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terça-feira, 23 de agosto de 2022

Meditações sobre a Ressurreição (Parte III)

Ressuscitou | Kerigma Católico News

3. MEDO E ESPERANÇA 

O medo dos Apóstolos, depois da Paixão

Os Evangelhos de São Lucas e São João mostram ao vivo, com detalhes cheios de sugestão, o estado de ânimo dos Apóstolos, ao anoitecer do dia da Páscoa, quando eram cada vez mais intensos – e confusos – os rumores dos que diziam que tinham visto Jesus vivo (Cf. Lc 24,36-49 e Jo 20,19-23).

Jesus ressuscitado acabava de estar com os discípulos de Emaús. Estes, quando Jesus os deixou, voltaram correndo, afogueados,  a Jerusalém – ao Cenáculo –  para contar a todos a grande notícia: como o tinham encontrado no caminho e como o haviam reconhecido ao partir o pão (Cf. Lc 24,35).

Os Apóstolos (todos, menos Judas, já morto, e Tomé, que andava ausente), e mais alguns discípulos – mulheres e homens -, acolheram-nos agitados, alegres e, paradoxalmente, ainda perplexos. Já eram vários os que falavam de que Cristo vivia – Ressuscitou, diziam, e apareceu a Simão! -; já se lhes ia acendendo no coração, como uma chama vacilante, a esperança, mas o sentimento dominante da maioria ainda era o medo. E é sobre este medo que agora vamos meditar. Pode dar-nos luzes boas, a nós que também conhecemos esta chama vacilante  que oscila entre o medo e a esperança.

O que nos conta o Evangelho? São João, falando desse fim de tarde do Domingo da Páscoa, começa por dizer que, ao anoitecer do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus (Jo 20,19). Esta é a primeira coisa que comenta, para nos situar no ambiente: estavam trancados no Cenáculo, naquele quarto de cima (Cf. Lc 22,12) onde Jesus instituíra a Eucaristia, porque tinham medo: temiam, e com razão, que os mesmos que tinham acabado com Jesus quisessem acabar com eles, seus discípulos. Quem não teria medo de sofrer a mesma sorte do Mestre, odiado, perseguido e crucificado?

A verdade é que todos nós, nas mesmas circunstâncias,  sentiríamos a mesma coisa. Mas, por mais que compreendamos e desculpemos os discípulos, não devemos esquecer que esse medo surgiu e cresceu sobre um vácuo de esperança, uma falha que poderia não ter existido, e que, por isso, desagradou a Nosso Senhor. Se não fosse assim, Jesus teria sido injusto ao recriminar, primeiro aos de Emaús e depois a todos eles, o fato de terem sido obtusos e lentos em crer no que Ele próprio lhes dissera pelo menos três vezes, bem claramente: que era necessário que o Filho do Homem padecesse muitas coisas (Mc 8,31), que era necessário que fosse  levado à morte e que ressuscitasse ao terceiro dia (Lc 9,22).

Por que estais perturbados?

São Lucas, por sua vez, diz que, enquanto os de Emaús ainda falavam com os demais no Cenáculo – estando as portas bem trancadas -, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!”. Perturbados e atemorizados [o medo continuava], pensaram estar vendo um espírito [tão longe estavam de ter certeza da Ressurreição]. Mas Ele  disse-lhes: “Por que estais perturbados e por que surgem tais dúvidas nos vossos corações?” (Lc 24,36-38).

Como é humano o Evangelho! Como num filme realista, mostra-nos os pobres Apóstolos aturdidos pela surpresa inaudita de verem  Jesus no meio deles. Era algo tão fantástico, que lhes parecia impossível, e tremiam de medo de que não fosse verdade, de que seus sonhos tornassem a cair outra vez no chão, despedaçados, como lhes acontecera nas horas trágicas da Paixão.

Por isso, Jesus, cheio de carinho e de compaixão por aquelas crianças-grandes, meio perdidas, deu-lhes provas capazes de “arrasar” quaisquer dúvidas, para que vissem que tudo era verdade e abrissem as portas da alma, para que nela entrasse a alegria. ”Por que surgem – disse-lhes – tais dúvidas nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo. Apalpai e vede, que um espírito não tem carne nem ossos, como verificais que Eu tenho”. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés (Lc 24,38-40).

E eles, vendo-o, tiveram uma reação tão humana! Como a da mãe, que recupera o filho que julgava perdido, e, de tão feliz, nem consegue acreditar que aquilo seja verdade; custa-lhe crer que possa haver neste mundo uma alegria tão grande! Diz o Evangelho: E, como, na sua alegria, não queriam acreditar, de tão  assombrados que estavam, Ele perguntou-lhes: “Tendes aí alguma coisa que se coma?” Então, ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado; e, tomando-o, comeu diante deles (Lc 24,41-43).

É maravilhosa esta cena. Ver Cristo glorioso comendo um pedaço de peixe assado na frente de todos! Como olharia para eles, enquanto comia! Como eles o olhariam embasbacados, vendo-o comer! Não falta nesta cena aquela ponta de alegria bem-humorada que caracteriza Jesus após a Ressurreição. Como Jesus é humano! E como é divino, na grandeza do seu Amor!

O medo bom e o medo mau

Vale a pena aprofundarmos um pouco no que esta cena da Ressurreição nos sugere a respeito do medo e da esperança. Quem conhece o Evangelho, sabe que Jesus falou várias vezes aos Apóstolos sobre o medo. Poderíamos lembrar várias passagens.

Talvez  a mais interessante, porém, seja aquela em que Jesus deu aos Apóstolos uma bela lição, para que aprendessem a “temer” direito, a temer “bem”, coisa que não é nada fácil. Porque se pode ter um medo bom ou um medo mau, um medo certo ou um medo errado. Essa lição, deu-a Jesus numa ocasião em que estava falando da Providência de Deus nosso Pai. Explicou-lhes, então, com carinho:  Digo-vos a vós, meus amigos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disso nada mais podem fazer. Eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem o poder de lançar no inferno; sim, eu vo-lo digo: temei a este (Lc 12,4-5).

A seguir, tranquilizou-os, dando-lhes a certeza de que podiam esperar tudo da bondade de Deus, de tal modo que a esperança vencesse sempre o temor: Não se vendem cinco pardais por dois vinténs? E, entretanto, nem um só deles passa despercebido diante de Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temaispois. Vós  valeis mais do que muitos pássaros (Lc 2,6-7).

É importante não perder de vista os “dois medos” de que Jesus fala: o que um filho de Deus não deve ter e o que todos devemos ter.

Há uma coisa comum a todos os medos: o receio de perder algo que amamos. Santo Tomás de Aquino, com muita acuidade, diz que “todo o temor nasce do amor”. E Santo Agostinho, mais poético, diz que o medo é “o amor em fuga” (o amor que quer fugir daquilo que lhe pode roubar o seu bem, ou seja, aquilo que ama). Assim, quem ama o dinheiro e acha que é o maior bem da sua vida, tem pavor de perder o dinheiro. Quem ama muito a esposa ou o marido e os filhos – seu maior bem na terra -, treme de medo de perdê-los. E quem ama a Deus sobre todas as coisas teme mais do que tudo perdê-lo eternamente ( este é o santo temor de Deus).

Quer dizer que os nossos medos são como que a sombra dos nossos amores. Se eu descubro o que é que mais temo perder, perceberei o que  mais amo na vida. Isto faz lembrar aquele delicioso braço-de-ferro que se deu entre São Luís, rei da França, e o chefe do seu exército, Joinville, senescal da Champagne, contado por este último na sua crônica biográfica sobre o santo rei.

São Luís disse certa vez a Joinville que preferia cem vezes mais ficar leproso a cometer um só pecado mortal. Joinville, muito franco e desbocado, retrucou dizendo que preferia cometer cem pecados mortais antes que ficar leproso. E São Luís ficou tão aflito que naquela noite não dormiu e, no dia seguinte, chamou Joinville e, muito mansamente, lhe fez ver que a lepra acaba quando morre o corpo, mas que o pecado mortal pode acompanhar a alma no inferno por toda a eternidade.

É exatamente neste sentido que Jesus nos diz que não temamos o que nos pode fazer perder os bens efêmeros, e, pelo contrário, temamos o que nos pode fazer perder os bens eternos.

Os bens efêmeros e os bens eternos

Normalmente, nós fazemos o contrário do que Jesus nos ensina. Horroriza-nos perder a saúde corporal, mas não nos horroriza perder a saúde espiritual   (o pecado mortal, que tanto preocupava São Luís da França). Os pais, com frequência, fazem como Joinville; pensam que, para o filho, é cem vezes pior o risco de não entrar na faculdade do que o risco de não entrar no Céu. Por isso, acham importantíssimo que estudem horas e horas – o que está certo –, mas não ligam se os filhos não dedicam a Deus sequer a hora semanal da Missa, e não se confessam nem uma vez por ano, e não levam nem um pouquinho a sério o sexto e o nono mandamento da Lei de Deus.

E, no entanto, os bens efêmeros sempre nos deixam o coração angustiado, porque, mesmo quando parecem mais seguros, inquieta-nos o medo de perdê-los, uma vez que todos eles são bens que mudam ou podem mudar (por exemplo, a fortuna ou a amizade), que morrem ou podem morrer (amigos, parentes, nós mesmos), que enganam ou podem enganar (qualquer ser humano, pecador como nós, pode iludir-nos), que frustram ou podem frustrar (como muito sonhos conquistados que depois nos decepcionam)… Por isso, é loucura pôr neles todas as esperanças da vida!

Todos sabemos – apesar de que preferimos não pensar – que a doença, o desemprego, a falência, a perseguição, a morte, toda sorte de “contrariedades” e “desgraças” podem roubar-nos esses bens. Mas esquecemos que ninguém –a não ser nós mesmos – pode roubar-nos  os bens eternos, se nos esforçamos por viver no amor de Deus. Quem nos separará do amor de Cristo? – dizia São Paulo, num santo desafio. – A tribulação? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? […] Mas, em todas essas coisas somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou. E conclui dizendo que não existe poder nem força nos céus, na terra e nos abismos que nos possa separar do amor de Deus em Cristo Jesus Senhor nosso (Cf. Rom 8,35-39). Só o nosso pecado!

É um grande cântico à esperança esse de São Paulo! Foi desse teor o que entoaram os mártires, espoliados e desenganados de tudo na terra, mas que caminhavam para a morte cantando, com a esperança de receberem o abraço eterno de Deus.

Entendemos o que são os “bens eternos”?

Vamos pensar um pouco mais, e descobriremos um panorama ainda mais belo. Comecemos perguntando-nos: quais são os bens eternos?

Numa primeira resposta, imediata, diríamos: a Vida eterna, o Céu, que é a visão e a posse amorosa de Deus – supremo Bem e soma de todos os bens – para sempre. E talvez acrescentássemos que também são bens eternos as coisas que nos santificam e nos encaminham para o Céu, como a oração, as Confissões e Comunhões bem feitas, os sacrifícios e penitências oferecidos a Deus com sinceridade e devoção.

Tudo isso é verdade, mas, se ficássemos só nisso, não acabaríamos de entender o que Cristo nos ensinou. Neste sentido, são muito esclarecedoras as seguintes palavras de Jesus: Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça corroem, onde os ladrões furam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e os ladrões não furam nem roubam (Mt 6,19-20).

Cristo fala-nos de ir juntando, ao longo da vida, muitos tesouros no céu, que jamais nos serão roubados, que não serão efêmeros, mas eternos. E, quais são esses tesouros? Todos os nossos pensamentos, palavras, ações, iniciativas, empreendimentos, trabalhos, divertimentos, conversas, alegrias, etc, etc, que – praticados por nós com a alma em estado de graça – estiverem de acordo com a vontade de Deus, e forem marcados pela retidão e, sobretudo, pelo amor a Deus e ao próximo.

É muito esclarecedor o que Jesus diz sobre o grande valor que pode ter um simples copo d’água: Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo, não perderá a sua recompensa (Mt 10,42). Quer dizer que tudo o que  for bom e reto, tudo o que não for egoísta, por pequeno que seja, se é vivido com amor (a Deus e aos nossos irmãos) passa a ser um bem eterno, que a morte não poderá levar. Jesus frisa especialmente as boas obras, as obras de misericórdia feitas em favor dos necessitados: Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber […] Todas as vezes que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes. É bonito perceber que, vivendo assim, agindo retamente, com coração grande, tornamos eterno pelo amor tudo o que fazemos!

De fato, se vivêssemos deste modo, que medo poderíamos ter? É inevitável, certamente, o medo psicológico instintivo (pura reação emocional), que nos acomete diante de um perigo, um assalto, uma doença grave, uma incerteza… Mas o cristão pode superar esse temor graças à virtude da esperança, coisa que o descrente não pode fazer. Pode superar isso, porque a esperança cristã (virtude teologal) nos garante, com absoluta certeza, duas coisas:

Primeira, que Deus é tão bom que faz concorrer tudo para o bem daqueles que o amam (Rom 8,28)absolutamente tudo.

Segunda, que, se lhe formos fiéis, o sorriso de Cristo estará aguardando-nos, por assim dizer, junto da porta escancarada da casa do Pai, para nos oferecer uma felicidade indestrutível, eterna, um Amor sem fundo e sem fim. Eu vou preparar-vos um lugar… Quero que onde estou, estejais vós comigo… Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo ( Cf. Jo 14,2-4; Jo 17,24; Mat 25,34).

Aconteça o que acontecer, pois, se tivermos fé, esperança e amor (ou seja, se formos cristãos), perceberemos que Jesus está sempre ao nosso lado e sempre nos diz: A paz esteja convosco; sou Eu, não tenhais medo (Cf. Lc 24,36.38-39).

É lógico, portanto, que, ao meditarmos sobre o mistério da Páscoa, demos graças a Jesus porque, com a sua Ressurreição, conquistou para nós a vitória sobre o medo, porque substituiu o nosso medo pela grande esperança, essa belíssima virtude, que é o perfume e o incentivo da alma dos que ainda  caminhamos na terra rumo à Casa do Pai.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Nova tradução do Missal Romano

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NOVA TRADUÇÃO DO MISSAL ROMANO ASSEGURA FIDELIDADE À TRADIÇÃO DA IGREJA.

O arcebispo emérito de Mariana (MG), dom Geraldo Lyrio Rocha fala sobre o processo de tradução e revisão da terceira edição do Missal Romano para o português. Trabalho, coordenado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que reuniu um grupo de religiosos e peritos, e levou 13 anos para ser concluído.

A forma em que se celebra a Santa Missa segue a liturgia do “Ordo Missae” – O Rito Romano publicado pelo Papa Pio V, em 1570, que foi reformado e publicado três anos após o término do Concílio Vaticano II, em 3 de abril de 1969, pelo Papa Paulo VI, quando o Pontífice promulgou a Constituição Apostólica Missale Romanum que entrou em vigor em 30 de novembro daquele ano, início do novo Ano Litúrgico.

Com esta publicação, o Papa Paulo VI trouxe a renovação, conservando a tradição, destacou o padre Gerson Schmidt, missionário itinerante do Caminho Neocatecumenal e colaborador do programa Brasileiro da Rádio Vaticano – Memória Histórica – Concílio Vaticano II, em entrevista ao programa em 12 junho 2019.

De acordo com resgate histórico feito pelo monsenhor Klaus Gamber, a Reforma da Liturgia Romana, publicada em 1996, a primeira edição impressa de um livro com o título de Missale Romanum, foi impressa em Milão, em 1874. Desde a primeira edição oficial do Missal Romano, publicada em 1969 pela Santa Sé, se passou quase um século.

A tradução brasileira da Terceira Edição do Missal Romano levou 13 anos de trabalho da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), que recebeu a primeira versão impressa da tradução brasileira.

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O documento já foi analisado pelos integrantes da comissão, peritos e usado pelos sacerdotes que fazem parte do processo na CNBB. Além dos bispos da comissão, o material também foi revisado pelos assessores que trabalharam durante o período da tradução, além de especialistas em áreas específicas como Doutrina da Fé indicados pelos bispos.

Após um caminho longo, o documento seguiu para uma revisão final com especialistas, e aprovação na 58ª Assembleia Geral da CNBB, em abril, em Aparecida (SP). Em seguida, o texto seguirá para a Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos do Vaticano que vai analisar o material e autorizar a publicação. Somente aí que o novo missal estará disponível para as comunidades brasileiras.

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Sobre todo esse processo de tradução e revisão da terceira edição do Missal Romano, que levou 13 anos na CNBB, a Revista Bote Fé conversou com o arcebispo emérito de Mariana (m, dom Geraldo Lyrio Rocha, que foi membro da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel), por oito anos. Acompanhe a entrevista na íntegra.

De onde vem a terceira edição do Missal Romano?

A terceira edição típica do novo Missal foi promulgada em 2002, pelo Papa São João Paulo II. Além de alguns novos “formulários”, foram introduzidas várias alterações na Instrução Geral que foi imediatamente traduzida pela CNBB e submetida à Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, de acordo com o que determinava a legislação em vigor. Entretanto, a 20 de março de 2001, a referida Congregação havia publicado a “Instrução para a reta Aplicação da Constituição sobre a Sagrada Liturgia do Concílio Vaticano II”, intitulada Liturgiam authenticam. Essa Instrução, aprovada pelo Papa São João Paulo II, estabelece os princípios que devem orientar as traduções dos textos da Liturgia romana nas várias línguas.

Como a CNBB se organizou para fazer o trabalho de tradução?

Seguindo as determinações da referida instrução, a presidência da CNBB nomeou uma comissão de peritos para fazer a revisão do Missal Romano, a fim de aproximar ao máximo a nossa tradução aos textos em Latim. A seguir, o trabalho dos peritos foi submetido à apreciação da Comissão Episcopal para os Textos Litúrgicos (Cetel). À medida que o trabalho ia se concluindo, os textos eram submetidos à aprovação da Assembleia Geral da CNBB que é composta por todos os Bispos do Brasil (hoje em 317) que se encontram no pleno exercício do ministério episcopal. Para tal aprovação, é exigido o quórum qualificado, isto é, faz-se necessário o voto favorável de pelo menos dois terços dos que têm direito a voto.

Quais foram os marcos desses treze anos de trabalho?

“Foi fielmente realizada a revisão da tradução. Não se trata, portanto de um novo Missal Romano e sim de uma revisão a fim de ajustar bem a tradução ao texto latino”.

Essa nova tradução vai ajudar a celebrar melhor a Eucaristia? Os textos estão mais próximos da linguagem popular?

“A linguagem para uma tradução litúrgica deve ser de fácil compreensão para as pessoas comuns e, ao mesmo tempo, expressar a dignidade do culto divino”.

Além disso, o texto deve levar em conta o ritmo próprio da proclamação e ser apto para o canto. Acima de tudo, a linguagem desses textos deve estar de acordo com a Palavra de Deus revelada e os ensinamentos da Igreja.

Quais as dificuldades encontradas na tradução para a linguagem brasileira?

Dada a extensão territorial e a variedade cultural do Brasil, é sempre um desafio encontrar uma linguagem que expresse essa grande riqueza, sem prejuízo para seu conteúdo de acordo com as formulações da fé católica.

Essa nova tradução do Missal Romano recebeu críticas de conservadores de que o material seria usado como viés ideológico na Igreja. O que o senhor tem a dizer sobre isso?

Quem faz tal afirmação vaga e genérica demonstra que não conhece o texto. Isso é um prejulgamento fundado apenas em preconceitos. A resposta a essa crítica será dada pelo próprio Missal Romano, assim que for publicado, revisto à luz da Instrução Liturgiam Authenticam.

Qual a estratégia para que o novo Missal Romano chegue às comunidades?

Assim como as duas primeiras edições foram bem recebidas por toda a Igreja no Brasil, certamente acontecerá o mesmo com a terceira edição, pois não há nenhuma ruptura entre as várias edições do Missal Romano.

“A meu ver, não há necessidade de se pensar em nenhuma estratégia especial para que o Missal chegue às nossas comunidades. Mas, como a revisão de uma tradução é obra humana, também estará sujeita a novos aperfeiçoamentos. Entretanto, dado o processo adotado, seguramente a revisão da tradução do Missal será bem acolhida”.

O que o senhor pode destacar de ponto alto dessa nova tradução?

O ponto alto é ter alcançado o objetivo proposto, isto é, a maior adequação do nosso missal ao texto latino da terceira edição típica do Missal Romano.

FOTOS:

IMG_0745 – foto aberta do missal
https://www.flickr.com/photos/cnbbnacional/49018361853/in/album-72157711653087406/

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

Virgem Maria: a Arca de Deus

Guadium Press
Ainda sob o calor da celebração da solenidade da Assunção de Nossa Senhora, Deus nos recorda que o seu tesouro mais precioso nos foi entregue. Ora, incalculável dádiva não pode ser desdenhada por nós.

Redação (22/08/2022 16:24Gaudium Press) Imaginemos que, em certa cidade, reside um abastado proprietário de terras, o maior de sua época. Este honesto senhor quer beneficiar aqueles que trabalharem em seu campo, dando-lhes benesses muito mais opulentos do que mereceriam. Para tal, envia emissários convidando os transeuntes a virem para o seu campo, a fim de cultivarem suas terras, concedendo, em paga, a posse delas e parte dos tesouros contidos em sua valiosa arca de ouro.

Entretanto, apesar de pouquíssimos convidados darem ouvidos ao convite feito, a bondade daquele proprietário não se contenta com o número de trabalhadores aos quais beneficiará; e decide então distribuir pelas ruas os objetos valiosos de sua arca, para convencer os habitantes daquela cidade a virem aos seus campos.

Para surpresa sua, muitos rejeitam aqueles tesouros, outros insultam os mensageiros que carregavam a arca, e, lamentavelmente, não poucos procuram atirá-la ao chão, com o intuito de destruí-la, pois afirmam que seu burgo lhes atrai mais dos que os tesouros oferecidos, visto que são mais sedutores. Contudo, uns poucos, vendo a generosa dádiva daquele senhor, partem para as suas searas, com o intuito de servir a tão bondoso proprietário.

Qual não é a surpresa deles quando, em troca, recebem não apenas terras e parte do tesouro, mas, toda a arca de ouro!

“Mas esta é uma cidade de loucos!” – pensarão alguns leitores.

Sim! Esta história ocorre em nosso século [de loucos!?]. Esta cidade e seus habitantes somos nós; o proprietário, Deus; a arca rejeitada, Maria Santíssima, e os trabalhadores, os fiéis filhos da Igreja.

A Arca de Deus

Por esses dias, ao ouvirmos a primeira leitura da Missa da vigília da Assunção de Nossa Senhora, constatamos que Davi convocou todo Israel em Jerusalém, com o intuito de transportar a arca do Senhor para o lugar que ele havia preparado para seu abrigo (Cf. 1 Cr 15,3). Com efeito, Deus quis convocar toda a Terra em Jerusalém, o seio da Santa Igreja, a fim de transportar em seus corações a Arca do Senhor, a Virgem Imaculada, para o lugar que lhes havia preparado: o Reino de Maria. [1]

Deus quis dar aos homens um tesouro preciosíssimo, a sua própria Mãe Santíssima, riquíssima de insondáveis virtudes e graças, mas foi assaz rejeitada e esquecida nestes últimos tempos. Nem mesmo com suas inúmeras aparições, como em Lourdes ou em Fátima, os homens foram capazes de dar ouvidos às suas palavras e profecias, pois o mundo os fascinou com as suas fantasias e prazeres sedutores.

Ora, em Fátima, Deus prometeu o estabelecimento de seu Reino mediante o triunfo do Sapiencial e Imaculado Coração de Maria; mas, os homens, o que vêm escolhendo? O reino de satanás?

Loucos! Isso sim, são aqueles que optam pelos males do mundo e do pecado, em lugar do tesouro mais precioso de Deus: Maria!

Com efeito, onde estão as promessas de paz e tranquilidade que o mundo anunciou? Guerras, mortes, desentendimentos, injustiças, escândalos e toda sorte de maldades, foi o que semeou este século, conforme já predissera Nossa Senhora em Fátima. Pelo contrário, aqueles que se decidiram pelo serviço ao Senhor são beneficiados com os tesouros das graças e virtudes de Nossa Senhora. São revestidos com os trajes daquele Reino que se aproxima, isto é, da vestimenta de integridade, de ortodoxia e de fé. E por isso, recebem também em troca a perseguição e a incompreensão, pois levam ao mundo a presença deste Divino Proprietário, o próprio Deus, rejeitado por aqueles que pertencem ao mundo.

Assunção gloriosa

Atualmente, tem-se a impressão de que estamos como que à maneira dos Apóstolos, quando viram a partida de Nossa Senhora deste mundo. Certamente a Assunção causou neles certa constrição e dor pela ausência d’Aquela que alongava a presença de nosso Senhor. Apesar disso, eles estavam com as almas alegres, pois criam que ela e Ele continuavam presentes em seus corações.

Porém, neste mundo, onde está Nossa Senhora? Onde podemos encontrar seus tesouros, sentir sua presença? Tem-se a impressão de que nos dias atuais Nossa Senhora passa por uma “dormição” em relação ao mundo, visto que tentam, em vão, jogar esta Arca ao solo; desprezam-na e até insultam-na, como fazem com a Santa Igreja.

Entretanto, devemos recordar que ela permanece nos corações daqueles que a servem com integridade de vida, quaisquer que sejam esses fiéis batizados.

Esta ausência que sentiram os Apóstolos, entrementes, preparava o triunfo e a maior glória de Deus através da pessoa de Nossa Senhora. Por isso, de certo modo, a vingança de Deus contra a obra de Satanás chegou ao seu cume com a Assunção de Maria – precedida por sua “dormição” –, sendo mais humilhante para os infernos a subida aos Céus d’Aquela cujo calcanhar esmaga eternamente a cabeça da serpente, do que a própria Ressurreição e Ascensão de nosso Senhor Jesus Cristo.

Assim, em nossos dias, tais acontecimentos parecem ser revividos sobrenaturalmente, pois quanto mais a presença de Nossa Senhora semelha se afastar deste mundo, a sua presença tanto mais próxima está, bem como sua intervenção misericordiosa.

Carregar esta Arca do Altíssimo – a devoção a Nossa Senhora – com fé altiva e altaneira é a súplica que Deus faz presentemente aos seus filhos, ainda sob o calor da solenidade da Assunção.

Sejamos, pois, daqueles que seguem com coragem este “Divino Proprietário”, em meio a um mundo que desprezou sua bondade e suas graças, certos de que receberemos em troca a posse da bem aventurança, e o seu mais precioso tesouro: Maria Santíssima!

Por Guilherme Motta


[1] Paráfrase ao livro das Crônicas, (1Cr 15,3).

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Santa Rosa de Lima

Santa Rosa de Lima | arquisp
23 de agosto

Santa Rosa de Lima

Terciária dominicana, padroeira da América Latina (1586-1617)

Isabel Flores y de Oliva nasceu na cidade de Lima, capital do Peru, no dia 20 de abril de 1586. A décima dos treze filhos de Gaspar Flores e Maria de Oliva. À medida que crescia com o rosto rosado e belo, recebeu dos familiares o apelido de Rosa, como ficou conhecida. Seus pais eram ricos espanhóis que se haviam mudado para a próspera colônia do Peru, mas os negócios declinaram e eles ficaram na miséria.

Ainda criança, Rosa teve grande inclinação à oração e à meditação, sendo dotada de dons especiais de profecia. Já adolescente, enquanto rezava diante da imagem da Virgem Maria, decidiu entregar sua vida somente a Cristo. Apesar dos apelos da família, que contava com sua ajuda para o sustento, ela ingressou na Ordem Terceira Dominicana, tomando como exemplo de vida santa Catarina de Sena. Dedicou-se, então, ao jejum, às severas penitências e à oração contemplativa, aumentando seus dons de profecia e prodígios. E, para perder a vaidade, cortou os cabelos e engrossou as mãos, trabalhando na lavoura com os pais.

Aos vinte anos, pediu e obteve licença para emitir os votos religiosos em casa e não no convento, como terciária dominicana. Quando vestiu o hábito e se consagrou, mudou o nome para Rosa e acrescentou Santa Maria, por causa de sua grande devoção à Virgem Maria, passando a ser chamada Rosa de Santa Maria.

Construiu uma pequena cela no fundo do quintal da casa de seus pais, levando uma vida de austeridade, de mortificação e de abandono à vontade de Deus. A partir do hábito, ela imprimiu ainda mais rigor às penitências. Começou a usar, na cabeça, uma coroa de metal espinhento, disfarçada com botões de rosas. Aumentou os dias de jejum e dormia sobre uma tábua com pregos. Passou a sustentar a família com as rendas e bordados que fazia, pois seu confessor consentiu que ela não saísse mais de sua cela, exceto para receber a eucaristia. Vivendo em contínuo contato com Deus, atingiu um alto grau de vida contemplativa e experiência mística, compreendendo em profundidade o mistério da Paixão e Morte de Jesus.

Rosa cumpriu sua vocação, devotando-se à eucaristia e à Virgem Maria, cuidando para afastar o pecado do seu coração, conforme a espiritualidade da época. Aos trinta e um anos de idade, foi acometida por uma grave doença, que lhe causou sofrimentos e danos físicos. Assim, retirou-se para a casa de sua benfeitora, Maria de Uzátegui, agora Mosteiro de Santa Rosa, para cumprir a profecia de sua morte. Todo ano, ela passava o Dia de São Bartolomeu em oração, pois, dizia: "este é o dia das minhas núpcias eternas". E assim foi, até morrer no dia 24 de agosto de 1617. O seu sepultamento parou toda a cidade de Lima.

Muitos milagres aconteceram por sua intercessão após sua morte. Rosa foi beatificada em 1667 e tornou-se a primeira santa da América Latina ao ser canonizada, em 1671, pelo papa Clemente X. Dois anos depois, foi proclamada Padroeira da América Latina, das Filipinas e das Índias Orientais, com a festa litúrgica marcada para o dia 23 de agosto. A devoção a santa Rosa de Lima propagou-se rapidamente nos países latino-americanos, sendo venerada pelos fiéis como Padroeira dos Jardineiros e dos Floristas.

Fonte: Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente, Mario Sgarbossa, Paulinas.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Brasil: a Igreja escolhe as energias renováveis

Energias renováveis | Vatican News

Um sonho que se tornou realidade hoje: é assim que o pároco de Natal, padre Valdir Cândido de Morais, fala sobre o projeto de eficiência energética que envolve 115 paróquias. Painéis solares, mas não só, em benefício do ser humano e de uma natureza muitas vezes brutalmente maltratada nesta terra.

https://youtu.be/LVgXA23qAsg

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

A cidade de Natal, no Rio Grande do Norte, é conhecida como “cidade do Sol” e não é à toa: a luz solar brilha na capital potiguar 300 dias por ano, 15 horas de sol por dia no verão.

Com tanta luz à disposição, a Arquidiocese desenvolveu um projeto de energia solar fotovoltaica para suprir a demanda de energia de todas as paróquias do território, 115 no total.

Um projeto ambicioso que teve início em 2019, quando foi implantada de forma pioneira em cinco paróquias. A proposta se expandiu no final de abril, com a instalação das placas solares em mais 13 paróquias, em pontos estratégicos, que atuarão como distribuidoras para as demais localidades, atendendo toda a Arquidiocese.

“É claro que é um projeto que custa bastante, complexo de ser realizado, mas nós na época ousamos em escolher cinco paróquias, entre elas a matriz, a Arquidiocese de Natal, para ser o projeto-piloto. Nós concluímos isso como um projeto-piloto. Foi um sonho que hoje é uma realidade”, afirmou o pároco da Catedral de Natal, Pe. Valdir Cândido de Morais.

A conclusão estava prevista para 30 de junho, quando entraram em operação. Com mais 30 dias, a energia passou a ser distribuída para todas as 115 paróquias do território arquidiocesano e “as usinas gerarão um total de 150 mil quilowatts por mês”, informa Ítalo Nogueira, gerente administrativo da Arquidiocese.  

O projeto

O projeto de instalação da energia solar está sendo desenvolvido por uma empresa especializada, será financiado e vai permitir o retorno financeiro do investimento em 80 meses. Além disso, também participou da equipe de trabalho uma arquiteta que mapeou as Igrejas com maior viabilidade arquitetônica para receber as placas solares. Hoje, a Arquidiocese gasta com energia elétrica cerca de 140 mil reais por mês. Com o projeto, economia de mais de um milhão de reais por ano.

De acordo com Vital Bezerra, diretor administrativo da Arquidiocese, os recursos que antes eram destinados a este fim passarão a subsidiar outras necessidades das comunidades paroquiais. “Quando for concluído o pagamento do financiamento, vai sobrar um recurso bem mais vantajoso, para que cada Paróquia aplique na sua missão e evangelização. Esse é o principal resultado que esperamos alcançar com esse projeto”, destaca. 

Cuidado com a Casa Comum

As 115 paróquias da Arquidiocese estão distribuídas em 88 municípios, englobando, além da capital, Natal, várias regiões do estado do Rio Grande do Norte, que recebem a luz do sol na maior parte dos dias do ano. Isso significa uma fonte permanente de energia limpa.

“Estamos em sintonia com a carta encíclica Laudato Si, do Papa Francisco, que trata do cuidado com a casa comum, ou seja, com o meio ambiente”, destaca o Arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha.  “Nesse documento, publicado em 2015, o Santo Padre chama a nossa atenção para que usemos energias renováveis, isto é, a energia limpa. Então, se nós estamos situados em uma região privilegiada, que recebe a incidência da luz do sol quase todos os dias do ano, e se a tecnologia nos favorece transformar essa luz solar em energia limpa, vamos dar o exemplo. Ficamos muito felizes com a adesão dos párocos nesse projeto”, diz Dom Jaime.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Hipersensibilidade: sinais que não enganam

Shutterstock I tommaso79
Por Marzena Devoud

Você decifra perfeitamente o humor dos outros? Presta atenção em cada detalhe? Quer sempre entender tudo? Pensa nos outros mais do que em si mesmo(a)? Tudo isso pode ser sinal de hipersensibilidade - e pessoas hipersensíveis podem sofrer muito.

“Complicado(a)”, “tímido(A)”, “hiperativo(a)”, “irritado(a)”, “ansioso(a)” ou mesmo “depressivo(a)”… É assim que alguns entes queridos costumam rotular você? E se tudo isso fosse sinal de hipersensibilidade, essa “alta sensibilidade” que afeta muita gente e que, psicologicamente falando, não é uma doença? 

De fato, a hipersensibilidade pode aparecer por algum tempo ou após um trauma, como um esgotamento. Embora muitos livros tenham sido publicados sobre o assunto nos últimos anos, o primeiro livro falando sobre hipersensibilidade surgiu na década de 1990. O assunto foi abordado por Elaine Aron, uma psicóloga americana. Enquanto trabalhava na área clínica, ela observou que havia pessoas que percebiam o mundo de forma um pouco diferente. Elas eram particularmente empáticas e menos resistentes que os outros a estímulos externos. A psicóloga notou, então, que essas pessoas sentiam tudo com mais força, e que não conseguiam se desprender do que sentiam.

Mas a hipersensibilidade pode esconder um sofrimento real. Foi o caso de Clara, 35 anos. “Quando descobri que minha hipersensibilidade tinha um nome e que eu poderia colocar palavras específicas para o que sentia, foi um alívio enorme para mim”, confidencia à Aleteia. 

Abaixo estão os sinais mais importantes comuns a todas as pessoas hipersensíveis, de acordo com Elaine Aron:

1HIPEREMPATIA

Elisabeth Serra

Diz respeito à capacidade extraordinária de se colocar no lugar do outro. A pessoa hipersensível sempre presta mais atenção ao outro do que a si mesma. Resultados? Ela pode se sentir sobrecarregada por emoções que vêm das pessoas ao seu redor, a ponto de sentir um desconforto real. Portanto, ela não consegue desfrutar da própria vida. A empatia, muitas vezes, impede a aceitação de que alguém tem más intenções. A pessoa hipersensível, portanto, procurará desculpas para seu comportamento.

2CÉREBRO SEM DESCANSO

Graças às suas habilidades analíticas, a pessoa hipersensível pensa incansavelmente, questiona-se constantemente. De certa forma, ela “enxerga” além – às vezes até demais. Em situações novas, em vez de se deixar levar pela onda, ela prefere dar um passo atrás e “processar” todos os dados disponíveis. Sua mente está programada para registrar e analisar todos os detalhes até as mínimas nuances. Todo o seu corpo parece um receptor extremamente sensível. Com isso, o hipersensível tem problemas para fazer escolhas, pois hesita muito antes de decidir. Como a pessoa hipersensível sente as coisas de forma mais aguda e vê além ou mais profundamente, ela é capaz de expor verdades desconfortáveis ​​ao identificar facilmente erros ou imperfeições;

3HIPERSENSIBILIDADE AO MUNDO EXTERIOR

Aleteia

A pessoa hipersensível é muito sensível a cada detalhe que vem do mundo exterior. Alguns sons, de outra forma neutros, podem causar uma forte irritação. Luzes piscando ou cheiros fortes podem gerar desconforto. A pessoa hipersensível também sente qualquer tensão em seu ambiente, como uma atmosfera pesada após uma discussão. Mesmo que esta não lhe diga respeito, ela se sobrecarrega completamente.

4PERFECCIONISMO

No trabalho, o hipersensível está apenas interessados nas atividades que lhe são demandadas. Ele não está interessado em intrigas ou estratégias destinadas a esmagar oponentes. Muito exigente, gosta de se desafiar, mas não tem senso de competição. É a ideia de se superar que o motiva, não o desejo de superar os outros. No entanto, por ser discreto, o hipersensível pode facilmente passar despercebido. Além disso, por geralmente ser o primeiro a chamar a atenção para uma situação negativa no trabalho, é quase sempre visto como a fonte do problema.

5CULTIVAR RELACIONAMENTOS PROFUNDOS

A pessoa hipersensível pensa primeiro nos outros. Ela quer cuidar do bem-estar deles, evita conflitos a todo custo e tende a assumir a responsabilidade pelo mundo inteiro. Resultados? Às vezes, ela pode cair na armadilha de amizades tóxicas ou se deixar manipular por pessoas que a usarão. Mas o seu grande talento é certamente o de saber cultivar relacionamentos profundos e intensos com os outros. Quando ela tem que escolher entre qualidade e quantidade, ela sempre optará pela primeira. Ouvir os outros é sua grande força.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF