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segunda-feira, 27 de junho de 2022

Papa: as novas comunidades devem crescer com sua própria cultura

Comunidade Neocatecumenal com o Papa Francisco | Vatican News

“A comunidade nascida do batismo é livre, é uma nova Igreja; e devemos deixá-la crescer, ajudá-la a crescer à sua maneira, com sua própria cultura”, são palavras do Papa Francisco à Comunidade Neocatecumenal presente no Vaticano nesta manhã (27).

Jane Nogara - Vatican News

Na manhã desta segunda-feira (27) o Papa Francisco recebeu os membros do Caminho Neocatecumenal no Vaticano. Em seu discurso não programado o Papa iniciou recordando aos presentes a missão que Jesus deu a todos: “‘Ide, dai testemunho, pregai o Evangelho’. E a partir daquele dia, os apóstolos, os discípulos, o povo, todos partiram com a mesma força que Jesus lhes havia dado: é a força que vem do Espírito. ‘Ide e pregai... Batizem...’”.

E logo acrescentou:

“Mas sabemos que, uma vez batizada, a comunidade nascida desse batismo é livre, é uma nova Igreja; e devemos deixá-la crescer, ajudá-la a crescer à sua maneira, com sua própria cultura... É essa a história da evangelização.”

Destacando mais uma vez este ponto disse: “Todos iguais na fé (...) a mesma fé. Mas todos com a modalidade de sua própria cultura ou da cultura do lugar onde a fé foi pregada”.

Muitas culturas, mas o mesmo Evangelho

“E este trabalho, esta riqueza multicultural do Evangelho – continuou Francisco - que nasce da pregação de Jesus Cristo e se torna cultura, é um pouco a história da Igreja: muitas culturas, mas o mesmo Evangelho. Tantos povos, o mesmo Jesus Cristo. Tantas boas vontades, o mesmo Espírito. E a isso somos chamados: a ir adiante com o poder do Espírito, levando o Evangelho em nossos corações e em nossas mãos. O Evangelho de Jesus Cristo, não meu: é de Jesus Cristo, que se adapta às várias culturas, mas é o mesmo. A fé cresce, a fé se incultura, mas a fé é sempre a mesma”.

Espírito missionário

“Este espírito missionário – disse ainda Francisco aos Neocatecumenais - de se deixar enviar, é uma inspiração para todos vocês. Agradeço-vos por isto e peço docilidade ao Espírito que vos envia, docilidade e obediência a Jesus Cristo em sua Igreja. Tudo na Igreja, nada fora da Igreja. Esta é a espiritualidade que deve sempre nos acompanhar: pregar Jesus Cristo com a força do Espírito na Igreja e com a Igreja. E aquele que é o chefe - digamos - das diferentes Igrejas é o bispo: vocês devem ir sempre adiante com o bispo, sempre. É ele o chefe da Igreja, neste país, neste Estado...”, concluiu Francisco agradecendo por fim a generosidade de todos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 26 de junho de 2022

Festas juninas: tradição e curiosidades

Youtube - Fair Use
Por Mário Scandiuzzi

Está aberta a temporada de "arraiás" por todo o Brasil.

Junho é mês de festa em várias cidades do país. Escolas, comunidades, igrejas comemoram os tradicionais “arraiás” festas dedicadas a Santo Antônio (13 de junho), São João Batista (24 de junho) e São Pedro (29 de junho).

Esse tipo de comemoração chegou ao Brasil com os jesuítas, na época da colonização. Mas o costume nasceu bem antes. Na antiguidades, registros históricos indicam que na Europa grupos se reuniam para apresentar oferendas aos deuses pagãos que seriam responsáveis pelo clima, em forma de agradecimento pelas colheitas. Com o crescimento do catolicismo, algumas festividades foram incorporadas e passaram a ter um caráter religioso, ajudando assim a difundir a fé.

No Brasil os jesuítas usaram essas comemorações como forma de catequizar os índios e os moradores da colônia. Vamos conhecer um pouco mais a história destes três santos homenageados em festas por todo o país.

Santo Antônio

Fernando Antônio de Bulhões nasceu em Portugal no ano de 1195. Entrou para a vida religiosa aos 19 anos, contrariando a vontade de seu pai, um oficial do exército de Dom Afonso. Passou dois anos no Mosteiro de São Vicente dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, sempre estudando e aprofundando-se em oração. Depois foi estudar em Coimbra, onde foi ordenado sacerdote. Logo todos notaram que ele tinha o dom da Palavra e era admirado por suas pregações. Ainda em Coimbra conheceu os freis franciscanos e se admirou com o fervor e a radicalidade com que eles viviam o Evangelho. Mudou-se para o Mosteiro de São Francisco e tornou-se frei.

Frei Antônio pediu permissão para ir ao Marrocos pregar o Evangelho, mas no meio da viagem adoeceu e teve que voltar. Porém durante a viagem o barco foi desviado e chegou até a Sicília, na Itália. Lá conheceu pessoalmente São Francisco de Assis.

Passou 15 meses como eremita num monte até que São Francisco, percebendo os dons de frei Antônio, o nomeou como responsável pela formação teológica dos irmão do mosteiro. Foi enviado a Roma para tratar de assuntos ligados à ordem com o Papa Gregório IX, que se impressionou com sua inteligência e eloquência. Em seguida São Francisco o nomeou como primeiro leitor de Teologia da Ordem. Em suas pregações reuniam-se às vezes até 30 mil pessoas. 

Santo Antônio morreu em Pádua, na Itália, no dia 13 de junho de 1231, aos 36 anos. Muitos milagres foram realizados depois da sua morte e onze meses depois foi beatificado e canonizado.

Santo Antônio é o protetor das coisas perdidas, protetor dos casamentos e protetor dos pobres. Ele também é conhecido como o santo casamenteiro. Uma jovem pobre teria pedido a bênção de frei Antônio, já que não podia realizar o casamento porque sua família não tinha dinheiro para pagar o dote, as roupas e o enxoval. O frei abençoou a jovem, dizendo para ela confiar. Depois de alguns dias, ela recebeu tudo o que precisava para se casar.

São João Batista

Muitas vezes confundido com João Evangelista, João Batista era filho de Zacarias e Isabel. É considerado o santo mais próximo de Jesus, de quem era primo, e foi o responsável pelo batismo de Cristo no rio Jordão. Quando perguntado pelos judeus sobre quem era, João respondeu com as palavras do profeta Isaias: “Eu sou a voz que clama no deserto; endireitai o caminho do Senhor” (Jo 1, 23). Na sequência, perguntaram a João com que autoridade ele batizava o povo, sendo que ele não era o Cristo, nem Elias e nem um dos profetas. João proclamou: “Eu batizo com água, ma no meio de vós está quem vós não conheceis. Esse é quem vem depois de mim; e eu não sou digno de lhe desatar a correia do calçado” (Jo 1, 26-27). Quando João viu Jesus, exclamou: “Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (Jo 1, 29). 

Depois do batismo de Jesus, João Batisa seguiu denunciando as injustiças e as ofensas à lei de Deus. Foi preso por Herodes e morreu na prisão (Mat 14, 1-12) São João Batista assumiu sua missão com humildade, fé e devoção. É o único santo que a Igreja celebra no dia de seu nascimento, 24 de junho, e não de sua morte.

Fogueira de São João

De acordo com a tradição, Isabel mandou acender uma fogueira no alto de um monte para avisar a Maria que João, seu filho, havia nascido.

São Pedro

O simples pescador estava à beira do mar da Galileia quando Jesus disse a ele e seu irmão André: “Vinde após mim e vos farei pescadores de homens” (Mat 4, 19). Foi depois deste chamado que Simão passou a ser chamado de Pedro. Seguiu a Cristo com muito fervor e esteve ao lado de Jesus durante a transfiguração no Monte Tabor. Em uma das passagens do Evangelho, recebeu a missão de conduzir a igreja. “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mat 16, 18). Depois da ressurreição de Cristo, foi ao túmulo junto com o apóstolo João (Jo 20, 1-10).

Depois de receber o Espírito Santo, Pedro passou a pregar o Evangelho por todos os lugares onde passava. Foi preso várias vezes por isso. Numa delas, foi libertado por um anjo do Senhor (Atos 12, 1-11).

Pedro exerceu sua liderança sobre os apóstolos e sobre a Igreja, vivendo e pregando a Palavra de Deus. Foi para Roma e continuou sua missão, apesar das perseguições. 

Foi preso e condenado à morte na cruz, por ser o líder da Igreja. Pedro pediu para ser crucificado de cabeça para baixo, já que não se julgava digno para morrer como seu mestre. Foi morto na região onde hoje é o Vaticano. Seus restos mortais estão no altar da Igreja de São Pedro em Roma. Escreveu duas cartas que estão no Novo Testamento e foi provavelmente a fonte de informações do Evangelho escrito por são Marcos. A festa de São Pedro é celebrada no dia 29 de junho.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

CNBB REITERA SUA POSIÇÃO EM DEFESA DA INTEGRALIDADE, INVIOLABILIDADE E DIGNIDADE DA VIDA HUMANA

CNBB

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), por meio da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, divulgou nota na qual reitera sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a concepção até a morte natural. No texto, assinado pelo bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão, dom Ricardo Hoepers, a Conferência condena todas e quaisquer iniciativas que pretendam justificar e impor o aborto no Brasil.

No texto, é manifestada solidariedade e garantidas as preces para as famílias envolvidas. “De maneira especial, toca-nos profundamente a situação desta criança que, na sua mais tenra idade, passa por todos esses traumas e pressões e todas as crianças que, por uma vida sexual precoce ou porque são violentadas, perdem sua infância”, afirma dom Ricardo, que ressalta a necessidade de tomada de consciência da responsabilidade de todos “sobre a proteção e salvaguarda dos  mais pequeninos”.

A nota também traz a reafirmação de que o direito à vida é incondicional: “Deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana”.

Recordando a realização do X Encontro Mundial das Famílias, nesta semana, a Conferência une-se “às famílias do mundo inteiro, mas especialmente às famílias que tiveram suas crianças afetadas pelo trauma da violência sexual e do aborto, para que possam ser consoladas e fortalecidas na fé, acreditando na vida, cuidando e protegendo seus filhos, mas de modo especial os mais vulneráveis”.

Confira o texto na íntegra:

Brasília – DF, 23 de junho de 2022.
CEPVF – Nº. 175/22

A FAVOR DA VIDA HUMANA

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil-CNBB, através da sua Comissão Episcopal e Pastoral para a Vida e Família, reitera sua posição em defesa da integralidade, inviolabilidade e dignidade da vida humana, desde a sua concepção até a morte natural. Condena, assim, todas e quaisquer iniciativas que pretendam justificar e impor o aborto no Brasil.

Mais uma vez, infelizmente, veio à tona, outro caso dramático de uma criança que estava gestando um bebê com a idade gestacional de 29 semanas. Solidarizamo-nos com as famílias envolvidas, com nossas preces e nosso  respeito à dignidade da vida de todos os envolvidos, especialmente dessas crianças em questão. De maneira  especial, toca-nos profundamente a situação desta criança que, na sua mais tenra idade, passa por todos esses traumas e pressões e todas as crianças que, por uma vida sexual precoce ou porque são violentadas, perdem sua infância. Como proteger essa criança e tantas outras que passam pela mesma situação? Neste caso não bastam só palavras, mas uma tomada de consciência da responsabilidade de todos sobre a proteção e salvaguarda dos mais pequeninos.

Reafirmamos que o direito à vida é incondicional. Deve ser respeitado e defendido, em qualquer etapa ou condição em que se encontre a pessoa humana. O direito à vida permanece, na sua totalidade, para o idoso fragilizado, para o doente em fase terminal, para a pessoa com deficiência, para a criança que acaba de nascer e para aquela que ainda não nasceu. Na realidade, desde quando o óvulo é fecundado, encontra-se inaugurada uma nova vida, que não é nem a do pai, nem a da mãe, mas a de um novo ser humano. Contém em si a singularidade e o dinamismo da pessoa humana: um ser que recebe a tarefa de vir-a-ser. Ele não viria jamais a tornar-se humano, se não o fosse desde início. Esta verdade é de caráter antropológico, ético e científico. Não se restringe à argumentação de cunho teológico ou religioso (Pronunciamento da CNBB em 04 de abril de 2017).

Lembramos com veemência que são imorais leis que imponham aos profissionais da saúde a obrigação de agir contra a sua consciência, cooperando, direta ou indiretamente, na prática do aborto. Cabe a todos nós recordar que há o preceito legal: a previsão contida no artigo 7º da Lei 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adolescente) onde consta a obrigação de que toda e qualquer instituição tem o dever de efetivar políticas sociais públicas que permitam o nascimento e o desenvolvimento sadio e harmonioso de nossas crianças. Estas e outras normativas legais tais como a Lei 12.842/2013 asseguram o livre exercício da medicina e garantem que o paciente receba a melhor atenção da parte daqueles que têm o dever de cuidar do direito à saúde e à vida. Entendemos que o Ministério da Saúde definiu uma resposta a esses casos, na Norma Técnica “Atenção técnica para prevenção, avaliação e conduta nos casos de abortamento” (2022) e essa, por sua vez, com seus protocolos, deveria ser seguida e respeitada.

Nesta semana em que acontece o X Encontro Mundial das Famílias com o tema: “Amor familiar: vocação e caminho de santidade”, queremos nos unir às famílias do mundo inteiro, mas especialmente às famílias que tiveram suas crianças afetadas pelo trauma da violência sexual e do aborto, para que possam ser consoladas e fortalecidas na fé, acreditando na vida, cuidando e protegendo seus filhos, mas de modo especial os mais vulneráveis.

Confiamos a Maria, Mãe de Jesus, todas as crianças, pedindo as bênçãos de Deus para as nossas famílias, especialmente para as mães e os nascituros.

Dom Ricardo Hoepers
Bispo de Rio Grande – RS
Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Os Monges e os Mosteiros

S. Francisco de Assis | Cléofas
Por Prof. Felipe Aquino

Os monges e os mosteiros tiveram um papel determinante na evangelização dos bárbaros na Idade Média.

Cada mosteiro, com sua escola monástica, tornava-se um centro de vida religiosa e educacional. Ensinavam metalurgia, agricultura, introduziam novas culturas, foram pioneiros na tecnologia, realizavam descobertas científicas, aperfeiçoavam a paisagem europeia, socorriam os andarilhos e cuidavam dos náufragos. Os monges também preservaram a literatura, estudaram música e os escritos dos historiadores e filósofos.

Falando do papel da Igreja nos tempos bárbaros, Chateaubriand (1960), escreveu:

“Os mosteiros foram como espécies de fortalezas em que a civilização se abrigou sob a insígnia de algum santo… A cultura da alta inteligência conservou-se ali com a verdade filosófica, que renasceu da verdade religiosa. Sem a inviolabilidade e o tempo disponível do claustro, os livros e as línguas da Antiguidade não nos teriam sido transmitidos e o elo que ligava o passado ao presente ter-se-ia rompido” (O Gênio do Cristianismo).

São João Crisóstomo (349-407), doutor da Igreja, Patriarca de Constantinopla, chamado de “boca de fogo”, conta que já no seu tempo (347-407) era comum ao povo de Antioquia enviar seus filhos para serem educados pelos monges. São Bento instruiu filhos dos nobres romanos.

São Bonifácio estabeleceu uma escola em cada mosteiro fundado na Alemanha. Na Inglaterra, Santo Agostinho de Cantuária e seus monges, criaram escolas por toda parte onde foram.

Retirado do livro: “História da Igreja – Idade Média”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.


São José Maria Robles Hurtado

S. José Maria Robles Hutado | arquisp
26 de junho

São José Maria Robles Hurtado

A condição da Igreja no México foi muito difícil desde que entrou em vigor, em 5 de fevereiro de 1917, a nova Constituição anticlerical e anti-religiosa, depois do longo período de ditadura que a antecedeu.

O clero católico foi objeto de perseguições, ora mais ora menos intensas, com muitos religiosos, leigos e sacerdotes sendo brutalmente assassinados, exclusivamente por serem cristãos. Diga-se, mesmo, que não existia processo, o julgamento era instantâneo e a sentença sumária.

Dentre esses mártires encontramos padre José Maria Robles Hurtado. Ele nasceu em Mascota, Jalisco, na diocese de Tepic, no dia 3 de maio de 1888. Foi pároco de Tecolotlán, em Jalisco, onde difundia a fervorosa devoção ao Sagrado Coração de Jesus. Tamanho era seu entusiasmo que escrevia pequenas orações e poesias, que distribuía entre os fiéis para enriquecer ainda mais o culto e louvar o Senhor.

Amado e querido pelo seu rebanho, constituído de camponeses pobres e muito carentes. Para melhor atendê-los, fundou a Congregação das "Irmãs do Coração de Jesus Sacramentado".

Porém, no mês consagrado ao culto do Sagrado Coração de Jesus, em junho de 1927, a horrenda perseguição atingiu a sua paróquia em Tecolotlán, e ele foi levado e encarcerado.

Alguns dias, ou horas antes de ser morto, padre José Maria escreveu uma poesia, na qual expressou seus últimos desejos: "Desejo amar o teu Coração, Jesus meu, com participação total, desejo amá-lo com paixão, desejo amá-lo até o martírio. Com minh'alma te bendigo, meu Sagrado Coração; diga-me: aproxima-se o instante da feliz e eterna união?"

No dia 26 de junho de 1927, o padre José Maria, exatamente pelo grande amor à Cristo, foi amarrado numa árvore, na serra da Quila, em Jalisco, diocese de Autlan, e mantido assim até morrer. Dessa maneira, seguiu para a feliz e eterna união no Sagrado Coração de Jesus, coroado com seu martírio final.

O grupo de vinte e cinco mártires mexicanos no qual estava incluso foi beatificado, em 1992, pelo papa João Paulo II. Mais tarde, o mesmo pontífice, no ano de 2000, canonizou todos eles. A festa de são José Maria Robles Hurtado foi designada para o dia 26 de junho.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Papa: perseverar no bem, mesmo diante das contrariedades

Papa Francisco na janela do apartamento pontifício para o Angelus
(Vatican Media)

"Às vezes pensamos que nosso fervor se deve ao senso de justiça por uma boa causa, mas na realidade na maioria das vezes não passa de orgulho, aliado à fraqueza, suscetibilidade e impaciência. Peçamos então a Jesus a força de ser como Ele, de segui-lo com firme decisão. De não ser vingativos e intolerantes quando surgem dificuldades, quando nos gastamos em fazer o bem e os outros não entendem."

Jackson Erpen – Cidade do Vaticano

Com a ajuda da Virgem Maria, tomar a firme decisão de Jesus de permanecer no amor até o fim, de não sermos vingativos e intolerantes quando surgem dificuldades.

Este foi o pedido do Papa Francisco antes de rezar o Angelus neste XIII Domingo do Tempo Comum, dirigido aos milhares de fiéis e turistas provenientes de várias partes do mundo, reunidos na Praça São Pedro sob forte calor. para o tradicional encontro dominical.

A inspirar sua reflexão, a passagem do Evangelho do dia onde Lucas fala da decisão de Jesus de partir para Jerusalém, naquela que seria sua última viagem. Motivo pelo qual, era necessária uma decisão firme, determinada.

Como discípulos, seguir Jesus com decisão

Ao contrário do que pensam os discípulos, “cheios de entusiasmo ainda demasiado mundano”, Jesus sabe que é rejeição e morte que o esperam em Jerusalém”:

 Ele sabe que terá que sofrer muito; e isso requer uma firme decisão. É a mesma que devemos tomar também nós, se quisermos ser discípulos de Jesus. Porque devemos ser discípulos de Jesus com seriedade, com decisão verdadeira, não como dizia uma idosa que conheci: "cristãos em água de rosas". Não, não, não! Cristãos decididos Em que consiste essa decisão?

E é precisamente o episódio que o evangelista Lucas narra logo em seguida, que nos ajuda a compreender isso.

Amor misericordioso cresce com a paciência, constância e espírito penitencial

De fato, um povoado de samaritanos não acolheu Jesus, pois soube que ele se dirigia a Jerusalém, uma cidade adversária. Os apóstolos Tiago e João ficam indignados e sugerem que Jesus castigue aquelas pessoas fazendo descer fogo do céu:

Jesus não só não aceita a proposta, como repreende os dois irmãos. Eles querem envolvê-lo em seu desejo de vingança e ele não está de acordo. O "fogo" que ele veio trazer à terra é o amor misericordioso do Pai. E para fazer crescer esse fogo é preciso paciência, é preciso constância, é preciso espírito penitencial.

Ou seja, diante daquela situação, os dois apóstolos reagem com ira:

E isso acontece também conosco quando, fazendo o bem, talvez com sacrifício, em vez de acolhida encontramos uma porta fechada. Então vem a raiva: tentamos até mesmo envolver o próprio Deus, ameaçando com castigos celestiais.

Determinação de seguir em frente, por outro caminho, revela força interior

Já a reação de Jesus, é bem diferente:

Jesus, ao contrário, segue outro caminho, não o caminho da raiva, mas aquele da firme decisão de seguir em frente, que, longe de se traduzir em dureza, implica calma, paciência, longanimidade, sem, no entanto, afrouxar minimamente o compromisso de fazer o bem. Este modo de ser não denota fraqueza, mas, ao contrário, uma grande força interior.

“Ficar com raiva na contrariedade é fácil, é instintivo”, recorda o Papa. O que é difícil, é conseguir controlar as reações instintivas e fazer como Jesus, que partiu "a caminho de outro povoado":

Isso significa que, quando encontramos fechamentos, devemos nos voltar para fazer o bem em outro lugar, sem recriminações. Assim Jesus nos ajuda a ser pessoas serenas, felizes com o bem realizado e que não buscam as aprovações humanas.

Servir no silêncio

“E nós, em que ponto estamos?”, pergunta Francisco:

“Diante das contrariedades, das incompreensões, nos dirigimos ao Senhor, pedimos a Ele sua firmeza em fazer o bem? Ou buscamos confirmação nos aplausos, acabando por ser ásperos e rancorosos quando não os ouvimos? Quantas vezes, consciente ou inconscientemente, buscamos os aplausos, a aprovação dos outros? E nós, fazemos [o bem] pelos aplausos? Não, isso não está certo. Devemos fazer o bem pelo serviço e não buscar os aplausos":

Às vezes - acrescentou o Papa - pensamos que nosso fervor se deve ao senso de justiça por uma boa causa, "mas na realidade na maioria das vezes não passa de orgulho, aliado à fraqueza, suscetibilidade e impaciência":

Peçamos então a Jesus a força de ser como Ele, de segui-lo com firme decisão neste caminho de serviço. De não ser vingativos, de não ser intolerantes quando surgem dificuldades, quando nos gastamos pelo bem e os outros não entendem isso, antes ainda, quando nos desqualificam. Não: silêncio e em frente.

Que a Virgem Maria nos ajude a tomar a firme decisão de Jesus de permanecer no amor até o fim.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 25 de junho de 2022

No silêncio das nossas igrejas

O teto da Mesquita de Roma [© Paolo Portoghesi]
Arquivo 30Dias - nov/2011

No silêncio das nossas igrejas

“As igrejas são domus Dei. Sempre considerei fundamental que numa grande cidade haja a possibilidade de abrir uma porta e ver aquela luzinha acesa que indica a presença do Senhor na Eucaristia”. Entrevista com Paolo Portoghesi, por ocasião de seu octogésimo aniversário.

Entrevista com Paolo Portoghesi por Paolo Mattei

“Talvez tenha sido justamente o fato de ter nascido e vivido em Roma que amadureceu em mim a convicção de que na arquitetura, e não apenas nesse ramo, a tradição é uma condição vital, e de que pode haver continuidade na mudança. Roma mudou radicalmente muitas vezes, mas manteve essa sua profunda unidade e continuidade. Minhas ideias são sem dúvida influenciadas pela experiência da cidade”.

Paolo Portoghesi começa daqui, de Roma, para dar conta de sua posição histórica no debate sobre a cultura arquitetônica, que, a partir da década de 1960, teve nele, como representante máximo da corrente pós-modernista italiana, um adversário das posturas mais extremistas de uma parte do racionalismo, segundo as quais seria preciso romper radicalmente com o passado e com a tradição em favor de um funcionalismo exasperado e abstrato. Segundo o arquiteto romano, entre o antigo e o novo, entre a tradição e a modernidade, não existe contraposição dialética, mas convergência e continuidade.

“Professor aposentado” na Sapienza de Roma, onde lecionava Geoarquitetura – um curso que ele mesmo criou para ensinar aos alunos a arte de construir respeitando a história e as peculiaridades dos lugares em que se dá a intervenção –, um dos maiores especialistas em barroco romano e na obra de Borromini, crítico e arquiteto criador (entre suas obras mais famosas, devemos lembrar a Casa Baldi, a Mesquita de Roma e a igreja da Sagrada Família, em Salerno), Portoghesi completou oitenta anos há pouco tempo. Seu aniversário foi festejado no início de novembro no Vaticano, no Salão Sistino da Biblioteca, redecorado pelo arquiteto para a sua reabertura como sala de leitura para os estudiosos, que ocorrerá em breve. Na ocasião, Portoghesi apresentou um modelo de igreja intitulada a São Bento, que ele projetou como presente para o papa Ratzinger.

Fomos encontrá-lo em Calcata, na província de Viterbo, uma esplêndida cidadezinha que domina o vale de Treja do alto de uma montanha de pedras calcárias. Aqui, a menos de cinquenta quilômetros de Roma, Portoghesi dirige seu escritório e toca seus projetos, que são muitos e variados. Daqui a alguns meses, será inaugurada em Estrasburgo sua segunda mesquita: a primeira foi a de Roma, aberta em 1995.

Fizemos a ele algumas perguntas sobre sua vida e suas ideias a respeito da arquitetura das igrejas.

 

Paolo Portoghesi [© Giovanna Massobrio]


Professor, comecemos por Roma.

PAOLO PORTOGHESI: Nasci lá e até os dezoito anos nunca tinha saído da cidade. Sempre a amei e nunca deixei de estudá-la. Sou um fruto da condição humana que se vive em Roma, à qual dediquei muitos livros e muitas pesquisas e da qual ainda hoje continuo a aprender coisas novas. A capacidade que essa cidade tem de falar àqueles que nasceram lá, como eu, mas também a quem a visita por qualquer motivo, é inesgotável.

Que lugares da cidade o senhor mais frequentava e apreciava quando era jovem?

Nasci no coração da cidade, em via Monterone, num velho edifício que pertencia a um príncipe. Meu pai, que também era arquiteto, tinha reaberto o portão original do edifício, que fora fechado séculos antes, depois do assassinato de um cardeal. Assim, eu vivia a dois passos de Santo Ivo da Sapienza, que via todos os dias quando ia para a escola, no vicolo Valdina: esse foi o meu primeiro “itinerário forte”, que tinha ainda a praça do Panteão e a via della Maddalena. Era “forte”, também, o percurso que me conduzia à casa dos meus avós, em via della Chiesa Nuova, 14, uma casa famosa, por ser sede da “Comunidade do Leitão”, lugar de encontro de alguns protagonistas da época da Constituinte, como Lazzati, Dossetti e La Pira.

Qual era sua relação com a fé, quando menino?

Minha família era católica. Fiz a primeira comunhão com as Irmãs do Cenáculo, num belíssimo parque em Gianicolo. Mas vivi o episódio da guerra num momento particular da minha vida, entre o final da infância e o início da adolescência, e por uma série de questões familiares fiquei muito isolado naquele período. Passava muitas vezes dias inteiros sem sair de casa. Lembro-me de que durante o “inverno dos alemães”, entre 1943 e 1944, quase nunca fui à escola. Na minha primeira formação religiosa, portanto, faltou completamente o aspecto, que na época era comum, da participação da vida paroquial. Meu itinerário foi bastante mais complexo que o dos jovens da minha idade. Eu invejava muito, por exemplo, o meu irmão que estudava no Colégio Romano, dos jesuítas, e estava inserido numa realidade juvenil muito viva. Sempre cultivei minha relação com a fé como algo a ser escavado no “foro íntimo”, mais que como partilha com os outros. Nessa solidão eu lia muitos livros, também de conteúdo religioso.

Que tipo de livros?

Eu tinha predileção especial pelo catolicismo francês: Charles Péguy, Jacques Rivière, Georges Bernanos, por exemplo. Gostava, naturalmente, também de Pascal. E, um pouco rebelde como todos os jovens, me apaixonei por Rimbaud. Vivia minha relação pessoal – sofrida, nada pacífica – com a Igreja também passando pela mediação desses grandes personagens. Depois tive um período de afastamento, e em 1959 me inscrevi no Partido Socialista, com o desejo de encontrar nesse filão de pensamento a possibilidade de uma continuidade com o que tinha sido a minha experiência cristã até então. Reaproximei-me da Igreja na década de 1980, e depois vivi com particular intensidade a experiência de projetar e construir igrejas.

No debate sobre a arquitetura das igrejas, o senhor critica a ideologia da tábula rasa, da ruptura com o passado e com a tradição.

O que eu penso sobre isso está muito bem sintetizado na Sacrosanctum Concilium, a primeira das quatro constituições do Concílio Vaticano II, promulgada em 4 de dezembro de 1963, em que se recomenda, a propósito da inovação litúrgica, que “as novas formas de um certo modo brotem como que organicamente daquelas que já existiam”. Essas palavras valem também para a inovação das formas e das tipologias arquitetônicas das igrejas. Com grande frequência isso não foi levado em conta, nestas últimas décadas.

Por que, na sua opinião?

Porque nos debates entre os arquitetos, a partir dos anos de 1960, ficaram em contraposição radical os conceitos de Igreja espiritual e igreja construída, noções que a tradição indica como complementares. Puseram em dúvida também a sacralidade do edifício cristão. Hoje há quem teorize um cristianismo sem templo. Isso é um erro enorme. Basta pensar na Eucaristia, presença real do Senhor celebrada e conservada nas igrejas, para entender que elas são domus Dei, casas de Deus. Nesse sentido, é sugestiva a provável etimologia das palavras Church e Kirche, “igreja” em inglês e alemão: kyriakón, que significa “o que é próprio do Senhor”. Sempre considerei fundamental, por exemplo, que numa grande cidade haja a possibilidade de abrir uma porta e ver aquela luzinha acesa que indica a presença do Senhor na Eucaristia.

A cúpula de Santo Ivo na Sapienza, de Francesco Borromini,
no bairro romano de Santo Eustáquio [© Foto Scala, Firenze]

Quais foram os efeitos dessas interpretações na arquitetura das igrejas?

Confusão e indistinção, em primeiro lugar. O posicionamento dos polos litúrgicos tradicionais – altar, tabernáculo, batistério, ambão – foi completamente rediscutida, e chegaram a soluções paradoxais, como a adotada na igreja de Jesus Redentor em Módena, onde o altar e o ambão se encontram nos dois extremos de um corredor central, dos lados do qual os fiéis, divididos em filas contrapostas, olham-se de frente, movendo os olhos, de vez em quando, ora para a direita, ora para a esquerda, para acompanhar com dificuldade os deslocamentos do celebrante entre os dois polos. Infelizmente esse modelo de igreja – na Alemanha definido “communio” – é um dos mais seguidos no plano internacional. A propósito disso, é muito bonito o que diz Ratzinger em seu livro Introdução ao espírito da liturgia, em que, citando Josef Andreas Jungmann, um dos pais da Sacrosanctum Concilium, explica a antiga conformação da assembleia litúrgica: “Sacerdote e povo sabiam que caminhavam juntos para o Senhor. Eles não se fecham em círculo, não olham uns para os outros, mas, como povo de Deus em caminho, estão de partida para o Oriente, para Cristo, que avança e vem ao nosso encontro”. Muitas igrejas recentes, como a de Módena, refletem essa perda da “dimensão cósmica” da liturgia...

O que o senhor entende por “dimensão cósmica”?

Era a razão profunda pela qual antigamente todos, fiéis e celebrante, durante a oração eucarística, se voltavam para o Oriente, direção que “se encontrava em estreita relação com o ‘sinal do Filho do homem’, com a cruz, que anuncia o retorno do Senhor”, diz ainda Ratzinger, que explica que esse ato não era, portanto, a “celebração para a parede”, não significava que o sacerdote “voltava as costas ao povo”: o sacerdote, observa Ratzinger, “não se considerava, pois, tão importante”. A perda do sentimento dessa dimensão, de fato, gerou de um lado um certo tipo de retórica definida como “clericalização” da liturgia – a dinâmica em que o sacerdote se torna o centro da celebração, o protagonista do evento; de outro lado, quase por reação, deu origem à “criatividade” dos grupos que preparam a liturgia, que querem em primeiro lugar “mostrar a si mesmos”. “A atenção”, continua Ratzinger em seu livro, “está cada vez menos voltada para Deus, e é cada vez mais importante o que fazem as pessoas que ali se encontram”. Tudo isso conduziu a considerar a igreja como lugar de entretenimento, um lugar fechado, levando a esquecer as duas constantes que caracterizaram o desenvolvimento tipológico realizado desde a era paleocristã até o barroco.

Que constantes?

Em primeiro lugar, a profundidade de perspectiva obtida com a estrutura longitudinal, que expressa o caminho do povo de Deus para a salvação e para Cristo que vem, o êxodo “dos nossos pequenos grupos para entrar na grande comunidade que abraça o céu e a terra”, comenta ainda Ratzinger; e, em segundo lugar, o movimento vertiginoso para o alto, visto nas cúpulas e nos cibórios: a Igreja, lemos em Povo e casa de Deus em Santo Agostinho, “não tem seu fundamento sob si, mas acima de si, e seu fundamento portanto é também a sua cabeça”. Enfim, o que quero dizer é que os homens não vão à igreja como vão a um círculo recreativo, para trocar um aperto de mão, mas vão até lá porque ali acontece essa aproximação com o Senhor. A arquitetura das igrejas deve chamar a atenção para essa dimensão de encontro com Deus. Não pode limitar-se a celebrar a presença da comunidade entendida como algo fechado. Uma igreja não é a sede de determinados grupos ou movimentos, ou um lugar de reunião. É um pequeno fragmento da Igreja universal. Essa tendência para a universalidade deve-se manifestar na arquitetura, não certamente por meio da ostentação e da complexidade. Aliás, hoje eu diria que a simplicidade é um elemento profundo pelo qual podemos atingir essa universalidade.

Na sua opinião, há exemplos modernos positivos de arquitetura de igrejas?

Sim, penso em Antoni Gaudí, Alvar Aalto, Rudolf Schwarz, Giovanni Michelucci... São exemplos de como é possível que a criatividade não se contraponha de modo algum a uma atenta consideração da tradição, que é a transmissão de uma herança que deve dar frutos.

Quando o senhor começou a projetar igrejas?

No final da década de 1960, quando construí a Sagrada Família em Salerno. Mas aquela é uma igreja “assinada”...

Em que sentido?

É a que é mais apreciada pelos críticos, porque é um esforço de linguagem, o típico edifício que, por seu estilo reconhecível dentro de um debate, pode encontrar seu lugar numa história da arquitetura. A partir da década de 1990 comecei a projetar outras igrejas, pondo entre parênteses a problemática expressiva pessoal – a linguagem – para dar mais ouvidos às exigências de quem as encomendava e para tentar realizar seus desejos.

O senhor lembra com especial satisfação de alguma das igrejas que projetou?

Bem, Nossa Senhora da Paz, em Terni, me envolveu e emocionou muito. Depois da aventura da Mesquita de Roma, que durou vinte anos, eu voltava a pensar numa igreja, cujo projeto me foi proposto em 1998 pelo então bispo da diocese, Franco Gualdrini. Fui tomado por um fluxo de sentimentos, ideias e imagens que brotavam dos títulos escolhidos para a igreja: a Santíssima Trindade e a Virgem portadora da paz. Mergulhei na leitura de textos sobre Maria e me confirmei na identificação simbólica de Nossa Senhora com a estrela e a luz, imagens para mim estreitamente ligadas à lembrança das ladainhas de Loreto, que eu ouvia depois da oração do rosário em casa, com meus avós, durante a guerra. Fui conquistado pelos versos do hino Akathistos – “Estrela anunciadora do Sol...” –; pelo hino medieval das Vésperas de Maria, o Ave maris stella; pelos tercetos de Dante no Paraíso – “Aqui és para nós a transparente / face da caridade...” –; e pelas palavras de Péguy na Apresentação da Beauce a Nossa Senhora de Chartres– “Estrela do mar... Estrela da manhã... / eis-nos em marcha para a vossa ilustre corte, / e eis a travessa do nosso pobre amor, / e eis o oceano da nossa pena imensa...”. Esses versos cristãos me fizeram lembrar da poesia Na foz, à noite, de Caproni, não propriamente um defensor da fé em sentido tradicional, mas poeta de que gosto muito: “Eu a via elevada sobre o mar. Altíssima. / Bela. // Infinitamente bela, / mais que qualquer outra estrela [...]. Ignorava o seu nome. / O mar / me sugeria Maria. / Era já a minha / única estrela. / Na incerteza // da noite, eu, disperso, / me surpreendia a rezar. // Era a estrela do Mar”. Eu me sentia muito contente: tinha encontrado o núcleo formador do edifício, o ideograma estelar, cujas primeiras aplicações à planta das igrejas remetem ao Barroco, embora seus prenúncios possam ser encontrados já na Idade Média.

Que características o senhor desejava que tivesse a nova igreja?

Queria que representasse o recolhimento: o silêncio nas igrejas é importante, o silêncio é a condição de acesso ao sagrado. Depois, desejava privilegiar a “pobreza”, mais que a riqueza. Por isso tive de fazer a cobertura em madeira, como nas igrejas medievais.

A maquete da igreja dedicada a São Bento que o senhor deu ao Papa vai virar uma igreja de verdade?

Não sei... Aquilo é sobretudo um presente para o papa Ratzinger. E são também os votos de que São Bento proteja a sua Europa nestes momentos difíceis.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Ato de Consagração ao Imaculado Coração de Maria

Nossa Senhora do Rosário de Fátima | Vatican News

ORAÇÕES

Ó Maria, Mãe de Deus e nossa Mãe, recorremos a Vós nesta hora de tribulação. Vós sois Mãe, amais-nos e conheceis-nos: de quanto temos no coração, nada Vos é oculto. Mãe de misericórdia, muitas vezes experimentamos a vossa ternura providente, a vossa presença que faz voltar a paz, porque sempre nos guiais para Jesus, Príncipe da paz.

Mas perdemos o caminho da paz. Esquecemos a lição das tragédias do século passado, o sacrifício de milhões de mortos nas guerras mundiais. Descuidamos os compromissos assumidos como Comunidade das Nações e estamos a atraiçoar os sonhos de paz dos povos e as esperanças dos jovens. Adoecemos de ganância, fechamo-nos em interesses nacionalistas, deixamo-nos ressequir pela indiferença e paralisar pelo egoísmo. Preferimos ignorar Deus, conviver com as nossas falsidades, alimentar a agressividade, suprimir vidas e acumular armas, esquecendo-nos que somos guardiões do nosso próximo e da própria casa comum. Dilaceramos com a guerra o jardim da Terra, ferimos com o pecado o coração do nosso Pai, que nos quer irmãos e irmãs. Tornamo-nos indiferentes a todos e a tudo, exceto a nós mesmos. E, com vergonha, dizemos: perdoai-nos, Senhor!

Na miséria do pecado, das nossas fadigas e fragilidades, no mistério de iniquidade do mal e da guerra, Vós, Mãe Santa, lembrai-nos que Deus não nos abandona, mas continua a olhar-nos com amor, desejoso de nos perdoar e levantar novamente. Foi Ele que Vos deu a nós e colocou no vosso Imaculado Coração um refúgio para a Igreja e para a humanidade. Por bondade divina, estais conosco e conduzis-nos com ternura mesmo nos transes mais apertados da história.

Por isso recorremos a Vós, batemos à porta do vosso Coração, nós os vossos queridos filhos que não Vos cansais de visitar em todo o tempo e convidar à conversão. Nesta hora escura, vinde socorrer-nos e consolar-nos. Repeti a cada um de nós: «Não estou porventura aqui Eu, que sou tua mãe?» Vós sabeis como desfazer os emaranhados do nosso coração e desatar os nós do nosso tempo. Repomos a nossa confiança em Vós. Temos a certeza de que Vós, especialmente no momento da prova, não desprezais as nossas súplicas e vindes em nosso auxílio.

Assim fizestes em Caná da Galileia, quando apressastes a hora da intervenção de Jesus e introduzistes no mundo o seu primeiro sinal. Quando a festa se mudara em tristeza, dissestes-Lhe: «Não têm vinho!» (Jo 2, 3). Ó Mãe, repeti-o mais uma vez a Deus, porque hoje esgotamos o vinho da esperança, desvaneceu-se a alegria, diluiu-se a fraternidade. Perdemos a humanidade, malbaratamos a paz. Tornamo-nos capazes de toda a violência e destruição. Temos necessidade urgente da vossa intervenção materna.

Por isso acolhei, ó Mãe, esta nossa súplica:
Vós, estrela do mar, não nos deixeis naufragar na tempestade da guerra;
Vós, arca da nova aliança, inspirai projetos e caminhos de reconciliação;
Vós, «terra do Céu», trazei de volta ao mundo a concórdia de Deus;
Apagai o ódio, acalmai a vingança, ensinai-nos o perdão;
Libertai-nos da guerra, preservai o mundo da ameaça nuclear;
Rainha do Rosário, despertai em nós a necessidade de rezar e amar;
Rainha da família humana, mostrai aos povos o caminho da fraternidade;
Rainha da paz, alcançai a paz para o mundo.

O vosso pranto, ó Mãe, comova os nossos corações endurecidos. As lágrimas, que por nós derramastes, façam reflorescer este vale que o nosso ódio secou. E, enquanto o rumor das armas não se cala, que a vossa oração nos predisponha para a paz. As vossas mãos maternas acariciem quantos sofrem e fogem sob o peso das bombas. O vosso abraço materno console quantos são obrigados a deixar as suas casas e o seu país. Que o vosso doloroso Coração nos mova à compaixão e estimule a abrir as portas e cuidar da humanidade ferida e descartada.

Santa Mãe de Deus, enquanto estáveis ao pé da cruz, Jesus, ao ver o discípulo junto de Vós, disse-Vos: «Eis o teu filho!» (Jo 19, 26). Assim Vos confiou cada um de nós. Depois disse ao discípulo, a cada um de nós: «Eis a tua mãe!» (19, 27). Mãe, agora queremos acolher-Vos na nossa vida e na nossa história. Nesta hora, a humanidade, exausta e transtornada, está ao pé da cruz convosco. E tem necessidade de se confiar a Vós, de se consagrar a Cristo por vosso intermédio. O povo ucraniano e o povo russo, que Vos veneram com amor, recorrem a Vós, enquanto o vosso Coração palpita por eles e por todos os povos ceifados pela guerra, a fome, a injustiça e a miséria.

Por isso nós, ó Mãe de Deus e nossa, solenemente confiamos e consagramos ao vosso Imaculado Coração nós mesmos, a Igreja e a humanidade inteira, de modo especial a Rússia e a Ucrânia. Acolhei este nosso ato que realizamos com confiança e amor, fazei que cesse a guerra, providenciai ao mundo a paz. O sim que brotou do vosso Coração abriu as portas da história ao Príncipe da Paz; confiamos que mais uma vez, por meio do vosso Coração, virá a paz. Assim a Vós consagramos o futuro da família humana inteira, as necessidades e os anseios dos povos, as angústias e as esperanças do mundo.

Por vosso intermédio, derrame-se sobre a Terra a Misericórdia divina e o doce palpitar da paz volte a marcar as nossas jornadas. Mulher do sim, sobre Quem desceu o Espírito Santo, trazei de volta ao nosso meio a harmonia de Deus. Dessedentai a aridez do nosso coração, Vós que «sois fonte viva de esperança». Tecestes a humanidade para Jesus, fazei de nós artesãos de comunhão. Caminhastes pelas nossas estradas, guiai-nos pelas sendas da paz. Amem.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

EUA: incoerente como católico, Biden ataca decisão da Suprema Corte e quer nova lei pró-aborto

Michael F. Hiatt - Shutterstock
Por Francisco Vêneto

"Os Estados Unidos voltam 150 anos no tempo", dramatizou o presidente democrata.

Dando nova mostra inequívoca da sua incoerência como alegado católico, o presidente democrata norte-americano Joe Biden atacou a decisão tomada hoje pela Suprema Corte dos Estados Unidos ao derrubar a legislação pró-aborto que, mesmo inconstitucional e baseada em uma farsa, permanecia vigente no país desde 1973.

Declarando que é preciso criar uma nova lei pró-aborto, Biden dramatizou ao tachar a decisão da Suprema Corte de “ideologia extremista” e ao afirmar que, por causa dela, “os Estados Unidos voltaram 150 anos no tempo”.

Com o reconhecimento da inconstitucionalidade da sentença que havia legalizado o aborto em todo o território do país, os Estados da federação norte-americana recuperam agora a autonomia para legislar sobre o assunto.

O presidente democrata repetiu que fará tudo o que estiver ao seu alcance para “proteger a saúde das mulheres”, recorrendo aos surrados clichês com que a esquerda vende a mentira de que o aborto seria uma “solução de saúde pública”. A propósito da falsidade desta narrativa, confira os artigos recomendados ao final desta matéria.

Sustentando que “o governo não pode interferir na decisão feita entre uma mulher e o médico”, Joe Biden afirmou sobre a decisão formalizada hoje pela Suprema Corte:

“Este é o resultado de décadas de tentativas de acabar com essa lei. É uma ideologia extrema. A Suprema Corte fez algo que nunca havia feito antes, que é retirar um direito constitucional dos americanos. Os Estados Unidos voltam 150 anos no tempo. As mulheres podem ser punidas por quererem proteger a própria saúde, ou os médicos serão criminalizados por realizar o seu dever de cuidar”.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF