Translate

sábado, 25 de junho de 2022

Suprema Corte dos EUA anula decisão sobre aborto Roe vs. Wade

Foto: Maria Oswalt – Unplash
A Suprema Corte determinou que não há direito constitucional ao aborto. O episcopado americano reage.

Redação (24/06/2022 15:29Gaudium Press) Em uma decisão transcendental e com repercussões em todo o mundo, a Suprema Corte americana confirmou a legalidade de uma lei estadual do Mississippi que proíbe o aborto após a 15ª semana de gestação.

A decisão da Suprema Corte no caso Dobbs vs. A Jackson Women’s Health Organization estabelece que não existe um direito constitucional ao aborto e, com sua decisão, permite a restrição ao aborto quase dois meses antes do que aquela Corte havia decidido em sentido contrário em 1973, na decisão Roe vs. Wade.

Por esta razão, afirma-se com propriedade que a decisão histórica hoje divulgada é praticamente a anulação do processo Roe vs. Wade.

De resto, a decisão agora da Suprema Corte declara explicitamente que a decisão no caso Roe foi abertamente incorreta ao reconhecer um direito inexistente ao aborto com base na Constituição, um erro que perdurou ao longo do tempo até hoje.

A decisão tomada hoje pela mais alta corte americana não torna o aborto ilegal nos EUA, mas declara que ele é protegido pela carta fundamental da União, e deixa o estabelecimento de normas nesse sentido à legislação estadual, sempre respeitando os princípios estabelecidos na Carta Magna.

Nesse sentido, e de lados opostos, são vários os estados que vão declarar que o aborto é crime (alguns analistas afirmam que serão pelo menos 12), enquanto em outros, o aborto continuará sendo legal.

Embora alguns meios de comunicação falem de uma sentença apertada, a realidade é outra: dos nove magistrados que compõem a Suprema Corte, seis apoiaram a decisão antiabortista: Neil Gorsuch, Brett Kavanaugh, Amy Coney Barrett, Clarence Thomas, presidente da a Suprema Corte, John Roberts e Samuel Alito, este último cuja opinião vazada na mídia alertou que a decisão seria no sentido confirmado hoje, gerando desde então atos violentos contra instituições pró-vida e até ameaças contra os próprios juízes do Supremo.

Reação do episcopado americano

O episcopado americano reagiu rapidamente à notícia da decisão, através de seu presidente, Mons. José H. Gómez, Arcebispo de Los Angeles, e Mons. William Lori, Arcebispo de Baltimore e diretor do Comitê de Atividades Pró-Vida do Episcopado .

“Este é um dia histórico na vida do nosso país, que mexe com os nossos pensamentos, emoções e orações. Por quase cinquenta anos, os Estados Unidos impuseram uma lei injusta que permitiu a alguns decidir se outros podem viver ou morrer; esta política resultou na morte de dezenas de milhões de crianças não nascidas, gerações negadas até mesmo o direito de nascer.

“A América foi fundada na verdade de que todos os homens e mulheres são criados iguais, com direitos concedidos por Deus à vida, à liberdade e à busca da felicidade. Esta verdade foi seriamente negada por Roe v. Wade da Suprema Corte dos Estados Unidos, que legalizou e normalizou a retirada de vidas humanas inocentes. Agradecemos a Deus hoje que o Tribunal revogou esta decisão. Oramos para que nossos funcionários eleitos promulguem agora leis e políticas que promovam e protejam os mais vulneráveis ​​entre nós”, expressaram os bispos .

É claro que a notícia da decisão de hoje, muito mais do que um ponto final, é o início de inúmeros movimentos, aos quais o mundo inteiro continuará atento.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

As palavras do Papa em defesa da vida

Papa Francisco no encontro com as famílias em 4 de dezembro de 2017
(Vatican Media)

Nos seus nove anos de Pontificado, o Papa Francisco pronunciou palavras muito claras sobre a defesa da vida do nascituro que, afirma, está ligada à defesa de qualquer direito humano. A vida, observa, sempre deve ser defendida: quer a dos nascituros como a dos idosos e dos enfermos ou dos que correm o risco de morrer de fome ou no trabalho ou como migrantes nos barcos na travessia do Mediterrâneo.

Vatican News

A Igreja defende a vida, sobretudo daqueles que não têm voz. Em sua Exortação apostólica Evangelii gaudium, Francisco recorda que na Igreja há um sinal que nunca deve faltar: “a opção pelos últimos, por aqueles que a sociedade descarta e joga fora” (EG 195). Trata-se da atenção preferencial pelos mais frágeis.

Ao lado dos mais frágeis e dos direitos humanos

“Entre estes seres frágeis, de que a Igreja quer cuidar com predilecção, estão também os nascituros, os mais inermes e inocentes de todos, a quem hoje se quer negar a dignidade humana para poder fazer deles o que apetece, tirando-lhes a vida e promovendo legislações para que ninguém o possa impedir. Muitas vezes, para ridiculizar jocosamente a defesa que a Igreja faz da vida dos nascituros, procura-se apresentar a sua posição como ideológica, obscurantista e conservadora; e no entanto esta defesa da vida nascente está intimamente ligada à defesa de qualquer direito humano. Supõe a convicção de que um ser humano é sempre sagrado e inviolável, em qualquer situação e em cada etapa do seu desenvolvimento. É fim em si mesmo, e nunca um meio para resolver outras dificuldades. Se cai esta convicção, não restam fundamentos sólidos e permanentes para a defesa dos direitos humanos, que ficariam sempre sujeitos às conveniências contingentes dos poderosos de turno.” (EG 213).

Não é progressista eliminar uma vida humana

O Papa Francisco tem palavras muito claras: “não se deve esperar que a Igreja altere a sua posição sobre esta questão. A propósito, quero ser completamente honesto. Este não é um assunto sujeito a supostas reformas ou «modernizações». Não é opção progressista pretender resolver os problemas, eliminando uma vida humana. Mas é verdade também que temos feito pouco para acompanhar adequadamente as mulheres que estão em situações muito duras, nas quais o aborto lhes aparece como uma solução rápida para as suas profundas angústias, particularmente quando a vida que cresce nelas surgiu como resultado duma violência ou num contexto de extrema pobreza. Quem pode deixar de compreender estas situações de tamanho sofrimento?” (EG 214).

As palavras do Papa são muito fortes: “o aborto é um crime. É tirar a vida de um para salvar outro. É o que faz a máfia” (Coletiva de imprensa durante o voo de volta do México, em 17 de fevereiro de 2016). “É como contratar um sicário para resolver um problema.” (Audiência Geral de 10 de outubro de 2018).

Aborto, um problema humano, não religioso

O Papa repetiu várias vezes que o problema do aborto “não é um problema religioso: nós não somos contra o aborto devido à religião. Não. É um problema humano” (Coletiva de imprensa no voo de regresso de Dublin, 26 de agosto de 2018). E explica: “O aborto é um homicídio. O aborto... sem meias palavras: quem faz um aborto, mata. Pegai em qualquer livro sobre embriologia, daqueles que estudam os alunos nas Faculdades de Medicina e vede que, na terceira semana da gestação – na terceira semana, e muitas vezes antes que a mãe se dê conta –, o feto já tem todos os órgãos; todos, mesmo o DNA. E não seria uma pessoa? É uma vida humana… ponto final! E esta vida humana deve ser respeitada (...). Cientificamente, é uma vida humana. Os livros no-lo ensinam. E eu pergunto: é justo eliminá-la, para resolver um problema? Por isso a Igreja é tão severa neste tema, porque, se aceitasse isto, era como se aceitasse o homicídio diário”. (Coletiva de imprensa no voo de volta de Bratislava, 15 de setembro de 2021).

Os pequeninos jogados pelos espartanos

"Quando eu era criança, na escola - recorda o Papa - ensinavam-nos a história dos espartanos. Impressionava-me sempre o que dizia a professora, que quando nascia um menino ou uma menina com malformações, levavam-no ao cimo do monte e atiravam-no para baixo, para que estes pequeninos não existissem. Nós, crianças, dizíamos: “Mas quanta crueldade!”. Irmãos e irmãs, nós fazemos o mesmo, com maior crueldade, com maior ciência. Aquele que não serve, aquele que não produz, é descartado. Esta é a cultura do descarte, hoje os pequeninos não são desejados." (Homilia em San Giovanni Rotondo, 17 de março de 2018).

Defender cada vida, sempre

Francisco recorda que estar ao lado da vida não significa cuidar dela somente no início ou no fim, mas significa defendê-la sempre: " O grau de progresso de uma civilização mede-se precisamente pela capacidade de salvaguardar a vida, sobretudo nas suas fases mais frágeis, mais do que pela difusão de instrumentos tecnológicos. Quando falamos do homem, nunca esqueçamos todos os atentados contra a sacralidade da vida humana. É atentado contra a vida o flagelo do aborto. É atentado contra a vida deixar morrer os nossos irmãos nas embarcações no canal da Sicília. É atentado contra a vida a morte no trabalho, porque não se respeitam as mínimas condições de segurança. É atentado contra a vida a morte por subalimentação. São atentados contra a vida o terrorismo, a guerra e a violência; mas também a eutanásia. Amar a vida é sempre cuidar do outro, desejar o seu bem, cultivar e respeitar a sua dignidade transcendente.” (Discurso aos participantes no encontro promovido pela Associação Ciência e Vida, 30 de maio de 2015).

A misericórdia é para todos

O Papa sublinha o drama que vivem as mulheres. E a quem o acusa de não ter misericórdia responde assim: “A mensagem da misericórdia é para todos, mesmo para a pessoa humana que está em gestação. É para todos. Depois de cair tal fracasso, ainda há misericórdia, mas uma misericórdia difícil, porque o problema não está em dar o perdão, o problema está em acompanhar uma mulher que tomou consciência de ter abortado. São dramas terríveis. Uma vez ouvi um médico referir uma teoria segundo a qual – não me lembro bem – uma célula do feto acabado de conceber comunica com a medula da mãe e disso existe memória mesmo física. É uma teoria, mas para dizer: uma mulher, quando pensa no que fez... Digo-te a verdade: é preciso estar no confessionário e lá não devo punir nada, mas dar consolação. Por isso, abri a faculdade de absolver [do pecado de] o aborto por misericórdia, porque muitas vezes – antes, sempre – devem encontrar-se com seu filho. E com frequência, vendo-as chorar e carregar esta angústia, aconselho: «O teu filho está no céu, fala com ele, canta-lhe a canção de embalar que não cantaste, que não pudeste cantar-lhe». E nisto encontra-se uma via de reconciliação da mãe com o filho. Com Deus, já existe: é o perdão de Deus. Deus perdoa sempre. Mas a misericórdia passa também por ela [a mulher] elaborar isto. O drama do aborto. Para o compreender bem, é preciso estar num confessionário. É terrível." (Coletiva de imprensa no voo de volta do Panamá, 28 de janeiro de 2019).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 24 de junho de 2022

França: evento “Noite das Igrejas” se inspira no pensamento de São Carlos de Foucauld

S. Carlos de Foucauld | Guadium Press
A “Noite das Igrejas”, evento cultural que permite às igrejas abrirem suas portas para visitas durante à noite, na França, inspira-se neste ano no pensamento de São Carlos de Foucauld.

Redação (23/06/2022 12:13, Gaudium Press) Acontece na França do dia 23 de junho ao dia 3 de julho, a “Noite das Igrejas”.

Nascido da iniciativa da Igreja na França em 2011, a “Noite das Igrejas” é  um evento cultural que acontece durante o verão europeu e permite às igrejas e comunidades religiosas de todo o país abrirem suas portas para acolherem os visitantes durante uma semana.

Captura de tela do cartaz do evento. Origem: www.eglise.catholique.fr/

Igrejas das grandes e pequenas cidades abertas para receber os visitantes

Segundo o iniciador do projeto, Dom Jean Legrez, Arcebispo de Albi, o evento tem dois objetivos “por um lado permitir que as comunidades cristãs locais, mesmo nas aldeias mais pequenas, apoiem ou recuperem a sua igreja, lugar de sua história e suas raízes; por outro lado, abrir as suas portas e acolher todos os que vierem: artistas, visitantes, curiosos, curiosos, etc.”, explicou o Arcebispo.

A edição de 2022, começa na noite de hoje, 23 de junho e terá como tema a “Viagem dentro da noite” (Voyage dans la nuit). O tema faz referência ao livro “Viajante dentro da noite” (Voyageur dans la nuit), obra que recolhe os pensamentos espirituais de Charles de Foucauld, francês canonizado no último dia 15 de maio.

Outras numerosas atividades relacionadas com a pessoa e o pensamento de São Carlos de Foucauld serão apresentadas ao público.

Na região francesa da Alsácia  região natal do missionário francês  duas cidades vão propor um “caça ao tesouro”, onde os participantes deverão resolver enigmas ao mesmo tempo que exploram a igreja. O objetivo do jogo é encontrar o testamento de São Carlos de Foucauld.

O caráter lúdico do jogo não negligencia a parte espiritual, visto que os enigmas tem relação com o pensamento espiritual do religioso francês.

Em outra região da França, no Périgord, os participantes da “Noite das Igrejas” poderão assistir duas peças teatrais que contam o percurso espiritual de São Carlos de Foucauld.

Consistório Público Ordinário, presidido pelo Papa, aprova sete novas canonizações. O Cardeal Semeraro afirmou que os novos Santos "Testemunharam Cristo com o dom da vida e o exercício da caridade".

São Carlos de Foucauld, de oficial a cisterciense | Guadium Press

São Carlos de Foucauld, nasceu em 1858 na cidade francesa de Estrasburgo. Após ser oficial militar na cavalaria francesa, tornou-se explorador e geógrafo antes de abraçar a vida religiosa na ordem dos cistercienses. Como cisterciense São Carlos de Foucauld se destacou por seu zelo apostólico e sua vida de eremita.

No dia primeiro de dezembro de 1916, Carlos de Foucauld entregou sua alma a Deus, em Tamanrasset, na Argélia. Foi beatificado em 2005 pelo Papa Bento XVI e canonizado em 15 de maio de 2022, pelo Papa Francisco (FM)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Por que devo me arrumar para ficar em casa?

baranq - Shutterstock
Por Sheila Morataya

O seu estilo diz muito não só a sua autoestima, mas também do seu "pulso" espiritual.

“Por que eu deveria me vestir e me arrumar para ficar em casa?” Esta é uma pergunta de uma leitora que eu recebi no Facebook e que me inspirou a responder através desta coluna.

O autocuidado, e sua prática ou não, está relacionado a uma variante da autoestima.

Quando falo de autoestima, estou me referindo ao cuidado pessoal que todo homem e toda mulher se dá, a fim de permanecer saudável e sempre projetar um aspecto positivo para os outros.

Em minha experiência no campo da psicoterapia – e graças ao fato de antes desta profissão eu estar envolvida em modelagem profissional e consultoria de imagem junto a bancos, comércio e governo – posso dizer que desenvolvi uma capacidade muito especial de saber quase imediatamente como é a autoestima da pessoa à minha frente.

Esta pessoa pode ser um executivo de negócios bem-sucedido ou uma dona de casa que cuida de seus filhos.

Autoestima, confiança, poder pessoal, gestos e movimentos determinam como você se percebe, assim como seu “pulso” espiritual: se você se sente ou não um filho ou filha amada(o) de Deus.

O autocuidado se transforma a cada década. Por isso, se você se cuidar desde jovem e aprender a externar o melhor de si mesmo(a), é provável que você se tornará modelo para os outros com o passar dos anos.

Aqui estão algumas das reflexões que me vieram à mente quando li a abordagem da leitora:

1VOCÊ É UM ESPELHO PARA SEUS FILHOS E PARA OS OUTROS

No meu trabalho com meus pacientes, utilizo um espelho para ajudá-los a melhorar sua autoimagem, autoestima e autoaceitação.

Quando comecei a usar o espelho e a falar sobre ele entre meus colegas, às vezes causei risos. Mas quando fui à televisão, nos Estados Unidos, para apresentar este método de espelho, o resultado foi que consegui um contrato para escrever meu último livro.

No momento de escrever este artigo, pesquisas e testes de laboratório já estão sendo feitos utilizando um espelho para ajudar as pessoas a irem além da imagem que elas vêem nele.

Isto é particularmente importante, pois tenho certeza de que você terá filhos pequenos e eles o imitarão em tudo – ou quase tudo – o que eles enxergam em você.

Hábitos, vícios, maneiras de olhar e de se mover, em suma, você é um espelho para seus filhos. Portanto, é importante que quando você se olhar no espelho você goste do que vê, você se ame como é e você se aceite. Isto transmitirá inconscientemente uma autoestima saudável a seus filhos.

2VOCÊ NUNCA SABE QUEM BATERÁ À SUA PORTA

Vivo nos Estados Unidos, o que significa que as pessoas de classe média não costumam ter uma empregada doméstica todos os dias.

Assim como trabalhamos fora, também lavamos a roupa, cozinhamos e levamos as crianças para lá e para cá.

Entretanto, embora eu escreva que você nunca sabe quem vai bater à sua porta, é importante que você se arrume porque esta é uma forma de se conectar com a alta dignidade que você possui: a de uma pessoa.

3PERSONALIDADE E ESTILO DE VIDA

Assim como tornar-se um excelente cozinheiro requer prática, também é preciso prática para aperfeiçoar sua maquiagem, vestir seu corpo com o que mais lhe convém ou encontrar aquele corte de cabelo que fará sobressair o melhor em seu rosto.

4O AUTOCUIDADO INFLUENCIA A MENTE

Em minha prática como psicoterapeuta, também sigo o que chamo de “terapia de preparação” com minhas pacientes.

Isto significa que eu as ensino a escolher uma boa base de maquiagem e como aplicar as cores corretamente no rosto.

Também utilizo uma paleta de cores com a qual descobrimos quais lhes convêm melhor.

Finalmente, vamos às compras e escolhemos as roupas que não só são coerentes com cada corpo, mas também com o estilo de vida de cada uma.

Depois de algumas semanas vivendo o processo, as pacientes costumam relatar: sinto-me feliz e cheia de energia!

Isso acontece porque a mentalidade dela mudou – e para melhor!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

NATIVIDADE DE SÃO JOÃO BATISTA

Vatican News

23 junho

A Igreja celebra, hoje, a solenidade da Natividade de São João Batista e, dia 29 de agosto, celebrará a memória do seu martírio. Não há nenhum outro santo do qual a Igreja celebra os dois acontecimentos; celebra, geralmente, apenas o "nascimento para o céu", exceto, é claro, o caso de Jesus, Filho de Deus (Natal e Sexta-feira Santa) e da Virgem Maria (8 de setembro e 15 de agosto). No fundo, o próprio Jesus disse: “Em verdade vos digo que entre os nascidos de mulher não há ninguém maior do que João Batista” (Mt 11,11): o último dos grandes Profetas de Israel, o primeiro a dar testemunho de Jesus e a iniciar o batismo para o perdão dos pecados; neste contexto, ele batizou Jesus; e foi mártir em defesa da lei Judaica. No século IV, já havia celebrações litúrgicas sobre João Batista, em datas diferentes. A sua data (24 de junho) foi estabelecida com base no texto de Lucas 1,36, quando diz que Isabel já estava “no sexto mês, ela, que todos diziam, que era estéril”. Logo, seis meses antes do Natal. Desde o século VI, esta festa é precedida por uma vigília.

«Completando-se para Isabel o tempo de dar à luz, teve um filho. Os seus vizinhos e parentes souberam que o Senhor lhe manifestara a sua misericórdia e se congratulavam com ela. No oitavo dia, foram circuncidar o menino e o queriam chamar pelo nome de seu pai, Zacarias. Mas, sua mãe interveio: “Não” – disse ela – “ele se chamará João”. Replicaram-lhe: “Não há ninguém na tua família que se chame por este nome”. E perguntavam por acenos ao seu pai como queria que se chamasse. Ele, pedindo uma tabuinha, escreveu nela as palavras: “João é o seu nome”. Todos ficaram pasmados. E logo se lhe abriu a boca e soltou-se sua língua e ele falou, bendizendo a Deus. O temor apoderou-se de todos os seus vizinhos; o fato divulgou-se por todas as montanhas da Judeia. Todos os que o ouviam o conservavam no coração, dizendo: “Que será este menino?”. Porque a mão do Senhor estava com ele» (Lc 1, 57-66).

Estupor

As pessoas ficaram maravilhadas diante daquela criança, mas também diante daquele casal estéril, que, em idade avançada, deu à luz um filho: uma maravilha iluminada pela fé, tanto que “conservavam” no coração o que ouviram e viram, e louvavam a Deus; uma maravilha acompanhada pela consciência de que não entendiam tudo: “Quem seria aquele menino?”. Uma pergunta legítima, mesmo porque onde tudo é compreensível, não dependeria de Deus!

O acontecimento do nascimento é circundado por uma alegre sensação de estupor, surpresa, gratidão. O povo fiel intuía que tinha acontecido algo de grande, mesmo se humilde e oculto: o povo era capaz de viver a fé com alegria, com sensação de admiração, de surpresa ... Eu sinto uma sensação de estupor, quando vejo as obras do Senhor, quando ouço falar de evangelização ou da vida de um santo…? Consigo sentir as consolações do Espírito ou fico fechado?" (Papa Francisco, 24 de junho de 2018).

Nome

Os que tinham ido participar da circuncisão, queriam colocar o nome do seu pai, Zacarias. Mas, quem interveio, caso muito raro, foi Isabel, que disse João. Era o nome que o próprio Deus havia indicado por meio do anjo: “Não temas, Zacarias, porque a tua oração foi atendida: Isabel, tua esposa, vai dar-te um filho e tu o chamarás João" (Lc 1,13). Zacarias havia começado mal com Deus, demonstrando a sua incredulidade, que o levou a ficar mudo. Agora, obedecendo ao que Deus lhe havia pedido - para chamar João - começava uma nova história.

Oportunidades

O texto explica o que aconteceu: uma mulher idosa e estéril dá à luz um filho; um homem mudo começa a falar. Trata-se de dois sinais que indicam que, onde as coisas parecem impossíveis, Deus tem sempre alguma possibilidade oculta, como diz o profeta Isaías: "Eis que estou fazendo uma coisa nova, que está começando: não percebes?" (Is 43,19).

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Por que a Igreja celebra a Natividade de São João em 23 de junho este ano?

Renata Sedmakova | Shutterstock

Geralmente, a Natividade de São João é celebrada no dia 24 de junho.

O Novo Calendário Romano Geral prevê a celebração da Natividade de São João Batista em 24 de junho. Trata-se de um solenidade, o que significa que a data deveria ser sempre celebrada no dia 24 de junho, mesmo que caísse em um domingo.

Entretanto, neste ano (2022), ela cai no mesmo dia da Solenidade do Sagrado Coração de Jesus, que é celebrada na sexta-feira seguinte ao Domingo da Santíssima Trindade e, portanto, muda a cada ano.

O que é preciso ficar claro é que as celebrações litúrgicas seguem as precedências indicadas nas “Normas Universais do Ano Litúrgico e o Novo Calendário Romano Geral”. Há, portanto, uma “tabela dos dias litúrgicos” de acordo com uma ordem de precedência. A ordem é a seguinte:

“1. Tríduo Pascal da Paixão e Ressurreição do Senhor;

2. Natal do Senhor, Epifania, Ascensão e Pentecostes.
Domingos do Advento, da Quaresma e da Páscoa.
Quarta-feira de Cinzas.
Dias da Semana Santa de segunda à quinta-feira inclusive.
Dias dentro da Oitava da Páscoa;

3. Solenidades do Senhor, da bem-aventurada Virgem Maria e dos santos inscritos no calendário geral.
Comemoração de todos os fiéis defuntos (…)”.

Em outras palavras: as solenidades de Nosso Senhor têm precedência sobre algumas outras, inclusive as dos santos. Portanto, a Natividade de São João, neste ano, teve de mudar de dia para que o Sagrado Coração de Jesus fosse celebrado no dia 24 de junho.

Por que celebrar a Natividade de São João em 23 de junho?

As “Normas Universais do Ano Litúrgico” também preconizam que:

“A solenidade impedida por um dia litúrgico que goze de precedência seja transferida para o dia livre mais próximo”.

Neste ano, o dia mais próximo é 23 de junho. E, teologicamente, faz todo o sentido que a festa de São João Batista, que preparou o caminho do Senhor, seja celebrada antes do Sagrado Coração de Jesus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Na escola do Coração de Jesus, aprendendo a arte de AMAR

Sagrado Coração de Jesus, de Pompeo Batoni, Igreja do Gesù em Roma

A Solenidade do Sagrado Coração de Jesus "nos convida a entrarmos neste Coração para descansarmos n’Ele : “Vinde a Mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas” (Mateus 11,28-29)".

Ir. Veridiana Kiss – Apóstola do Sagrado Coração de Jesus

Na solenidade do Sagrado Coração de Jesus, celebramos a Festa do AMOR! Amor que se doa e se entrega sem limites. “Se lhe mostrarmos as nossas feridas interiores, os nossos pecados, Ele sempre nos perdoará. É pura misericórdia!” Papa Francisco nos recorda que o Coração de Jesus é pleno de misericórdia pelo qual nos interpela também a curarmos as feridas da humanidade sofrida, pois, pelo Coração de Jesus fomos alcançados pela misericórdia de Deus.

Durante a nossa história de salvação percebemos que nada é capaz de preencher o coração do ser humano a não ser o AMOR, pois d’Ele viemos e para ele voltaremos, como nos recorda Santo Agostinho: “Fizeste-nos para Ti e inquieto está o nosso coração enquanto não repousa em Ti” (As Confissões, I, 1,1). Ao longo de séculos, Deus se revela  nos detalhes do cotidiano tentando encontrar uma maneira criativa de revelar o seu amor por nós, “Com amor eterno eu te amei” (Jeremias 31,3). Como nasceu esta devoção?

Devoção ao Sagrado Coração De Jesus

Origem

Esta devoção tem a sua origem nas aparições de Jesus a Santa Margarida Maria Alacoque, em Paray-le-Monial, em França. No dia 16 de junho de 1675, durante uma exposição do Santíssimo Sacramento, Nosso Senhor apareceu a Santa Margarida Maria Alacoque e, descobrindo seu Coração, disse-lhe: “Eis o coração que tanto tem amado aos homens e em recompensa não recebe, da maior parte deles, senão ingratidões pelas irreverências e sacrilégios, friezas e desprezos que tem por Mim neste Sacramento de Amor”. Desde então, ou melhor, desde que as ditas aparições foram reconhecidas pela Igreja, esta celebra, na sexta feira depois da oitava da festa do Corpo de Deus, a festa do Sagrado Coração de Jesus.

Que fazer?

Uma das primeiras coisas a fazer é a entronização do Sagrado Coração de Jesus em nossos lares. Este ato consiste no compromisso explícito, da família, de viver o Evangelho e ter Jesus Cristo como o Senhor e o Rei de cada uma das pessoas, pela obediência às leis de Deus, na fé, na esperança e no amor.

O gesto de entronização consiste em colocar a imagem de Jesus num lugar especial da casa, para recordar a sua presença permanente no lar. A imagem traz em destaque o coração como símbolo do amor. É um sinal que nos lembra o amor de Jesus por nós, e que se deve revelar ao mundo através da nossa própria vida de amor em família.

A entronização assim vivida e entendida será, certamente, um meio de salvar a família e a sociedade. A experiência tem mostrado que esta vida cristã, de confiança e de amor aos Sagrados Corações de Jesus, faz com que haja paz no lar e os problemas encontrem sua solução. "Jesus nunca se deixa vencer em generosidade.” (Beata MadreClélia).

Promessas

Falando a Santa Margarida Maria, Jesus prometeu a todos aqueles que honrassem o seu Divino Coração:

§        “Dar-lhes-ei todas as graças necessárias ao seu estado.

§        Porei paz em suas famílias.

§        Consolá-los-ei em todas as suas aflições.

§        Serei o seu refúgio na vida e principalmente na morte.

§        Derramarei abundantes bênçãos sobre todas as suas empresas .

§        Os pecadores acharão no meu Coração o manancial e o oceano infinito de misericórdia.

§        As almas tíbias tornar-se-ão fervorosas.

§        As almas fervorosas altear-se-ão, rapidamente, às eminências da perfeição.

§        Abençoarei as casas, onde se expuser e venerar a imagem do meu Sagrado Coração.

§        Darei aos sacerdotes o dom de abrandarem os corações mais endurecidos.

§        As pessoas que propagarem esta devoção, terão os seus nomes escritos no meu Coração, para nunca dele serem apagados”.

A GRANDE PROMESSA: Prometo-te, pela excessiva misericórdia e pelo amor Todo-Poderoso do meu Coração, conceder a todos que comungarem nas primeiras sextas-feiras de nove meses consecutivos, a graça da penitência final, que não morrerão em minha inimizade, nem sem receberem os seus sacramentos, e que o meu divino Coração lhes será seguro asilo nesta última hora.

Esta solenidade nos convida a entrarmos neste Coração para descansarmos n’Ele : “Vinde a Mim todos os que estais cansados sob o peso do vosso fardo e vos darei descanso. Tomai sobre vós o Meu jugo e aprendei de Mim, porque sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para vossas almas” (Mateus 11,28-29), assim, renovados e  tendo ressignificado nossas experiências poderemos ser seu reflexo no mundo atual que nos clama pela sensibilidade e compaixão. Deixemo-nos envolver por este amor pleno e infinito.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quinta-feira, 23 de junho de 2022

América Latina Justiça social e Santos Padres

ecclesia.org

América Latina Justiça social e Santos Padres

Por Vladika Gorazd*

Trad. do espanhol por Pe. André Sperandio
[Tradução e publicação com permissão do autor]

Este artigo nasce como fruto de uma reflexão pessoal sobre a realidade latino-americana na qual estamos inseridos e imersos, no meu caso particular, a Argentina [1].

Há alguns dias, logo após assistir a um oficio memorial dirigido por um sacerdote ortodoxo, dispuz-me a tomar o trem em direção a minha casa, enquanto ainda ressoava em meus ouvidos os solenes e cálidos coros entoando o «Memória eterna», e ainda me achava envolvido do fino odor do incenso trazido de Monte Athos por um arquimandrita grego, quando de repente me dei conta da realidade que me cercava ao redor: uma fria e mal iluminada estação ferroviária, um forte e persistente cheiro de urina, e um verdadeiro exército de mendigos com seus fantasmagóricos carros de coleta de papelão e outros detritos que lhes pudessem ser de alguma utilidade; a pobreza se mostrava de uma maneira impiedosa e implacável, dezenas de crianças mal agasalhadas (e, certamente famintas), corriam de um lado para o outro da plataforma, insuflando um pouco de vida àquele tão mórbido espetáculo.

Uma vez parado o trem, uma multidão de excluídos, como nunca houve em tal número no meu país, subiam alvoraçados no trem, rindo, gritando, apertando-se, subindo através das janelas dos vagões, enquanto eu, tomava todo o cuidado para não me rasgarem o anderi [2] com os carrinhos, ou para não enganchar a minha cruz peitoral em algumas das bicicletas que viajavam em posição vertical no interior dos vagões de passageiros. Bem longe tinha ficado o meu «glamour bizantino». Deus, com a sua linguagem bem mais eloqüente, que é a realidade,  me mostrava o  meu povo, o mesmo povo que, lá atrás no tempo, o moveu de compaixão na ocasião da multiplicação dos pães.

O contato com a miséria, com a doença, com a dor e a injustiça em todas as suas variantes, era moeda corrente no Oriente, onde os nossos Santos Padres desenvolveram toda a nossa tradição Teológica e, inclusive, a litúrgica; e chega-se a conclusão de que, depois de tudo, no plano social, a atual realidade latino-americana é bastante semelhante aquela que conheceram, especialmente os que viveram no Oriente Médio. Eles, como nós, conheceram de perto a opressão hipócrita dos poderosos, a usura impositiva perpetrada pelas autoridades imperiais, a morte injusta, a postergação, o frio tocando fundo os ossos dos pobres nas manhãs de inverno. Basta ler o seguinte parágrafo de uma homilia de São João Crisóstomo para  nos dar conta de como ele percebia toda a magnitude desta verdadeira tragédia humana, já no 4º século, tal como eu agora, em pleno século 21, olhando da janela embaçada de um ônibus, numa fria manhã de inverno em Buenos Aires:

«No inverno, ao contrário, se lhes faz a guerra por todas as partes, e o cerco lhes é fechado pelos dois lados: a fome lhes consome por dentro as entranhas, e o frio os congela por fora e lhes mata a carne. Daí a necessidade de mais abundante comida, vestes mais quentes, abrigo e cama, calçados e muitas outras coisas...  Mas, ainda por cima, agora que mais necessitam do do que lhes é essencial para viver, tiram-lhes o trabalho, porque ninguém dá emprego a esses pobres, nem são chamados para serviço algum, nem mesmo a baixos salários... Esta é a nossa embaixada, para a qual tomamos como ajuda aquele que foi verdadeiramente o protetor dos pobres, o apóstolo Paulo».
[OC1]  São João Crisóstomo

Queridos irmãos, surpreende-me a agudeza com que São Basílio, como São João Crisóstomo, parece descrever a realidade atual dos nossos povos, e me surpreende ainda mais ler os jornais e ver através de suas manchetes a sapiência evangélica de São Basílio. Sem que seja preciso ir muito longe, há poucas semanas atrás eu estava lendo um jornal, onde a Senhora Anne Krueger (vice-diretora do FMI) declarava estar preocupada pela situação de pobreza  das nossas nações, e mostrava-se disposta, ao menos em suas palavras, em «socorrer» nosso povo. Lendo aquilo, não pude evitar que me viesse à mente um parágrafo de uma homilia de São Basílio que diz o seguinte:

«Tais são ricos, tais seus benefícios. Dão pouco e recebem muito. Esta é vossa humanidade. Expoliam, mesmo quando dizem que socorrem. Para vocês, até mesmo o pobre é uma fonte fecunda da vossa ganância. Impõem ao pobre a usura, (o consumismo), e sabem obrigá-lo depois a pagar caro por isso, mesmo quando não tenham sequer o suficiente para as suas necessidades básicas. Como vocês são misericordiosos! Os que vocês ‘libertam’, vinculam a vocês e os obrigam a que vos paguem pelas suas ganâncias, mesmo que não tenham o que comer. Pode-se imaginar

A busca da eqüidade social é um compromisso do qual nenhum cristão está isento, pois não lhe exige uma tradição, nem sequer um comportamento ético, mas trata-se antes de uma  exigência que brota de maneira contundente dos lábios de nosso Senhor Jesus Cristo:

«[...] porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era peregrino e me acolhestes;  nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; estava na prisão e viestes a mim». ( Mt 25, 35-36).

O cristão não deve ter medo de denunciar a injustiça social, tão pouco guardar um silêncio cúmplice a seu respeito, ainda que, muitas vezes, corra-se o risco de ser mal interpretado; o brilhante São João Crisóstomo também teve que defender-se de dessas acusações, como podemos ver neste fragmento:

«Está certo, há muitos que não param de me dizer: 'estás atacando aos ricos!' Mas, são eles que atacam aos pobres! Como eu ataco aos ricos? Não aos ricos, mas aos que usam mal as suas riquezas. Eu não me canso de repetir que não condeno aos ricos, mas ao ladrão. Uma coisa é o opulento, outra o avarento. Distingue as coisas e não confunda o inconfundível. És rico? Parabéns! És um ladrão? Eu te condeno por isso. Tens o que é  teu? Desfruta-o! Apoderas-te do que não é teu? Então, não calarei a minha boca! Queres me apedrejar? Pois, bem, eu estou pronto a derramar o meu sangue, desde que isso impeça que cometas pecado». (Fragmento da Homilia 2 sobre eutropio 3).

A cada dia me convenço mais da perenidade dos ensinamentos dos Santos Padres, e não apenas em um plano espiritual, já que conheciam como ninguém as profundezas da alma humana, mas também em termos sociais. Como não se recordar deste outro fragmento da homilia de São. Basílio ao sermos impactados com as manchetes dos jornais sobre a atitude francamente gananciosa de organismos financeiros internacionais!

«Mas, tu me dizes: ‘Dinheiro e interesse, buscas de quem nada tem? Por acaso, isso te faria mais rico? Que necessidade teria de bater à tua porta? Veio procurar um aliado e encontrou um inimigo. Buscava um remédio e encontrou um veneno. Era teu dever socorrer a indigência deste homem, e tu a multiplicas pois, tratas de tirar dele até esgotar o pouco que tem’».

Estou consciente de que este artigo pode parecer inadequado a alguns de meus leitores e, ainda para outros, os mais duros, talvêz lhes pareça estranho à espiritualidade da Igreja Ortodoxa. Entretanto, é absolutamente certo que existe um claro pensamento social nos Santos Padres, da mesma forma que, indubitavelmente, a partir do próprio Evangelho se depreende uma consciência social.

NOTAS:

[1] Este artigo foi escrito em Março de 2002, poucos meses após a eclosão da crise de dezembro de 2001, que mergulhou a República Argentina no maior caos social, financeiro e político de sua história, culminando com a queda do governo do presidente De la Rúa, o que significou, de fato, o encerramento da era neoliberal no país.

[2] Anderi: Espécie de batina usada pelo clero ortodoxo que, ao contrário da batina latina, tem seus punhos mais estreitos e é abotoada do lado esquerdo.

*Vladika Gorazd é Bispo para Argentina da Igreja Ortodoxa de Montenegro

Fonte: Pró-Ortodoxia

Papa: oração e ajuda concreta aos irmãos que sofrem

Papa Francisco com os participantes da Assembleia Plenária da ROACO | Vatican News

“Somos chamados a reagir com o poder da oração, com a ajuda concreta da caridade, com todos os meios cristãos para que as armas deem lugar às negociações”. É o forte apelo do Papa durante o encontro com os participantes da Assembleia Plenária da Reunião das Obras para a Ajuda às Igrejas Orientais (ROACO).

Jane Nogara - Vatican News

Na manhã desta quinta-feira (23) o Papa Francisco recebeu os participantes da Assembleia Plenária da Reunião das Obras para a Ajuda às Igrejas Orientais (ROACO). Iniciou falando sobre o trabalho da ROACO: “A própria intuição da ROACO – disse o Papa - corresponde ao caminho sinodal que está sendo percorrido pela Igreja universal; o processo de apresentação de um projeto de ajuda implica de fato o envolvimento de vários setores e protagonistas”. E Francisco esclareceu que cada um tem seu papel e todos são chamados a dialogar uns com os outros consultando, estudando, perguntando e oferecendo sugestões e explicações, caminhando juntos. E que as ferramentas da informática que estão sendo preparadas “tornarão o processo mais eficaz, mas é importante que elas apoiem o encontro e o confronto que vocês desenvolveram ao longo dos anos, ajudando a desenvolver com harmonia a sinfonia da caridade”.

Sinfonia da caridade

"Ao criar a sinfonia da caridade, continuem a buscar o acordo e fujam de qualquer tentação de isolamento e fechamento em si mesmos e em seus próprios grupos, a fim de permanecer abertos para acolher os irmãos e irmãs aos quais o Espírito sugeriu iniciar experiências de proximidade e serviço às Igrejas Católicas Orientais, tanto na pátria como nos territórios da chamada diáspora”. "É importante – completou Francisco - a fim de concordar, sintonizar-se na escuta recíproca, que facilita o discernimento e leva a escolhas compartilhadas, verdadeiramente eclesiais”.

Incluir o Líbano nas negociações

Depois Francisco recordou que em setembro será comemorado o décimo aniversário da Exortação Apostólica Ecclesia in Medio Oriente, promulgada por Bento XVI durante sua viagem ao Líbano. “Em dez anos – observou - muitas coisas aconteceram: pensemos nos tristes acontecimentos envolvendo o Iraque e a Síria, as convulsões na própria Terra dos Cedros. Houve também algumas luzes de esperança, como a assinatura em Abu Dhabi do Documento sobre a Fraternidade Humana. Também é de se esperar, disse o Papa aos presentes, “que sejam retomadas as negociações para coordenação sobre a Síria e o Iraque iniciado há alguns anos e que o Líbano também seja incluído na reflexão conjunta”.

Drama de Caim e Abel

Concluindo seu pensamento o Papa afirmou:

Por favor, continue a manter diante de seus olhos o ícone do Bom Samaritano: vocês o fizeram e eu sei que continuarão a fazê-lo também pelo drama causado pelo conflito de Tigray que feriu novamente a Etiópia e parte da Eritreia, e sobretudo à amada e martirizada Ucrânia”. Na Ucrânia, disse “voltamos ao drama de Caim e Abel; foi desencadeada uma violência que destrói a vida, uma violência luciferina, diabólica, à qual nós crentes somos chamados a reagir com o poder da oração, com a ajuda concreta da caridade, com todos os meios cristãos para que as armas deem lugar às negociações”.

Concluindo o Papa agradeceu aos presentes “por ajudar a levar a carícia da Igreja e do Papa para a Ucrânia e para os países onde os refugiados foram acolhidos”. E disse: “Na fé sabemos que as alturas do orgulho humano e da idolatria serão baixadas, e os vales da desolação e das lágrimas se encherão, mas também desejamos que se cumpra em breve a profecia de paz de Isaías: que um povo não mais levante a mão contra outro povo, que as espadas se tornem arados e as lanças foices (cf. Is 2,4)”. “Em vez disso – disse ainda - tudo parece estar indo na direção oposta: os alimentos diminuem e o aumenta o barulho das armas. Hoje é o padrão de Caim que rege a história. Portanto, não deixemos de rezar, jejuar, socorrer, trabalhar para que os caminhos da paz encontrem espaço na selva dos conflitos".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF