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sábado, 20 de agosto de 2022

Pode usar um Terço em volta do pescoço?

Fred de Noyelle | Godong
Por Philip Kosloski

Usar um rosário em volta do pescoço pode ser visto como um ato de irreverência ou como a expressão de um sinal muito importante.

Muitos católicos, e por vezes mesmo não cristãos, usam o Terço ou as contas de um rosário como se fossem colar. Isto pode escandalizar alguns católicos, que pensam que a pessoa está a tratar o Santo Terço de forma irreverente.

Mas afinal é correto usar um Terço à volta do pescoço?

A Igreja não tem qualquer declaração oficial sobre o uso de contas do rosário. Quando abençoado, um rosário (Terço) é um sacramental, e alguns sacramentais (como o escapulário) são usados à volta do pescoço.

Contudo, os santos e religiosos originais que promoveram o Terço nunca disseram o que se deve fazer com as contas quando não se está a rezar. Até os religiosos encontraram lugares inventivos para as guardar. Os dominicanos, por exemplo, usam um terço preso aos seus cintos.

Nos últimos anos, anéis e braceletes do Terço tornaram-se populares. Destinam-se a ser utilizados como auxiliares de oração, tornando mais fácil rezar o Terço, e não principalmente como acessórios.

Não há nada de errado em usar um Terço como colar, tal como seria uma medalha religiosa ou escapulário; de fato, este é um costume comum em muitas culturas. Deste modo, serve de lembrete para rezar o Terço.

Por outro lado, provavelmente não é uma boa ideia os católicos usarem um rosário, especialmente um que seja abençoado, como jóia ou objeto de moda, sem intenção de usá-lo para rezar. Isso é um uso impróprio do sacramental.

Usar o Terço de uma forma propositadamente zombeteira ou sacrílega, no entanto, ou como uma identificação de gangue, como alguns têm sido conhecidos, pode ser pecaminoso.

A principal coisa a ter em mente é a intenção da pessoa. Está a usar um Terço à volta do pescoço como sinal de devoção e um lembrete para rezar, ou apenas para combinar com a roupa?

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Nicarágua: Bispo é sequestrado pela ditadura de Daniel Ortega

Dom Rolando Álvarez | Guadium Press
Existe um grande temor e incerteza pelo que pode ocorrer com Dom Rolando Álvarez, que foi levado pela polícia para um local ainda desconhecido.

Nicarágua – Manágua (19/08/2022 10:10, Gaudium Press) Durante a madrugada desta sexta-feira, 19, a polícia à serviço da ditadura de Daniel Ortega invadiu a casa episcopal de Matagalpa e sequestrou o Bispo Dom Rolando Álvarez, além de sete seminaristas e um leigo que o acompanhavam.

A invasão aconteceu às 3h20 da manhã, horário local. O Bispo foi forçado a entrar em um veículo das forças militares do país. Já os seminaristas e o leigo que permaneciam desde 4 de agosto na residência foram transladados em veículos diferentes. Centenas de pessoas foram até o local após escutarem os sinos da igreja soarem.

Incerteza sobre o destino do Bispo

A Diocese de Matagalpa publicou em seu perfil oficial no Facebook uma mensagem alertando os fiéis sobre o que estava acontecendo naquele momento. “Neste momento a Polícia Nacional ingressou na Cúria Episcopal de nossa Diocese de Matagalpa”, diz a mensagem.

Existe um grande temor e incerteza pelo que pode ocorrer com o Bispo, os seminaristas e o leigo que estavam na casa episcopal e que foram levados pelo comboio policial para um local ainda desconhecido. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Convenção internacional reforça vocação de leigos a entrar na vida pública

Imagem ilustrativa / Decos CEU Igreja Católica do Uruguai | ACI Digital
Por Eduardo Berdejo | ACI Prensa

BOGOTÁ, 19 ago. 22 / 03:59 pm (ACI).- Nos dias 27 e 28 de agosto, a cidade de Bogotá, Colômbia, será sede da Convenção Católica Internacional, cujo objetivo é despertar os cristãos, especialmente os leigos, para que, vivendo segundo a lei de Deus, colaborem com a recristianização dos países a partir da vida pública.

“A convenção busca despertar os cristãos, convidá-los a viver a lei de Deus”, disse à ACI Prensa, agência em espanhol do grupo ACI, o presidente do Instituto de Pesquisa Social Solidariedade, Samuel Ángel.

Samuel Ángel, organizador da convenção, disse que apesar de os países da América Latina terem 70 ou 75% da população que se declara católica, quando se vê "a formação de instituições ou leis, atualmente não têm nada de cristão".

“Temos que fazer com que nossas leis e nossas instituições tenham princípios cristãos”, disse ele, porque “uma nação sem virtude é uma nação destinada ao fracasso e é isso que se reflete hoje”.

Ángel lembrou a entrada da ideologia de gênero e do aborto na legislação de vários países, e destacou que isso é consequência de "nos esquecermos totalmente de Deus". Há pessoas que se dizem católicas e “apoiam a agenda LGBT”, disse.

“Há uma total deformação da fé cristã, de ser católico e a convenção quer que nós entremos na vida pública, mas que entremos na vida pública não por causa das aparências ou para buscar o poder, mas por estar rendidos aos pés de Deus, servindo-o como Ele manda em sua Palavra e como pede o Magistério da Igreja”, acrescentou.

A convenção internacional dará aos participantes o conhecimento para intervir na vida pública e renovar sua vida familiar.

“Precisamos de Deus para curar essas terras que nós mesmos causamos muitos danos, justamente, entre outras coisas, por causa de nossas más escolhas. Junto com Deus poderemos enfrentar a vida pública, a vida familiar”, disse.

Samuel Ángel destacou que, apesar do secularismo e do ateísmo que existe na cultura de hoje, "há leigos que decidiram lançar-se nesta batalha"; “mas, sem dúvida, precisamos promover um grande movimento de leigos em nível global que saiam para defender a fé e os princípios cristãos”.

Ele exortou a deixar de lado o discurso de sair, fugir da vida pública e, pelo contrário, seguir em frente, disse que “somos chamados a seguir em frente” fazendo-o “à maneira do Senhor que nos diz, em Mateus 28, 18-19: ‘Toda autoridade me foi dada no céu e na terra. Ide, pois, e ensinai a todas as nações’".

Entre os convidados para a Convenção Católica Internacional estão o vice-secretário da Conferência Episcopal Colombiana (CEC), padre Jorge Enrique Bustamante; o apresentador da EWTN, Pepe Alonso; o bispo de El Espinal, dom Miguel Fernando González; o diretor do Departamento de Doutrina e Promoção do Diálogo da CEC, padre Raúl Ortiz Toro; o diretor da Rádio Maria, padre Germán Acosta; o diretor da ACI Prensa, Alejandro Bermúdez; e o presidente do Instituto de Pesquisa Social Solidariedade, Samuel Ángel.

Para mais informações sobre o programa e o custo para participar do evento, você pode entrar no site AQUI.

Fonte: https://www.acidigital.com/

A Igreja e o ensino na Idade Média

A Igreja na Idade Média | Guadium Press

A Igreja e o ensino na Idade Média

 POR PROF. FELIPE AQUINO

O Dr. Thomas Woods, PhD em História pela Universidade de Harvard nos EUA, disse em um dos seus livros que:

“Bem mais do que o povo hoje tem consciência, a Igreja Católica moldou o tipo de civilização em que vivemos e o tipo de pessoas que somos. Embora os livros textos típicos das faculdades não digam isto, a Igreja Católica foi a indispensável construtora da Civilização Ocidental. A Igreja Católica não só eliminou os costumes repugnantes do mundo antigo, como o infanticídio e os combates de gladiadores, mas, depois da queda de Roma, ela restaurou e construiu a civilização” [Woods, 2005, pg. 7].

Um dos pontos mais importantes da atuação da Igreja na Idade média cristã, foi no campo da Ciência. Sem a Igreja não haveria a beleza da arquitetura, da música, da arte sacra, das universidades, dos castelos, do direito, da economia, etc.

No séc. VI São Cesário de Arles já expunha no Concílio de Vaison (529) a necessidade imperiosa de criar escolas no campo; e os bispos se dedicaram a isto. Da mesma forma foi a Igreja que montou para Carlos Magno (†814) a sua política escolar; e retomou a tarefa educadora no séc. X após o fim do seu Império.

O III Concílio de Latrão (1179), em Roma, presidido pelo Papa Alexandre III (1159-1181), ordenou ao clero que abrisse escolas por toda a parte para as crianças, gratuitamente. Obrigou a todas as dioceses terem ao menos uma. Essas escolas foram as sementes das Universidades que logo surgiam: Sorbone (Paris), Bolonha (Itália), Canterbury (Inglaterra), Toledo e Salamanca (Espanha), Salerno, La Sapienza, Raviera na Itália; Coimbra em Portugal.

No séc. XII havia só na França 70 abadias com escolas. Todos os grandes bispos também quiseram ter escolas; na França, no séc. XII havia mais de 50 escolas episcopais. Dos sete aos vinte anos as crianças e os jovens eram recebidos nessas escolas sem distinção de classes. Havia escolas só para meninas e moças. As disciplinas dividiam-se em “trivium” (gramática, dialética e retórica) e “quadrivium” (artimética, geometria, astronomia e música). Mas um grande pedagogo da época Thierry de Chartres, mostrou que o “trivium e o quadrivium” eram apenas um meio e que o fim era “formar almas na verdade e na sabedoria”.

Em muitas escolas os alunos tinham ensino técnico de como trabalhar o ouro, prata e cobre. Aos poucos surgiam as especializações: Chartres (letras), Paris (teologia), Bolonha (direito), Salerno e Montpellier (medicina).

O Concílio geral de Latrão III, aprovou o seguinte cânon:

“A Igreja de Deus, qual mãe piedosa, tem o dever de velar pelos pobres aos quais pela indigência dos pais faltam os meios suficientes para poderem facilmente estudar e progredir nas letras e nas ciências. Ordenamos, portanto, que em todas as igrejas catedrais se proveja um benefício (rendimento) conveniente a um mestre, encarregado de ensinar gratuitamente aos clérigos dessa igreja e a todos os alunos pobres” (can. 18, Mansi XXII 227s).

O IV Concílio ecumênico do Latrão (1215), renovou este decreto. Teodulfo, bispo de Orléans no séc. VIII, promulgou o seguinte decreto: “Os sacerdotes mantenham escolas nas aldeias, nos campos; se qualquer dos fiéis lhes quiser confiar os seus filhos para aprender as letras não os deixem de receber e instruir, mas ensinem-lhes com perfeita caridade. Nem por isto exijam salário ou recebam recompensa alguma a não ser por exceção, quando os pais voluntariamente a quiserem oferecer por afeto ou reconhecimento” (Sirmond, Concilia Galliae II 215).

É muito significativo um dos últimos depoimentos sobre a acusação de que a Igreja obstruiu a ciência na Idade Média, proferido em 1957 por um grupo de estudiosos que, sem intenção confessional alguma, escreveram a história da ciência antiga e medieval:

“Parece-nos impossível aceitar a dupla acusação de estagnação e esterilidade levantada contra a Idade Média latina. Por certo a herança (cultural) antiga não foi totalmente conhecida nem sempre judiciosamente explorada;… mas não é menos verdade que de um século para outro – mesmo de uma geração a outra dentro do mesmo grupo – há evolução e geralmente progresso. A Igreja… na Idade Média salvou e estimulou muito mais do que freou ou desviou. Por isto, embora só queira apelar para a Antigüidade, a Renascença é realmente a filha ingrata da Idade Média” (La science antique et médiévale, sous la direction de René Taton, Presses Universitaires de France. Paris 1957, 581s).

Esses poucos dados mostram o quanto a Igreja fez pelo ensino e pelo saber na Idade Média, bem ao contrário do que muitos pensam: que a Igreja foi contra a ciência e o ensino.

Prof. Felipe Aquino

Fonte: https://cleofas.com.br/

Com a participação de Francisco, Vaticano sediará "Primer Vitae Summit"

Papa Francisco faz pronunciamento em encontro na Casina Pio IV 
(Vatican Media)

O evento pretende discutir estratégias e propostas criativas para o desenvolvimento de iniciativas culturais em nível global para um mundo melhor em que se promova a unidade, a esperança e o encontro entre todas as pessoas apesar das diferenças. O Papa Francisco estará presente em um dos evento da Cúpula.

Vatican News

A Fundação global Vitae, anunciou que o Primer Vitae Summit terá lugar na Casina Pio IV, no Vaticano, nos dias 31 de agosto e 1º de setembro.

Com a presença de personalidades e artistas de renome internacional, o encontro tem como objetivo construir juntos - e com a participação do Papa - o início de um debate sobre como seria possível aproveitar as artes, a mídia e o entretenimento para desencadear uma transformação cultural que promova o bem comum, os valores universais e o encontro entre as pessoas.

Ao apresentar o encontro, o presidente e fundador da Vitae,  Luis Quinelli, explica que “em uma sociedade carregada de mensagens negativas, polarizações e conflitos na agenda pública internacional, a Fundação Vitae se propôs a trabalhar para unir artistas, líderes e personalidades mundiais de grande influência para juntos iniciar uma conversação sobre como voltar a colocar a esperança e o bem comum na moda por meio das artes para impactar positivamente o coração e o espírito das pessoas; articulando, por sua vez, ações de diversos grupos de trabalho, pessoas e organizações para esse fim”.

O evento, que já conta com a participação do Papa Francisco e o apoio de diferentes lideranças globais, como a rainha Sofía da Espanha, consiste em um encontro de trabalho colaborativo entre artistas para discutir estratégias e propostas criativas em busca do "desenvolvimento de iniciativas culturais em nível global para um mundo melhor, onde se promova a unidade, a esperança e o encontro entre todas as pessoas, abraçando as diferenças”, acrescentou Quinelli.

A este propósito, o Papa Francisco declarou que “os artistas têm um papel muito importante na sociedade: ser guardiões da beleza neste mundo, embaixadores da cultura do encontro e testemunhas da esperança para toda a humanidade”.

Nos últimos anos, a saber, Quinelli e parte da equipe de gestão de Vitae tiveram uma série de encontros privados com o Papa Francisco na Santa Marta, oportunidade em que apresentaram a ele o trabalho da Fundação e a proposta de que o Vaticano sediasse o primeiro encontro Vitae, em 2022.

Entre os participantes, diversos atores, atrizes e artistas musicais de grande renome internacional confirmaram presença.

“Este será um evento em que os participantes, com a presença e inspiração do Papa, poderão compartilhar experiências e em esquema colaborativo, co-criar mensagens e projetos de alto impacto massivo que nos inspirarão para um mundo melhor, alicerçaddos naqueles valores universais que fomentam o encontro e a esperança", afirmou ainda o presidente da Fundação Vitae, que em dezembro de 2020, sob o lema "Dê um play na esperança", lançou a música "La Bendición Unidos" interpretada por cerca de vinte renomados artistas ibero-americanos, alcançando dezenas de milhões de pessoas em todo o mundo.

O valor arrecadado nas diferentes plataformas digitais da versão espanhola de The Blessing foi integralmente doado à Caritas Internacionalis e à World Vision para responder às necessidades suscitadas pelo impacto da pandemia de COVID-19 nas comunidades mais vulneráveis ​​a nível mundial.

Conforme confirmado pelos organizadores do Vitae Summit, este é o primeiro passo de várias ações que serão implementadas em breve. Londres, CDMX e Los Angeles são inclusive mencionadas como as próximas cidades a receber Vitae Summit, entre outras iniciativas, para dar continuidade ao trabalho iniciado no Vaticano.

Sobre a Fundação Vitae

Vitae é uma organização global sem fins lucrativos formada por diversos artistas, executivos e líderes globais cuja missão é transmitir valores universais que impactam positivamente nos corações e espíritos das pessoas através das artes, mídia de massa e entretenimento.

Nos últimos anos, graças ao apoio de várias organizações e artistas mundialmente famosos, bem como líderes globais como o Papa Francisco e a Rainha Sofia da Espanha, a Vitae lançou diferentes linhas de projetos e iniciativas culturais que impactaram positivamente centenas de milhares de pessoas ao redor do mundo, gerando múltiplos pontos de aproximação entre eles, abraçando as diferenças e assim combatendo a polarização e o ódio que ameaça a sociedade atual.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

sexta-feira, 19 de agosto de 2022

Meditações sobre a Ressurreição (Parte I)

Ressuscitou | Kerigma Católico News

1. O VAZIO DO CORAÇÃO SEM DEUS

Lágrimas ao amanhecer

Quando o Domingo de Páscoa começava a clarear,  um grande silêncio envolvia o descampado onde se encontrava o túmulo de Jesus. Só duas coisas poderiam chamar ali a atenção de um passante solitário: uma grande pedra circular – que servira para fechar verticalmente a entrada do sepulcro – fora rolada e estava posta a um lado; e perto da entrada escancarada, uma mulher, em pé, soluçava baixinho, com um leve estremecer de ombros, de modo que os primeiros raios de sol faziam cintilar as lágrimas que lhe escorriam pelas faces. Era Maria Madalena.

            Entretanto – lemos no Evangelho de São João –, Maria conservava-se do lado de fora, perto do sepulcro, e chorava (Jo 20,11). Era a segunda vez, naquele amanhecer de domingo, que Maria ia até ao sepulcro de Jesus, incansável no seu empenho por  prestar uma última homenagem a nosso Senhor, depois da sua paixão e morte.  Ajudada por outras santas mulheres, queria ungir-lhe o corpo – que na sexta-feira santa só tinham podido ungir às pressas e de modo incompleto – com os aromas que haviam preparado.

Foi assim que Maria Madalena chegou ao túmulo juntamente com Maria, mãe de Tiago e Salomé, suas amigas. Estas últimas – conta São Marcos – fugiramtrêmulas e amedrontadas (Mc 16,8), ao verem que o sepulcro estava vazio. Maria, porém, foi correndo à procura de Pedro e João, para lhes dizer, quase sem fôlego: Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram (Jo 20,2)

            Há espanto geral. Recuperados do primeiro susto, os dois Apóstolos saem em disparada e ela vai atrás. Quando chegam ao túmulo, entram, e ficam perplexos ao ver que, além de estar vazio, os panos com que tinham amortalhado o cadáver de Jesus permaneciam intactos, com o mesmo formato que tinham quando envolviam o corpo de Cristo, só que agora aplanados, como se o corpo do Senhor os tivesse atravessado, esvaziando-os sem nem mesmo tocá-los; e o sudário que lhe cobrira a cabeça estava cuidadosamente enrolado, também intacto, a um lado.  Pedro e João, emocionados e perplexos, sentiram as pernas tremer e o coração rebentar, e voltaram correndo ao Cenáculo para avisar os outros. Maria, porém, não arredou pé de lá. Não queria ir-se embora. Queria encontrar Jesus, queria honrá-lo com carinho, mesmo que fosse apenas um pobre cadáver dilacerado. Por isso estacou ali, imóvel, chorando.

As suas lágrimas silenciosas eram a expressão do seu amor. São Gregório Magno, o grande Papa do século sexto, tem um comentário muito bonito a este respeito: “E nós temos que pensar – diz ele – na força tão grande do amor que inflamava a alma daquela mulher, que não se afastava do sepulcro do Senhor, mesmo quando os apóstolos dele já voltavam. Buscava a quem não encontrava; chorava procurando-o e, consumindo-se no fogo do seu amor, ardia no desejo de encontrar aquele que imaginava roubado. E assim aconteceu que só ela o viu, a única que ficou procurando… Começou a buscar, e não o encontrou; perseverou no seu querer, e achou-o; de tal forma cresceram os seus desejos, e tanto se dilataram, que acabaram alcançando o que buscavam”.

Quando meditamos em tudo o que nos conta dessa mulher o santo Evangelho, percebemos que a vida de Maria Madalena poderia ser definida assim: o Amor com maiúscula, ou seja, o Amor de Deus, procurou-a e salvou-a; ela correspondeu a esse Amor e não se cansou, por sua vez, de procurá-lo, de modo que toda a sua vida foi uma busca ardente e um  aprofundamento nesse divino Amor, como o foi a vida de muitos grandes santos… Mas tem havido tantas confusões, tantas mentiras e interpretações esquisitas sobre o amor de Maria Madalena, que vale a pena lembrar a sua verdadeira história.

Quem era a mulher de Magdala?

Na realidade, trata-se de uma confusão que – na maior boa fé, aliás – dura há séculos. Para começar, é muito importante lembrar quem não era Maria Madalena. Os melhores comentaristas do Evangelho, já desde os tempos de Santo Agostinho, alertam-nos para que não a confundamos com outras duas mulheres do Evangelho. Uma é aquela pecadora pública que certa vez banhou os pés de Jesus com lágrimas de arrependimento e os ungiu com bálsamo (cf. Lc 7,37 ss.); e a outra é Maria de Betânia, a irmã menor – pura e singela – de Marta e Lázaro, que também derramou perfume sobre a cabeça e os pés de Jesus pouco antes da Paixão, num gesto de fina cortesia, muito oriental (Jo 12,3).

Além desse esclarecimento, é interessante frisar que o Evangelho nunca disse que Maria Madalena fosse uma prostituta ou que tivesse uma vida leviana. Aliás, afirma de fato algo muito pior. Diz que, dela, Jesus tinha expulsado sete demônios (Lc 8,2). Isto é muito sério. Bem sabemos que o número sete – na linguagem bíblica – significa muitos, uma multidão. Pois é isso que dela nos diz São Lucas.

É, sem dúvida, algo terrível. Só o podemos compreender se tivermos consciência de que o demônio – como ensina a Bíblia – é, acima de tudo, o pai da mentira, do orgulho e do ódio. Como deve ter sido espantosa a vida dessa pobre mulher! Um poço de ódio, de raiva, de desconfiança, de mentira, de rancor… Pode haver sofrimento maior? Um verdadeiro inferno! Uma mulher incapaz de amar, incapaz de alegrar-se, incapaz de vibrar com a  verdade, de admirar a beleza e de saborear o bem; incapaz de perdoar, incapaz de sorrir com carinho para os outros…! Porque um coração afastado de Deus e entregue ao diabo – ao pecado – é como um poço escuro e fundo. Lá não pode penetrar um raio de luz divina. A pessoa chega a tornar-se incapaz de acreditar que o amor, a beleza e a bondade existam. Só conhece as trevas em que se afunda…

A tristeza no fundo do coração

Esse “poço escuro”, essas “trevas”, são o retrato da tristeza que há hoje em dia no fundo de muitos corações. Corações eternamente insatisfeitos, pessoas que podem cantar, gritar, possuir, experimentar, dançar, agitar-se, embriagar-se de álcool, sexo, drogas e emoções radicais, mas que por dentro estão sombriamente vazias. Vivem instaladas no “coração das trevas”. E, mesmo sem o saberem, procuram, procuram. Percebem que lhes falta o essencial, algo que passaram a vida buscando  sem encontrar. Sentem-se como alguém que se esfalfou tentando apanhar a água da fonte com um recipiente furado. Atormenta-as, então, uma ânsia de infinito que as queima por dentro, mas que nenhum tesouro do mundo e nenhuma loucura do mundo e nenhum prazer do mundo conseguem satisfazer…  Pode-se dizer que estão torturadas por uma esperança distorcida, por um infinito desejo de felicidade, que corre expectante atrás do vazio. É lógico que essa esperança distorcida termine no desespero. O fundo do fundo da vida delas é a ausência…, é o vazio…, e morrem sem saber por quê nunca foram felizes.

E, no entanto, o porquê é claro: elas sofrem da ausência de Deus! Essas pessoas – como Madalena antes de encontrar Jesus – não sabem que o seu mísero coração está gritando aquelas palavras de um poema de Tagore: “Tenho necessidade de Ti, só de Ti! Deixa que o meu coração o repita sem cansar-se. Os outros desejos que dia e noite me envolvem, no fundo, são falsos e vazios. Assim como a noite esconde em sua escuridão a súplica da luz, na escuridão da minha inconsciência ressoa este grito: «Tenho necessidade de Ti, só de Ti!». Assim como a tempestade está procurando a paz, mesmo quando golpeia a paz com toda a sua força, assim a minha revolta bate contra o teu amor e grita: «Tenho necessidade só de Ti!»”

O encontro que tudo mudou 

Assim estava Maria Madalena, quando um belo dia – de surpresa – Jesus foi buscá-la. Não conhecemos os detalhes. Só sabemos que Jesus teve compaixão dela, e dela expulsou sete demônios, como recordávamos acima. Dá para imaginar o que deve ter sentido aquela alma, ao encontrar-se livre do Maligno e inundada pelo dom da graça, conduzida por Jesus à descoberta deslumbrante de Deus? Que deve ter sentido quando experimentou – quiçá pela primeira vez na vida – a pureza e a grandeza do Amor, pois, como diz São João,  Deus é Amor (1 Jo 4,8).

Encontrar Deus, na pessoa de Cristo, foi como sair da asfixia do poço e, de repente, “respirar”, absorver Deus até ao fundo da alma, como uma aragem do Céu que a criava de novo. Madalena passou a ser uma mulher que, pela primeira vez na vida, se apercebeu de como é bela a criação, todas as criaturas, transfiguradas pelo olhar e a presença do Salvador. Seu coração transformou-se numa brasa incandescente, inflamada pelo Amor que se derrama do Céu sobre o mundo através do Coração de Jesus.

É natural que, a partir do dia em que o antigo coração das trevas foi inundado pela fé, pela esperança e pelo amor, começasse a seguir Jesus e a servi-lo, com uma dedicação abnegada e total, como conta o Evangelho, juntamente com outras santas mulheres. Seguir Cristo tornou-se, a partir daquele momento, a razão – toda a razão – da sua existência. Servir Jesus passou a ser para ela um puro amor, que cumulava de plenitude e sentido o seu pensar, sonhar e viver.

Por isso, quando a avalanche de brutalidades da Paixão, o ódio implacável dos inimigos, desabou sobre Cristo e o reduziu a um cadáver ensangüentado na Cruz, Maria Madalena – grudada à Mãe do Salvador – agarrou-se à Cruz como quem se agarra à vida. Viver sem Jesus era para ela – como para todos os corações que encontraram Cristo de verdade – a vertigem de um vazio de morte. Essa é a Madalena que vemos chorar junto do sepulcro do Senhor. Essa a razão de que só pense em buscar o meu Senhor (Jo 20,13).

O reencontro da vida

Enquanto estava assim, desolada, o Evangelho nos descreve uma cena deliciosa: Chorando, inclinou-se para olhar dentro do sepulcro. Viu dois anjos vestidos de branco… Eles perguntaram-lhe: “Mulher, por que choras?” Ela respondeu: “Porque levaram o meu Senhor, e não sei onde o puseram” (Jo 20,13). A Madalena suplicante, toda “procura”, encarnava nesses momentos aquelas palavras do profeta Isaías: A minha alma desejou-Te, meu Deus, durante a noite e, dentro de mim, o meu espírito procurava-Te (Is 26,9). Assim buscava Jesus.

O Evangelho continua, e dá-nos alegria acompanhá-lo: Ditas estas palavras, voltou-se para trás e viu Jesus em pé, mas não o reconheceu. Perguntou-lhe Jesus: “Mulher, por que choras? Quem procuras?”  (Jo 20,15). Comove ver Jesus ressuscitado, Jesus em pessoa, indo ao encontro daquela pobre criatura, como o pai que desfruta por dentro ao pensar na surpresa maravilhosa que preparou para o filho. E é muito bonito perceber – para quem conhece e medita o Evangelho – que, depois da ressurreição, Jesus se mostra mais humano ainda, se possível, do que quando andava com os seus pelos caminhos da Galiléia e da Judéia. Torna-se mais próximo, afetuoso, acessível. E   aparece com uma nova carga de alegria: “diverte-se”, por assim dizer, alegrando os seus amigos com atitudes cheias de “bom humor”, de um divino e delicioso bom humor.

Para captar isso, basta continuar a acompanhar esse diálogo do Senhor com Madalena. Quem procuras? ­– pergunta-lhe Jesus -, e ela, supondo que fosse o jardineiro, respondeu: “Senhor, se tu o tiraste, dize-me onde o puseste, e eu o irei buscar”.  Cristo não quer prolongar mais a aflição, e manifesta-se abertamente: Disse-lhe Jesus: “Maria!”  O Evangelho aqui balbucia, só sabe repetir a exclamação que saiu daquela Maria estremecida de gozo, com os olhos arregalados e o coração prestes a explodir: Voltando-se ela, exclamou em hebraico: Rabôni!”, que quer dizer “Mestre!”… Nesse exato momento, Jesus a olha com ternura e a “nomeia” sua primeira mensageira da fé, da alegria da Ressurreição:  Não me retenhas…Vai aos meus irmãos e dize-lhes: Subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus. Maria Madalena correu (nesse dia, realmente, não parou de correr…) para anunciar aos discípulos que tinha visto o Senhor e contou o que Ele lhe tinha falado (Jo 20,15-18)

A partir desse momento, para Madalena a vida voltava a ser Vida, com maiúscula. O futuro era radiante: o reencontro com Jesus encheu de novo o vazio da alma com a luz cálida e inextinguível da esperança.

A chegarmos a esse ponto, será bom refletir e perguntar-nos: “Será que, pensando nos vazios que com freqüência eu sinto, a lição da Madalena não me diz nada?”  Todo vazio, toda amargura, é uma ausência: a ausência de Deus. Pode ser a terrível ausência provocada pelo pecado, pelos sete demônios, mas pode ser também a ausência de uma alma boa que perde Deus de vista, fica morna na fé, e acha então inexplicáveis muitas tristezas que a atormentam e que têm uma perfeita explicação: são a ausência do “amor” de Deus na alma, são a frieza de quem tem Jesus ao lado (sempre está ao nosso lado, sempre nos procura, como fez com Madalena) e não o enxerga, são a amargura esquizofrênica de quem se queixa de Deus, justamente na hora em que Deus mais a ajuda… Como Madalena, que pensava que Jesus (aquele Jesus que não reconheceu) lhe tinha roubado Jesus… Não acontece algo disto conosco?

Sim, acontece. Diante de muitas dificuldades, lutas ou cruzes que Deus nos envia para o nosso bem, pensamos tolamente que Deus nos abandonou ou se afastou de nós. Que retirou a sua mão e não nos ajuda com a sua graça. E é quando está mais próximo.

Gravemos bem a lição das lágrimas e do júbilo de Maria Madalena. Convençamo-nos, profundamente, de que toda tristeza, toda amargura, toda revolta, no fundo, é uma ausência de Deus (maligna ou benigna, mas nunca boa). Por isso, decidamo-nos a procurar Deus, a procurar Jesus com toda a nossa alma, como Madalena: com a mesma determinação com que ela o procurou. –”Onde está?” – diremos a nós mesmos – e responderemos com a decisão de aumentar o nosso aprofundamento na fé, a nossa leitura e meditação do Evangelho e das riquezas da doutrina cristã… E, se nos perguntarmos: – “Como achá-lo?”,  deveremos responder:  – “Como Madalena, que busca, pergunta, procura e não pára até encontrá-lo, ou seja, como Jesus nos ensinou: rezando, pedindo, orando sem cessar, pois a sua promessa não falha: Eu vos digo: Pedi e dar-se-vos-á; buscai e achareis; batei e vos abrirão.  

Encontro de Rimini, Papa: partilha e proximidade, esta é a tarefa dos cristãos

A 43ª edição do Encontro para a amizade entre os Povos abre-se
em 20 de agosto na Feira de Rimini | Vatican News

A mensagem de Francisco foi assinada pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin, para a abertura da 43ª edição do Encontro do movimento Comunhão e Libertação, em 20 de agosto, intitulada "Uma paixão pelo ser humano". O texto faz um apelo à comunidade cristã a alimentar a amizade social não dando "lições da sacada", mas descendo "para as ruas sustentada por uma esperança confiável".

Gabriella Ceraso/Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco enviou uma mensagem ao bispo italiano de Rimini, dom Francesco Lambiasi, em vista do 43° Encontro para a Amizade entre os Povos promovido pelo movimento católico "Comunhão e Libertação". O evento tem início neste sábado, dia 20, e prossegue até quinta-feira, 25 de agosto, sobre o tema "Uma paixão pelo ser humano".

Na mensagem, enviada nesta sexta-feira (19/08), Francisco recorda que "no centenário de nascimento do Servo de Deus, pe. Luigi Giussani, os organizadores pretendem lembrar com gratidão seu zelo apostólico, que o levou a encontrar tantas pessoas e a levar a cada uma a Boa Nova de Jesus Cristo". Em seu discurso proferido no encontro de 1985, pe. Giussani disse: "O cristianismo não nasceu para fundar uma religião, nasceu como uma paixão pelo ser humano. [...] Amor pelo ser humano, veneração pelo ser humano, ternura pelo ser humano, estima absoluta pelo ser humano".

Palavra-chave "paixão"

O Papa centraliza o tema deste evento "Uma paixão pelo ser humano" na mensagem assinada pelo secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. Esse tema se transforma num apelo aos cristãos hoje: no clima de "todos contra todos" é preciso redescobrir o caminho da atenção, do amor pelos outros, da proximidade, da busca pelo bem, como condição para ser plenamente nós mesmos.

Francisco recordou em várias ocasiões que "a fragilidade dos tempos em que vivemos é acreditar que não há possibilidade de resgate, de uma mão que te levanta, de um abraço que te salva, perdoa, te eleva, te inunda de um amor infinito, paciente e indulgente que te coloca novamente nos trilhos". Este é "também o aspecto mais doloroso da experiência de muitos que viveram a solidão durante a pandemia ou que tiveram que abandonar tudo para fugir da violência da guerra".

Como o Bom Samaritano, como Cristo: amar cada pessoa

A parábola do Bom Samaritano é hoje mais do que nunca uma palavra-chave, em sintonia com o tema do Encontro de Rimini, pois nela se encarna a "paixão incondicional por todo irmão e irmã que se encontra ao longo do caminho", que não é "apenas generosidade", mas, na descrição do Papa Francisco, é "reconhecer o próprio Cristo em cada irmão abandonado ou excluído". Quem crê é chamado a ter o mesmo olhar, a mesma paixão de Cristo, que amou a todos sem exclusão: um "amor gratuito, sem medida e sem cálculos".  Mas, nos perguntamos: "Tudo isso não poderia parecer uma intenção piedosa, em comparação com o que vemos acontecer hoje?"

O caminho da fraternidade não se desenha nas nuvens

Como é possível olhar para quem está ao nosso redor como um bem a ser respeitado, num mundo que hoje coloca "todos contra todos" e onde prevalecem "egoísmo e interesses partidários", com a pandemia e a guerra que nos fez regredir em relação ao projeto de uma humanidade solidária?  Tendo em vista que "o caminho da fraternidade não é desenhado nas nuvens, mas atravessa os muitos desertos espirituais presentes em nossas sociedades" e que no deserto, como disse Bento XVI, "se redescobre o valor do que é essencial para viver", Francisco indica o caminho: "O nosso compromisso", lê-se na mensagem, "não consiste exclusivamente em ações ou programas de promoção e assistência", "não um excesso de ativismo, mas antes de tudo uma atenção dada ao outro considerando-o como uma única coisa consigo. Essa atenção do amor é o início de uma verdadeira preocupação com sua pessoa" e do desejo de buscar seu bem.  "Recuperar essa consciência é decisivo." O outro, o encontro com o outro, segundo o Papa Francisco, é "a condição para nos tornarmos plenamente nós mesmos e dar frutos".

A amizade social, fruto do doar-se aos outros

Doar-se aos outros constitui a amizade social que o Papa recomenda em sua mensagem: é a fraternidade aberta a todos, "um abraço que abate os muros e vai ao encontro do outro consciente de quanto cada pessoa concreta vale, em qualquer situação que se encontre. Um amor pelo outro pelo que ele é: uma criatura de Deus, feita à sua imagem e semelhança. Portanto, dotada de uma dignidade intangível, da qual ninguém pode dispor ou, pior, abusar".

É essa amizade social que, como fiéis, somos convidados a alimentar com nosso o testemunho. É essa amizade social que o Papa convida os participantes do encontro a promover. Encurtar as distâncias, inclinar-se para tocar a carne sofrida de Cristo no povo. "Quanta necessidade os homens e mulheres do nosso tempo têm de encontrar pessoas que não dão lições da sacada, mas descem para as ruas a fim de partilhar a fadiga cotidiana da vida, sustentados por uma esperança confiável!" Esta é a tarefa histórica dos cristãos. Aos participantes do Encontro Francisco pede que eles compreendam esse apelo, "continuando a colaborar com toda a Igreja no caminho da amizade entre os povos, ampliando no mundo a paixão pelo ser humano".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

São João Eudes

S. João Eudes | Guadium Press
19 de agosto
Homem não só de palavra, mas também de ação, São João Eudes foi um inflamado apóstolo de uma difícil empresa: a reforma de um clero que abandonava a sua missão. Sua festa é celebrada no dia 19 de agosto.

Redação (18/08/2020 17:14Gaudium Press) Conhecido como “o santo da Normandia”, João Eudes nasceu em Ri, próximo de Argentan, no dia 14 de novembro do ano 1601. Seu nascimento – como o de tantos homens providencias, marcado pela prévia esterilidade dos pais – foi um sinal enviado pela própria Virgem Santíssima, a quem o pequeno João fora confiado.

Portador de uma evidente vocação sacerdotal, a Providência o preparara desde cedo com insignes dons de piedade e de fé, com os quais João teria de enfrentar um futuro tempestuoso: “Estando numa paróquia onde muito poucas pessoas comungavam fora da Páscoa, comecei, por volta dos 12 anos, a conhecer a Deus por uma graça especial de sua divina bondade, e a comungar todos os meses, após ter feito uma Confissão geral. Foi na festa de Pentecostes que Ele me concedeu a graça de fazer a Primeira Comunhão. […] Pouco tempo depois, Ele me deu também a graça de Lhe consagrar meu corpo pelo voto de castidade”.[1]

Este costume de comungar assiduamente era já uma manifestação de oposição às tendências jansenistas que, na época, começavam a penetrar nos meios católicos mais fervorosos.

Os Jesuítas, ainda portadores de grande reconhecimento e prestígio naquele início do séc. XVII, apesar de perseguidos, como sempre, foram os responsáveis da formação de João Eudes. Seu coração, entretanto, ouviu o chamado a uma outra via religiosa, a de uma congregação recém-fundada na França pelo Padre Bérulle: o Oratório, inspirado no exemplo de São Filipe Néri.

Foi recebido de braços abertos. Era um jovem promissor, de “aparência robusta”[2], gênio singular, coração reto e portador de um misterioso segredo de Deus que cintilava em seu olhar discreto. Para os oratorianos, era o futuro da congregação.

João Eudes foi logo enviado para um noviciado em Paris. Com 24 anos foi ordenado sacerdote e cedo pôde dar exemplo de como um ministro de Jesus Cristo deve ser. A hipótese de que muitas almas poderiam morrer sem receber os sacramentos por causa da peste que grassou de 1627 a 1631 pela França, Savóia, Piemonte e Itália, fez com que aquele exemplar sacerdote não titubeasse um instante em arriscar a própria vida, partindo em socorro dos contagiados. Somente quando recebeu a notícia de que seu superior, o Pe. Répichon, fora acometido pela peste,  suspendeu sua ação junto àquelas almas necessitadas, partindo prontamente para socorrer seu superior e mais três irmãos, também vítimas da peste.

O Clero esquecido de sua missão

Mas sua missão ainda não havia começado. Desligou-se, com muito pesar, da congregação do Oratório e partiu para a aventura – encorajado por uns, perseguido por muitos outros – de fundar um seminário a fim de formar bons sacerdotes. Sobretudo nisto esteve a originalidade de João. Ele contemplava, desolado, até indignado, a situação do clero de sua época. Descreve em breves linhas Daniel-Rops: “Aqui, mulheres decotadas apoiavam-se no altar durante o sacrifício; acolá, mendigos estendiam a mão até no recinto sagrado; mais adiante, crianças levadas à missa divertiam-se com os seus jogos, e os latidos de cachorros cobriam a voz dos pregadores. Os párocos achavam tudo isso muito natural: quando Alain de Solminihac inspecionou certa igreja numa visita pastoral, lançou-se sobre um padre que cozinhava em pleno presbitério!”[3]

Mas estes fatos não passam de pontas de icebergs. As altas cúpulas e as classes dirigentes em nada davam exemplo de virtude para os menores. São João apontou, sem medo, para a causa: “Aqui temos nós estas pobres gentes nas melhores disposições, mas que podemos esperar quando os pastores que as guiam são tal como os vemos por toda a parte?”[4]

A fundação da Congregação de Jesus e Maria

Era preciso começar pelo santuário, e João teve coragem para isso. “Aqueles que têm por obrigação trabalhar pela salvação das almas fazem profissão de as perder”.[5] Diante desta situação, não podia esperar mais o zelo impetuoso daquele novo Elias.

Nesta mesma época, São Vicente de Paulo acabava de abrir um seminário e ajudou-o com sapienciais conselhos. A mística Marie de Vallées, até hoje muito discutida, lhe assegurou ser da vontade de Deus que se erigisse uma nova Congregação.

Com 5 companheiros, São João Eudes abriu seu seminário e fundou, a 25 de março de 1643, a Congregação de Jesus e Maria. Mas, como diz o Eclesiástico, quem entra para o serviço de Deus deve preparar sua alma para a provação (cf. Eclo 2,1): Roma freou o pedido da fundação; na Normandia, os burgueses e a clerezia em geral opuseram-se fortemente. Sua capela em Caen foi interditada e pensaram até em prendê-lo. “Mais secretamente, num momento em que o jansenismo está em pleno vigor, os partidários deste, que se encontram por toda a parte – até no Oratório -, trabalham contra o arauto místico de uma doutrina que afirma ao mundo a bondade de Deus…”[6]

Mas contra os assaltos dos homens, o Espírito Santo continuou a suscitar frutos na obra de João. O seu seminário prosperou, a Assembleia do Clero da França enviou-lhe felicitações e os bispos chamaram-no sucessivamente para fundar seminários.

O Santo da devoção ao Coração de Jesus e Maria

A matriz e a motriz de seu apostolado – a sua espiritualidade – foi a inédita e quase “clandestina” devoção ao Coração de Jesus e Maria. Uma vez que Margarida Maria Alacoque viria a receber as revelações do Sagrado Coração de Jesus pouco tempo depois.

O Coração de carne do Homem-Deus era para ele a sede do amor divino, o Coração adorabilíssimo, digno de toda reverência, raiz de toda virtude e fonte de toda inspiração. Para a época, a devoção era muito mais desconhecida, e por tal, muito mais ousada do que hoje concebemos. Ainda mais a devoção ao Coração de Maria, a quem São João Eudes mandou celebrar festas honoríficas e dedicou linhas inflamadas de amor e carinho.

O ano de 1680 contemplou a gloriosa morte, aos 78 anos, daquele verdadeiro patriarca, pai espiritual de inúmeros sacerdotes da mais pura índole, fervorosos formadores de novas frentes de apostolado, na mesma hora em que Nosso Senhor Jesus Cristo expiou, como o santo havia suplicado.

Por Arthur Paz


[1] GEORGES, CJM, Émile. Saint Jean Eudes. Paris: Lethielleux, 1925, p.7.

[2] ROPS, Daniel. A Igreja dos Tempos Clássicos. I. O grande século das almas. Trad. Henrique Ruas e Emérico da Gama. São Paulo: Quadrante, 2000, p. 82.

[3] Idem, p. 77.

[4] Idem, p.82.

[5] Idem, p. 76.

[6] Idem, p. 83.

Que orações devemos fazer no fim do Terço?

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Por Philip Kosloski

Além da Salve Rainha, você pode incluir estas outras orações.

O Terço é uma bela oração e uma das devoções mais populares da Igreja Católica. Pode ser rezado de várias maneiras, e muitos perguntam sobre a melhor maneira de concluí-lo.

Como o Terço é uma oração devocional popular, contou com algumas adaptações ao longo dos séculos. De fato, existem algumas maneiras diferentes encerrá-lo. Entretanto, as seguintes orações são uma boa maneira de concluir a reza do Terço.

Orações finais do Terço

No final do Terço a oração mais recomendada é a Salve Rainha. Você pode rezar esta oração segurando a medalha que, geralmente, une a extensão do crucifixo aos mistérios.

Salve, Rainha, mãe de misericórdia, vida, doçura, esperança nossa, salve! A Vós bradamos, 
os degredados filhos de Eva. A Vós suspiramos, gemendo e chorando neste vale de lágrimas. 
Eia, pois, advogada nossa, esses Vossos olhos misericordiosos a nós volvei. E, depois deste desterro, nos mostrai Jesus, bendito fruto do Vosso ventre. Ó clemente, ó piedosa, ó doce Virgem Maria. Rogai por nós, Santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo. Amém.

Depois da Salve Rainha, você também pode fazer outras orações. Uma das indicadas é a oração de São Miguel.

São Miguel Arcanjo, defendei-nos no combate, sede o nosso refúgio contra as ciladas do demônio. Que Deus o repreenda – humildemente lhe pedimos –, e vós, príncipe da milícia celeste, pela virtude divina, precipitai no Inferno a Satanás e a todos os espíritos malignos que rondam o mundo em busca da ruína das almas. Amém.

Depois de qualquer oração devocional, muitos terminam o Terço com a seguinte invocação:

Ó Deus, cujo Filho unigênito, por Sua vida, morte e ressurreição, garantiu para nós as recompensas da salvação eterna; concedei, suplicamos-vos, que meditando nestes mistérios do Santíssimo Rosário da Bem-Aventurada Virgem Maria, imitemos o que contêm e alcancemos o que prometem. Por Cristo Nosso Senhor, Amém.

Termine o Rosário fazendo o Sinal da Cruz.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF