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segunda-feira, 8 de agosto de 2022

Começa na segunda -feira, 08 de agosto, o Curso "Fake News, Religião e Política"

Curso fake news, religião e política | cnbb

Tem início na segunda-feira, 8 de agosto, o curso on-line “Fake News, Religião e Política”A iniciativa será realizada pela plataforma Zoom e o link de acesso será encaminhado aos inscritos nesta sexta-feira, 5 de agosto, até às 17h.

A formação, gratuita, ofertou 300 vagas, mas devido a grande procura a coordenação ampliou a participação para os 500 primeiros inscritos. O curso será realizado até o dia 12 de agosto, sempre das 19h30 às 21h30, e terá certificação do Núcleo de Estudos Sociopolíticos, o Nesp, da PUC Minas.

cnbb

Tendo em vista o aumento substancial da disseminação de notícias falsas seu objetivo é “oferecer uma formação aos agentes da Pascom, de outras pastorais, movimentos e organismos da Igreja para que desenvolvam a habilidade de checagem de notícias, exerçam a atitude cristã de propagação da verdade e formem uma rede de checadores de notícias no âmbito eclesial”. 

O curso é oferecido pela Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, a Assessoria de Comunicação da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) e a Pastoral da Comunicação (Pascom-Brasil), em parceria com os Jovens Conectados, com a Bereia – Informação e Checagem de Notícias e com a PUC Minas, por meios de seus núcleos Anima, Núcleo de Estudos Sociopolíticos (Nesp) e Núcleo de Estudos em Comunicação e Teologia (Nect). 

Compromisso com a verdade é uma exigência cristã 

O bispo auxiliar da arquidiocese do Rio de Janeiro e secretário-geral da CNBB, dom Joel Portella Amado, considera que “estamos assustados com diversas situações de nosso tempo, presentes no mundo e, é claro, também no Brasil. Dentre elas, a disseminação de notícias falsas, as chamadas fake news”. Segundo dom Joel, trata-se de um fenômeno assustador, que, visando a fragilização das pessoas e da sociedade, deve ser identificado, compreendido e rejeitado com toda veemência.

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Para o secretário geral da CNBB, o compromisso com a verdade é uma exigência cristã, sem dúvida. “Diz respeito, entretanto, a todas as pessoas, independentemente da crença que possua, pois, quando abrimos mão da verdade, abrimos igualmente mão de nossa própria condição humana”, defende.

O bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação da CNBB, dom Joaquim Giovani Mol, aponta que há grupos sociais que hoje usam as fake news para produzir a desinformação e construir falsas narrativas sobre a história, sobre os seres humanos e sobre a verdade dos fatos com o objetivo claro de ferir pessoas e, inclusive, desestabilizar a democracia.

“Como cristãos, nosso dever é buscar sempre a verdade e a correta informação baseada em dados reais. O nosso dever pastoral é de combater e evitar a disseminação da desinformação e fortalecer o compromisso com a verdade”, disse. 

O coordenador da Pascom-Brasil, Marcus Tullius, informa que o desejo é avançar para o fortalecimento de uma rede de agentes pastorais católicos capacitados para checar e lidar com esse fenômeno complexo das fake news. “Os parceiros na realização desta iniciativa abraçaram a causa, pois estamos convencidos de que é necessário combater a desinformação e isso se faz com pessoas bem preparadas. É uma tarefa bem árdua, mas, retomando o Papa Francisco, reafirmamos que é preciso acreditar na força ‘contagiosa’ do bem. É um primeiro passo, mas significativo para o contexto em que vivemos”. 

Programação

8 de agosto – 19h30 às 21h30

Tema: Democracia e desinformação 
Conferencistas:
Democracia e desinformação – Professor emérito da Unb, Venício Lima
Fake news, pós-verdade e desinformação – Professora da PUC Minas, Fernanda Sanglard 

9 de agosto  

Tema:  Verdade e religião: compromisso do cristão  (A verdade vos tornará livres” (Jo 8, 32). A paz é a verdadeira notícia. Magistério do Papa Francisco e combate às fake news e experiências de outras religiões no combate às notícias falsas). 

Facilitadora:  Professora Magali Cunha, representante da Bereia 

10 de agosto 

Tema: Métodos de checagem (Critérios de seleção: o que é possível checar; Metodologia: o passo a passo do fact-checking; e a busca de referências para a verificação; Classificação de veracidade) 

Facilitador: Professor Melillo Diniz, do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral 

11 de agosto
Tema: Ferramentas e técnicas de checagem (Procedimentos: ferramentas de busca, planilhas e Lei de Acesso à Informação; Classificação: o que há entre o verdadeiro e o falso; e a Formatação: como embalar o conteúdo)
Facilitadores: Juliana Dias e Marcos Lessa, da Bereia 

12 de agosto 

Tema: Propostas para combate à desinformação (Ecossistema da desinformação. Literacia – letramento digital e competência midiática crítica; Dinâmica das mídias sociais: lógica dos algoritmos, bolhas e engenharias digitais; Ferramentas de checagem. Contexto sociopolítico – complexidade da questão e impactos mundiais recentes; e Infodemia; Checklist de combate às notícias falsas). 

Facilitador: Vinícius Borges, Núcleo de Estudos em Comunicação e Teologia (Nect)

Gratidão, coragem, tribulação e louvor: as palavras do Papa para as vocações

Presbíteros

MENSAGEM DO PAPA FRANCISCO
PARA O 57º DIA MUNDIAL DE ORAÇÃO PELAS VOCAÇÕES
[3 de maio de 2020 – IV Domingo da Páscoa]

«As palavras da vocação»

Queridos irmãos e irmãs!

A 4 de agosto do ano passado, no 160º aniversário da morte do Santo Cura d’Ars, quis dedicar uma Carta aos sacerdotes, que todos os dias, obedecendo à chamada que o Senhor lhes dirigiu, gastam a vida ao serviço do Povo de Deus.

Então escolhi quatro palavras-chave – tribulação, gratidão, coragem e louvor – para agradecer aos sacerdotes e apoiar o seu ministério. Acho que, neste 57º Dia Mundial de Oração pelas Vocações, poder-se-iam retomar aquelas palavras e dirigi-las a todo o Povo de Deus, tendo como pano de fundo o texto evangélico que nos conta a experiência singular que sobreveio a Jesus e a Pedro durante uma noite de tempestade no lago de Tiberíades (cf. Mt 14, 22-33).

Depois da multiplicação dos pães, que entusiasmou a multidão, Jesus manda os discípulos subir para o barco e seguir à sua frente para a outra margem, enquanto Ele despedia o povo. A imagem desta travessia do lago sugere de algum modo a viagem da nossa existência. De facto, o barco da nossa vida avança lentamente, sempre preocupado à procura dum local afortunado de atracagem, pronto a desafiar os riscos e as conjunturas do mar, mas desejoso também de receber do timoneiro a orientação que o coloque finalmente na rota certa. Às vezes, porém, é possível perder-se, deixar-se cegar pelas ilusões em vez de seguir o farol luminoso que o conduz ao porto seguro, ou ser desafiado pelos ventos contrários das dificuldades, dúvidas e medos.

Assim acontece também no coração dos discípulos, que, chamados a seguir o Mestre de Nazaré, têm de se decidir a passar à outra margem, optando corajosamente por abandonar as próprias seguranças e seguir os passos do Senhor. Esta aventura não é tranquila: cai a noite, sopra o vento contrário, o barco é sacudido pelas ondas, e há o risco de sobrepor-se o medo de falhar e não estar à altura da vocação.

Mas, na aventura desta travessia não fácil, o Evangelho diz-nos que não estamos sozinhos. Quase forçando a aurora no coração da noite, o Senhor caminha sobre as águas tumultuosas e vai ter com os discípulos, convida Pedro a vir ao encontro d’Ele sobre as ondas e salva-o quando o vê afundar; finalmente, sobe para o barco e faz cessar o vento.

Assim, a primeira palavra da vocação é gratidão. Navegar pela rota certa não é uma tarefa confiada só aos nossos esforços, nem depende apenas dos percursos que escolhemos fazer. A realização de nós mesmos e dos nossos projetos de vida não é o resultado matemático do que decidimos dentro do nosso «eu» isolado; pelo contrário, trata-se, antes de mais nada, da resposta a uma chamada que nos chega do Alto. É o Senhor que nos indica a margem para onde ir e, ainda antes disso, dá-nos a coragem de subir para o barco; e Ele, ao mesmo tempo que nos chama, faz-Se também nosso timoneiro para nos acompanhar, mostrar a direção, impedir de encalhar nas rochas da indecisão e tornar-nos capazes até de caminhar sobre as águas tumultuosas.

Toda a vocação nasce daquele olhar amoroso com que o Senhor veio ao nosso encontro, talvez mesmo quando o nosso barco estava à mercê  da tempestade. «Mais do que uma escolha nossa, a vocação é resposta a uma chamada gratuita do Senhor» (Carta aos Presbíteros, 4/VIII/2019); por isso conseguiremos descobri-la e abraçá-la, quando o nosso coração se abrir à gratidão e souber reconhecer a passagem de Deus pela nossa vida.

Quando os discípulos veem aproximar-Se Jesus caminhando sobre as águas, começam por pensar que se trata dum fantasma e assustam-se. Mas, Jesus imediatamente os tranquiliza com uma palavra que deve acompanhar sempre a nossa vida e o nosso caminho vocacional: «Coragem! Sou Eu! Não temais!» (Mt 14, 27). Esta é precisamente a segunda palavra que gostaria de vos deixar: coragem.

Frequentemente aquilo que nos impede de caminhar, crescer, escolher a estrada que o Senhor traça para nós são os fantasmas que pululam nos nossos corações. Quando somos chamados a deixar a nossa margem segura para abraçar um estado de vida – como o matrimónio, o sacerdócio ordenado, a vida consagrada – muitas vezes a primeira reação é constituída pelo «fantasma da incredulidade»: não é possível que esta vocação seja para mim; trata-se verdadeiramente da estrada certa? Precisamente a mim é que o Senhor pede isto?

E pouco a pouco avolumam-se em nós todas aquelas considerações, justificações e cálculos que nos fazem perder o ímpeto, confundem-nos e deixam-nos paralisados na margem de embarque: julgamos ter sido um erro, não estar à altura, ter simplesmente visto um fantasma que se deve afugentar.

O Senhor sabe que uma opção fundamental de vida – como casar-se ou consagrar-se de forma especial ao seu serviço – exige coragem. Ele conhece os interrogativos, as dúvidas e as dificuldades que agitam o barco do nosso coração e, por isso, nos tranquiliza: «Não tenhas medo! Eu estou contigo». A fé na presença d’Ele que vem ao nosso encontro e nos acompanha mesmo quando o mar está revolto, liberta-nos daquela acédia que podemos definir uma «tristeza adocicada» (Carta aos Presbíteros, 4/VIII/2019), isto é, aquele desânimo interior que nos bloqueia impedindo-nos de saborear a beleza da vocação.

Na Carta aos Presbíteros, falei também da tribulação, que aqui gostaria de especificar concretamente como fadiga. Toda a vocação requer empenhamento. O Senhor chama-nos, porque nos quer tornar, como Pedro, capazes de «caminhar sobre as águas», isto é, pegar na nossa vida para a colocar ao serviço do Evangelho, nas formas concretas que Ele nos indica cada dia e, de modo especial, nas diferentes formas de vocação laical, presbiteral e de vida consagrada. À semelhança do Apóstolo, porém, sentimos desejo e ardor e, ao mesmo tempo, vemo-nos assinalados por fragilidades e temores.

Se nos deixarmos arrastar pelo pensamento das responsabilidades que nos esperam – na vida matrimonial ou no ministério sacerdotal – ou das adversidades que surgirão, bem depressa desviaremos o olhar de Jesus e, como Pedro, arriscamo-nos a afundar. Pelo contrário a fé permite-nos, apesar das nossas fragilidades e limitações, caminhar ao encontro do Senhor Ressuscitado e vencer as próprias tempestades. Pois Ele estende-nos a mão, quando, por cansaço ou medo, corremos o risco de afundar e dá-nos o ardor necessário para viver a nossa vocação com alegria e entusiasmo.

Por fim, quando Jesus sobe para o barco, cessa o vento e aplacam-se as ondas. É uma bela imagem daquilo que o Senhor realiza na nossa vida e nos tumultos da história, especialmente quando estamos a braços com a tempestade: Ele ordena aos ventos contrários que se calem, e então as forças do mal, do medo, da resignação deixam de ter poder sobre nós.

Na vocação específica que somos chamados a viver, estes ventos podem debilitar-nos. Penso em quantos assumem funções importantes na sociedade civil, nos esposos, que intencionalmente me apraz definir «os corajosos», e de modo especial penso nas pessoas que abraçam a vida consagrada e o sacerdócio. Conheço a vossa fadiga, as solidões que às vezes tornam pesado o coração, o risco da monotonia que pouco a pouco apaga o fogo ardente da vocação, o fardo da incerteza e da precariedade dos nossos tempos, o medo do futuro. Coragem, não tenhais medo! Jesus está ao nosso lado e, se O reconhecermos como único Senhor da nossa vida, Ele estende-nos a mão e agarra-nos para nos salvar.

E então a nossa vida, mesmo no meio das ondas, abre-se ao louvor. Esta é a última palavra da vocação, e pretende ser também o convite a cultivar a atitude interior de Maria Santíssima: agradecida pelo olhar que Deus pousou sobre Ela, superando na fé medos e perturbações, abraçando com coragem a vocação, Ela fez da sua vida um cântico eterno de louvor ao Senhor.

Caríssimos, especialmente neste Dia de Oração pelas Vocações, mas também na ação pastoral ordinária das nossas comunidades, desejo que a Igreja percorra este caminho ao serviço das vocações, abrindo brechas no coração de todos os fiéis, para que cada um possa descobrir com gratidão a chamada que Deus lhe dirige, encontrar a coragem de dizer «sim», vencer a fadiga com a fé em Cristo e finalmente, como um cântico de louvor, oferecer a própria vida por Deus, pelos irmãos e pelo mundo inteiro. Que a Virgem Maria nos acompanhe e interceda por nós.

Roma, São João de Latrão, no II Domingo da Quaresma, 8 de março de 2020.

Franciscus

http://w2.vatican.va/content/francesco/pt/messages/vocations/documents/papa-francesco_20200308_57-messaggio-giornata-mondiale-vocazioni.html

Uma geração de deprimidos: o que fazer?

Shutterstock | phototimedp

O que tem acontecido com os nascidos entre 1981 e 2010?

A depressão é um tema de preocupação mundial, uma vez que tem sido considerada a doença que mais gera afastamento do trabalho, e tem alcançado, mais intensamente, uma faixa etária da população que nos chama a atenção: nascidos entre 1981 a 2010. São pessoas que hoje têm entre 12 e 41 anos, fase que engloba adolescentes, jovens e adultos em suas fases mais produtivas, tanto em período escolar, quanto profissional, de expressivo desenvolvimento humano.

As queixas apresentadas por eles trazem situações como: “a vida não tem sentido; não tenho mais vontade de fazer nada; nada me agrada; as roupas não ficam bem em mim; preciso fazer muitas coisas, ou ainda, ter muitos estímulos para ter vontade de algo.” Mas, elas não param por aí: há um questionamento constante sobre a felicidade e o que fazer para alcançá-la, e uma dificuldade para compreender o sentido do sacrifício, das recusas e entregas pelo outro.

Sim, essa é, infelizmente, a realidade que se apresenta neste momento, uma vez que a busca por acompanhamento psicológico e psiquiátrico tem aumentado na mesma proporção das crises de ansiedade, depressão e índices preocupantes de suicídio.

Muitos jovens procuram a psicoterapia, pois estão cientes do que se passa com eles: estou deprimido, tive crises, surtei, pirei, não aguento mais, a vida é pesada demais, para quê estou estudando. Muitos questionam o para quê esforçar-se nos estudos, por exemplo. Há um desejo de sucesso financeiro rápido, imediato, com baixo esforço ou estudo. Aquilo que para outras gerações era a consequência natural do crescimento e amadurecimento, ou seja, assumir responsabilidades, fazer algo pelo outro, ter pequenos sacrifícios, sofrer em certo grau para obter algo, parece ser intolerável para essa geração. Tanto que ela tem sido nomeada como uma “geração infeliz”.

Claro que não temos uma totalidade assim, mas são esses números expressivos que nos preocupam. Alguns aspectos podem intensificar esse quadro, dentre eles a pandemia da Covid-19, que deixou muitos jovens e adultos em casa, reclusos, fixados às redes sociais e, com isto, deixando de usar o que chamamos de habilidades sociais e emocionais, que passam pelo relacionar-se com o outro, pensar as consequências dos seus atos, agradecer, colocar-se no lugar do outro.

Há um isolamento que parece, por muitas vezes, ignorar a existência do outro no mundo, o que leva-os a ter maior dificuldade de perceber que a vida é feita para o outro, na relação com o outro, e não de uma forma autocentrada e egoísta, que gera as principais crises existenciais.

Os perfis de rede social têm sido potencializadores de uma falta de senso crítico e uma visão extremamente limitada do mundo. E o que se vê é uma busca constante por influenciadores como fonte de relacionamento, formação de opinião e discernimento, o que está longe de ser uma forma segura e eficaz de estruturação do conhecimento.

A tristeza por si só é uma emoção normal ao ser humano, seja por uma perda, uma dificuldade, adoecimento, transição de vida. Mas, quando se estende por meses, altera a disposição, a vontade, o interesse pelas coisas, a concentração e a qualidade de vida de forma geral, pensamos sim, num quadro depressivo. E parte dos diagnósticos se dá porque a informação sobre doenças emocionais está mais divulgada.

Um julgamento popular que apenas diz: “na minha época não era assim”, ou, “isso é falta de ocupação”, não resolve o problema. Temos um novo tempo, uma nova realidade, um outro cenário. Para jovens e adultos que têm coragem de identificar o problema precisamos ter a receptividade, compreensão, além de fazermos com que cada vez mais essa realidade possa ser tratada em rodas de conversa nas escolas, nas empresas, em casa, na família, nas igrejas e nas próprias redes sociais.

Por Elaine Ribeiro: psicóloga clínica e organizacional da Fundação João Paulo II / Canção Nova.

Instagram: @elaineribeiro_psicologa

Site: elaineribeiropsicologia.com.br

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Agosto Mês das Vocações – Primeiro Domingo, vocação sacerdotal e diaconais

Diocese de Foz do Iguaçu/PR

Agosto é o mês dedicado às vocações em toda a Igreja Católica. A cada domingo, a celebração litúrgica é dedicada a uma vocação específica. A própria liturgia da Palavra, em especial a dos domingos, traz reflexões e meditação sobre o tema.

Neste primeiro domingo, a igreja faz memória às vocações sacerdotais e  diaconais.

Para aprofundar neste tema, o Diácono Permanente Albérico, da paróquia Lúcio Costa, Guará, explica o que é ser diácono e como foi o seu chamado. Vídeo produzido para o Setor de Comunicação em parceria com @carpintariacatolica.

São Domingos de Gusmão

S. Domingos de Gusmão | arquisp
08 de agosto

São Domingos de Gusmão

Domingos nasceu em 24 de junho de 1170, na pequena vila de Caleruega, na Velha Castela, atual Espanha. Pertencia a uma ilustre e nobre família, muito católica e rica: seus pais eram Félix de Gusmão e Joana d'Aza e seus irmãos, Antonio e Manes. O primeiro tornou-se sacerdote e morreu com odor de santidade. O segundo, junto com a mãe, foi beatificado pela Igreja.

Nesse berço exemplar, o pequeno Domingos trilhou o mesmo caminho de servir a Deus. Até mesmo o seu nome foi escolhido para homenagear são Domingos de Silos, porque sua mãe, antes de Domingos nascer, fez uma novena no santuário do santo abade. E, como conta a tradição, no sétimo dia ele lhe teria aparecido para anunciar que seu futuro filho seria um santo para a Igreja Católica.

Domingos dedicou-se aos estudos, tornando-se uma pessoa muito culta. Mas nunca deixou a caridade de lado. Em Calência, cidade onde se diplomou, surpreendeu a todos ao vender os objetos de seu quarto, inclusive os pergaminhos caros usados nos estudos, para ter um pequeno "fundo" e com ele alimentar os pobres e doentes.

Aos vinte e quatro anos, sentindo o chamado, recebeu a ordenação sacerdotal. Foi enviado para a diocese de Osma, onde se distinguiu pela competência e inteligência. Logo foi convidado para auxiliar o rei Afonso VII nos trabalhos diplomáticos do seu governo e também para representar a Santa Sé, em algumas de suas difíceis missões.

Durante a Idade Média, período em que viveu, havia a heresia dos albigenses, ou cátaros, surgida no sul da França. O papa Inocêncio III enviou-o para lá, junto com Diego de Aceber, seu companheiro, a fim de combater os católicos reencarnacionistas. Mas, devido à morte repentina desse caro amigo, Domingos teve de enfrentar a missão francesa sozinho. E o fez com muita eficiência, usando apenas o seu exemplo de vida e a pregação da verdadeira Palavra de Deus.

Em 1207, em Santa Maria de Prouille, Domingos fundou o primeiro mosteiro da Ordem Segunda, das monjas, destinado às jovens que, devido à carestia, estavam condenadas à vida do pecado. Os biógrafos narram que foi na igreja desse convento que Nossa Senhora apareceu para Domingos e disse-lhe para difundir a devoção do rosário, como princípio da conversão dos hereges e para a salvação dos fiéis. Por isso os dominicanos são tidos como os guardiões do rosário, cujo culto difundem no mundo cristão através dos tempos.

A santidade de Domingos ganhava cada vez mais fama, atraindo as pessoas que desejavam seguir o seu modelo de apostolado. Foi assim que surgiu o pequeno grupo chamado "Irmãos Pregadores", do qual fazia parte o seu irmão de sangue, o bem-aventurado Manes.

Em 1215, a partir dessa irmandade, Domingos decidiu fundar uma Ordem, oferecendo uma nova proposta de evangelização cristã e vida apostólica. Ela foi apresentada ao papa Inocêncio III, que, no mesmo ano, durante o IV Concílio de Latrão, concedeu a primeira aprovação. No ano seguinte, seu sucessor, o papa Honório III, emitiu a aprovação definitiva, dando-lhe o nome de Ordem dos Frades Predicadores, ou Dominicanos. Eles passaram a ser conhecidos como homens sábios, pobres e austeros, tendo como características essenciais a ciência, a piedade e a pregação.

Em 1217, para atrair a juventude acadêmica para dentro do clero, o fundador determinou que as Casas da Ordem fossem criadas nas principais cidades universitárias da Europa, que na época eram Bolonha e Paris. Ele se fixou na de Bolonha, na Itália, onde se dedicou ao esplêndido desenvolvimento da sua obra, presidindo, entre 1220 e 1221 os dois primeiros capítulos gerais, destinados à redação final da "carta magna" da Ordem.

No dia 8 de agosto de 1221, com apenas cinqüenta e um anos de idade, ele morreu. Foi canonizado pelo papa Gregório IX, que lhe dedicava especial estima e amizade, em 1234. São Domingos de Gusmão foi sepultado na catedral de Bolonha e é venerado, no dia de sua morte, como Padroeiro Perpétuo e Defensor dessa cidade.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

domingo, 7 de agosto de 2022

Bispo denuncia a "concepção errônea e perversa do amor" que é oferecida aos jovens

Imagem ilustrativa / Pixabay
Por Nicolás De Cárdenas | ACI Prensa

VITORIA, 05 ago. 22 / 10:56 am (ACI).- Por meio de plataformas e redes sociais, os jovens são estimulados a uma "hipersexualidade desvinculada do afeto" que, junto com a pornografia, supõe "uma concepção errônea e perversa do amor, do sexo e do respeito ao próprio corpo, diz dom Juan Carlos Elizalde, bispo de Vitória (Espanha), na homilia da missa em comemoração à Virgem Branca, padroeira desta cidade.

O bispo falou sobre o Evangelho do Menino Jesus perdido e encontrado no templo quando tinha 12 anos. Ele disse que hoje na Espanha essa idade marca "a estreia no álcool e no sexo sem afeto ou projeto", em parte devido à falta de uma alternativa de lazer saudável e sem perigos.

“Esse sistema socioeconômico que desumaniza tantas pessoas, também sufoca o descanso e o direito a uma infância, adolescência e juventude saudáveis ​​e seguras, de acordo com a idade”, lamenta dom Elizalde.

Já por volta dos 14 é quando “entram em contato com as drogas começando pela cannabis como porta de entrada”, acrescenta ele.

Referindo-se à busca de são José e de Maria para encontrar Jesus, o bispo admite que, ao ouvir notícias negativas sobre a juventude, "seria desonesto olhar apenas para as instituições ou para as forças e órgãos de segurança".

Por isso, convida famílias, administrações, professores ou empresas a se envolverem em um projeto de juventude saudável, dizendo que não é preciso só reduzir “o consumo de drogas nos jovens. É preciso combate-lo”, como outros males.

Para Elizalde, também não é lícito que pais, família, escolas e a Igreja “cedam na formação de valores” deixando esse papel para as redes sociais. O resultado "é um aumento sem precedentes de problemas de saúde mental, suicídios e depressão em jovens".

Dom Elizalde considera que os jovens, "desprovidos de raízes, significados, projetos e transcendência, entregam-se instintivamente ao presente numa sexualidade descartável".

Ele também destaca que “o fracasso de uma juventude saudável é o fracasso de toda a sociedade” e encoraja a oferecer uma educação melhor e não deixar que ela “dependa de interesses estranhos”.

Assim, continua ele “conhecemos os valores que fizeram da nossa civilização a do progresso, dos direitos humanos, do respeito pelo próximo, da paz entre os diferentes povos, da tolerância como forma de convivência e da democracia como sistema político”.

Ele também denunciou um certo conformismo que deixa de lado a Filosofia e a Religião nas escolas e rebaixa a exigência do esforço para passar de ano.

“Uma juventude sem valores e sem esforço corre o risco de ficar à mercê dos poderosos e de ser submissa” a um sistema que “gera injustiça, violência e medo”, destaca.

Responsabilidade dos pais e educadores batizados

Recordando que Maria “guardava tudo isso no coração”, dom Elizalde diz que “o coração dos pais é a condição para a possibilidade do crescimento dos filhos”.

Ele fez um apelo aos pais e educadores batizados: “Sem a sua vida cristã comprometida, os jovens podem permanecer no costumismo religioso de nossas festas”.

Não em vão, lamenta dom Elizalde, em sua diocese “há um claro e inusitado distanciamento da vida de fé” que se refletiu no fato de que “apenas um punhado” dos que participaram da Peregrinação Juvenil Europeia são de Vitória. "O que acontece aqui em nossos jovens não é normal", ressaltou ele.

Apesar dos dados pessimistas, dom Elizalde encoraja a não desistir do esforço porque "o coração do jovem é o mais predisposto à autenticidade e à generosidade".

Fonte: https://www.acidigital.com/

Viver bem, contemplando a morte

Revista Cidade Nova

Viver bem, contemplando a morte

CUIDAR. Uma médica dedicada a garantir autonomia, dignidade e coragem a pacientes diante da inevitável finitude da vida.

por Daniel Fassa   publicado em 13/06/2022,

AO LONGO de sua trajetória como geriatra especializada em cuidados paliativos, Ana Cláudia Quintana Arantes acompanhou muitas pessoas em um dos momentos mais misteriosos e desafiadores da existência: o fim da vida. As lições aprendidas nessa profunda experiência de cuidado, compaixão, escuta e respeito à dignidade humana estão relatadas no livro “A morte é um dia que vale a pena viver” (Sextante), que já vendeu mais de 350 mil cópias – um vídeo de palestra homônima ministrada por ela supera 3 milhões de visualizações no YouTube. Formada pela Universidade de São Paulo (USP) e pós-graduada pela Universidade de Oxford, a médica conversou com Cidade Nova sobre os tabus que ainda envolvem o tema e os possíveis caminhos para tratá-lo com leveza e sabedoria.

Por que falar sobre a morte? E por que é tão difícil para a sociedade ocidental encarar esse tema?

_É muito difícil falar sobre a morte, porque a gente tem muita dificuldade de lidar com o limite. Temos a percepção de que vai dar tempo de fazer tudo, que a gente sempre vai ter uma outra chance, que falar sobre a morte é algo mórbido, porque deteriora a qualidade do tempo que você acha que tem. Então, quando você pensa que vai acabar, você fica triste, frustrado, com medo. Não se fala sobre a morte porque não se tem coragem de aproveitar o momento presente com a qualidade que ele merece. As pessoas pensam que não falar sobre a morte faz com que você aproveite a sua vida, mas é exatamente o contrário: quando você sabe que vai acabar, a percepção de importância fica muito mais evidente. Então, eu acredito que falar sobre a morte, refletir sobre esse limite do nosso tempo aqui nessa existência faz com que a gente entre num espaço que acelera a sua condição de se realizar na vida, porque você consegue escolher o que é prioridade, o que faz sentido tirar seu sono à noite, o que faz sentido exacerbar suas rugas de preocupação, o que faz sentido você sorrir. E eu penso que a morte é uma grande aliada para você fazer essas escolhas. 

Geralmente, quando falamos sobre a morte com crianças, falamos como algo distante, restrito à velhice. Deveríamos fazer diferente? Qual o momento certo de falar sobre a morte com os pequenos?

_Você vai se surpreender muito se conversar com uma criança sobre a morte, porque, de uma maneira um pouco inexplicável, as crianças têm muito mais sabedoria sobre isso que os adultos. Se tem alguém doente na família, você poupar uma criança de se relacionar com a rotina desses cuidados vai fazer com que você poupe esse futuro adulto da capacidade de interagir com realidades adversas. Então, quando você tem alguém doente na família e a criança é exposta a essa rotina de cuidados, ela percebe que tem jeito, que tem amor, respeito, dignidade. Ela não vai saber dar nome a essas atitudes, mas, à medida que ela vai crescendo, ela vai percebendo que isso é o correto, que isso é o bom, o verdadeiro. Você respeitar alguém que está frágil e nem por isso deixar de sorrir, de dar risada, de ter humor, leveza. A convivência de uma criança com um idoso faz com que essa pessoa mais velha possa se recordar de quem ela era quando criança e essa criança possa ter curiosidade sobre como é a vida desse adulto mais velho.

O que a senhora aprendeu de mais essencial até hoje sobre a morte ao acompanhar pacientes terminais e seus familiares?

_A coisa mais importante que eu aprendo todo dia é o valor da escuta. Cada paciente que eu cuido, cada família que eu estou amparando, cada situação de terminalidade que eu vivencio, passo a passo, é um caminho novo na vida de uma pessoa. Eu posso ter acompanhado milhares de pessoas em final de vida, mas o paciente que eu estou acompanhando hoje, eu nunca acompanhei antes. Então, tenho que ter esse compromisso com a escuta, com a presença, com a atenção. Isso é algo que eu vou aprendendo todos os dias.

O paciente terminal deve sempre saber da sua condição? Por quê?

_O paciente em fase final de vida é um ser humano que tem seu tempo limitado. Se você tem seu tempo limitado e não sabe, você não se organiza para poder aproveitar esse tempo da melhor forma possível. Isso não é certo. Porque, depois que o seu tempo acabar, não dá mais para você dizer que ama, se despedir, organizar suas contas, passar a senha do banco, explicar para quem você quer que fique o vaso da roseira na porta da sua casa de que você tanto cuidou a vida inteira. Então, saber do tempo que te resta diz respeito a você receber a oferta de poder escolher o que fazer com esse tempo. Eu não posso chegar para um paciente e dizer: olha, você tem duas semanas de vida, porque isso é errado. Eu não sei quantas semanas de vida ele tem. Mas eu posso chegar e dizer: olha, o que você tem é muito sério e, já que você está se sentindo bem agora, o que você quer que eu te ajude a fazer com esse tempo em que você está feliz nesse momento? Porque pode ser que na próxima semana a gente tenha problemas e você se sinta mais frágil. E se o paciente perguntar “eu vou morrer?”, eu respondo para ele “por que você está me fazendo essa pergunta?”. Em geral a resposta é “porque eu sinto que eu vou morrer”. Aí eu faço outra pergunta: “e como você se sente diante disso, você tem medo, você está preocupado, o que eu posso fazer para permanecer ao seu lado nesse momento?”. A coisa mais nociva que você pode dizer a uma pessoa que te pergunta “eu vou morrer?” é “todo mundo vai” ou “imagina, vira essa boca pra lá, tem que pensar positivo, fazer fisioterapia, tratar o câncer, tem que acreditar, tem que ter fé”. Se você só tem isso para dizer para uma pessoa que fala sobre a morte dela é porque você não sabe falar sobre isso, não tem capacidade, coragem, força, maturidade, não tem leveza para estar ao lado dessa pessoa. Quando a pessoa fala da morte, ela quer ouvir alguém que cuide dela, não alguém que a proíba de pensar sobre isso.

Além dessa transparência e dessa sabedoria na comunicação com uma pessoa em fase final de vida, que outras recomendações fundamentais uma família deve seguir para lidar com a situação?

_Seja presente de uma maneira incondicional. Não viabilize o seu afeto apenas numa condição de vitória. Você pode viabilizar seu afeto também na fragilidade. Você precisa ser corajoso para poder enfrentar a decisão de permanecer do lado dessa pessoa, porque quem cuida tem a opção de ir embora. A pessoa que é cuidada não tem a opção de sair da situação que ela está vivendo, ela tem que enfrentar. Então, a família e os amigos precisam deixar do lado de fora do quarto qualquer percepção de pena. A gente não pode ter pena de quem está passando por um processo de adoecimento. Você tem que ter compaixão. E a compaixão te permite ofertar o que você sabe, o que você conhece, o que você tem de afeto, todos os seus recursos, você ofertar para aquela pessoa poder passar pelo processo de adoecimento da forma mais bonita, serena, leve possível. Isso não significa que muitos momentos não vão ser pesados, difíceis e tristes, horrorosos. Mas quem está ao lado precisa desenvolver essa capacidade de viabilizar o estado de felicidade apesar da fragilidade.

As religiões em geral podem ajudar as pessoas a viver os momentos finais da vida, seja da própria, seja de um ente querido? E quem não tem uma religião ou mesmo fé na existência de Deus, como pode encarar esse momento?

_A religião é um caminho estruturado que viabiliza uma certa sensação de controle sobre experiência do sutil, sobre a experiência do transcendente. A experiência do transcendente é muito assustadora para o ser humano. Ela precisa, muitas vezes, desse caminho estruturado, de uma ritualística, de uma postura, de um espaço, entre aspas, de segurança para expressar a sua espiritualidade. Então, a religião é um caminho de expressão da espiritualidade, ele não é o único. Uma pessoa pode ser muito espiritualizada e não ter religião nenhuma. Ao mesmo tempo, você pode ter uma pessoa muito religiosa e ela ter zero de experiência, ela é superfixada no mundo concreto, na palavra, nas imagens, nas roupas, coisas que podem dar sorte, coisas que trazem para ela alguma segurança nessa vida, mas com zero experiência de transcendência, de pertencimento à natureza daquilo que se move, que se modifica, a nossa natureza de começo, meio e fim. Quando você tem uma pessoa que é muito religiosa, você pode ter uma experiência muito bonita, muito favorável de pacificação, de tranquilidade nesse momento da morte, se a pessoa utiliza a religião como um caminho de amor e de verdade. Não importa a religião. Tem pessoas de todas as religiões que vão vivenciar o processo de morte de uma maneira belíssima, tranquila e serena, porque elas vivenciam a religião nesse caminho de amor e verdade. E você vai ter pessoas que não têm religião nenhuma e vivenciam mortes belíssimas. Aliás, eu sempre comento que os ateus essenciais – não os ateus convertidos, porque o ateu convertido é aquele que brigou com Deus, Deus “não se comportou” e ele se diz ateu –, o ateu essencial realmente não acredita, ele não tem a percepção de um ser superior que comanda e organiza tudo, ele não terceiriza a responsabilidade do destino dele. Então, ele vive a vida como se fosse um presente, como se fosse um milagre, porque na verdade é. Então ele vivencia isso de maneira muito sagrada. O ateu essencial, todos os que eu acompanhei até hoje, tiveram mortes belíssimas, superserenas, com famílias bem estruturadas, claro que com sofrimentos, pelo rompimento do vínculo, pela saudade, pela dor, pela tristeza desse momento, sim, porque são seres humanos, mas a percepção da importância da vida é vivenciada pelo ateu de uma maneira tão verdadeira, potente e bela como é vivenciada por qualquer super-religioso.

A ciência e as profissões da saúde evoluem a cada dia no tratamento das doenças. Mas esses profissionais também têm evoluído no trato com as pessoas, especialmente aquelas que estão para morrer?

_Ainda não. Nós temos muita dificuldade de trazer uma responsabilidade para o profissional de saúde em relação ao acompanhamento dos seus pacientes até o último momento. Um exemplo disso: a sociedade americana de oncologia publicou um guideline em 2017 (guidelines são publicações que fornecem parâmetros das boas práticas dentro de uma área de atuação do profissional da saúde) que trouxe a consciência de que todo paciente com câncer que tem doença metastática, ou seja, a doença não está num ponto único dentro do corpo da pessoa, a doença se espalhou, deveria receber cuidados paliativos precoces, porque o tempo e a qualidade de vida dessas pessoas melhoram muito. Mas a maioria dos oncologistas não pratica isso, porque existe um preconceito de que se chamar cuidado paliativo significa que desistiu do paciente, jogou a toalha. E o paciente fica recebendo quimioterapia enquanto está morrendo. É uma atitude ruim do ponto de vista da qualidade de vida de que você pode privar o paciente. Para além do preconceito existe a ignorância. Então temos que trabalhar para levar a formação de cuidados paliativos ao alcance de todos os profissionais de saúde do país, porque aí todos vão saber reconhecer um paciente que se beneficia e reconhecer o caminho para que esse paciente receba o melhor cuidado a que ele tem acesso.

Fonte: https://www.cidadenova.org.br/

Santa Afra e suas companheiras

Santa Afra | arquisp
07 de agosto

Santa Afra e suas companheiras

Afra era uma jovem pagã de costumes levianos, que vivia com sua mãe, Hilda, e três criadas: Digna, Eunômia e Eprepria. Orientada por sua mãe, Afra gostava de prestar culto e render homenagens a Vênus, uma das muitas deusas pagãs. Porém o que ela não poderia prever é que seria tocada pela fé cristã. Isso ocorreu quando descobriu que os dois desconhecidos que estavam hospedados em sua casa eram o bispo Narciso e seu diácono Félix.

Na época, ano 304, o imperador romano Diocleciano impunha uma severa perseguição aos cristãos. Esse foi o motivo que levou Narciso e Félix a fugir da fúria sangrenta que assolava a Espanha, indo parar em Augsburgo, na Baviera, Alemanha, quando foram acolhidos na residência de Afra, que, como sua mãe, nunca os tinha visto. Mas, na hora da refeição, à mesa, os dois começaram uma oração que chamou a atenção das duas e também das criadas ali presentes. Foi então que descobriram que os hóspedes eram cristãos e um deles era bispo da Igreja Católica.

Afra, a princípio, ficou confusa com os estrangeiros cristãos. Depois, mesmo sem conhecer o bispo Narciso, caiu aos seus pés e confessou sua vida de pecados. Ele, percebendo que Afra estava realmente arrependida e que sua alma clamava pelo perdão do Senhor, resolveu absolvê-la, desde que se convertesse e fosse batizada no cristianismo. Ela não só se converteu como ainda animou sua mãe e as outras companheiras para que fizessem o mesmo. Também decidiu ajudar Narciso e Félix a continuarem sua fuga, despistando os soldados do imperador.

Entretanto Afra foi traída e denunciada às autoridades pagãs. Presa, o perdão e a liberdade foram-lhe oferecidos, mas só se voltasse a reverenciar os falsos deuses. Afra negou-se e confirmou sua fé em Jesus Cristo. Foi levada para a ilha de Lesh, onde a despiram, amarraram num poste e depois queimaram viva.

O mesmo aconteceu, algum tempo, depois com as suas companheiras e sua mãe. Elas, que já se haviam convertido, tinham ido rezar junto à sepultura de Afra quando foram flagradas pelos soldados do imperador. Hilda, a exemplo de sua filha Afra, recusou-se a abandonar a fé cristã, sendo acompanhada na decisão também pelas três criadas.

Todas morreram queimadas vivas, ali mesmo, junto ao túmulo da mártir Afra.

Esta é uma das mais antigas tradições cristãs do povo alemão, que venera santa Afra como Padroeira da cidade de Augsburgo desde a Antigüidade, e que teve seu culto autorizado pela Igreja somente em 1064. A festa de santa Afra em Augsburgo acontece no dia 7 de agosto, embora, em algumas localidades, ocorra em outras datas.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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O perfil do ser humano pós-moderno?

O homem pós-moderno | Instituto Incclusão Brasil

Dom Jacinto Bergmann
Arcebispo de Pelotas (RS)

Qual é o perfil do ser humano pós-moderno que a civilização de hoje necessita? Colocar essa questão já é uma ousadia. Respondê-la, é ousadia maior. Mesmo assim, propus-me elaborar uma resposta nas poucas linhas abaixo, de apenas um sintético artigo.  

Para iniciar, a resposta ao perfil do ser humano pós-moderno, é determinada, particularmente, em função das condições pessoais e sociais, marcadas por um crescente niilismo e por profundas desigualdades e gritantes injustiças que estão presentes na civilização hodierna. Também marcada pelo horizonte cultural de um milênio que está se inaugurando – cultura marcada pela racionalidade e pelo espírito “intelectóidista”, de um lado, mas igualmente por manifestações de uma subjetividade extrema e única, que faz do indivíduo, centro, critério e fim de tudo, inclusive da “própria religião”. “Cada um acredita no que quer!” Mesmo, ainda sentado a uma suposta mesa marcada pela essencialidade e pela hospitalidade, cada um se apodera do supremo direito do indivíduo onipotente. E, mesmo refém da globalização, sente-se senhor das suas ideias e crenças, de seus desejos e “valorizações”. Para fazer frente a esse contexto, iniciando minha tentativa de resposta, a civilização atual precisa de seres humanos pós-modernos dotados de convicções profundas, identidade pessoal e social clara, possuidores de fina preocupação altruísta e não menor sensibilidade social. 

Assim, em uma civilização marcada pelo consumismo pragmático e pela busca de satisfações imediatas, polarizada no desfrute do presente e fechada às interrogações transcendentes, a nossa civilização precisa de seres humanos pós-modernos imbuídos de profundo sentido de vida, com experiência madura de fé, de esperança, de amor e forte abertura ao Transcendente. Esses seres pós-modernos devem ser capazes de dar testemunho de vida e de responderem à inquietude mais profunda do coração humano, que feito para o Deus-Criador, só em Deus-Criador pode encontrar repouso: “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti”, já afirmava Agostinho de Hipona, umas das mentes mais brilhantes da história da humanidade até hoje. 

Mais, em uma civilização marcada pelo pluralismo de pensamentos cognitivos, de critérios éticos, de estilos vivenciais, de culturas diferentes, de religiões diversas, o ser humano pós-moderno deve sentir-se membro da história hodierna. Em meio a este pluralismo ideológico e axiológico, o ser humano deve possuir convicções sólidas, ser capaz de vivê-las e testemunhá-las. Isso ajudará à civilização a confessar uma fé madura, a dar razão de sua esperança e a viver o dom maior do amor, em um momento histórico, em que se “tudo vale”, o que “menos vale”, corre o risco de ser justamente o ser humano, tornado objeto e instrumento da mera civilização egoísta e “descartante”. 

Por fim, em uma civilização marcada por injustas desigualdades, mesmo passando por sistemas sociais que se dizem aptos para o bem-estar do ser e conviver do gênero humano, a humanidade pós-moderna deve reinventar a fraternidade social e ambiental. Essa é urgentíssima, acabando com a hegemonia de uma minoria em detrimento da maioria – bilhões de seres humanos sobrevivem a duras penas e o próprio sistema planetário rebela-se contra os seus agressores, prenunciando dias terríveis para a “Casa Comum” (Papa Francisco). Humanidade e “Casa Comum”, na pós-modernidade, se veem crescentemente ameaçadas pelas consequências, não só previsíveis, mas previstas, pela volta de adesão forte dos seres humanos pós-modernos ao pecado de “Eva e Adão”, com a expulsão do “paraíso”, e, pela volta de adesão forte dos seres humanos pós-modernos ao pecado de “Caim”, com o fratricídio de “Abel”. Perfila-se, portanto, para o ser humano pós-moderno, sem perda de tempo, a retomada de uma nova “Eva” e novo “Adão” e seu novo paraíso, e, a incorporação de “Abel” e sua real fraternidade.

Resumindo, a civilização atual, precisa de seres humanos pós-modernos imbuídos de profundo sentido de vida e responsabilidade e compromisso social e ambiental, capazes de educar novas gerações que, primeiro, vivam com sentido de vida, segundo, chamem à responsabilidade, e terceiro, engajem-se de corpo e alma nas lutas pelo reinado da justiça e da paz, da verdade e do amor, tendo como parâmetro a dignidade inviolável da pessoa humana e da integridade da “Casa Comum”. 


Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF