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sexta-feira, 26 de agosto de 2022

Preparação de Dom Paulo para o cardinalato

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

Dom Paulo Cezar já está em Roma, onde vive a expectativa para o seu cardinalato que acontece que neste sábado, dia 27 de agosto.

Você pode acompanhar a cerimônia no canal do Youtube da Arquidiocese de Brasília e da CNBB.

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia
Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

Conheça a história de Dom Paulo Cezar, Arcebispo de Brasília, novo Cardeal da Igreja

Nascimento: 20/07/1967

Ordenação Presbiteral: 05/12/1992

Ordenação Episcopal: 05/02/2011

Lema Episcopal: “Omnia Sustineo Propter Electos” (Tudo suporto pelos eleitos)

Posse como Arcebispo de Brasília: 12/12/2020

Filho de Geraldo Manoel da Costa Amaral e Maria Alice Miranda Amaral. Nascido na cidade de Valença, Rio de Janeiro. Foi ordenado sacerdote em 5 de dezembro de 1992, na Diocese de Valença, Rio de Janeiro. Foi pároco, reitor do seminário e professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio.

Graduado em Teologia pelo Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro (1991), mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (1998) e doutor em Teologia pela Pontifícia Universidade Gregoriana (2001). Na dimensão acadêmica tem experiência na área de Teologia, com ênfase na Teologia Sistemática nas áreas de Patrologia, Cristologia e Trindade. Além disso, por muitos anos, foi professor assistente da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, diretor do Departamento de Teologia da PUC-Rio; professor e diretor do Instituto de Filosofia e Teologia Paulo VI, professor do Instituto Superior de Teologia da Arquidiocese do Rio de Janeiro.

Foi nomeado bispo auxiliar da Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro pelo Papa Bento XVI em 24 de novembro de 2010 e ordenado no dia 5 de fevereiro de 2011 pelo Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, O. Cist.. Na Arquidiocese do Rio de Janeiro foi articulador e organizador da Jornada Mundial da Juventude de 2013, além de animador da Pastoral Universitária, como Bispo da Comissão Arquidiocesana de Aquisição de Terrenos e Evangelização, das Missões, da Academia Fides et Ratio e do Centro Cultural Dom Eugenio de Araújo Sales. Também, acompanhou o economato da arquidiocese, o Departamento Jurídico, o Patrimônio Histórico e Cultural da Arquidiocese do Rio e os estudantes no exterior, membro do Conselho Diretor da Associação Mantenedora da PUC-Rio e do Conselho Universitário da PUC-Rio.

No Regional Leste 1 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), foi eleito bispo referencial da Pastoral Universitária e da Comissão Regional para os Ministérios Ordenados e Vida Consagrada. E, também, membro da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé na CNBB.

Em 22 de junho de 2016 o Papa Francisco o nomeou como o 7º Bispo da Diocese de São Carlos. Sua posse canônica aconteceu no dia 06 de agosto de 2016 onde permaneceu até ser nomeado como Arcebispo de Brasília, em 21 de outubro de 2020. Na Diocese de São Carlos reestruturou o setor de comunicação da diocese, ordenou inúmeros padres, criou paróquias, além de ter promovido a reorganização da cúria diocesana.

Foi nomeado Arcebispo de Brasília, pelo Papa Francisco, no dia 21 de outubro de 2020, tendo tomado posse na Solenidade de Nossa Senhora de Guadalupe, no dia 12 de dezembro de 2020. Até o presente momento Dom Paulo Cezar Costa já visitou quase que a totalidade das paróquias da Arquidiocese, iniciou o plano de reestruturação da Cúria Metropolitana, além de organizar a VII Assembleia Arquidiocesana e promover o diálogo com os poderes públicos.

Atualmente, é responsável pelo Setor Universidades da Igreja no Brasil da Comissão Episcopal Pastoral para Educação e Cultura, membro do Conselho Permanente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil); referencial para o Instituto Nacional de Pastoral Alberto Antoniazzi (INAPAZ); presidente do grupo de Análise de Conjuntura Eclesial da CNBB; membro do Conselho Episcopal Latino-Americano (CELAM); em Roma é membro da Pontifícia Comissão para América Latina e do Pontifício Conselho para Unidade dos Cristãos.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

quinta-feira, 25 de agosto de 2022

Os jogos de status que jogamos… e o mal que isso nos faz

Unsplash / Hassan Pasha
Por Michael Rennier

Somos capazes de transformar praticamente tudo, bom ou mau, numa competição em que só se pode vencer. Mas há um problema grave nisso.

A nossa casa tornou-se uma ilha de brinquedos desajustados. O porão está repleto de jogos antigos esquecidos, cada um com algumas peças em falta. Lá em cima, as bonecas negligenciadas são empurradas para debaixo das camas das meninas. A garagem é um cemitério de bolas velhas e de projetos semi-acabados.

Ocasionalmente, uma criança redescobre um brinquedo esquecido e começa a brincar com ele. De repente, cada criança na casa precisa brincar com esse brinquedo específico, de imediato. Então, um tenta convencer o outro a partilhar, usando discursos sobre a importância de dividir.

Este fenómeno do brinquedo, outrora esquecido, mas que se amava com afeto, pode ser facilmente associado ao ciúme. No entanto, penso que há um pouco mais do que ciúme. Trata-se de vencer. Quem conseguir o controle do objeto desejado é o vencedor. Os perdedores, ou traçam formas de se tornarem o vencedor, ou as crianças mais espertas tentarão redefinir completamente o jogo.

A minha filha, por exemplo, fingirá que nunca quis aquela boneca de qualquer forma. A outra boneca é muito melhor, e “todos sabem disso”. Assim, o prêmio foi alterado, e agora ambas as crianças com uma boneca afirmarão ser a vencedora, embora nenhuma delas acredite verdadeiramente nisso.

Jogos de status

O meu amigo David Zahl, no Mockingbird, descreve como nós humanos gostamos de jogar esses jogos de status.

“A nossa vizinhança, o número de convites para jantar, o índice de massa corporal, os círculos de influência. Há a marca de sapatos, a escola dos filhos, o automóvel – e, claro, tudo se resume a quem vence.”

Os jogos de status não são apenas um problema para as crianças pequenas.

Considerem as ruas de bairros residenciais dos EUA, por exemplo. Todos os sábados de manhã, os homens saem das suas casas armados até aos dentes com equipamento de manutenção do gramado, preparados para fazer a batalha com o seu paisagismo.

Eles moldam cuidadosamente a relva num campo verde, cortando a grama ao nível perfeito, depois pulverizando cuidadosamente fertilizante e produtos contra ervas daninhas. Depois vão todas para dentro, muitas vezes só voltando a olhar para o gramado no sábado seguinte, quando é altura de voltar a trabalhar nele.

Tal como as luzes de Natal nas fachadas das casas ou o tipo de carro estacionado na garagem – o trato do gramado tornou-se um símbolo de status.

Claro que muitas pessoas adoram jardinagem, ou sentem um genuíno prazer inocente em colocar luzes de Natal kitsch para decorar suas casas. O meu ponto de vista não é que haja uma categoria específica de atividades que sejam más. O meu ponto é que somos capazes de transformar praticamente tudo, bom ou mau, num jogo de status.

Queremos ganhar. Humilhamos o outro por causa de futebol, gabamo-nos de quanto somos voluntários na igreja, e de quantas equipes esportivas os nossos filhos estão a participar. Sei que já o senti mesmo em relação a outros padres, sobre como ministramos, como as nossas missas estão cheias, quantas pessoas nos pedem para falar em eventos, e quem gosta de nós. Quero “ganhar” o jogo de quem os leigos mais gostam.

Um modelo improvável

Ao examinar um vício que transforma até as menores coisas numa competição, pode ser útil considerar a vida e o exemplo de S. Luís, Rei da França. O que poderia ser mais tentador do que ter todo o poder de um rei e jogar jogos de status em um outro nível?

Um rei, de quase todas as perspectivas, é o vencedor. Ele tem a maior fama, dinheiro e poder. O maior número de coisas materiais e relações. Ele pode dominar tanto os nobres como os plebeus, esfregando-lhes o nariz no seu status supremo.

Mas S. Luís fez o oposto.

Ele era conhecido por ser um homem de notável humildade e tranquilidade. Participou frequentemente na Missa, reformou o sistema judicial da França para o tornar mais justo, patrocinou a criação de hospitais, e era geralmente amado como um rei que não exercia o seu poder sobre os seus súditos. Foi um bom pai que ensinou o seu filho a praticar a virtude e a evitar o pecado. Ele apontou ao seu filho o valor de cultivar uma vida espiritual e como amar a Deus é mais importante do que todo o resto.

S. Luís evitou os jogos de status. Se tivesse de adivinhar como ele foi capaz de o fazer, a resposta é bastante simples.

Afinal, o que torna os jogos de status tão sedutores? Bem, nos termos mais simples, todos precisam sentir que valem alguma coisa. Todos nós fazemos a pergunta: Será que sou importante? “Perguntamos” aos nossos entes queridos, e “perguntamos” à sociedade. “Perguntamos” à nossa conta bancária e no nosso trabalho. Afinal, precisamos saber que somos importantes.

Todos queremos saber que temos valor. Os jogos de status são uma forma de tentar criar valor, mas nunca funcionam porque há sempre outro jogo a ser vencido, outro adversário. Até Alexandre o Grande chorou quando viu que não havia mais mundos a conquistar. Ele era dono de um imenso império, mas estava triste porque não era suficiente.

S. Luís procurou o valor pessoal de uma forma completamente diferente. Ele compreendeu que nenhuma vitória neste mundo iria satisfazer, independentemente do jogo. Como ele aconselha o seu filho: “Fixa todo o teu coração em Deus, e ama-O com todas as tuas forças, pois sem isto ninguém pode ser salvo ou ser de qualquer valor”.

Em outras palavras, o nosso valor surge do fato de que Deus nos criou, nos ama, e nos convida a amá-Lo em contrapartida. É um dom divino, não ligado a status, mas gratuito. Deus já nos ajudou a ganhar o jogo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Dom Paulo Cezar: “sempre busquei ser um servidor do Povo de Deus"

Dom Paulo Cezar Costa - Arcebispo de Brasília | Vatican News

Sentimento de gratidão expresso ao Papa Francisco pelo arcebispo de Brasília, dom Paulo Cezar da Costa, que será criado cardeal no Consistório deste sábado, dia 27 de agosto. Dom Paulo conversou com a Rádio Vaticano – Vatican News.

Silvonei José – Vatican News

Momentos que antecedem o Consistório neste sábado, dia 27, com que sentimento o senhor chega a Roma para participar desse evento?

Sentimento de gratidão sentimento de gratidão por aquilo que o Papa Francisco está fazendo, seja pela Igreja do Brasil, pela Igreja de Brasília, e ao mesmo tempo sentimento do amor misericordioso de Deus para comigo. É um amor misericordioso de Deus que vai construindo história na nossa vida. Hoje cedo passei lá pela igreja de Santa Mônica e me lembrei de quando Santa Mônica rezou por Santo Agostinho, quanto o joelho daquela mãe fez o filho Santo, e pedir a Deus a graça de que a minha doação, através do meu desgastar a vida pela Igreja servindo o Santo Padre. Que a Igreja possa ser um pouco mais bonita, mais evangelizadora, mais missionária.

Então, é um sentimento de gratidão, mas ao mesmo tempo um sentimento profundo do amor misericordioso de Deus para comigo.

Dom Paulo Cezar Costa - Arcebispo de Brasília | Vatican News

P. O senhor se torna um colaborador mais estreito do Papa Francisco, o que significa isso?

Significa a confiança do Papa, mas significa também responsabilidade de buscar, levar adiante aquilo que o Papa Francisco pensa para a Igreja, o que o Papa Francisco quer para a Igreja. Papa Francisco quer uma Igreja próxima, evangelizadora, uma Igreja missionária.

Eu acho que o cardeal é um homem que na sua fidelidade a Jesus Cristo e no seu serviço ao Papa ele deve buscar levar adiante aquilo que o Espírito vem buscando criar e fazer na Igreja, nesse momento, através da doação do Papa Francisco e através do ministério dele.

Eu quero ser um colaborador fiel dele nessa missão bonita nesses tempos desafiadores, buscando ajudá-lo naquilo que o Espírito tem suscitado como caminho para nossa Igreja.

P. Francisco tem um grande amor pela nossa Igreja no Brasil, porque nos brinda com a criação de dois cardeais, o senhor e também dom Leonardo.

Papa Francisco, se percebermos bem a Igreja do Brasil está logo no início do ministério dele. Foi a primeira grande de visita que o Papa Francisco fez fora daqui da Itália, a grande primeira visita internacional foi ao Brasil. O Papa Francisco, sentiu a força do seu ministério, seu contato com o povo, seu contato com as pessoas. Ele sentiu a força do ministério petrino. Mas para o Brasil de certa forma está no coração dele como também a Igreja do mundo inteiro. O Papa Francisco acho que percebeu ali, ali foi o encontro nosso, meu com ele, de outros também. De dom Leonardo, que naquele tempo era o secretário-geral da Conferência dos Bispos do Brasil. Foi o primeiro grande encontro nosso come ele. O Papa Francisco percebeu a vivacidade da nossa Igreja, percebeu a força da Igreja do Brasil. Eu acho que quis também assim brindar a Igreja do Brasil da Amazônia, do centro-oeste, Brasília, com 2 cardeais, dois servidores para o povo de Deus.

Que que muda na vida de Dom Paulo com esse cardinalato?

Para dizer bem a verdade eu sempre busquei ser um servidor do Povo de Deus. É quero continuar servindo, quero continuar desgastando a minha vida com alegria. Eu acho que muda mais o olhar dos outros do que a minha vida, do que a minha forma de se relacionar com o povo e se relacionar com as pessoas. Eu sempre tive essa consciência de que o nosso ministério é ser servidor do povo de Deus. Eu quando ainda era estudante, eu fiz a minha... naquele tempo a gente chamava de Síntese de Teologia e trabalhei a questão da Kenosis, quer dizer do esvaziamento de Cristo e falava de uma Igreja pobre e servidora.  Eu sempre tive essa consciência muito clara de que, qualquer coisa dentro da Igreja, qualquer Ministério dentro da Igreja é ser servidor. Servidor de Jesus Cristo olhando para Cristo servo, servidor do Povo de Deus.

Acho que o Cardeal é um homem... se o meu ministério já era a busca de servir, o cardeal antes de tudo é o homem que veste vermelho, que lembra o sangue de Cristo. Relembrando ação extrema de Cristo.

O cardeal tem que ser um homem que desgasta sua vida servindo ao povo de Deus, servindo o Papa buscando doar a sua vida como Jesus Cristo. Buscando verdadeiramente desgastar a sua vida por amor, por amor a Jesus Cristo, por amor o ao nosso amado povo, por amor ao Santo Padre que é aquele a quem o senhor confiou a guia da sua Igreja nesse momento.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 24 de agosto de 2022

ONU aponta que o mundo atingirá 8 bilhões de habitantes em novembro

Shutterstock I katatonia82
Por Francisco Vêneto

As projeções também indicam que a Índia ultrapassará a China já em 2023; Brasil estará na 7ª posição.

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou neste mês a projeção de que o mundo atingirá 8 bilhões de habitantes em novembro – mais precisamente no dia 15 daquele mês.

Segundo as estimativas apresentadas, outro episódio histórico a registrar-se no curto prazo, em termos demográficos, será o fato de que a Índia ultrapassará a China já em 2023, tornando-se com isto o país mais populoso do planeta.

Por outro lado, o Brasil, que até a metade de 2019 era a 5ª nação mais populosa do mundo, passará em 2023 ao 7º lugar. Depois de ter sido ultrapassado há pouco mais de 2 anos pelo Paquistão, o Brasil também terá a sua população superada muito em breve pela Nigéria.

Enquanto a população brasileira está seguindo a tendência de estabilização e progressiva diminuição populacional, que já ocorre na maioria dos países desenvolvidos, o Paquistão e a Nigéria seguem tendência contrária, comum a outros países subdesenvolvidos: a de não desacelerar a taxa de natalidade. De fato, o Brasil deverá cair até o ano de 2100 para a 12ª posição entre os países mais populosos do globo.

De acordo com a projeção do Departamento de Economia e Assuntos Sociais da ONU, a população mundial está crescendo no ritmo mais lento desde 1950. Neste cenário, deverá chegar a 8,5 bilhões de habitantes em 2030 e a 9,7 bilhões em 2050. O pico será atingido na década de 2080, com 10,4 bilhões. Prevê-se uma estabilidade populacional até 2100, seguida então por uma fase de lenta diminuição.

Mais da metade do crescimento populacional projetado para as próximas décadas deverá concentrar-se em 8 países, todos eles subdesenvolvidos e situados na Ásia ou na África: além dos já mencionados Índia, Paquistão e Nigéria, também terão vultosos aumentos a República Democrática do Congo, o Egito, a Etiópia, a Tanzânia e as Filipinas.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

"Mensageiros de paz e de unidade", o lema da viagem do Papa ao Cazaquistão

Logotipo da visita do Papa Francisco ao Cazaquistão | Vatican News

A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou o logotipo e o lema da visita de Francisco ao país da Ásia Central de 13 a 15 de setembro. Uma pomba com um ramo de oliveira simboliza a paz que, junto com a unidade, serão os temas centrais.

Vatican News

O sétimo Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais que se realizará, em Nur-Sultan, capital do Cazaquistão, nos dias 14 e 15 de setembro próximo, será a ocasião da viagem do Papa Francisco ao país da Ásia Central que terá início em 13 de setembro. "Mensageiros de paz e de unidade" é o lema dessa viagem do Pontífice. A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou, nesta terça-feira (23/08), num comunicado, as palavras-chave da visita junto com o logotipo oficial que acompanha a imagem com uma descrição detalhada.

A descrição do Logotipo

No centro, uma pomba com um ramo de oliveira. "As asas", lê-se na descrição, "são representadas por duas mãos unidas, simbolizando as dos mensageiros da paz e da unidade. O coração, dentro das asas, representa o amor, fruto da compreensão recíproca, da cooperação e do diálogo". O ramo de oliveira estilizado é representado por "uma imagem ornamental típica cazaque".

"No fundo da imagem", continua a nota, "um 'shanyrak' de cor azul claro, um elemento da casa tradicional do povo cazaque, 'o iurte', e, dentro, uma cruz amarela. As cores utilizadas, azul claro e amarelo, são as mesmas da bandeira do Cazaquistão; amarelo e branco, as da bandeira do Vaticano. O verde do galho simboliza a esperança. O lema da viagem, "Mensageiros de Paz e de Unidade", foi colocado no alto em língua cazaque, e, embaixo, em língua russa".

Síntese do programa da viagem

Serão três dias intensos na esteira do diálogo entre as religiões os dias que o Papa Francisco passará na capital Nur Sultan: em 13 de setembro, a chegada ao aeroporto para a acolhida oficial às 17h45 locais, ao final de mais de 6 horas de voo. Após a cerimônia de boas-vindas, haverá a visita de cortesia ao Presidente da República, Kassim-Jomart Tokayev, e um encontro com as autoridades, sociedade civil e o corpo diplomático. A quarta-feira, 14 de setembro, começará com um momento de oração em silêncio, no Palácio da Paz e da Reconciliação, junto com os líderes religiosos que participam do Congresso. Na abertura da sessão plenária do evento, Francisco fará um discurso, e à tarde estará na Praça da Expo para a celebração da missa. No dia seguinte, o Papa se reunirá em particular com os confrades da Companhia de Jesus, depois se encontrará com os bispos, sacerdotes, diáconos, consagrados, seminaristas e agentes pastorais. Francisco fará o último discurso dessa viagem no Palácio da Paz e da Reconciliação, onde no início da tarde será lida a Declaração Final no encerramento do Congresso. O Papa partirá do Cazaquistão às 16h45 e a chegada a Roma está prevista para às 20h15.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Papa Francisco diz que os leigos devem ter consciência mais clara de sua vocação

Mulher reza / Daniel Ibáñez (ACI Prensa)

Vaticano, 23 ago. 22 / 01:36 pm (ACI).- O papa Francisco enviou uma mensagem para a Semana Litúrgica Nacional na Itália, na qual destacou a importância de "promover nos fiéis leigos uma consciência mais clara de sua vocação, que se expressa numa pluralidade de tarefas e serviços para a edificação de todo o povo cristão".

O papa Francisco enviou esta mensagem ao arcebispo metropolitano de Catanzaro-Squillace, dom Claudio Maniago, por ocasião da 72ª Semana Litúrgica Nacional celebrada em Salerno, Itália, sob o título "Ministérios a serviço de uma Igreja Sinodal".

A mensagem foi publicada ontem (22), e enviada através do secretário de Estado, cardeal Pietro Parolin. Parolin disse o papa “constantemente convida a renovar a forma Ecclesiae numa chave mais de comunhão, superando toda tentação residual de clericalismo”.

A mensagem diz que o papa Francisco, com o motu proprio Spiritus Domini, “superou o vínculo, então mantido, que destinava os ministérios de leitor e acólito apenas aos homens e providenciou a inclusão das mulheres nos ministérios leigos/batizados" e com o motu proprio Antiquum Ministerium, "doou à Igreja a figura do ministério instituído do Catequista".

Referindo-se à Semana Litúrgica Nacional, que acontecerá entre os dias 22 e 25 de agosto, a mensagem diz que o desejo do papa Francisco é que esta conferência "contribua para o aprofundamento teológico-litúrgico-pastoral da realidade ministerial, abrindo perspectivas a serem oferecidas ao discernimento pastoral da comunidade eclesial”.

“A própria visão da Igreja como um mistério da comunhão e uma consideração mais sensível da presença e ação do Espírito Santo contribuíram para evidenciar o papel dos leigos na comunidade eclesial”, diz a mensagem.

A mensagem fala sobre a importância de “não fazer confusão entre o sacerdócio comum e o sacerdócio ministerial, interpretando arbitrariamente os conceitos de ‘suplência’ e ‘clericalização’, correndo o risco de criar uma estrutura eclesial de serviço paralela à fundada sobre o Sacramento da Ordem”.

No final da mensagem, o papa Francisco oferece suas orações “invocando a proteção materna da Virgem Mãe da Igreja”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

São Bartolomeu

S. Bartolomeu | arquisp
24 de agosto

São Bartolomeu

Apóstolo Bartolomeu, também chamado Natanael, foi um dos doze primeiros apóstolos de Jesus. É assim descrito nos evangelhos de João, Mateus, Marcos e Lucas, e também nos Atos dos Apóstolos.

Bartolomeu nasceu em Caná, na Galiléia, uma pequena aldeia a quatorze quilômetros de Nazaré. Era filho do agricultor Tholmai. No Evangelho, ele também é chamado de Natanael. Em hebraico, a palavra "bar" que dizer "filho" e "tholmai" significa "agricultor". Por isso os historiadores são unânimes em afirmar que Bartolomeu-Natanael trata-se de uma só pessoa. Seu melhor amigo era Filipe e ambos eram viajantes. Foi o apóstolo Filipe que o apresentou ao Messias.

Até esse seu primeiro encontro com Jesus, Bartolomeu era cético e, às vezes, irônico com relação às coisas de Deus. Porém, depois de convertido, tornou-se um dos apóstolos mais ativos e presentes na vida pública de Jesus. Mas a melhor descrição que temos de Bartolomeu foi feita pelo próprio Mestre: "Aqui está um verdadeiro israelita, no qual não há fingimento".

Ele teve o privilégio de estar ao lado de Jesus durante quase toda a missão do Mestre na terra. Compartilhou seu cotidiano, presenciou seus milagres, ouviu seus ensinamentos, viu Cristo ressuscitado nas margens do lago de Tiberíades e, finalmente, assistiu sua ascensão ao céu.

Depois de Pentecostes, Bartolomeu foi pregar a Boa-Nova. Encerradas essas narrativas dos evangelhos históricos, entram as narrativas dos apócrifos, isto é, das antigas tradições. A mais conhecida é da Armênia, que conta que Bartolomeu foi evangelizar as regiões da Índia, Armênia Menor e Mesopotâmia.

Superou dificuldades incríveis, de idioma e cultura, e converteu muitas pessoas e várias cidades à fé do Cristo, pregando segundo o evangelho de são Mateus. Foi na Armênia, depois de converter o rei Polímio, a esposa e mais doze cidades, que ele teria sofrido o martírio, motivado pela inveja dos sacerdotes pagãos, os quais insuflaram Astiages, irmão do rei, e conseguiram uma ordem para matar o apóstolo. Bartolomeu foi esfolado vivo e, como não morreu, foi decapitado. Era o dia 24 de agosto de 51.

A Igreja comemora são Bartolomeu Apóstolo no dia de sua morte. Ele se tornou o modelo para quem se deixa conduzir pelo outro ao Senhor Jesus Cristo.

Fonte:Os santos e os beatos da Igreja do Ocidente e do Oriente, Mario Sgarbossa, Paulinas.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Os ministérios na Igreja, o Papa inicia um diálogo com os bispos

O Papa durante um encontro com os bispos  (Vatican Media)

A mensagem de Francisco para o aniversário do motu próprio "Ministeria quaedam" de Paulo VI: útil uma partilha com as conferências episcopais do mundo sobre as experiências desses anos para prosseguir no caminho sem forçá-lo com escolhas "que são o fruto de visões ideológicas".

Vatican News

Cinquenta anos se passaram desde o motu próprio de Paulo VI "Ministeria quaedam" que reformou as ordens menores e instituiu os ministérios laicais. O Papa Francisco celebra a ocasião com uma mensagem assinada em 15 de agosto, divulgada nesta quarta-feira (24/08), e anuncia que quer iniciar um diálogo com as conferências episcopais de todo o mundo "a fim de compartilhar a riqueza das experiências ministeriais que nesses cinquenta anos a Igreja viveu tanto como ministérios instituídos (leitores, acólitos e, só recentemente, catequistas) quanto como ministérios extraordinários e de fato". O objetivo, explica o Pontífice em sua mensagem, é "o de ouvir a voz do Espírito e não deter o processo, tendo cuidado para não querer forçá-lo impondo escolhas que são o fruto de visões ideológicas". Por isso, Francisco acredita que "é útil partilhar, ainda mais, no clima do caminho sinodal, as experiências desses anos. Elas podem oferecer indicações valiosas para chegar a uma visão harmoniosa da questão dos ministérios batismais e, assim, prosseguir em nosso caminho".

O caminho do Papa Montini e as Cartas de Francisco

Francisco na mensagem lembra que o motu próprio de Paulo VI não só renovou a disciplina das ordens menores e do subdiaconato, "mas ofereceu à Igreja uma perspectiva importante que teve a força de inspirar novos desenvolvimentos". Sobre a possibilidade de desenvolver novos ministérios foi falado durante o Sínodo sobre a Amazônia. A seguir, o Papa Francisco interveio sobre o assunto com duas Cartas Apostólicas: a primeira, "Spiritus Domini", de 10 de janeiro de 2021, abriu o acesso de pessoas do sexo feminino ao ministério instituído de Leitorado e Acolitado. A segunda, "Antiquum ministerium", de 10 de maio de 2021, instituiu o ministério de Catequista. "Essas duas intervenções", explica o Papa, "não devem ser interpretadas como uma superação da doutrina anterior, mas como um desenvolvimento a mais que se tornou possível porque se fundamenta nos mesmos princípios, coerentes com a reflexão do Concílio Vaticano II" que inspirou Paulo VI. O Papa Montini, aceitando os pedidos de "não poucos" Padres conciliares, cinquenta anos atrás "reconheceu às Conferências Episcopais a possibilidade de pedir à Sé Apostólica a instituição desses ministérios considerados necessários ou muito úteis em suas regiões. Até mesmo a oração de ordenação do bispo, na parte das intercessões, indica entre suas principais tarefas, a de organizar ministérios".

Fundações de cada ministério

Francisco explica que "o tema é de fundamental importância para a vida da Igreja: na verdade, não existe comunidade cristã que não expresse ministérios", como mostram as Cartas de São Paulo, onde "é descrita uma ministerialidade generalizada, organizada com base em dois fundamentos certos: na origem de cada ministério há sempre Deus que com seu Espírito Santo trabalha tudo em todos" e "a finalidade de cada ministério é sempre o bem comum, a construção da comunidade". Todo ministério é, portanto, "um chamado de Deus para o bem da comunidade". Graças a esses dois fundamentos, a comunidade cristã pode organizar "a variedade de ministérios que o Espírito desperta em relação à situação concreta em que vive". Esta organização, escreve o Papa, "não é um fato meramente funcional, mas um discernimento comunitário atento, na escuta do que o Espírito sugere à Igreja, num lugar concreto e no momento atual de sua vida". Assim, "toda estrutura ministerial que nasce desse discernimento é dinâmica, vivaz, flexível como a ação do Espírito: nela deve arraigar-se mais profundamente para não correr o risco de que o dinamismo se torne confusão, a vivacidade se reduza à improvisação extemporânea, a flexibilidade se transforme em adaptações arbitrárias e ideológicas".

Realidade superior à ideia

Francisco na mensagem lembra que "a eclesiologia de comunhão, a sacramentalidade da Igreja, a complementaridade do sacerdócio comum e o sacerdócio ministerial, a visibilidade litúrgica de cada ministério são os princípios doutrinais que, animados pela ação do Espírito, tornam a variedade de ministérios harmoniosa". A questão dos ministérios batizados aborda diversos aspectos que "certamente devem ser considerados: a terminologia usada para indicar os ministérios, sua fundação doutrinal, os aspectos jurídicos, as distinções e relações entre os ministérios individuais, o seu valor vocacional, os percursos de formação, o evento principal que possibilita o exercício de um ministério, a dimensão litúrgica de cada ministério". Questões evidentemente complexas, que, afirma o Papa, "certamente é necessário continuar aprofundando", mas sem "pretender defini-las e resolvê-las para então viver a ministerialidade", porque agindo dessa forma "muito provavelmente não conseguiremos caminhar muito". É por isso que na mensagem Francisco repete o que já foi escrito na Exortação "Evangelii gaudium", ou seja, que "a realidade é superior à ideia" e "é preciso estabelecer um diálogo constante entre as duas, evitando que a ideia acabe se separando da realidade". Além disso, o Papa lembra que "o tempo é superior ao espaço". Portanto, "mais do que a obsessão de resultados imediatos em resolver todas as tensões e esclarecer todos os aspectos, correndo o risco de cristalizar os processos e, às vezes, pretender pará-los, devemos apoiar a ação do Espírito do Senhor".

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

terça-feira, 23 de agosto de 2022

Meditações sobre a Ressurreição (Parte III)

Ressuscitou | Kerigma Católico News

3. MEDO E ESPERANÇA 

O medo dos Apóstolos, depois da Paixão

Os Evangelhos de São Lucas e São João mostram ao vivo, com detalhes cheios de sugestão, o estado de ânimo dos Apóstolos, ao anoitecer do dia da Páscoa, quando eram cada vez mais intensos – e confusos – os rumores dos que diziam que tinham visto Jesus vivo (Cf. Lc 24,36-49 e Jo 20,19-23).

Jesus ressuscitado acabava de estar com os discípulos de Emaús. Estes, quando Jesus os deixou, voltaram correndo, afogueados,  a Jerusalém – ao Cenáculo –  para contar a todos a grande notícia: como o tinham encontrado no caminho e como o haviam reconhecido ao partir o pão (Cf. Lc 24,35).

Os Apóstolos (todos, menos Judas, já morto, e Tomé, que andava ausente), e mais alguns discípulos – mulheres e homens -, acolheram-nos agitados, alegres e, paradoxalmente, ainda perplexos. Já eram vários os que falavam de que Cristo vivia – Ressuscitou, diziam, e apareceu a Simão! -; já se lhes ia acendendo no coração, como uma chama vacilante, a esperança, mas o sentimento dominante da maioria ainda era o medo. E é sobre este medo que agora vamos meditar. Pode dar-nos luzes boas, a nós que também conhecemos esta chama vacilante  que oscila entre o medo e a esperança.

O que nos conta o Evangelho? São João, falando desse fim de tarde do Domingo da Páscoa, começa por dizer que, ao anoitecer do mesmo dia, que era o primeiro da semana, os discípulos tinham fechado as portas do lugar onde se achavam, por medo dos judeus (Jo 20,19). Esta é a primeira coisa que comenta, para nos situar no ambiente: estavam trancados no Cenáculo, naquele quarto de cima (Cf. Lc 22,12) onde Jesus instituíra a Eucaristia, porque tinham medo: temiam, e com razão, que os mesmos que tinham acabado com Jesus quisessem acabar com eles, seus discípulos. Quem não teria medo de sofrer a mesma sorte do Mestre, odiado, perseguido e crucificado?

A verdade é que todos nós, nas mesmas circunstâncias,  sentiríamos a mesma coisa. Mas, por mais que compreendamos e desculpemos os discípulos, não devemos esquecer que esse medo surgiu e cresceu sobre um vácuo de esperança, uma falha que poderia não ter existido, e que, por isso, desagradou a Nosso Senhor. Se não fosse assim, Jesus teria sido injusto ao recriminar, primeiro aos de Emaús e depois a todos eles, o fato de terem sido obtusos e lentos em crer no que Ele próprio lhes dissera pelo menos três vezes, bem claramente: que era necessário que o Filho do Homem padecesse muitas coisas (Mc 8,31), que era necessário que fosse  levado à morte e que ressuscitasse ao terceiro dia (Lc 9,22).

Por que estais perturbados?

São Lucas, por sua vez, diz que, enquanto os de Emaús ainda falavam com os demais no Cenáculo – estando as portas bem trancadas -, Jesus apresentou-se no meio deles e disse-lhes: “A paz esteja convosco!”. Perturbados e atemorizados [o medo continuava], pensaram estar vendo um espírito [tão longe estavam de ter certeza da Ressurreição]. Mas Ele  disse-lhes: “Por que estais perturbados e por que surgem tais dúvidas nos vossos corações?” (Lc 24,36-38).

Como é humano o Evangelho! Como num filme realista, mostra-nos os pobres Apóstolos aturdidos pela surpresa inaudita de verem  Jesus no meio deles. Era algo tão fantástico, que lhes parecia impossível, e tremiam de medo de que não fosse verdade, de que seus sonhos tornassem a cair outra vez no chão, despedaçados, como lhes acontecera nas horas trágicas da Paixão.

Por isso, Jesus, cheio de carinho e de compaixão por aquelas crianças-grandes, meio perdidas, deu-lhes provas capazes de “arrasar” quaisquer dúvidas, para que vissem que tudo era verdade e abrissem as portas da alma, para que nela entrasse a alegria. ”Por que surgem – disse-lhes – tais dúvidas nos vossos corações? Vede as minhas mãos e os meus pés: sou Eu mesmo. Apalpai e vede, que um espírito não tem carne nem ossos, como verificais que Eu tenho”. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés (Lc 24,38-40).

E eles, vendo-o, tiveram uma reação tão humana! Como a da mãe, que recupera o filho que julgava perdido, e, de tão feliz, nem consegue acreditar que aquilo seja verdade; custa-lhe crer que possa haver neste mundo uma alegria tão grande! Diz o Evangelho: E, como, na sua alegria, não queriam acreditar, de tão  assombrados que estavam, Ele perguntou-lhes: “Tendes aí alguma coisa que se coma?” Então, ofereceram-lhe um pedaço de peixe assado; e, tomando-o, comeu diante deles (Lc 24,41-43).

É maravilhosa esta cena. Ver Cristo glorioso comendo um pedaço de peixe assado na frente de todos! Como olharia para eles, enquanto comia! Como eles o olhariam embasbacados, vendo-o comer! Não falta nesta cena aquela ponta de alegria bem-humorada que caracteriza Jesus após a Ressurreição. Como Jesus é humano! E como é divino, na grandeza do seu Amor!

O medo bom e o medo mau

Vale a pena aprofundarmos um pouco no que esta cena da Ressurreição nos sugere a respeito do medo e da esperança. Quem conhece o Evangelho, sabe que Jesus falou várias vezes aos Apóstolos sobre o medo. Poderíamos lembrar várias passagens.

Talvez  a mais interessante, porém, seja aquela em que Jesus deu aos Apóstolos uma bela lição, para que aprendessem a “temer” direito, a temer “bem”, coisa que não é nada fácil. Porque se pode ter um medo bom ou um medo mau, um medo certo ou um medo errado. Essa lição, deu-a Jesus numa ocasião em que estava falando da Providência de Deus nosso Pai. Explicou-lhes, então, com carinho:  Digo-vos a vós, meus amigos: não tenhais medo daqueles que matam o corpo e depois disso nada mais podem fazer. Eu vos mostrarei a quem deveis temer: temei aquele que, depois de matar, tem o poder de lançar no inferno; sim, eu vo-lo digo: temei a este (Lc 12,4-5).

A seguir, tranquilizou-os, dando-lhes a certeza de que podiam esperar tudo da bondade de Deus, de tal modo que a esperança vencesse sempre o temor: Não se vendem cinco pardais por dois vinténs? E, entretanto, nem um só deles passa despercebido diante de Deus. Até os cabelos da vossa cabeça estão todos contados. Não temaispois. Vós  valeis mais do que muitos pássaros (Lc 2,6-7).

É importante não perder de vista os “dois medos” de que Jesus fala: o que um filho de Deus não deve ter e o que todos devemos ter.

Há uma coisa comum a todos os medos: o receio de perder algo que amamos. Santo Tomás de Aquino, com muita acuidade, diz que “todo o temor nasce do amor”. E Santo Agostinho, mais poético, diz que o medo é “o amor em fuga” (o amor que quer fugir daquilo que lhe pode roubar o seu bem, ou seja, aquilo que ama). Assim, quem ama o dinheiro e acha que é o maior bem da sua vida, tem pavor de perder o dinheiro. Quem ama muito a esposa ou o marido e os filhos – seu maior bem na terra -, treme de medo de perdê-los. E quem ama a Deus sobre todas as coisas teme mais do que tudo perdê-lo eternamente ( este é o santo temor de Deus).

Quer dizer que os nossos medos são como que a sombra dos nossos amores. Se eu descubro o que é que mais temo perder, perceberei o que  mais amo na vida. Isto faz lembrar aquele delicioso braço-de-ferro que se deu entre São Luís, rei da França, e o chefe do seu exército, Joinville, senescal da Champagne, contado por este último na sua crônica biográfica sobre o santo rei.

São Luís disse certa vez a Joinville que preferia cem vezes mais ficar leproso a cometer um só pecado mortal. Joinville, muito franco e desbocado, retrucou dizendo que preferia cometer cem pecados mortais antes que ficar leproso. E São Luís ficou tão aflito que naquela noite não dormiu e, no dia seguinte, chamou Joinville e, muito mansamente, lhe fez ver que a lepra acaba quando morre o corpo, mas que o pecado mortal pode acompanhar a alma no inferno por toda a eternidade.

É exatamente neste sentido que Jesus nos diz que não temamos o que nos pode fazer perder os bens efêmeros, e, pelo contrário, temamos o que nos pode fazer perder os bens eternos.

Os bens efêmeros e os bens eternos

Normalmente, nós fazemos o contrário do que Jesus nos ensina. Horroriza-nos perder a saúde corporal, mas não nos horroriza perder a saúde espiritual   (o pecado mortal, que tanto preocupava São Luís da França). Os pais, com frequência, fazem como Joinville; pensam que, para o filho, é cem vezes pior o risco de não entrar na faculdade do que o risco de não entrar no Céu. Por isso, acham importantíssimo que estudem horas e horas – o que está certo –, mas não ligam se os filhos não dedicam a Deus sequer a hora semanal da Missa, e não se confessam nem uma vez por ano, e não levam nem um pouquinho a sério o sexto e o nono mandamento da Lei de Deus.

E, no entanto, os bens efêmeros sempre nos deixam o coração angustiado, porque, mesmo quando parecem mais seguros, inquieta-nos o medo de perdê-los, uma vez que todos eles são bens que mudam ou podem mudar (por exemplo, a fortuna ou a amizade), que morrem ou podem morrer (amigos, parentes, nós mesmos), que enganam ou podem enganar (qualquer ser humano, pecador como nós, pode iludir-nos), que frustram ou podem frustrar (como muito sonhos conquistados que depois nos decepcionam)… Por isso, é loucura pôr neles todas as esperanças da vida!

Todos sabemos – apesar de que preferimos não pensar – que a doença, o desemprego, a falência, a perseguição, a morte, toda sorte de “contrariedades” e “desgraças” podem roubar-nos esses bens. Mas esquecemos que ninguém –a não ser nós mesmos – pode roubar-nos  os bens eternos, se nos esforçamos por viver no amor de Deus. Quem nos separará do amor de Cristo? – dizia São Paulo, num santo desafio. – A tribulação? A perseguição? A fome? A nudez? O perigo? A espada? […] Mas, em todas essas coisas somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou. E conclui dizendo que não existe poder nem força nos céus, na terra e nos abismos que nos possa separar do amor de Deus em Cristo Jesus Senhor nosso (Cf. Rom 8,35-39). Só o nosso pecado!

É um grande cântico à esperança esse de São Paulo! Foi desse teor o que entoaram os mártires, espoliados e desenganados de tudo na terra, mas que caminhavam para a morte cantando, com a esperança de receberem o abraço eterno de Deus.

Entendemos o que são os “bens eternos”?

Vamos pensar um pouco mais, e descobriremos um panorama ainda mais belo. Comecemos perguntando-nos: quais são os bens eternos?

Numa primeira resposta, imediata, diríamos: a Vida eterna, o Céu, que é a visão e a posse amorosa de Deus – supremo Bem e soma de todos os bens – para sempre. E talvez acrescentássemos que também são bens eternos as coisas que nos santificam e nos encaminham para o Céu, como a oração, as Confissões e Comunhões bem feitas, os sacrifícios e penitências oferecidos a Deus com sinceridade e devoção.

Tudo isso é verdade, mas, se ficássemos só nisso, não acabaríamos de entender o que Cristo nos ensinou. Neste sentido, são muito esclarecedoras as seguintes palavras de Jesus: Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a ferrugem e a traça corroem, onde os ladrões furam e roubam. Ajuntai para vós tesouros no Céu, onde nem a traça nem a ferrugem os consomem, e os ladrões não furam nem roubam (Mt 6,19-20).

Cristo fala-nos de ir juntando, ao longo da vida, muitos tesouros no céu, que jamais nos serão roubados, que não serão efêmeros, mas eternos. E, quais são esses tesouros? Todos os nossos pensamentos, palavras, ações, iniciativas, empreendimentos, trabalhos, divertimentos, conversas, alegrias, etc, etc, que – praticados por nós com a alma em estado de graça – estiverem de acordo com a vontade de Deus, e forem marcados pela retidão e, sobretudo, pelo amor a Deus e ao próximo.

É muito esclarecedor o que Jesus diz sobre o grande valor que pode ter um simples copo d’água: Todo aquele que der ainda que seja somente um copo de água fresca a um destes pequeninos, por ser meu discípulo, em verdade vos digo, não perderá a sua recompensa (Mt 10,42). Quer dizer que tudo o que  for bom e reto, tudo o que não for egoísta, por pequeno que seja, se é vivido com amor (a Deus e aos nossos irmãos) passa a ser um bem eterno, que a morte não poderá levar. Jesus frisa especialmente as boas obras, as obras de misericórdia feitas em favor dos necessitados: Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber […] Todas as vezes que o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes. É bonito perceber que, vivendo assim, agindo retamente, com coração grande, tornamos eterno pelo amor tudo o que fazemos!

De fato, se vivêssemos deste modo, que medo poderíamos ter? É inevitável, certamente, o medo psicológico instintivo (pura reação emocional), que nos acomete diante de um perigo, um assalto, uma doença grave, uma incerteza… Mas o cristão pode superar esse temor graças à virtude da esperança, coisa que o descrente não pode fazer. Pode superar isso, porque a esperança cristã (virtude teologal) nos garante, com absoluta certeza, duas coisas:

Primeira, que Deus é tão bom que faz concorrer tudo para o bem daqueles que o amam (Rom 8,28)absolutamente tudo.

Segunda, que, se lhe formos fiéis, o sorriso de Cristo estará aguardando-nos, por assim dizer, junto da porta escancarada da casa do Pai, para nos oferecer uma felicidade indestrutível, eterna, um Amor sem fundo e sem fim. Eu vou preparar-vos um lugar… Quero que onde estou, estejais vós comigo… Vinde, benditos de meu Pai, tomai posse do Reino que vos está preparado desde a criação do mundo ( Cf. Jo 14,2-4; Jo 17,24; Mat 25,34).

Aconteça o que acontecer, pois, se tivermos fé, esperança e amor (ou seja, se formos cristãos), perceberemos que Jesus está sempre ao nosso lado e sempre nos diz: A paz esteja convosco; sou Eu, não tenhais medo (Cf. Lc 24,36.38-39).

É lógico, portanto, que, ao meditarmos sobre o mistério da Páscoa, demos graças a Jesus porque, com a sua Ressurreição, conquistou para nós a vitória sobre o medo, porque substituiu o nosso medo pela grande esperança, essa belíssima virtude, que é o perfume e o incentivo da alma dos que ainda  caminhamos na terra rumo à Casa do Pai.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF