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quarta-feira, 10 de agosto de 2022

São Lourenço

S. Lourenço | arquisp
10 de agosto

São Lourenço - Diácono e mártir

Seu martírio, diz o poeta Prudêncio, assinalou o declínio dos deuses de Roma. Sinal, portanto, de que a morte do jovem diácono Lourenço provocara na cidade uma grande impressão, a ponto dos pagãos - vendo tão serena coragem diante da tortura - começaram a se interrogar sobre a religião professada pelo heróico mártir.
Sua imagem, cingida de lenda(a paixão de São Lourenço, de um século posterior à sua morte, é pouco confiável) já nos escritores próximos de sua época, como Prudêncio, Dâmaso e Ambrósio, está ligada a sua tortura.O mártir, posto em uma grelha colocada sobre carvões ardentes, encontra um modo de gracejar:"Vede, deste lado já estou bem cozido; virai-me do outro". Mas a maioria dos escritores modernos julga que Lourenço tenha sido decapitado como o papa Sisto II - do qual era diácono e o havia precedido por três dias no martírio.
O papa Dâmaso, por outro lado, parece convalidar a tradição dos carvões ardentes e recorda o heróico testemunho de fé com eficaz síntese: "Verbera, carnífices, flammas, tormenta, catenas..."- açoites,carrascos,chamas,tormentos,cadeias,nada prevaleceu contra sua fidelidade a Cristo.
Mas ao lado dessa imagem de sofrimento aceito, há outra, de modo algum lendária, referente ao diácono encarregado de distribuir aos pobres a coleta dos cristãos de Roma. Ele fora, de fato, encarregado de dirigir outros diáconos de Roma. Pode-se, pois, julgar que, na iminência da prisão, o papa o tenha encarregado de distribuir aos pobres o pouco que a Igreja possuía.
Quando o imperador Valeriano - lê-se na Paixão - impôs-lhe a entrega do tesouro do qual ouvira falar, Lourenço teria reunido diante dele um grupo de mendigos: "Eis o nosso tesouro", disse-lhe, "podeis encontrá-lo por toda a parte". Foi sepultado na via Tiburtina, no Campus Veranus -Verano -,e sobre seu sepulcro foi erigida a basílica que leva seu nome, a primeira das igrejas que Roma dedicou ao seu popular mártir.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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AS COLUNAS DA IGREJA DE CRISTO

Paulo e Pedro | arqbrasilia

A Liturgia da Igreja, desde o século III, une na mesma celebração a memória dos dois grandes apóstolos, Pedro e Paulo, por eles serem os ousados confessores da fé, os mestres inseparáveis, os apóstolos do Evangelho e as duas colunas angulares da Igreja de Cristo. Provavelmente, os primeiros cristãos reuniram em uma mesma celebração esses dois apóstolos tão diferentes devido ao fato de ambos terem sidos perseguidos pelo imperador romano Nero e, como consequência, foram mortos no ano de 67 d.C., na cidade de Roma.

Pedro e Paulo representam na Igreja duas dimensões da vocação apostólica que devem estar sempre unidas, pois se complementam. Ambos serviram a Cristo e colaboraram na expansão do Evangelho, cada um a seu modo. Pedro representa a instituição, a hierarquia desejada por Jesus. Paulo representa a criatividade missionária, o constante ardor que nos leva a não poupar esforços para ganhar almas para Jesus Cristo.

Juntos, Pedro e Paulo nos ensinam que, no centro de suas vidas, não está a própria destreza ou suas capacidades humanas. No centro de suas vidas está o encontro decisivo com Cristo que lhes mudou a existência definitivamente, pois, de um modo singular, eles mergulharam na experiência de um amor salvífico que os curou e libertou e, por isso, tornaram-se apóstolos e ministros de libertação repletos da alegria do Evangelho.

Pedro, o humilde pescador da Galileia, foi o chefe dos apóstolos. O Senhor lhe confiou o primado, no sentido de servir ao povo com a generosidade da fé. Desta forma, ele coordenou a comunidade eclesial, a Igreja primitiva. Ele personifica a Igreja Católica, a quem foram dadas as chaves do reino dos céus. Jesus lhe solicitou um amor todo particular para assim apascentar o Seu rebanho e, por isso, “em Pedro, robustece-se a nossa fortaleza.” (São Leão Magno)

Reconhecemos em Pedro, o apóstolo apaixonado, mas frágil espiritualmente, o primeiro Papa da Igreja, o primeiro elo na sucessão apostólica. Este reconhecimento baseia-se na passagem evangélica em que Cristo nomeia a Simão como Pedro e lhe diz: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a Minha Igreja, e as portas do inferno nunca prevalecerão sobre ela.” (Mt 16, 18)

Ao lado de Pedro, como coluna da Igreja, encontramos Paulo, o apóstolo dos gentios, o missionário por excelência. Paulo foi educado com formação rabínica e era um grande conhecedor do pensamento greco-romano. Ele deixou de ser um perseguidor para se tornar apóstolo do cristianismo. Sua missão foi crucial porque dissociou o Cristianismo da lei judaica.

A missão evangelizadora de Paulo de Tarso teve início quando ele teve uma experiência mística que o levou a se converter ao cristianismo. Ele estava indo para Damasco em um cavalo, para perseguir os cristãos. Em determinado momento, uma luz do céu o impressionou e ele caiu do cavalo. Uma voz disse-lhe: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” Ele respondeu, questionando: “Quem és tu, Senhor?” E ouviu a resposta que mudou definitivamente a sua vida: “Eu sou Jesus, a quem tu persegues; agora levanta e entra na cidade e lá te dirão o que deves fazer.”

Pedro e Paulo são os nossos guias na fé, sólidos exemplos de mudanças radicais operadas pela graça de Deus. Pedro nos confirma na fé e Paulo nos evangeliza com suas cartas pastorais e o seu zelo missionário. Pedro e Paulo, segundo as Sagradas Escrituras, tiveram divergências sobre para quem deveriam anunciar o Evangelho de Cristo, mas depois os dois apóstolos concordaram que o anúncio da Palavra deveria acontecer para os judeus e os pagãos.

Contemplando a vida, a vocação e a atividade missionária de São Pedro, recordamos as palavras pronunciadas pelo Cristo: “Caiu a chuva, vieram as enxurradas, sopraram os ventos e deram contra aquela casa, mas ela não caiu, porque estava alicerçada na rocha.” (Mt 7, 25). Pedro é essa rocha que, mesmo com suas debilidades e defeitos, um dia foi escolhida pelo Senhor para presidir o colégio apostólico. Diante do exemplo de Pedro e de Paulo, e inseguros diante das nossas fraquezas, podemos ouvir a voz dos santos nos assegurando: “Coragem! Tu podes. Não vês o que fez a graça de Deus com aquele Pedro dorminhoco, negador e covarde e com aquele Paulo, perseguidor, odiento e pertinaz.” (São Josemaría Escrivá)

Pedro e Paulo testemunharam o amor de Jesus não somente com a palavra, mas, acima de tudo, com o modo coerente de vida e com a própria morte. Em suma, “o Senhor reconheceu em Pedro o intendente fiel, a quem confiou as chaves do Reino, e em Paulo, um mestre qualificado, que encarregou de ensinar na Igreja. Para prometer aos que foram formados por Paulo que encontrariam a salvação era preciso que Pedro os acolhesse para lhes dar repouso. Quando Paulo tiver aberto os corações com a sua pregação, Pedro abrirá às almas o Reino dos Céus.” (São Máximo de Turim)

Uma importante lição que devemos aprender com Pedro e Paulo é que não é nada fácil aceitar a mensagem de Jesus e segui-Lo pelo caminho da santidade, mas, por outro lado, é exatamente nesse seguimento que está a razão da nossa felicidade. Nesse sentido, no chamado de Jesus a Pedro e a Paulo, podemos reconhecer o nosso próprio chamado, o convite de Cristo que nos convoca ao serviço do Reino e ao anúncio da Boa Nova da Salvação. Por tudo isso, também para nós, em pleno século XXI, “Pedro e Paulo são os nossos mestres, pois aprenderam, com o único Mestre de todos os homens, os caminhos da vida e ainda hoje no-los ensinam.” (São Bernardo)

Celebremos, com renovada esperança, com fé e santidade, as duas colunas da Igreja de Cristo, São Pedro e São Paulo. Sigamos os passos do Senhor Jesus por meio desses dois apóstolos e vivamos, sempre mais, o nosso batismo, os nossos compromissos cristãos em unidade com o Santo Padre, o Papa, os Bispos, os sacerdotes e todo o povo de Deus, para que um dia possamos viver plenamente o amor de Cristo na eternidade depois de termos combatido o bom combate, guardando a fé.  São Pedro e São Paulo, apóstolos, rogai por nós!

Aloísio Parreiras

(Escritor e membro do Movimento de Emaús)

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Por que os animais de estimação fazem bem para o corpo e para a alma?

pyrozhenka!Shutterstock
Por Daniel R. Esparza

Cães, gatos e hamsters podem nos ensinar muito sobre relacionamentos.

Algumas pessoas dizem que ter um animal de estimação é uma questão de grande responsabilidade (como se isso fosse uma coisa ruim).

De fato, uma das melhores coisas sobre compartilhar o cotidiano com um animal está relacionada ao desenvolvimento de um senso de responsabilidade por outro ser que depende completamente de você.

Um animal que vive em um apartamento, quintal ou mesmo em uma pequena fazenda não será totalmente capaz de garantir comida, água ou abrigo para si mesmo.

Mas o seu cão, gato, periquito ou hamster não são os únicos beneficiários deste relacionamento.

O Departamento de Pediatria da Faculdade de Medicina e Saúde Pública da Universidade de Wisconsin confirmou que crianças que convivem com cães e gatos têm menor probabilidade de desenvolver doenças alérgicas.

Compartilhar a infância com um bichinho de estimação influencia positivamente e ajuda a desenvolver o sistema imunológico das crianças.

Presente

Mas ter um animalzinho não faz bem só para os pequenos.

O psicoterapeuta Jay P. Granat afirma que, como cães e gatos vivem praticamente no “aqui e agora”, e, segundo os especialistas, não se importam com o amanhã, eles ajudam os adultos a não focarem excessivamente no futuro e aproveitarem melhor o presente.

Além disso, os bichinhos são excelentes companheiros e ajudam a combater a depressão causada pela solidão.

Os pets auxiliam as pessoas a construir relacionamentos. Eles “ensinam” aos seus donos humanos os fundamentos básicos da convivência com aqueles que são diferentes, dando aos seus proprietários uma espécie de “treinamento” para lidar com as complexidades das relações humanas.

Cuide bem do seu bichinho!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Edith Stein: virgem e mártir Carmelita, assassinada em 9 de agosto de 1942

Edith Stein | Vatican News

Edith Stein, Co-padroeira da Europa. “Uma eminente filha de Israel e filha fiel da Igreja” (S. João Paulo II).

Vatican News

A Igreja celebra, neste dia 9 de agosto, a festa de Santa Teresa Benedita da Cruz, conhecida como Edith Stein, virgem e mártir Carmelita e Padroeira da Europa. Celebra-se também os 80 anos de sua morte.

Edith nasceu em Breslávia, na Baixa Silésia, Polônia, em 1891. Era a décima primeira filha de um casal de judeus muito fervoroso. Destacou-se, logo, por sua inteligência brilhante e o juvenil desapego da religião.

Foi assistente do filósofo Husserl na Universidade de Freiburg, com quem aprofundou o tema da empatia e da fenomenologia. Mas, mediante a leitura dos Exercícios de Santo Inácio de Loyola e a vida de Santa Teresa de Ávila contribuíram para suscitar sua conversão ao cristianismo.

Segunda Guerra Mundial

Durante a I Guerra Mundial, ao chegar ao ápice de um longo percurso interior, Edith Stein interrompeu seus estudos de Filosofia para prestar socorro aos soldados, como enfermeira da Cruz Vermelha, e se dedicar à promoção humana, social e religiosa das mulheres, e à vida contemplativa.

Através de seus conhecimentos, estudos e aprofundamento dos textos de Santo Tomás de Aquino e de Santo Agostinho, Edith conseguiu encontrar a Verdade de Cristo. Por isso, recebeu o Batismo e a Crisma, em 1922, contra a vontade de seus pais, sem jamais renegar às suas raízes judaicas.

Durante os anos das perseguições, tornou-se professora e Irmã Carmelita, em Colônia, Alemanha, em 1934, recebendo o nome de Teresa Benedita da Cruz. Assim, abraçou o sofrimento do seu povo, em sintonia com o sacrifício de Cristo.

Devido às violências da "Noite dos Cristais", foi transferida para a Holanda, país neutro, onde, no Carmelo de Echt, colocou por escrito seu desejo de se oferecer em "sacrifício de expiação pela verdadeira paz e a derrota do reino do Anticristo".

Edith é presa

Dois anos após a invasão nazista na Holanda, em 1940, foi presa, junto com outros 244 judeus católicos, como ato de represália contra os Bispos holandeses, que se opuseram publicamente às perseguições. Foi levada para o Campo de Extermínio de Auschwitz, na Polônia, onde transmitiu a mensagem evangélica aos presos, dedicando-se, sobretudo, à assistência das crianças encarceradas, que, depois, as acompanhou, com compaixão, até ao patíbulo.

Sua irmã Rosa, que também havia se convertido ao catolicismo, estava presa com ela em Auschwitz. No momento extremo do seu martírio, disse: "Venha, vamos pelo bem do nosso povo". Com o olhar fixo nos braços abertos de Cristo na cruz, única esperança, Edith Stein recebeu a palma do martírio nas câmaras de gás de Auschwitz-Birkenau, no tórrido mês de agosto de 1942.

Em 1998, ao presidir o rito de sua Canonização, São João Paulo II a definiu: "Uma eminente filha de Israel e filha fiel da Igreja. Proclamar Santa Edith Stein co-padroeira da Europa significa cravar no horizonte do Velho Continente um estandarte de respeito, tolerância, aceitação".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São Fermo e São Rústico

SS. Fermo e Rústico | arquisp
09 de agosto

São Fermo e São Rústico

Fermo e Rústico foram dois mártires da África do Norte. O primeiro teria morrido em Cartago, no tempo do imperador Décio, que empreendeu uma grande e dura perseguição aos cristãos nos anos de 249 até 251. O segundo teria sido morto, junto com outros, na região da Argélia, durante o império de Valeriano.

As suas relíquias encontram-se na igreja de São Fermo e São Rústico, em Verona, na Itália. Trata-se de um conjunto arquitetônico muito exótico, formado por duas igrejas, construídas uma sobre a outra, em momentos diferentes. Uma teria sido construída durante o século XIII e a outra pelo século XIV. A magnífica igreja superior guarda as urnas de Fermo e Rústico, os quais possuem uma história muito interessante, envolta de longínquas tradições cristãs do Oriente e do Ocidente.

Segundo elas, Fermo e Rústico não eram africanos, mas veronenses de origem. Teriam sido mortos decapitados por não renegarem a fé em Jesus Cristo no tempo do imperador Maximiano, entre 286 e 310. Depois disso, seus corpos teriam sido enviados a Cartago, no norte da África, para serem sepultados.

Porém suas relíquias tiveram novamente o rumo da Itália, entre 757 e 774, devido à aclamação do povo. O retorno foi patrocinado pelo bispo de Verona, Annone, que custeou o traslado das relíquias de volta à sua terra natal. Os dois mártires foram acolhidos com grande solenidade, quando os corpos foram depositados nas igrejas, que há muito tempo já haviam sido erguidas em honra de seus nomes.

Essa história está registrada em dois documentos: no "Translatio ss. Firmi et Rustici", da segunda metade do século VII, e no "Il ritmo pipiniano", escrito entre os séculos VIII e IX. Naquela época, o norte da África estava sob domínio dos vândalos de Genserico. Isso provocou uma emigração de cidadãos romanos, fugitivos, de volta à Itália.

Verona era a província que mais acolhia esses fugitivos. Ela teve, mesmo, como bispo, o norte-africano Zeno, também um fugitivo, que hoje é festejado como Padroeiro da cidade. Ele é um bom exemplo de como o povo veronense tinha grande veneração pelos mártires africanos. Assim, é bem possível que tenham adotando, também, os santos Fermo e Rústico, muito celebrados como padroeiros de Verona.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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Dom David Martínez de Aguirre: "para os povos indígenas a Igreja é uma grande aliada"

Dom David Martínez de Aguirre | Vatican News

A Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM) tem nova presidência, e um de seus vice-presidentes é Dom David Martínez de Aguirre Guinea. Celebra-se neste dia 9 de agosto o Dia Internacional dos povos indígenas instituído pela ONU.

Padre Modino, Silvonei José – REPAM - Vatican News

Celebra-se neste dia 9 de agosto o Dia Internacional dos povos indígenas instituído pela ONU.

No marco do Dia Internacional dos Povos Indígenas recorda-se que se celebra também “o papel dos Povos Indígenas na proteção da criação de Deus e da biodiversidade. Os povos indígenas representam menos de 5% da população mundial, mas protegem 80% da biodiversidade mundial?”, questiona a gerente de Biodiversidade e Clima do Movimento Laudato si’, Caroline..

Neste dia propomos uma entrevista com um dos novos vice-presidentes da Rede Eclesial Pan-Amazônica (REPAM), Dom David Martínez de Aguirre Guinea. O Bispo de Puerto Maldonado, na Amazônia peruana, reflete sobre a região e o trabalho da Igreja na região, que tem que ser em rede, em comunhão.

Aquele que foi um dos secretários do Sínodo da Amazônia vê que "o primeiro desafio é envolver os diferentes agentes da Igreja no território", uma missão que deve levar a acompanhar a vida dos povos indígenas, "que não são objetos de evangelização, mas sujeitos".

Ele também falou sobre o recentemente falecido cardeal Claudio Hummes, que "foi com tenacidade e esperança, um homem que acreditou na Igreja na Amazônia, acreditou nos povos indígenas, que trabalhou muito pela Amazônia". Ele convida a Igreja na Amazônia a "continuar a tecer em rede", e a Igreja universal a "escutar o chamado que o Papa Francisco faz na Querida Amazônia para deixar nossos corações serem tocados por este bioma, tão esplêndido e tão particular".

Dom David Martínez de Aguirre | Vatican News

Desde julho de 2001, pouco depois de ser ordenado presbítero, o senhor é missionário no Vicariato de Puerto Maldonado, na Amazônia peruana. O que significa a Amazônia em sua vida?

De certa forma, ela tem estado no centro da minha vida. Minha consagração a Deus e minha vocação para servir aos outros e dar minha vida a Deus, hoje se concretiza na Amazônia. A forma como me consagro a Deus é consagrando-me ao povo da Amazônia e a estas missões. É a maneira concreta de viver a vocação com a qual tenho sonhado em minha vida.

Uma missão que vai além das fronteiras do Vicariato de Puerto Maldonado, pois o senhor foi um dos secretários do Sínodo para a Amazônia, vice-presidente da CEAMA e agora vice-presidente da REPAM. Por que é importante trabalhar em uma rede para a Igreja na Amazônia?

O mundo hoje trabalha em rede e, infelizmente, o mal se organiza por si mesmo. Como discípulos de Cristo, uma das missões que temos é proclamar o Reino e também vencer todo o mal. Reunir-se em rede é tecer a teia do Evangelho e tentar unir tudo o que é vida e esperança para que esta sinergia seja criada, que no final é o Reino. Tecer redes nada mais é do que tecer comunhão, é o projeto de Jesus, é o Evangelho que tenta superar tudo o que não é bom no mundo.

Na Amazônia de hoje, diante de tantos poderes gananciosos que estão por trás dela e que a ameaçam, o Evangelho e aqueles de nós que seguem a Boa Nova de Jesus e a propõem ao mundo como alternativa de uma bela vida, em comunhão com a natureza, tecendo redes e fazendo comunhão entre nós, é algo evangélico, é nossa própria vocação, nossa própria vida. Isso é o que é importante na CEAMA, na REPAM. A REPAM é talvez a primeira rede eclesial na Amazônia que tenta gerar esta comunhão de todos.

Dom David Martínez de Aguirre | Vatican News

Quais são os desafios que devem ser enfrentados para gerar esta comunhão?

O primeiro desafio é envolver os diferentes atores da Igreja no território. É complicado, porque na Amazônia, devido às grandes distâncias que temos, cada um de nós tende a fazer nosso próprio mundo, nos divertimos muito, nos encurralamos e corremos o risco de sermos franco-atiradores, que no final não conseguimos um trabalho eficaz, uma missão de relevância.

Um dos grandes desafios é envolver todos os atores da Igreja a fim de nos convencer de que há muito mais que nos une do que as diferenças ou particularidades de cada um. Um dos desafios é sair desta tendência de caminhar cada um por si só, que é uma tendência muito presente em nosso mundo, e unir todos nós para acreditar que juntos podemos fazer mais e que em comunhão conseguiremos mais.

Este é um dos desafios que temos como Igreja, para tecer redes, para resgatar as belas e interessantes experiências que existem na Amazônia, e colocá-las em comunhão, para conhecê-las, para valorizá-las e fazê-las chegar a todos e ter um efeito mais positivo, um efeito do que realmente queremos, um efeito mais efetivo.

Uma das principais missões da REPAM ao longo de seus 8 anos de existência é o acompanhamento dos povos indígenas. O que a REPAM significa para os povos indígenas?

Um dos desafios que enfrentamos é tornar os povos indígenas, na base, conscientes da REPAM. Talvez como um acrônimo, os povos indígenas não saibam sobre isso. Os povos indígenas tendem a individualizar o contato com quem quer que chegue. Falamos do que a REPAM significa para os povos indígenas, o que significa a Igreja, a Amazônia, para mim é a mesma coisa, e o que eu diria é que, para os povos indígenas, a Igreja é uma oportunidade, um grande aliado que eles têm, de poder resgatar sua cultura, de poder sentar-se à mesa com aqueles que geram políticas, de poder encontrar um alto-falante que faça com que suas demandas e suas situações sejam reconhecidas no mundo.

A visita do Papa Francisco foi justamente isso, foi um grande alto-falante que gritou ao mundo que os indígenas existem, que eles têm um modo de vida, que exigem cuidado com a Terra, pelo respeito a suas culturas. A Igreja é uma grande aliada dos povos indígenas, por sua agenda na política internacional.

Uma mulher indígena, que vive em Puerto Maldonado, é uma das vice-presidentes da REPAM, que é uma das novidades, um presidente e três vice-presidentes, uma religiosa, uma leiga indígena e um bispo. O que pode significar a presença de uma mulher indígena na vice-presidência da REPAM?

É um reconhecimento de que eles não são objetos de evangelização, mas sujeitos, um reconhecimento de que eles têm sua própria voz na Igreja, é muito importante. É deixar de dizer que os indígenas são aqueles que não podem, aqueles que não sabem, aqueles que não são capazes, reconhecer sua maioria, que eles tinham há muito tempo, mas nem sempre a reconhecemos. É reconhecer o que eles são, valorizá-los e dar-lhes o espaço para que possam se expressar e se sentir parte da Igreja e da Igreja, para construir o mundo pelo qual anseiam, onde eles e sua visão de mundo fazem parte.

Na história da REPAM e da CEAMA, alguém que desempenhou um papel fundamental foi o cardeal Claudio Hummes. O senhor foi vice-presidente da CEAMA junto com o recém falecido cardeal brasileiro. O que significa sua figura em tudo o que a REPAM e a CEAMA experimentaram até agora, e o que ela pode significar para o futuro?

O cardeal Hummes foi um homem de tenacidade e esperança, um homem que acreditou na Igreja na Amazônia, que acreditou nos povos indígenas, que trabalhou muito pela Amazônia, que gerou laços de comunhão dentro da Igreja amazônica e também fora dela. Ele tem sido um homem de diálogo, tenacidade e esperança.

Sem dúvida, a figura do cardeal Hummes será uma grande inspiração para a Igreja Amazônica por muitos anos, porque ele foi um homem que viajou pela Amazônia, que escutou e foi tocado pelo clamor da Terra e dos pobres, e que fez tudo ao seu alcance, com serenidade, com paz, um fabuloso trabalho, e sempre foi capaz de se manter com grande tenacidade, com grande força para dar os passos que temos dado até agora. REPAM e CEAMA sem dúvida levam o nome do cardeal Hummes.

Qual seria sua mensagem, como vice-presidente da REPAM, para a Igreja na Amazônia e para a Igreja universal?

Para a Igreja da Igreja da Amazônia, eu diria que temos que continuar tecendo juntos em rede, que nosso Sínodo da Amazônia está começando a tomar forma agora. Recebemos aprovação, um endosso da Igreja universal, do Papa Francisco no Sínodo da Amazônia. Os desafios que nos colocamos foram reafirmados pelo Papa Francisco na Querida Amazônia.

Temos que continuar trabalhando, e agora temos o papel de especificar tudo o que falamos, o que no final é especificado nos núcleos temáticos que temos entre a REPAM e a CEAMA, que é o grande compromisso. Temos que envolver todos nós, para que ninguém se sinta à parte da REPAM e da CEAMA, para que não se sintam apenas organismos que aterrissam em território amazônico, mas que sintamos que somos o conjunto da Amazônia que compõem a REPAM e a CEAMA, que é o organismo que quisemos após o Sínodo para concretizar o espírito e o carisma da REPAM.

À Igreja universal, que eles escutem o chamado que o Papa Francisco faz na Querida Amazônia para se deixar tocar em nossos corações por este bioma que é tão esplêndido e tão particular. Neste momento, o Papa Francisco, desta periferia que é a Amazônia, está chamando a humanidade e a Igreja para uma conversão. A humanidade tem a oportunidade de redirecionar seus caminhos como humanidade, ouvindo os povos indígenas, e tem a possibilidade de ver o bioma Amazônia, de repensar sua relação com a Mãe Terra, com esta casa comum. Que possamos ver a Amazônia como uma oportunidade para que o mundo se redescubra, se reinvente, e o faça de uma maneira mais bela para todos.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Os primeiros escritores cristãos

Editora Cléofas

Os primeiros escritores cristãos

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Após os escritos do Novo Testamento, houve, ainda no século I e no começo do II, os dos Padres Apostólicos (assim chamados porque estiveram em contato direto com os Apóstolos). Sobrevieram, nos séculos II/III, os Apologetas ou escritores que defenderam a fé cristã contra os pagãos e as primeiras heresias.

Os Padres Apostólicos

Dada a sua antiguidade, são muito estimados. Os seus escritos têm certa semelhança com os do Novo Testamento, a ponto que alguns chegaram a ser considerados canônicos (assim a Didaquê, a epístola de Clemente, a do Pseudo-Barnabé). Não escreveram tratados teológicos, mas geralmente cartas em língua grega, que abordam assuntos de disciplina, recomendam a unidade da Igreja e a autoridade dos Apóstolos. Eis os principais autores:

1. São Clemente de Roma (? 102?) foi, a quanto parece, o terceiro bispo de Roma após São Pedro. Pouco se sabe a respeito de sua vida, que nos foi narrada fantasiosamente por fontes espúrias. Por cerca de 96, escreveu uma carta aos coríntios, exortando-os à concórdia e à submissão aos legítimos pastores. O tom caloroso e firme desse escrito já manifesta a consciência que o bispo de Roma tinha de sua autoridade. Foram atribuídos a Clemente outros escritos, hoje reconhecidos como não autênticos.

2. S. Inácio, bispo de Antioquia (? 107), foi condenado à morte na perseguição de Trajano (98-117). Durante a viagem que, prisioneiro, fez da Síria a Roma, onde devia ser lançado às feras do Coliseu em espetáculo público, Inácio escreveu seis cartas às comunidades de Éfeso, Magnésia, Trales, Filadélfia, Esmirna, Roma respectivamente, e uma ao bispo Policarpo de Esmirna. – Nestes escritos percebe-se o ardente amor de Inácio a Cristo e à Igreja; o autor professa clara doutrina da Encarnação: Jesus é Deus, que se fez homem no seio de Maria Virgem; mostra que no começo do século II já havia o episcopado monárquico, ou seja, o bispo como pastor supremo da sua diocese; chama a igreja de Roma “aquela que preside na caridade”.

3. São Policarpo (? 156), bispo de Esmirna, viu e ouviu São João Evangelista. Escreveu uma carta aos filipenses. Famoso é o relato do Martírio de São Policarpo, a mais antiga Ata de martírio que temos.

4. Pápias (? 130 aproximadamente) foi bispo de Hierápolis na Ásia Menor. Redigiu cinco livros intitulados “Explicações dos dizeres do Senhor”, que infelizmente se perderam, excetuados poucos fragmentos, muito preciosos porque referem datas e circunstâncias atinentes à redação dos Evangelhos.

5. A Didaquê (Doutrina dos Doze Apóstolos), de autor desconhecido, é um catecismo simples da vida cristã e um ritual, que trata do Batismo, da Eucaristia, da celebração do domingo, do jejum… Pode ter sido redigido ainda no fim do século I.

6. A Epístola do Pseudo-Barnabé foi erroneamente atribuída a este companheiro de São Paulo. O autor quer valorizar o Antigo Testamento como mensagem dirigida aos cristãos e propõe as duas vias – a da luz e a das trevas -, que levam respectivamente à vida e à morte.

7. O Pastor de Hermas deve-se a um personagem que não podemos identificar. Trata da penitência sacramental, que era ministrada com grande rigor e uma só vez para cada cristão; os antigos confiavam à misericórdia de Deus aqueles que, após a dura praxe penitencial da época, recaíssem nos mesmos pecados.

O combate escrito aos cristãos

Nos seus três primeiros séculos, os cristãos tiveram que enfrentar, além das heresias, dois tipos de adversários: os pagãos e os gnósticos.

As acusações dos pagãos

Além dos judeus, os pagãos lançavam acusações contra os cristãos. Estes eram tidos como ateus porque não cultuavam os deuses do Império nem reconheciam César como deus; eram escarnecidos por adorarem uma cabeça de asno (os pagãos apresentavam o Crucificado com cabeça de asno, visto que a Cruz era, para eles, loucura); dizia-se que comiam crianças (pois recebiam sacramentalmente o Corpo e o Sangue do Senhor Jesus) e que em suas assembleias apagavam as luzes para realizar uniões incestuosas após o banquete. As calamidades (enchentes, incêndios, epidemias…) eram atribuídas à impiedade dos cristãos. Os intelectuais pagãos menosprezavam os cristãos porque não compartilhavam das expressões mitológicas da cultura; muitas vezes na própria casa de família abstinham-se das celebrações domésticas (aniversários, casamentos…), pois estas estavam impregnadas de espírito religioso politeísta (havia os dimanes, deuses da família). Em grande parte, os cristãos se recrutavam nas camadas mais humildes da população; por isto eram tidos como ingênuos, vítimas de um ou mais exploradores da sua simploriedade.

Os preconceitos que assim corriam de boca em boca, levavam a crer que os cristãos constituíam um perigo para o Império Romano. – De resto, as acusações levantadas contra eles tinham, às vezes, fundamento nas crenças ou nas práticas de grupos dissidentes do Cristianismo (montanismo, correntes gnósticas…); os pagãos não distinguiam entre a chamada “Grande Igreja” e os conventículos que professavam apenas parte da mensagem cristã.

O Gnoticismo

A gnose é uma corrente sincretista que funde entre si elementos das religiões orientais, da mística grega e da revelação judeo-cristã. Tentou envolver o Cristianismo no processo de fusão, pondo em xeque a pureza da mensagem evangélica nos séculos II/III. Por isto já em 1Tm 6,20 há uma advertência a Timóteo para que evite “as contradições de uma falsa gnose (pseudónymos gnosis)”.

Os gnósticos atraiam os homens prometendo-lhes um conhecimento superior ao da simples fé cristã, reservado aos iniciados. Esse conhecimento (gnosis) forneceria a solução cabal dos problemas fundamentais da filosofia (origem do mal, gênese do mundo, redenção e felicidade definitiva do homem).

Os gnósticos eram, antes do mais, dualistas, isto é, admitiam um princípio bom, que seria a Divindade (simbolizada pela Luz) e, em oposição, a matéria (simbolizada pelas trevas), má por si mesma. Da Divindade emanariam os seres (eones) num sistema de (365?) ondas concêntricas, cada vez mais distanciadas do bem e próximas do mal. O homem seria um elemento divino que, em conseqüência de um acontecimento trágico, terá sido condenado a se revestir de matéria (corpo) e viver na terra. O Criador do mundo material seria um eon inferior, que era identificado com o Deus justiceiro do Antigo Testamento.

Para libertar as centelhas de luz ou de bem aprisionadas na matéria e levá-las ao reino da luz, terá sido enviado ao mundo um eon superior, o Logos (Cristo). Este revelou aos homens o Deus Sumo e Verdadeiro, que eles ignoravam; anunciou-lhes que o mundo da luz os espera e lhes transmitiu as maneiras eficazes de vencer e eliminar a matéria.

O Salvador assim entendido tinha, conforme algumas escolas gnósticas, apenas um corpo aparente (docetismo) ou, segundo outras, tinha um corpo real, no qual o Logos desceu e permaneceu desde o Batismo até a Paixão de Jesus.

A salvação só pode ser obtida pelos homens pneumáticos (espirituais) ou gnósticos, nos quais prevalece a luz. A maioria dos homens ou a massa é material (hílica) e será aniquilada como a matéria. Entre os espirituais e os materiais haveria os psíquicos ou os simples crentes católicos, que poderiam chegar a gozar de uma bem-aventurança de segunda ordem.

Os gnósticos admitiam o retorno de todas as coisas às condições correspondentes à sua natureza originária.

Pelo fato de desprezarem a matéria, os gnósticos deveriam praticar severa ascese ou abstinência de prazeres carnais. Facilmente, porém, passavam ao extremo oposto: recusando o Deus do Antigo Testamento, que era também o autor da Lei, rejeitavam normas de conduta moral e caiam em libertinismo desenfreado. Julgavam supérflua a confissão de fé perante as autoridades hostis, porque a verdadeira profissão de fé, o martírio (testemunho em grego) consistia na gnose; quem possui a esta, não está obrigado a sacrifício algum.

O gnosticismo se ramificou em escolas diversas: o oriental, mais rígida, a helênica, mais branda, a de Marcião, mais chegada ao Cristianismo, a dos Ofitas (cultores da serpente), a dos Cainitas, a dos Setianos… Floresceu principalmente entre 130 e 180, contando com chefes de capacidade notável (Basílides, Valentim, Carpócrates, Pródico…). Produziram rica bibliografia (tratados de filosofia, comentários de textos bíblicos, hinos…), de que nos restam poucos fragmentos.

O confronto entre a gnose aparatosa e o Cristianismo nascente foi de enorme perigo para este; a Igreja teve que desenvolver eloquente e densa apologética representada principalmente por S. Justino, S. Irineu, Tertuliano, Hipólito de Roma… Os bispos se uniram entre si como autênticos guardas do patrimônio da fé; Roma, onde os
principais mestres da gnose queriam implantar-se, soube desenvolver ação particularmente benemérita. Na confusão que entre os cristãos podia estabelecer-se no debate doutrinário, o critério para julgar a veracidade de determinada sentença era a conformidade ou não desta com os ensinamentos da Igreja de Roma; estes eram decisivos, pois a comunidade de Roma estava fundada sobre a pregação e o martírio dos dois principais Apóstolos (Pedro e Paulo): “É com esta Igreja (de Roma), em razão de sua mais poderosa autoridade de fundação, que deve necessariamente concordar toda igreja, isto é, devem concordar os fiéis procedentes de qualquer parte; nela sempre se conservou a Tradição que vem dos Apóstolos” (Contra as Heresias III, 3, 1-3).

Os Apologetas

1. São Justino (? 165 aproximadamente) recebeu o cognome de “filósofo”. Desde jovem, passou pelas principais escolas de filosofia de sua época (o Estoicismo, o Aristotelismo, o Pitagorismo, o Platonismo); finalmente conheceu os Profetas do Antigo Testamento e assim chegou a Cristo, cuja mensagem lhe satisfez plenamente; por isto dizia que o Cristianismo é a verdadeira filosofia; revestido do pálio dos filósofos, deixou sua terra natal, a Palestina, e foi pelo mundo até estabelecer sua escola em Roma. Deixou duas Apologias e o “Diálogo com Trifão judeu”. Os principais pontos doutrinais aí apresentados são:

A teoria do Verbo seminal. Onde há verdade, esta foi comunicada pelo Verbo de Deus. A filosofia grega contém gérmens de verdade, que o Verbo lhe transmitiu através do Antigo Testamento. Também todo homem possui no seu íntimo um gérmen do Verbo, que o capacita a conhecer a verdade. Após a vinda de Cristo, a plenitude da verdade se acha entre os cristãos.

O paralelo Eva-Maria foi formulado por São Justino pela primeira vez. Eva virgem (antes de se relacionar com Adão), pela desobediência, trouxe a morte ao mundo; Maria Virgem pela sua fé trouxe a Vida-Cristo à humanidade.

2. Tertuliano (? após 220) fez-se cristão em idade adulta, quando já exercia a profissão de advogado. Teve o grande mérito de criar uma terminologia precisa e afinada com as categorias do Direito para exprimir a mensagem cristã. Cheio de fantasia, sátira e eloquência, tendia ao rigorismo, que o levou a abandonar a Igreja para aderir ao Montanismo (que apregoava a proximidade de nova era, a do Espírito). Deixou 31 obras dedicadas a reafirmar o Cristianismo frente aos adversários.

3. Minúcio Félix é o autor do diálogo Octavius, do século III. Apresenta a troca de idéias entre o cristão Otávio e o pagão Cecílio; refuta as acusações contra os cristãos e traça um quadro atraente da vida destes.

4. A Epístola a Diogneto é de autor anônimo, que se dirige a um pagão de alta categoria para valorizar a ética dos cristãos: “Participam de tudo como cidadãos, mas tudo suportam como estrangeiros. Qualquer terra estranha é pátria para eles; qualquer pátria, terra estranha. Casam-se e procriam, mas nunca lançam fora o que geraram… Na terra vivem, participando da cidadania do céu… Para resumir numa palavra: o que a alma é no corpo, são os cristãos no mundo”.

O estudioso muito lucrará se dedicar-se à leitura de tais obras, pois lá encontrará fontes de inestimável riqueza para a fé e a espiritualidade. Recomenda-se, pois: Cirilo Folch Gomes, Antologia dos Santos Padres. Ed. Paulinas. À guisa de introdução, ver: A. Hamman, Os Padres da Igreja. Ed. Paulinas.

Fonte: https://cleofas.com.br/os-primeiros-escritores-cristaos/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF