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domingo, 21 de agosto de 2022

Meditações sobre a Ressurreição (Parte II)

Ressuscitou | Kerigma Católico News

2. EMAÚS: A DECEPÇÃO E A ESPERANÇA

Dois homens tristes no entardecer

O Evangelho de São Lucas, no seu capítulo 24 (13-35), faz-nos contemplar de perto, de uma maneira muito viva, dois homens que  – na tarde do próprio dia da Ressurreição de Jesus – estão voltando para casa, cabisbaixos e decepcionados: os discípulos de Emaús.

Nesse mesmo dia – diz São Lucas -, dois discípulos caminhavam para uma aldeia, chamada Emaús, distante de Jerusalém sessenta estádios –cerca de doze quilômetros. Iam falando um com o outro sobre tudo o que se tinha passado . Aquilo  que se tinha passado era, nada mais nada menos, a paixão e a morte de Jesus, a “derrota” estrondosa de Cristo às mãos dos seus inimigos, enquanto as multidões, que cinco dias antes, no domingo de Ramos, o haviam aclamado entusiasmadas, vociferavam com ódio: Crucifica-o! Crucifica-o!

            Podemos imaginar, por isso,  qual era o seu estado de ânimo. Perdidos, deprimidos, desnorteados, conversavam como quem não acaba de acreditar que tivesse sido possível aquele afundamento dos seus sonhos. Assim andavam quando Jesus aproximou-se e caminhava com eles; mas os olhos estavam-lhes como que vendados e não o reconheceram.

São Josemaría Escrivá oferece-nos uma descrição cálida da aparição de Jesus ressuscitado a esses discípulos: “Caminhavam aqueles dois discípulos – escreve – em direção a Emaús. Andavam a passo normal, como tantos outros que transitavam por aquelas paragens. E ali, com naturalidade, aparece-lhes Jesus e caminha com eles, numa conversa que diminui a fadiga. Imagino a cena, bem ao cair da tarde. Sopra uma brisa suave. Em redor, campos semeados de trigo já crescido, e as oliveiras velhas, com os ramos prateados à luz tíbia”. São palavras poéticas que nos ajudam a fazer meditação, sentindo-nos dentro da cena, participando dela “como mais um personagem”.[i]

Ouçamos, pois – enquanto os acompanhamos –, as primeiras palavras que o Senhor lhes dirige: De que vínheis falando pelo caminho, e por que estais tristes?.        O diálogo que se travou é digno de ser meditado. Primeiro, como pessoas frustradas, os discípulos respondem  de mau humor, num tom ríspido: Um deles, chamado Cléofas, respondeu-lhe: “És tu acaso o único forasteiro em Jerusalém que não sabe o que nela aconteceu nestes dias?”… É como se dissesse, meio admirado e meio irritado: “Todo o mundo sabe. Onde é que você vive? Só você está por fora?”

Que ironia! Dirigem-se rudemente a Jesus, lançando lhe em rosto a sua ignorância a respeito da tragédia… do próprio Jesus! Tudo isso chegaria a ser cômico, se não fosse dramático. Mas nosso Senhor, como em todas as cenas da ressurreição, mostra-se especialmente afável e bem-humorado para com eles. Ousaria dizer que é até propositadamente divertido. Fazendo-se de ingênuo, pergunta-lhes “Que foi? Que houve?… Assim quer ajudá-los a abrir o coração, como, aliás, Ele deseja fazer conosco sempre que nos vê desanimados ou tristes: “Eu estou aqui – diz-nos -. Fala comigo”.

E eles abriram-se mesmo. Despejaram o vinagre da sua decepção. Falaram ao caminhante desconhecido sobre um tal Jesus de Nazaré, profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e de todo o povo, comentando os acontecimentos trágicos da quinta e da sexta-feira santas, e contaram-lhe como tinha acabado pregado na Cruz. Depois, confessaram a sua tremenda frustração: Nós esperávamos que fosse ele quem havia de restaurar Israel, e agora, além de tudo isso, já é o terceiro dia que estas coisas aconteceram.

Um erro de esperança

Esse era o mal que lhes corroía a alma: Nós esperávamos. Tinham colocado toda a sua esperança no Senhor. Tinham apostado nele. Por isso o haviam seguido, por isso tinham abandonado os seus planos pessoais, o aconchego do lar, tudo, jogando a vida numa só carta: a esperança de que Jesus fosse o poderoso Rei-Messias anunciado pelos Profetas, que triunfaria sobre todos os inimigos e se assentaria no trono do Reino de Israel, restabelecendo-o para sempre. Ninguém lhes tinha contado ainda que, em plena Paixão, Jesus declarara inequivocamente a Pilatos: O meu Reino não é deste mundo…

No entanto, eles, quase com certeza, já lhe tinham  ouvido dizer: O Reino de Deus está dentro de vós…  E também tinham escutado muitas das parábolas do Reino, que falavam, por meio de expressivos simbolismos, não de um reino terreno, político, mas de um Reino de graça, de paz e de amor que cresce dentro dos corações, nas famílias, nas sociedades, como o trigo que germina de noite e de dia; como o grão de mostarda que é pequenino e se torna árvore alta; como o fermento invisível que a mulher põe na massa de farinha e acaba fermentando-a toda… Ou como um Pai que perdoa o filho fugitivo, e um Pastor  que procura a ovelha perdida e que é, ao mesmo tempo, o Rei-Deus que nos convida a participar do seu banquete de amor eterno…

Poderíamos definir com exatidão o engano dos discípulos de Emaús – igual ao de muitos atuais discípulos de Cristo – como um grande “erro de esperança”. Aí esteve a sua falha. Tinham esperança, sim, mas era uma “esperança equivocada”, não era a virtude cristã da esperança. Em conseqüência, estavam irremediavelmente fadados à decepção e ao fracasso, como quem dispara uma flecha para o alvo errado, ou dirige um veículo fora da estrada, que, quanto mais rápido vai, mais perto está do desastre.

Assim são muitas mulheres e muitos homens de hoje. O seu mal é a visão deturpada da esperança: esperam o que não devem, e esperam mal. Os exemplos são inúmeros: falsas esperanças amorosas, falsas esperanças profissionais, falsas esperanças de glória e triunfo, falsa confiança nas riquezas…

Onde está o erro? A resposta é simples. Espera mal quem espera qualquer coisa diferente da Vontade de Deus a seu respeito, qualquer coisa – por grande e empolgante que seja – que esteja fora dos planos que Deus preparou e deseja para ele. Então, acontece a essas pessoas  o que Jesus dizia aos fariseus: Frustraram o desígnio de Deus a seu respeito (Lc 10,30). A vida deles tornou-se um plano divino traído, frustrado, que Deus não pode reconhecer como seu, e tem que lhes dizer: Não vos conheço (Mt 25,12).

É importante perceber que as pessoas não ficam frustradas “principalmente” por não terem alcançado os seus desejos, os seus sonhos. Na realidade, muitas das piores frustrações são as daqueles que alcançaram mesmo esses desejos e sonhos (“Já estou na faculdade, já tenho emprego, já me casei, já sou rico”), mas depois percebem que nada disso os preenche, não lhes traz a felicidade. Homens e mulheres ficam frustrados “principalmente” porque – sem sequer darem por isso – não atingem o ideal para o qual foram criadas por Deus, ou seja, por não terem sido fiéis à sua vocação de filhos de Deus, e por isso – desculpem a expressão rude – a vida delas, em vez de alcançar o desenvolvimento e maturidade de um filho que cresce, foi como um aborto. Fora do que Deus espera de nós, tudo é um triste aborto provocado… por nós!

Pensemos, por exemplo, nos casamentos fracassados. A maioria deles afundou-se porque marido e mulher “esperaram mal”. O que é que espera a maioria dos noivos, quando vão para o casamento? Sem dúvida, amar e ser felizes. Mas amar, como? Serem felizes, como? Muitos só pensam em  “receber” do outro muito carinho, paciência, compreensão, todo o aconchego para se “sentirem bem” realizando os seus próprios gostos e caprichos, os seus prazeres, e até as suas manias. Poucos pensam em dar e dar-se generosamente para o bem do outro e dos filhos, em construir uma família com abnegação generosa e desprendimento alegre, felizes por fazerem felizes os demais. Ou seja, não pensam no verdadeiro amor, no autêntico amor-doação, no único que pode trazer a felicidade.

Por isso, quando chega a hora da verdade e aparecem as dificuldades inevitáveis – essas com as quais Deus conta para nos purificar e amadurecer –, não compreendem que essas dificuldades são apelos para se darem  mais, para amarem mais, para dialogarem mais, e não para irritações, más caras, resmungos e gritos; que é a hora da compreensão, e não a da imposição; que é a hora de escutar com humildade, e não de “ter razão”…. Infelizmente, não entendem nada disso. E, então, tudo vai por água abaixo. Não foram ao casamento preparados para o verdadeiro amor, mas para “consumir” satisfações (como “consomem” os outros prazeres da vida). É natural que acabem dizendo,  como os discípulos de Emaús: “Nós esperávamos outra coisa”…

É preciso abrir os olhos da alma, com a ajuda de Deus, e compreender que a vida não é uma laranja para chupar e cuspir, que os outros não são cana de açúcar para tirar o caldo e jogar fora o bagaço, que Deus não é um “seguro protetor de egoísmos”, e que os outros não são “bens desfrutáveis”. Viver e ser feliz é coisa infinitamente maior do que “usufruir”! 

A virtude da esperança

Qual é, então, a verdadeira esperança cristã? É a confiança firme, nascida da fé viva que nos diz que viveremos envoltos no amor de Deus aqui na terra – em todas as circunstâncias e vicissitudes de cada dia – e, depois, eternamente no Céu. Tudo o que conduz a isso é bom. Tudo o que afasta disso é mau. Tudo o que conduz a isso acaba em felicidade – já aqui na terra -, e tudo o que afasta disso acaba em tristeza, e até – Deus não o permita – pode acabar em tormento eterno.

É muito claro o que diz o Catecismo da Igreja Católica sobre a esperança: “A esperança é a virtude teologal pela qual desejamos como nossa felicidade o Reino dos Céus e a Vida Eterna, pondo a nossa confiança nas promessas de Cristo e apoiando-nos não em nossas forças próprias, mas no socorro da graça do Espírito Santo… A virtude da esperança responde à aspiração de felicidade colocada por Deus no coração de todos os homens; assume as esperanças que inspiram as atividades dos homens; purifica-as para ordená-las ao Reino dos Céus; protege contra o desânimo; dá alento em todo o esmorecimento; dilata o coração na expectativa da bem-aventurança eterna. O impulso da esperança preserva do egoísmo e conduz à felicidade do amor” (nn. 1817 e 1818). São textos preciosos, que daria para meditar durante horas.

A grande lição dos discípulos de Emaús

Voltando para a cena dos discípulos de Emaús, vale a pena prestar atenção ao que Cristo lhes disse, quando terminaram o seu desabafo de desiludidos. Nosso Senhor começou a falar-lhes de modo claro, incisivo, sem rebuços, com palavras que tiveram o efeito de lancetar-lhes o tumor de ceticismo que lhes corroía o coração: Ó gente insensata e lenta de coração para acreditar em tudo o que anunciaram os profetas! Porventura não era necessário que o Cristo sofresse estas coisas e assim entrasse na sua glória?” E começando por Moisés, percorrendo todos os profetas, explicava-lhes o que dele se achava dito em todas as Escrituras”, ou seja, as inúmeras profecias que falavam da sua Paixão. Jesus desvendou-lhes, assim, com um jato de luz divina, o plano da Trindade para a salvação do mundo, uma salvação que havia de ser realizada pelo máximo ato de Amor imaginável: a entrega do Filho de Deus na Cruz para a redenção dos nossos pecados.

Foi na Cruz, com efeito, onde o Filho de Deus – Deus feito Homem, encarnado por nós – atingiu o limite máximo do Amor, e com esse amor ilimitado, envolveu, compensou, purificou e superou todos os nossos desamores, todos os nossos pecados. Como fruto deste seu sacrifício, derramou sobre nós a graça do Espírito Santo – o fogo do Amor divino em pessoa –, e abriu-nos de par em par  as portas do Céu.

Quer dizer que o que Cléofas e o companheiro lamentavam como uma desgraça (a paixão e morte de Cristo), foi, na realidade,  a maior maravilha de toda a história da humanidade, o maior bem do mundo, o maior motivo de alegria de todos os séculos! Insensatos! – disse-lhes Jesus. Sim, insensatos os que não vêem isso e vão atrás de sombras e aparências falsas!

Enquanto Jesus ia falando pelo caminho, os corações dos dois caminhantes foram mudando. Um calor novo os invadiu, uma faísca de esperança se acendeu neles.  Aproximaram-se da aldeia para onde iam, e Jesus fez como se quisesse passar adiante. Mas eles forçaram-no a parar: “Fica conosco, já é tarde e o dia declina”..

É uma bela oração para nós fazermos, quando começarmos a sentir a proximidade de Jesus: “Fica conosco!  Não nos deixes, queremos estar contigo, queremos ter-te como amigo, queremos abrir-te a alma. Fica!”  E, além do mais, bem que percebemos que já se nos faz tarde, que a vida passa, que a vida acaba, sim, já é tarde e o dia declina. Olha, Senhor, que gastamos boa parte deste “dia”, que é a vida, entre falsas esperanças e verdadeiras frustrações. Precisamos de Ti. Por favor, fica, que só em Ti se acha a esperança…

Com Cristo, o coração arde 

Então – continua a contar São Lucas –, entrou com eles, e aconteceu que, estando sentados à mesa, ele tomou o pão, abençoou-o, partiu-o e serviu-lho. Então se lhes abriram os olhos e o reconheceram…, mas ele desapareceu. Diziam então um ao outro: “Não é verdade que o nosso coração ardia dentro de nós enquanto ele nos falava pelo caminho e nos explicava as Escrituras?”

Tudo, nessa belíssima cena dos discípulos de Emaús, é espelho e modelo para nós. Bem dizia São Josemaría Escrivá: “Caminho de Emaús, caminho da vida”… Quando nos entristecer a falta de sentido de tantas coisas, e sobretudo, quando nos acabrunharem as decepções que parecem amontoar-se e afogar a esperança, façamos como os discípulos de Emaús:

Primeiro, abramos a alma a Deus (às vezes, a melhor maneira de abri-la é fazer uma confissão muito sincera).

Depois, escutemos as suas palavras, meditemos a Sagrada Escritura – especialmente os Evangelhos – com calma, com carinho, deixando que as Palavras de Deus penetrem na alma como a chuva na terra. Elas nos mostrarão que o que nos parece ruim muitas vezes é bom, que a Cruz – que julgamos ser uma porta que se nos fecha e nos deixa num beco sem saída – na realidade é uma porta que se abre, para que entremos num mundo melhor, de mais amor, de mais bondade, de mais pureza, de mais virtude.

Em terceiro lugar, acolhamos Jesus em casa, na casa da nossa alma, recebendo-o sempre dignamente na Eucaristia, na Comunhão, que é a união com Deus mais íntima que a criatura humana pode ter nesta terra: Jesus em nós, Jesus alimento nosso, Jesus sangue do nosso sangue e vida da nossa vida!

E por fim, a alegria. O coração desanimado, que estiolava e murchava, agora arde dentro de nós, e inflama-nos com uma nova esperança. Vemos um novo sentido para a vida, iluminada pela fé e o amor de Cristo, e temos necessidade de correr ao encontro dos outros, para contagiá-los com a nossa esperança, como fizeram os discípulos de Emaús depois que Jesus os deixou.

Lição de fé, lição de amor, lição de esperança. Vêm a calhar palavras com

que São Josemaria começava uma homilia sobre a esperança: “Há já bastantes anos, com a força de uma convicção que crescia de dia para dia, escrevi: Espera tudo de Jesus; tu nada tens, nada vales, nada podes. Ele agirá, se nele te abandonares. Passou o tempo, e essa minha convicção tornou-se ainda mais vigorosa, mais funda. Tenho visto, em muitas vidas, que a esperança em Deus acende maravilhosas fogueiras de amor, com um fogo que mantém palpitante o coração, sem desânimos, sem decaimentos, embora ao longo do caminho se sofra, e às vezes se sofra deveras”[ii].

Isto foi o que aconteceu com os discípulos de Emaús. Com o coração inflamado pela esperança, desfizeram o caminho dos desertores, voltaram a reunir-se com os Apóstolos e as santas mulheres no Cenáculo e participaram da alegria que – no meio ainda de sombras e hesitações – começava a alastrar-se entre eles e que anunciava, mesmo que muitos ainda não o percebessem plenamente e estivessem ainda atingidos pelo temor, um futuro de esperança pelos séculos dos séculos, até ao fim do mundo: “O Senhor ressuscitou verdadeiramente!…”  Esta é a grande verdade! A esperança cristã acabava de nascer com a ressurreição de Cristo, e já não morreria nunca mais.

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[i] São Josemaria Escrivá, Amigos de Deus, n. 313

[ii] Amigos de Deus, n. 205

Fonte: https://presbiteros.org.br/

A promoção humana e a família em diálogo com a doutrina social da Igreja

wavebreakmedia | Shutterstock
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Os mais fortes vínculos afetivos e espirituais se consolidam na constituição de uma família.

Conheci recentemente um programa de promoção humana e enfrentamento à pobreza que me chamou a atenção não só pela eficiência e alcance mundial (conta com 400 organizações parceiras, distribuídas em 50 países, que vão dos ricos Estados Unidos e Canadá até os pobres Mali e Nigéria), mas também por sua evidente afinidade com a doutrina social da Igreja. Chama-se “Semáforo de Eliminação da Pobreza” e foi criado pela Fundação Paraguaya, uma organização originada, como o nome já diz, no Paraguai.

O programa chama-se “semáforo” porque utiliza uma metodologia de fácil execução, na qual as famílias avaliam 50 indicadores de sua vida usando as três cores do semáforo (vermelho, para a situação mais crítica, amarelo e verde). Feita a avaliação, são identificados objetivos que as famílias podem buscar alcançar, naquelas dimensões em que se sentem mais fragilizadas, e estratégias de apoio que podem ser adotadas por empresas, associações e governos para apoiar essas famílias na consecução desses objetivos.

A ampla difusão do programa é um atestado indireto de sua eficácia, mas gostaria de sublinhar alguns aspectos da doutrina social da Igreja que ficam evidenciados por uma proposta como essa. Talvez não tenhamos condições ou interesse de aderir a esse programa, mas não podemos deixar de considerar esses aspectos listados a seguir em qualquer situação que nos defrontemos com os desafios da promoção humana.

1. A promoção humana é um processo integral e que deve ser escolhido pela pessoa e não imposto a ela

A doutrina social da Igreja consagrou a expressão da Populorum progressio (PP 14, 42) “todos os homens e o homem todo”, para caracterizar o desenvolvimento humano como processo integral.  Os 50 indicadores estão agrupados em seis dimensões (renda e emprego; saúde e meio ambiente; habitação e infraestrutura; educação e cultura; organização e participação; interioridade e motivação) que permitem uma visão integral da situação das famílias. Programas de promoção muitas vezes se focam numa única dimensão (renda, educação, habitação, etc.) e com isso tem uma eficiência menor do que aquela que se pode alcançar com uma visão integral.

As dimensões podem parecer divididas em nossos modelos conceituais, mas estão sempre integradas na realidade. Melhorar a educação é importante, mas será muito mais eficiente se o jovem encontrar emprego adequado depois de completar seus estudos. Se existem problemas de infraestrutura urbana que afetam a saúde e a habitação das pessoas, a sua participação política será fundamental para que o poder público cumpra com suas obrigações. A interioridade e a motivação vão ser fundamentais em qualquer esforço que a família faça para alcançar seus objetivos.

Além disso, quando uma visão integral da realidade é apresentada, as pessoas podem escolher quais desafios desejam enfrentar primeiro, segundo suas prioridades e suas aptidões – desafios que podem não ser aqueles que o poder público ou as organizações sociais espontaneamente priorizariam.

2. A responsabilidade pessoal deve ser acionada num processo de promoção humana

A pessoa humana é protagonista de sua vida (cf. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, CDSI 105-107), o que implica em liberdade, responsabilidade e motivação. É verdade que a pobreza é um problema estrutural das sociedades e que as pessoas, com raras exceções, são mais vítimas do que artífices de sua pobreza. Contudo, sem esforço e motivação, uma pessoa dificilmente conseguirá superar os obstáculos a seu desenvolvimento – e quanto maiores os obstáculos, mais esforço e motivação serão necessários. Por isso, uma consideração apenas estrutural, por mais correta que seja, não é eficiente num programa de promoção humana.

A motivação sempre se origina na vida interior da pessoa. Não se trata de querer que as pessoas tenham a nossa fé ou mesmo uma religião – ainda que tenhamos de reconhecer que, quando se trata de interioridade, ninguém tem a expertise acumulada ao longo dos séculos pelas grandes religiões. Os indicadores tomados no programa são bastante pragmáticos, associados á autoconfiança, ao empreendedorismo e ao equilíbrio afetivo-emocional, mas permitem que o sujeito tome consciência de sua responsabilidade pessoal e se motive para vencer os desafios que tem a frente.

3. A família é a primeira, mais fundamental e eficiente agente da promoção humana

A proposta do “Semáforo de eliminação a Pobreza” avalia e compromete a família e não apenas o indivíduo. Isso é fundamental tanto por razões existências e afetivas quanto por aspectos operacionais. Não à toa, a doutrina social da Igreja considera a família como “célula vital da sociedade” (cf. CDSI 209ss).

Do ponto de vista existencial e afetivo, é na família que a pessoa toma consciência de si mesmo, descobre quem é, exercita seus primeiros relacionamentos com os demais. Por outro lado, os mais fortes vínculos afetivos e espirituais se consolidam na constituição de uma família. Em nenhuma outra dimensão da existência o ser humano faz um investimento afetivo tão grande quanto na família. Naturalmente, é nela que iremos encontrar as motivações e as recompensas pelo esforço realizado na superação dos desafios que o mundo nos impõe.

Por outro lado, tanto pela força quanto pela efetividade e permanência de seus vínculos, a família é o apoio mais próximo e concreto com o qual cada pessoa conta para vencer os desafios da vida. Desde educar uma criança até cuidar de um ancião moribundo, toda a atividade de cuidado ou de promoção da pessoa será realizada com mais facilidade dentro de uma família do que fora dela.

4. Uma proposta de solidariedade e subsidiariedade

Bento XVI, na Caritas in veritate, lembra que “a subsidiariedade sem a solidariedade decai no particularismo social, a solidariedade sem a subsidiariedade decai no assistencialismo que humilha o sujeito necessitado” (CV 58). A importância da solidariedade na promoção humana é evidente e está naturalmente implicada no programa do “Semáforo”, na medida que empresas, associações e governos se organizam para dar o apoio necessário às famílias.

O conceito de subsidiariedade é menos conhecido e não tão intuitivo. Propõem justamente que as instâncias com mais poder e recursos devem subsidiar (isso é, ajudar) e não dirigir a promoção humana e o desenvolvimento tanto das pessoas quanto dos grupos sociais. Por tudo o que foi dito acima, fica claro, portanto, que o “Semáforo de Eliminação da Pobreza” é tanto solidário quanto subsidiário.

No Brasil

Entre nós, o “Semáforo” já está sendo aplicado no sul do Brasil (com o nome de Programa “Despertar”) pelo Banco da Família, e agora passará também a ser desenvolvido pelo Instituto Polaris (com o nome de Programa “Empresa sem pobreza”) no Sudeste do Brasil.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

XXI Domingo do Tempo Comum - Ano C

Uma mulher vestida de sol | comshalom

XXI Domingo do Tempo Comum

Palavra do Pastor

Dom Paulo Cezar Costa

Arcebispo de Brasília

Uma Mulher vestida de Sol

A imagem da Mulher vestida de sol remete ao mistério que celebramos na solenidade da Assunção da Virgem Maria. Esta verdade de fé foi definida por Pio XII, em 1950, mas já estava presente na tradição da Igreja, no seu patrimônio de fé: “A imaculada Virgem, preservada imune de toda mancha da culpa original, terminando o curso da vida terrestre, foi assunta em corpo e alma à glória celeste. Para que mais plenamente estivesse conforme a seu Filho, Senhor dos senhores e vencedor do pecado e da morte (…)” (Pio XII, Munificentissimus Deus).

A Igreja, quando olha para a glória da Mãe de Deus, vê preanunciado aquilo que também ela espera para si. O Livro do Apocalipse (11, 19; 12, 1.3-6.10) apresenta a imagem da mulher que aparece no céu, vestida de sol, tendo a lua debaixo dos pés e sobre a cabeça uma coroa de doze estrelas. Esta mulher representa a Igreja e também a bem-aventurada Virgem Maria. A Constituição sobre a Igreja do Vaticano II, no capítulo VIII, nos 63 – 64, desenvolve esta analogia entre Maria e a Igreja. O mistério de Maria está intimamente unido ao mistério da Igreja. Maria é virgem e mãe; a Igreja, pela pregação e pelo batismo, gera para a vida imortal os filhos concebidos do Espírito Santo e nascidos de Deus. A Igreja é a virgem que, íntegra e puramente, guarda a fé dada pelo Esposo. A constituição dogmática Lumem Gentium, 64, afirma que a Igreja, “imitando a Mãe de seu Senhor, pela virtude do Espírito Santo, conserva virginalmente uma fé íntegra, uma sólida esperança e uma sincera caridade”.

No Evangelho encontramos o mistério da visitação (Lc 1, 39 – 56). Maria que sobe apressadamente à região montanhosa para visitar Isabel. Esta atitude de Maria convida nossas comunidades de discípulos missionários a envolverem-se com a mística própria de Lucas (1, 39-45): a visita de Maria à sua prima Isabel. Esta cena revela o encontro da promessa e da realização salvadora de Deus.  As duas alianças se complementam designando e apontando alegremente que o Fruto bendito do seio de Maria é a esperança agora realizada. Zacarias, Isabel, João e Maria atualizam a esperança “esperante”, ativa, profética, alegre e cantante dos feitos de Deus na vida do seu povo: “Veio em socorro de Israel seu servo lembrado de sua bondade” (Lc 1, 54).

Esta cena do Evangelho relembra a toda a Igreja o caminho da missão, do colocar-se à disposição na realização da vontade de Deus. A Igreja, olhando para a pressa de Maria, encontra a sua vocação, a sua missão. Ela existe para evangelizar, para levar Jesus. Esta é a sua mística.

Maria inspira o caminho de uma Igreja onde todos caminham apressadamente para a missão, onde todos são missionários. Os missionários (as) são portadores da bondade, da proximidade de Deus que Maria viveu e transmitiu. Eles são testemunhas vivas da esperança de que nosso Deus vem ao nosso encontro. A atitude de saída, de encontro, de diálogo, de serviço, de anúncio, de testemunho de comunhão, de visitação que leva Jesus Cristo e Seu projeto de salvação é Missão. O Missionário leva a Esperança que vem da fé, e esta Esperança é Cristo, revelador do Amor do Pai.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Um dia histórico para a nação romeira

Diocese de Crato (CE)
Um dia histórico para a nação romeira: é autorizada abertura do processo para beatificação de Padre Cícero.

“A Igreja que hoje me persegue, amanhã tomará a minha defesa”, disse Padre Cícero Romão Batista. Na manhã deste sábado, 20 de agosto de 2022, essa profecia se cumpriu quando a Diocese de Crato anunciou a abertura do processo para beatificação do  “Patriarca do Nordeste”. Foi no largo da Capela do Socorro, em Juazeiro do Norte, ao final da tradicional missa em sufrágio da alma do sacerdote que o bispo de Crato, Dom Magnus Henrique, fez o pronunciamento.

“Queridos filhos e filhas da Diocese de Crato e romeiros de todo o Brasil, é com grande alegria que vos comunico nesta manhã histórica, que recebemos oficialmente da Santa Sé, por determinação do Santo Padre, o Papa Francisco, a carta do Dicastério das Causas dos Santos, datada de 24 de junho de 2022, comunicando a autorização para a abertura do Processo de Beatificação do Padre Cícero Romão Batista, que, a partir de agora, receberá o título de “Servo de Deus”. Deus Seja Louvado!”, comunicou o pastor diocesano.

Este dia histórico foi possível graças ao trabalho incansável de muitas mãos, romeiros e romeiras, leigos e leigas, padres, bispos, religiosos e religiosas. As lágrimas que banharam os rostos dos romeiros e devotos no momento do anúncio foram sinais de gratidão e de alegria traduzindo o sentimento de toda uma nação.

Para entender como chegamos até aqui

Encontro de Dom Magnus Henrique com o Papa Francisco | Diocese de Crato (CE)

Bispo e romeiro, Dom Magnus Henrique, nos seis meses à frente da Diocese de Crato, abraçou a causa do Padre Cícero Romão dando continuidade aos trabalhos realizados por seus antecessores. Em 12 de maio de 2022, por ocasião da visita “Ad Limina”, ele entregou ao Papa Francisco uma carta expressando o sonho dos milhares de devotos. Assim escreveu:

 “…recorremos à vossa solicitude de Pastor Universal da Santa Igreja, para pedir especial clemência para com este sacerdote católico, amado e venerado, no sentido de permitir a abertura de uma causa de beatificação. Esperamos que Vossa Santidade, na hora oportuna, examine com coração de Pai e como Sucessor de Pedro este pedido ora formulado, cuja resposta é um anseio nosso e dos milhões de devotos do Padre Cícero”  (Trecho da carta entregue ao Santo Padre Francisco, lida por Dom Magnus na missa deste dia 20).

Em 2001, a Diocese de Crato constituiu uma comissão a fim de preparar uma revisão histórica sobre a causa de Padre Cícero. Após cinco anos de trabalho, em 30 de maio de 2006, uma petição foi entregue à Congregação para a Doutrina da Fé com a assinatura de 254 bispos brasileiros pedindo um gesto concreto de reconhecimento das ações pastorais e apostólicas do padrinho da nação romeira no desenvolvimento da região. Oito anos depois, em 27 de outubro de 2014, a Congregação indicou o caminho da reconciliação do Padre Cícero Romão na carta histórica assinada pela Secretaria de Estado do Vaticano.

Servo de Deus

Com a autorização para abertura do processo, Padre Cícero recebe o título de “Servo de Deus”. Nessa fase inicial, é feita uma investigação das virtudes ou martírio. Concluído o processo, o candidato passa a ser considerado (a) venerável. Para se tornar beato ou beata é preciso a comprovação de um milagre alcançado por meio de sua intercessão.

Acompanhe a aqui: Coletiva de Imprensa

ANÚNCIO AOS ROMEIROS DA APROVAÇÃO PARA A ABERTURA DO PROCESSO DE BEATIFICAÇÃO DO PADRE CÍCERO ROMÃO BATISTA

“Este É o Dia Que o Senhor Fez Para Nós, alegremo-nos e n’Ele exultemos” (Sl 117).

Na beleza das terras nordestinas, terras de homens e mulheres fortes, como afirmou Euclides da Cunha, desabrocharam grandes figuras que deixaram marcas indeléveis no coração do sertanejo, seja na cultura, na musicalidade que embala a nossa esperança, nas músicas que são verdadeiros salmos da nossa luta, na arte, na literatura, na ciência, na Fé católica e em tantos outros que, no anonimato, deixaram seus rabiscos, e sua alma expressam na vernissagem do tempo e no museu do coração.

A Igreja Católica Apostólica Romana gerou e continua gerando em seu seio tantos cientistas, escritores, Santos que transformaram as realidades do mundo da educação, da arte, da saúde e da política e, no caminho da santidade, continuam incansavelmente lutando todos os dias.

O desabrochar da santidade não precisa das cátedras das universidades, embora muitos santos foram mestres e doutores. Em nossa realidade, Deus escolheu os fracos e pequeninos para confundir os fortes, transformando o que o mundo acreditava ser glória em ruínas, das quais só nos restaram as sombras de um passado pouco iluminado; logo, sombras esmaecidas. A glória no coração de Deus passa despercebida aos olhos dos grandes deste mundo.

Dentre tantos homens e mulheres que estão escritos nos Cânones da Igreja, existem muitos que, no silêncio, viveram a santidade e outros fizeram seus caminhos entre sombras e luzes, como no asseverou o Apóstolo São Paulo: “tenho o desejo de fazer o que é bom, mas não consigo realizá-lo. Pois o que faço não é o bem que desejo, mas o mal que não quero fazer esse eu continuo fazendo” (cf. Rm 7,18-21).

No espírito da Lumem Gentium, somos impelidos a tomar consciência dessa vocação universal: “Todos os fiéis cristãos, de qualquer estado ou ordem são chamados à plenitude da vida cristã e à perfeição da caridade” (LG 40). Todos somos chamados à santidade: “Deveis ser perfeitos como vosso Pai Celeste é perfeito” (Mt 5,48).

O Santo Padre Francisco, em sua Exortação Apostólica sobre a santidade no mundo de hoje, interpela-nos: “Deixemo-nos estimular pelos sinais de santidade que o Senhor nos apresenta através dos membros mais humildes deste povo que ‘participam também da função profética de Cristo, difundindo o seu testemunho vivo, sobretudo pela vida de fé e de caridade’. Como nos sugere Santa Teresa Benedita da Cruz, pensemos que é através de muitos deles que se constrói a verdadeira história: ‘Na noite mais escura, surgem os maiores profetas e os santos. (…) Certamente, os eventos decisivos da história do mundo foram essencialmente influenciados por almas sobre as quais nada se diz nos livros de história’” – e nos proclama categoricamente o Santo Padre: “A santidade é o rosto mais belo da Igreja” (cf. Gaudete et exsultate, 8-9).

Em carta que entreguei nas mãos do Santo Padre por ocasião da visita “ad limina” no dia 12 de maio de 2022, expressei o sonho e a história de um povo, quando assim relatei: “…recorremos à vossa solicitude de Pastor Universal da Santa Igreja, para pedir especial clemência para com este sacerdote católico, amado e venerado, no sentido de permitir a abertura de uma causa de beatificação. Esperamos que Vossa Santidade, na hora oportuna, examine com coração de Pai e como Sucessor de Pedro este pedido ora formulado, cuja resposta é um anseio nosso e dos milhões de devotos do Padre Cícero” (Carta entregue ao Santo Padre Francisco).

É com os sentimentos de gratidão, alegria, júbilo e esperança que agradecemos o trabalho incansável de tantos romeiros e romeiras, leigos e leigas, padres, religiosos e religiosas, como também ao meu predecessor Dom Gilberto Pastana.

Quero registrar um agradecimento todo especial, repleto de sentimentos de gratidão e em nome deles, extensivo a todos que colocaram um chapéu de palha na cabeça ou no coração e ergueram as mãos aos céus e cantaram uma prece, são eles: Dom Fernando Panico, Bispo Emérito, e a Irmã Annette (in memoriam). Deus seja louvado! Pois “Deus nunca deixou trabalho sem recompensa, nem lágrimas sem consolação” (Padre Cícero).

Queridos filhos e filhas da Diocese de Crato e romeiros de todo o Brasil, é com grande alegria que vos comunico nesta manhã histórica, que recebemos oficialmente da Santa Sé, por determinação do Santo Padre, o Papa Francisco, a carta do Dicastério das Causas dos Santos, datada de 24 de junho de 2022, comunicando a autorização para a abertura do Processo de Beatificação do Padre Cícero Romão Batista, que, a partir de agora, receberá o título de “Servo de Deus”. Deus Seja Louvado!

Dom Magnus Henrique Lopes, OFMCap.

Bispo da Diocese de Crato

Por: Jornalistas Mychelle Santos e Patrícia Mirelly

Fonte: https://diocesedecrato.org/

Santa Sé autoriza abertura do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista

Túmulo do Pe. Cícero | Vatican News

"Recebemos a autorização para a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista que, a partir de agora, receberá o título de Servo de Deus", disse o bispo de Crato durante a romaria.

https://youtu.be/GJBnGZvloHI

Vatican News

O bispo da Diocese de Crato (CE), dom Magnus Henrique Lopes, anunciou na manhã deste sábado (20/08), durante uma grande romaria que se realiza todo dia 20, em Juazeiro do Norte, que a Santa Sé autorizou a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista.

"Queridos filhos e filhas da Diocese do Crato, romeiros de todo Brasil. É com grande alegria que vos comunico nesta manhã histórica que recebemos oficialmente da Santa Sé, por determinação do Santo Padre, o Papa Francisco, uma carta do Dicastério das Causas dos Santos, datada do dia 24 de junho de 2022. Recebemos a autorização para a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista que, a partir de agora, receberá o título de Servo de Deus", disse o bispo de Crato durante a romaria.

Os fiéis presentes receberam o anúncio de dom Magnus com uma salva de palmas e fogos.

Pe. Cícero dinamizou a espiritualidade católica na região do Cariri, sendo responsável pela espiritualidade de todo o povo nordestino até os dias de hoje. O sacerdote nasceu na cidade do Crato, em 24 de março de 1844. Foi ordenado sacerdote em 30 de novembro de 1870. Celebrou sua primeira missa em Juazeiro (quando ainda era um povoado chamado de Tabuleiro Grande) na noite de Natal daquele mesmo ano.

A partir daí passou a estar mais presente, atendendo o povo com suas palavras e com o seu exercício ministerial. Mas foi com um sonho que o Padre Cícero percebeu como se daria a sua missão em Juazeiro.

No mencionado sonho, vislumbrando a última ceia, percebeu a presença de inúmeras pessoas ao redor de Jesus e dos apóstolos. Seriam os flagelados da seca que assolava o interior nordestino. Diante de tão impressionante cena, Padre Cícero escutou de Jesus as palavras que o acompanharam durante toda a sua vida: “e tu, Cícero, toma conta deste povo!”. Foi realmente um divisor de águas para um sacerdote recém-ordenado.

E como se não bastasse para encontrar ânimo e força à sua missão sacerdotal, Padre Cícero ainda foi testemunha ocular de outro importante acontecimento em Juazeiro. Com aproximadamente 19 anos de sacerdócio, numa celebração eucarística ocorrida na primeira sexta-feira do mês de março de 1889, com a presença de moças que viviam da caridade, auxiliando a catequese daquele povo, depois de horas de oração e jejum por ocasião da quaresma, Padre Cícero, ao dar a comunhão à Beata Maria de Araújo (outra importante personagem da história de Juazeiro do Norte), a hóstia consagrada se transformou em sangue em sua boca. Fato que ocorreu ainda por mais 138 vezes, num período de quase dois anos.

Tais acontecimentos serviram para fomentar as peregrinações a Juazeiro do Norte o que permitiu alavancar a vida do pequeno povoado, pois muitos vinham mesmo para residir e estar perto do padrinho querido.

Em meio a tantas transformações, o que era um povoado, tornara-se cidade ao ser emancipado a 22 de julho de 1911, vindo a ter como seu primeiro representante municipal o querido Padre Cícero.

A cidade se desenvolvia no aspecto político-econômico e a religiosidade popular se tornava ainda mais forte com os conselhos do padrinho Padre Cícero e com a crescente presença dos romeiros e das romarias.

Fonte: Diocese de Crato

https://www.vaticannews.va/pt

sábado, 20 de agosto de 2022

História, Oração e Frases de São Bernardo de Claraval

S. Bernardo de Claraval | Guadium Press
A Igreja Católica celebra no dia 20 de agosto a memória de São Bernardo Claraval, fundador da Abadia de Claraval e Doutor da Igreja.

Redação (19/08/2022 16:49, Gaudium Press) São Bernardo de Claraval nasceu no Castelo de Fontaine, em 1090, perto de Dijon (França). É considerado pela Família Cisterciense um segundo fundador, pois atraía muitos para a Ordem. Seu poder de atração era tal, que todos os irmãos, primos e amigos o seguiram.

Destacou-se como pregador e após fundar o Mosteiro de Claraval, começou a irradiar a Igreja com seus escritos, dos quais se destaca o Tratado do Amor de Deus. Foi ele quem compôs a famosa invocação mariana: “Ó clemente, ó piedosa, ó doce e sempre Virgem Maria”.

São Bernardo faleceu no ano de 1153, sendo canonizado pelo Papa Alexandre III em junho de 1174. Por conta de suas pregações e obras escritas (numerosas obras, milhares de cartas e mais de 300 sermões) foi declarado Doutor da Igreja em 1830 pelo Papa Pio VIII.

S. Bernardo de Claraval | Guadium Press

Frases de São Bernardo de Claraval

01 – “Deus quis que nada recebêssemos que não passe pelas mãos de Maria”.

02 – “Recorre a Maria! Sem a menor dúvida eu digo, certamente o Filho atenderá sua mãe”.

03 – “Nos perigos, nas angústias, nas incertezas pensa em Maria, invoca Maria. Que ela nunca abandone os teus lábios, nem o teu coração; e para obteres a ajuda da sua oração, nunca esqueças o exemplo da sua vida”.

04 – “Tudo o que temos de benefícios de Deus, nós o recebemos pela intercessão de Maria. E por que é assim? Porque Deus assim o quer”.

05 – “Quem somos nós, ou qual é a nossa força para resistirmos a tantas tentações? Certamente era isso que Deus queria: que nós, vendo a nossa insuficiência e a falta de auxílio, recorrêssemos com toda humildade à sua misericórdia”.

S. Bernardo de Claraval | Guadium Press

06 – “A causa para amar a Deus é o próprio Deus; a medida, amá-lo sem medida”.

07 – “Possuireis todas as coisas sobre as quais se estender a vossa confiança. Se esperais muito de Deus, Ele fará muito por vós. Se esperais pouco, Ele fará pouco.”

08 – “A Eucaristia é o amor que supera todos os outros amores no céu e na terra”.

09 – “Fica sabendo, ó cristão, que mais merece ouvir devotamente uma só missa do que distribuir todas as riquezas aos pobres e peregrinar toda a terra.”

10 – “O avarento está sempre faminto como um mendigo, nunca chega a ficar satisfeito com os bens que deseja. O pobre, como senhor de tudo, os despreza, pois não deseja nada.”

S. Bernardo de Claraval | Guadium Press

Oração de São Bernardo de Claraval a Nossa Senhora

Lembrai-vos, ó piíssima Virgem Maria, que jamais se ouviu dizer que algum daqueles que têm recorrido à vossa proteção, implorando o vosso auxílio, e reclamando o vosso socorro, fosse por vós desamparado. Animado, pois, com igual confiança, ó Virgem das virgens, como à Mãe recorro e de vós me valho e, gemendo sob o peso dos meus pecados, me prostro a vossos pés; não desprezeis as minhas súplicas, ó Mãe do Filho de Deus, mas dignai-vos de as ouvir propícia e me alcançar o que vos rogo. À vossa proteção recorremos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as nossas súplicas em nossas necessidades, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Amém. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Nota oficial do Episcopado do Regional Centro Oeste da CNBB

Eleições 2022 | Catedral Metropolitana de Goiânia

Nota oficial com orientações e determinações para as Eleições 2022 do Episcopado do Regional Centro Oeste da CNBB.

Neste ano eleitoral, dirigimo-nos aos fiéis de nossas arqui/dioceses e aos homens e mulheres de boa vontade, com esta mensagem, a fim de lhes ofere­cer critérios para a sua participação nas eleições. Fazemos isso movidos pela missão apostólica, amor e compromisso com a nação brasileira.
Somos cientes da força transformadora do Evangel­ho de Jesus Cristo ancorado em nossas terras há 522 anos. Aquele que o acolhe vê sua vida ser transfor­mada por Cristo Ressuscitado e descobre que “somos todos irmãos” (Mt 23,8). Por isso, se abre para a comunhão e a solidariedade. Jesus Cristo nos humaniza e assim nos faz construtores de uma so­ciedade mais justa e fraterna.
Por crermos na verdade do Evangelho é que oferec­emos algumas indicações em vista de lhes ajudar em seu discernimento e a favorecermos uma cam­panha eleitoral à altura da dignidade humana.
Recordarmos que a fé católica, antes de ser um sen­timento religioso, é resposta livre e consciente a Deus que se revela plenamente em Jesus Cristo. Por sua vez, esta resposta de fé se traduz no amor a Deus e ao próximo. A participação ativa na política é expressão desse amor, pois, mediante a política, construímos uma sociedade na qual as pessoas, com suas diferenças, convivem em paz graças à justiça, saúde e educação de qualidade.
Vivemos em uma democracia e o escolher os seus representantes é uma de suas expressões. A democ­racia “assegura a participação dos cidadãos nas opções políticas e garante aos governados a possibi­lidade quer de escolher e controlar os próprios gov­ernantes, quer de os substituir pacificamente, quando tal se torne oportuno” (Papa João Paulo 11, Centesimus annus, 46).

Os procedimentos democráticos são autênticos se eles são fundados na verdade da pessoa humana, em sua dignidade e no respeito pelos seus direitos. Por isso, vivamos o processo eleitoral, respeitando uns aos outros em suas opções partidárias, abertos ao diálogo, buscando e optando pela verdade dos fatos. Permitamos a prevalência da paz e da saudável convivência em uma sociedade plural con­vergente no bem de todos e de cada um. Isso é prin­cipalmente válido para os católicos: não permita­mos que a comunhão entre nós seja enfraquecida pelas ideologias partidárias ou polarizações. Em tudo guardemos o vínculo da caridade e nos esforc­emos em prol de um projeto de sociedade para todos no qual se acolhe a parte da verdade e os va­lores de cada um sem se tornar refém da prepotên­cia do mais forte (cf. Papa Francisco, Fratelli tutti, 15}.
Vale recordar que a Igreja não é partidária e “não pode nem deve tomar nas suas próprias mãos a batalha política para realizar a sociedade mais justa possível. Não pode nem deve colocar-se no lugar do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça” (Papa Bento XVI, Deus Ca ritos Est, 28).
Apoiados no Evangelho, fonte da Doutrina Social da Igreja, nós, bispos do Regional Centro-Oeste da CNBB, oferecemos aos nossos diocesanos e às pes­soas de boa vontade algumas orientações e deter­minações para as eleições 2022:

1. Avalie o histórico do candidato, seu itinerário político, se tem uma vida honesta e não está en­volvido em fraude ou corrupção. Vote a penas em candidato “ficha limpa”;
2. Conheça a proposta de governo do candidato, veja se é um plano consistente e comprometido com o bem comum, em particular com os pobres e excluídos, com a defesa da Casa Comum, da cultura da paz, com uma economia a serviço da vida, e se o candidato é capaz de cumpri-lo;
3. Apoie candidatos defensores e promotores da vida humana e de sua dignidade, que sejam con­trários ao aborto e à eutanásia;
4. Divulgue a verdade dos fatos e não espalhe notí­cias falsas (fake news). Estas são uma ofensa às pes­soas, destroem a democracia e a sua disseminação é um delito com consequências morais e jurídicas;
5. Aos sacerdotes e religiosos sob a nossa jurisdição canônica fica vetado o uso das redes sociais, das cel­ebrações litúrgicas, ou outros momentos eclesiais para manifestações político-partidárias, sob pena prevista no Código de Direito Canônico (Cân. 285, §3; 1371, §1};
6. Exceto em locais sagrados, é importante promov­er encontros com candidatos de partidos diversos, moderados por um membro da comunidade eclesi­al, visando conhecer suas propostas.

Convidamos os fiéis católicos e os homens e mul­heres de boa vontade ao exercício da corresponsabi­lidade na construção de um Brasil mais solidário por meio do voto, da participação ativa no acompanha­mento dos eleitos e na construção, implementação e fiscalização das políticas públicas de Estado.
Que a bênção do Deus Trino, perfeita comunidade, e o cuidado materno da Mãe Aparecida acompanhem nossos passos rumo a uma sociedade justa e fraterna.

03 de agosto de 2022.
Bispos do Regional Centro-Oeste da CNBB

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

Reflexão: Solenidade da Assunção de Nossa Senhora

Assunção de Nossa Senhora | Vatican News

Maria, a Virgem de Nazaré, representando todas as pessoas simples, ignoradas pelos poderosos, mas plenamente confiantes em Deus, no seu “Magnificat”, canta sua gratidão a Deus porque Ele beneficiou a ela e aos necessitados.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A Igreja no Brasil celebra neste domingo a Solenidade da Assunção de Nossa Senhora.

A Bíblia e a vida nos ensinam que quando o Senhor vai realizar ações magníficas, Ele se dirige aos humildes e pede a colaboração deles. Todos os relatos bíblicos nos mostram isso e também os acontecimentos recentes, quando Ele permitiu a pastores, camponeses e crianças verem Maria Santíssima. Também a devoção à Padroeira do Brasil deve-se à tarefa de três pescadores que encontraram a imagem da Mãe de Deus e nossa no rio Paraíba do Sul.

Maria, a Virgem de Nazaré, representando todas as pessoas simples, ignoradas pelos poderosos, mas plenamente confiantes em Deus, no seu “Magnificat”, canta sua gratidão a Deus porque Ele beneficiou a ela e aos necessitados. Ela anuncia a nova sociedade, não apenas a celeste, mas também a terrestre, quando esta última seguir seu conselho de “fazer tudo o que Jesus mandar”.

Nessa nova sociedade, os que detêm poder irão usá-lo para servir os pobres, os marginalizados, os aflitos. Jesus já nos deu o exemplo lavando os pés dos apóstolos e morrendo por nós na cruz, ou seja, se entregando para que fôssemos libertados do domínio do mal. Deus é fiel, conclui Nossa Senhora ao dizer que a misericórdia prometida a Abraão e seus descendentes foi mantida e realizada.

Paulo, em sua 1ª Carta aos Coríntios, explicita esse bem querer de Deus a todos nós quando diz que a ressurreição de Jesus destruiu o destino do homem de ser-para-a-morte e lhe restituiu sua vocação eterna de ser-para-a-vida. Cristo morreu para que o homem confiasse plenamente no amor do Pai e fizesse sua entrega radical a Ele. Com isso acaba o egocentrismo e Jesus Cristo passa a ser o centro da vida do ser humano. O homem se descentraliza para que Deus possa ocupar o lugar que sempre foi Seu, o centro de tudo e de todos.

Consequentemente, acaba a pobreza, a injustiça, a opressão. Se o amor está no centro, deixarei de ser apegado ao dinheiro, ao poder, ao prazer egoísta. Serei fraterno, misericordioso, solidário. Surge, então, um mundo onde reina a Justiça e a Paz.  O Canto de Maria e a oração de São Francisco se tornarão realidade!

Celebrar a Assunção de Nossa Senhora é praticar tudo o que Jesus ensinou e ela viveu em toda sua vida. “Antes, são bem-aventurados aqueles que ouvem a Palavra de Deus e a colocam em prática”, disse Jesus quando louvaram Maria por ser sua mãe.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF