrevistas concedidas pelo prelado em 2021.

Antes da divisão

Em matéria a respeito, o portal Crux informa que dom Victorinus nasceu numa região da península coreana que atualmente está sob o regime do tirano Kim Jong-un.

Ele se recorda de como a Igreja florescia na Coreia antes da divisão do país e destaca que este crescimento estava alinhado com o trabalho social junto aos mais pobres, a quem se ofereciam escolas, cuidados hospitalares e várias outras obras de caridade.

O agora idoso arcebispo se lembra de uma vasta gama de episódios históricos da conturbada região. Ele evoca, por exemplo, a meia-noite de 9 de maio de 1949, quando soaram os sinos do mosteiro beneditino de Tokwon, perto de Wonsan, para anunciar que os invasores japoneses não mais controlavam o território.

O martírio do abade

Menciona ainda a captura de dom Bonifácio Sauer, bispo alemão e abade do mosteiro beneditino, levado pelos comunistas quando o próprio dom Victorinus era seminarista. As últimas palavras do abade para a comunidade foram:

“Como o Senhor chamou e como o Senhor permitiu, devemos encarar a morte junto com ​​mártires incontáveis. Peço-lhes que continuem neste lugar sem mim. Voltem e descansem em paz. Vamos nos encontrar no céu”.

O abade foi martirizado na prisão.

Expulsão

Os comunistas também expulsaram os monges e seminaristas. Victorinus esteve entre os que conseguiram chegar a Seul, onde pôde ser ordenado sacerdote pouco tempo depois. Ele ainda iria para Roma, onde prosseguiria seus estudos entre 1957 e 1960. Apesar da repressão, conseguiu visitar a família na Coreia do Norte, reencontrando um irmão e uma irmã em 1985.

Dom Victorinus foi o primeiro bispo de Suwon, em 1963, e, depois, arcebispo de Gwangju entre 1973 e 2000. Chegou a presidir a Conferência Episcopal da Coreia do Sul de 1975 a 1981.

…em algum lugar do norte

Até hoje, o emérito reza incansavelmente pela Igreja norte-coreana, que, reforça, continua “crescendo escondida como as árvores do seminário de Tokwon”. Ele descreve:

“Nas árvores brotam novos rebentos em cada galho todos os anos. Assim também crescem os católicos que se escondem em algum lugar do norte”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Caminho Sinodal Alemão explicado

Caminho Sinodal Alemão | iCatolica

Alguns católicos nos Estados Unidos estão profundamente preocupados com o Caminho Sinodal” da Igreja alemã. Uma rápida pesquisa no youtube dá como resultados títulos como (traduzidos do inglês): “O que está acontecendo na Alemanha!?!?!”; “Bispo inglês ALERTA Vaticano ‘Parem os bispos alemães, nós estamos de frente pro cisma!’”; e “Vaticano no modo administração de crise sobre os bispos católicos na Alemanha”.

Algumas dessas coisas é verdade? Não exatamente. O podcast “Inside the Vatican”, da revista jesuíta estadunidense America, conversou com quatro católicos alemães que entendem bem do Caminho Sinodal: um bispo envolvido no fórum sinodal sobre o poder, uma teóloga envolvida no fórum sinodal sobre o papel das mulheres, um dos guias espirituais do Caminho Sinodal e um crítico do processo. Os quatros tem diferentes ideias sobre o que a Igreja alemã necessita, mas todos eles acreditam que o Caminho Sinodal é um esforço de boa-fé para assegurar o futuro da Igreja Católica na Alemanha – e nenhum deles acredita que há risco de cisma.

A reportagem é de Colleen Dulle, publicada por America, 24-06-2021. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.

O podcast pode ser ouvido, em inglês, abaixo.

 https://traffic.megaphone.fm/AMMD9596066458.mp3?source=player&updated=1624541790

Afinal, o que é um Caminho Sinodal?

Em resumo, o “Caminho Sinodal” (“Synodaler Weg”, em alemão) é um grupo de 230 pessoas reunidas para discutir o que elas veem como algumas das mais pressionadoras questões encaradas pela Igreja Católica na Alemanha. O grupo inclui todos os bispos alemães, mais representantes de ordens religiosas, movimentos leigos, dioceses e paróquias, universidades, consultantes de outras Igreja e especialistas nos campos que estão sendo discutidos.

O grupo está focado em quatro áreas de estudo: poder e separação de poderes na Igreja; relacionamentos e sexualidade; ministério sacerdotal, incluindo conversas sobre o celibato; e mulheres em ministérios e ofícios na Igreja.

O grupo de 230 se encontrou apenas duas vezes: uma vez pessoalmente e outra por Zoom, devido à pandemia de covid-19. Mas há “fóruns” com 40 pessoas cada, focados em cada uma das áreas de estudo que as sessões do grande grupo trabalham.

Caminho Sinodal é estruturado suavemente para permitir aos participantes avaliar o que é e não trabalhado e fazer mudanças como acharem. Não está claro ainda como o processo se encerrará. Originalmente, pretendia-se finalizar em dois anos, 2019 a 2021, mas, com a pandemia, o processo atrasou. O grupo espera se reunir novamente no inverno (europeu) e votar nas resoluções no verão de 2022, e que suas recomendações possam ser contribuições da Alemanha para o processo sinodal iniciado para todo o mundo pelo Papa Francisco, que será concluído em 2023.

Quão diferente é de um sínodo regular?

Caminho Sinodal Alemão é internacionalmente estruturado de forma diferente dos outros sínodos. Em um sínodo ordinário, os bispos se reúnem para discutir um tópico de interesse para a Igreja em sua região, discutir possíveis soluções, às vezes com contribuições de leigos, e então votar em uma série de propostas. O Caminho Sinodal Alemão foi organizado pelos bispos alemães em colaboração com o Comitê Central dos Católicos Alemães (ZdK), o maior de vários grupos na Alemanha que representam os católicos leigos.

Os bispos e representantes leigos queriam que os leigos pudessem votar nas decisões no processo sinodal, então eles evitaram a estrutura sinodal usual em favor de uma em que tanto leigos quanto bispos pudessem votar e ser representados em números iguais. Como a lei da Igreja não permite que leigos imponham uma decisão a um bispo, as decisões do sínodo serão, no máximo, recomendações. Cada bispo terá que decidir por si mesmo se e como implementar as decisões do grupo em sua própria diocese.

Claro, haverá pressão sobre os bispos por parte dos fiéis leigos para aprovar as mudanças após um processo consultivo tão longo. Como a Dra. Juliane Eckstein, pesquisadora da Escola de Pós-Graduação em Filosofia e Teologia Sankt Georgen em Frankfurt, Alemanha, e participante do fórum sobre o papel da mulher na Igreja, disse vigorosamente: “Legalmente, não é obrigatório; moralmente, é”.

Em que propostas estão votando os participantes do Caminho Sinodal?

Caminho Sinodal ganhou as manchetes por causa de suas discussões abertas sobre tópicos que foram considerados tabu na Igreja, como a ordenação de mulheres, que o Papa João Paulo II declarou não aberta à discussão em 1994, e o celibato sacerdotal. O Papa Francisco encorajou os participantes dos sínodos que convocou a não considerar nenhum assunto tabu, mas a falar aberta e francamente, como o Caminho Sinodal Alemão está fazendo.

O grupo votará propostas em três níveis:

o Propostas locais que cada bispo pode implementar em sua própria diocese. A julgar pelos relatórios do fórum, essas recomendações provavelmente incluirão a simplificação da administração paroquial e diocesana; empregar leigos em suas áreas de especialização, como finanças, para que padres e bispos possam se concentrar mais nas necessidades pastorais; e garantir que os leigos estejam envolvidos na tomada de decisões.

o Mudanças no direito canônico. A Igreja alemã reconhece que não pode mudar os ensinamentos que afetam toda a Igreja, então o Caminho Sinodal planeja recomendar que o Papa Francisco faça algumas mudanças. De acordo com Eckstein, uma mudança na lei canônica que o grupo pode recomendar é o afrouxamento de alguns laços legais entre ordenação e administração, como aqueles que dão a um padre a palavra final sobre as finanças de uma paróquia.

o Um concílio ecumênico. Algumas mudanças que o modo sinodal alemão provavelmente irá propor, como a ordenação de mulheres, exigiriam consulta com toda a Igreja. Portanto, de acordo com Eckstein, o Caminho Sinodal planeja propor um concílio ecumênico – o primeiro desde o Vaticano II.

As recomendações para mudanças na lei canônica e para um concílio serão enviadas a Roma para serem consideradas pelo papa e também serão incluídas na contribuição da Alemanha para o sínodo global em 2023, onde serão consideradas em nível continental, juntamente com contribuições de outros países europeus, e depois a nível global no Vaticano.

Por que isso está acontecendo?

Alemanha tem visto uma diminuição massiva no número de católicos desde o escândalo de abusos sexuais cometidos pelo clero em 2010. No ano passado, 402 mil católicos deixaram a Igreja, o maior êxodo em um único ano da história.

Para entender as causas da crise de abuso, os bispos alemães encomendaram um estudo em 2018. Esse estudo revelou milhares de casos de abuso e deixou claro para os bispos que o abuso era permitido não apenas por indivíduos, mas pelas estruturas de poder da Igreja e pela cultura de sigilo em torno da sexualidade. Então, dentro de um ano, eles resolveram convocar o Caminho Sinodal, enfocando quatro áreas relativas ao poder e sexualidade.

“O abuso sexual tem apenas uma origem, [e é] no uso incorreto do poder em nossa Igreja”, disse-me o bispo Franz-Josef Overbeck, um dos líderes do fórum do Caminho Sinodal sobre o poder ao “Inside the Vatican”. “Alguns bispos e padres não exerciam o seu ofício da maneira certa, sem ao mesmo tempo serem impedidos pela hierarquia e outras pessoas, outros fiéis. E assim, esta não é apenas uma questão de empoderamento e a questão do poder dos bispos e padres, mas também... do empoderamento dos leigos”.

O que os críticos estão dizendo?

As duas principais preocupações sobre o Caminho Sinodal são que ele está desrespeitando o ensino da Igreja e que sua estrutura é ineficaz.

É verdade que o Caminho Sinodal está discutindo mudanças na doutrina; no entanto, todos os especialistas com quem falei – mesmo um crítico franco – reiteraram que a Igreja alemã não tem intenção de romper com Roma ou tentar mudar a doutrina sem a aprovação de Roma, mesmo que nenhuma de suas propostas seja aceita.

Alguns apontaram ao recente movimento na Alemanha para a benção de casais homossexuais desafiando o Vaticano, sendo um sinal de como a Igreja alemã está pretendendo romper com Roma, mas a Conferência dos Bispos Alemães se opôs às bênçãos. O movimento revela a tensão que algumas vezes existe entre bispos e leigos progressistas na Alemanha, mas o Caminho Sinodal é geralmente um local onde esses grupos, entre outros, estão procurando um terreno comum.

A outra crítica é à estrutura: o Dr. Thomas Schueller, diretor do Instituto de Direito Canônico da Universidade de Münster, explicou que está preocupado que o Caminho Sinodal possa ser ineficaz porque sua estrutura não é vinculativa para os bispos e que sua estrutura mais frouxa poderia fazer com que as decisões do caminho fossem desconsideradas em Roma. Schueller disse que teria preferido uma estrutura sinodal aprovada por Roma, como a empregada no Sínodo de Würzburg, na década de 1970, na qual bispos e leigos poderiam votar.

Mesmo como um crítico do processo, Schueller acredita, como todo especialista entrevistado para esta matéria, que os gritos de cisma de alguns nos Estados Unidos ficaram fora de controle. “A conversa sobre o cisma em alguns círculos católicos nos Estados Unidos é uma difamação cruel e infundada”, escreveu Schueller em uma entrevista por e-mail. Reconhecendo que “brigamos como irmão e irmã” sobre questões como sexualidade, disse: “cada Igreja local tem que ver quais problemas tem que resolver. Pode haver uma variedade polifônica legítima de respostas católicas aqui. Ninguém na Alemanha questiona nosso credo ou a constituição papal-episcopal de nossa Igreja”.

O que o Papa Francisco pensa sobre tudo isso?

Como Schueller, o Vaticano não ficou feliz com a decisão do Caminho Sinodal de não seguir uma estrutura sinodal tradicional, o que teria permitido muito mais supervisão por parte de Roma do processo e dos tópicos de conversação.

Quando as áreas de estudo focadas na autoridade e sexualidade foram anunciadas no verão de 2019, o Papa Francisco escreveu uma carta à Igreja na Alemanha alertando contra a tentação da Igreja alemã para a independência. Por causa da imensa riqueza da Igreja alemã – o patrimônio líquido da Diocese de Colônia é maior do que o do Vaticano – e suas contribuições intelectuais da época da Reforma através do Papa Emérito Bento XVI, escreveu o papa, há uma tentação de “sair de sua problemas por si só, contando apenas com suas próprias forças, métodos e inteligência”, que podem acabar “multiplicando e alimentando os males que desejava superar”.

O papa pediu ao sínodo para fazer da evangelização seu objetivo principal. Em resposta, dois bispos alemães redigiram uma proposta de Caminho Sinodal com foco na evangelização, com grupos de estudo sobre temas como pastoral juvenil, mas a proposta foi rejeitada. A sensação da maioria do grupo era que resolver as questões difíceis na raiz da crise de abuso era a única maneira de recuperar a credibilidade da Igreja para que pudesse evangelizar com eficácia.

“Sempre ouvimos sobre evangelização, devemos evangelizar... Isso é verdade, mas nos sentimos hipócritas fazendo isso se o que estamos espalhando é um sistema abusivo”, disse Eckstein, membro do fórum sobre mulheres. “Abusivo não apenas em termos de relações sexuais, mas também abusivo em relação ao poder e como o poder é controlado e como se abusa do poder de tantas maneiras. Simplesmente não podemos ser evangélicos se não começarmos por nós mesmos”.

Pouco depois da carta do papa, o Vaticano seguiu com algumas orientações, dizendo que o sínodo não poderia tomar decisões vinculativas para a Igreja. Um representante do ZdK respondeu que as preocupações do Vaticano já haviam sido tratadas em uma versão mais recente dos documentos de planejamento e que, de fato, o processo não é vinculativo.

Como o Papa Francisco respondeu aos desdobramentos do processo desde sua carta? Ele não fez nenhum comentário oficial, embora muitas pessoas tenham considerado um comentário que ele fez em novembro de 2020 como uma referência ao Caminho Sinodal. Ele disse:

“Às vezes, sinto uma grande tristeza ao ver uma comunidade que, de boa vontade, segue o caminho errado porque pensa que está fazendo a Igreja por meio de aglomerações, como se fosse um partido político: a maioria, a minoria, o que isso pensamos nisto ou naquilo ou noutro ... ‘É como um sínodo, um Caminho Sinodal que devemos percorrer’. Eu me pergunto: ‘Onde está o Espírito Santo aí? Onde está a oração? Onde está o amor comunitário? Onde está a Eucaristia?’ Sem essas quatro coordenadas, a Igreja se torna uma sociedade humana, um partido político”.

O correspondente do Vaticano nos Estados Unidos, Gerard O'Connell, e Bernd Hagenkord, editor de longa data do Vatican News que foi eleito pelo ZdK para ser um conselheiro espiritual do Caminho Sinodal, não acreditam que os comentários do papa pretendiam ser uma crítica ao Caminho Sinodal Alemão.

O'Connell disse ao “Inside the Vatican”: “Sempre parti do princípio de que o papa, tendo considerado e entendido o que os alemães estavam tentando fazer, escreveu uma carta dizendo: 'Aqui, eu lhes dou alguns conselhos, mas sigam em frente. É bom discutir. Aqui estão alguns conselhos'. E ele colocou alguns marcadores. E, claro, se eles ignoraram totalmente os marcadores, essa é outra questão. Mas eu não vejo isso”.

A história não contada

Em última análise, a imagem que surgiu em minhas conversas com o padre HagenkordEcksteinSchuellerOverbeck e O'Connell pintam um quadro muito diferente daquele que aparece em algumas mídias nos Estados Unidos. Em vez de uma Igreja que está convencida de sua própria força e independência e determinada a seguir em frente desafiando os ensinamentos da Igreja e com o perigo da unidade da Igreja, um olhar mais atento sobre o Caminho Sinodal Alemão encontra uma Igreja que vê suas feridas profundas e que está disposta a trabalhar juntos, apesar das diferenças de opinião, a fim de resolver os problemas básicos da crise dos abusos, para que ela possa se tornar confiável e e atrair novos fiéis mais uma vez.

O padre Hagenkord enfatizou que o processo, embora não seja imune às manobras políticas, é, por fim, um trabalho de discernimento espiritual.

“Sim, existem pessoas com uma agenda”, disse ele. “E você os encontra falando muito nos microfones. Mas a maioria dos participantes não tem uma agenda como tal, a não ser seguir em frente, encontrar soluções juntos... e ouvir o Espírito para que haja uma Igreja, haverá a Igreja do Senhor amanhã também”.

Fonte: https://www.ihu.unisinos.br/

Conferência dos bispos dos EUA chama a enfrentar o racismo após tiroteios

Imagem ilustrativa | Life Matters (Pexels)

WASHINGTON DC, 17 mai. 22 / 01:54 pm (ACI).- Em resposta aos tiroteios em duas cidades dos EUA no fim de semana, a Conferência dos Bispos Católicos dos EUA (USCCB) ofereceu orações pelas vítimas e famílias e exortou a "enfrentar o mal persistente do racismo".

Em comunicado divulgado ontem (16) a USCCB lamentou os tiroteios ocorridos em Buffalo, Nova York, e Laguna Woods, Califórnia, que deixaram um total de 11 mortos.

Em Buffalo, um adolescente branco de 18 anos atirou em 14 pessoas dentro de uma mercearia, 11 das quais eram negras.

Stephen Belongia, um agente do Federal Bureau of Investigation (FBI) em Buffalo, disse que o tiroteio será investigado como um "crime de ódio". O xerife do condado de Erie, John Garcia, disse que foi "um crime de ódio com motivação racial direta de alguém de fora da nossa comunidade".

Em 15 de maio, um homem de 60 anos entrou em uma igreja presbiteriana em Laguna Woods, Califórnia, e abriu fogo contra fiéis principalmente taiwaneses, matando uma pessoa e ferindo outras cinco. Embora não haja uma razão clara para o ataque, as autoridades sugeriram que seria o resultado de tensões entre a China comunista e Taiwan.

“Os bispos novamente fazem um chamado a um diálogo honesto enraizado em Cristo para enfrentar o mal persistente do racismo em nosso país. A Igreja Católica tem sido uma voz constante em favor de formas racionais, mas eficazes de regulação de armas perigosas, e a USCCB continua defendendo o fim da violência e o respeito e a dignidade de todas as vidas", disse o comunicado.

A conferência também ofereceu "orações pelo apoio e a cura das famílias, amigos e comunidades das pessoas afetadas por esses incidentes violentos".

“Também oramos por aqueles que estão na linha de frente que arriscam suas vidas respondendo a pedidos de ajuda e por aqueles nas áreas médicas que atendem aos que foram prejudicados”, disse o comunicado.

"Rezamos e apoiamos a cura das comunidades afetadas e de todas as vítimas de violência e que a paz de Cristo esteja com todos os afetados", concluiu a mensagem.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Rumo ao Encontro Mundial das Famílias: quem tem avós não treme

Avó  (Vatican Media)

10º Encontro Mundial das Famílias: 7 catequeses e 7 testemunhos em vídeo que contam histórias, feridas, renascimento, fé. Esta é a proposta do Vicariato de Roma e do Pontifício Conselho para os Leigos, a Família e a Vida em preparação para essa grande festa que vai acontecer em Roma de 22 a 26 de junho.

Vatican News

Herdando uma paixão: avós e idosos no centro do sexto vídeo catequese

Roberto Oliva é campeão italiano de kickboxing. Mas a habilidade no ringue não é seu único talento: ele é muito bom com fantoches, ele sabe como fazê-los se mover e falar, ele sabe como inventar histórias com Pulcinella e Arlecchino. Um legado que lhe foi dado por seu avô Carlo Piantedosi, marionete histórico do Gianicolo, com quem Roberto sempre teve uma relação especial. Ele conta isso no curta-metragem "Herdando uma paixão", que nos remete a uma tradição genuinamente romana e, acima de tudo, nos faz entrar na vida de uma família unida, na qual os avós desempenham um papel importante.

https://youtu.be/miyE4qxnx70

Para lembrar a importância daqueles que estão com idade avançada, essa é também a catequese dedicada aos "Avós e idosos", a sexta pensada para acompanhar os fiéis para o X Encontro Mundial de Famílias, agendado em Roma de 22 a 26 de junho de 2022, organizado pelo Dicastério para os leigos, a Família e a Vida e a Diocese de Roma. O curta-metragem, feito pelo diretor Antonio Antonelli, está ligado com catequese, assim como os outros já presentes no site.

"Também os avós e idosos fazem parte de nossas famílias", diz a catequese. Hoje, uma cultura descartável predominante tende a considerar os idosos sem importância e até insignificantes para a sociedade. A velhice, por outro lado, é mais um tempo para responder ao chamado de Deus. É certamente uma resposta nova, diferente e em alguns aspectos ainda mais adulta e madura. A vocação para o amor é um chamado que Deus nos faz em todas as fases de nossas vidas. Isso significa que os avós e os idosos também são chamados a viver a graça de sua relação com o Senhor, através da relação com os filhos, os netos, os jovens e as crianças. A resposta a esse chamado é articulada em duas direções: uma é dada pelo que eles podem oferecer aos outros através de sua experiência, sua paciência e sua sabedoria; o outro do que eles podem receber dos outros em sua condição de fragilidade, fraqueza e necessidade. Dessa forma, os idosos oferecem a si mesmos e àqueles que entram em um relacionamento com eles uma oportunidade adicional para o crescimento humano, autêntico e maduro".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Félix de Cantalício

S. Félix de Cantalício | arquisp
18 de maio

São Félix de Cantalício

Félix Porro nasceu na pequena província agrícola de Cantalício, Rieti, Itália, em 1515. Filho de uma família muito modesta de camponeses, teve de trabalhar desde a tenra idade, não podendo estudar. Na adolescência, transferiu-se para Cittaducale, para trabalhar como pastor e lavrador numa rica propriedade. Alimentava sua vocação à austeridade de vida, solidariedade ao próximo, lendo a vida dos Padres, o Evangelho e praticando a oração contemplativa, associada à penitência constante e à caridade cristã.

Aos trinta anos de idade entrou para os capuchinhos. E, em 1545, depois de completar um ano de noviciado, emitiu a profissão dos votos religiosos no pequeno convento de Monte São João. Ele pertenceu à primeira geração dos capuchinhos. Os primeiros anos de vida religiosa passou entre os conventos de Monte São João, Tívoli e Palanzana de Viterbo, para depois, no final de 1547, se transferir, definitivamente, para o convento de São Boaventura, em Roma, sede principal da Ordem, onde viveu mais quarenta anos, sendo chamado de frei Félix de Cantalício.

Nesse período, trajando um hábito velho e roto, trazendo sempre nas mãos um rosário e nas costas um grande saco, que fazia pender seu corpo cansado, ele saía, para esmolar ajuda para o convento, pelas ruas da cidade eterna. Todas as pessoas, adultos, velhos ou crianças, pobres ou ricos, o veneravam, tamanha era sua bondade e santidade. A todos e a tudo agradecia sempre com a mesma frase: "Deo Gracias", ou seja, Graças a Deus. Mendigou antes o pão e depois, até à morte, vinho e óleo para os seus frades.

Quando já bem velhinho foi abordado por um cardeal que lhe perguntou por que não pedia aos seus superiores um merecido descanso, frei Felix foi categórico na resposta: "O soldado morre com as armas na mão e o burro com o peso do fardo. Não permita Deus que eu dê repouso ao meu corpo, que outro fim não tem senão sofrer e trabalhar".
Em vida, foram muitos os prodígios, curas e profecias atribuídos a frei Félix, testemunhados quase só pela população: os frades não julgavam oportuno difundi-los. Mas quando ele morreu, ficaram atônitos com a imensa procissão de fiéis que desejavam se despedir do amado frei, ao qual, juntamente com o papa Xisto V, proclamavam os seus milagres e a sua santidade.

Ele vivenciou o seguimento de Jesus descrito nas constituições da Ordem, na simplicidade do seu carisma, nunca servilmente. Conviveu com muitos frades e religiosos ilustres, sendo amigo pessoal de Felipe Néri, Carlo Borromeo, hoje também santos, e do papa Xisto V, ao qual predisse o seu papado.

No dia 18 de maio de 1587, aos setenta e dois anos, depois de oito anos de sofrimentos causados por uma doença nos intestinos, e tendo uma visão da Santíssima Virgem, frei Félix deu seu último suspiro e partiu para os braços do Pai Eterno. O papa Clemente XI o canonizou em 1712. O corpo de são Félix de Cantalício repousa na igreja da Imaculada Conceição, em Roma.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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terça-feira, 17 de maio de 2022

Como a pornografia afeta a vida dos casais?

Shutterstock | TheVisualsYouNeed
Por Magdalena Galek

Quais são as consequências do vício da pornografia na vida conjugal? Como se sente uma mulher quando descobre que o seu marido está a ver pornografia? Porque é que a pornografia pode causar danos graves no seio da família? Entrevista com Piotr Kapera, um psicoterapeuta especializada em dependência e sexualidade masculina.

Aleteia: Pode um homem que consome pornografia tornar-se menos sensível à sua esposa?

Piotr Kapera: Sim. É uma questão de intimidade. Quando um homem que está habituado a ver pornografia e ele pensa em sexo, não pensa apenas na sua mulher, mas sobretudo noutras mulheres. Associa sexo com mulheres que viu em filmes pornográficos, com colegas femininas com as quais imagina cenas pornográficas. É assim que funciona a sua memória associativa. A intimidade sofre, pois pode não ser capaz de associar sexo apenas com a sua esposa. Por outro lado, para se sentirem excitados, alguns homens imaginam cenas vistas em filmes pornográficos durante o sexo com as suas esposas. Isto torna a relação objetivada ao tratar o outro como um objeto: não importa se é a sua esposa, porque para eles pode ser qualquer outra mulher.

Enquanto isso, a mulher cujo marido vê regularmente filmes pornográficos pode pensar que ela não é suficiente para ele ou que há algo de errado com o seu corpo…

Quando um homem consome pornografia, ele relaciona-se com ela como se ela fosse outra mulher. Quando fala dela, usa palavras como: “ela me dá prazer”, “ela satisfaz as minhas necessidades”. Quando a sua verdadeira esposa o apanha a ver pornografia, ele reage como se fosse apanhado a fazer sexo com outra mulher. Envergonhado, explica então que o filme apareceu na sua tela por acaso. Em suma, ele começa a mentir, a esconder os fatos como se estivesse a esconder uma amante.

Podemos falar de infidelidade?

A descoberta de que o seu marido está a ver pornografia é uma experiência amarga para a maioria das mulheres. Quando lhes é pedido que a comparem com outra situação nas suas vidas, relacionam-na na maioria das vezes com infidelidade física com outra mulher. Sentem as mesmas emoções: raiva, traição, solidão, uma queda na auto-estima…

Pode esta situação causar ansiedade numa mulher?

Numa relação conjugal, uma mulher sente-se segura ou não. Quando um homem é viciado em pornografia, sente-se ameaçado por um certo perigo. Mas há também um aspecto espiritual: se um homem é casado, a pornografia abre a porta ao Maligno, que interfere no seu casamento. Uma vez que marido e mulher são uma só carne, as escolhas do marido afetam não só a si próprio mas também a sua esposa. Um amigo meu que está a recuperar de um vício de pornografia e masturbação reparou nesta correlação: quando recai no vício, a sua mulher, embora não o saiba, torna-se mais ansiosa e irritada.

Como é que as mulheres reagem quando descobrem o segredo do marido?

Na maior parte das vezes, há dois tipos de reação. A primeira – tentam assumir o controle verificando o histórico de navegação no computador ou telefone do seu marido. Elas ficam de guarda como uma polícia. Isto é um comportamento destrutivo para elas. De qualquer modo, se alguém quiser realmente fazer algo, encontrará uma maneira de fazê-lo, por exemplo, comprando um segundo telefone. Outro comportamento destrutivo é tentar “estar à altura” das atrizes nestes filmes pornográficos. Assim, deixam-se tentar pelas cirurgias plásticas, ou empurram os seus limites no que são capazes de fazer no leito conjugal. No entanto, arriscam-se a perder a sua dignidade ao quererem satisfazer os seus maridos da mesma forma que as estrelas da pornografia o fazem.

A pornografia muda as expectativas de um homem em relação a uma mulher?

A pornografia pode dar a um homem uma sensação de poder aparente sobre uma mulher. Normalmente, ele pode ser tímido. Mas ao ver pornografia, ele sente que tem controle e poder sobre a mulher que pode fazer tudo por ele. É assim que ele aprende a tratar as pessoas como objetos e a achar quase normal destruir a dignidade de alguém.

Que conselhos você daria para as mulheres que sabem que os seus maridos têm este problema?

Uma amiga minha disse-me que ela e o marido não tinham feito sexo durante vários meses porque ele preferia ver pornografia e masturbar-se. Pediu conselho a uma psicóloga, que recomendou que ela participasse num grupo com outras mulheres cujos maridos são viciados em pornografia. Isto foi bom para ela, pois percebeu que o problema que estava a experimentar era partilhado por outros casais. Ela também se apercebeu que se ela tivesse mesmo parecido com a Miss Universo, que no início poderia ter interessado o seu marido, depois de algum tempo ela teria se tornado novamente entediante para ele. O problema está noutro lugar. Não se trata da esposa, mas do fato de o marido ser viciado em pornografia, de o cérebro estar doente e de poder ser um escravo dela. E essa é a razão da sua falta de vontade de ter relação sexual com ela.

Será que as crianças também sofrem as consequências de o pai ver pornografia?

Uma das consequências é que o pai que vê pornografia não poderá falar com o seu filho sobre o assunto. Na minha opinião, falar com o seu filho sobre pornografia e sexualidade em geral é o papel do pai. É difícil falar com uma criança se você for consumidor. Como responder à pergunta da criança: “Como foi para o senhor, pai? Alguma vez o senhor já viu filmes pornográficos?” O que ele vai responder? Vai mentir? Ou será que ele deveria dizer a verdade? E se ele disser a verdade, não pode esperar que o seu filho compreenda a verdade: ou seja, que absolutamente não é bom ver pornografia.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF