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terça-feira, 26 de julho de 2022

O dom das lágrimas, uma graça esquecida

goffkein.pro | Shutterstock
Por Marzena Devoud

Por que temos de esconder as nossas lágrimas? Por que chorar em público é tão embaraçoso? De acordo com a tradição cristã, as lágrimas são uma grande graça de Deus. Um magnífico dom que hoje foi esquecido...

Quando foi a última vez que você chorou? Essa pergunta e a sua resposta deixam a maioria das pessoas desconfortáveis. “É espantoso admiti-lo, mas durante a missa fúnebre da minha mãe, concentrei-me com todas as minhas forças para não me partir, ou seja, para não chorar. Tive de ‘manter a calma’, ser digna, acompanhar a família, amigos e conhecidos. No entanto, uma pequena voz dentro de mim dizia-me que eu estava no caminho errado. Estava claramente a sugerir que era bom deixar fluir as lágrimas. No final da missa, as lágrimas finalmente transbordaram. Era como se fossem a única coisa que me podia consolar, e sobretudo reconectar-me a Deus e… à minha mãe, que tinha ido estar com Ele”, diz Madeleine, uma pediatra de Lille de 49 anos, à Aleteia.

Mas por que essa expressão de intimidade é tão perturbadora? Por que não é bem recebida? Porque é que temos olhos secos nos dias de hoje? Por que, curiosamente, esta atitude é relativamente nova. Por que não aprendemos a chorar em público, quando toda a tradição espiritual cristã valoriza as lágrimas? Seja de pesar, saudade ou alegria, as lágrimas são tão importantes que o cristianismo as considera um dom, mesmo uma grande graça de Deus.

O significado das lágrimas

Para Piroska Nagy, autor de The Gift of Tears in the Middle Ages (Albin Michel), um estudo baseado em textos da Bíblia, nos escritos dos Padres da Igreja e nas regras dos monges que fundaram ordens e confrarias, é tempo de compreender o significado das lágrimas, que parece ter-se perdido desde então.

“Bem-aventurados os que choram, pois serão consolados. É a partir deste ditado fundador que reconhecemos que as lágrimas são um magnífico dom. Como ela explica no seu livro, desde o seu início, o Cristianismo recomendava o choro para purificar a alma. Na Idade Média, muitas pessoas derramavam lágrimas em abundância e aspiravam à graça divina do choro. Isto significa que na espiritualidade medieval, as lágrimas, naturalmente ligadas à expressão de tristeza ou sofrimento, simbolizam a bem-aventurança e união com Deus. Pois Deus é encarnado na vida quotidiana de cada pessoa.

Cristo, que chora três vezes no Evangelho (depois de ter visto o corpo de um amigo próximo, Lázaro; à vista de Jerusalém; e finalmente no Jardim das Oliveiras antes da sua crucificação), leva as lágrimas dos homens para o seu interior.

“Jesus fez-se um de nós, por isso sinto que as nossas lágrimas estão incluídas nas suas. Ele transporta-as. Quando chora, chora de uma vez por todas as lágrimas de todos. E se Deus chora, sim, há uma ligação entre Deus e as lágrimas. Os autores da Idade Média não se enganaram, pois falam do “dom das lágrimas”, explica Anne Lécu, autora de Des Larmes (Cerf), numa entrevista ao La Croix.

O “dom das lágrimas”, um dom de Deus

O dom das lágrimas é mesmo um dom? Sim, muito provavelmente, porque as lágrimas manifestam a presença de alguém: “É um atestado de que há mais em nós do que nós”, explica o padre jesuíta Dominique Salin, à KTO.

“Nas lágrimas, há algo maior, algo que vem do Outro. Este lugar da presença de Deus é um dom para cada pessoa, crente ou não. E se o próprio Deus chora, é porque as lágrimas são um caminho para Ele”, continua ele. Para os Padres do Deserto, não havia dúvidas: o “dom das lágrimas”, que tem a sua fonte tanto no Antigo como no Novo Testamento, é uma verdadeira forma de oração. Uma oração que lava os olhos e purifica a alma.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Santa Ana e São Joaquim

S. Joaquim e Sta. Ana | arquisp
26 de julho

Santa Ana e São Joaquim

Ana e seu marido Joaquim já estavam com idade avançada e ainda não tinham filhos. O que, para os judeus de sua época, era quase um desgosto e uma vergonha também. Os motivos são óbvios, pois os judeus esperavam a chegada do messias, como previam as sagradas profecias.

Assim, toda esposa judia esperava que dela nascesse o Salvador e, para tanto, ela tinha de dispor das condições para servir de veículo aos desígnios de Deus, se assim ele o desejasse. Por isso a esterilidade causava sofrimento e vergonha e é nessa situação constrangedora que vamos encontrar o casal.

Mas Ana e Joaquim não desistiram. Rezaram por muito e muito tempo até que, quando já estavam quase perdendo a esperança, Ana engravidou. Não se sabe muito sobre a vida deles, pois passaram a ser citados a partir do século II, mas pelos escritos apócrifos, que não são citados na Bíblia, porque se entende que não foram inspirados por Deus. E eles apenas revelam o nome dos pais da Virgem Maria, que seria a Mãe do Messias.

No Evangelho, Jesus disse: "Dos frutos conhecereis a planta". Assim, não foram precisos outros elementos para descrever-lhes a santidade, senão pelo exemplo de santidade da filha Maria. Afinal, Deus não escolheria filhos sem princípios ou dignidade para fazer deles o instrumento de sua ação.

Maria, ao nascer no dia 8 de setembro de um ano desconhecido, não só tirou dos ombros dos pais o peso de uma vida estéril, mas ainda recompensou-os pela fé, ao ser escolhida para, no futuro, ser a Mãe do Filho de Deus.

A princípio, apenas santa Ana era comemorada e, mesmo assim, em dias diferentes no Ocidente e no Oriente. Em 25 de julho pelos gregos e no dia seguinte pelos latinos. A partir de 1584, também são Joaquim passou a ser cultuado, no dia 20 de março. Só em 1913 a Igreja determinou que os avós de Jesus Cristo deviam ser celebrados juntos, no dia 26 de julho.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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O Papa: peço perdão pelo mal cometido por tantos cristãos contra os povos indígenas

O Papa pede perdão | Vatican News

"Estou aqui, porque o primeiro passo desta peregrinação penitencial no meio de vós é o de vos renovar o pedido de perdão e dizer com todo o coração que o deploro profundamente: peço perdão pelas formas em que muitos cristãos, infelizmente, apoiaram a mentalidade colonizadora das potências que oprimiram os povos indígenas", disse Francisco em seu discurso.

https://youtu.be/RY2ou_eX5kA

Vatican News

O Papa Francisco fez seu primeiro discurso em terras canadenses, nesta segunda-feira (25/07), no encontro com os povos indígenas das Primeiras Nações, Métis e Inuítes, em Maskwacis, área localizada na região central de Alberta, a cerca de 70 km ao sul da cidade de Edmonton.

Em seu discurso, o Pontífice ressaltou que aguardava o momento de estar ali junto com os indígenas. "Quero iniciar daqui, deste lugar tristemente evocativo, o que tenho em mente de fazer: uma peregrinação penitencial. Chego às vossas terras nativas para vos expressar, pessoalmente, o meu pesar, implorar de Deus perdão, cura e reconciliação, manifestar-vos a minha proximidade, rezar convosco e por vós", disse Francisco.

Encontros realizados no Vaticano

A seguir, o Papa recordou os encontros realizados há quatro meses, em Roma. "Naquela altura, foram-me entregues dois pares de mocassins, sinal das tribulações sofridas pelas crianças indígenas, particularmente por aquelas que, infelizmente, não mais regressaram a casa das escolas residenciais. Pediram-me para restituir os mocassins quando chegasse ao Canadá; o farei no final destas palavras, inspiradas precisamente neste símbolo que foi reavivando em mim, nos meses passados, o pesar, a indignação e a vergonha. A recordação daqueles meninos infunde consternação e incita a agir para que toda a criança seja tratada com amor, veneração e respeito. Mas estes mocassins falam-nos também dum caminho, dum percurso que desejamos fazer juntos. Caminhar juntos, rezar juntos, trabalhar juntos, para que os sofrimentos do passado deem lugar a um futuro de justiça, cura e reconciliação."

O Papa frisou que a primeira etapa da sua peregrinação se realiza "nesta região que conhece, desde tempos imemoráveis, a presença das populações indígenas. É um território que nos fala, que permite fazer memória".

Francisco recordou que os indígenas viveram "neste território, durante milhares de anos, com estilos de vida que respeitaram a própria terra, herdada das gerações passadas e guardada para as futuras". Eles a trataram como "um dom do Criador que há de ser partilhado com os outros e amado na harmonia com tudo o que existe, numa interconexão vital de todos os seres vivos". Aprenderam a "nutrir um sentido de família e de comunidade, e desenvolveram laços sólidos entre as gerações, honrando os idosos e cuidando dos pequeninos. Quantos bons costumes e ensinamentos, centrados na atenção pelos outros e no amor pela verdade, na coragem e no respeito, na humildade e na honestidade, na sabedoria de vida!"

As políticas de assimilação foram devastadoras

"Repenso o drama sofrido por muitos de vós, pelas vossas famílias, pelas vossas comunidades; repenso o que partilhastes comigo sobre as tribulações sofridas nas escolas residenciais. Mas é justo fazer memória, porque o esquecimento leva à indiferença e, como já foi dito, «o contrário do amor não é o ódio, é a indiferença (...), o contrário da vida não é a morte, mas a indiferença face à vida ou à morte». Fazer memória das experiências devastadoras que aconteceram nas escolas residenciais impressiona, indigna e entristece, mas é necessário", disse ainda o Papa.

É necessário recordar como as políticas de assimilação e alforria, que incluíam o sistema das escolas residenciais, foram devastadoras para as pessoas destas terras. Quando os colonizadores europeus chegaram aqui pela primeira vez, eles se depararam com a grande oportunidade de desenvolver um encontro fecundo entre culturas, tradições e espiritualidades. Mas isso, em grande parte, não aconteceu. E voltam-me à mente os vossos relatos: de como as políticas de assimilação acabaram por marginalizar sistematicamente os povos indígenas; de como as vossas línguas e culturas, também através do sistema das escolas residenciais, foram denegridas e suprimidas; de como as crianças foram submetidas a abusos físicos e verbais, psicológicos e espirituais; de como foram levadas de suas casas quando eram pequeninas e de como isso afetou indelevelmente a relação entre os pais e os filhos, os avós e os netos.

As cruzes no cemitério de Maskwacìs

Perdão pela mentalidade colonizadora

A seguir, o Papa agradeceu por terem "feito entrar no coração tudo isto, por terdes mostrado os fardos pesados que carregais no vosso íntimo, por terdes partilhado comigo esta memória sanguinolenta. Encontro-me hoje nesta terra que, junto com uma memória antiga, guarda as cicatrizes de feridas ainda abertas".

Estou aqui, porque o primeiro passo desta peregrinação penitencial no meio de vós é o de vos renovar o pedido de perdão e dizer com todo o coração que o deploro profundamente: peço perdão pelas formas em que muitos cristãos, infelizmente, apoiaram a mentalidade colonizadora das potências que oprimiram os povos indígenas.

“Sinto pesar. Peço perdão, em particular pelas formas em que muitos membros da Igreja e das comunidades religiosas cooperaram, inclusive através da indiferença, naqueles projetos de destruição cultural e assimilação forçada dos governos de então, que culminaram no sistema das escolas residenciais.”

A seguir o Papa disse que, "embora estivesse presente a caridade cristã e tivesse havido não poucos casos exemplares de dedicação às crianças, as consequências globais das políticas ligadas às escolas residenciais foram catastróficas. A fé cristã nos diz que se tratou dum erro devastador, incompatível com o Evangelho de Jesus Cristo. Perante este mal que indigna, a Igreja ajoelha-se diante de Deus e implora o perdão para os pecados dos seus filhos. Desejo reiterá-lo claramente e com vergonha: peço humildemente perdão pelo mal cometido por tantos cristãos contra as populações indígenas".

Na igreja dedicada a Nossa Senhora das Sete Dores, o Papa Francisco abençoa uma
longa faixa com os nomes das crianças das escolas residenciais | Vatican News

O Papa recordou que muitos representantes indígenas "afirmaram que o pedido de desculpa não é ponto de chegada". "Concordo plenamente: constituem apenas o primeiro passo, o ponto de partida. Parte importante deste processo é efetuar uma busca séria da verdade sobre o passado e ajudar os sobreviventes das escolas residenciais a empreender percursos de cura dos traumas sofridos".

Acolher e respeitar os povos indígenas

Francisco reza e espera "que os cristãos e a sociedade desta terra cresçam na capacidade de acolher e respeitar a identidade e a experiência das populações indígenas. Faço votos de que se encontrem vias concretas para as conhecer e apreciar, aprendendo a caminhar todos juntos. Da minha parte, continuarei a encorajar o compromisso de todos os católicos em favor dos povos indígenas. Já o fiz noutras ocasiões e em vários lugares, por meio de encontros, apelos e mesmo através duma Exortação Apostólica. Sei que tudo isto requer tempo e paciência: trata-se de processos que devem penetrar nos corações, e a minha presença aqui e o compromisso dos Bispos canadenses dão testemunho da vontade de avançar por este caminho".

"Deixemos que o silêncio nos ajude, a todos, a interiorizar o pesar. Silêncio. E oração: frente ao mal, rezamos ao Senhor do bem; frente à morte, rezamos ao Deus da vida. Dum túmulo, termo último da esperança perante o qual se desvaneceram todos os sonhos ficando apenas pranto, pesar e resignação, o Senhor Jesus Cristo fez o lugar do renascimento, da ressurreição, donde partiu uma história de vida nova e reconciliação universal. Não bastam os nossos esforços para curar e reconciliar, é precisa a sua graça: precisamos da sabedoria serena e forte do Espírito, da ternura do Consolador. Seja Ele a preencher as expetativas dos corações. Seja Ele a tomar-nos pela mão. Seja Ele a fazer-nos caminhar juntos", concluiu o Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

segunda-feira, 25 de julho de 2022

Das Homilias sobre Mateus, de São João Crisóstomo, bispo

S. João Crisóstomo | Aleteia

Das Homilias sobre Mateus, de São João Crisóstomo, bispo
(Hom. 65,2-4:PG58,619-622)            (Séc. IV)

Participantes da paixão de Cristo

Os filhos de Zebedeu pedem a Cristo: Deixa-nos sentar um à tua direita e outro, à tua esquerda (Mc 10,37). Que resposta lhes dá o Senhor? Para mostrar que no seu pedido nada havia de espiritual, e se soubessem o que pediam não teriam ousado fazê-lo, diz: Não sabeis o que estais pedindo (Mt 20,22), isto é, não sabeis como é grande, admirável e superior aos próprios poderes celestes aquilo que pedis. Depois acrescenta: Por acaso podeis beber o cálice que eu vou beber? (Mt 20,22). É como se lhes dissesse: “Vós me falais de honras e de coroas; eu, porém, de combates e de suores. Não é este o tempo das recompensas, nem é agora que minha glória há de se manifestar. Mas a vida presente é de morte violenta, de guerra e de perigos”.

Reparai como o Senhor os atrai e exorta, pelo modo de interrogar. Não perguntou: “Podeis suportar os suplícios? podeis derramar vosso sangue? Mas indagou: Por acaso podeis beber o cálice? E para os estimular, ainda acrescentou: que eu vou beber? Assim falava para que, em união com ele, se tornassem mais decididos. Chama sua paixão de batismo, para dar a entender que os sofrimentos haviam de trazer uma grande purificação para o mundo inteiro. Então os dois discípulos lhe disseram: Podemos (Mt 20,22). Prometem imediatamente, cheios de fervor, sem perceber o alcance do que dizem, mas com a esperança de obter o que pediam.

Que afirma o Senhor? De fato, vós bebereis do meu cálice (Mt 20,23), e sereis batizados com o batismo com que eu devo ser batizado (Mc 10,39). Grandes são os bens que lhes anuncia, a saber: “Sereis dignos de receber o martírio e sofrereis comigo; terminareis a vida com morte violenta e assim participareis da minha paixão”. Mas não depende de mim conceder o lugar à minha direita ou à minha esquerda. Meu Pai é quem dará esses lugares àqueles para os quais ele os preparou (Mt 20,23). Somente depois de lhes ter levantado os ânimos e de tê-los tornado capazes de superar a tristeza é que corrigiu o pedido que fizeram.

Então os outros dez discípulos ficaram irritados contra os dois irmãos (Mt 20,24). Vedes como todos eles eram imperfeitos, tanto os que tentavam ficar acima dos outros, como os dez que tinham inveja dos dois? Mas, como já tive ocasião de dizer, observai-os mais tarde e vereis como estão livres de todos esses sentimentos. Prestai atenção como o mesmo apóstolo João, que se adianta agora por este motivo, cederá sempre o primeiro lugar a Pedro, quer para usar da palavra, quer para fazer milagres, conforme se lê nos Atos dos Apóstolos. Tiago, porém, não viveu muito mais tempo. Desde o princípio, pondo de parte toda aspiração humana, elevou-se a tão grande santidade que bem depressa recebeu a coroa do martírio.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

A luz do sacramento no túnel escuro da culpa

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Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Uma objeção que muitos fazem ao catolicismo é que Deus não precisa de rituais para nos perdoar ou nos amar. Mas tem um detalhe nisso.

Recebi, de uma amiga, um post que ela havia encontrado nas redes sociais, referindo-se à paróquia de um padre que também é nosso amigo. O post, feito por uma pessoa que não conheço, comentava o fato de nosso amigo padre estar sempre disponível para a confissão e dizia “se as paróquias seguissem o exemplo da paróquia ***, o catolicismo no Brasil não apenas sobreviveria, mas seria uma luz para o mundo” (omito o nome da paróquia para não fazer publicidade de meu amigo e também porque sei que muitas outras paróquias mereceriam ser citadas numa postagem assim).

O episódio me lembrou o caso de um jornalista, ateu e de família não católica, que teve, há muitos anos, que fazer uma reportagem sobre a Igreja Católica. Na apuração da matéria, ouviu várias alusões à confissão. Sem nenhuma referência anterior, veio me perguntar o que era essa tal de confissão. Quando expliquei, ele comentou comigo: “Mas que coisa avançada! Vocês católicos adotaram isso depois de lerem Freud?”. A pergunta chega a ser cômica, mas demonstra como a Igreja está repleta de tesouros cheios de humanidade, que nós mesmos nem sempre valorizamos por nos termos habituado a eles.

O túnel da consciência

O escritor Arthur Koestler (1905-1983), em seu livro Cruzada sem cruz (Progresso Editorial, 1948), conta um sonho emblemático de seu protagonista. Ele está num trem lotado, que adentra um túnel escuro e profundo, no final do qual está um tribunal, onde todos os passageiros serão julgados. Na fila dos réus, um declara “Vivi toda a minha vida comendo do bom e do melhor, aproveitando todos os prazeres que a vida podia me dar” — e é inocentado pelo juiz. Outro diz “Dei tudo que tinha aos pobres, vivendo só com um pão e um copo de leite todos os dias”, ao que o juiz replica “Enquanto isso, uma criança morria de fome por não ter um pedaço de pão e um copo de leite. Você está condenado”.

O sonho é uma analogia à consciência humana. Por melhores que sejamos, nunca iremos nos livrar da culpa que sentimos pelos erros, grandes ou pequenos, intencionais ou acidentais, que cometemos ao longo da vida. Na parábola de Koestler, viver de forma amoral, como o primeiro réu viveu, pode parecer uma solução. Na continuação da história, porém, o protagonista perceberá que, para viver assim, terá que renegar qualquer sentido para sua vida, tudo que o torna realmente humano. Preferirá continuar com sua “cruzada sem cruz”, a viver de uma tranquilidade e um prazer vazios.

Uma certa leitura simplista da psicologia tentará vender a ideia de que basta nos livrarmos dessa culpa quase atávica para sermos felizes. É fato que, infelizmente, muitas vezes a educação reforça os sentimentos de culpa e inferioridade moral, gerando pessoas inseguras e infelizes. Superar esses sentimentos negativos pode ser fundamental para que elas possam se realizar na vida e terapias podem ser fundamentais para isso. Contudo, existem alguns aspectos da culpa e da nossa autoconsciência que não podem ser eliminados sem que percamos também a nossa própria humanidade, como percebeu o protagonista de Cruzada sem cruz.

É nesse momento que o sacramento da penitência nos mostra toda a sua força humanizadora. Uma objeção pertinente que muitos fazem ao catolicismo é que Deus não precisa de rituais para nos perdoar ou nos amar. É verdade. Ele poderia fazer essas coisas sem nenhum ato visível nosso – aliás, Deus deve fazê-las muitas vezes, sem que percebamos. Somos nós, seres materiais e incoerentes, que nem sabemos como pedir (cf. Ro 8, 26; Tg 4, 3), que precisamos destes gestos visíveis para perceber o amor de Deus por nós e nos livrarmos da forma mais positiva possível o sentimento de culpa. Melhor do que ignorar o erro, acreditar que não existiu ou que era uma fatalidade, é saber que existe um amor maior que contnuará sendo dado a nós, mesmo que tenhamos errado.

Um mundo que ainda não conhece o perdão

Ainda hoje, após vinte séculos de cristianismo, o sacramento da penitência permanece como um dado radicalmente diverso de nosso modo de ver as coisas. Vivemos num mundo que está sempre à caça de culpados pelas desgraças que acontecem, que não consegue conciliar justiça com perdão, que imagina a misericórdia como uma experiência aviltante. Por isso, continuamos precisando desesperadamente do sacramento penitencial para entrarmos no contexto da misericórdia e percebermos um outro modo de viver as coisas, um modo no qual o fardo se torna leve (Mt 11, 30), ao mesmo tempo que a conduta moral não é mais uma imposição exterior, mas a resposta cheia de gratidão daquele que se descobriu amado.

Como sempre saliento quando escrevo sobre esses temas, não estou preocupado com o aspecto espiritual ou místico do sacramento da penitência, que pode ser muito melhor abordado por outros. Minha preocupação é mostrar como nossa cultura, nossa mentalidade cotidiana, está longe da mensagem cristã, e como isso dificulta não apenas nossa vida interior, mas também nossa capacidade de exprimir nossa experiência para os demais.

“Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o Senhor” (Is 55, 7-9). Não nos damos conta da grandiosidade dessas palavras, nem do impacto que podem ter tanto em nossa psicologia quanto na sociedade em que vivemos. 

Mas, independentemente da nossa consciência, a misericórdia e o perdão permanecem no mundo, oferecidas a cada ser humano, a cada momento de sua existência.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

São Cristóvão

S. Cristóvão | arquisp
25 de julho

São Cristóvão

A devoção a são Cristóvão é uma das mais antigas e populares da Igreja, tanto do Oriente como do Ocidente. São centenas de igrejas dedicadas a ele em todos os países do mundo. Também não faltam irmandades, patronatos, conventos e instituições que tomaram o seu nome, para homenageá-lo. Ele consta da relação dos "quatorze santos auxiliadores" invocados para interceder pelo povo nos momentos de aflições e dificuldades. Assim, o vigor desta veneração percorreu os tempos com igual intensidade e alcançou os nossos dias da mesma maneira.

Entretanto são poucos os dados precisos sobre sua vida. Só se tem conhecimento comprovado de que Cristóvão era um homem alto e musculoso, extremamente forte. Alguns escritos antigos o descrevem como portador de "uma força hercúlea". Pregou na Lícia e foi martirizado, a mando do imperador Décio, no ano 250. Depois disso, as informações fazem parte da tradição oral cristã, propagada pela fé dos devotos ao longo dos tempos, e que a Igreja respeita.

Ela nos conta que seu nome era Réprobo e que nasceu na Palestina. Como um verdadeiro gigante Golias, não havia quem lhe fizesse frente em termos de força física. Assim, só podia ter a profissão que tinha: guerreiro. Aliás, era um guerreiro indomável e invencível. A sua simples presença era garantia de vitória para o exército do qual participasse.

Conta-se que, estando cansado de servir aos caprichos de um e outro rei, apenas porque fora contratado para lutar em seu favor, foi procurar o maior e mais poderoso de todos, para servir somente a este. Então, ele se decidiu colocar a serviço de satanás, pois não havia quem não se curvasse de medo ao ouvir seu nome.

Mas também se decepcionou. Notou que toda vez que seu chefe tinha de passar diante da cruz, mudava de caminho, evitando o encontro com o símbolo de Jesus. Abandonou o anjo do mal e passou, então, a procurar o Senhor. Um eremita o orientou a praticar a caridade para servir ao Todo Poderoso como desejava, então ele abandonou as armas imediatamente. Integrou-se a uma instituição de caridade e passou a ajudar os viajantes. De dia ou de noite, ficava às margens de um rio onde não havia pontes e onde várias pessoas se afogaram por causa da profundidade, transportando os viajantes de uma margem à outra.

Certo dia, fez o mesmo com um menino. Mas conforme atravessava o rio, a criança ia ficando mais pesada e só com muito custo e sofrimento ele conseguiu depositar com segurança o menino na outra margem. Então perguntou: "Como pode ser isso? Parece que carreguei o mundo nas costas". O menino respondeu: "Não carregou o mundo, mas sim seu Criador". Assim Jesus se revelou a ele e o convidou a ser seu apóstolo.

O gigante mudou seu nome para Cristóvão, que significa algo próximo de "carregador de Cristo", e passou a peregrinar levando a palavra de Cristo. Foi à Síria, onde sua figura espetacular e nada normal chamava a atenção e atraía quem o ouvisse. Ele, então, falava do cristianismo e convertia mais e mais pessoas. Por esse seu apostolado foi denunciado ao imperador Décio, que o mandou prender. Mas não foi nada fácil, não por causa de sua força física, mas pelo poder de sua pregação.

Os primeiros quarenta soldados que tentaram prendê-lo converteram-se e por isso foram todos martirizados. Depois, quando já estava no cárcere, mandaram duas mulheres, Nicete e Aquilina, à sua cela para testar suas virtudes. Elas também abandonaram o pecado e batizaram-se, sendo igualmente mortas. Foi quando o tirano, muito irado, mandou que ele fosse submetido a suplícios e em seguida o matassem. Cristóvão foi, então, flagelado, golpeado com flechas, jogado no fogo e por fim decapitado.

São Cristóvão é popularmente conhecido como o protetor dos viajantes, assim como dos motoristas e dos condutores.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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Carta do Papa a enviado especial para Peregrinação da Juventude em Compostela

Jovem portador de deficiência no Caminho de Santiago | Vatican News

A carta do Papa, descrevendo a missão pontifícia do seu enviado especial, cardeal António dos Santos Marto, bispo emérito de Leiría-Fátima, no encerramento deste evento em Santiago de Compostela, foi divulgada neste sábado, 23 de julho.

Vatican News

Em 4 de junho de 2022, o Santo Padre nomeou o cardeal António Augusto dos Santos Marto, bispo emérito de Leiría-Fátima, como seu enviado especial para as celebrações de encerramento da Peregrinação Europeia de Jovens, que terá lugar em Santiago de Compostela de 3 de agosto a 7 de fevereiro de 2022, no âmbito do Ano Santo de Compostela.

Com esta menção começa a carta do Papa, publicada neste sábado, 23, pela Sala de Imprensa da Santa Sé, na qual também é detalhada que a missão pontifícia é formada pelos seguintes representantes eclesiásticos: padre Andrés Fernández Farto, secretário da Província Eclesiástica Compostela e professor no Instituto Teológico de Compostela, e o padre José Daniel Turnes Rey, pároco da Paróquia de Vimianzo e professor de religião.

Sobre a Peregrinação Europeia de Jovens a Santiago de Compostela

A iniciativa, prorrogada em 2021 devido à pandemia do Coronavírus, é organizada conjuntamente pela Arquidiocese de Santiago e pela Subcomissão da Juventude e Infância da Conferência Episcopal Espanhola.

Como é tradicional na Pastoral Juvenil espanhola, todos os verões dos Anos Santos de Compostela é organizada uma Peregrinação Juvenil Europeia (PEJ), "um novo momento para fazer uma peregrinação ao túmulo do Apóstolo Santiago", sublinha o evento no seu site. A última PEJ antes desta edição foi em 2010.

Esta PEJ é "uma nova graça de Deus, que nos oferece a possibilidade de nos colocar em caminho, de saber que neste caminhar nunca estamos sozinhos, que somos acompanhados. Seguir um processo de esperança, aberto a novos desafios, que nos ajude a nos encontrarmos conosco mesmos, com nossos irmãos e, portanto, com Deus. E, naturalmente, a nos comprometermos com nossa sociedade, cada um em sua realidade concreta", sublinha o site.

Na última sexta-feira, 22 de julho, o diretor da secretaria da Subcomissão Episcopal da Juventude e da Infância, Raúl Tinajero, e o diretor da Assessoria de Imprensa da Conferência Episcopal, José Gabriel Vera, apresentaram a PEJ.

O programa da PEJ

Embora a Peregrinação comece no dia 3 de agosto, grupos de jovens começarão a se deslocar para Santiago dias antes para fazer o Caminho. E para evitar aglomerações, foram propostos 11 roteiros.

Na quarta-feira, dia 3, terá lugar na Praça do Obradoiro a cerimônia de boas-vindas e acolhida dos peregrinos. Durante os dias de quinta a sábado, será oferecido um extenso programa de atividades que inclui espaços e momentos de formação, oração e lazer.

De acordo com a nota publicada no site da PEJ, além da inauguração, os atos centrais serão no sábado à noite com a vigília de oração, e no domingo de manhã, a Eucaristia dominical que encerrará a PEJ. Ambas terão lugar no Monte del Gozo, ao ar livre, para assim poder acolher os 12.000 peregrinos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O Sentido da Vida ainda é possível?

Sentido para a vida | VS Vida Simples

O SENTIDO DA VIDA AINDA É POSSÍVEL?

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas (RS)

Nas minhas leituras nestes últimos dias chuvosos, mais uma vez deparei-me com a seguinte parábola do filósofo niilista Friedrich Nietzsche: “Não ouviram falar daquele homem louco que em plena manhã acendeu uma lanterna e correu ao mercado, e pôs-se a gritar incessantemente: – ‘Procuro Deus! Procuro Deus!’? E como lá se encontrassem muitos daqueles que não criam em Deus, ele despertou com isso uma grande gargalhada. – ‘Então ele está perdido?’ perguntou um deles. – ‘Ele se perdeu como uma criança?’ disse um outro. – ‘Está se escondendo?  Ele tem medo de nós?  Embarcou num navio? Emigrou?’ – gritavam e riam uns para os outros. O homem louco se lançou para o meio deles e trespassou-os com seu olhar. – ‘Para onde foi Deus?’ gritou ele; ‘já lhes direi: nós o matamos, vocês e eu; somos todos seus assassinos!’”  

Niilismo e a questão do Sentido da Vida vão juntos. Claro, a questão do Sentido da Vida é uma questão que pertence a todos. Ela aparece, contudo, de maneira mais premente, nas sempre mais pessoas tidas como “cultas” – considerando-se “pós-modernas autênticas”. São elas que sentem essa questão com agudeza e páthos, com dramaticidade, se não tragicidade. Por quê? Porque, em virtude de sua visão imanentista e secularista da vida, os “cultos pós-modernos pretensamente autênticos”, já não dispõem, hoje, um código próprio, quer natural, quer humano, quer religioso, que lhes permita responder adequadamente a esta questão. 

Para a grande maioria atual dos “cultos pós-modernos pretensamente autênticos”, a vida, como um todo, não vale a pena. Ensinam, então, que temos que conviver com o vazio da existência, que não resta alternativa senão aguentar o absurdo da vida. Procurar um sentido global na amizade com a criação (conectividade), no amor ao próximo (alteridade) e no amor a Deus (religião), é, para eles ilusão e fuga. Não há o que fazer: a vida é assim mesmo! Então resignam-se ao absurdo e se instalam no vazio. 

Efetivamente, para muitos “cultos pós-modernos pretensamente autênticos”, não haveria mais nem a criação (sem conectividade) nem o próximo (sem alteridade) nem Deus (sem religião). Eles dispensam a relação com a criação, com o outro-irmão e com o Outro-Deus, para ater-se a simples realidades materiais desse mundo. Não haveria mais qualquer “Grande Coisa” necessária para tocar a vida adiante. A questão do Sentido da Vida seria um logro. O que importa seria “desesperar da felicidade”, sempre inatingível, para poder gozar, então, a “beatitude” do presente, a única acessível. O que sobra, pois, como proposta existencial, é a mediocridade. É claro, se a visão da vida é pequena, o ideal de vida será também pequeno. Ora, esse horizonte de vida estreito, que até ontem se julgava típico dos “pequeno-burgueses”, tornou-se na modernidade tardia, a conduta das “classes imanentistas e secularistas”, dos “cultos pós-modernos pretensamente autênticos”. 

Mas um ideal de vida desse gênero, privado que está de uma Fonte Superior de inspiração, se esvazia necessariamente no niilismo. De fato, ele não tem como evitar o destino anulador de tudo, que é a morte. Niilismo é, pois, no fundo, a filosofia de vida da elite “culta pós-moderna pretensamente autêntica”, e por influência desta, até certo ponto da sociedade como um todo. 

Seja como for, há que reconhecer que um ideal de vida limitado a este mundo puramente imanente e secularista é, no fim, insustentável, pois é impossível ao coração humano renunciar a busca da plenitude humana. Esta, pertence à natureza da criatura humana criada “à imagem e semelhança do Deus-Criador”, e, se enraíza, portanto, no estatuto metafísico do homem, enquanto ser contingente, portanto, um ser ontologicamente vinculado ao Ser necessário. Por isso, concluiu o filósofo, Clodovis Boff: “É somente a preço de um processo perverso de absolutização, tal como sucede no caso das ideologias totalitárias, que causas terrenas podem preencher o coração humano, mas sempre por pouco tempo e de modo enganoso”. É, pois, em vão que os “cultos pós-modernos pretensamente autênticos” querem se desfazer de quaisquer absolutos e viver ut si nullus deus daretur – como se nenhum deus fosse dado. 

Fica a pergunta pontual: Por que a razão tardo-moderna recusa a Fonte da qual tudo jorra? Também fica uma resposta pontual: Por duas falhas, ambas de caráter moral: primeiro, por desconfiança na razão; segundo, por recusa à luz da verdade (mas isso, já é assunto de uma próxima reflexão). 

A reflexão por ora é: O Sentido da Vida ainda é possível? Ou já nos entregamos ao niilismo que leva ao absurdo de vida? 

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

São Tiago, o maior

S. Tiago Maior | arquisp
25 de julho

São Tiago, o maior

Tiago nasceu doze anos antes de Cristo, viveu mais anos do que ele e passou para a eternidade junto a seu Mestre. Tiago, o Maior, nasceu na Galiléia e era filho de Zebedeu e Salomé, segundo as Sagradas Escrituras. Era, portanto, irmão de João Evangelista, os "Filhos do Trovão", como os chamara Jesus. É sempre citado como um dos três primeiros apóstolos, além de figurar entre os prediletos de Jesus, juntamente com Pedro e André. É chamado de "maior" por causa do apóstolo homônimo, Tiago, filho de Alfeu, conhecido como "menor".

Nas várias passagens bíblicas, podemos perceber que Jesus possuía apóstolos escolhidos para testemunharem acontecimentos especiais na vida do Redentor. Um era Tiago, o Maior, que constatamos ao seu lado na cura da sogra de Pedro, na ressurreição da filha de Jairo, na transfiguração do Senhor e na sua agonia no horto das Oliveiras.

Consta que, depois da ressurreição de Cristo, Tiago rumou para a Espanha, percorrendo-a de norte a sul, fazendo sua evangelização, sendo por isso declarado seu padroeiro. Mais tarde, voltou a Jerusalém, onde converteu centenas de pessoas, até mesmo dois mágicos que causavam confusão entre o povo com suas artes diabólicas. Até que um dia lhe prepararam uma cilada, fazendo explodir um motim como se fosse ele o culpado. Assim, foi preso e acusado de causar sublevação entre o povo. A pena para esse crime era a morte.

O juiz foi o cruel rei Herodes Antipas, um terrível e incansável perseguidor dos cristãos. Ele lhe impôs logo a pena máxima, ordenando que fosse flagelado e depois decapitado. A sentença foi executada durante as festas pascais no ano 42. Assim, Tiago, o Maior, tornou-se o primeiro dos apóstolos a derramar seu sangue pela fé em Jesus Cristo.

No século VIII, quando a Palestina caiu em poder dos muçulmanos, um grupo de espanhóis trouxe o esquife onde repousavam os restos de são Tiago, o Maior, à cidade espanhola de Iria. Segundo uma antiga tradição da cidade, no século IX o bispo de lá teria visto uma grande estrela iluminando um campo, onde foi encontrado o túmulo contendo o esquife do apóstolo padroeiro. E a Espanha, que nesta ocasião lutava contra a invasão dos bárbaros muçulmanos, conseguiu vencê-los e expulsá-los com a sua ajuda invisível.

Mais tarde, naquele local, o rei Afonso II mandou construir uma igreja e um mosteiro, dedicados a são Tiago, o Maior, com isso a cidade de Iria passou a chamar-se Santiago de Compostela, ou seja, do campo da estrela. Desde aquele tempo até hoje, o santuário de Santiago de Compostela é um dos mais procurados pelos peregrinos do mundo inteiro, que fazem o trajeto a pé.

Essa rota, conhecida como "caminho de Santiago de Compostela", foi feita também pelo papa João Paulo II em 1989. Acompanhado por milhares de jovens do mundo inteiro, foi venerar as relíquias do apóstolo são Tiago, o Maior, depositadas na magnífica catedral das seis naves, concluída em 1122.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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Os eventos com o Papa no Canadá nesta segunda-feira

Papa Francisco conversa com lideranças indígenas no hangar do Aeroporto em
Edmonton, tendo ao fundo o primeiro-ministro Justin Trudeau  (Vatican Media)

Neste seu primeiro dia de atividades públicas no Canadá, o Papa Francisco encontra as populações indígenas em Maskwacis e Edmonton e profere seus dois primeiros discursos.

Vatican News

Foi uma longa viagem até o Canadá. Não obstante a distância percorrida e os deslocamentos necessariamente em cadeira de rodas, pelo problema no joelho direito, o Papa mostrou boa disposição ao ser acolhido no final da manhã de domingo no Aeroporto Internacional de Edmonton pelo primeiro-ministro canadense Justin Trudeau, pela governadora-geral Mary Mai e pelas tantas lideranças dos povos indígenas. Francisco, sentado no hangar do aeroporto entre as duas altas autoridades civis, acompanhou atentamente a música tocada por nativos, e sorriu muito ao saudar, em particular, os tantos indígenas presentes, com pedido de perdão e trocas de presentes. O Papa até mesmo beijou a mão de alguns deles. Afinal, esta era uma visita muito desejada, sua "peregrinação penitencial", como fez questão de frisar no Angelus do outro domingo.

Do aeroporto, o Santo Padre dirigiu-se imediatamente ao Seminário São José, onde estará hospedado nesta primeira etapa da visita. Passava do meio-dia no Canadá, mas com a diferença de fuso horário, já era mais de 20 horas pelo horário italiano. Assim, a atividade pública de Francisco limitou-se no domingo à cerimônia de boas-vindas no aeroporto. Depois, o repouso e a oração.

Nesta segunda-feira, por sua vez, o Papa rezou a Missa de forma privada às 6h30, horário de Edmonton. Já às 8h45, se desloca para Maskwacis, distante 100 km, para o encontro com os povos indígenas First NationsMétis Inuit (o Vatican News transmitirá com comentários em português, a partir das 13 horas, horário de Brasília). Logo ao chegar, ele será recebido na entrada da igreja dedicada a Nossa Senhora das Sete Dores pelo pároco e alguns anciãos das populações indígenas, seguindo depois num carro de golfe até o cemitério, acompanhado pelo sons de tambores. Tendo entrado no cemitério, de forma estritamente privada, o Santo Padre faz uma pausa em oração silenciosa. No final, ele se desloca a bordo do carro de golfe para o Bear Park Pow-Wow Grounds, onde na entrada é recebido por uma delegação de lideranças indígenas de todo o país.

Depois das palavras de boas-vindas de uma liderança indígena, o Papa profere seu primeiro discurso em terras canadenses. Farão parte deste momento orações, cânticos, saudações e a bênção do Santo Padre aos presentes.

First Nation, comunidade predominante no Canadá

Os povos aborígenes, que habitam o território do Canadá há milhares de anos, incluem três grandes grupos: as Primeiras Nações, os Métis e os Inuit, dentro dos quais existe uma grande variedade de populações, com diferentes costumes, tradições e línguas. As Primeiras Nações representam a comunidade indígena predominante do Canadá na parte sul do território do país; os inuits fazem parte de um dos principais grupos que habitam a zona ártica; e os Métis, localizados no extremo oeste do Canadá, são os mestiços descendentes da união entre indígenas e europeus.

Maskwacis

A área de Maskwacis (7.663 hab.), ("Colina do Urso", na língua cree), chamada de 1891 a 2013 Hobbema, do nome da primeira estação ferroviária construída no território, está localizada na região central de Alberta, cerca de 70 quilômetros ao sul da cidade de Edmonton. Abriga as reservas do grupo das Tribos Indígenas do oeste do Canadá, as Quatro Nações de Maskwacis: a Nação Ermineskin Cree; Tribo Louis Bull; Montana First Nation e Samson Cree Nation. As Primeiras Nações são signatárias do Tratado 6, um dos 11 Tratados Numerados assinados pelos povos indígenas - Primeiras Nações -, e pela Coroa canadense, entre 1871 e 1921. Antigamente, essa vasta área era coberta por arbustos de mirtilo que atraíam a área uma grande população de ursos, daí o nome Maskwacis ou Bear Hills.

Após o encontro com as populações indígenas em Maskwacis, o Papa retorna ao Seminário São José, aonde deverá chegar por volta das 13 horas, para o almoço privado e um breve descanso.

Em Edmonton, encontro com Populações Indígenas e comunidade paroquial

Mas suas atividades nesta segunda-feira não encerram aí. Às 16h30, o Papa se desloca até a Igreja do Sagrado Coração, distante 4,4 km, para outro encontro com as populações indígenas e com membros da comunidade paroquial (o Vatican News transmitirá com comentários em português, a partir das 19h45, horário de Brasília). Francisco será saudado pelo pároco, por dois paroquianos, ouvirá uma canção indígena e então proferirá seu segundo discurso, seguido pela oração do Pai Nosso e pela bênção. Antes de retornar ao Seminário São José, Francisco saúda alguns fiéis da paróquia e, ao sair, abençoa a imagem de Santa Kateri Tekakwitha (1656-1680), primeira Santa nativa da América do Norte, da aldeia Mohawk de Ossernenon, no Estado de Nova York.

A Igreja do Sagrado Coração

A Igreja do Sagrado Coração dos Primeiros Povos, construída em 1913, é uma das igrejas católicas mais antigas da cidade. É frequentada pelos moradores do bairro central de McCauley, tendo um foco especial nos pobres e marginalizados. Em 1991, o arcebispo Joseph MacNeil a designou paróquia nacional das Primeiras Nações, Métis e Inuit, a primeira desse tipo no Canadá. Lá, a fé católica é expressa no contexto da cultura aborígine. O prédio abriga muitas peças únicas de arte sacra criadas por artesãos indígenas. Ao longo dos anos, muitos imigrantes e refugiados que vieram de todo o mundo para se estabelecer em Edmonton fizeram da Igreja do Sagrado Coração seu lar espiritual. A igreja foi danificada por um incêndio em agosto de 2020 e fechada por dois anos para restauração. As obras foram concluídas bem a tempo para a visita do Papa. A igreja foi aberta para a bênção e para a primeira Missa no domingo anterior à chegada do Papa.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF