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quarta-feira, 15 de junho de 2022

O desafio de aceitar os familiares como eles são

fizkes - Shutterstock
Por Guillermo Dellamary

Aceitar as pessoas como elas são é um ato de caridade, é praticar o amor incondicional. Mas por onde começa o caminho da aceitação?

Querer mudar os outros ou esperar que um dia eles mudem é muito estressante e, muitas vezes, causa frustração.

Você ainda está esperando que um membro da família mude? Pior ainda: seu afeto está condicionado à mudança deles? E se eles não mudarem?

O fato é que o grande valor do princípio de aceitação é um dos avanços mais significativos em crescimento e maturidade.

Aceitar as pessoas como elas são é um ato de caridade, é praticar o amor incondicional. Amo você como você é; é claro que haverá algo que não gosto em você, mas posso ignorá-lo, porque meu amor por você é maior do que minha intolerância.

Aceitar não é querer corrigir ou procurar as falhas de alguém, mas reconhecer que elas são aceitáveis do jeito que, de fato, são.

O drama das relações familiares

Um dos principais dramas das relações familiares é o fato de estarmos supervisionando e monitorando o comportamento de nossos entes queridos, a fim de corrigi-los e apontar os erros que eles estão cometendo. É uma forma inadequada de mostrar aceitação ao outro, porque está se tornando evidente que estamos observando-os com um olhar crítico e julgador sobre o que eles fazem.

Fica pior quando, além de assistir, ficamos irritados e chateados com o que nosso ente querido faz que não nos agrada. E, além disso, damos a nós mesmos a permissão para nos preocuparmos e darmos lições. Isto leva à deterioração das relações.

Amar é aceitar

Por outro lado, você pode chegar à feliz conclusão de aceitar seus familiares como eles são, apesar das falhas deles. Quando isso acontece, você recebe os benefícios próprios de quem ama incondicionalmente e aceita que as coisas são certas da maneira como são, mesmo que não pareçam certas para você.

Por fim, o constante incômodo e repreensão de seu parceiro ou filhos acaba sendo um exemplo muito claro de que você não os aceita. Que a maneira de eles serem incomoda você e que você gostaria que eles mudassem as coisas que te incomodam.

Dessa forma, você está pensando apenas em si próprio(a). Você quer que o outro lhe dê o que você espera e não tolera que ele não atenda às suas expectativas. E tal atitude é tingida de egoísmo, da necessidade de controlar os outros e de não respeitar a maneira como eles são. Isso sugere que você, realmente, não os aceita como eles são.

O verdadeiro amor

O verdadeiro amor está no fato de aceitar plenamente a vontade de Deus, que a vontade de Deus seja feita, não a nossa. Pois, aconteça o que acontecer, Seus planos são muito melhores do que os nossos. Se realmente queremos estar em Suas mãos, então o que quer que aconteça é da vontade Dele. E aceitar isso, de uma boa maneira, é reconhecer que Sua misericórdia e graça são infinitamente superiores a qualquer coisa que possamos pensar.

Se eu aceitar minha realidade e a mim mesmo, também devo aceitar a vida dos outros, e esse é o significado do respeito. Desta forma, cumprimos também a regra de ouro de “fazer aos outros o que gostaríamos que outros nos fizessem”. Se eu quiser ser amado e aceito como sou, sem ser corrigido, então eu terei que fazer o mesmo com os outros.

O caminho da aceitação

O caminho da aceitação nos aproxima da harmonia com a vida, para viver com mais equilíbrio e descobrir a realidade de que, ao invés de querer mudar os outros, eu só tenho o poder de mudar a mim mesmo(a) e tentar ser uma pessoa melhor.

Desta forma, não caímos na tentação de sermos conformistas e de parar de nos esforçarmos para melhorar. Isto implica que aceitar é também reconhecer que cometemos erros e que podemos corrigi-los – mas em nós mesmos e não na vida dos outros.

Portanto, façamos um esforço especial para aceitar nossos familiares e amigos do jeito como eles são. Isso é um bom começo para praticarmos nossa caridade de forma mais consciente.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

“A pureza do homem diante de Deus”

O Papa Bento XVI durante a homilia [© Osservatore Romano]
Arquivo 30Dias - Agosto de 2009

A homilia do Papa Bento XVI durante a santa missa com os seus ex-alunos, na capela do Centro de Congressos Mariápolis, Castel Gandolfo, domingo, 30 de agosto de 2009.

A homilia do Papa Bento XVI durante a santa missa com os seus ex-alunos em Castel Gandolfo

Queridos irmãos e irmãs!

No Evangelho vem ao nosso encontro um dos temas fundamentais da história religiosa da humanidade: a questão da pureza do homem diante de Deus. Dirigindo o olhar para Deus, o homem reconhece que está “poluído” e que se encontra numa condição na qual não pode aceder ao Santo. Sobressai assim a pergunta sobre como ele se possa tornar puro, libertar-se da “sujidade” que o separa de Deus. Nasceram desta forma, nas diversas religiões, ritos purificadores, caminhos de purificação interior e exterior. No Evangelho de hoje encontramos ritos de purificação, que estão radicados na tradição veterotestamentária, mas que são, contudo, geridos de uma forma muito unilateral. Por conseguinte já não servem para um abrir-se do homem a Deus, já não são caminhos de purificação e de salvação, mas tornam-se elementos de um sistema autônomo de ações que, para ser verdadeiramente executadas em plenitude, exigem até especialistas. O coração do homem já não é alcançado. O homem, que se move no interior deste sistema, ou se sente escravizado ou cai na soberba de se poder justificar por si.

A exegese liberal diz que neste Evangelho se revelaria o fato de que Jesus teria substituído o culto com a moral. Ele teria posto de lado o culto com todas as suas práticas inúteis. A relação entre o homem e Deus basear-se-ia agora unicamente na moral. Se isto fosse verdadeiro, significaria que o cristianismo, na sua essência, é moralidade — isto é, que nós próprios nos tornamos puros e bons mediante o nosso agir moral. Se refletirmos de modo mais profundo sobre esta opinião, é óbvio que esta não pode ser a resposta completa de Jesus à questão sobre a pureza. Se quisermos sentir e compreender plenamente a mensagem do Senhor, então devemos ouvir também plenamente — não nos podemos contentar com um pormenor, mas devemos prestar atenção a toda a sua mensagem. Por outras palavras, devemos ler totalmente os Evangelhos, todo o Novo e, com ele, o Antigo Testamento.

A primeira leitura de hoje, tirada do Livro do Deuteronômio, oferece-nos um pormenor importante de uma resposta e faz-nos dar um passo em frente. Nela ouvimos algo que para nós talvez seja surpreendente, isto é, que Israel é convidado pelo próprio Deus a ser grato e a sentir um orgulho humilde pelo fato de conhecer a vontade de Deus e assim ser sábio. Precisamente naquele período a humanidade, quer em ambiente grego quer semítico, procurava a sabedoria: procurava compreender o que conta. A ciência diz-nos muitas coisas e é-nos útil sob tantos aspectos, mas a sabedoria é conhecimento do essencial — conhecimento da finalidade da nossa existência e de como devemos viver para que a vida tenha o justo êxito. A leitura tirada do Deuteronômio menciona o fato de que a sabedoria, em última análise, é idêntica à Torah — à Palavra de Deus que nos revela o que é essencial, para qual finalidade e de que maneira devemos viver. Assim, a Lei não parece uma escravidão, mas — em semelhança com quanto é dito no Salmo 119 — é causa de uma grande alegria: nós não andamos às apalpadelas na escuridão, não vagueamos em vão à procura do que poderia ser reto, não somos como ovelhas sem pastor, que não sabem onde está o caminho justo. Deus manifestou-se. Ele mesmo nos indica o caminho. Conhecemos a sua vontade e com isto a verdade que conta na nossa vida. São duas as coisas que nos são ditas acerca de Deus: por um lado, que Ele se manifestou e que nos indica o caminho justo; por outro, que Deus é um Deus que nos ouve, que está próximo de nós, nos responde e nos guia. Com isto toca-se também o tema da pureza: a sua vontade purifica-nos, a sua proximidade guia-nos.
Penso que valha a pena deter-se um momento sobre a alegria de Israel pelo fato de conhecer a vontade de Deus e de ter assim recebido em dom a sabedoria que nos cura e que não podemos encontrar sozinhos. Existe entre nós, na Igreja de hoje, um sentimento semelhante de alegria pela proximidade de Deus e pelo dom da sua Palavra? Quem quisesse demonstrar uma tal alegria seria imediatamente acusado de triunfalismo. Mas, precisamente, não é a nossa habilidade que nos indica a verdadeira vontade de Deus. É um dom imerecido que nos torna ao mesmo tempo humildes e jubilosos. Se refletirmos sobre a perplexidade do mundo diante das grandes questões do presente e do futuro, então também dentro de nós deveria desabrochar de novo a alegria pelo fato de que Deus nos mostrou gratuitamente o seu rosto, a sua vontade, a si mesmo. Se esta alegria sobressair em nós, tocará também o coração dos não-crentes. Sem esta alegria não somos convincentes. Porém, onde tal alegria está presente, ela — mesmo sem o querer — possui uma força missionária. De facto, suscita nos homens a pergunta se não se encontre talvez deveras aqui o caminho — se esta alegria não guie talvez efetivamente pelas pegadas do próprio Deus.

Tudo isto se encontra ulteriormente aprofundado no trecho, tirado da Carta de São Tiago, que a Igreja hoje nos propõe. Eu aprecio a Carta de São Tiago, sobretudo porque, graças a ela, podemos ter uma ideia da devoção da família de Jesus. Era uma família praticante. Praticante no sentido de que vivia a alegria deuteronômica de Deus, que nos é doada na sua Palavra e no seu Mandamento. É um gênero de prática totalmente diversa da que encontramos nos fariseus do Evangelho, que tinham feito dela um sistema exteriorizado e escravizador. É também um gênero de prática diferente da que Paulo, como rabino, tinha apreendido — como vemos das suas Cartas — a prática de um especialista que tudo conhecia e sabia; que era orgulhoso do seu conhecimento e da sua justiça, e que, contudo, sofria sob o peso das prescrições, de modo que a Lei já não era vista como guia jubilosa para Deus, mas antes como uma exigência que, em definitiva, não podia ser cumprida.

A transfiguração, Fra Angélico, Museu de São Marcos,
Florença

Na Carta de São Tiago encontramos aquela observância que não olha para si mesma, mas dirige-se jubilosamente para o Deus próximo, que nos doa a sua proximidade e nos indica o caminho justo. Assim a Carta de São Tiago fala da Lei perfeita da liberdade e com isto indica a compreensão nova e aprofundada da Lei que o Senhor nos doou. Para Tiago a Lei não é uma exigência que pretende demasiado de nós, que está diante de nós a partir de fora e nunca pode ser satisfeita. Ele pensa na perspectiva que encontramos numa frase dos discursos de adeus a Jesus: “já não vos chamo servos, porque o servo não sabe o que faz o seu senhor; chamei-vos amigos, porque tudo quanto ouvi de Meu Pai vo-lo dei a conhecer” (Jo 15, 15). Aquele ao qual tudo é revelado, pertence à família; já não é servo, mas livre porque, precisamente, faz parte ele mesmo da casa. Uma semelhante, inicial introdução no pensamento do próprio Deus verificou-se em Israel no monte Sinai. Verificou-se depois de modo definitivo e grande no Cenáculo e, em geral, mediante a obra, a vida, a paixão e a ressurreição de Jesus; n’Ele Deus deu-nos tudo, manifestou-se completamente. Já não somos servos, mas amigos. E a Lei já não é uma prescrição para pessoas não livres, mas é o contacto com o amor de Deus — o fato de sermos admitidos a fazer parte da família, ato que nos torna livres e “perfeitos”. É neste sentido que Tiago diz, na leitura de hoje, que o Senhor nos gerou por meio da sua Palavra, que Ele plantou a sua Palavra no nosso íntimo como força de vida. Aqui fala-se também da “religião pura” que span>Jo 17, 17-19). Assim encontramos agora a estrutura justa do processo de purificação e de pureza: não somos nós que criamos o que é bom — seria um simples moralismo — mas é a Verdade que vem ao nosso encontro. Ele mesmo é a Verdade, a Verdade em pessoa. A pureza é um acontecimento dialógico. Ela inicia com o fato de que Ele vem ao nosso encontro — Ele, que é a Verdade e o Amor — leva-nos pela mão, compenetra o nosso ser. Na medida em que nos deixamos tocar por Ele, em que o encontro se torna amizade e amor, tornamo-nos nós mesmos, a partir da sua pureza, pessoas puras e depois pessoas que amam com o seu amor, pessoas que introduzem também outros na sua pureza e no seu amor.
Agostinho resumiu todo este processo na bonita expressão: “Da quod iubes et iube quod vis — Concede o que comandas e depois comanda o que queres”. Neste momento queremos levar diante do Senhor este pedido e implorá-lo: sim, purifica-nos na verdade. Sê tu a Verdade que nos torna puros. Faz com que mediante a amizade contigo nos tornemos livres e assim verdadeiramente filhos de Deus, faz com que nos tornemos capazes de nos sentarmos à tua mesa e difundirmos neste mundo a luz da tua pureza e bondade. Amém.

© Copyright 2009 - Libreria Editrice Vaticana

Fonte: http://www.30giorni.it/

Alemanha: desaba o número de ordenações

Guadium Press
Somente 10 sacerdotes serão ordenados nas sete dioceses da Baviera.

Redação (14/06/2022 08:51Gaudium Press) Este ano, nas 7 dioceses da Baviera, Alemanha, apenas 10 sacerdotes serão ordenados, em comparação com os 21 no ano passado e 19 em 2020.

Os ordenandos são descritos da seguinte forma:

Um na diocese de Wurzburg, que foi ordenado na vigília de Pentecostes. Em Passau, três jovens serão ordenados no dia 25 de junho, e no mesmo dia um será ordenado em Bamberg e outro em Regensburg. No dia 26, 3 serão ordenados para a diocese de Augsburg. Será ordenado também um sacerdote do Oratório de São Filipe Neri em Aufhausen. Fato importante: Este ano não houve ordenações na maior jurisdição, a de Munique-Freising e Eichstätt.

Razões

Pe. Martin Priller, reitor do seminário de Regensburg, comentou sobre a queda no número de ordenações, dizendo que a reputação da Igreja e da profissão sacerdotal sofreu muito nos últimos tempos. Os jovens que querem se tornar sacerdotes devem enfrentar o preconceito e encontrar justificativas para seguir esse caminho diante de seus círculos próximos.

A isso se somam as discussões internas na Igreja sobre o ministério sacerdotal, a ponto de questioná-lo fundamentalmente. Também as muitas tarefas administrativas que estão ligadas ao sacerdócio fazem com que os jovens se perguntem como podem ser pastores com essa carga.

Ao que parece, aqueles que se interessam pelo sacerdócio preferem não o fazer no clero diocesano, mas integrar-se em uma comunidade religiosa. Eles apreciam que ali contam com o apoio da comunidade, ou que sua ideia de ministério sacerdotal seja melhor realizada através de um carisma religioso.

Com informações Infocatólica.

Santa Sé à FAO: guerra e insegurança alimentar, risco de tragédia global

Plantação de trigo em área de guerra na Ucrânia  (ANSA)

Na 170ª sessão do Conselho da ONU para Alimentação e Agricultura, Dom Arellano reiterou o apelo do Papa Francisco à paz e ao diálogo e lançou o alarme sobre a segurança alimentar: obstáculos à exportação de trigo ucraniano colocam em risco a vida de milhões de pessoas. Devemos trabalhar juntos para que todos tenham pão.

Tiziana Campisi – Vatican News

A comunidade internacional deve assumir o firme compromisso para que cesse imediatamente a agressão militar na Ucrânia. Este é o pedido da Delegação da Santa Sé à 170ª Sessão do Conselho da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), que se realiza em Roma de 14 a 17 de junho. Em seu discurso, sobre o "Impacto do conflito Ucrânia-Rússia na segurança alimentar global e questões afins", Dom Fernando Chica Arellano, Observador Permanente da Santa Sé junto à FAO, Ifad e PAM, reiterou o que o Papa Francisco tinha repetidamente suplicado com o coração triste: que seja interrompido o massacre feroz, "que as armas sejam silenciadas e que prevaleça o diálogo e a negociação séria, a única saída digna do labirinto da guerra, que está desencadeando uma fúria sangrenta e letal".

Porém Dom Arellano também lançou um alarme: a questão da segurança alimentar está diretamente ligada à paz, e os obstáculos que a Ucrânia está encontrando na exportação de trigo estão causando sérias preocupações, além de criar dificuldades para os países que dependem do abastecimento ucraniano. "O que está em jogo é a vida de milhões de pessoas, o direito humano universal à alimentação e a estabilidade de vastas áreas do planeta", afirmou o Observador Permanente, renovando o apelo lançado pelo Papa na audiência geral de 1° de junho para que o trigo não seja usado como arma de guerra.

O risco de crise alimentar e desnutrição

Dom Arellano lembra que a FAO foi criada no final da Segunda Guerra Mundial para pôr fim à destruição causada pelo conflito, com a consciência de que a falta de alimentos, essencial para a sobrevivência humana, tem sido historicamente a principal causa de instabilidade, tumultos e revoltas populares. Portanto, é necessário "trabalhar em conjunto e agir com incisividade, urgência e determinação" para que todos possam ter pão e para que se evite um agravamento da delicada situação que se criou. "Nos países mais pobres, já duramente atingidos pelas mudanças climáticas e pela escassez de água, a falta de fertilizantes poderia acentuar o declínio da produção, com o risco de reduzir populações inteiras à degradação e desnutrição", observou o Observador Permanente, que apela para uma resposta rápida e sábia aos "efeitos prejudiciais da atual crise alimentar, agravada ainda mais pelos confrontos armados nas áreas mais vulneráveis do mundo". Considerando, então, o aumento dos preços dos alimentos, há também o fato de que a falta de alimentos, até 2023, pode causar uma tragédia global.

Iniciativas concretas da FAO

"A FAO deve dar sua importante contribuição para responder corajosamente aos difíceis desafios que se apresentam, indo à raiz do problema, empreendendo iniciativas concretas e buscando o bem comum", é o convite de Dom Arellano, que exortou a fazer mais por aqueles que sofrem as consequências da guerra. O Observador Permanente acrescentou que "a dor de muitos irmãos e irmãs nos obriga e encoraja" a construir a paz, a respeitá-la e a oferecê-la como o melhor presente. E sublinha que a solução para o problema atual não está na força militar, que pode levar a uma escalada cada vez mais insidiosa para todos, mas na renúncia aos interesses de parte, de modo que a espiral de ódio e morte na qual está precipitando possa ser detida, e na colaboração para o cuidado da terra.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Brasil: tradição dos tapetes de Corpus Christi está de volta

Shutterstock | Uma das cenas do gigante tapete de Corpus Christi de Matão em 2019
Por Ricardo Sanches

Os tapetes e a procissão de Corpus Christi com a presença de fiéis ficaram suspensos nos últimos anos por causa da pandemia.

Após dois anos sem a procissão do Santíssimo Sacramento sobre os tradicionais tapetes de Corpus Christi por causa da pandemia, muitas dioceses do Brasil vão retomar a tradição em 2022.

Um exemplo é o município de Matão, no interior de São Paulo. Na cidade, o costume de enfeitar as ruas com representações de cenas bíblicas, sobretudo sobre a Eucaristia, existe há mais de sete décadas e atrai fiéis e turistas de todo o Brasil. Mais de 500 voluntários estão envolvidos na confecção do tapete gigante, que forma uma cruz ao redor da igreja matriz. Todos os desenhos farão alusão ao tema: “Eucaristia: caminho de comunhão e missão”.

Os tapetes serão confeccionados com mais de 70 toneladas de diferentes materiais, entre os quais: serragem, pó mineral de calcário, casca de ovo, pó de café, sal e retalhos de tecido.

Paralelamente à celebração religiosa, a cidade preparou uma programação cultural para receber fiéis e turistas.

Shutterstock | Uma das cenas do gigante tapete de Corpus Christi de Matão em 2019

Corpus Christi e solidariedade

Na Arquidiocese de Florianópolis, SC, a tradição dos tapetes também está de volta em 2022.

Na Catedral Metropolitana, a confecção dos tapetes será na manhã de quinta-feira, a partir das 8h30. O Arcebispo Dom Wilson Tadeu Jönck, SCJ, preside a missa às 15h, seguida de procissão pelas ruas do centro da capital.

A solenidade que celebra a Eucaristia, alimento espiritual de todos os católicos, também exorta os fiéis a intensificar a solidariedade. Inspiradas pelo tema do Congresso Eucarístico Nacional deste ano, “Pão em todas as mesas”, as paróquias promovem campanhas de arrecadação de alimentos, de higiene e limpeza, e de roupas e cobertores.

Entre as outras cidades brasileiras que recebem milhares de turistas e retomarão a tradição dos tapetes de forma presencial este ano estão: Ouro Preto, MG, Nova Trento, SC, Goiânia, GO, e São Gonçalo, RJ.

A tradição dos tapetes de Corpus Christi

A tradição de enfeitar as casas e ruas para a solenidade de Corpus Christi simboliza o amor do povo para com o mistério da Eucaristia e a alegria em saber que “Jesus caminha no meio de nós.”

De acordo com historiadores, a prática surgiu no século XIII, na região dos Açores, em Portugal. Os portugueses a introduziram no Brasil durante o período colonial.

Passar sobre o tapete de Corpus Christi, para os católicos, tem um significado especial. É, de fato, algo que simboliza que Jesus anda por ali. E uma das formas de honrá-lo é confeccionar os tapetes decorados. O sacerdote carrega o ostensório, que armazena o Corpo de Cristo na hóstia, pelas ruas enfeitadas. Os fiéis, por sua vez, só devem pisar esses desenhos após a passagem do padre.

Vale lembrar que a festa de Corpus Christi é o único dia do ano em que o Santíssimo Sacramento sai em procissão pelas ruas.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

terça-feira, 14 de junho de 2022

Igreja na Amazônia - 1972: encarnação na realidade e evangelização libertadora

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Dom Antonio de Assis
Bispo auxiliar de Belém do Pará (PA)

IGREJA NA AMAZÔNIA

De 06-09 de maio de 2022 aconteceu em Santarém o IV Encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, para a celebração dos 50 anos do Encontro dos bispos da Amazônia acontecido na mesma cidade de 24-30 de maio de 1972. 

Ao final desse encontro os bispos participantes definiram quatro prioridades para orientar a ação pastoral da Igreja Católica na Amazônia. O documento de Santarém é fruto de um trabalho reflexivo, crítico e profético que refletia a profunda inserção da Igreja na realidade Amazônica. As linhas prioritárias desse documento simples e provocante são inspiradas em duas diretrizes fundamentais que perpassavam a totalidade da vida pastoral da Igreja, a saber, o princípio da encarnação na realidade e a evangelização libertadora.     

Fazer memória desse documento é importante por diversos motivos: as diretrizes e prioridades são consequências da assimilação da mentalidade pastoral do Concílio Vaticano II (1962-1965); são compromissos permanentes que continuam válidos ainda hoje; os pastores da Amazônia manifestaram-se zelosos pela fidelidade a Jesus Cristo, ao magistério da Igreja, ao ser humano manifestando-se sensíveis aos sinais dos tempos.   

Os problemas denunciados sofreram mudanças e se ampliaram; os desafios pastorais persistem e a esperança continua. Trata-se de um documento profundamente sensível, cheio de compaixão e otimista proveniente de uma Igreja que vive “as alegrias as esperanças, as tristezas e as angústias” do povo amazônida. 

 O contexto histórico eclesial

Para bem entendermos o conteúdo do Documento de Santarém é necessário considerarmos o contexto eclesial daquele período, que estava em estreita sintonia com as diretrizes e orientações pastorais do Concílio Ecumênico Vaticano II e das conclusões da II Conferência do episcopado latino-americano (documento de Medellin, 1968). 

O Concílio, na Constituição Pastoral Gaudium Et Spes (GS), afirmou que “as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; “a Igreja sente-se real e intimamente ligada ao género humano e à sua história” (GS,1). É “lei de toda a evangelização” o cultivo do respeito para com a dignidade humana e a sensibilidade para com a realidade existencial de cada povo com suas riquezas e fragilidades (cf. GS,44). Há múltiplos laços entre evangelização e cultura humana (cf. GS, 58). 

Nesta mesma linha de sensibilidade para com a encarnação nas realidades humanas está o decreto “Ad Gentes” sobre a atividade missionária da Igreja afirmando a necessidade da evangelização sintonizar-se com as atitudes de Cristo em seu diálogo com a humanidade para libertá-la (cf. AG,11). Na Conferência de Medellin (Colômbia, 1968), os bispos declararam: “o episcopado latino-americano não pode ficar indiferente ante as tremendas injustiças sociais existentes na América Latina, que mantêm a maioria de nossos povos numa dolorosa pobreza, que em muitos casos chega a ser miséria desumana. Um surdo clamor nasce de milhões de homens, pedindo a seus pastores uma libertação que não lhes chega de nenhuma parte. Queremos, como bispos, nos aproximar cada vez com maior simplicidade e sincera fraternidade, dos pobres, tornando possível e acolhedor o seu acesso até nós. Devemos tornar mais aguda a consciência do dever de solidariedade para com os pobres; exigência da caridade” (Medellin, XIV). 

 O contexto amazônico

A realidade Amazônica é vista pelos bispos como terra de esperança, de futuro, mas estava passando por um processo de “trepidante transformação” com muitas ameaças. Nesse delicado contexto os bispos reafirmam os valores humanos e sociais do povo amazônida caracterizado pela simplicidade, espontaneidade, fortaleza, religiosidade, vínculo com a natureza. Diversos fatores estavam contribuindo para as transformações econômicas e sociais da Amazônia como, por exemplo, a abertura de novas estradas, a criação de novas vilas de colonização, a publicidade governamental que estimulava a ocupação da Amazônia. O desenvolvimento econômico, porém, ameaçava o próprio homem, gerando a violação de direitos básicos, promovendo a injusta distribuição dos recursos materiais etc. Diante desse cenário os bispos acusaram graves consequências para o povo como novas formas de marginalização e opressão.  

Tais denúncias, vistas dentro do seu contexto histórico da ditadura militar, podem ser classificadas como verdadeiramente corajosas, honestas e coerentes com o evangelho e a dignidade humana. Isso representa a firmeza profética e a liberdade dos bispos da Amazônia profundamente voltados para a promoção da vida do povo em total coerência com os valores do Reino de Deus 

 Prioridades Pastorais

Diante de muitos desafios em diversas dimensões que estavam presentes nas diversas Prelazias e Dioceses da Amazônia, os bispos assumiram quatro grandes temas como compromissos prioritários, a saber: a formação de agentes de pastorais, a promoção da Comunidade Eclesial de Base, a pastoral indígena e a atenção aos novos desafios. 

3.1. Na formação dos agentes de pastoral deu-se importância à promoção dos ministérios leigos, sobretudo, a capacitação de lideranças, diáconos, ministros da Eucaristia, dirigentes de cultos e de comunidades da própria região; também estimulou-se a promoção de leigos voluntários de outras regiões. O processo de formação dos leigos, com níveis variados, propunha dar atenção à teologia, catequese, bíblia, liturgia, antropologia, sociologia, psicologia, pedagogia, liderança etc. Para a formação integral dos candidatos ao sacerdócio ministerial, sugeriu-se a criação do Instituto Regional de Pastoral (IPAR) em Belém e o CENESCH em Manaus (ambos fundados em 1972); 

3.2. No que diz respeito às comunidades eclesiais de base deviam ser orientadas pelas diretrizes do documento de Medellin como primeiro e fundamental núcleo eclesial responsável pela riqueza e expansão da fé, como célula inicial de estruturação eclesial, foco de evangelização, promoção humana e desenvolvimento. As paróquias foram chamadas a descentralizar sua ação pastoral, fundando Comunidades nos mais diversos contextos urbanos e rurais; 

3.3. A pastoral indígena era uma resposta pastoral aos desafios e ameaças à população indígena tratada com indiferença em seus valores culturais. O Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que havia sido recém-criado em Brasília, foi visto como “órgão providencial” a serviço do índio e das missões indígenas devendo orientar suas atividades pastorais pela Declaração Universal dos Direitos do homem, em princípios antropológicos e teológicos. 

3.4. A atenção aos novos desafios:  os muitos desafios exigiam um olhar pastoral multilateral; nesse contexto os bispos manifestaram-se atentos ao surgimento das novas estradas, novos núcleos de colonização, agrovilas, conflitos agrários, inobservância das leis trabalhistas, mineração, garimpos, serrarias, fazendas agropecuárias, olarias, usinas, imigrantes, meios de comunicação social. Todos esses fenômenos não passaram despercebidos aos olhos daqueles sensíveis pastores.  

PARA REFLEXÃO PESSOAL: 

  1. Como está a sensibilidade da sua comunidade ou paróquia para com a realidade?
  2. Por que a evangelização deve ser encarnada e libertadora?
  3. Como podemos continuamente alimentar a nossa inquietude missionária e profética?

Papa: as ameaças recíprocas dos poderosos abafam o grito de paz da humanidade

A dor de uma mãe na pobreza | Vatican News

Em sua Mensagem para o 6° Dia Mundial dos Pobres, Francisco volta a condenar a guerra na Ucrânia: "Uma ‘superpotência’, que pretende impor a sua vontade contra o princípio da autodeterminação dos povos”. O apelo: "Diante dos pobres, não serve retórica, mas arregaçar as mangas". A advertência contra o dinheiro: "Não pode tornar-se um absoluto, tal coisa ofusca o olhar".

Salvatore Cernuzio/Jane Nogara - Vatican News

Pobres e "empobrecidos" pela "tempestade" da pandemia, indigentes, refugiados e deslocados pela guerra na Ucrânia, onde "a intervenção direta de uma ‘superpotência’” pretende "impor sua vontade contra o princípio da autodeterminação dos povos". É a todos eles que o Papa Francisco dedica sua Mensagem para o 6º Dia Mundial do Pobre, a ser celebrado em 13 de novembro. Um longo documento no qual o Papa condena desde as primeiras linhas uma das principais causas da pobreza em nosso tempo: a guerra. Um "desastre", escreve, que apareceu no horizonte pouco depois de "uma nesga de céu sereno" ter se aberto após a pandemia. Uma tragédia "destinada a impor ao mundo um cenário diferente".

A ameaça dos poderosos e a voz da humanidade

O conflito que vem ocorrendo há mais de cem dias, afirma o Pontífice, veio "unir-se às guerras regionais que nestes anos tem produzido morte e destruição", mas "o quadro apresenta-se mais complexo".

Vemos repetir-se cenas de trágica memória e, mais uma vez, as ameaças recíprocas de alguns poderosos abafam a voz da humanidade que implora paz.

Atingidos os fracos e indefesos

"Quantos pobres gera a insensatez da guerra", exclama Francisco. " Para onde quer que voltemos o olhar, constata-se como os mais atingidos pela violência sejam as pessoas indefesas e frágeis. Deportação de milhares de pessoas, sobretudo meninos e meninas, para os desenraizar e impor-lhes outra identidade".

Milhões de mulheres, crianças e idosos veem-se constrangidos a desafiar o perigo das bombas para pôr a vida a salvo, procurando abrigo como refugiados em países vizinhos. Entretanto, aqueles que permanecem nas zonas de conflito têm de conviver diariamente com o medo e a carência de comida, água, cuidados médicos e sobretudo com a falta de afeto familiar.

Dificuldade à ajuda

Nestes momentos, “a razão fica obscurecida e quem sofre as consequências é uma multidão de gente simples, que vem juntar-se ao número já elevado de pobres. Como dar uma resposta adequada que leve alívio e paz a tantas pessoas, deixadas à mercê da incerteza e da precariedade?”. Não apenas isso: "Quanto mais se alonga o conflito, mais se agravam suas consequências", observa o Papa. Portanto, a disponibilidade que, nos últimos anos, moveu “populações inteiras” para abrir as portas a fim de acolher milhões de refugiados das guerras no Oriente Médio, na África Central e, agora, na Ucrânia, assim como o altruísmo de tantas famílias que "abriram suas casas para dar lugar a outras famílias", colide com a dureza de uma realidade fora de controle:

“Os povos que acolhem têm cada vez mais dificuldade em dar continuidade à ajuda; as famílias e as comunidades começam a sentir o peso duma situação que vai além da emergência.”

Todavia agora é “o momento de não ceder, mas de renovar a motivação inicial”, encoraja Francisco, “o que começamos precisa de ser levado a cabo com a mesma responsabilidade”. Com efeito, a solidariedade é precisamente isso: “partilhar o pouco que temos com quantos nada têm, para que ninguém sofra. Quanto mais cresce o sentido de comunidade e comunhão como estilo de vida, tanto mais se desenvolve a solidariedade”.

Não retórica, mas agir

Aliás, escreve o Papa, deve-se considerar que há países onde, nas últimas décadas, se verificou um significativo crescimento do bem-estar de muitas famílias, que alcançaram um estado de vida seguro. “Como membros da sociedade civil, mantenhamos vivo o apelo aos valores da liberdade, responsabilidade, fraternidade e solidariedade; e, como cristãos, encontremos sempre na caridade, na fé e na esperança o fundamento do nosso ser e da nossa atividade”. “Agir”, é de fato, para o Pontífice, a palavra-chave:

“No caso dos pobres, não servem retóricas, mas arregaçar as mangas e pôr em prática a fé através de um envolvimento direto, que não pode ser delegado a ninguém.”

Mau uso do dinheiro

Às vezes, porém, pode sobrevir “uma forma de relaxamento que leva a assumir comportamentos incoerentes, como no caso da indiferença em relação aos pobres”. Acontece “que alguns cristãos, devido a um apego excessivo ao dinheiro, fiquem empantanados num mau uso dos bens e do património. São situações que manifestam uma fé frágil e uma esperança fraca e míope”, anota o Papa.

Sabemos que o problema não está no dinheiro em si, pois faz parte da vida diária das pessoas e das relações sociais, mas sim, sobre o valor que o dinheiro tem para nós:

Um tal apego impede de ver, com realismo, a vida de todos os dias e ofusca o olhar, impedindo de reconhecer as necessidades dos outros. Nada de mais nocivo poderia acontecer a um cristão e a uma comunidade do que ser ofuscados pelo ídolo da riqueza, que acaba por acorrentar a uma visão efémera e falhada da vida.

Não é o ativismo que salva

Portanto, acrescenta Francisco, não se trata de ter "um comportamento assistencialista" em relação aos pobres. 

“Não é o ativismo que salva, mas a atenção sincera e generosa que me permite aproximar de um pobre como de um irmão que me estende a mão para que acorde do torpor em que caí.”

Novas políticas sociais

O Papa renova seu convite "urgente" para encontrar "estradas que possam ir além da configuração daquelas políticas sociais “concebidas como uma política para os pobres, mas nunca com os pobres, nunca dos pobres, e muito menos inserida em um projeto que reúna os povos".

Estamos diante dum paradoxo, que, hoje como no passado, é difícil de aceitar, porque embate na lógica humana: há uma pobreza que nos torna ricos... A experiência de fragilidade e limitação, que vivemos nestes últimos anos e, agora, a tragédia de uma guerra com repercussões globais, devem ensinar-nos decididamente uma coisa: não estamos no mundo para sobreviver, mas para que, a todos, seja consentida uma vida digna e feliz.

A pobreza que mata

Jesus mostra-nos o caminho que há “uma pobreza que humilha e mata, e há outra pobreza – a d’Ele – que liberta e nos dá serenidade”. A pobreza que mata é “a miséria, filha da injustiça, da exploração, da violência e da iníqua distribuição dos recursos. É a pobreza desesperada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte que não oferece perspectivas nem vias de saída”.

Quando a única lei passa a ser o cálculo do lucro no fim do dia, então deixa de haver qualquer freio na adoção da lógica da exploração das pessoas: os outros não passam de meios. Deixa de haver salário justo, horário justo de trabalho e criam-se novas formas de escravidão, suportada por pessoas que, sem alternativa, devem aceitar este veneno de injustiça a fim de ganhar o mínimo para comer.

A pobreza que liberta

 Ao contrário, pobreza libertadora é “aquela que se nos apresenta como uma opção responsável para alijar da estiva quanto há de supérfluo e apostar no essencial”. “Encontrar os pobres – afirma o Pontífice - permite acabar com tantas ansiedades e medos inconsistentes, para atracar àquilo que verdadeiramente importa na vida e que ninguém nos pode roubar: o amor verdadeiro e gratuito”. Na realidade, os pobres, “antes de ser objeto da nossa esmola, são sujeitos que ajudam a libertar-nos das armadilhas da inquietação e da superficialidade”.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Bem-aventurada Nhá-Chica

Bem-aventurada Nhá-Chica | arquisp
14 de junho

Bem-aventurada Nhá-Chica

Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, é a primeira bem-aventurada negra do Brasil. Leiga, ela não pertencia a nenhuma ordem religiosa. Analfabeta, não lia a Bíblia, mas aplicava no dia a dia o amor ao próximo e a caridade, o que a fez ser conhecida como "Mãe dos Pobres".

Nhá Chica nasceu em São João Del Rei (MG) mas viveu a maior parte da sua vida em Baependi (MG), onde morreu no dia 14 de junho de 1895. Desde então, os relatos de cura por intercessão de Nhá Chica são vários.

O milagre
O processo de beatificação começou em 1993, mas foi em 1995 que o processo ganhou um capítulo decisivo. Em julho daquele ano, a professora Ana Lúcia Leite descobriu que tinha um problema congênito no coração. Na véspera de fazer uma cirurgia, ela sentiu uma forte febre e exames posteriores revelaram que o problema havia desaparecido. Ana Lúcia havia rezado a Nhá Chica e considera que foi curada por intermédio dela.

Venerável
Em 1998, o provável milagre foi enviado ao Vaticano. Em janeiro de 2011, o Papa Bento XVI aprovou as virtudes heróicas da religiosa e designou o título de Venerável a Nhá Chica. Em outubro do mesmo ano, a comissão médica da Congregação das Causas dos Santos do Vaticano aprovou o milagre atribuído a Nhá Chica, concordando que a cura não tem explicação científica. A comissão de cardeais do Vaticano atestou o milagre em junho de 2012 e no mesmo mês, o Papa Bento XVI assinou o decreto de beatificação de Nhá Chica.

Beatificação
Em 30 de abril de 2004, os bispos brasileiros reunidos na 42ª Assembleia Geral de Bispos do Brasil (CNBB) assinaram um documento pedindo pela beatificação de Nhá Chica. O documento que reuniu 204 assinaturas de Bispos de 25 estados brasileiros foi encaminhado pela Diocese de Campanha ao então Papa João Paulo II.

No dia 8 de junho de 2010, no Vaticano, deram parecer favorável às Virtudes da Serva de Deus Nhá Chica, e no dia 14 de janeiro de 2011, Papa Bento XVI aprovou as suas Virtudes Heróicas: castidade, obediência, fé, pobreza, esperança, caridade, fortaleza, prudência, temperança, justiça e humildade.

Em 14 de outubro de 2011 o Milagre foi reconhecido. A comissão médica da Congregação das Causas dos Santos analisou o milagre ocorrido por intercessão da Venerável Nhá Chica em favor da senhora Ana Lúcia. Todos os 07 médicos deram voto favorável: a cura não tem explicação científica.

O Estudo do Milagre pela comissão de Cardeais da Santa Sé aconteceu em 05 de junho de 2012. O Papa Bento XVI promulgou o Decreto da Beatificação de Nhá Chica, sendo que a cerimônia oficial aconteceu no dia 04 de maio de 2013, em Baependi.

Na ocasião, disse o arcebispo metropolitano de Belo Horizonte, Dom Walmor Oliveira de Azevedo:

"A celebração dessa festa enriquece e perpetua o tesouro de nossa fé católica, convidando cada um a inspirar-se neste exercício de fé. É o mesmo percurso seguido pelos que ganharam a condição de patriarcas, profetas, mártires, santos, amigos de Deus, cidadãos e cidadãs com as marcas da eternidade, comprometidos com a vida e com a justiça. Esse exercício é o que, pela fé, possibilita uma importante certeza: as coisas visíveis provêm daquilo que não se vê.

Nhá Chica ofereceu seus sacrifícios sem lamúrias e os converteu em oferendas agradáveis que se transformam em frutos de bem. Sua simplicidade é transformada em sabedoria porque, como registra o referido capítulo da Carta aos Hebreus, permite a compreensão de que sem a fé é impossível agradar a Deus. Quem Dele se aproxima deve crer que Ele existe e recompensa os que o procuram.

Na estatura simples de Nhá Chica, sua experiência de fé tracejou como em Noé “o levar a sério” a promessa divina, a obediência amorosa que impulsionou Abraão fazendo-o partir confiante para uma terra que deveria receber como herança. Nela, pobre sem letras e sem poder, como em Sara, a estéril, é manifestada a força do amor de Deus por uma admirável capacidade de fazer o bem em vida e depois da morte.

Pela fé, Jacó se prostrou em adoração e Nhá Chica viveu adorando, especialmente às sextas-feiras, tocada pelos sofrimentos redentores de seu Senhor.
Pela fé, José relembrou, já no fim da vida, do êxodo dos filhos de Israel e Nhá Chica continua lembrando-se de todos nós.
Também pelo caminho da fé, Moisés preferiu ser maltratado com o povo de Deus e Nhá Chica escolheu ser conselheira e protetora daqueles que são desafiados pelos sofrimentos. Sua beatificação ensina a todos nós que a fé é o tesouro maior"

Ó Nhá Chica,
intercede por nós.
Ao teu Senhor fieis queremos ser
para contigo sempre repetir:
"Isto acontece porque rezo com fé"
(Hino a Nhá Chica)

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF