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terça-feira, 7 de junho de 2022

Sacerdote peregrina no "Caminho das Missões", uma experiência de fé e história

Pe. Mauro Argenton nas ruínas de São Miguel (Foto: Pe. Edejalmo Rubert)

Pe. Mauro Argenton contou que uma das experiências mais marcantes ao peregrinar no Caminho das Missões foi pensar no altar em São Miguel onde eram celebradas as Missas pelos jesuítas: “Aqui vieram alguns jesuítas em alguns momentos, quase sempre dois jesuítas, dois padres apenas, europeus que estavam aqui em meio a 5 mil indígenas, e aqui celebravam a Missa, do mesmo jeito que eu estou celebrando agora (...), pensar que essa história vivida lá em 1600 está acontecendo agora de forma diferente".

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Conhecimento da história e vivência da fé, aliados ao gosto pela oração profunda que permeia suas longas caminhadas e peregrinações, levou o sacerdote da Diocese de Frederico Westphalen (RS), padre Mauro Argenton, a percorrer o Caminho das Missões, um percurso de 3, 9, 14 ou 30 dias que permite uma imersão na região que abrigou uma "grande utopia da humanidade" – como a definiu Voltaire -, ou seja, as Missões Jesuítico-Guaranis dos séculos XVII e XVIII.

“Quem puder, faça esse caminho”, recomenda o sacerdote alpestrense, que estava acompanhado pelo padre Edejalmo Rubert, e que devido à pandemia optaram em fazer um roteiro adaptado, com sete dias de caminhada. Em visita aos nossos estúdios, padre Mauro falou sobre suas impressões ao percorrer o trajeto entre São Nicolau e Santo Ângelo e contou que outro objetivo da caminhada era buscar inspiração para o “Caminho dos Mártires”, ou “Caminho dos Beatos” – não existe ainda um nome definido – um percurso de 200 km na Diocese de Frederico para recordar o martírio e o legado de fé de padre Manuel e do coroinha Adílio, beatificados em 2007.

A motivação para a peregrinação

O primeiro deles é pela vivência religiosa, histórica, daquele lugar. Muito antes de pensar em fazer caminho, conhecendo as Missões, conhecendo a história, conhecendo no estudo da teologia, aquilo me encanta, me comove, me arrepia de pensar e de lembrar o que foi vivido lá. Aquele lugar para mim é mágico, e não é para mim, claro que não é para mim isso, sabe-se que é pela sua história e pela vivência religiosa. Na minha compreensão, como tantas pessoas têm essa compreensão, aquela experiência de evangelização das Missões jesuíticas é um grande modelo. Para mim é um grande modelo de inculturação, de levar a Palavra de Deus sem impor a Palavra de Deus. Aquilo é lindo, é muito mais do que lindo, é de fato divino. Então esse é o primeiro motivo. Estar lá era importante. Claro, eu já tinha ido lá muitas vezes, mas a peregrinação também era importante. Depois tem a questão de experiência pessoal. A oração, a oração de um peregrino – eu faço essa experiência, eu gosto muito de caminhadas, de peregrinações - a oração de um peregrino é diferente da oração de um turista, da oração de um fiel que vai numa igreja alguns minutos, algumas horas, não, aquela oração de quem está caminhando e sabe que vai caminhar o dia inteiro, e não vai ter muita coisa para fazer além de oração, aquela oração é profundíssima, e eu vivi isso. Também por isso.

Também um outro aspecto é uma busca que na minha diocese estamos fazendo, de construir também um caminho de peregrinação, porque em Frederico nós temos uma riqueza imensa que é a presença lá dos beatos Manuel e Adílio, padre Manuel [Padre Manuel Gómez González (1877-1924)] e o coroinha Adílio [Adílio Daronch (1908-1924)], são os beatos. O Adílio foi o primeiro brasileiro beatificado, é o primeiro gaúcho, é o único gaúcho até então, que é beato. O padre Manuel é espanhol, nascido na Espanha, mas viveu muito tempo no Brasil, foram martirizados lá em Três Passos, que pertence à Diocese de Frederico. E temos um plano lá, alguns padres da diocese em si, de organizar também um caminho, um caminho - ainda não existe um nome propriamente -, ainda está em sua origem, esse caminho talvez o Caminho dos Beatos, o Caminho dos Mártires, de Três Passos até Nonoai, cerca de 200 km. Então a experiência lá nas Missões também foi para pensar nisso, para entender um pouco a estrutura, o processo de uma peregrinação, olhando o exemplo dos outros que a gente aprende. Então junta tudo isso, por isso juntamente com um colega padre, nós fizemos em dois, o padre Edejalmo Rubert - foi em tempo de pandemia -, nós tínhamos plano de reunir mais gente, fazer um grupo, não foi possível porque era proibido naquele momento, foi em junho do ano passado, estava no auge da pandemia, digamos assim, então nós fizemos uma peregrinação muito adaptada, nós não ocupamos os espaços porque estavam fechados, por exemplo, não nos hospedamos lá no Caaró, que é um lugar muito importante, precisamos adaptar um pouco. Como era só em dois foi possível. Mas mais do que tudo, estar lá e viver essa experiência é incomparável. É indescritível também - todo mundo que faz esse caminho vai dizer isso, as palavras não são suficientes -, mas ajuda, sim, definir e propor e convidar e dizer, “quem puder, faça esse caminho, faça esse caminho como tantos outros, sem dúvida, essas peregrinações são incríveis.

Peregrinação em meio à pandemia

Foi um pouco adaptada, nós fizemos em 8 dias, 7 dias na verdade, é aquele caminho de oito dias, é o caminho menor de São Nicolau a Santo Ângelo. Em função da pandemia não conseguimos fazer todo o caminho, aquela questão de fazer o caminho internacional era impossível no momento e também por questão de tempo, a vida paroquial não permitia ficar tanto tempo fora. Fizemos esse caminho, forçando um pouquinho, o caminho de nove dias em sete, juntamos dois dias dando uma caminhada, por isso foi esse caminho, digamos, menor, mas certamente suficiente para experimentar e viver o que é essa proposta dessa peregrinação.

Caminhada ou peregrinação

Sim, em primeiro lugar é isso, é o que a pessoa quer fazer. Bem, eu vejo, conversando, lendo, muitas pessoas que fazem como um bom exercício físico, legal também, vai lá, queima caloria, cuida da saúde, está bom também, vale, mas a opção de viver aquele momento com profundidade é o que faz toda a diferença. Claro, que isso é uma vivência de fé. Porque a gente pode começar lá em São Nicolau e ver aquelas ruínas, que não estão tão preservadas quanto em São Miguel, mas já começa em São Nicolau, onde eu comecei, a gente pode encostar naquelas pedras e pensar: “Ah, que história bonita”, ou pode encostar naquela pedra e pensar: “Como Deus age na nossa vida. Como Deus agiu aqui nessa região, com essa realidade de vida tão importante, tão bonita que é, ainda é, sim, dos povos indígenas, tão sofridos, injustiçados muitas vezes, como era bonita essa vida e como a presença do Evangelho não fez dessa vida, menor ou desigual, fez da vivência, da experiência aqui, a ação de Deus. Esse é o diferencial. Posso tirar uma foto das ruínas de São Miguel e dizer “Que lindo!”, ou posso estar lá e dizer: “Que história de fé foi vivida aqui”. É claro que tudo isso exige conhecimento histórico, talvez muitas pessoas fazem peregrinações, ou fazem mesmo turismo, olhando as aparências, mas é muito mais do que isso, né? A gente pode vir aqui, inclusive, pode vir aqui em Roma olhar o Coliseu, tirar uma foto do Coliseu, dizer “Que lindo!”. E vai pensar bem: “mas é lindo o que, um monte de pedra aí”, mas a história, a vivência disso, faz ser lindo. E ir lá na nossa região das Missões, principalmente. Então é uma experiência pessoal sim, mas que não se desliga da experiência histórica da experiência de fé que foi vivida. E isso para mim, já dando um passo além, estamos deixando a desejar muito também como meios de comunicação, como Igreja, principalmente eu aqui bato no peito como Igreja dizendo: nós desleixamos muito com o valor daquela região, daquela história, tudo isso precisa ser feito mais.

Como Igreja valorizar mais essa experiência histórica

Como sacerdote, qual a percepção da peregrinação, o que poderia ser acrescentado, até para incentivar ainda mais a espiritualidade do caminho...

Um aspecto que sempre vai pesar aqui - e deve-se levar em conta o momento que eu fiz o caminho, a pandemia, estava difícil - mas, apesar disso, um dos aspectos que eu senti falta – claro, nós estamos dois padres, mas pensando no povo em geral que faz o caminho -  nós não conversamos com nenhum padre nesse período dessa caminhada. Todas as paróquias que nós passamos – claro, era pandemia, e acredito que em outro momento é um pouco melhor nesse sentido -, mas como um acompanhamento religioso, isso me parece que falta. Por que que eu falo isso? Porque a grande experiência, o que me tocou mais profundamente, que tu pergunta, é a experiência religiosa. E a experiência religiosa aqui ela vai além da experiência espiritual, porque tem muita gente, talvez, que não é nem cristão, que vai lá e faz aquele caminho, e que bom que façam, com todo o respeito por quem o faz, nesse sentido, nessa compreensão de energia, vai lá encosta na pedra, sente uma energia, é uma compreensão espiritual também. Mas a história que aconteceu lá, ela pesa, não é só uma experiência espiritual, é uma experiência religiosa que foi vivida de uma Igreja. E volto a dizer isso aqui, com todo respeito a todas as religiões - nós não estamos dizendo que então só quem é católico que faz uma referência boa de fé lá nas Missões, é óbvio que não -, mas a história não pode ser ... Então como igreja falta isso.

A minha experiência mais marcante foi essa, foi de pensar lá numa grande pedra que era o altar lá em São Miguel, por exemplo, nas ruínas de São Miguel, e dizer: “Aqui vieram alguns jesuítas em alguns momentos, quase sempre dois jesuítas, dois padres apenas, europeus que estavam aqui em meio a cinco mil indígenas -  que normalmente eram cinco mil cada Redução - e aqui eles celebravam a Missa, do mesmo jeito que eu estou celebrando agora, que estávamos lá dois padres celebrando a Missa, faltavam os cinco mil indígenas, mais ou menos como os jesuítas. A mesma Missa, não era uma outra Missa, porque com o tempo esquecemos tudo o que os jesuítas rezavam, agora se reza diferente, não, é a mesma Missa, a Missa de Jesus. Isso foi mais marcante para mim, foi pensar que essa história vivida lá em 1600, essa história ela tá acontecendo agora, de modo diferente, sim, claro, momentos históricos, e nesse sentido então que eu me cobro: falta-nos como Igreja valorizar essa história, juntar um pouco esse momento vivido, e eu entendo que são dificuldades da nossa região lá, nesse caso Diocese de Santo Ângelo – Diocese de Frederico Westphalen é muito próxima, muito vizinha – falta-nos material humano, falta-nos muitas vezes também conhecimento, falta-nos como Igreja valorizar mais essa experiência histórica, é minha opinião, e eu preciso deixar isso bem claro, que não estou dizendo aqui, que precisamos mudar nosso modo de atuar na Igreja. É óbvio que não. Eu tô dizendo uma opinião pessoal, muito pessoal, por essa experiência de ter feito essa caminhada, essa peregrinação, senti um pouco da falta da Igreja nessa peregrinação. E daí aqui vai um louvor ao processo de organização turística - com quem eu conversei bastante foi a Marta, foi o Zé Roberto -, parabéns, muitos parabéns a eles por todo esse trabalho, uma organização muito bem feita. E, eu vejo que poderia, e talvez eu possa fazer isso no futuro, ir lá e dizer: “Bom, permita que a Igreja participe dessa organização um pouco mais, é claro que eles querem isso. Podemos fazer isso, é um outro desafio, cheio de desafios aqui hoje, mas é um outro desafio, não sei como fazer isso, talvez alguém vai dizer: “Ah, tá fácil falar de longe, né!” É um desafio, precisamos pensar nisso.

Vista panorâmia do sítio arqueológico de São Miguel das Missões (Foto: Bruno Ceretta)

Construir o Caminho dos Beatos Mártires da Diocese de Frederico Westphalen

Como é a devoção aos Beatos padre Manuel e ao Adílio e que legado deixam..

Esse é um processo que ainda está iniciando. Há pouco tempo que se pode falar assim publicamente, porque a beatificação, faz muito tempo que aconteceu – 2007 foi a beatificação - ainda precisa amadurecer muito, mas a experiência de fé do nosso povo, ela é marcante. Nós temos a Romaria, que acontece em Nonoai, sempre no terceiro fim de semana de maio, que é próximo quando foram martirizados, 21 de maio, essa Romaria mostra o quanto o povo tem devoção. Também em Três Passos acontece a Romaria, que é o lugar do martírio, onde eles foram martirizados - para entender um pouquinho desse contexto, quem não sabe dessa história, que não é muito conhecida - o padre Manuel é um espanhol que viveu em Nonoai. Nonoai é uma cidade antiga na Região Norte do Rio Grande do Sul. Lá o padre Manuel e o coroinha Adílio - principalmente o padre Manuel nesse sentido, porque era o padre -, ele tinha uma vivência de luta, de luta pela evangelização, mas que envolvia também um pouco de uma luta social, política, naquele momento difícil, 1920, em torno disso. Dia 21 de maio de 1924 eles foram martirizados. Revoluções, chimangos e maragatos, a história do Rio Grande é longa e não poderemos contá-la aqui. Mas o padre Manuel ele se posicionou sempre contra a guerra, contra a morte, contra aquilo que não é vontade de Deus. E por causa disso foi perseguido, por causa disso não era bem visto pelos poderes políticos que estavam em guerra. Era assim, né? Tem que ter um pouco de cuidado de usar os termos certos, mas de fato era isso. Eram as revoluções que aconteceram no Rio Grande. O padre Manuel sempre defendendo a paz, foi perseguido por quem fazia a guerra. Em função disso foram martirizados. Numa ocasião, padre Manuel, com o coroinha Adílio – o coroinha Adílio era um jovem 14-15 anos, ele já estava ajudando, a gente diz coroinha hoje, ele ajudava lá como sacristão, ajudava nas Missas, enfim, e acompanhava o padre nas suas peregrinações. Era uma região grande, tudo o que é a Diocese de Frederico Westphalen era o padre Manuel que atendia religiosamente. Então ele estava numa dessas viagens a cavalo, muito tempo que ele passava, um mês dois meses andando para celebrar Missas nos diversos lugares. Numa dessas viagens, então foi organizado lá pelos poderes - não podemos dizer exatamente quem, porque não se sabe exatamente quem -, mandou – mas sim os nomes de quais foram os assassinos do padre e do coroinha, sim esses fazem parte da história - numa emboscada foram martirizados lá em Três Passos, o padre Manuel e o coroinha Adílio. Logo depois disso, o povo de Três Passos, o povo de Nonoai, quando conseguiu entender o que estava acontecendo, logo viu os sinais que aquilo era um sinal de santidade. Porque o padre e o coroinha já viviam a santidade, não é que foi assim “Ah, então porque eles morreram daquele jeito eles são Santos”, não, eles viviam a santidade. O padre Manuel dedicou a vida dele para cuidar dos mais carentes, para cuidar dos que mais sofriam, ele trabalhava construindo casas para os que não tinham, cuidando das adolescentes que eram abandonadas - consequência de guerra -, o padre Manuel e o coroinha Adílio de fato viveram a santidade e morreram em santidade, mártires. Depois de um tempo, com toda dificuldade histórica daquela região naquele momento, foram levados os corpos do padre e do coroinha, 40 anos depois do martírio, de volta para Nonoai, então começou a se organizar essa devoção, que o povo sempre teve, mas era uma devoção muito pessoal. Algumas pessoas viviam essa devoção, viam a santidade, mas não se falava muito dela. Então, começou-se um processo de divulgação, processo de trabalhar essa experiência de devoção, para que ela fosse conhecida. E estamos nesse processo.

Depois de muito tempo, então, foi reconhecido, como foram reconhecidos como Servos de Deus, foram beatificados, um momento muito lindo, muito importante para nossa diocese. E agora estamos no caminho de canonização. Para isso precisa muita coisa, claro, precisa de divulgação, precisa de que a Igreja perceba a importância do padre e do coroinha para o nosso povo, para a vivência da fé, e estamos nesse caminho. E nesse contexto, então - essa história que é muito longa, não posso cantá-la toda né?, eu tentei resumir aqui -, nesse contexto um dos modos de fazer com que essa devoção seja vivida - mais do que conhecida, vivida, porque uma peregrinação não é propaganda, uma peregrinação é uma experiência de fé - a proposta que a gente vá construindo um caminho de peregrinação. Já fizemos algumas experiências, tem muita gente que faz a peregrinação no período da Romaria, inclusive indo de Chapecó. Chapecó é uma cidade um pouco maior que já é Santa Catarina, é outro Estado. Então tem muita gente que vai de Chapecó a Nonoai caminhando no período da Romaria, em maio, e de outros tantos lugares, mas nós queremos organizar isso como o Caminho das Missões, por exemplo, Três Passos-Nonoai, juntar esse caminho. Fizemos esse ano - padre Dejalmo, com quem fiz o Caminho das Missões -, junto com padre Marco Antônio Jardinello, nós fizemos esse caminho, uma primeira experiência, Três Passos-Nonoai, ainda se hospedando nas paróquias, não havia uma organização turística, somente a religiosa, mas já foi possível perceber como esse caminho é rico. Rico de natureza, porque costeando o Rio Uruguai - como a gente costuma dizer por lá - é um caminho muito lindo, um caminho belíssimo, com uma natureza impressionante, como é nas Missões, também ali, e de uma riqueza de fé que passa por muitas comunidades, muitas igrejas, aquela nossa região é muito rica religiosamente, porque a cada pouco é uma comunidade religiosa, uma comunidade católica, uma igreja - não é como Roma, a cada esquina -, mas assim a gente vai caminhando e vai sempre encontrando as comunidades, pequenas comunidades muito lindas.

Estamos nesse processo então de construir esse caminho. Muitas pessoas lá daquela região já disseram – com quem a gente ia conversando – “nós queremos fazer esse caminho, nós queremos fazer”. Eu acredito que logo esse caminho vai acontecer. Atrasa um pouco a pandemia, como tudo está acontecendo, mas esse caminho tá bem próximo, com um projeto diocesano, que esperamos que possa ser realizado, uma grande força que o Santuário lá em Nonoai tem feito, o padre Tiago que está lá como reitor do Santuário tem essa proposta, esse projeto de fazer isso acontecer. Então é um projeto que eu acredito que em breve poderemos lançar. Por enquanto é só uma experiência bem pessoal, de algumas pessoas, mas em breve eu acredito que vamos lançar um grande projeto com uma organização estrutural, que nos falta, mas a essência já tem. Onde o padre Manuel e o coroinha Adílio passaram, em sua última viagem, agora somos convidados a passar, vivendo a experiência de fé que eles viveram. Não precisamos morrer, como eles morreram, mas precisamos sim doar nossa vida para Deus e para ajudar quem precisa. É nesse sentido, essa é a essência desse caminho.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 6 de junho de 2022

São Marcelino Champagnat

S. Marcelino Champagnat | arquisp
06 de junho

São Marcelino Champagnat

Marcelino José Benedito Champagnat nasceu na aldeia de Marlhes, próxima de Lion França, no dia 20 de maio de 1789, nono filho de uma família de camponeses pobres e muito religiosos. O pai era um agricultor com instrução acima da média, atuante e respeitado na pequena comunidade. A mãe, além de ajudar o marido vendendo o que produziam, cuidava da casa e da educação dos filhos, auxiliada pela cunhada, que desistira do convento. A família era muito devota de Maria, despertando nos filhos o amor profundo à Mãe de Deus.

Na infância, logo que ingressou na escola, Marcelino sofreu um grande trauma quando o professor castigou um dos seus companheiros. Ele preferiu não freqüentar os estudos e foi trabalhar na lavoura com o pai. E assim o fez até os quatorze anos de idade, quando o pároco o alertou para sua vocação religiosa.

Apesar de sua condição econômica e o seu baixo grau de escolaridade, foi admitido no seminário de Verrièrres. Porém, a partir daí, dedicou-se aos estudos enfrentando muitas dificuldades. Aos vinte e sete anos, em 1816, recebeu o diploma e foi ordenado sacerdote no seminário de Lion.

Talvez por influência da sua dura infância, mas movido pelo Espírito Santo, acabou se dedicando aos problemas e à situação de abandono por que passavam os jovens de sua época, no campo da religião e dos estudos. Marcelino rezou e meditou em busca de uma resposta a esses problemas que antecederam e anunciavam a Revolução Francesa.

Numa visita a um rapaz doente, descobriu que este, além de analfabeto, nada sabia sobre Deus e sobre religião. Sua alma estava angustiada com tantas vidas sem sentido e sem guia vagando sem rumo. Foi então que liderou um grupo de jovens para a educação da juventude. Nascia, então, a futura Congregação dos Irmãos Maristas, também chamada de Família Marista, uma Ordem Terceira que leva o nome de Maria e sua proteção.

Sua obra tomou tanto vulto que Marcelino acabou por desligar-se de suas atividades paroquiais, para dedicar-se, completamente, a essa missão apostólica. Determinou que os membros da Congregação não deveriam ser sacerdotes, mas simples irmãos leigos, a fim de assumirem a missão de catequizar e alfabetizar as crianças, jovens e adultos, nas escolas paroquiais.

Ainda vivo, Marcelino teve a graça de ver sua Família Marista crescendo, dando frutos e sendo bem aceita em todos os países aonde chegaram. Ainda hoje, temos como referência a criteriosa e moderna educação marista presente nas melhores escolas do mundo.

Marcelino Champagnat morreu aos cinqüenta e um anos, em 6 de junho de 1840. Foi beatificado em 1955 e proclamado santo pelo papa João Paulo II em 1999. Ele é considerado o "Santo da Escola" e um grande precursor dos modernos métodos pedagógicos, que excluem todo tipo de castigo no educando.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Namoro, tempo de conhecer e escolher

Namoro | Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

Quando você vai comprar um sapato ou um vestido, não leva para casa o primeiro que experimenta, é claro. Você escolhe, escolhe (…), até gostar da cor, do modelo, do preço, e servir bem nos seus pés ou no seu corpo. Se você escolhe com tanto cuidado um simples sapato, uma calça, quanto mais cuidado você precisa ter ao escolher a pessoa que deve viver ao seu lado para sempre!

Talvez você possa um dia mudar de casa, mudar de profissão, mudar de cidade, mas não poderá trocar de esposa ou de marido.

É claro que você não vai escolher a futura esposa, ou o futuro marido, como se escolhe um sapato. Já dizia o poeta que “com gente é diferente”. Mas, no fundo será também uma criteriosa escolha.

Se você quiser levar para casa o primeiro par de sapatos que você calçou, só porque o preço é bom, pode ser que você se arrependa depois quando perceber que não era de couro legítimo, mas sintético.

Se você escolher namorar aquela garota, só porque ela é “fácil”, pode ser que você chore depois se ela o deixar por outro, fazendo o seu coração sangrar.

Se você decidir levar aquele par de sapatos, só porque é bonito e está na moda, mesmo que aperte um pouco os seus pés, pode ser que depois você volte do baile com ele nas mãos porque não o aguenta mais nos pés.

Se você escolher aquele rapaz só porque ele é um “gato”, pode ser que amanhã ele faça você chorar quando se cansar de você.

O namoro é este belo tempo de saudável relacionamento entre os jovens, onde, conhecendo-se mutuamente, eles vão se descobrindo e fazendo “a grande escolha”.

Já ouvi alguém dizer,erradamente, que “o casamento é um tiro no escuro”; isto é, não se sabe onde vai acertar; não se sabe se vai dar certo.

Isto acontece quando não há preparação para a união definitiva, quando não se leva a sério o amor pelo outro.

A preparação para o seu casamento começa no namoro, quando você conhece o outro e verifica se há afinidade dele com você e com os seus valores.

O casamento só é um “tiro no escuro”, para aqueles que se casaram sem se conhecer, porque, então, namoraram mal.

Se o seu namoro for sério, seu casamento não será um tiro no escuro, e nem uma roleta da sorte.

O seu casamento vai começar num namoro.

É claro que a primeira exigência tem que ser a reta intenção sua e do outro, mesmo que ninguém esteja pensando ainda em noivado.

Não brinque com o namoro, não faça dele apenas um passa – tempo, ou uma “gostosa” aventura; você estaria brincando com a sua vida e com a vida do outro.

Só comece a namorar quando você souber porque vai namorar.

Mais importante do que a idade para começar a namorar, 15 anos, 17 anos, 22 anos, é a sua maturidade.

A idade em que você deve começar a namorar é aquela na qual você já pensa no casamento, com seriedade, mesmo que ele esteja ainda longe.

Para que você possa fazer bem uma escolha, é preciso que saiba antes o que você quer. Sem isto a escolha fica difícil.

Não é verdade que quando você sai para comprar um sapato, já sabe qual é a cor que prefere, o modelo e o preço adequado ao seu bolso?

Que tipo de rapaz você quer?

Que qualidades a sua namorada deve ter?

O que você espera dele ou dela?

Esta premissa é fundamental.

Se você não sabe o que quer, acaba levando qualquer um… só porque caiu na sua frente.

Os valores do seu namorado devem ser os mesmos valores seus, senão, não haverá encontro de almas.

Se você é religiosa e quer viver segundo a Lei de Deus, como namorar um rapaz que não quer nada disso?

É preciso ser coerente com você.

Não basta que o sapato seja bonito, tem que servir nos seus pés.

Se você tem uma boa família, seus pais se amam, seus irmãos estão juntos, então será difícil construir a vida com alguém que não tem um lar e não dá importância para o valor da família.

Quem não experimentou o calor de um lar não sabe dar valor para a família. Será difícil construir uma família junto com alguém que não entende a sua importância.

As leis de Deus e da Igreja são exigentes e determinam o nosso comportamento. Será impossível vivê-las se o outro não os aceita.

Tenho encontrado muitos casais de namorados e de casados que vivem uma dicotomia nas suas vidas religiosas; e isto é motivo de desentendimento entre eles.

Há jovens que pensam assim: “eu sou religiosa e ele não; mas, com o tempo eu o levo para Deus”.

Isto não é impossível; e tenho visto acontecer muitas vezes. No entanto, não é fácil. E a conversão da pessoa não basta que seja aparente e superficial; há que ser profunda, para que possa satisfazer os seus anseios religiosos.

Não se esqueça que a religião é um fator determinante na educação dos filhos, para aqueles que a prezam.

Não tenho dúvida de dizer a você que não renuncie aos seus valores na escolha do outro.

Se é lícito você tentar adequar-se às exigências do outro, por outro lado, não é lícito você matar os seus valores essenciais para não perdê-lo.

Não sacrifique o que você é, para conquistar alguém.

Há coisas secundárias dos quais podemos abdicar, sem comprometer a estrutura básica da vida, mas há valores essenciais que não podem ser sacrificados.

Você poderá aceitar uma vida mais simples e mais pobre do que aquela que você tinha na sua família, ou poderá viver numa outra cidade que não é a que você gostaria, etc.

São preferências periféricas, que são superadas pelo amor que o outro dedica a você. Mas aquilo que é essencial, não pode ser abdicado.

Já vi muitas moças cristãs aceitarem um namoro com alguém divorciado, por medo de ficarem sós. É melhor ficar só, do que violar a Lei de Deus; pois ninguém pode ser plenamente feliz se não cumpre a vontade d’Aquele que nos criou.

Portanto, saiba o que você quer, e saiba conquistá-lo sem se render. Não se faça de cego, nem de surdo, e nem de desentendido.

Para que você possa chegar um dia ao altar, você terá que escolher a pessoa amada; e, para isto é fundamental conhecê-la.

O namoro é o tempo de conhecer o outro. Mais por dentro do que por fora.

E para conhecer o outro é preciso que ele “se revele”, se mostre. A recíproca é verdadeira.

Saiba que cada um de vocês é um mistério, desconhecido para o outro. E o namoro é o tempo de revelar (tirar o véu) esse mistério.

Cada um veio de uma família diferente, recebeu valores próprios dos pais, foi educado de maneira diferente e viveu experiências próprias, cultivando hábitos e valores distintos.

Tudo isto vai ter que ser posto em comum, reciprocamente, para que cada um conheça a “história” do outro. Há que revelar o mistério!

Se você não se revelar, ele não vai conhecê-la, pois este mistério que é você, é como uma caixa bem fechada e que só tem chave por dentro.

É a sua intimidade que vai ser mostrada ao outro, nos limites e na proporção que o relacionamento for aumentando e se firmando.

É claro que você não vai mostrar ao seu namorado, no primeiro dia de namoro, todos os seus defeitos.

Isto será feito devagar, na medida que o amor entre ambos se fortalecer.

Mas há algo muito importante nesta revelação própria de cada um ao outro: é a verdade e a autenticidade.

Seja autêntico, e não minta.

Seja aquilo que você é, sem disfarces e fingimentos mostre ao outro, lentamente, a sua realidade.

Não faça jamais como aquele rapaz que, querendo conquistar uma bela garota, garantiu-lhe que o pai tinha um belo carro importado…; mas quando ela foi conferir havia só um velho fusca na garagem.

A mentira destrói tudo, e principalmente o relacionamento.

Mas para que você faça uma boa comunicação de você mesmo é preciso que tenha autocrítica e auto aceitação. Só depois é que você pode se revelar claramente. É preciso coragem para fazer esta auto análise e se conhecer, para se revelar.

Não tenha vergonha da sua realidade, dos seus pais, da sua casa, dos seus irmãos, etc.

Se o outro não aceitar a sua realidade, e deixá-lo por causa dela, fique tranquilo, esta pessoa não era para você, não o amava.

Uma qualidade essencial do verdadeiro amor é aceitar a realidade do outro.

O amor pelo outro cresce na medida que você o conhece melhor. Não se ama alguém que não se conhece.

Não fique cego diante do outro por causa do brilho da sua beleza, da sua posição social ou do seu dinheiro. Isto impediria você de conhecê-lo interiormente e verdadeiramente.

Lembre-se de uma coisa, aquilo que dizia Saint Exupéry: “o importante é invisível aos olhos”. “Só se vê bem com o coração”. São Paulo nos lembra que o que é material é terreno e passageiro, mas o que é espiritual é eterno.

Tudo o que você vê e toca pode ser destruído pelo tempo, mas o que é invisível aos olhos está apegado ao ser da pessoa e nada pode destruir. Esse é o seu verdadeiro valor.

O carro que ele tem hoje, amanhã pode não ter mais.

A beleza do corpo dela hoje, amanhã não existirá mais quando o tempo passar, os filhos crescerem…

Mas aquilo que está no “ser” dele ou dela, ficará sempre, e é isto que dará estabilidade ao casamento e garantirá a felicidade duradoura de você, da família e dos filhos.

Portanto, conheça a “história” e o “coração” da pessoa que está hoje ao seu lado. Quem ele é?

Logo que a criança entra na escola e aprende a ler, já começa a estudar a história do Brasil.

É para que ela conheça o Brasil; e conhecendo-o, compreenda-o, ame-o, ajude-o…

O mesmo se dá entre as pessoas.

Quando você mergulha na história do outro, conhece os seus dramas e os fatos que a determinaram, então você o compreende melhor e tem mais motivações para compreendê-lo, tem mais paciência para ouvi-lo, perdoá-lo e ajudá-lo.

Aí está o segredo de um relacionamento profundo e que propicia um conhecimento interior adequado de ambas as partes.

E aqui você percebe porque é importante que o relacionamento seja maduro; cada um vai expor ao outro o seu coração, as suas reservas mais secretas.

É por isso que o namoro não pode ser uma brincadeira sem qualquer responsabilidade.

Você precisa saber guardar as confidências do outro, mesmo amanhã se o namoro terminar.

Há coisas que temos de ter a grandeza de levar para o túmulo conosco, sem revelar a ninguém.

Quando alguém abre-lhe o coração está depositando toda a confiança em você, e espera não ser traído.

Portanto, cuidado com o que você conta a terceiros sobre o seu namoro; nem tudo poderá ser contado aos outros.

Você não gostaria que ele revelasse aos outros as sua confidências, então não revele as confidências dele.

Jesus nos manda não fazer aos outros aquilo que não queremos que seja feito conosco. É uma regra de ouro.

Quando conhecemos o interior de uma caverna vemos coisas belas, mas outras assustadoras. Há belos lagos escondidos, com águas cristalinas, e formações calcáreas bonitas; mas há também cantos escuros com morcegos e outros bichos. Nem por isso a caverna deixa de ser atraente e rica.

Da mesma forma a pessoa que está a seu lado. No seu interior há belas passagens, mas pode haver também recantos escuros. Saiba valorizar o que há de belo no interior da pessoa, antes de deter-se nos seus pontos escuros.

Saiba ver no outro, primeiro o que ele tem de bom, e só depois encare o seu lado difícil. Saiba elogiar e fazer crescer o que há de bom, e cure com carinho as feridas que precisam ser tratadas.

Isto mostra-nos que não há o chamado “amor a primeira vista”.

O amor não é um ato de um momento, mas se constrói “a cada momento”. Não se pode conhecer uma pessoa “à primeira vista”, é preciso todo um relacionamento.

Só o tempo poderá mostrar se um namoro deve continuar ou terminar, quando cada um poderá conhecer o interior do outro, e então, puder avaliar se há nele as exigências fundamentais que você fixou.

Um indício de que o relacionamento começou bem é a ausência de brigas e desentendimentos, por pequenas coisas sobretudo.

Se nesta fase feliz do namoro, onde as preocupações de cada um são poucas, já existem muitas brigas, creio que isto seja um sinal de que a coisa não vai bem.

Não há que se ter escrúpulos para terminar um namoro; basta que haja sinceridade e delicadeza para que o seu término não deixe feridas em cada um.

Eis aqui uma questão importante; você não pode criar uma esperança vazia no outro, levá-lo às alturas nos seus sonhos, e depois, de repente, jogar tudo no chão. Seria uma covardia!

Não brinque com os sentimentos e com a vida do outro, da mesma forma que você não quer que faça assim com a sua. Não alimente no outro esperança falsa.

É válido tentar prolongar um pouco aquele namoro difícil, para tentar ainda um discernimento melhor; mas você não deve iludir o outro nem um dia a mais, se chegou à conclusão que não é com esta pessoa que você vai poder construir uma vida a dois.

É melhor ter a coragem de terminar hoje um namoro que não vai bem, do que chorar amanhã por ter perdido o tempo em um relacionamento infrutuoso.

O tempo de namoro é também o tempo de conhecer a família do outro.

Conhecer a família é imprescindível para você conhecer a história da pessoa, já que ela é seu fruto.

Em todas as famílias há valores próprios, denominadores comuns, frutos da cultura familiar e da educação, isto que o povo chama de “berço”. Ali você encontrará valores e desvalores; e saiba que o seu namorado vai trazê-los para o relacionamento com você.

Isto é certo. Portanto, para conhecer bem e poder escolher bem, você terá que olhar “de olhos abertos” a realidade familiar do outro que se põe diante de você; não para discriminar, mas para conhecer.

É um grave engano pensar que você vai namorar, e quem sabe casar-se com ele ou com ela, e não com a sua família; e que portanto, a sua família não importa.

A voz do sangue fala muito forte em todos nós; e, se não soubermos lidar com ela, muitos estragos podem acontecer.

Não se assuste com aquilo que você não gostar na família dele; aceite a sua realidade, e não a condene. Saiba discernir com sabedoria e coragem se nesta realidade que você encontrou há aqueles valores mínimos que você já fixou para a sua vida.

Não feche os olhos para a realidade da família do outro, para que você possa conhecê-lo. Saiba que nunca você vai encontrar uma família ideal, mas procure conhecê-la, para conhecer quem está com você.

Conhecendo a família dele você vai conhecer muito daquilo que está no seu interior.

Toda família tem uma série de valores e também de problemas.

Você terá que avaliar também isto para chegar ao discernimento sobre o seu namoro.

Não se trata de “julgar” a família do outro, e muito menos de menosprezá-la; mas você tem o direito de construir a sua vida e a sua família sobre valores que lhe são caros.

É verdade que mesmo de famílias complicadas, e às vezes até destruídas, podem sair belas criaturas, mas saiba que isto não é a regra geral.

O normal é que as pessoas bem formadas estejam nas famílias que se prezam.

Tudo isto é importante para que o seu casamento, no futuro, não seja “um tiro no escuro”.

O importante é ter os olhos abertos e não se fazer de cego. O coração não pode cegar o espírito.

Não deixe de ouvir a opinião de seus pais.

Muitos namoros e casamentos foram mal porque os jovens não quiseram ouvir os pais. Eles são experientes, e amam você, de verdade. Não se faça de surdo às suas advertências. Eles conhecem os perigos da vida muito melhor do que você.

Para você meditar: Seja!

Se você não puder ser um pinheiro no topo de uma colina,

Seja um arbusto no vale.

Mas seja o melhor arbusto à margem do regato.

Seja um ramo, se não puder ser uma árvore.

Se não puder ser um ramo, seja um pouco de relva

E dê alegria a algum caminho.

Se você não puder ser almíscar, seja então apenas uma tília.

Mas a tília mais viva do lago!

Não podemos ser todos capitães; temos de ser tripulação.

Há alguma coisa para todos nós aqui.

Há grandes obras e outras menores a realizar,

E é a próxima tarefa que devemos empreender.

Se você não puder ser uma estrada, seja uma senda.

Se não puder ser o sol, seja uma estrela.

Não é pelo tamanho que terá êxito ou fracasso.

Mas seja o melhor do que quer que você seja! (Douglas Malloch)

Retirado do livro: “Namoro”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

Fonte: https://cleofas.com.br/

Seminário São José – RJ: entre nós, um Cardeal

Seminário São José - RJ | arqrio

No último dia 29 de maio o Santo Padre anunciou que irá criar 21 novos cardeais para a Igreja Romana, em consistório a ser realizado no dia 29 de agosto deste ano. Pedindo orações pelos novos purpurados, o Papa Francisco recorda que esse é um serviço que confirma a adesão do escolhido a Cristo, ajudando o Bispo de Roma em seu ministério e promovendo “o bem de todo o fiel Povo Santo de Deus”. Toda a Igreja se alegra com a eleição desses novos membros do Sacro Colégio dos Cardeais, mas de modo especial o Brasil, pois dentre os 21 nomeados estão dois brasileiros: o catarinense D. Leonardo Ulrich Steiner, OFM, Arcebispo Metropolitano de Manaus, e o fluminense D. Paulo Cezar Costa, Arcebispo Metropolitano de Brasília.

Nossa Arquidiocese de modo ainda mais especial se alegra com a criação de D. Paulo Cezar como cardeal, pois aqui, durante cinco anos, exerceu ele o seu episcopado como bispo auxiliar. E nessa alegria se une também o nosso Seminário Arquidiocesano São José, onde D. Paulo fez a sua formação teológica, sendo, portanto, o primeiro Cardeal a ter estudado nesta que é a primeira casa de formação sacerdotal diocesana do Brasil, com quase três séculos de história.

Oriundo da diocese de Valença, D. Paulo Cézar fez seus estudos filosóficos no Seminário N. Sra. do Divino Amor na diocese de Petrópolis. Entre 1989 e 1992, cursou no Seminário São José do Rio de Janeiro a Teologia, período em que recebeu os ministérios de Leitor e Acólito (1990) e a ordenação diaconal (1991), apresentando ao fim do curso teológico a monografia intitulada “A ‘Kenosis’ na Revelação do Amor de Deus”. Ordenado sacerdote em 5 de dezembro de 1992 na Catedral de Valença pelo bispo diocesano D. Dom Frei Elias James Manning, O.F.M. Conv., exerceu intensa atividade pastoral como vigário e pároco, seguindo depois para Roma doutorou-se em Teologia Dogmática pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma. Os laços com a Arquidiocese do Rio de Janeiro, iniciados em nosso Seminário, se estreitam ainda mais quando D. Paulo se torna professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, exercendo inclusive o cargo de diretor do Departamento de Teologia.

Em novembro de 2010 o Papa Bento XVI o nomeava bispo titular de OEscus e auxiliar de nossa arquidiocese, realizando-se a sagração em fevereiro de 2011 em nossa Catedral por D. Orani, sendo consagrantes o bispo de Valença, D. Fr. Elias, e o bispo emérito de Nova Friburgo, D. Rafael Llano Cifuentes. D. Paulo escolheu como lema Omnia sustineo propter electos – Tudo suporto pelos eleitos (2 Tm 2, 10).

Quando em 1739 D. Antônio de Guadalupe fundou o primeiro seminário do Brasil, deixou ele claro em sua bula de criação que o Seminário São José deve ser o lugar onde os que se destinam ao estado sacerdotal sejam “criados e instruídos nas letras e virtudes com que dignamente possam subir a tão alto ministério e fazerem-se capazes para bem servirem as Igrejas”. Hoje, 282 anos depois, a história de nosso Seminário comprova a fidelidade mantida a esse imperativo de seu fundador, cioso em formar fiéis ministros de Deus não só para a Igreja particular do Rio, mas para toda a Igreja Universal, como afirma o atual reitor, Côn. Leandro Câmara, ao falar da criação de D. Paulo Cezar como Cardeal:

“O nosso seminário, que já viu tantos filhos que nele foram formados serem chamados ao episcopado, entra neste domingo da Ascensão do Senhor para a esteira dos que já formaram homens que em determinado momento de sua caminhada missionária foram chamados à diaconia do cardinalato. Bendizemos a Deus pelo dom do serviço à Igreja Universal que é o cardinalato, para o qual Deus dá a graça aos que chama de terem um coração dilatado. Que este filho dileto de São José, Dom Paulo César Cardeal Costa (ex-aluno de nosso seminário arquidiocesano), seja cada vez mais cumulado de bençãos para fazer o bem a todos aos quais é enviado em missão. E que o nosso seminário continue a árdua e nobre missão de formar bons pastores segundo o coração de Cristo para sua Igreja.”

No Seminário São José grandes teólogos, como Mons. Maurílio Teixeira-Leite Penido e D. Estêvão Bettencourt, OSB já lecionaram; bispos como D. Carlos Alberto Navarro e D. Assis Lopes já estudaram e trabalharam na formação; figuras de relevo da sociedade brasileira como o jornalista e acadêmico Carlos Heitor Cony por ali passaram; sinais de santidade, como o Servo de Deus D. Othon Motta e o Servo de Deus Guido Schäffer ali viveram. São dons que o Senhor nos concede para percebermos como ele, formador primeiros das almas e das vocações, em todos os momentos da história acompanha a sua Igreja e a faz crescer com tantos testemunhos, nos mais variados carismas e serviços, para o bem de seu povo e a propagação de seu reino. Alegrando-nos com o dom do cardinalato de D. Paulo Cezar Costa, confiamos ao Senhor essa sua nova missão, garantindo-lhe nossas orações, e buscando sempre mais responder com sinceridade e fidelidade ao chamado do Senhor, alegrando-nos com os dons e dádivas que Ele nos concede a cada dia para nossa santificação e edificação no meio de sua Igreja.

TEXTO: Seminarista Eduardo Douglas

FOTOS:Côn. Leandro Câmara

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Pode celebrar a missa em qualquer lugar?

SJMV Jeunes
Père Gaspard Craplet
Por Valdemar De Vaux

O que diz a lei canônica sobre as missas fora das igrejas?

Para ir à missa depois de uma agradável caminhada numa trilha, praia ou nas montanhas, não é raro os padres celebrarem a Eucaristia fora das igrejas. Por vezes mesmo em lugares pouco habituais! Por exemplo, os peregrinos da Associação de Enfermeiros da França participam todos os anos da missa no vagão do trem que os leva a Lourdes!

VdV

Escrito para auxiliar na santificação do Povo de Deus, o Código de Direito Canónico tem previsto tudo (ou quase tudo). Sobre este ponto, nomeadamente a possibilidade de celebrar a Missa fora de uma igreja, refere-se (como frequentemente faz) ao discernimento dos padres. De fato, embora esteja aberta a outras possibilidades, recorda que a norma é celebrar num lugar consagrado para este fim:

Cân. 932 — § 1. A celebração eucarística realize-se em lugar sagrado, a não ser que a necessidade exija outra coisa; neste caso, deve realizar-se em lugar decente.

Uma Eucaristia dignamente celebrada

Nesse sentido, para se celebrar uma Missa num caiaque virado após uma descida de um rio ou no topo de um pico recentemente escalado, teria de haver uma “necessidade”. Se o direito canónico parece flexível nesse ponto, é porque é feito para o bem dos fiéis, para que estes não se vejam impedidos de celebrar a Missa, fonte e cume da vida cristã. Ao mesmo tempo, porém, é um memorial da Paixão e Ressurreição de Jesus, e por isso a Eucaristia deve ser celebrada dignamente.

Embora esta dignidade passe antes de mais nada pelo lugar escolhido para a celebração, também requer outros elementos para assegurar um ambiente adequado ao Corpo e ao Sangue de Cristo:

Cân. 932 — § 2. O Sacrifício eucarístico deve realizar-se sobre altar dedicado ou benzido; fora do lugar sagrado, pode utilizar-se uma mesa apropriada, mas sempre com toalha e corporal.

O fato de a lei confirmar essa necessidade mostra que o objetivo é evitar qualquer ataque, moral ou material, a Jesus verdadeiramente presente sob as espécies de pão e vinho. O caiaque instável e o cume da montanha atormentado por uma confusão de excursionistas não parecem, portanto, apropriados.

Uma instrução publicada em 2004 pela Congregação para o Culto Divino, o dicastério do Vaticano dedicado à liturgia, acrescenta também que para celebrar a Missa em qualquer lugar que não seja um lugar de culto divino é necessária a autorização do Ordinário do lugar, que é responsável por “apreciar a necessidade” de tal iniciativa.

Compreende-se, portanto, que apesar da popularidade das missas ao ar livre, elas deveriam de fato responder a uma urgência: por exemplo, a impossibilidade de participar da missa num dia em que existe um preceito para fazê-lo, ou a necessidade de um moribundo… Na história da Igreja, este é o caso de muitos padres que foram presos ou proibidos de celebrar os mistérios divinos… mas não é o caso de explorarmos tais excessos admiráveis para acobertar a nossa preguiça (ou pior ainda: o nosso desejo de extravagância).

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Atentado na Nigéria: quando a dor não interessa

O desinteresse de muitos pela humanidade da África, é equivalente aos muitos
interesses, ocultos e evidentes, pelos seus recursos | REUTERS

O terrível massacre ocorrido em uma igreja católica na Nigéria não recebeu o devido destaque em muitos dos principais meios de comunicação do mundo. De fato, há um sofrimento de segunda classe que causa outro sofrimento, que vem do sentir-se esquecido, de ver que a própria dor, por maior que seja, não merece atenção.

Sergio Centofanti

É impressionante entrar na internet entre os principais jornais do mundo e não ver nas primeiras notícias, com poucas exceções, o drama do massacre ocorrido em uma igreja católica na Nigéria durante a Missa de Pentecostes. Há muitas décadas que lemos nos jornais africanos a denúncia de que o continente está fora da atenção internacional, não apenas por suas tragédias, mas talvez também e acima de tudo pelo que é belo e positivo nesta terra. Isto não é um lamento de vitimismo, mas a simples constatação de uma realidade: o desinteresse de muitos pela humanidade da África diante dos muitos interesses, ocultos e evidentes, pelos seus recursos.

As imagens do massacre são terríveis. É um mistério o mal que se abate com ferocidade sobre pessoas indefesas orando em um dia de festa e mata tantas vidas, mesmo das que continuam a viver: há muitas crianças entre as vítimas. É impressionante ver tanta dor negligenciada. É impressionante ver a indiferença, a falta de compaixão, a incapacidade de se deter diante daqueles que sofrem.

O primeiro apelo do pontificado do Papa Francisco foi para a África Central, onde ele abriu antecipadamente a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia. Precisamos de um coração que se abra para os mais pobres, para os excluídos, para aqueles que são esquecidos. Sua primeira viagem foi para Lampedusa, para prestar homenagem aos muitos migrantes que sonhavam com uma vida melhor e morreram porque não encontraram uma mão estendida para salvá-los.

Há muitas guerras e crises esquecidas, não apenas na África. Basta pensar na Síria, Iêmen, Afeganistão, Mianmar, Haiti, para citar apenas algumas. Pensando nestes sofrimentos esquecidos, pensando nesta pequena cidade nigeriana, Owo, o cenário de um massacre dramático, vem à mente a profecia de Isaías quando afirma que um dia os povos verão a justiça de Deus e cada cidade negligenciada, cada pessoa esquecida e abandonada verá claramente o amor de seu Salvador:

Receberás um nome novo, que a boca do Senhor enunciará. Serás uma coroa gloriosa nas mãos do Senhor, um turbante real na palma do teu Deus. Já não te chamarão “Abandonada”, nem chamarão à tua terra “Desolação”. Antes, serás chamada “Meu prazer está nela”, e tua terra, “Desposada”. Com efeito, o Senhor terá prazer em ti e se desposará com a tua terra. Como um jovem desposa uma virgem, assim te desposará o teu edificador. Como a alegria do noivo pela sua noiva, tal será a alegria que o teu Deus sentirá em ti.  (...) Eis que a tua salvação está chegando, eis com ele o teu salário: diante dele a sua recompensa. Eles serão chamados “O povo santo”, “Os redimidos do Senhor”. Quanto a ti, serás chamada “Procurada”, “Cidade não abandonada”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF