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quinta-feira, 1 de setembro de 2022

Meditações sobre a Ressurreição (Parte VI)

Ressuscitou | comshalom

6. AS LÁGRIMAS DE SÃO PEDRO

Pedro se entristeceu           

Uma das cenas mais tocantes do relato evangélico sobre as aparições de Jesus ressuscitado é a do diálogo que Cristo manteve com Pedro, enquanto caminhavam à beira do lago de Tiberíades (João, 21, 15 ss.).

Sete dos discípulos de Jesus – conta São João –, enquanto esperavam na Galileia o encontro que Cristo marcara lá com eles (cf. Mc 16,7), foram pescar no lago, como tantas vezes o haviam feito em anos anteriores.  Naquela noite, porém, nada apanharam. Começavam a voltar para a praia, quando avistaram, na vaga luz do amanhecer, uma figura imprecisa. Não é agora o momento de comentar com detalhe toda essa belíssima passagem do Evangelho, que ocupa todo o capítulo 21 de São João.  Baste-nos lembrar que a “figura” avistada era Jesus, que Cristo se dirigiu logo a eles com afeto, orientou-lhes a pesca e realizou um milagre; depois, tomou com eles, sentados na praia, uma refeição de peixe assado e pão, e lhes inundou o coração de ternura e alegria.

Tendo eles comido, Jesus perguntou a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes? Respondeu ele: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo” … Três vezes

repetiu essa pergunta amorosa. Podemos imaginar os sentimentos de Pedro, que por três vezes tinha negado Jesus durante a Paixão. O apóstolo, com certeza, não esperava essas palavras. Talvez aguardasse apenas uma manifestação explícita de que, apesar de seu grave pecado, nosso Senhor já o perdoara. Jesus, porém, lembrou-lhe indiretamente, delicadamente, suas três negações. Se mexeu, porém, de leve na sua ferida, foi apenas para ungi-la com o bálsamo do carinho e da esperança.

Não há dúvida de que a pergunta de Jesus – os três pedidos de amor e a confiança com que o confirmou em sua missão – trouxe à memória de Pedro aqueles momentos amargos da Paixão em que negara uma e outra vez conhecer Cristo e declarara enfaticamente nada querer saber dele. Como lhe doeu logo na alma ter sido tão covarde, tão egoísta, capaz de renegar Jesus e até de falar mal dele, para salvar a sua própria pele.

Naquela noite triste, Cristo estava no pátio da casa do sumo sacerdote, preso, manietado, com as faces roxas de pancadas e sujas de escarros e a alma dilacerada por insultos e calúnias, e muito precisado de carinho, de consolo, de amizade… E foi justamente nessa noite Pedro o rejeitou, negou conhecê-lo e disse não ter nada com ele. Mas, ao mesmo tempo, foi uma noite muito bonita. É comovente lembrar que, depois da terceira negação, quando o galo já havia cantado – como Jesus predissera –, diz são Lucas que, voltando-se o Senhor, olhou para Pedro. Então Pedro lembrou-se da palavra do Senhor:” Hoje, antes que o galo cante, me negarás três vezes”. E, saindo fora, chorou amargamente (Lc 22,62).

Pobre Pedro! Como deve ter sido aquele olhar de Jesus sofredor! Nele não houve nada de recriminação, nada de ressentimento. Apenas estava dizendo a Pedro com os olhos: “Eu te amei com predileção e, apesar de tudo o que acabas de fazer, continuo a amar-te, pobre amigo, pobre filho meu”. Era um olhar de misericórdia, que é a expressão mais bela e profunda do amor que Deus nos tem, “amor mais forte do que a morte –diz João Paulo II -, mais forte do que o pecado”. E ainda acrescenta: “São infinitas a prontidão e a força do perdão de Deus. Nenhum pecado humano prevalece sobre esta força e nem sequer a limita” (Enc. Dives in misericordia, n. 83). Será que percebemos a enorme fonte de confiança, a inesgotável fonte de esperança que é, para o pecador – para todos nós, que somos pecadores -, a misericórdia de Deus? É tão imensa, tão incrível, que nos desarma.

Pois bem. Foi isso o que aconteceu com Pedro depois daquele olhar de Jesus. Lembrou-se então, com certeza, do momento em que Jesus o escolhera para ser seu Apóstolo, o chefe dos Apóstolos, a pedra fundamental da sua Igreja (cf. Jo 1,40-42). Lembrou-se do imenso oceano de cuidados, compreensão, afeto, paciência, ensinamentos e ajudas que Jesus lhe havia dispensado ao longo dos três anos em que tinham andado juntos; compreendeu que tinha sido objeto de um carinho imenso, que, mesmo que quisesse, não teria como pagar… E, naquela noite de dores, Jesus lhe pagava o pecado, não com um castigo, nem sequer com um olhar de censura ou de rejeição, mas com aquele olhar acolhedor e afetuoso. Por isso, Pedro, saindo fora, chorou, chorou transtornado de pena, chorou desfeito perante a misericórdia de Cristo… dizem que, durante anos, ainda se lhe notava na face a vermelhidão causada por tantas lágrimas.

Eram lágrimas de amor ardente. Houve outro Apóstolo, que, nas horas da Paixão, também negou, traiu, e se arrependeu – Judas –, mas chorou só de remorso e de raiva, do horror insuportável que lhe causava perceber o pecado que tinha cometido. Pequei, entregando o sangue de um justo (Mt 27,4) – gritou; mas não lhe adiantou nada. Não soube confiar na misericórdia de Deus, não foi capaz de acreditar na misericórdia divina, “que – como diz o Papa João Paulo II – sabe tirar o bem de todas as formas do mal existente no homem e no mundo” (Enc. Dives in miseriordia, n.44).  Judas Iscariotes desesperou-se, jogou então no templo as moedas de prata, saiu e foi enforcar-se (Mt 27,5). Poderia ter sido um grande santo, se tivesse compreendido o coração de Jesus, se tivesse sido humilde…!

Reflexos da misericórdia de Deus 

Mas voltemos àquela conversa a sós de Jesus ressuscitado com Pedro, à beira do lago, pois ela nos sugere outras coisas belíssimas, além das que já meditamos.

Para isso, será bom recordar a cena completa: Tendo eles comido, perguntou Jesus a Simão Pedro: “Simão, filho de João, tu me amas mais do que estes?” Respondeu ele: “Sim, Senhor, tu sabes que eu te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros”. Perguntou-lhe outra vez: “Simão, filho de João, tu me amas?” Respondeu-lhe: “Sim, Senhor, tu sabes que te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta os meus cordeiros”. Perguntou-lhe pela terceira vez: “Tu me amas?” Pedro entristeceu-se porque lhe perguntou pela terceira vez: “Tu me amas?”, e respondeu-lhe: “Senhor, tu sabes tudo, tu sabes que eu te amo”. Disse-lhe Jesus: “Apascenta as minhas ovelhas”. 

Que vemos aí? Que verdades sobre Cristo nos mostra esse trecho do Evangelho? São coisas difíceis de expressar, ainda que sejam coisas muito simples. Todas elas são reflexos da misericórdia de Deus:

– Por um lado, Jesus ajuda Pedro a apagar os seus três pecados com três atos de amor.

– Em segundo lugar, Jesus faz ver a Pedro que, apesar do seu pecado, o considera capaz de ser muito santo, de amar mais do que todos estes, mais do que ninguém. Que confiança!

– Terceiro: em vez de depor Pedro do seu cargo de Pastor e chefe da Igreja, por ter caído tão baixo, Jesus faz questão de confirmá-lo na autoridade que lhe havia conferido, para que fosse o primeiro entre todos os Apóstolos (Cf. Mt 16,18-19). Como vemos, Jesus confirma-o na função de pastor dos cordeiros e pastor das ovelhas, ou seja, pastor dos pastores e pastor do povo fiel, de todo o seu rebanho, que é a Igreja.

Todos esses “reflexos da misericórdia” nos falam da esperança que deve animar a nossa vida de filhos de Deus. O primeiro e o segundo “reflexo” falam sobretudo da confiança que Jesus tem em nós, na nossa capacidade de nos recuperarmos, por mais que tenhamos sido e sejamos pecadores; e também da alegria que Deus “experimenta” quando um pecador – por mais “trapo sujo” que seja – se volta para Ele, arrependido e com amor.

Há um poeta católico francês, Charles Péguy, que captou muito bem a beleza deslumbrante da misericórdia e da esperança que ela suscita. Vale a pena lembrar o seguinte trecho de um de seus poemas?

            “Deus pôs a sua esperança em nós. Foi Ele que começou. Ele esperou que o último dos pecadores,

            que o mais ínfimo dos pecadores, fizesse pelo menos algum pequeno esforço pela sua salvação,

            por pouco, por pobremente que se esforçasse,

            que se ocupasse ao menos um pouco disso.

            Ele esperou em nós. Virá a ser dito que nós não esperamos nele?

            Deus depositou a sua esperança, a sua “pobre” esperança em cada um de nós, no mais ínfimo dos pecadores.

            Virá a ser dito que nós, ínfimos, que nós, pecadores, vamos ser nós a não depositar a nossa esperança nele?

É essa riqueza do amor paternal de Deus a que se vê de forma tocante na parábola do filho pródigo. O filho menor abandona a casa paterna, comete pecado atrás de pecado, disparate atrás de disparate, e Jesus mostra-nos o seu pai, que simboliza Deus, encostado ao limiar da porta de casa, perscrutando o caminho, na esperança de ver um dia o filho voltar. E quando enxerga ao longe uma nuvenzinha de pó, o seu coração adivinha o retorno do filho, e quando já se aproxima aquele mendigo empoeirado, o pai já sabe que é ele, e, então, movido de compaixão, correu-lhe ao encontro, lançou-se-lhe ao pescoço e o cobriu de beijos (Lc 15, 20)Bastou ao filho a boa vontade de arrepender-se, de voltar, de abrir o coração para dizer, com doída sinceridade: Pai, pequei contra o céu e contra ti…, para ser envolvido por todo o amor do pai.

Quem não sabe dizer pequei, esse não sabe dizer Pai! Porque só quem descobriu o amor de Pai que Deus nos tem pode dar-se conta de como lhe pagou mal tanto amor, de como o esqueceu, de como lhe desobedeceu, de como o ofendeu…., e então pode doer-se por amor, que é o verdadeiro arrependimento, a verdadeira contrição. Foi o sentimento que Pedro tinha no seu coração e que Jesus o ajudou a externar com palavras:  Amas-me? –Amo-te… 

Sem esse amor, infelizmente, nem chegamos a reconhecer os nossos pecados. Achamos uma desculpa para todos eles, a começar pela desculpa de dizer que nem sequer são pecados, que “eu não cometo pecados”, e assim fechamos o mal dentro da câmara escura do nosso coração e trancamos a porta à misericórdia de Deus, ao seu perdão.

Mais reflexos da misericórdia

Mas, como víamos, há um segundo ponto. Jesus, na praia, perguntou a Pedro:  Amas-me mais do que estes? É o segundo ato de confiança de Jesus. O pecador que se arrepende de verdade, por amor, recebe a graça de Deus – normalmente mediante a confissão -, e, se corresponde a essa graça, pode chegar a uns cumes de santidade infinitamente maiores do que os abismos aonde se precipitou com o pecado. É o que aconteceu com Pedro, com Paulo, com Santo Agostinho e com tantos outros. E aí temos outro grande motivo de esperança.

Por isso, não tem o espírito cristão a pessoa que diz: “Eu já pequei tanto, caí tão fundo, fiz tantas barbaridades, que o máximo a que posso aspirar é a obter a duras penas o perdão de Deus e entrar no Céu por uma frestinha, como o último da fila, como o “patinho feio”, depois de ter ficado no purgatório até o fim do mundo…”. É uma maneira errada, nada cristã, de ver as coisas.

Isso está claro no caso de Pedro. Mas também fica patente na parábola do filho pródigo. Ao filho pecador que se arrepende, o pai cumula-o de tantos bens e tantas honras, envolve-o em tanta alegria, que provoca a inveja do irmão mais velho, trabalhador, honesto, mas egoísta e mesquinho. Convinha fazermos uma festa – retruca o pai -, pois este teu irmão estava morto, e reviveu; estava perdido, e foi achado (Lc 15,32) Este é o espírito de Jesus: Digo-vos que haverá mais júbilo no céu por um só pecador que fizer penitência do que por noventa e nove justos que não necessitam de arrependimento (Lc 15,7).

Sim. Este é o espírito de Jesus. Será que é o nosso? Nós confiamos assim? Somos capazes de arrepender-nos assim? Somos capazes de fazer penitência, por amor, e de mudar com alegria e de recomeçar com vibração? Cristo deixou-nos um meio fácil e acessível: o Sacramento da Penitência, a confissão. Dele diz o Papa João Paulo II, na encíclica que antes citávamos: “Neste Sacramento, todos podem experimentar, de modo singular, a misericórdia, isto é, aquele amor que é mais forte do que o pecado”.

E é também o Papa João Paulo II quem nos diz, com belas palavras: “A conversão a Deus consiste sempre na descoberta da sua misericórdia, do seu amor fiel até às últimas consequências. O autêntico conhecimento do Deus da misericórdia é a fonte constante e inexaurível de conversão” (Cf. encíclica Dives in misericordia, nn. 44, 57, etc.) 

Um último reflexo 

Mas ainda nos resta dizer alguma coisa sobre o terceiro ponto. Jesus não só perdoa Pedro como o confirma naquela missão da máxima responsabilidade, que é ser o supremo Pastor da Igreja aqui na terra. Também aí a prova de confiança de Jesus é tão grande que dá à nossa esperança vibrações de alegria.

Eu penso que, aplicado a cada um de nós, isto nos diz: “Deus espera muito de você, por mais que a sua vida passada tenha sido um desastre. Não fique apontando baixo. Não coloque metas medíocres na sua vida cristã, na sua vida de intimidade com Deus, na sua oração, no seu apostolado, na sua dedicação ao bem material e espiritual dos seus irmãos. Seja audaz! Aponte muito alto, pois é aí, nas alturas, que Cristo – que o perdoou e voltará sempre a perdoar, se se arrepender – o espera”.

Aquele poeta antes citado contempla a vida dos filhos de Deus como um caminho ascendente, sempre subindo, sempre subindo, até chegar ao Céu. Ele imagina a fé, a esperança e a caridade como três irmãs, e diz que a esperança é a irmã menor, que parece fraquinha, mas que, na realidade, é a que arrasta com força irresistível as outras duas:

            “No caminho ascendente, arenoso, incômodo,

            na caminhada ascendente,

            arrastada, pendurada dos braços das irmãs mais velhas,

            que a levam pela mão,

            a pequena esperança

            avança.

            E, no meio, entre as duas irmãs mais velhas, tem o ar de se deixar arrastar,

            como uma menina que não tivesse forças para caminhar,

            e que fosse arrastada pela estrada contra vontade.

            Quando, na realidade, é ela que faz andar as outras duas,

            E que as arrasta,

            E que faz andar toda a gente,

            E que a arrasta.

Força e grandeza da esperança cristã! É uma chama radiante que a ressurreição de Jesus faz arder no mais fundo do coração. O Papa diz que “Cristo ressuscitado é a encarnação definitiva da misericórdia, o seu sinal vivo”. Peçamos ao Senhor que, mesmo que tenhamos a desgraça de traí-lo muitas vezes, nos conceda a graça de não trairmos nunca a esperança, essa fabulosa esperança que Ele nos ganhou morrendo e ressuscitando, e que a nossa Mãe Maria, Mãe de misericórdia, nos ajude a mantê-la como um farol aceso.

Fonte: https://presbiteros.org.br/



A catequese na comunidade eclesial e no mundo

"The conversion of Paul" (1567), de Pieter Breughel (também Brueghel ou
Breughel), exposta no Kunsthistorisches Museum, Viena 
(©Adam Ján Figeľ - stock.adobe.com)

A Igreja sempre deu uma grande atenção à catequese pelo serviço que presta aos fieis através da evangelização, na transmissão das verdades referentes à fé, à esperança e à caridade. O Papa Francisco ressaltou a catequese como evangelização que procura o crescimento, fator fundamental que implica tomar a sério, o projeto que Deus tem para cada pessoa. O ser humano necessita de uma evangelização digna com a plena verdade que não é mais ele quem vive, mas é Cristo que vive nele (Gl 2,20).

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

O mês vocacional dedicou atenção especial às vocações de modo que no final do mês a Igreja lembra o serviço da catequese na comunidade e no Reino de Deus. É fundamental o serviço dos catequistas, homens e mulheres que se doam para a evangelização na família, na comunidade e na sociedade. É preciso sempre mais a valorização deste dom, para que a Palavra de Deus e a Tradição sejam bem assumidas, compreendidas pelas pessoas, lideranças e a divulgação da evangelização testemunhem o amor de Deus pelo mundo inteiro.

A catequese é um carisma muito importante na vida eclesial, tratando as coisas de Deus, do ser humano, dos sacramentos e da vida da comunidade. A catequese é uma palavra que vem do grego katechéo, cujo significado é instruir em viva voz. É a instrução religiosa, o ensinamento oral, de uma linguagem falada da religião cristã[1]. Ela também vem do verbo grego katechein, tendo como sentido dar informações, receber, deixar ressoar dentro do ouvido, do coração. É comunicar a Palavra de Deus e vivê-la no cotidiano da existência[2].

Antes de partir para a casa do Pai, pelo evangelista Mateus, enviou Jesus os seus discípulos para o mundo em vista do discipulado em unidade com o Senhor, tendo presente o batismo das pessoas em nome de Deus Uno e Trino. As coisas realizar-se-iam em nome do Senhor. Ele garantirá a sua presença todos os dias, até o fim dos tempos (Mt 28, 19-20). Pelo evangelista Marcos é levado em sua importância também o mandato de Jesus que enviou os seus discípulos ao mundo inteiro, para proclamar o Evangelho a toda criatura (Mc 16,15). A palavra de Jesus requer a aceitação de sua palavra, o sacramento do batismo, o anúncio da boa nova como graça em vista da salvação humana.

A Igreja e o Papa Francisco com a catequese

A Igreja sempre deu uma grande atenção à catequese pelo serviço que presta aos fieis através da evangelização, na transmissão das verdades referentes à fé, à esperança e à caridade. O Papa Francisco ressaltou a catequese como evangelização que procura o crescimento, fator fundamental que implica tomar a sério, o projeto que Deus tem para cada pessoa. O ser humano necessita de uma evangelização digna com a plena verdade que não é mais ele quem vive, mas é Cristo que vive nele (Gl 2,20)[3]. O Papa continua o seu discurso afirmando que a catequese tem um papel fundamental, o primeiro anúncio ou querigma o qual ocupa o centro da atividade evangelizadora e de toda renovação eclesial.

O que é o querigma?

Para o Papa Francisco ele é trinitário. Ele diz respeito ao fogo do Espírito que se dá sob a forma de línguas e crê em Jesus Cristo, que com a sua morte e ressurreição, revela e comunica a misericórdia infinita do Pai. Na pessoa do catequista, em sua boca ressoa o primeiro anúncio, que Jesus é amor e ama as pessoas, deu a sua vida para salvar o catequista, o mundo e agora ele vive com a pessoa do catequista para lhe iluminar, fortalecer, dar a libertação[4]. É o anúncio principal, aquele que sempre se volta a ouvir de diferentes maneiras, aquele que sempre se tem de voltar a anunciar, durante a catequese nas diversas etapas da mesma e momentos[5]. Este anúncio é o fundamental, sendo o mais sólido, o mais consistente e mais sábio. Toda a formação cristã é em vista do querigma que vai se tornando carne, que ilumina a tarefa catequética e permite o desenvolvimento de outros temas que se dão na catequese. A centralidade do querigma é o amor salvífico de Deus para a humanidade em Jesus Cristo, na ação do Espírito Santo[6].

O que é proposto na Amazônia?

O Papa Francisco insiste que o querigma e o amor fraterno constituem a grande síntese de todo o conteúdo do Evangelho, da Boa Nova do Reino, que não se deixa de propor na Amazônia. Os grandes evangelizadores da América Latina viveram isso como São Toríbio de Mogrovejo, São José de Anchieta entre outros evangelizadores e evangelizadoras no contexto da Amazônia e da América Latina[7].

A catequese na Igreja antiga

É muito importante dar uma idéia de como era a catequese nos primeiros séculos do cristianismo. Tudo coincidiu com o discurso missionário do Kerygma. Ele tornou-se a instrução batismal em relação à fé, ao testemunho de vida e sobre os sacramentos da iniciação à vida cristã, o batismo, a crisma e a eucaristia. A catequese assim intensa se distinguiu da educação e da formação em geral, pois levava a pessoa ao conhecimento da verdade de Jesus Cristo, a sua paixão, morte, ressurreição e à vida eclesial[8].

A explicação dos três artigos da fé cristã

Santo Ireneu, Padre da Igreja e bispo de Lião, séculos II e III, foi um bispo preocupado com a catequese com o povo de sua Diocese. Ele aprofundou os três artigos da fé cristã, do qual chamou o fundamento do edifício e à base da nossa conduta. O primeiro artigo diz respeito a Deus Pai, incriado, invisível, único Deus, Criador do universo. O segundo é o Verbo de Deus, Filho de Deus, Jesus Cristo que apareceu aos profetas, segundo a economia disposta pelo Pai e por meio dele foi criado o universo.

Ele se fez homem entre as pessoas, visível (1 Jo 1,1), para destruir a morte (2 Tm 1,10), para manifestar a vida, restabelecer a comunhão entre Deus e o ser humano ( 2,13-18). O terceiro artigo refere-se ao Espírito Santo, de cujo poder os profetas profetizaram, os Padres foram instruídos com relação a Deus, os justos foram guiados no caminho da justiça, e no fim dos tempos foi difundido sobre a humanidade, por toda a terra, renovando o ser humano para Deus (Sl 104; 103, 30. Desta forma o batismo, significava o novo nascimento para os fieis, renascendo a Deus Pai, por meio de seu Filho no Espírito Santo[9].

Deus Uno e Trino

São Gregório de Nissa, Padre da Igreja e bispo do século IV contribuiu com a catequese afirmando a unidade na natureza divina, um só Deus em três Pessoas[10]. Deus não é pensável sem o Verbo, pois Ele o possui a partir do momento que não é privado dele. Ele subsiste eternamente[11]. A catequese segundo São Gregório de Nissa, tinha presentes a fé em Cristo, pois pelo Verbo do Senhor foram criados os céus e, do Espírito da sua boca, todo o seu exército[12].

A iniciação dos candidatos aos sacramentos

Santo Agostinho, bispo de Hipona, séculos IV e V, escreveu uma obra catequética para os não cristãos, porque São Deogratias, bispo no século V, pediu a Santo Agostinho para que elaborasse argumentos cristãos, catequéticos endereçados aos não cristãos. Santo Agostinho insistiu que o objetivo da instrução era fé verdadeira e a caridade, o amor a Deus, ao próximo, como a si mesmo. As Sagradas Escrituras tem presentes isso, a vinda do Senhor Jesus Cristo, dando ao conhecimento da Igreja, o povo de Deus[13] e de manifestar o seu amor para com toda a humanidade(Jo 3,17), pois a plenitude da Lei é a caridade (Rm 13,10)

Ele também incentivou as pessoas que iniciavam a catequese para que elas tivessem uma visão a respeito da Sagrada Escritura, e tendo aceitação das mesmas, haveria numa cerimônia solene, marcados com o sinal da cruz para serem acolhidas conforme o costume da Igreja. Através das realidades visíveis, honravam-se as realidades divinas invisíveis, pois aquela matéria santificada pela benção não era mais uma consideração como uma coisa comum[14].

A catequese é um serviço muito importante na vida da comunidade e no Reino de Deus. Ela leva as pessoas a aprofundar as verdades sobre Deus, o ser humano, a natureza. Ela tem como base o Kerygma que é o anúncio da vida, paixão, morte, ressurreição do Senhor na vida eclesial, familiar e social. O serviço da catequese seja sempre mais valorizado pelos agentes de pastoral.

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[1] Cfr. Catechèsi. In: Il vocabolario treccani, Il Conciso. Milano, Trento, 1998, pg. 283.

[2] Cfr. O. Pasquatto. Catechesi. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità CristianeA-E, diretto da Angelo Di Berardino. Genova-Milano, Casa Editrice Marietti SpA, 2006, pg. 903.

[3] Cfr. Exortação Apostólica Evangelii Gaudium do santo Padre Francisco, 160. Vaticano, Tipografia Vaticana, 2013.

[4] Cfr. Idem, 164.

[5] Cfr. Idem, 164.

[6] Cfr. Idem, 165.

[7] Cfr. Querida Amazônia, 65. In: Exortação Apostólica pós-sinodal do santo Padre Francisco. Brasília, Edições CNBB, 2020.

[8] Cfr. O. Pasquatto. Catechesi. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane, pgs 902-903..

[9] Cfr. Irineu de Lyon. Demonstração da Pregação Apostólica, 6-7. São Paulo, Paulus, 2014, pgs. 75-76.

[10] Cfr. Gregório de Nissa. A grande Catequese, I, 1. São Paulo, Paulus, 2011, 288.

[11] Cfr. Idem, I,5, pg. 289.

[12] Cfr. Idem,IV, 2, pg. 295.

[13] Cfr. Santo Agostinho. Primeira Catequese aos não cristãos, III, 6. São Paulo, Paulus, 2013, pg. 139.

[14] Cfr. Idem, XXVI, 50, pg. 139.

“Previsão dos tempos”

Previsão dos tempos | Guadium Press
Uma corrida de olhos nos fenômenos climáticos (sociais) nos leva a refletir sobre “a previsão dos tempos” que se aproximam.

Redação (31/08/2022 11:30Gaudium Press) Os eventos extraordinários na natureza e na sociedade não param de aumentar em todo o mundo. De todos os lados, ouve-se falar de acontecimentos sem precedentes, recordes históricos e fenômenos nunca registrados.

Se a meteorologia não cuidasse apenas de prever o que pode acontecer na natureza, mas por um instante voltasse os olhos para analisar os fatos do mundo civil, militar, político e eclesiástico, que acontecimentos poderia prever para o último trimestre de 2022?

Rússia: Tufão vermelho

No início do ano, tivemos o aumento das temperaturas no leste europeu, seguido logo pelo tufão russo que penetrou em território ucraniano, ameaçando devastar inclusive outros países do continente europeu. A Ucrânia sofreu com a passagem do tufão que a invadiu simultaneamente pelo norte, pelo leste e pelo mar. A previsão alertava ser um tufão violento, mas afinal demonstrou ser menos forte do que parecia.

Em Taiwan, temperaturas elevadas

Enquanto no hemisfério sul o clima permanecia agradável, no hemisfério norte o calor se expandia. Entre China e Estados Unidos os termômetros ameaçavam atingir os recordes dos anos 1939-1945. Em Taiwan, o clima ainda permanece inseguro por mais algumas semanas.

Mais gelo entre o Alaska e a Sibéria?

A atmosfera pode ficar densa entre Estados Unidos e Rússia nos próximos meses. A frente fria duradoura que sucedeu a Segunda Grande Guerra Mundial, com a corrida armamentista e espacial, pode estar voltando a estes países em breve. Os gráficos e os modelos da década de 60 apontam as semelhanças e as probabilidades de se repetirem estes fenômenos. A missão Artemis, que pretende instalar uma estação espacial na Lua, e a reforma da ISS (Estação Espacial Internacional) podem manter temperaturas incomumente baixas no próximo inverno boreal. Ademais, como se sabe, as estações da Lua podem afetar inclusive as marés do Mediterrâneo e as águas turbulentas do Canal da Mancha.

Ventos com direção incerta no Brasil

As birutas de todos os setores de observação do Brasil têm se movido em direções até contraditórias neste último mês. Aproximando-se a primavera e, com ela, o período de eleições, a direção dos ventos é incerta para os próximos 4 anos em todo o território nacional. Enquanto alguns mostram ventos favoráveis para a direita, outros vêem preocupados que fatores inexplicáveis e obstinados teimam em soprar para a esquerda. Mesmo com gráfico muito polarizado, existe um centro – não muito decisivo – que aposta na terceira via. Se a direita vai vencer a esquerda ou o centro, é difícil dizer. O certo é que, em um país tão grande, que vai desde as serras ultimamente nevadas do sul até as florestas equatoriais do norte, não vai ser fácil encontrar um mesmo traje para tantos climas diferentes.

Nuvem de fumaça

A falta de chuva em grande parte da Europa aumenta a nebulosidade no centro da Itália, especialmente na região das sete colinas. Clima incerto, céu fechado. De vez em quando, alguns raios violentos podem assustar, mas os turistas, nos próximos dias, podem ir preparados para uma garoa fina: “água que chove e não molha”.

Os moradores da Urbe fiquem atentos aos jornais, notícias falsas, relatórios, os novos classificados e especialmente na previsão do tempo, que pode mudar a qualquer momento…

Chuva de meteoros

Ainda neste ano os moradores do Crescente Fértil poderão, com muita probabilidade, contemplar uma inédita chuva de meteoros entre o Irã e Israel. A intensidade permitirá aos observadores contemplar o fenômeno em plena luz do dia. Os rastros luminosos, nestes casos, podem vir de todas as direções, e as imagens, com certeza, serão transmitidas a nível mundial.

Se for durante o dia, coloque os óculos apropriados. O que está por trás é muito claro e pode ferir os olhos.

Os próximos dias?

O futuro a Deus pertence. Querer hoje conjecturar algo sobre o dia de amanhã pode ser uma temeridade; e afirmar com certeza que algo será ou não será, uma presunção, pois tudo é imprevisível.

Apesar disso, cada acontecimento tem uma lição que pode nos fazer ver algo a mais do que sua mera aparência ou consequências imediatas. Ver, ouvir, ou mesmo ler com atenção tudo o que acontece no mundo pode desvendar para nós os planos de Deus e – por que não? – os planos dos homens.

Com todo o progresso tecnológico do século XXI, no qual se desenvolveram os instrumentos mais apropriados para a observação e previsão do clima, a meteorologia passou a ter grande credibilidade, sobretudo por um motivo: ela passou a ver os acontecimentos com distância e do alto. E esta é a visão verdadeira!

Se o homem deve aprender com os seus erros, a História não deveria aprender com seu passado?

De fato, analisar cada fato em si pode não ser muito significativo. Mas, abarcando toda a situação mundial, como se movem os acontecimentos todos em uma só direção; como tudo caminha com uma velocidade cada vez maior para a ruína da própria sociedade humana; como os bons costumes têm sido lançados para trás, tudo isso nos faz prever algo trágico para os próximos dias.

Disse certa vez um francês argumentando contra um ateu: “Insultai o sol, e ele continuará a brilhar”. Assim poderíamos concluir este artigo utilizando-nos da única previsão certa que se pode fazer do futuro do mundo – e que ao mesmo tempo se transforma em mensagem de esperança: “Não importa o que aconteça, pois, ‘por fim, o Meu Imaculado Coração Triunfará!’”.

Por Cícero Leite

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Bispos brasileiros instituem formação para Ministério dos Catequistas

59ª Assembleia Geral da CNBB

Encerra-se amanhã, sexta-feira, a 59ª Assembleia Geral da CNBB na cidade de Aparecida. O encontro anual da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil tratou na plenária desta quarta-feira, 31, o tema do Ministério instituído dos catequistas.

Silvonei José – Aparecida – Vatican News

“Será um reconhecimento da própria comunidade ao perceber o comprometimento e a alegria dos candidatos”, afirmou dom Waldemar Passini Dalbello em coletiva de imprensa, ao explicar que o itinerário formativo do Ministério instituído dos catequistas aprovado pelo episcopado será de cinco anos a cargo das escolas catequéticas diocesanas, institutos e faculdades católicas, de acordo com cada realidade.

Na coletiva, realizada no Centro de Eventos Padre Vitor Coelho de Almeida, dom Waldemar Passini Dalbello, bispo de Luziânia (GO) e membro da Comissão para a Animação Bíblico-Catequética da CNBB, afirmou que o tema estudado e aprovado pelos bispos é muito importante à vida das comunidades, pois “os catequistas são muito importantes em nossas comunidades e têm papéis diferenciados nos países e regiões do mundo”.

Ele destacou que ao proporcionar um itinerário de formação aos catequistas brasileiros, a CNBB “responde à solicitação do Papa Francisco na Carta Apostólica Antiquum Ministerium”. No texto, o Sumo Pontífice pede às conferências episcopais do mundo todo que orientem um processo de formação aos candidatos que irão receber este ‘antigo ministério’ eclesial de catequistas.

Deste modo, ao explicar que no Brasil os catequistas atuam em conjunto com os ministros ordenados, dão uma “excelente contribuição no processo de iniciação à vida cristã”. Dom Waldemar disse aos jornalistas que a partir de um ensaio apresentado aos bispos, a AG aprovou um caminho formativo que ajudará as dioceses na compreensão da vocação de cada candidato ao ministério proposto.

“Pensamos em um período para o discernimento que proporcionará uma formação humana, comunitária, espiritual, doutrinária, teológica e pastoral-missionária. No conjunto, estabelecemos uma etapa de cinco anos”, evidenciou o bispo goiano ao salientar que o tempo pensado pelo episcopado oferecerá uma visão orgânica da pastoral para que os candidatos ao ministério possam abraçar com responsabilidade a missão que Deus quer confiar a eles”.

Nas arquidioceses e dioceses brasileiras, a proposta é que a etapa dedicada à formação ficará por conta das escolas catequéticas diocesanas, institutos e faculdades católicas, de acordo com cada realidade, comentou dom Waldemar. “Os catequistas são os grandes cooperadores da edificação da vida humana e de nossas comunidades”, salientou quando disse aos jornalistas que a vocação para este ministério “será um reconhecimento da própria comunidade ao perceber o comprometimento e a alegria dos candidatos”, concluiu.

Fonte: CNBB, Padre Tiago Aparecido de Souza

Santo Egídio

S. Egídio | Elo7
01 de setembro
Santo Egídio

Padroeiro das pessoas portadores de deficiência, dos mendigos

Protetor contra convulsões de febre, contra o medo e contra a loucura.

Origens

Egídio era Grego, nascido em Atenas por volta do ano 650. Filho de família cristã, rica e nobre, sentiu-se chamado à vida de eremita depois que seus pais faleceram. Seu objetivo passou a ser o de viver na pobreza e dedicar-se totalmente a Deus. Por isso, distribuiu todos os seus bens entre os pobres e os doentes e passou a viver afastado da cidade, em grutas e cavernas, dedicando-se à oração, aos jejuns e sacrifícios. Em vida, ele recebeu os dons da sabedoria, da cura e dos milagres.

Primeiro milagre Certa vez, andando pela cidade, Egídio encontrou um mendigo na porta de uma igreja. O tal mendigo estava gravemente doente e quase sem roupas. Egídio teve grande compaixão do pobre. Por isso, cobriu-o com seu próprio manto. No mesmo instante, o homem, que já estava agonizando, levantou-se, percebendo que estava completamente curado. Curas como esta se repetiram algumas vezes. Por causa deste fato, Santo Egídio é considerado o protetor dos pobres e mendigos. E, por isso, Egídio passou a ser considerado santo pela população. Por causa disso, porém, ele perdeu a privacidade e a tranquilidade. Então, ele decidiu partir para uma terra onde não fosse conhecido.

Tempestade acalmada Sabe-se que em 683, Egídio foi para a França. A tradição diz que uma tremenda tempestade caiu sobre o navio em que ele viajava. A tempestade estava tão forte que todos tinham perdido a esperança de sobreviver. Então, Santo Egídio, em oração, elevou suas mãos aos céus. As ondas, então, acalmaram-se e tudo terminou em paz. Vida nova na França

Na França, Santo Egídio passou a viver numa caverna que ficava numa floresta perto de Nimes. A entrada dessa caverna era escondida por um grande espinheiro. Egídio viveu ali na pobreza, alimentando-se de raízes, de ervas e do leite de uma corsa que se acostumou com ele. Muitos diziam que o animal tinha sido enviado por Deus.

A providência o leva ao rei Certa vez, o rei dos visigodos caçava perto da caverna de Santo Egídio. E aconteceu que um de seus súditos tentou flechar a corsa, amiga de Santo Egídio, que se escondera atrás do espinheiro. Egídio foi tentar proteger o animal e acabou levando uma flechada na perna, o que lhe causou um ferimento grave. Quando compreendeu o que tinha acontecido, o rei quis desculpar-se de toda maneira. Por isso, passou a visitar Santo Egídio levando seus médicos até que o santo ficasse completamente curado. Santo Egídio ficou com uma deficiência na perna. Por isso, passou a ser invocado como padroeiro dos deficientes.

Os milagres voltam a acontecer Depois deste incidente, o rei tornou-se amigo de Santo Egídio continuou a visitá-lo, pois gostava de ouvir suas sábias palavras. E aconteceu que ali, na caverna, o rei presenciou vários prodígios e passou a falar sobre eles na corte. Por isso, a fama de santidade de Egídio se espalhou por toda a região. Inúmeras pessoas passaram a procura-lo na caverna e vários se tornaram discípulos dele.

Um mosteiro e uma igreja

Ao ver o povo e os discípulos procurando Santo Egídio, o rei, construiu um mosteiro e uma igreja para que Santo Egídio pudesse atender a todos com mais comodidade. Santo Egídio foi eleito o abade e escreveu uma regra de vida baseada em sua própria experiência de oração, ascese e mística. Anos mais tarde, um povoado nasceu ao redor do Mosteiro. Este povoado transformou-se na cidade de Santo Egídio. Após a morte do santo, o mosteiro foi confiado aos beneditinos.  

Morte Santo Egídio faleceu no dia 1º de setembro do ano 720. Logo após sua morte, o povo fez de sua sepultura um ponto de peregrinação. O seu culto tornou-se vigoroso e estendeu-se por todo o mundo cristão. Santo Egídio teve sua festa confirmada pela Igreja, que o colocou na lista dos quatorze "santos auxiliadores" do povo, sendo invocado contra a convulsão da febre, contra o medo e contra a loucura.

Oração a Santo Egídio

Deus todo-poderoso e bom, de quem tudo provém, infundi em nós a vossa graça para que, a exemplo de Santo Egídio, saibamos amar nossos irmãos de coração aberto e generoso. Nós vos louvamos e vos agradecemos, Senhor Nosso. Amém.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

Francisco: o discernimento é árduo, mas indispensável para viver

Audiência Geral | Vatican News

"Discernir é um ato importante que se refere a todos, porque as escolhas constituem uma parte essencial da vida", disse o Papa Francisco durante a primeira catequese sobre o discernimento, na Audiência Geral desta quarta-feira.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses sobre o tema do discernimento na Audiência Geral, desta nesta quarta-feira (31/08), realizada na Sala Paulo VI. "O que significa discernir", foi o tema deste encontro semanal com os fiéis.

Discernir é um ato importante que se refere a todos, porque as escolhas constituem uma parte essencial da vida. Discernir as escolhas. Escolhe-se uma comida, uma roupa, um curso de estudos, um emprego, uma relação. Em tudo isso se realiza um projeto de vida, e também se concretiza a nossa relação com Deus.

É necessário saber discernir

No Evangelho, Jesus fala do discernimento com imagens tiradas da vida comum; por exemplo, descreve os pescadores que selecionam os peixes bons e descarta os maus; ou o comerciante que sabe identificar, entre muitas pérolas, a de maior valor. Ou aquele que, lavrando um campo, se depara com algo que se revela um tesouro.

"À luz destes exemplos, o discernimento se apresenta como um exercício de inteligência, de perícia e inclusive de vontade, para reconhecer o momento favorável: são estas as condições para fazer uma boa escolha", disse o Papa, acrescentando:

As decisões são tomadas por cada um de nós. Não há quem a tome por nós. Adultos, livres. Podemos pedir um conselho, pensar, mas a decisão é própria. Não se pode dizer: "Eu perdi isso, porque meu marido decidiu, minha esposa decidiu, meu irmão decidiu": não! Você deve decidir, cada um de nós deve decidir. Por isso, é importante saber discernir: para decidir bem é necessário saber discernir.

O discernimento envolve os afetos

"O Evangelho sugere outro aspecto importante do discernimento: ele envolve os afetos. Quem encontrou o tesouro não tem dificuldade de vender tudo, tão grande é a sua alegria. O termo usado pelo evangelista Mateus indica uma alegria totalmente especial, que nenhuma realidade humana pode dar; e com efeito, repete-se em pouquíssimas outras passagens do Evangelho, todas elas relativas ao encontro com Deus. É a alegria dos Magos quando, depois de uma viagem longa e árdua, veem de novo a estrela; é a alegria das mulheres que regressam do sepulcro vazio, depois de ouvir o anúncio da ressurreição, feito pelo anjo. É a alegria de quem encontrou o Senhor", disse ainda Francisco.

No juízo final Deus fará um discernimento, o grande discernimento, em relação a nós", frisou o Papa, reiterando que "é muito importante saber discernir: as grandes escolhas podem surgir de circunstâncias à primeira vista secundárias, mas que se revelam decisivas. Numa decisão boa, a vontade de Deus se encontra com nossa vontade; se encontra o caminho atual com o eterno. Tomar uma decisão justa, depois de um caminho de discernimento, é fazer esse encontro: o tempo com o eterno".

O discernimento é a reflexão da mente e do coração

Conhecimento, experiência, afetos e vontade são alguns elementos indispensáveis para o discernimento, mas o discernimento exige também "esforço". "Segundo a Bíblia, não encontramos diante de nós, já embalada, a vida que devemos viver. Deus nos convida a avaliar e a escolher: Criou-nos livres e quer que exerçamos a nossa liberdade. Por isso, discernir é difícil", sublinhou o Pontífice.

O discernimento é aquela reflexão da mente, do coração que devemos fazer antes de tomar uma decisão. O discernimento é árduo, mas indispensável para viver. Requer que eu me conheça, que saiba o que é bom para mim aqui e agora. Exige sobretudo uma relação filial com Deus que nunca impõe a sua vontade, porque quer ser amado, não temido. E o amor só pode ser vivido na liberdade. Para aprender a viver é preciso aprender a amar, e por isso é necessário discernir.

quarta-feira, 31 de agosto de 2022

Mens sana in corpore sano

Academia | Guadium Press
O corpo só permanecerá são se sã a mente houver permanecido.

Redação (30/08/2022 16:31Gaudium Press) “Mens sana in corpore sano” (mente sã num corpo são) é uma expressão bastante conhecida, que quase todo mundo já ouviu ou já leu em algum lugar.  Apesar de ter se tornado famosa isoladamente, a frase faz parte de um poema, a Sátira nº X, de autoria do poeta romano Décimo Júnio Juvenal, que viveu entre os séculos I e II. O verso completo diz: “Deve-se pedir em oração que a mente seja sã num corpo são” .

Embora seja muito usada como slogan de academias de ginástica, musculação e fisiculturismo, ela é muito mais profunda do que uma simples exaltação do corpo, algo que se tornou “febre” nos últimos tempos. Quando vista nesse contexto de apologia do físico, a impressão que se tem é a de que um corpo bem cuidado e a prática de exercícios sejam a garantia de uma mente saudável e equilibrada, o que não é, necessariamente, verdadeiro.

Quando a obsessão com o corpo se agiganta, ainda que este ganhe músculos fortes e contornos bem definidos, a mente já deixou de estar sã, porque qualquer tipo de obsessão atesta a fragilidade e o descontrole emocional, ou mental, se preferirem. Apaixonar-se pelo próprio corpo a ponto de colocar o condicionamento físico e a nutrição focada apenas em ganhar força e massa muscular como prioridades, não significa ter a mente sã, pelo contrário.

A virtude está no equilíbrio

É evidente que cuidar do corpo é, antes de qualquer coisa, um dever. Por sinal, um dever sagrado, pois, sendo o corpo templo do Espírito, ele deve ser objeto de todos os cuidados necessários para a manutenção da saúde e do equilíbrio. Descuidar do corpo, da alimentação, do repouso e das atividades necessárias para manter-se saudável pode ser considerado um pecado, visto que nossos corpos são dádivas divinas.

Mas, de que adianta gastar dinheiro, se esforçar até para além do limite se exercitando, “puxando ferro”, malhando, controlando a alimentação e até tomando anabolizantes para definir a forma física e conquistar o “shape” dos sonhos (termo utilizado no universo das academias, significando corpo definido) e descuidar da alma, a “mens sana”?

Não devemos, de forma nenhuma, descuidar da parte física, correndo o risco de nos tornarmos apáticos, desmotivados, moles. Nosso corpo precisa estar saudável e ativo, sempre “preparado para a guerra”, afinal, como diz a bela canção católica: “De batalha amplo campo é a terra” e estamos todos inseridos numa guerra constante e renhida. Mas, quando todo nosso esforço, nossa concentração e nosso tempo livre é focado em ganhar massa muscular, estamos focando apenas na aparência. E, para isso se tornar um vício, uma dependência, é um passo muito curto.

Juvenal termina o seu poema dizendo: “Revelarei aquilo que podes dar a ti próprio; certamente, o único caminho de uma vida tranquila passa pela virtude.” E, nós ousamos completar: pela virtude do equilíbrio. Poderia usar um adágio e dizer: “Nem tanto ao Céu, nem tanto à Terra”, mas, não direi, porque o nosso foco é o Céu, por isso, a mente sã deve vir sempre em primeiro lugar, para que todo o edifício esteja são.

Conquista de toda uma vida

Essa é uma verdade que entendemos melhor à medida que envelhecemos. Depois que passamos dos 40, começamos a sentir um pequeno declínio em nossa vitalidade. Aos 50, o corpo já não responde mais como dez anos antes e, aos 60, começamos a nos sentir mais fracos, algumas dores começam a nos visitar mais amiúde, e nossos reflexos já não são tão ágeis. É o normal da vida.

Chegar a essa fase com saúde, flexibilidade, pressão arterial, nível de açúcar e taxas de colesterol e triglicerídeos controlados deve ser o ideal de vida de todos, mas, é nesta fase que, mais especialmente, devemos seguir o conselho de Juvenal: rezar para que a mente esteja sã, num corpo são.

Comunhão | Guadium Press

Algo que é fabuloso, embora um paradoxo difícil de entender, é que, se cultivamos os valores do espírito nos anos áureos da juventude e início da maturidade, quando nosso corpo começa o seu inevitável declínio, temos uma ascensão da alma, uma disposição que vem da consciência tranquila, do dever cumprido, das virtudes cultivadas. Como já escrevi aqui outras vezes, não sou partidário de que a velhice traga sabedoria. É mais fácil ela trazer diabetes, glaucoma, catarata, pressão alta e artérias entupidas, porque a sabedoria é conquista de toda uma vida, não é um atributo mágico que a velhice dá.

Assim como as patologias citadas – entre muitas outras – não se desenvolvem de uma hora para outra apenas porque se envelheceu, mas são consequências de um estilo de vida, o mesmo se dá com a sabedoria, um edifício construído tijolo por tijolo, parede por parede. E é muito comum que, nesta fase, quando já não nos perturbam aflições que consistem nos grandes desafios da pouca idade e nem nos tentam as grandes seduções da vida, nos sintamos, por dentro, com a energia e o vigor dos 30 anos.

Envelhecer bem no corpo e rejuvenescer na alma

E, a fim de que não nos tornemos velhos ridículos, de comportamento inapropriado, é de todo aconselhável um bom espelho, de tamanho razoável, no qual possamos nos mirar todos os dias e ver que, sim, nosso corpo envelhece, nosso cabelo, quando ainda existe, branqueia e nossos olhos, que, conquanto divisem novos horizontes, já não brilham como antes e dificilmente enxergam sem um bom par de óculos.

Dessa forma, envelhecer bem no corpo corresponde a rejuvenescer na alma e ganhar a força necessária para despir a carcaça quando chegar a hora apropriada, e alçar o grande e definitivo voo sem se lamentar ou desejar permanecer cativo na vã utopia da vida passageira.

Pode parecer que eu seja um velho escrevendo especialmente para os velhos, mas, na verdade, escrevo, sobretudo, para os jovens, que, com sorte, envelhecerão amanhã e, com preparo, envelhecerão bem. Portanto, ainda caminhando pelas palavras do poeta Juvenal, peçamos a Deus “uma alma corajosa que careça do temor da morte”, mas que não seja estúpida o bastante para achar que a morte não virá ao seu encontro ou que poderá driblá-la com os músculos de titânio do seu corpo, conquistados com muito suor e membros doloridos, porque tudo passa, e passa muito rápido e o corpo só permanecerá são se sã a mente houver permanecido.

Por Afonso Pessoa

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Bispo desmascara falso argumento pró-aborto usado por políticos que se dizem católicos

Antoine Mekary | ALETEIA
Por Francisco Vêneto

Dom Robert Barron repudiou declarações “repulsivas” de Joe Biden a favor do aborto.

O bispo dom Robert Barron, da diocese norte-americana de Winona-Rochester, desmascarou um falso argumento pró-aborto usado por políticos que se dizem católicos, como é o caso do presidente democrata dos Estados Unidos, Joe Biden.

Qualificando de “repulsivas” as declarações do presidente em favor da prática, o bispo observou, em vídeo publicado no YouTube, que o mandatário adota uma postura escorregadia: por um lado, “Biden afirma a sua crença pessoal, como católico, de que a vida humana começa na concepção e, portanto, o aborto é moralmente errado”; por outro lado, “ele sempre foi rápido em acrescentar que não está disposto a usar a lei para impor essa convicção pessoal a ninguém”.

Este é um falso argumento pró-aborto usado recorrentemente por diversos políticos que se dizem católicos.

Dom Barron desfaz a falácia com clareza:

“Opor-se ao aborto não é questão de doutrina: é uma conclusão do raciocínio moral e das descobertas da ciência objetiva”.

O bispo enfatiza que a defesa da vida se alicença em um fato biológico: a obviedade de que a vida começa na concepção. E reforça: esta é “a base de um argumento contra o aborto que pode e deve ser feito na esfera pública: claramente não é um dogma do catolicismo”.

No tocante à falácia de quem se declara católico, mas diz não querer “impor” suas convicções aos outros, dom Barron desmascara o uso enviesado da palavra “impor”:

“Estou muito cansado da maneira como o presidente e seus aliados usam o termo ‘impor’. Repetidamente eles dizem alguma versão de ‘não estou disposto a impor minhas crenças aos outros’. As leis não sugerem: elas impõem. Esta é a natureza das leis. Por trás de toda lei verdadeiramente justa, existe algum princípio moral: preservar a vida, estabelecer maior justiça, proteger os pobres promovendo o bem comum etc.

Podemos dar um basta àquela postura tola que foi articulada pela primeira vez pelo governador Mario Cuomo há 35 anos e que depois vem sendo repetida por muitos políticos católicos: a do ‘eu pessoalmente me oponho ao aborto, mas o apoio publicamente’. Não é uma convicção nascida do dogma, e sim do raciocínio moral. É completamente incoerente afirmar que é possível manter a posição privadamente, mas não a defender publicamente. Isto seria análogo a alguém dizer no século XIX que, embora pessoalmente achasse a escravidão abominável, não faria nada para eliminá-la ou para impedir a sua propagação”.

Dom Barron desmascarou o persistente recurso do presidente Biden a essa falácia:

“Ele afirma que se opõe ao aborto porque o considera moralmente errado, mas, várias vezes, da maneira mais direta e até contundente, ele se esforça para torná-lo mais acessível, mais aceitável e mais legalmente defendido”.

O bispo norte-americano recordou o caso de Abraham Lincoln, que se dizia contra a escravidão, mas não se opôs diretamente a ela; no entanto, apoiou a sua extinção gradual.

“Se nosso atual presidente estivesse mesmo convencido, como afirma estar, de que o aborto é errado, se ele tivesse dado passos na direção de pelo menos reduzir a prática, ou se pudesse ter encontrado palavras positivas sobre a decisão Dobbs, que ao menos dá aos estados o direito de restringir o aborto, eu poderia ver isso no modo Lincoln. Mas ele segue em frente defendendo a política pró-aborto mais radical que se possa imaginar”.

A decisão judicial a que dom Barron faz menção é a que foi tomada em junho deste ano pela Suprema Corte dos Estados Unidos no caso Dobbs versus Jackson: a decisão reconheceu a inconstitucionalidade de uma sentença anterior, a famosa Roe versus Wade, que, em 1973, tinha legalizado o aborto em todo o território dos EUA com base em uma farsa.

Desde que a Suprema Corte derrubou a velha e equivocada lei do aborto, porém, Joe Biden tem feito o máximo esforço para voltar a promover a prática – inclusive assinando uma ordem executiva que contraria a decisão da Suprema Corte.

O próprio Papa Francisco declarou, recentemente, que a postura de Joe Biden quanto ao aborto é “incoerente” para quem se diz católico.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF