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segunda-feira, 22 de agosto de 2022

Padre Cícero, servo de Deus

Igreja onde Pe. Cícero Romão Batista está sepultado  (Carlos Moioli)

Neste artigo, o arcebispo metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, cardeal Orani João Tempesta, aprofunda a vida do Pe. Cícero Romão Batista, chamado pelo povo nordestino nosso “Padim Ciço”.

Cardeal Orani João Tempesta - Vatican News

No dia de São Bernardo deste ano de 2022, na manhã de Juazeiro do Norte, em uma missa campal uma notícia foi proclamada e que iria percorrer o Brasil como um grande anúncio esperado há decênios. Isso foi anunciado pelo bispo da Diocese de Crato (CE), Sua Excelência Dom Magnus Henrique Lopes: a Santa Sé autorizou a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista que, a partir de agora, receberá o título de Servo de Deus. Assim noticiou a imprensa do Vaticano:

O bispo da Diocese de Crato (CE), dom Magnus Henrique Lopes, anunciou na manhã deste sábado (20/08), durante uma grande romaria que se realiza todo dia 20, em Juazeiro do Norte, que a Santa Sé autorizou a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista.

"Queridos filhos e filhas da Diocese do Crato, romeiros de todo Brasil. É com grande alegria que vos comunico nesta manhã histórica que recebemos oficialmente da Santa Sé, por determinação do Santo Padre, o Papa Francisco, uma carta do Dicastério das Causas dos Santos, datada do dia 24 de junho de 2022. Recebemos a autorização para a abertura do processo de beatificação do Padre Cícero Romão Batista que, a partir de agora, receberá o título de Servo de Deus", disse o bispo de Crato durante a romaria.

Os fiéis presentes receberam o anúncio de dom Magnus com uma salva de palmas e fogos.”

Já no passado havia gestões para esse passo e uma carta do Secretário de Estado de Sua Santidade, o Cardeal Pietro Parolin, datada de 20 de outubro de 2015 e dada a conhecer no dia 13 de dezembro do mesmo ano, data da abertura das portas santas da misericórdia nas catedrais do mundo, reconhecendo as virtudes e bem que o Padre Cícero fez ao povo de Deus no Nordeste foi amplamente divulgada. Tive a oportunidade de celebrar em dois momentos importantes nesse abençoado local e constatei a fé do povo e a importância da missão do Pe. Cícero na região do Cariri. Eu me uno a todos os que hoje se alegram com esse esperado e desejado anúncio.

Nosso “Padim Ciço” é assim chamado pelo povo que o admira e diz que é porque, após a proibição de celebrar os sacramentos, ele foi chamado a ser padrinho de batismo de muitas crianças. É com essa expressão carinhosa e confiante que muitos de nossos irmãos, nordestinos ou não, se dirigem ao Padre Cícero Romão Batista (1844-1934).

Padre Cícero nasceu no dia 24 de março de 1844, em uma casa humilde da Rua Grande, hoje Miguel Limaverde, em Crato (CE), cidade localizada no Sopé da Chapada do Araripe, como segundo filho do casal de agricultores Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana. Conta-se que, criado por duas de suas irmãs, Mariquinha e Angélica, sempre quis ser padre e já aos doze anos, depois de ler a vida de São Francisco de Sales, fez, piedosamente, voto de castidade.

Ingressou no seminário da Prainha, em Fortaleza, com 21 anos de idade e aos 26 foi ordenado sacerdote, atuando um pouco na própria cidade de Crato, depois durante 60 anos morou e atuou em Juazeiro do Norte, povoado vizinho à sua terra natal. Aí exerceu um imenso bem à população, segundo as diretrizes pastorais de seu tempo, com o incentivo de missões populares, novenas, terços públicos, procissões e celebração da Missa com frequência. Teve uma grande sensibilidade social para com os pobres e necessitados.

Aqui é preciso lembrar que era comum a celebração da Eucaristia principalmente aos domingos e durante o dia, um pouco devido ao jejum eucarístico. Nelas, na maioria das vezes, as comunhões eram raras. A Missa durante a noite, salvo a de Natal (chamada de “Missa do Galo”), só foi possível com as reformas litúrgica que aos poucos foram acontecendo e culminaram com os documentos do Concílio Vaticano II (1962-1965). A comunhão frequente passou a ser estimulada, inclusive às crianças devidamente preparadas, pelo Papa São Pio X (1903-1914), por quem o Papa Francisco tem grande devoção. Desde que era arcebispo de Buenos Aires promovia, anualmente, um encontro com os (as) catequistas no dia 21 de agosto, memória do santo que fez grandes trabalhos em favor do Povo de Deus. Dessas formações de Bergoglio, resultou o livro Anunciar o Evangelho (Campinas: Ecclesiae, 2013).

Padre Cícero foi fiel ao espírito de certa recusa à obediência às ideias portuguesas que existiam na época, influenciadas pela cultura do Regime de Padroado, no qual Igreja e Estado se achavam ligados e que só seria extinto com a república em 1889. No Padre Cícero havia plena fidelidade ao Santo Padre, o Papa, e ao Bispo diocesano em comunhão com o Papa, alicerces da unidade a ser mantida na Igreja sob pena de esfacelamento da face humana do Corpo místico de Cristo prolongado na história (cf. 1Cor 12,12-21; Cl 1,24).

O Pe. Comblin, sacerdote belga que muito atuou no Nordeste na época de Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife (PE), escreveu que o Padre Cícero “dedicou-se a corrigir os vícios e os abusos morais”. Proibiu as danças, conseguiu que os homens parassem de beber. Obrigou as prostitutas a confessar seus pecados. Em pouco tempo, Juazeiro tornou-se um modelo de ordem e de virtudes. Padre Cícero era no Juazeiro o equivalente ao Santo Cura D’Ars. (Padre Cícero de Juazeiro. S. Paulo: Paulinas, 1991, apud Henrique Cristiano José de Matos. Caminhando pela história da Igreja. Belo Horizonte: O Lutador, 1993, vol. 3, p. 172).

Insistia também com seus fiéis sobre o Juízo Final e a necessidade de se confessarem a fim de estarem puros na volta do Senhor e, consequentemente, escaparem dos castigos de Deus para a humanidade pecadora que, segundo suas pregações, não tardariam vir demonstrando a força de Deus.

Padre Cícero ficou conhecido por todo o Brasil, a partir do ano de 1889, quando se deram os chamados “milagres da hóstia”. Trata-se do seguinte: Maria de Araújo (1860-1914), conhecida como “Beata”, solteira de 29 anos e costureira de prestígio, foi comungar e viu a hóstia verter sangue, conforme ela mesma narrou ante as autoridades eclesiásticas, no inquérito instaurado para apurar os fatos. Disse Maria que, no dia 6 de março de 1889, “pela primeira vez, fui tomada de um rapto extático, resultando na transformação da hóstia em sangue, tanto que além do que não sorvi, parte caiu na toalha e parte no chão” (Maria do Carmo P. Forti.

Maria de Araújo, a beata de Juazeiro. S. Paulo: Paulinas, 1991, apud Matos, obra citada, p. 173).

O fato, tido, então, por milagroso, se repetiu diversas vezes, ocasionando muitas peregrinações do povo a Juazeiro e certo espanto no meio do clero, pouco afeito a esse tipo de fenômeno que precisa ser sempre muito bem investigado. A Igreja é prudente e não afoita na análise de assuntos como esse. Nos meios populares, no entanto, surgiu uma possível explicação para as ocorrências: ante a grande maldade do mundo, dentre as quais se destacou a Proclamação da República no Brasil, Nosso Senhor tinha decidido derramar o Seu sangue uma segunda vez para redimir novamente a humanidade. Outros, mais atentos às pregações apocalípticas do zeloso sacerdote, defendiam que o sangue saído da hóstia na boca da jovem Maria era sinal claro do Juízo Final muito próximo. (Cf. Matos, obra e página citadas).

Ora, parece que o Padre Cícero via, apoiado no parecer de um médico e de um farmacêutico local, um verdadeiro milagre na hóstia sangrante, mas o Bispo, à luz do parecer de uma comissão específica por ele nomeada, notou apenas um fenômeno incomum, mas não milagroso. Mais: ambas as lições extraídas do fenômeno foram (e são) exageradas e errôneas. Com efeito, o sacrifício de Cristo na Cruz é único e supera todos os demais sacrifícios (cf. Hb 10,10), de modo a não se pode afirmar que o Senhor voltou a derramar seu sangue pela humanidade, como se tivesse de fazer uma reedição de sua aliança nova e eterna (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 613-614). Sobre o juízo final sabemos que ocorrerá, como professamos no Credo, mas não temos, por escolha divina, como prever com certeza exata o dia e a hora da segunda vinda de Cristo em poder e glória (cf. Mt 24,36).

Pois bem, foi essa interpretação popular, mas errônea dos fenômenos – que alguns afirmavam ser apoiada pelo Padre Cícero – uma das causadoras das reservas de Dom Joaquim José Vieira (1883-1912), Bispo do Ceará, a respeito do famoso sacerdote. Suspeitando de heresia (negação de verdades de fé) e temendo um cisma (rompimento com a Igreja em sua estrutura hierárquica), o Prelado proibiu o padre de atender Confissões, pregar e orientar os fiéis. Em 1886, Padre Cícero foi suspenso de poder celebrar Missas e, mesmo tendo recorrido à Santa Sé, indo, inclusive, pessoalmente a Roma, jamais teve a alegria de poder voltar a exercer o ministério sacerdotal. Contudo – isso é importante –, segundo as notícias, ele nunca teria sido excomungado.

Além disso, outra acusação que se fez contra “Padim Ciço” foi a de ser, na opção política, um possível apoiador do comunismo. Ele, porém, rebatia a acusação dizendo que “o comunismo foi fundado pelo demônio”. E acrescentava: “Lúcifer é o seu chefe e a disseminação de sua doutrina é a guerra do diabo contra Deus. Conheço o comunismo e sei que é diabólico. É a continuação da guerra dos anjos maus contra o Criador e seus filhos”. (Autorizada pelo Vaticano a reconciliação de Padre Cícero com a Igreja, ACI Digital, 14/12/15, online). O trabalho social do Pe. Cícero levou o povo confundir a ideologia.

O fato é que em meio a tudo isso, o povo nunca deixou de procurar o padre. Ele se tornou, na verdade, o grande Patriarca do Nordeste e vivia dando conselhos, resolvendo conflitos de várias naturezas, dando remédios certos para muitas doenças e até ajudando na escolha de matrimônios (tinha fama de “casamenteiro”).

Preocupava-se também com os mais pobres, especialmente os trabalhadores e as crianças. A essas estimulava a aprenderem algum bom ofício da época a fim de se tornarem, no campo financeiro, independentes e poderem ajudar a seus pais. A partir de 1911, Padre Cícero, já afastado das atividades sacerdotais, entrou na política, muito mais forçado pelas circunstâncias do que motivado por gosto pessoal. Chegou a ser o primeiro prefeito de Juazeiro, emancipado naquele ano, e vice-governador do Ceará por dois mandatos. Em 1914, juntando-se a vários coronéis locais, foi contra a intervenção do Governo Federal no Estado.

Padre Cícero faleceu em 20 de julho de 1934, com 90 anos de idade, em paz com a Igreja que tanto amou e a quem foi obediente até o fim, tendo em seu sepultamento aproximadamente 60.000 pessoas, que logo passaram também a peregrinar a Juazeiro a fim de rezar a Deus por meio do “Padim Ciço”. Fizeram, com isso, que aquela cidade se tornasse a “cidade santa” a receber, segundo dados do site oficial do Governo do Estado do Ceará (www.juazeiro.ce.gov.br) cerca de 2,5 milhões de pessoas por ano.

Tudo isso motivou a Diocese de Crato, por meio do então Bispo Diocesano, Sua Excelência Dom Fernando Panico, a pedir que a Santa Sé estudasse o caso do Padre Cícero. Eu me recordo do seu trabalho quando ainda estava na Comissão de Cultura da CNBB e de todas as suas lutas para chegar a esse momento. Foi nessa época que o Papa Francisco, por meio do Eminentíssimo Senhor Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé, enviou uma Carta na qual aponta o lado benemérito de todo o apostolado que se realiza em torno da figura do sacerdote a favor do Povo de Deus. É esse ato que a imprensa chamou de reabilitação do Padre Cícero com a Igreja, embora, como dito, ele nunca teria sido excomungado. Todos os bons historiadores garantem que ele morreu firme na fé católica. (Cf. Matos. Obra citada, p. 174). Os Bispos Diocesanos seguintes continuaram. D. Gilberto Pastana trabalhou conosco e promoveu um Seminário na PUC do Rio sobre o Pe. Cícero e realizou vários pedidos à Santa Sé.

Sempre foi do nosso desejo que a questão chegasse a bom termo, com a graça de Deus, pois Ele, dentro de seus santos e sábios desígnios, nunca deixa de atender ao seu povo sedento de santos pastores e dignos ministros, a fim de que estes possam, nas dificuldades do dia a dia, batalhar em demanda da Jerusalém celeste. Eis que agora sob o pastoreio de D. Magnus, atual bispo do Crato é anunciada a notícia traz alegria não só aos irmãos nordestinos, mas a todos os brasileiros que amamos nosso País e queremos ver o seu autêntico progresso, livre de todas as mazelas e corrupções nos vários âmbitos em que elas se encontrem.

No Rio de Janeiro a presença nordestina é grande e a influência do Padre Cicero se faz sentir com muita clareza, principalmente na “Feira de São Cristóvão” onde estive há uma semana levando a imagem de N. Sra. de Nazaré, e que concentra as tradições nordestinas (CTN) e sente-se o carinho do povo pelo seu “Padim Ciço”.

Sem dúvida que um belo sinal de trabalho evangelizador é a tradição nordestina do Padre Cícero, e a Igreja reconheceu essa missão. Agora inicia o grande processo de anos que, queira Deus, chegará ao êxito de uma futura canonização, na intenção da qual rezamos. Esse momento para a Igreja do Brasil é muito importante renovar a ligação com essas raízes neste tempo de grande necessidade de evangelização. As terras nordestinas com Pe. Ibiapina, Pe. Cícero, Frei Damião mostram os frutos da perseverança e de um povo forte como disse Euclides da Cunha em seu livro “Os Sertões”. Eis que um novo capítulo se abre, que seja para a maior glória de Deus.

Foto de Pe. Cícero Romão Batista | Vatican News
Imagens de Pe. Cícero e Nossa Senhora | Vatican News
Fiéis romeiros | Vatican News
Pe. Cícero Romão Batista | Vatican News
Pe. Cícero Romão Batista | Vatican News
Fiéis romeiros | Vatican News
Fiéis romeiros | Vatican News

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

O cérebro adolescente: 4 ideias para orientar um filho adolescente

Cérebro Adolescente | es.zenit

O cérebro adolescente: 4 ideias para orientar um filho adolescente.

Como nós, pais, podemos usar essas informações sobre o cérebro do adolescente? Quatro ideias para orientar sua interação com seu filho adolescente quando se trata de desenvolvimento cerebral.

20 DE AGOSTO DE 2022

(ZENIT News – Institute for Family Studies / Estados Unidos, 20.08.2022).- Hoje se sabe que o cérebro adolescente é neurologicamente imaturo. Essencialmente, todos reconhecem e aceitam que o cérebro adolescente está "em construção". Mas a ideia de que o cérebro adolescente está se desenvolvendo é um conceito relativamente novo. Somente nas últimas três décadas entendemos até que ponto o cérebro continua a se desenvolver após a infância.

como o cérebro se desenvolve

À medida que as técnicas de imagem cerebral avançavam, surgiram teorias sobre porque os adolescentes podem ser tão difíceis. Estudos mostram que é isso que acontece à medida que os cérebros de nossos filhos se desenvolvem (e isso é visto em todas as culturas):

– Durante a infância, vemos que a massa cinzenta (comumente chamada de células cerebrais ou neurônios) aumenta enormemente rapidamente. Isso faz com que o córtex se torne mais espesso e volumoso até o início da adolescência.

– Mas, à medida que a adolescência avança, o número de células cerebrais e conexões neurais diminui (e a espessura e o volume do córtex encolhem) a um ritmo vertiginoso, eventualmente se estabilizando quando nossos filhos atingem seus 20 e poucos anos.

– Enquanto ocorre essa redução da massa cinzenta (células cerebrais), o desenvolvimento da massa branca do cérebro (mielina) aumenta através de um processo conhecido como mielinização.

– Desde a infância, o cérebro tem mais neurônios e mais conexões entre esses neurônios do que precisa. Eles se desenvolvem porque o cérebro capta informações através da experiência e retém o máximo que pode. À medida que o cérebro amadurece, deve podar o excesso de neurônios e conexões para tornar os circuitos cerebrais mais eficientes.

Pense nisso como sua conexão de banda larga. Funciona muito bem até que todos usem o WiFi. Quando você tem cinco telefones, três laptops e duas TVs baixando conteúdo, não consegue acompanhar. Demasiadas ligações. Então, assim que você começa a desligar alguns desses dispositivos para manter o sinal onde você mais precisa, o cérebro começa a podar células e conexões para melhorar a conectividade e a eficiência.

À medida que os neurônios são podados, a mielina começa a se desenvolver. A mielina atua como isolante, tornando o processo de envio e recebimento de sinais mais eficiente. Essa mielina funciona da mesma maneira que a borracha ou o plástico que envolve um cabo elétrico. Ele direciona o sinal de A para B sem difundi-lo nos arredores. E acelere o sinal.

Porque és importante

Pense no que acontece quando a rede rodoviária em sua área está sendo atualizada e reformada. Geralmente envolve atrasos. É preciso ir devagar e contornar os congestionamentos com paciência e compreensão, sabendo que, com o tempo, as obras serão concluídas e o trânsito fluirá melhor do que nunca.

Neste momento, o cérebro do seu filho adolescente é como aquela rede rodoviária. E vai levar alguns anos de atualizações antes de chegar onde você quer. O importante é lembrar que podemos ajudar esses cérebros em desenvolvimento mantendo as coisas niveladas e equilibradas.

Existem duas áreas de comportamento que são particularmente problemáticas durante a adolescência: comportamento de risco e falta de preocupação com os outros. Vamos ver como essas áreas se relacionam com o desenvolvimento do cérebro e o que podemos fazer a respeito.

Neurônios | es.zenit

Correr riscos na adolescência

Muitas vezes ouvimos que a tomada de decisão na adolescência é comprometida pela diferença entre o desenvolvimento do sistema límbico (onde estão as emoções) e o desenvolvimento do córtex pré-frontal (onde ocorre o pensamento). É essa discrepância de desenvolvimento que explica as decisões inseguras, insalubres e imprudentes na adolescência.

No entanto, se você observar a idade em que nossos jovens experimentam o maior desalinhamento do desenvolvimento neural, é em torno de 13 a 15 anos. Este é o momento em que a lacuna entre o desenvolvimento do córtex pré-frontal e o desenvolvimento do sistema límbico é maior. Então, em teoria, devemos ver mais comportamentos de risco e de risco nos primeiros anos da adolescência do que em qualquer outra idade.

Em contraste, as crianças no início da adolescência não tendem a se envolver em comportamentos de risco na mesma proporção que as crianças no final da adolescência ou início dos 20 anos. Em grande parte, isso ocorre porque a assunção de riscos e a curiosidade combinam com a oportunidade no final da adolescência para criar comportamentos de risco. Afinal, jovens de 13 anos não podem dirigir de forma imprudente, abusar do álcool ou usar cigarros ou vape (pelo menos não legalmente) da mesma forma que um jovem de 18 anos.

Essa ligação entre oportunidade e comportamento de risco também é afetada pelo gênero. Os homens se envolvem em comportamentos mais arriscados, mas não há diferença significativa na propensão a correr riscos entre os gêneros. Ou seja, as meninas são tão propensas a ter o desejo de se envolver em comportamentos de risco, mas não o fazem como os meninos. Os meninos simplesmente têm mais oportunidades – e correm mais riscos – do que as meninas.

Além disso, algumas pesquisas sugerem que o comportamento desafiador do adolescente é o resultado de uma profecia auto-realizável. Estudos mostraram que os adolescentes que concordaram com declarações mais negativas sobre o desenvolvimento do cérebro adolescente exibiram um comportamento mais arriscado em comparação com os adolescentes que discordaram dessas declarações.

Parece que o comportamento de risco do adolescente tem menos a ver com o desenvolvimento do cérebro e mais a ver com uma combinação de curiosidade, influência dos pares, busca de status, oportunidade e uma profecia auto-realizável que leva nossos filhos pelo proverbial caminho do jardim quando é sobre seus comportamentos desafiadores.

empatia na adolescência

A empatia cognitiva, ou seja, a capacidade mental de assumir o ponto de vista dos outros, começa a aumentar constantemente em meninas a partir dos 13 anos, de acordo com um estudo de seis anos publicado na Developmental Psychology. Essa capacidade é processada no córtex pré-frontal, o órgão executivo do cérebro que é relativamente subdesenvolvido (ou seja, com muitos neurônios e pouca mielina) durante a adolescência. Curiosamente, não vemos ganhos semelhantes em empatia cognitiva em meninos até os 15 anos.

Não apenas os meninos adolescentes carecem de empatia cognitiva, mas a mesma pesquisa descobriu que entre as idades de 13 e 16 anos, a empatia afetiva dos meninos (que é a capacidade de reconhecer e responder aos sentimentos dos outros) diminui. Recupera-se no final da adolescência. Mas no caso das meninas, está sempre lá: estável e elevado.

O cérebro está envolvido no desenvolvimento da empatia. Mas as evidências sugerem que não há diferenças específicas de gênero nos padrões de atividade neural para empatia, apesar do fato de as mulheres pontuarem mais em quase todas as medidas de empatia. Isso nos diz que a empatia tem menos a ver com o desenvolvimento do cérebro e mais com o condicionamento social e as expectativas culturais.

Jovem pensando | es.zenit

Quatro ideias para pais

Há muitas pessoas que se esforçam para entender o cérebro. Embora seja fascinante aprender e descobrir como nosso cérebro funciona, esta é minha opinião: você não precisa de um doutorado em neurociência para ser um bom pai. Na verdade, ter uma visão incompleta ou excessivamente simplificada do desenvolvimento do cérebro pode até dificultar a paternidade. A pesquisa do cérebro pode informar a prática dos pais em geral, mas não nos diz o que fazer ou como fazê-lo no momento.

Tudo isso nos leva à pergunta final: como podemos, como pais, usar essas informações sobre o cérebro adolescente? Vou compartilhar quatro ideias para orientar sua interação com seu filho adolescente no que diz respeito ao desenvolvimento do cérebro.

1.     Lembre-se de que existem dimensões positivas e negativas para o comportamento de risco. É possível satisfazer a curiosidade e o desejo de excitação dos adolescentes com segurança. Assumir riscos de forma saudável é:

- Socialmente aceitável

– Uma parte necessária da adolescência

– Algo que permita que os adolescentes explorem e desenvolvam suas próprias identidades

– Algo que permita que os adolescentes pratiquem a tomada de suas próprias decisões

– Ao praticar a tomada de risco saudável, os adolescentes têm a oportunidade de desenvolver seu sistema de controle cognitivo, preenchendo a lacuna de desenvolvimento entre a busca de recompensas e a autorregulação. Isso significa que, quando uma decisão precisa ser tomada, devemos fazer uma pausa e convidá-los a explicar o que estão pensando e dar-lhes a oportunidade de escolher com sabedoria e segurança. E se um adolescente confessar que está fazendo algo inseguro, insalubre e imprudente, evite constrangimento. Uma discussão contínua na qual estamos curiosos, não zangados, pode fazer uma grande diferença.

2.                "Meninos serão meninos" não é desculpa para mau comportamento. Não se apresse em justificar as diferenças de gênero como sendo devido a diferenças cerebrais. Embora isso desempenhe um papel pequeno, também pode dar às crianças uma desculpa para um comportamento abaixo do ideal. Nossos caras podem fazer melhor.

3.     Em vez de se concentrar nos "déficits" do cérebro adolescente, concentre-se nos benefícios. Os adolescentes têm mais células cerebrais do que os adultos e são mais capazes de construir sinapses entre os neurônios, o que significa que são capazes de aprender com mais facilidade e rapidez. Deixe-os saber disso e direcione suas expectativas para o desenvolvimento e o crescimento, em vez de tolices e riscos.


Finalmente, aqui está um passo crucial que devemos sempre dar, independentemente do desenvolvimento do cérebro:

4.                Enfatize a conexão sobre a correção e a direção. Certifique-se de que eles se sintam vistos, ouvidos e valorizados. Seus adolescentes devem saber que você os ama. Diga-o regularmente. E lembre-os de que você os ama, não importa o quê.

Educar adolescentes pode ser difícil. Mas a boa notícia é que a grande maioria sobrevive à adolescência e se torna um adulto respeitoso e completo. E se enfatizarmos a conexão, podemos passar pela adolescência com nossos relacionamentos não apenas intactos, mas prósperos.

Dr. Justin Coulson é um autor best-seller, marido e pai de seis filhos. Seu último livro é Miss-Connection. A tradução do original em inglês publicado originalmente no Institute for Family Studies sob o título  Understanding the Teenage Brain  foi feita pelo diretor editorial de ZENIT.

Fonte: https://es.zenit.org/

Desafios para a Pastoral Juvenil

Dom Antônio | CNBB Norte 2

DESAFIOS PARA A PASTORAL JUVENIL

Dom Antonio de Assis Ribeiro
Bispo auxiliar de Belém (PA)

DESAFIOS PARA A PASTORAL JUVENIL:  o enfrentamento de ideologias (Parte 7) 

A pastoral juvenil abraça a missão de formar os jovens como autênticos discípulos missionários de Jesus Cristo. Todavia, eles não estão numa sociedade a parte, preservados das ideologias mundanas e dos múltiplos influxos culturais com seus insistentes apelos sedutores. O próprio Jesus em diálogo orante com o Pai pediu: “Não te peço para tirá-los do mundo, mas para guardá-los do Maligno. Eles não pertencem ao mundo, como eu não pertenço ao mundo. Consagra-os com a verdade: a verdade é a tua palavra” (Jo 17,15-17). Imersos nas realidades socioculturais, em meio às mais variadas pressões ideológicas, os jovens são chamados a viverem consagrados à Verdade. Neste artigo queremos refletir sobre o impacto das ideologias na vida dos jovens. Vejamos algumas delas: 

 O subjetivismo (voluntarismo): essa ideologia se sintetiza na frase: “Quem manda em mim sou eu!”. Ela é muito ouvida na família, na escola, na universidade, entre amigos. O subjetivismo prega a absolutização do sujeito; mas isso é, socialmente, uma fantasia. Seria o egoísmo absoluto, o império do Eu e da vontade pessoal (voluntarismo); tal atitude nega a sadia interação com os outros; promove a autoafirmação violenta, predatória, suprime a necessidade de autoridade; promove o “estrelismo”. O subjetivismo é mentiroso, pois nem sempre somos sujeitos; somos muitas vezes naturalmente vítimas. O ser humano é muito mais que sua vontade pessoal; sua vontade pode ser adulterada e manipulada porque não é absoluta. Ela só é autêntica quando faz a experiência do confronto com a vontade alheia. O subjetivismo elimina a institucionalidade. Há uma Vontade que a tudo transcende que precisa discernida. É importante recordar que não nascemos sendo sujeitos, mas objetos de cuidados dos outros. Não somos autossuficientes. Aos poucos vamos compreendendo a importância da relativização da nossa vontade pessoal. Jovens influenciados pelo subjetivismo tendem a assumir uma postura defensiva a tudo e tem dificuldades de relacionamento com a autoridade. 

 O individualismo: “Cada um por si e Deus por todos!” É a ideologia da fantasia da prepotência do indivíduo isolado. Trata-se da tendência do esquecimento da nossa dimensão social. A pessoa é vista de modo isolada, avulsa, destacada dos outros, sem vínculos. A pessoa apesar de ser um “ser in-divi-sível”, por ser “uno”, é também um uno aberto aos outros. O individualismo radical é contraditório, pois não vivemos sem os outros. Eles nos enriquecem. O indivíduo não vive isoladamente! Somos parte integrante de uma grande rede! Toda a nossa existência é marcada pela presença do outro: fomos gerados, crescemos, fomos cuidados, educados; sem interação não sobrevivemos. A individualidade é positiva, pois é reconhecimento da nossa originalidade pessoal; mas jamais sobrevivemos sem a interação com os outros. Ser indivíduo não significa ser isolado.  Jovens individualistas se fecham no seu mundo e se empobrecem na dimensão socioafetiva. 

 Consumismo: Para essa ideologia a pessoa “Vale quanto consome!”. É a ideologia que reduz a beleza e a complexidade das necessidades humanas ao hábito do consumo. O consumismo reduz a grandeza do ser humano à sua dimensão física. Mas temos muitas fomes e diversas sedes; não precisamos somente de comida, bebida, roupa e calçado. O consumismo é materialista, agride o meio ambiente, desperdiça, nega a necessidade da ecologia integral. O ser humano não vive para consumir, mas consome para viver!  A saúde está no equilíbrio! Tudo está em relação! A visão consumista da vida, inverte o dinamismo que nos leva à felicidade: voltar-nos para fora! O consumismo reduz a pessoa aos instintos possessivos. Jovens consumistas sentem-se vazios e sufocados em meio a tantas coisas e prazeres. 

 Hedonismo: Afirma que a vida é curtição e sem prazer ela não vale nada! O hedonismo traz o prazer como princípio supremo da felicidade, absolutiza o agradável, provoca a fuga do sacrifício, descarta a caridade, a doação, a renúncia. Pelo prazer tudo é válido; isso promove e justifica a prostituição, abusos sexuais, atalhos, assédios, o sucesso imediato, o comodismo, a pornografia, a ditadura do prazer, o sensacionalismo, a intolerância em relação a tudo aquilo que causa incômodo pessoal. O prazer é um componente da nossa vida; mas nada que perdura nesta vida se mantém sobre o prazer. Sem sacrifício não há vida, não há amor, crescimento. Amor e sacrifício são inseparáveis! A salvação está intimamente relacionada à experiência do sacrifício. Jovens hedonistas trazem consigo uma grande dificuldade de compreender a verdadeira natureza do amor cristão.  

 O utilitarismo: “Quem não vive para servir, não serve para viver”. Essa parece ser uma frase inofensiva e estimulante, mas na verdade, é terrível. É profundamente utilitarista. Só merece viver quem é útil. A ideologia utilitarista afirma que só vale aquilo que é útil, não se importa com o seu sentido e significado; tudo é visto como puro meio inclusive a pessoa do outro; quem não produz não merece viver; quem não é útil é peso, gera prejuízo, é estorvo; por isso o utilitarismo propõe o descarte, a eutanásia, a pena de morte, o aborto… A pessoa humana tem valor em si mesma. Jamais deve servir como meio. A pessoa humana não vale pelo que ela faz, produz e serviço, mas pelo seu significado natural; o sentido da vida são está no produzir, mas no ser, no relacionar-se, na experiência do amor. 

 Tecnicismo: o tecnicismo vicia a subjetividade humana e a reduz ao uso de meios técnicos; o homem assim se torna escravo da técnica, da ciência, dos meios, da máquina. O tecnicismo prioriza a relação homem x máquina gerando a redução da qualidade das relações humanas; o homem chega a ser escravo dos meios; caindo na frieza das relações humanas, tornando-se mecanicista, frio, robótico, rígido, perdendo sua afetividade, sociabilidade e ternura; o tecnicismo quer tudo comprovar e o que não é comprovado não merece crédito. A tecnologia é um bem, é produto da conquista da inteligência, o ser humano não deve depender e ser subjugado pelo domínio da tecnologia. É preciso educar os jovens para dar prioridade às relações humanas. A dependência tecnológica é uma séria realidade atualmente, sobretudo, para os jovens.

 O relativismo moral: “Você decide!”. Para o relativismo moral as ações humanas não têm peso moral objetivo, mas tudo é conferido pelo indivíduo. Esse modo de pensar esvazia a objetividade do sentido das relações e dos gestos humanos. Invalida o direito e os códigos morais e gera a fuga da responsabilidade individual, apelando sempre para a mania da busca de uma justificativa para todas as atitudes, inclusive para a criminalidade. O relativismo moral promove a desobediência, a fragmentação doutrinal, a negação da objetividade dos limites do comportamento humano. Cada um faz a sua fronteira, por isso nega o direito, a lei, os códigos de procedimentos; cada um “faz a sua verdade”; é uma atitude consequente do subjetivismo. O relativismo moral é falso e destrói radicalmente a objetividade dos valores, das exigências morais e éticas. As leis naturais negam radicalmente o relativismo moral.

 Niilismo: “A morte resolve tudo!” Afirma que a razão humana é fraca para assimilar a Verdade e o Bem, por isso justifica o pessimismo, a apatia, a indiferença, a falta de compromisso, o cansaço, o desânimo, a fuga, o vazio existencial, a falta de motivação, a tristeza, o deboche da vida, o sofrimento, o derrotismo, a hipocondria, a automutilação, o suicídio. A mentalidade niilista promove o aniquilamento, o falimento, a negação da natureza da Vida humana dotada de grandes recursos como a inteligência, vontade, liberdade, espiritualidade… Mas Viver é querer, desejar, buscar, reagir, projetar-se, lutar…

 Presentismo (imediatismo): “Não deixar pra amanhã o que se pode fazer agora”; o imediatismo, pressiona os jovens para a pressa, levando-os a investir pouca preocupação em relação ao futuro. Com isso os jovens revelam ter dificuldade quanto à espera e a paciência em relação a processos. A mentalidade presentista é míope em relação ao passado e despreocupada quanto ao futuro. Para essa ideologia a felicidade é feita de fragmentos do tempo presente. O imediatismo é o vício que nos leva a negar a necessidade de etapas, processo; na vida somos convocados a nos educar, a saber esperar! O presentismo é grave porque: elimina a visão de liberdade voltada para o futuro, como projeto; suprime a percepção da história; descarta a exigência da vida como processo; rejeita a necessidade de etapas e da virtude da paciência; nega a necessidade do discernimento; não se importa com as consequências dos atos, das escolhas, das palavras, das atitudes…

Enfim, as ideologias são frágeis pois negam a visão da totalidade de uma realidade; absolutizam um aspecto da realidade, são posturas extremistas, desequilibradas, integristas; em geral tendem a reduzir a o ser humano a uma só dimensão, negando outras dimensões e exigências. As ideologias são reducionistas.  

PARA REFLEXÃO PESSOAL: 

Por que as ideologias em geral são sedutoras? 

Qual dessas ideologias mais lhe chamou a atenção? 

Onde está a grande fragilidade das ideologias? 

Os poderosos conselhos de 3 monges para vencer a melancolia

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Por Marzena Devoud

Não tem vontade de fazer nada? Fadiga misturada com profunda tristeza? Talvez seja a "acídia", um transtorno espiritual que pode afetar todo cristão. Aqui estão conselhos de três grandes monges que viveram e superaram esse mal.

A acídia, um estranho estado de espírito, uma espécie de tristeza e melancolia atingiu os primeiros monges cristãos, aqueles que escolheram refugiar-se no deserto para viver mais intensamente, na solidão ou em pequenas comunidades, o seu ideal de perfeição espiritual. 

Esses homens às vezes eram tocados por um desconforto que os deixava ao mesmo tempo preocupados, insatisfeitos, tristes e cansados. O mal chamado pela Igreja de acídia é, portanto, aquilo que hoje conhecemos como ansiedade e depressão. 

Este mal poderia, então, assumir diferentes formas: irritação com os irmãos e a vida monástica, falta de concentração na leitura e na oração, grande fadiga, fome e sono repentinos, desejo de novidades, desejo incontrolável de estar em outro lugar. O “demônio da acídia, também chamado de demônio do meio-dia , é o mais pesado de todos os demônios”, avisa Evagrio Pôntico, um monge do século IV que vivia no deserto egípcio. Ele explicou: 

“Ele ataca o monge por volta da quarta hora e o rodeia até por volta da oitava. Começa dando-lhe a impressão de que o sol está muito lento em seu curso, ou mesmo imóvel, e que o dia é de cinquenta horas. Em seguida, ele o exorta a olhar sem parar pela janela, o joga para fora de sua cela para examinar o sol e ver se a hora oitava se aproxima, finalmente o exorta a lançar os olhos por todos os lados, esperando a visita de um irmão. Ele o faz odiar seu lugar, seu modo de vida, o trabalho das mãos; ele sugere a ele que não há mais amor entre os irmãos, que ele não pode contar com nenhum … ” 

De fato, a acídia é uma espécie de torpor que paralisa a fé e deve ser combatido. Sim, mas como? Algumas ideias vêm destes três grandes monges que lutaram contra a acídia:

1SANTO ANTÔNIO, O GRANDE

Ascético e embriagado de Deus, como muitos anacoretas nos primeiros séculos do cristianismo, Santo Antônio, o Grande retirou-se no deserto para encontrar no silêncio e na solidão as condições ideais de união com Deus. Assim como Cristo, foi no deserto que testou sua fé. Apesar da sensação de esgotamento psíquico, até mesmo de loucura que o acometeu, decidiu resistir às visões impostas por Satanás: “Vi todas as redes do demônio instaladas na terra”.

Este último se esforça para distraí-lo de suas orações, instando-o a renunciar em espírito ao jejum a que se vincula e, em um sonho, chafurdar na gula … Ele, então, entende que o ascetismo nunca deve ser considerado como um fim em em si. A salvação vem de Deus. Como ele explica, dando este conselho valioso: 

“Guarda o que te mando: aonde quer que você vá, tenha sempre Deus diante de seus olhos; faça o que fizer, tenha o testemunho das Sagradas Escrituras; e onde quer que você esteja, não se mova facilmente. Guarde essas três coisas e você será salvo ”.

2SÃO PEDRO DAMIÃO

O monge eremita Pedro Damião dedicou-se desde muito jovem à oração, ao ascetismo e ao estudo das Sagradas Escrituras, tanto à contemplação como à pregação. 

Em suas numerosas obras que o tornaram doutor da Igreja, São Pedro Damião insiste em certas manifestações do mal. Surpreendido pela sonolência durante a leitura, descreve este “inevitável peso das pálpebras a que nem mesmo um santo de grande temperamento resiste”. Para ele, o remédio encontra-se na caridade que leva à verdadeira alegria:

“Que a esperança os conduza à alegria! Que a caridade desperte seu entusiasmo! e que nesta embriaguez a tua alma se esqueça que está a sofrer, para florescer caminhando para o que contempla dentro de si ”. 

3SÃO ROMUALDO

São Romualdo de Ravenna admitiu sofrer de acídia. O mal se manifestou nele particularmente durante o aprendizado mecânico dos Salmos . Diante da rebelião do corpo contra os constrangimentos da vida monástica a que estava submetido, ele repetiu que não era necessário ceder, mas, ao contrário, aumentar vigílias, orações e jejuns. 

Para ele, o monge trabalhador deve lembrar que não há outro descanso além do descanso eterno. Visto que as horas da manhã são aquelas em que a acídia ocorre com mais frequência, eles devem então estar ocupados com a oração.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Apelo do Papa pela Nicarágua: que o diálogo seja a base de uma convivência pacífica

Nicaraguense na Praça São Pedro durante o Angelus, segura a bandeira de
seu país  (AFP or licensors)

O Papa acompanha "de perto com preocupação e tristeza a situação que se criou na Nicarágua, que envolve pessoas e instituições".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Após a oração mariana do Angelus deste domingo (21/08), o Papa Francisco fez o seguinte apelo:

Acompanho de perto com preocupação e tristeza a situação que se criou na Nicarágua, que envolve pessoas e instituições. Gostaria de expressar minha convicção e minha esperança de que, por meio de um diálogo aberto e sincero, se possam encontrar as bases para uma convivência respeitosa e pacífica. Peçamos ao Senhor, por intercessão da Puríssima, para que inspire esta vontade concreta no coração de todos.

A seguir, Francisco saudou os romanos e peregrinos de várias partes da Itália e demais países, famílias, grupos paroquiais e associações. Em particular, saudou a comunidade do Pontifício Colégio Norte-Americano, especialmente os novos seminaristas recém-chegados, e os exortou "ao compromisso espiritual e à fidelidade ao Evangelho e à Igreja". Saudou as consagradas da Ordo virginum e as encorajou "a testemunhar alegremente o amor de Cristo". Saudou também os jovens do Caminho da Via Lucis que, seguindo o exemplo dos Santos da "porta ao lado", encontram os pobres que vivem nas estações ferroviárias.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

domingo, 21 de agosto de 2022

São Pio X, papa

S. Pio X, papa | ACI Digital
21 de agosto

São Pio X

Origens

Santo Pio X foi batizado com o nome de José Melquior Sarto. Nasceu numa família pobre, humilde e cheia de filhos. Mas, também, era uma família rica de fé em Nosso senhor Jesus Cristo. Seu local de nascimento e infância foi um vilarejo na região de Riese, pertencente à diocese de Treviso, que fica ao norte da Itália. Sua data de nascimento foi 2 de junho de 1835. Desde pequeno, José mostrou uma ter inteligência brilhante. Por isso, seus pais decidiram fazer um enorme esforço para que o menino conseguisse estudar. Assim, dia após dia, por quatro anos, José caminhou descalço por vários quilômetros para ir e vir da escola. Sua alimentação nesse tempo se resumia a um pedaço de pão que levava para o almoço. E desde esse tempo de criança, o brilhante José já dizia que queria ser padre.

Órfão de pai

Quando se preparava para ingressar no seminário, seu pai veio a falecer. José, então, quis deixar os estudos para ajudar em casa. Sua mãe, porém, não permitiu. Ela se chamava Margarida e era uma camponesa cheia de coragem e fé. Assim, José permaneceu no seminário com o coração dividido por causa e sua família. Mas sua mãe sempre o encorajou a permanecer firme. No seminário, José também destacou-se nos estudos demonstrando, mais uma vez, sua inteligência brilhante.

Ordenação e ascenção

José Melquior Sarto, o futuro Papa Pio X foi ordenado padre aos vinte e três anos. Por causa de sua inteligência, vida de oração, humildade e carisma, ele viveu uma ascensão rápida na Igreja. No começo da vida de padre, foi vice-vigário em um vilarejo. Em seguida, o bispo designou-o vigário de uma grande paróquia. Por causa de seu trabalho pastoral marcante, foi nomeado cônego da catedral de Treviso. Depois, foi sagrado bispo da diocese italiana de Mântua. Em seguida, o Papa deu a ele o título de cardeal de Veneza. E, depois do falecimento do Papa Leão XIII, no conclave de 1903, Dom José Melquior Sarto foi eleito papa. Ele aceitou a missão e escolheu o nome de Pio X.

O começo da missão papal

Dom José Sarto assumiu o nome de Papa Pio X, mas continuou a ser quem era, vivendo a modéstia, a simplicidade e a pobreza. O lema de seu pontificado surpreendeu o mundo: "Restaurar as coisas em Cristo". Este lema foi bastante sentido através de uma vigilante atenção dada à vida interior da Igreja. Além disso, Pio X promoveu renovações na Igreja, como criar bibliotecas e reformar os seminários. Renovou também a música sacra, pela qual nutria grande amor. Outra reforma importante do Papa Pio X foi a do breviário, o livro de orações que os clérigos utilizam para rezar o ano inteiro.

Reformas para os leigos

Grande devoto da Eucaristia, São Pio X permitiu que os fiéis tivessem a grande graça de poderem receber a comunhão diariamente. Ele também autorizou que as crianças acima de sete anos pudessem receber a primeira comunhão. Sob seu governo, o ensino do catecismo passou a ser ministrado em todas as paróquias, para fiéis de todas as idades, pois ele percebia que os católicos precisavam conhecer melhor a fé que professam. Essas reformas trouxeram importantes mudanças para a Igreja.

Previsão da Primeira Guerra Mundial

Teólogo brilhante, São Pio X foi também pastor muito dedicado. Com satisfação ele fazia questão de se definir como "um simples pároco do campo". Ele anteviu a Primeira Guerra Mundial e isso lhe causou muito sofrimento. Sofreu pelas perdas que a humanidade sofreria e pela impotência de, mesmo como Papa, não poder fazer nada para evita-la.

Dom da cura

São Pio X tinha o dom da cura. Quando ele ainda estava vivo, várias curas extraordinárias aconteceram a doentes que tiveram contato com ele. Homem simples e acessível, ele explicava essas curas afirmando que elas emanavam "do poder das chaves de São Pedro". Poder este que vem de Nosso senhor Jesus Cristo. São Pio X faleceu quando tinha setenta e nove anos, em 20 de agosto de 1914 e passou a ser aclamado como santo pelos fiéis. Em 1954 foi celebrada sua canonização.

Oração a São Pio X

Ó Deus, que destes a São Pio X a graça de governar vossa Igreja com sabedoria, amor e verdade, dai também a nós, por sua intercessão, a graça de sabermos governar nossas vidas, nossas famílias, nossos empreendimentos, para que o vosso nome seja sempre mais glorificado. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, vosso Filho, na unidade do Espírito Santo, amém. São Pio X, rogai por nós.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF