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quinta-feira, 14 de julho de 2022

Abusos: Papa reitera "tolerância zero" e encoraja religiosos a denunciar

Audiência do Papa a três Congregações reunidas em capítulos | Vatican News

Francisco interrompeu sua pausa de verão para receber numa única audiência os participantes de três Capítulos em andamento em Roma. A eles, indicou o critério essencial do discernimento: a evangelização. Mais uma vez manifestou sua solidariedade ao povo ucraniano e recomendou aos religiosos: tolerância zero na questão dos abusos.

Bianca Fraccalvieri - Vatican News

O Papa Francisco quebrou o “jejum” das audiências deste mês de julho recebendo esta quinta-feira os capitulares de três Congregações religiosas: Ordem Basiliana de São Josafat, Ordem da Mãe de Deus e Congregação da Missão.

Não se trata de uma "salada de frutas" de institutos, brincou o Papa no início de sua saudação, afirmando que esta foi a modalidade encontrada neste período em que estão suspensas as audiências no Vaticano. Mas que faz questão de receber os Capítulos.

Evangelização: critério essencial

E foi justamente a experiência capitular o tema do discurso do Santo Padre, que convidou os presentes a “saborearem” este momento que a pandemia impossibilitou durante tanto tempo. De fato, disse o Papa, isso deveria ajudar a não dar como certo o fato de poder se encontrar, confrontar-se olhando nos olhos e, sobretudo, rezar e ouvir juntos a Palavra e compartilhar a Eucaristia.  

O Capítulo, prosseguiu Francisco, é o momento do discernimento comunitário, uma das mais belas e fortes experiências eclesiais. Com a ajuda do Espírito Santo, busca-se ver em que medida foram fiéis ao carisma e que direção seguir. "Se não tem o Espírito num Capítulo, fechem as portas e voltem para casa! O Espírito deve ser quase o protagonista de um Capítulo", disse o Papa. Para isso, indicou o critério essencial: a evangelização. Isto é, se as escolhas feitas, os métodos, os instrumentos e os estilos de vida são orientados a testemunhar e anunciar o Evangelho. Não obstante os carismas sejam diferentes, todos podem e devem cooperar para a evangelização. Citando a Evangelii Nutiandi de Paulo VI, o Pontífice recordou que a "vocação da Igreja é evangelizar, a alegria da Igreja é evangelizar".

Este chamado não diz respeito somente ao plano pessoal, como todo batizado, mas também de forma comunitária, com a vida fraterna. “Esta é a via mestra para mostrar a pertença a Cristo”, disse Francisco, reconhecendo, porém, quanto seja difícil. Inconcebível para a mentalidade do mundo, a vida em comunidade requer uma atitude cotidiana de conversão, de colocar-se em discussão e de vigilância sobre as rigidezes.

Mas sobretudo, indicou Francisco, requer humildade e simplicidade de coração. Por não ser “dons naturais”, devem ser pedidos incessantemente a Deus. Não se trata de manter relações de fachada e sorrisos artificiais, mas de viver uma fraternidade livre. Só assim, pode transparecer a verdadeira alegria: “A alegria de ser de Cristo e de sê-lo juntos, com os nossos limites e os nossos pecados. Alegria de ser perdoados por Deus e compartilhar este perdão com os irmãos. Esta alegria não se pode esconder, transparece! E é contagiosa”.

O momento da saudação | Vatican News

Cuidado com as fofocas

É a alegria dos santos outro elemento importante de uma Congregação. No caso dos capitulares presentes São João Leonardi, São Josafat e São Vicente de Paulo. Estes santos mostram a importância de rezar e trabalhar. Foram evangelizadores, não proselitistas. Do ponto de vista da evangelização, não servem propostas místicas sem compromisso social e missionário, nem práxis sociais e pastorais sem espiritualidade. “Não se nasce fundadores!”, afirmou o Papa. Mas se torna por atração: o santo não atrai para si, mas para o Senhor.

Eis então as palavras-chave: humildade, simplicidade de coração e alegria. “Este é o caminho de uma fraternidade evangelizante. Impossível aos homens, mas não a Deus!” O Papa mais uma vez alertou para as insídias das fofocas, que destroem a alegria comunitária.

Ucrânia e abusos

Antes de concluir, Francisco dirigiu seu pensamento à Ucrânia, lugar de origem de São Josafat, membro da Ordem de São Basílio. Neste momento de "dor e martírio" da pátria ucraniana, o Pontífice manifestou a sua solidariedade e a de toda a Igreja. Pediu mais uma vez que não nos habituemos à guerra, afirmando que outro dia viu que a notícia sobre o conflito estava somente na página 9 de um jornal. "Faço votos de que o Senhor tenha compaixão e esteja próximo com o dom da paz."

Por fim, uma mensagem importante, desta vez às três congregações.

"Por favor, lembrem-se bem disto: tolerância zero com os abusos contra menores ou pessoas vulneráveis. Tolerância zero." Este problema não se resolve com a transferência do abusador. Por isso encorajou: "Não tenham vergonha de denunciar". 

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Camilo de Léllis

S. Camilo de Léllis | arquisp
14 de julho

São Camilo de Léllis

Camila Compelli e João de Lellis eram já idosos quando o filho foi anunciado. Ele, um militar de carreira, ficou feliz, embora passasse pouco tempo em casa. Ela também, mas um pouco constrangida, por causa dos quase sessenta anos de idade. Do parto difícil, nasceu Camilo, uma criança grande e saudável, apenas de tamanho acima da média. Ele nasceu no dia 25 de maio de 1550, na pequena Bucchianico, em Chieti, no sul da Itália.

Cresceu e viveu ao lado da mãe, uma boa cristã, que o educou dentro da religião e dos bons costumes. Ela morreu quando ele tinha treze anos de idade. Camilo não gostava de estudar e era rebelde. Foi então residir com o pai, que vivia de quartel em quartel, porque, viciado em jogo, ganhava e perdia tudo o que possuía. Apesar do péssimo exemplo, era um bom cristão e amava o filho. Percebendo que Camilo, aos quatorze anos, não sabia nem ler direito, colocou-o para trabalhar como soldado. O jovem, devido à sua grande estatura e físico atlético, era requisitado para os trabalhos braçais e nunca passou de soldado, por falta de instrução.

Tinha dezenove anos de idade quando o pai morreu e deixou-lhe como herança apenas o punhal e a espada. Na ocasião, Camilo já ganhara sua própria fama, de jogador fanático, briguento e violento, era um rapaz bizarro. Em 1570, após uma conversa com um frade franciscano, sentiu-se atraído a ingressar na Ordem, mas foi recusado, porque apresentava uma úlcera no pé. Ele então foi enviado para o hospital de São Tiago, em Roma, que diagnosticou o tumor incurável.

Sem dinheiro para o tratamento, conseguiu ser internado em troca do trabalho como servente. Mesmo assim, afundou-se no jogo e foi posto na rua. Sabendo que o mosteiro dos capuchinhos estava sendo construído, ofereceu-se como ajudante de pedreiro e foi aceito.

O contato com os franciscanos foi fundamental para sua conversão.

Um dia, a caminho do trabalho, teve uma visão celestial, nunca revelada a ninguém. Estava com vinte e cinco anos de idade, largou o jogo e pediu para ingressar na Ordem dos Franciscanos. Não conseguiu, por causa de sua ferida no pé.

Mas os franciscanos o ajudaram a ser novamente internado no hospital de São Tiago, que, passados quatro anos, estava sob a sua direção. Camilo, já tocado pela graça, dessa vez, além de tratar a eterna ferida passou a cuidar dos outros enfermos, como voluntário. Mas preferia assistir aos doentes mais repugnantes e terminais, pois percebeu que os funcionários, apesar de bem remunerados, abandonavam-nos à própria sorte, deixando-os passar privações e vexames.

Neles, Camilo viu o próprio Cristo e por eles passou a viver. Em 1584, sob orientação do amigo e contemporâneo, também fundador e santo, padre Filipe Néri, constituiu uma irmandade de voluntários para cuidar dos doentes pobres e miseráveis, depois intitulada Congregação dos Ministros Camilianos. Ainda com a ajuda de Filipe Néri, estudou e vestiu o hábito negro com a cruz vermelha de sua própria Ordem, pois sua congregação, em 1591, recebeu a aprovação do Vaticano, sendo elevada à categoria de ordem religiosa.

Eleito para superior, dirigiu por vinte anos sua Ordem dos padres enfermeiros, dizem que com "mão de ferro" e a determinação militar recebida na infância e juventude. Depois, os últimos sete anos de vida preferiu ficar ensinado como os doentes deviam ser tratados e conviver entre eles. Mesmo sofrendo terríveis dores nos pés, Camilo ia visitar os doentes em casa e, quando necessário, chegava a carregá-los nas costas para o hospital. Nessa hora, agradecia a Deus a estatura física que lhe dera.

Recebeu o dom da cura pelas palavras e orações, logo a sua fama de padre milagreiro correu entre os fiéis, que, ricos e pobres, procuravam sua ajuda. Era um homem muito querido em toda a Itália, quando morreu em 14 de julho de 1614. Foi canonizado em 1746. São Camilo de Lellis, em1886, foi declarado Padroeiro dos Enfermos, dos Doentes e dos Hospitais.

Paróquia São Camilo de Léllis - Brasília (DF) | DestMap

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

quarta-feira, 13 de julho de 2022

A Igreja Católica e o Marxismo

Foice e o martelo | Guadium Press

A Igreja Católica e o Marxismo

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Desde 1846 a Igreja vem condenando o marxismo ateu em sua evolução; embora pareça abrandar ultimamente sua sanha anti-religiosa, é sempre ateu e materialista. Semelhante evolução se dá com o socialismo.

Houve – e ainda há – católicos que pretendem conciliar entre si marxismo e Cristianismo. Na verdade, a conciliação é impossível, como tem proclamado a Igreja desde 1846. Quanto à palavra “socialismo”, ela encobre um leque de concepções, das quais algumas pretendem compatibilizar-se com a fé. Percorreremos, a seguir, o histórico da condensação do marxismo e das ideologias derivadas.

1. Não ao marxismo

Já em 1846, antes que se publicassem o Manifesto do Partido Co­munista de Marx a Engels (1848), o Papa Pio IX falava da “execrável doutrina dita do comunismo”. Referia-se assim Pio IX à doutrina que surgia no seio do socialismo nascente e que proclamava a revolução do proletariado. Em 1849 o mesmo Papa chamava a atenção dos fiéis para o perigo de “conspirar com os sistemas perversos do socialismo e do comunismo”.

Em 1891 o Papa Leão XIII publicou a encíclica Rerum Novarum, em que mencionava o socialismo como sendo “um corpo de doutrinas amplamente inspiradas pelo pensamento marxista”.

Quarenta anos mais tarde, Pio XI, na Encíclica Quadragésimo Anno, distinguia nitidamente socialismo e marxismo – distinção esta que Leão XII não observara. A razão da diferenciação está no fato de que entre 1891 e 1931 haviam ocorrido duas revoluções: a russa e a mexicana. A primeira havia revolvido o mapa da política de modo notável: Lenine ocasionou a transferência do centro marxista de Berlim para Moscou; em lugar do Partido Social-Democrata alemão proclamou o comunismo marxista; ergueu assim a internacional III em lugar da Internacional II, que ficaria com os Partidos Socialistas e se comprometera com o nacionalismo guerreiro de 1914.

Todavia Pio XI observava que marxismo e socialismo partem de uma fonte comum, embora o comunismo reivindicasse para si a ortodoxia do marxismo. O Papa falava da “índole ímpia e injusta do comunismo” e ao mesmo templo declarava que “socialismo religioso, socialismo cristão são expressões contraditórias; ninguém pode ser simultaneamente católico e autêntico socialista”.

Em 1937 a guerra civil na Espanha levou Pio XI a escrever a encíclica “Divini Redemptoris” (19/03/37), na qual se lê:

“A doutrina que o comunismo esconde sob aparências perfeitas e sedutoras, tem por fundamento os princípios do materialismo histórico e dialético já propostos por Marx e pelos mestres do bolchevismo, que pretendem possuir a única interpretação do marxismo autêntica. Eis o novo Evangelho que o comunismo bolchevista e ateu quer anunciar ao mundo como mensagem de salvação e de redenção. Sistema cheio de erros e de sofismas, oposto tanto à razão quanto à revelação divina; doutrina subversiva da ordem social porque destrói os fundamentos mesmos dessa ordem… Pela primeira vez na história assistimos a uma luta friamente desejada e sabiamente preparada do homem contra tudo o que é divino. Vigiai, veneráveis irmãos, para que os fiéis não se deixem iludir. O comunismo é intrinsecamente perverso e não se pode admitir de maneira alguma a colaboração com ele da parte de quem queira salvar a civilização cristã”.

Como se vê, a denúncia é mais explícita e enfática.

Por ocasião do Natal de 1942 Pio XII reiterou a condenação de todo socialismo – comunista ou não – visto que se inspira no marxismo.

Anos depois, o Papa verificou que o marxismo fora implantado em vários países, inclusive em alguns de venerável tradição cristã, atraindo muitos intelectuais. No Natal de 1955 removeu mais uma vez toda possibilidade de compromisso com o marxismo:

“Rejeitamos o comunismo como sistema social inspirado pela fé cristã, devemos afirmar os fundamentos do direito natural. Pelas mesmas razões rejeitamos a opinião segundo a qual o cristão deveria considerar atualmente o comunismo como um fenômeno ou uma etapa no curso de história, como um momento necessário da evolução da história e, por conseguinte, devemos aceitá-lo como algo decretado pela Divina Providência”.

Paulo VI reforçou esses dizeres apontando a “Igreja do Silêncio”:

“Em certo sentido, não somos nós apenas que condenamos os sistemas marxistas, mas são, antes do mais, eles mesmos que se condenam, apresentando regimes que se opõem a nós por suas idéias e nos oprimem por seus atos. Nossa queixa é, antes, um gemido mais do que uma sentença de juízes” (Ene. “Ecclesiam Suam” 105).

João XXIII levantou a hipótese de se efetuarem encontros no plano das realizações práticas, encontros que até 1963 foram tidos como inoportunos, tendo por interlocutores a Igreja e certos movimentos de ordem econômica, social, cultural ou política, mesmo que tais movimentos tenham em suas origens a inspiração de falsos sistemas filosóficos (ver encíclica “Pacem in Terris” 159-160). Para que o diálogo assim proposto pudesse tornar-se realidade, os mencionados movimentos deveriam ter passado por uma evolução que os afastasse das suas origens e os pusesse de acordo com as justas operações da pessoa humana. Por sua parte, os católicos deveriam permanecer fiéis aos princípios do direito natural e às diretrizes das autoridades eclesiásticas. Tais considerações não podiam ter em vista o marxismo como tal, mas um socialismo distanciado das suas origens ateias militantes. Com efeito, no ano de 1959 por ocasião do seu Congresso em Bad-Godesberg o Partido Social Democrático alemão renegou formalmente qualquer referência a Karl Marx. É provavelmente a tal movimento que se referia João XXIII em “Pacem in Terris” 159.

Paulo VI contribuiu para o reto entendimento das palavras de João XXIII ao escrever:

“Segundo os continentes e as culturas, o socialismo toma formas diferentes, dando significados diversos ao mesmo vocábulo… Impõe-se atento discernimento. Muitas vezes os cristãos, atraídos pelo socialismo, tendem a idealizá-lo em termos muito generosos como arauto de justiça, solidariedade e igualdade. Não querem reconhecer as marcas dos movimentos históricos socialistas que permanecem condicionados pela ideologia de suas origens. Entre os diversos níveis de expressão do socialismo, será preciso fazer distinções que orientarão as opções concretas. Mesmo feitas essas distinções, é necessário não julgar que os diversos níveis do socialismo são completamente separados e independentes uns dos outros… Essa perspicácia permitirá aos cristãos avaliar até que ponto lhes é lícito comprometer-se com tais movimentos, salvaguardados os valores da liberdade, da responsabilidade e da abertura para o plano espiritual, valores que garantem o desabrochamento integral da pessoa humana” (ene. “Octogésima Adveniens” 31).

João Paulo II opôs-se ao uso do marxismo na construção da Teologia da Libertação, muito em voga na América Latina. Em 1991, após a queda do comunismo na Europa, escrevia esse Papa:

“Num passado recente o sincero desejo de estar do lado dos oprimidos e de não ficarem alheios ao curso da história levou muitos fiéis a procurarem diversas maneiras de encontrar a possibilidade de um compromisso entre o marxismo e o Cristianismo. O momento presente põe em evidência o que havia de caduco nessas tentativas e incita a reafirmar o caráter positivo de uma autêntica Teologia da Libertação integral do homem. Considerados nesta perspectiva, os acontecimentos de 1989 se mostram importantes para os países do Terceiro Mundo, que trilham os caminhos do seu desenvolvimento” (ene. “Centesimus Annus” 26).

A rejeição do marxismo por parte dos Papas não procede de um espírito sectário, nem sobre uma visão unilateral do mundo, pois os Papas condenaram também o liberalismo, que, conforme Paulo VI, “é uma afirmação errônea da autonomia do homem” (ene. “Octogésima Adve-niens”35).

João Paulo II observa que o marxismo e sua expansão foram de certo modo, preparados pelas correntes filosóficas racionalistas e ateias dos séculos XVIII e XIX.

“O ateísmo de que falamos está estritamente ligado ao racionalismo da Filosofia das Luzes (racionalismo do século XVIII), que concebe a realidade humana e social de maneira mecanicista: negam assim a intuição última da verdadeira grandeza do homem e sua transcendência frente ao mundo material; negam a contradição que ele experimenta em seu coração entre o desejo da plenitude de bem e sua incapacidade de obtê-la e, principalmente, a necessidade de salvação que decorre dessa experiência” (ene. “Centesimus Annus” 13).

O conceito de ser humano proclamado pelo racionalismo liberal é descrito por Pio XI em sua Mensagem de Natal (1949) nos seguintes termos:

“A noção de criatura que tem origem e destino em Deus foi substituída pelo falso retrato do homem autônomo em sua consciência, incontrolável legislador dessa consciência, irresponsável frente aos seus semelhantes e a sociedade, sem outro destino fora dos valores deste mundo, sem outra finalidade senão a de gozar dos bens finitos, sem outra lei que não a dos fatos consumados e a satisfação indisciplinada dos próprios desejos”.

Infeliz caricatura do ser humano, que Deus fez para o Bem Infinito e que só repousa quando se volta para Ele!

D. Estêvão Bettencourt
Revista Pergunte e Responderemos. N.555. 2008.

Fonte: https://cleofas.com.br/

A glória é como a sombra

Pavão | Guadium Press
Quando o coração do homem está cheio de si mesmo, não pode receber os dons divinos.

Redação (12/07/2022 08:50Gaudium Press) “O soberbo nunca encontra a paz, porque jamais consegue ser tratado segundo o vão conceito que tem de si mesmo. Ainda quando é honrado, fica descontente de ver outros mais honrados do que ele. Sempre lhe falta ainda alguma coisa que deseja, e esta privação o atormenta mais do que o consolam todas as honras que já possui.

“Segundo nota São Jerônimo, a verdadeira glória foge de quem a deseja, e persegue a quem a despreza, do mesmo modo que a sombra segue a quem dela corre, e foge de quem a quer segurar”.

Santo Afonso de Ligorio. O religioso santificado. 2. ed, Vozes: Petrópolis RJ, 1959, p. 82.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

O Papa encoraja os jovens casais a terem filhos

Antoine Mekary | ALETEIA | I.MEDIA
Por Kathleen Hattrup

"Que sejais generosos em gerar novas vidas, sempre e só como fruto do amor!"

O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes na “Conferência da Juventude da UE”, em curso em Praga, República Checa, e entre as suas muitas reflexões estava uma sobre ter filhos.

O Papa dirigiu-se aos jovens sobre educação, exortando-os a estarem abertos aos outros e a preocuparem-se com o futuro que estamos a construir para as gerações vindouras.

A sua mensagem final foi “um desejo”:

Deixem-me concluir com um desejo. Que sejais generativos! Jovens capazes de gerar novas ideias, novas visões do mundo, da economia, da política, da coexistência social, mas acima de novos caminhos a percorrer juntos. E que sejais também generosos em gerar novas vidas, sempre e só como fruto do amor! O amor de marido e mulher, o amor de família e filhos, mas também o amor da Europa, para que possa ser para todos uma terra de paz, liberdade e dignidade.

O Santo Padre falou várias vezes sobre o “inverno demográfico” que muitos países enfrentam, particularmente na Europa, uma vez que as taxas de natalidade estão abaixo da taxa de substituição. Tal como os economistas, ele reconhece os perigos sociais e políticos da situação, mas vê também uma preocupação mais profunda.

Esta negação da paternidade ou da maternidade diminui-nos, tira-nos a nossa humanidade. E desta forma a civilização envelhece e fica sem humanidade, porque perde a riqueza da paternidade e da maternidade.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A Igreja permite a cremação?

Cremação | Portal Vaticano

A IGREJA PERMITE A CREMAÇÃO?

Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

Cresce na sociedade atual a prática da cremação. Essa nova postura diante do corpo dos falecidos suscita uma reflexão sobre o sentido do findar a existência. 

Na antiguidade, a prática da cremação provinha de duas razões diferentes: a necessidade de trazer de volta os soldados mortos, para receberem sepultura em sua pátria, como ocorria entre os gregos; ou por convicções religiosas, como entre os escandinavos, que acreditavam assim libertar o espírito de seu invólucro carnal e evitar que o morto pudesse causar algum mal aos vivos.  

Era prática judaica enterrar os mortos na terra ou em túmulos de pedra. Não era costume judeu cremar os corpos e contemplavam essa prática com horror. Os cristãos seguiram o exemplo judaico no que concerne ao respeito aos mortos. Aceitavam o ensino de que o corpo do cristão é o Templo do Espírito Santo e, como tal, deveria ser respeitosamente enterrado. Os cristãos primitivos procuravam sepultar seus mortos num mesmo lugar, dando a esse lugar o título de cemitério, cujo significado é dormitório. 

O Cristianismo sustenta claramente que os mortos ressuscitarão e a sua identidade pessoal será restaurada em plenitude. Por isso, a Igreja sempre se opôs à cremação dos corpos de seus fiéis, ao passo que sempre permitiu uma certa variedade de enterros, seja a princípio dentro de igrejas no caso dos mártires, ou nos jardins das igrejas, em solos consagrados fora da cidade ou mesmo em cemitérios seculares.  

Atualmente, a Igreja Católica não põe qualquer objeção à cremação, mas dá preferência ao sepultamento. O que deve ser garantido é que a cremação não seja expressão de oposição à esperança na ressurreição.  

Contudo, a Igreja exorta que não se esparjam as cinzas dos católicos na natureza. O corpo é concreto e é um sinal sensível. O que resta do corpo é um sinal de referência. Daí o valor de conservar com respeito as cinzas e de não as dispersar.  Prefere-se que a urna que contém as cinzas seja depositada em local apropriado, sejam em columbários, espaços apropriados para deixar as urnas, em locais especiais. Igualmente é desejável que o católico coloque a urna num cemitério, no túmulo de algum parente. Enfim, há igrejas que dispõem de locais para essa finalidade, como o subsolo da Basílica da Medianeira em Santa Maria.   

Na morte nós voltamos para Deus e não para a natureza. É outra razão simbólica para que as cinzas não sejam espalhadas, embora o Criador possa reconhecer os seus sem que, nem o fogo que incinerou os corpos e nem o verde da natureza que os absorveu, possa impedir.  

De qualquer forma, cuidar do corpo dos mortos é uma prática cristã antiga.  Em sua obra De Cura pro Defunctis Gerenda, (sobre os cuidados que se deve ter pelos mortos), Santo Agostinho declara que embora o morto não saiba o que está acontecendo na terra, as observâncias dos ritos funerais indiretamente proporcionam-lhes benefícios na medida em que os vivos que visitam suas tumbas são levados a recordá-los e orar por eles.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O Papa: enfrentar os riscos climáticos reduzindo as emissões

O Papa Francisco fez novo apelo para proteger as pessoas e o Planeta | Vatican News

Mensagem do Pontífice aos participantes da Conferência "Resiliência de Pessoas e Ecossistemas sob Estresse Climático", organizada no Vaticano pela Pontifícia Academia das Ciências para analisar o impacto das mudanças climáticas e buscar soluções práticas que possam ser implementadas com o objetivo de aumentar a resiliência das pessoas e dos ecossistemas.

Amedeo Lomonaco – Vatican News

Que tipo de mundo queremos para nós mesmos e para aqueles que virão depois de nós? Esta é a pergunta crucial que acompanha a mensagem do Papa Francisco feita aos participantes da Conferência organizada pela Pontifícia Academia das Ciências, programada no Vaticano nos dias 13 e 14 de julho, focada no tema "Resiliência de Pessoas e Ecossistemas sob Estresse Climático". No documento, o Pontífice ressalta que "o fenômeno das mudanças climáticas se tornou uma emergência que não permanece mais à margem da sociedade" e assumiu um papel central afetando a família humana, "especialmente os pobres e aqueles que vivem nas periferias econômicas do mundo".

Reduzir as emissões

Na mensagem, o Papa lembra que hoje enfrentamos dois desafios: o de "diminuir os riscos climáticos reduzindo as emissões" e o de ajudar as pessoas a "se adaptarem às mudanças climáticas". Depois de recordar alguns ensinamentos bíblicos, Francisco enfatiza que o cuidado de nossa Casa comum, independentemente das considerações sobre os efeitos das mudanças climáticas, "não é simplesmente um esforço utilitário, mas uma obrigação moral para todos os homens e mulheres como filhos de Deus". Esses desafios exigem que pensemos numa abordagem multidimensional para proteger tanto os indivíduos quanto nosso planeta.

O caminho da conversão ecológica

Francisco indica, em particular, uma estrada para cuidar da Casa comum: a da "conversão ecológica" que requer uma mudança de mentalidade e um compromisso de trabalhar pela resiliência das pessoas e dos ecossistemas. Esta conversão requer, acima de tudo, um sentimento de "gratidão" pelo amor e generoso dom da criação de Deus. Também requer reconhecer que estamos unidos "numa comunhão universal" entre nós e com o resto das criaturas do mundo. E também implica uma exigência: a de "enfrentar problemas ambientais não como indivíduos isolados, mas em solidariedade como comunidade".

Que as nações mais desenvolvidas deem o exemplo

Encontrar soluções concretas para os problemas atuais requer "esforços corajosos, cooperativos e prospectivos entre líderes religiosos, políticos, sociais e culturais nos âmbitos local, nacional e internacional". O Papa pensa, em particular, no papel que "as nações economicamente favorecidas podem desempenhar na redução de suas emissões" e na prestação de assistência financeira e tecnológica, para que as áreas menos prósperas do mundo possam seguir seu exemplo. Na mensagem Francisco também ressalta que é fundamental "o acesso à energia limpa e à água potável, apoio aos agricultores de todo o mundo, para que passem para uma agricultura resiliente". Também é crucial o compromisso com "percursos de desenvolvimento sustentáveis e estilos de vida sóbrios" voltados para a preservação dos recursos naturais do mundo e para os cuidados de saúde dos mais pobres e vulneráveis.

Tudo está conectado

O Pontífice expressa então duas preocupações: "a perda da biodiversidade e numerosas guerras em andamento em várias regiões do mundo", que implicam consequências prejudiciais para a sobrevivência e o bem-estar do ser humano, incluindo problemas de segurança alimentar e poluição crescente. Essas crises, aliadas à do clima, mostram que "tudo está conectado" e que promover o bem comum é "essencial para uma autêntica conversão ecológica". O Papa lembra que, por essas razões, aprovou a adesão da Santa Sé à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas e ao Acordo de Paris. Retomando um trecho da Encíclica Laudato si', Francisco escreve: "Enquanto a humanidade do período pós-industrial talvez seja lembrada como uma das mais irresponsáveis da história, espera-se que a humanidade do início do século XXI possa ser lembrada por ter assumido generosamente suas responsabilidades".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 12 de julho de 2022

Bispos reforçam, em mensagem, o clamor para cessar o ensurdecedor barulho dos tiros que ceifam vidas

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BISPOS REFORÇAM, EM MENSAGEM, O CLAMOR PARA CESSAR O ENSURDECEDOR BARULHO DOS TIROS QUE CEIFAM VIDAS

Sobre o episódio que resultou na morte do guarda municipal Marcelo Aloizio de Arruda, 50, no último sábado, 9 de julho, em Foz do Iguaçu (PR), o arcebispo de Belo Horizonte (MG) e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Walmor Oliveira de Azevedo, afirmou que a “insanidade que transforma uma festa de aniversário, momento de alegria e fraternidade, em cenário de violência e morte não deve ser a referência para o exercício da cidadania no Brasil”. O presidente da CNBB chama a atenção que todos precisam se unir em torno a um compromisso pela paz para que o país se torne mais justo, solidário e fraterno.

Preocupados com o cenário de violência, no último dia 22 de junho, os bispos que integram o Conselho Permanente da CNBB divulgaram uma mensagem ao povo brasileiro com o apelo: “Um clamor pela Paz”. O texto foi aprovado por unanimidade pelos prelados durante a reunião do órgão que é constituído pela presidência da CNBB, pelos presidentes das Comissões Episcopais Pastorais (CONSEP) e pelos membros dos Conselhos Episcopais Regionais (CONSER), os 19 regionais da entidade.

Na mensagem, os membros do Conselho Permanente afirmam que nestes tempos, faz-se urgente escutar as vozes de tantos que, vitimados por variadas formas de violência, clamam por justiça e paz. Salientam que as realidades violência não podem ser naturalizadas e que é impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs.

Para os bispos urge não fechar os olhos diante da “loucura da corrida armamentista no Brasil” (…).

“A violência precisa ser estancada. Diante de tantas situações que nos envergonham, nós, bispos do Conselho Permanente da CNBB, voltamos a erguer nossa voz para denunciar a violência e solidariamente clamar por paz. Unimo-nos a todas as pessoas e entidades que, de coração sincero, se empenham nessa direção. Enxergamos nesse esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos permite desanimar, nem nos deixa enredar pelas artimanhas do mal, por mais astuciosas e aparentemente convincentes que possam ser”.

Por isso, na responsabilidade da missão de pastores, os bispos expressam uma palavra de esperança ao povo brasileiro: “aos sofredores, que não desistam, aos que têm poder de cuidar, defender e promover o bem comum, que não se omitam e aos que diretamente ferem e destroem a paz, que se convertam!”.

“Unamo-nos em favor da verdadeira paz! Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar! O Bom Deus escuta os clamores de seu povo! Que a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha da Paz, interceda sempre pelo Brasil e pelo mundo”.

Confira a mensagem do Conselho Permanente a todo o povo brasileiro na íntegra:

UM CLAMOR PELA PAZ

Eu ouvi os clamores do meu povo. (Ex 3,7)

A paz de Jesus Cristo, que proporciona vida em abundância e alegria plena, é um dom precioso de Deus e desejo de todo o ser humano de boa vontade. Contudo, infelizmente, nosso mundo escuta hoje os estrondos da guerra, os gemidos da fome, o ensurdecedor barulho dos tiros que ceifam vidas e ecoam no choro das vítimas e de seus familiares. Soma-se a isso a indiferença, que fecha olhos e corações, as desculpas para nada fazer e as fake-news em seu esforço por tudo encobrir em cortinas de fumaça.

As guerras vão-se multiplicando cruelmente em diversas regiões do mundo, somando-se às abomináveis e impactantes cenas que nos chegam da Ucrânia através da mídia. São invisíveis os conflitos como em Moçambique, Iêmen, Etiópia, Haiti, Mianmar, entre tantos outros, que assumem hoje os contornos de uma “terceira guerra mundial por pedaços” (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 25).

Nestes tempos, faz-se urgente escutar as vozes de tantos que, vitimados por variadas formas de violência, clamam por justiça e paz. Esta realidade não pode ser naturalizada. É impossível aceitar o extermínio de irmãos e irmãs. Seus corpos sem vida clamam por justiça e responsabilização. Suas memórias e seus sonhos de paz devem permanecer vivos entre nós.

A desigualdade social, gerada pela concentração de renda, os conflitos religiosos, o ataque sistemático aos territórios dos povos tradicionais, o desprezo e o rechaço aos migrantes e o flagelo da fome são algumas das formas da violência estrutural visibilizada nos tempos de hoje.

Urge não fechar os olhos diante da loucura da corrida armamentista no Brasil. O número de caçadores, atiradores e colecionadores de armas de fogo (CACs), aumentou 325% de 2018 a 2021. “O gasto com armas é um escândalo, suja o coração, suja a humanidade” (Papa Francisco, 21 de março de 2022), particularmente quando alimentado por discursos fundamentalistas, inclusive religiosos, que transformam adversários em inimigos e comprometem a fraternidade.

A violência precisa ser estancada. Diante de tantas situações que nos envergonham, nós, bispos do Conselho Permanente da CNBB, voltamos a erguer nossa voz para denunciar a violência e solidariamente clamar por paz. Unimo-nos a todas as pessoas e entidades que, de coração sincero, se empenham nessa direção. Enxergamos nesse esforço o Espírito do Deus da Vida que não nos permite desanimar, nem nos deixa enredar pelas artimanhas do mal, por mais astuciosas e aparentemente convincentes que possam ser.

A vida é o maior dom! Cuidar responsavelmente da vida implica trabalhar artesanalmente pela paz (Papa Francisco, Fratelli Tutti, 225), a justiça social e o bem comum, sempre no respeito pelas diferenças, valorizando a liberdade religiosa e a verdade, dialogando até a exaustão, pois tudo isso é condição para a verdadeira paz.

Por isso, na responsabilidade de nossa missão de pastores, queremos expressar nossa palavra de esperança: aos sofredores, que não desistam, aos que têm poder de cuidar, defender e promover o bem comum, que não se omitam e aos que diretamente ferem e destroem a paz, que se convertam!

Unamo-nos em favor da verdadeira paz! Não nos deixemos abater! Não nos deixemos frustrar! O Bom Deus escuta os clamores de seu povo! Que a Bem-aventurada Virgem Maria, Rainha da Paz, interceda sempre pelo Brasil e pelo mundo.

Brasília-DF, 22 de junho de 2022.

 

Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte – MG
Presidente da CNBB

Dom Jaime Spengler. OFM
Arcebispo de Porto Alegre – RS
Primeiro Vice-Presidente da CNBB

Dom Mário Antônio da Silva
Arcebispo de Cuiabá – MT
Segundo Vice-Presidente da CNBB

Dom Joel Portella Amado
Bispo auxiliar da Arquidiocese de São
Sebastião do Rio de Janeiro – RJ
Secretário Geral da CNBB

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Grande massacre contra cristãos fez aniversário neste fim de semana

Jan-Baptist Huysmans / Domínio Público
Por Francisco Vêneto

"O pesquisador relatou que os criminosos tentaram fazer os cristãos renunciarem à sua fé. Como eles resistiram, ofereceram-lhes riquezas, igualmente recusadas. Então os martirizaram."

Um grande massacre contra cristãos fez aniversário neste fim de semana: 162 anos. E, novamente, foi um aniversário que passou em brancas nuvens para a maior parte dos meios de comunicação.

Já havia sido assim, e ainda pior, em julho de 2020: na mesma semana em que se recordavam os 160 anos de um dos mais brutais massacres de cristãos da história contemporânea, a Turquia voltava a transformar a histórica basílica de Santa Sofia em mesquita. A indiferença oficial para com a tragédia também se estendeu, sem surpresas, à autodeclarada “grande mídia” internacional, que mal se incomodou em dar algum destaque a uma das maiores carnificinas perpetradas pelo Império Otomano contra os cristãos em séculos.

A guerra civil de 1860 começou no Monte Líbano, então pertencente àquele vasto império territorial cuja capital era Istambul, na moderna Turquia. O estopim foi a rebelião dos camponeses cristãos maronitas libaneses contra o domínio dos drusos, minoria religiosa autônoma cuja fé guarda certa relação com o islã, embora não sejam reconhecidos como muçulmanos. As batalhas se estenderam até a cidade de Damasco, capital da Síria atual, onde ocorreu uma chacina de cristãos apoiada por autoridades militares, soldados turcos otomanos, outros grupos drusos e paramilitares sunitas.

O horror durou três dias, de 9 a 11 de julho, mas o dia 9 é recordado como o mais sangrento: milhares de cristãos foram mortos naquela data, assim como foram devastadas e incendiadas igrejas, escolas cristãs, conventos e até mesmo vilas inteiras. O massacre obrigou milhares de pessoas a fugirem e levou à ocupação do território sírio por tropas francesas.

O historiador espanhol José Ramón Hernández Figueiredo, doutor em História Eclesiástica pela Pontifícia Universidade Gregoriana de Roma, comentou o motivo do massacre em declarações à agência de notícias ACI Digital:

“Naquele ano, o sultão [do Império Otomano] emitiu um decreto pelo qual todos os súditos tinham os mesmos direitos em impostos e ocupação de cargos públicos. Os maometanos ficaram indignados, porque consideravam os cristãos entre raças inferiores excluídas da lei durante doze séculos”.

O historiador recorda que quase 6 mil cristãos foram mortos, mutilados ou sofreram abusos em vários povoados do atual Líbano. Na manhã de 9 de julho, os drusos chegaram a Damasco na vigília do Ramadã e começaram a matança atacando o bairro cristão de Arat-el-Nassara, onde o número de mortos, em três dias, chegou a 3 mil.

O emir argelino Abb-al-Kadar, embora fosse grande defensor do islã, deu asilo a 1.500 cristãos. Entre os refugiados havia religiosas Filhas da Caridade e religiosos jesuítas, paulinos e franciscanos, que chegaram a sofrer tortura nas mãos da multidão violenta. Os franciscanos foram atormentados com o facão dos beduínos e com as baionetas dos turcos. José Ramón Hernández complementou:

“Cada assassinato era recebido com imensa alegria por aquela multidão, ansiosa por exterminar”.

O pesquisador relatou que os criminosos tentaram fazer os cristãos renunciarem à sua fé. Como eles resistiram, ofereceram-lhes riquezas, igualmente recusadas. Então os martirizaram.

O historiador recorda que estava entre as vítimas o pe. Engelbert, que se negou “de forma decidida e tenaz a pisar na cruz do Redentor, protestando em língua árabe contra os atos de selvageria dos partidários de Maomé presenciados por ele, suportando e perdoando, como Deus manda perdoar os inimigos da Igreja”.

A Igreja reconhece vários santos e beatos mártires desse massacre, que, porém, não foi o único nem o último perpetrado pelo Império Otomano. No artigo abaixo, conheça mais sobre o genocídio cometido contra os cristãos armênios, cujo ápice ocorreu em 1915, durante a I Guerra Mundial e já nos anos finais daquele império em decadência.

Em 10 de julho de 2020, em pleno aniversário de 160 anos do massacre otomano contra os cristãos maronitas, o atual presidente da Turquia, república que veio a substituir o antigo Império Otomano, decretou que a histórica basílica de Santa Sofia voltasse a ser transformada em mesquita.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF