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quinta-feira, 8 de setembro de 2022

O desafio da autossustentabilidade da Pastoral Juvenil

CNBB Setor 2

O DESAFIO DA AUTOSSUSTENTABILIADE DA PASTORAL JUVENIL

Dom Antonio de Assis
Bispo Auxiliar de Belém do Pará (PA)

O DESAFIO DA AUTOSSUSTENTABILIDADE DA PASTORAL JUVENIL (PARTE 10) 

autossustentabilidade é a condição pela qual uma instituição (ou indivíduo) busca o seu equilíbrio existencial para manter-se “de pé”, dinâmico e atuante. Muitos fatores concorrem para isso, além da própria vontade. A ausência da sustentabilidade gera desequilíbrio, perda, enfraquecimento, queda, paralisia e morte!  

A autossustentabilidade significa o esforço próprio de uma instituição ou de um sujeito em vista da manutenção do seu dinamismo. Instituições insustentáveis estão a caminho da falência porque não conseguem providenciar aquilo que é necessário para a sua subsistência e cumprir sua missão. 

O termo autossustentabilidade nos fala de dinamismo da vida de um sujeito. Os antigos gregos definiam o fenômeno vida como “autopoiésis”, ou seja, aquilo que tem dinamismo próprio, que se move por si mesmo, que é capaz de reproduzir-se, movimentar-se etc. De fato, é assim o mistério da vida! Mas autossustentabilidade não é sinônimo de autossuficiência. A autossustentabilidade é um fenômeno interativo; a autossuficiência significa a pretensão de bastar a si mesmo. Esse é um tema muito significativo numa perspectiva pastoral. Dessa forma podemos falar da autossustentabilidade de uma diocese, prelazia, paróquia, movimento, grupo e também das pastorais. Quando não há esforço para a continuidade e manutenção daquilo que fazemos, certa será a sua crise, o esvaziamento, o envelhecimento, a redução de vigor e a morte.   

 A autossustentabilidade econômica da Pastoral Juvenil 

A pastoral tem uma dimensão econômica e administrativa. Isso deve ser levado a sério, porque sem essas dimensões as atividades não têm “combustível” para se manterem. Na área pastoral tudo aquilo que formos promover necessita de recursos financeiros, materiais, técnicos, didáticos, esportivos etc. Também a promoção da liturgia tem um custo, pois necessitamos de velas, vestes, papel, vinho, hóstias, energia elétrica etc. Tudo tem custo. Nada cai do céu de graça! Por isso, não basta sonhar, é preciso organizar-se estrategicamente para termos os recursos necessários para a promoção e estabilidade do dinamismo pastoral.  

A vitalidade de uma pastoral se expressa concretamente através de atividades, eventos, processos, formação, ambientes preparados; isso implica o uso de materiais como, equipamentos, transporte, material de consumo etc. Quem providencia o que é necessário e de onde vem os recursos?  

Nem sempre a administração paroquial tem recursos financeiros suficientes para subsidiar todas as despesas ordinárias de manutenção, pessoal, as demandas dos grupos e das diversas pastorais. Isso significa que será necessário que cada pastoral assuma uma postura criativa, empreendedora e estratégica para que possa captar os recursos dos quais precisa para o pleno desenvolvimento das atividades previstas, renovar-se e ainda avançar sempre mais. Quando faltam os recursos, em geral, a tendência é a redução das atividades.  

Os jovens deverão ser estimulados e educados para que não sejam dependentes, assumindo uma postura passiva diante das próprias necessidades pastorais e sonhos. Isso também faz parte do protagonismo juvenil. Uma pastoral bem organizada, com dinamismo empreendedor, vence com facilidade os obstáculos econômicos. Já está constatado pelo mundo afora, que onde não há recursos econômicos disponíveis também não há dinamismo pastoral.  

 A necessária mudança de cultura 

Por muitos anos as atividades pastorais da Igreja eram sustentadas através de projetos subsidiados por instituições europeias. Todavia, essa realidade mudou completamente. É chegada a hora da corresponsabilidade do povo. Até mesmo a Pastoral da Juventude viveu por muito tempo nessa dependência e um dos fatores do seu atual enfraquecimento nacional tem uma dimensão financeira.    

É chegada a hora da mudança de cultura, atitudes e estratégias! Por isso a perspectiva da autossustentabilidade da pastoral juvenil, visa sensibilizar, animar e educar os jovens para o compromisso com a dimensão econômica na promoção da evangelização dos outros jovens. Quando a corresponsabilidade econômica é promovida se estimula a captação de recursos através de muitas formas. Entram nesta dimensão a busca de amigos, colaboradores, apoiadores, parceiros, patrocinadores, dizimistas… 

A mudança da cultura da passividade e dependência deve ceder lugar à cultura empreendedora, da projetualidade administrativa, mentalidade orçamentária, visão estratégica e preventiva daquilo que devemos fazer. Isso é impossível, sem o incentivo do protagonismo juvenil. O protagonismo juvenil tem uma dimensão administrativa e financeira.  

 Algumas dificuldades 

Em geral os jovens vivem numa fase em que não dispõe de recursos próprios porque, em geral são estudantes, e dependem de seus pais. Quando não, vivem do subemprego e, como autônomos, recebem poucos recursos para a própria manutenção. A pastoral juvenil é naturalmente dinâmica e, isso, requer recursos financeiros.  

Constata-se que, muitas vezes, em diversos contextos, a pastoral juvenil fica atrofiada, enfraquecida e reduzida por causa da falta de investimentos. Sem recursos, os jovens caem na dependência, são alvos de antipatia, rotulados, vistos como peso para a paróquia. Duas questões devem ser aprofundadas: de um lado é a necessária promoção do protagonismo juvenil que tem muitas dimensões e, por outro, o necessário apoio dos líderes de base, párocos e bispos, capazes de educar os jovens, orientá-los, desafiá-los, acompanhá-los, ajudá-los concretamente a saberem buscar recursos com inteligência pastoral.  

Apesar das dificuldades, na verdade, há muitas possibilidades a serem consideradas apara a consolidação da autossustentabilidade da pastoral juvenil. Vejamos algumas possíveis iniciativas: 

·         Formar os jovens para que cresçam na compreensão da cultura projetual; não basta ter ideias, é necessário considerar a necessidade de processos executivos das atividades;  

·         Favorecer o crescimento dos jovens na cultura orçamentária; isso significa considerar o fato de que tudo tem um custo e é necessário prever os investimentos; 

·         Não basta ter boas ideias, é importante que os jovens aprendam a elaborar projetos de acordo com as necessidades, considerando tudo o que é importante para a sua execução com bons resultados;  

·         Articular estratégias variadas de captação de recursos financeiros; uma podem ser ocasionais, outra permanentes;  

·         Muitas formas de captação de recursos por parte dos jovens são possíveis promover em vista da manutenção da pastoral juvenil, tais como: promover pequenas iniciativas pastorais a partir de projetos autossustentáveis de evangelização; estimular o crescimento na conscientização dos jovens sobre a importância da cultura do voluntariado e da solidariedade dos próprios jovens, das famílias e instituições católicas; 

·         investir em meios e eventos extraordinários de geração de receitas como venda de produtos, eventos, confecção e venda de objetos; contribuição mensal dos jovens e de parceiros amigos dos jovens;   

·         Negociação de parcerias e ou permutas com governo municipal, empresas e outras instituições;  

Jesus Cristo, educou o povo a saber partilhar e o responsabilizou diante das próprias carências, não deixando que os apóstolos fossem buscar recursos em outros lugares (cf. Mc 6,34-44). O evangelista Lucas conta que Jesus e os doze contavam com um grupo de mulheres que auxiliavam em suas necessidades (cf. Lc 8,3). A pastoral juvenil deve ter seus colaboradores. Mas isso deve ser planejado. Também São Paulo estimulou o povo a cultivar a atitude de autossustentabilidade na evangelização; com seus esforços sempre procurou manter sua missão por onde passava (cf. At 20,35;1Cor 9,6-14; Gal 6,6; 2Ts 3,9). Confiar na Divina Providência é essencial e fazer com inteligência estratégica o que podemos é necessário.  

PARA REFLEXÃO PESSOAL: 

O que significa a autossustentabilidade pastoral? 

Quais dificuldades a autossustentabilidade da pastoral juvenil deve enfrentar? 

Quais são as consequências da cultura da passividade e da dependência na pastoral?

Nossa Senhora do Monte Serrate

Nsa. Senhora de Monte Serrate | Arquisp
08 de setembro

Nossa Senhora do Monte Serrate

“Nossa Senhora do Monte, que estais no monte a rezar, pedi por nós, vossos filhos, que não vos cessam de amar.” (Hino)

Foi tocado pela graça que Inácio de Loyola dirigiu-se a Barcelona e retirando-se na solidão de Manresa pendurou sua espada e prostou-se aos pés da Virgem de Montserrat. Foi também aos pés da Ssma. Virgem que Inácio traçou as linhas gerais de seu célebre livro “Exercícios Espirituais”.
Outros tantos santos estiveram em Barcelona e no majestoso Santuário de Nossa Senhora de Montserrat, encontraram as respostas de tantos anseios, entre eles destacamos: São João de Matha, São José de Calasanz, São Vicente Ferrer, São Pedro Claver etc.
Origem da Devoção
O culto a Virgem Senhora do Montserrat remonta aos primeiros tempos do cristianismo e faz referencia ao apóstolo São Pedro, que segundo a tradição, levou em sua viagem a península Ibérica uma imagem da Virgem Maria, esculpida em madeira e conhecida como a Senhora Jerusalemitana.
Pelo ano de 546, na Cataluña, ao sul da Espanha, um monge chamado Querino, fundou um rudimentar mosteiro consagrado a referida imagem, que alguns séculos antes, fora trazida por São Pedro.
No tempo das invasões, pelos árabes a imagem foi escondida numa caverna e só encontrada dois séculos depois por pastores da região, que a levaram de volta ao mosteiro em solene procissão.
Conta-se que os referidos pastores de Obesa passavam pela montanha quando ouviram cânticos celestiais e foram atraídos por uma luz esplendorosa que saía do interior do rochedo. Encantados com o som e com as luzes subiram o monte e pasmados caíram de joelhos diante da imagem da Virgem Maria. Estava a imagem em uma cavidade natural na elevação da montanha.
Rapidamente desceram o monte e cheios de alegria foram ao encontro do bispo de Manresa e revelaram o ocorrido.
Em companhia dos pastores, o Senhor Bispo sobre o monte e comprova o fato, e extasiado pela beleza da imagem e pelos detalhes, pode confirmar que a imagem era a mesma da igreja de Barcelona e que tinha sido escondida para não ser profana pelos infiéis.
Tão logo os habitantes da redondeza souberam da noticia, correram ao local e tentaram retirar a imagem e transportá-la para um local mais elevado da montanha. Apesar de todos os esforços não conseguiram move-la do lugar. Todos foram unânimes em concordar que havia algo de sobrenatural e assim sendo, a imagem permaneceu no Plateau da montanha, onde foi erguida uma capela sob a proteção dos monges de ministrol.
Subiram o Montserrat para prestar culto e veneração a Virgem Morena, príncipes prelados e altos servidores da corte. Até os reis católicos de Aragão, de Castella e de Navarra subiram o monte humildemente, e foi com os donativos da nobreza que foi erguido o majestoso edifício do Mosteiro de Montserrat, que foi entregue aos beneditinos.
Foi erigido em Abadia, quando do Papa Bento XV que também lhe conferiu grandes prerrogativas. Leão XIII declarou-a, canonicamente como padroeira da Catalunha.
La Morenata, como é chamada carinhosamente pelo povo da Catalunha e cuja entronização ocorreu em 1947.
A Imagem assim como a cadeira onde ela está sentada são de madeira escura. O manto é de ouro, sua túnica interior e o véu dourados. O menino Jesus em seu regaço, também foi esculpido em madeira escura.
O tradicional mosteiro se eleva entre as gigantescas rochas, que o rodeiam, e que seus picos em forma de serra circundam o trono da Virgem Morena, La Moreneta de Montserrat.
No Brasil o culto a Virgem de Montserrat chegou com os dominadores espanhóis. Foi em 1590 que D. Francisco de Souza fiel e fervoroso devoto da Virgem, divulgou o culto da Senhora de Montserrat por onde passou. Foi em Tacagipe na Bahia, em São Sebastião do Rio de Janeiro, e ergueu uma ermida na vila de São Paulo de Piratininga, bem no local onde se encontra hoje o Mosteiro de São Bento.
Aos passar em viagem pelas capitanias do sul, visitou a de Santos, onde também mandou erguer uma Capelinha em honra a Virgem de Montserrat, a devoção atravessou o tempo até ser declarada oficialmente a padroeira da cidade de Santos.
Foi dos lábios de minha Avó Chiquinha que ouvi relatos prodígios e dos milagres operados por intercessão da Virgem de Montserrat. Por muitos anos ela morou em Santos e incontáveis vezes prostou-se aos pés da Virgem, entre lágrimas...
Ainda conservo comigo uma pequena Imagem que sempre a acompanhou... Eu herdei o amor por Nossa Senhora, de minha Avó e Madrinha.
“Aos vossos pés suplicando, erguemos a humilde voz: Nossa Senhora do Monte, rogai a Jesus por nós.”
Amém! Paz e bem!

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

O Papa: estamos vivendo uma guerra mundial, paremos!

Sepultamentos em Bucha - Ucrania | Vatican Ness

Um apelo, quase um grito do Pontífice na Praça São Pedro, endereçado aos fiéis durante a Audiência Geral, mas na realidade a toda humanidade para que cada um se sinta responsável como construtor da paz.

Gabriella Ceraso – Vatican News

Na Ucrânia é o 196º dia de guerra, "a terra ainda treme e o povo ucraniano chora", disse em sua última mensagem do arcebispo-mor da Igreja greco-católica ucraniana, Sua Beatitude Sviatoslav Shevchuk, referindo-se aos combates que continuam nas regiões de Kharkiv, Donetsk e Luhansk. Na Audiência Geral desta quarta-feira (07/07), realizada na Praça São Pedro, o Papa Francisco voltou o seu olhar para a Ucrânia, onde viu entre a multidão algumas bandeiras com as cores amarela e azul da terra ucraniana:

E não me esqueço da martirizada Ucrânia. Há bandeiras ali.

Imediatamente o Papa fez um apelo, quase um grito, que chama todos à responsabilidade porque, como já havia dito na quarta-feira passada na Audiência Geral, a guerra agora é mundial:

Diante de todos os cenários de guerra do nosso tempo, peço a cada um para ser construtor da paz e para rezar a fim de que no mundo se espalhem pensamentos e projetos de harmonia e reconciliação. Hoje, estamos vivendo uma guerra mundial, paremos, por favor!

A Maria, a quem consagrou a Rússia e a Ucrânia, a quem dedicou a oração do Terço e a quem sempre invocou incessantemente, Francisco voltou-se mais uma vez para obter proteção e confiar a ela aqueles que neste momento sofrem mais:

À Virgem Maria confiamos as vítimas de todas as guerras, de todas as guerras, especialmente da querida população ucraniana.

quarta-feira, 7 de setembro de 2022

Dos Sermões de São Bernardo, abade

Canção Nova

Dos Sermões de São Bernardo, abade

           (Sermo 5 de diversis, 4-5: Opera omnia. Edit.Cisterc. 6,1[1970]103-104)  (Séc.XI)

Os graus da contemplação

Firmemos os pés no reduto, na pedra solidíssima, apoiados com todas as forças em Cristo, como está escrito: Firmou meus pés sobre a pedra e dirigiu meus passos (Sl 39,3). Assim firmes e estáveis contemplemos para ver o que nos dirá e o que responderemos ao que nos repreende. 

O primeiro grau da contemplação é então este, caríssimos, que consideremos sem cessar o que quer o Senhor, o que lhe agrada, aquilo que é aceito diante dele. E já que em muitas coisas todos nós faltamos (Tg 3,2) e nossa força vai de encontro à retidão de sua vontade, sem poder unir-se ou adaptar-se a ela, humilhemo-nos sob a poderosa mão do Deus altíssimo e procuremos mostrar-nos bem miseráveis aos olhos de sua misericórdia, dizendo: Cura-me, Senhor, e ficarei curado; salva-me e serei salvo (Jr 17,14), e ainda: Senhor, tem compaixão de mim, cura minha alma porque pequei contra ti (Sl 40,5). 

Com o olhar do coração purificado por estes pensamentos, já não nos entretemos com nosso espírito na amargura, porém, muito mais com o espírito divino com grande atrativo. Não refletimos mais sobre a vontade de Deus em nós e sim no que ela é em si mesma. 

Na vontade de Deus se encontra a vida (Sl 29,6 Vulg.). Por isto não duvidamos de que, em tudo, o mais útil e fácil para nós é aquilo que é conforme a sua vontade. Então com a mesma solicitude com que desejamos conservar a vida de nossa alma, não nos desviemos dela, na medida do possível.  

Enfim, tendo-nos adiantado um pouco no exercício espiritual, guiados pelo Espírito, perscrutador das profundezas de Deus, pensemos na suavidade do Senhor, como é bom em si mesmo. Com o profeta, roguemos ver a vontade de Deus e visitar já não mais nosso coração, mas seu templo; dizendo, contudo, Dentro de mim, minha alma está perturbada: por isso lembrar-me-ei de ti (Sl 41,7). 

Nestes dois pontos consiste toda a nossa vida espiritual: olhando para nós, nos perturbemos e entristeçamos, para nossa salvação; e respiremos desafogados na consideração das coisas divinas, para recebermos a consolação na alegria do Espírito Santo. De lá nos venha o temor e a humildade, e daqui, brote em nós a esperança e a caridade.

Direita, esquerda e o sangue dos mártires: a ideologia mata

Sdecoret - Shutterstock
Por Júlio César de Paula Ribeiro

O Papa Francisco alertou: “Exorto-vos a ter cuidado com as ideologias. As ideologias destroem porque nos fazem ver de uma só maneira e fecham a visão universal".

A Doutrina Social da Igreja (DSI) é, desde seu início, um obstáculo às ideologias extremistas e forças políticas opressoras, tornando-se um incômodo aos mais diversos regimes e governos. Católicos que pregaram a DSI sofreram perseguição e até mesmo o martírio. Direita e esquerda, quando vividas de forma fechada, radical e apaixonada, levam à morte, destruição e opressão. A história prova isso, mas também os mártires são testemunhas do perigo das ideologias. 

Em El Salvador, em 1980, o então bispo São Óscar Romero, foi assassinado por criticar a ditadura militar do seu país, colocando-se ao lado dos pobres e denunciando o autoritarismo de direita que fez muitas vítimas. Três anos antes, o Beato Padre Rutílio Grande já tinha sido morto, acusado de ser comunista e crítico ao governo, como confessou um dos assassinos. 

No Vietnã, em 1975, o Cardeal Van Thuan foi preso pelo regime comunista, acusado de conspirar, junto com São Paulo VI, contra o governo autoritário do seu país. 

O próprio São Paulo VI, quando padre dos universitários, foi perseguido pelo fascismo, acusado de atividades revolucionárias e antipatrióticas, viu amigos serem mortos, como o hoje Beato e Mártir Teresio Olivelli, ícone do antifascismo, preso e torturado na Itália, em 1945. 

Em 1945, na Itália, foi cruelmente assassinado o Beato Rolando Rivi, por guerrilheiros comunistas. 

Na Guatemala, em 1981, o Beato Padre Rother foi assassinado por um grupo paramilitar que caçava comunistas; o missionário, que havia anos assistia aquele povo, teve sua casa invadida e foi morto. 

No México, em 1927, o Beato Padre Miguel Pró foi morto por militares a serviço do governo liberal, nacionalista, revolucionário, do maçom Plutarco Calles. 

Na Espanha, nos anos 1930, muitos cristãos foram perseguidos pelos comunistas, entre eles o Beato Álvaro del Portillo, preso e torturado. 

Na Hungria, em 1949, o Cardeal Mindszenty foi preso e brutalmente torturado pelo regime comunista soviético, acusado de conspirar contra o governo. Antes disso, já tinha sido preso pelo regime nazista (que por sinal era opositor do comunismo). 

Na Argentina, um bispo, dois padres e um pai de família foram beatificados (os mártires de La Rioja). Eles foram alguns dos assassinados, nos anos 1970, pela ditadura militar argentina, que perseguia “comunistas” e se dizia cristã. 

Casos como esses são inúmeros, cada país sabe quem são suas vítimas do fanatismo político. Também no Brasil, em toda a América, na Europa, África etc., muitas foram as vítimas das ideologias radicais, opostas entre si, mas iguais no autoritarismo, esperando apenas a oportunidade para atuar. 

Já há algum tempo, as ideologias políticas não usam mais armas de fogo para matar, mas continuam fazendo vítimas seus opositores, seja pela destruição da reputação, o cancelamento, as fakes news, o patrulhamento/milícias digitais, o ódio ou qualquer forma mais discreta de eliminar. 

O Papa Francisco alertou: “Exorto-vos a ter cuidado com as ideologias. As ideologias destroem porque nos fazem ver de uma só maneira e fecham a visão universal. As ideologias destroem a humanidade de uma pessoa”. “Não vos deixeis arrastar por ideologias míopes que pretendem mostrar-vos o outro, o diverso, como um inimigo. O outro é uma riqueza.” – discurso aos reitores, 16/05/2022, e aos jovens, 06/07/2022, respectivamente. 

A DSI, e eu destacaria as encíclicas do Papa Francisco, são caminho de reflexão e cura para esse mal incutido em nossa sociedade. Sem o diálogo, o olhar de que todos somos irmãos, às vezes adversários políticos, mas não inimigos, e a abertura para ouvir o diferente, não conseguiremos superar o perigo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Meditações sobre a Ressurreição (Parte IX-Final)

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9. MARIA, MÃE DA SANTA ESPERANÇA

A Mãe que soube esperar 

Uma tradição muito antiga, que atravessou os séculos e ficou plasmada em muitas obras de arte, afirma que a primeira aparição de Cristo ressuscitado foi à sua Mãe Santíssima.

É natural que Jesus, que ficava feliz – depois da ressurreição – trazendo a alegria aos que amava, tivesse dado a precedência da alegria à sua Mãe. Não era ela quem mais a merecia? Ela que acreditara firmemente, desde o momento da Encarnação, que aquele seu filho, que ao mesmo tempo era o filho do Altíssimo, seria – como o anjo Gabriel lhe havia anunciado – o Messias descendente de Davi, que reinaria eternamente e seu Reino não teria fim;  ela que se unira ao Redentor em todos os momentos da sua vida e especialmente na Paixão, oferecendo a sua imensa dor juntamente com o sacrifício redentor do Filho; ela que ouvira sair dos lábios murchos de Jesus agonizante sobre a Cruz aquela “nomeação” como Mãe dos discípulos, mãe de todos os homens: Mulher, eis aí teu filho”…; ela certamente merecia ter as primícias do júbilo da ressurreição. E é o que Jesus ressuscitado lhe deve ter dado, sem dúvida, como atesta a tradição.

É muito bonito pensar que, naqueles momentos de escuridão quase total que envolvia os discípulos logo após a morte e o sepultamento de Jesus, a única luz de esperança que não se apagou, que continuou a brilhar, foi o coração de Maria. Seu coração, que acabava de ser atravessado por uma espada de dor, como profetizara Simeão era, ao mesmo tempo, a única lâmpada que ardia com a chama da santa Esperança. Ela foi a única que, no silêncio do sábado santo, esperou na ressurreição ao terceiro dia

A Mãe que ensina a confiar

Certamente, ao longo de toda a sua vida, ela viveu e encarnou a esperança como ninguém. Movida pelo Espírito Santo, Santa Isabel louvou-a assim no dia da Visitação: Feliz a que acreditou, porque se cumprirão todas as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor.  Acreditou, e desse solo fecundo da fé, brotou a esperança como uma planta viçosa, como uma fonte

Conta-nos São Lucas, no Evangelho, que no dia da Visitação, Santa Isabel, movida pelo Espírito Santo, louvou Nossa Senhora com estas palavras: Feliz a que acreditou, porque se cumprirão todas as coisas que lhe foram ditas da parte do Senhor (Lc 1,45). Maria acreditou e, do solo fecundo da sua fé, brotou a esperança como uma planta viçosa, como uma fonte cristalina, como um diamante único, indestrutível. Por isso a Igreja a chama Mãe da santa Esperança, e por isso nós a invocamos como Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa… não são apenas belas palavras. Têm um conteúdo profundo. Descrevem a missão que Jesus lhe confiou em relação aos seus irmãos – a nós, que somos todos irmãos de Jesus (cf. Rm 8,29) e filhos de Maria (Jo 19, 26).

Quando Jesus nos deu Maria como Mãe, no momento solene da agonia na Cruz, quis garantir-nos a esperança. É verdade que a nossa esperança deve estar, toda ela, colocada em Deus. Deus, e só Deus, é o motivo e a fonte radical da esperança. Mas Ele deu-nos uma Mãe – a sua Mãe – para que, com o calor de seu coração, nos ensinasse a confiar; para que estendesse a mão a estas pobres crianças suas que somos nós, para que as guiasse e as introduzisse no mundo maravilhoso da esperança.

Uma das orações mais antigas dirigidas a Nossa Senhora é aquela que ainda hoje os católicos piedosos sabem de cor: “À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus, não desprezeis as súplicas que em nossas necessidades vos dirigimos, mas livrai-nos sempre de todos os perigos, ó Virgem gloriosa e bendita. Rogai por nós, santa Mãe de Deus, para que sejamos dignos das promessas de Cristo”. É uma expressão da confiança filial em Maria que nos encaminha para a esperança plena em Deus.

Na verdade, o Espírito Santo – inspirador da Sagrada Escritura – deixou-nos motivos mais do que suficientes para que aprendêssemos a confiar na “Esperança nossa”. Bastaria lembrar a cena das bodas de Caná (Jo 2,1-11), onde a petição de Maria – suave, discreta, sussurrada ao ouvido – obteve de Jesus o seu primeiro milagre, a transformação da água em vinho.

Naquela festa de bodas, começou a faltar o vinho. Maria teve pena dos noivos. Aquilo podia estragar a alegria singela do banquete. Então falou com seu Filho: Não têm vinho! A resposta de Jesus pôde parecer um balde de água fria – Mulher, isto nos compete a nós? A minha hora ainda não chegou –, mas Maria não achou que fosse assim, e com toda a paz disse aos serventes: Fazei tudo o que ele vos disser…; e não precisou de fazer mais. Jesus mandou, na hora, encher de água umas grandes talhas que lá estavam e depois indicou que fosse servido o seu conteúdo aos convidados: foi o melhor vinho da festa!

Maria adiantou assim, misteriosamente, a hora dos milagres de Jesus. E graças a esse primeiro milagre, obtido pela intercessão da Virgem, o Evangelho diz que Jesus manifestou a sua glória e os seus discípulos creram nele. Tudo, pela solicitude de Maria, pela ternura do seu coração. Se Jesus fez isso, a pedido de Maria, o que não fará por nós? É como se Ele próprio nos estivesse dizendo: “Vocês vêem? Confiem na Mãe! Eu a ouvirei sempre! Ela conseguirá tudo de mim!”

A Mãe de misericórdia

É por isso que os santos e os bons teólogos a chamam a “onipotência suplicante”, uma maneira hiperbólica – mas realista – de referir-se ao poder das súplicas de Maria diante de Jesus. São Bernardo, o “trovador da Virgem”, gostava de compará-la ao aqueduto que recebe a água da fonte (a água da graça, da fonte que é Deus) e a faz chegar a nós, da mesma maneira que um aqueduto recolhia então a água das montanhas e a conduzia até os povoados. E assim dizia: “Recebendo a plenitude (da graça) da própria fonte do coração do Pai, no-la torna acessível… Com o mais íntimo, pois, da nossa alma, com todos os afetos do nosso coração e com todos os sentimentos e desejos da nossa vontade, veneremos Maria, porque esta é a vontade daquele Senhor que quis que tudo recebêssemos por Maria”.

Que confiança, que consolo isto nos dá! Não é verdade que, às vezes, o que mais nos custa é esperar na misericórdia divina, porque vemos que não a merecemos, e  que Deus, sendo justo, deveria castigar-nos, especialmente depois de tantos arrependimentos efêmeros, de tantas reincidências meio cínicas?  E, no entanto, nem no pior dos casos devemos desesperar da misericórdia de Deus, mesmo que nos sintamos afundados – como o filho pródigo – na mais espessa, suja e viscosa lama do pecado. Nessa triste situação, ninguém como Maria para ajudar-nos a confiar na misericórdia de Deus. Ela é Mãe. Não tenhamos medo, por mais sujos e machucados que estejamos. Ela não deixará de propiciar um bom banho aos seus meninos. Ela nos moverá a ter arrependimento, ela nos levará – se for preciso, pela orelha — até à confissão, e nos carregará finalmente no colo, limpos e felizes.

“Se eu fosse leproso – escrevia São Josemaría Escrivã -, minha mãe me abraçaria. Sem medo nem repugnância alguma, beijar-me-ia as chagas. – Pois bem, e a Virgem Santíssima? Ao sentir que temos lepra, que estamos chagados, temos de gritar: Mãe! E a proteção de nossa Mãe é como um beijo nas feridas, que nos obtém a cura”.

A poderosa intercessora

A confiança em Nossa Senhora sempre foi tão grande entre os bons cristãos, que alguns até “exageraram”. Mas exageraram de uma maneira bonita, assim como se amplia um detalhe de uma flor belíssima, muito além do seu tamanho normal, para poder apreciá-la melhor. Não há “mentira” nisso!  Um exemplo entre mil são uns versos do “poeta da esperança”, o francês Charles Péguy, que põe na boca de Deus Pai as seguintes palavras (deliciosamente “exageradas”):

“Eu não vi no mundo – diz Deus – nada mais belo que uma criança que adormece fazendo a sua oração (…). [o poeta estende-se, em versos tocantes, falando da maravilha que é a criança que dorme rezando, e aí nenhuma das coisas bonitas que diz é exagero].

“Nada é tão belo! – continua a dizer Deus -. E este é mesmo um ponto em que a Virgem Santa está de acordo comigo. Lá em cima (no Céu).

“Inclusive, eu posso dizer que este é o único ponto em que estamos plenamente de acordo. Pois geralmente os nossos pareceres são contrários.

“Porque ela está do lado da misericórdia,

“E eu…, bem, é preciso que eu esteja do lado da justiça”.

Esses versos fazem sorrir (e até comovem um pouquinho), mas são “verdadeiros” pelo sentimento de confiança em Maria que transmitem. Junto dela, só um cego espiritual, um tolo… ou um demônio, podem perder a esperança.

Foi assim que o entenderam os cristãos desde o começo. Não podemos esquecer o que nos mostra a Sagrada Escritura, nos Atos dos Apóstolos, logo depois da Ascensão do Senhor. Jesus tinha-se despedido recomendando aos seus que permanecessem em Jerusalém, até que sejais revestidos da força do Alto (Lc 24,49), ou seja, até a vinda do Espírito Santo no dia de Pentecostes. Pois bem, no livro dos Atos diz-se que todos – os Apóstolos, os discípulos, as santas mulheres – obedeceram, e se reuniram, durante dez dias, no Cenáculo, com Maria, a Mãe de Jesus. Lá, junto dela, como uma família apinhada em torno da mãe, perseveravam unanimemente na oração (At 1,14). Junto de Nossa Senhora, tornava-se fácil cumprir o que Jesus mandara. Sempre é assim! A única coisa que ela nos pede é o que pediu aos serventes de Caná: Fazei tudo o que Ele vos disser. E ela fica junto de nós para nos ajudar a cumpri-lo.

Por isso, uma vida espiritual impregnada de devoção a Nossa Senhora é uma vida espiritual sadia, voltada inteiramente para o cumprimento da Vontade de Deus. “Antes, sozinho, não podias… – dizia Mons. Escrivá -. – Agora, recorreste à Senhora, e, com Ela, que fácil!”

Quem quer a graça de Deus, a Ela recorre

É uma experiência universal na história do cristianismo. Dante Alighieri deixou-a maravilhosamente expressa no canto trinta e três do “Paraíso” da “Divina Comédia”, o último canto do livro, que começa com uma oração de São Bernardo à Virgem Maria, um cântico que, entre outras coisas, diz assim:

“Ó Virgem mãe, filha do teu Filho,

humilde e alta mais que criatura alguma,

termo imutável dos desígnios divinos […]

…Cá no Céu, tu és para nós sol radiante

de amor; e em baixo, entre os mortais,

és uma fonte viva de esperança.

Senhora, és tão grande e tanto podes,

que quem quer graça e a ti não recorre

o seu desejo quer voar sem asas. […]

…Em ti, misericórdia; em ti, piedade,

em ti magnificência, em ti se junta

quanto há nas criaturas de bondade….

Mesmo que a tradução faça perder o sabor inexprimível do texto italiano, mantém a alma desses versos.

Anteriores a Dante são umas palavras anônimas, cheias de devoção, que alguém rabiscou num manuscrito medieval, falando das rosas que compõem o “rosário” de Maria: “Quando a bela Rosa Maria começa a florescer, o inverno das nossas tribulações se desvanece e o verão da eterna alegria começa a brilhar”.  É popular, é muito simples, mas é muito expressivo.

Confiar em Maria como uma criança confia na mãe

             Na realidade, a nossa confiança em Maria não só deve ser simples – como a fé do povo mais simples –, mas deve adquirir a pureza e a singeleza total da infância. Podemos dizer que a nossa confiança só será perfeita quando, como Jesus nos pede, nos transformarmos e nos fizermos como crianças (Mt 18,3).

A este propósito, penso que vale a pena evocar uma lembrança de há bastantes anos. Trata-se de um pequeno episódio da vida de um padre de aldeia, de dois metros de altura, ossudo e desengonçado como um don Camilo de Guareschi, e que foi meu amigo. Aconteceu que, na altura do Natal, seguindo o costume da sua terra, preparava-se para receber algum presente trazido na corcunda dos camelos pelos Reis Magos. Nessa ocasião, seguindo um sistema do tipo do “amigo secreto”, os “reis magos” íamos ser um grupo de colegas, padres como ele. Cada um escreveria uma carta aos Reis, fazendo o pedido. O nosso don Camilo (que se chamava Pedro) escreveu esta:

“Meus caros Reis Magos:

Muito embora sempre vos tenha amado e pedido favores, especialmente quando fazeis a vossa visita à terra, não vos tinha escrito desde faz, se bem me lembro, uns trinta anos. Eu era então um garoto com muitos sonhos na cabeça, que se foram apagando com o decorrer do tempo. Mas agora acontece que, graças a Deus, torno a sonhar, muito embora os sonhos sejam, naturalmente, diferentes dos que tinha então. O meu desejo atual é o de tornar a ser criança, apesar da minha respeitável estatura, para assim conseguir de vós quanto deseja e precisa meu coração de menino. Sim, o que para mim eu quero é isto: que me alcanceis a infância espiritual, para que sempre possa caminhar agarrado à mão de Deus; pois provavelmente vos seria meio difícil conceder-me a infância corporal. A Providência divina fez-me também pai de umas boas centenas de almas, que amo entranhadamente, e para as quais vos peço muita saúde espiritual, visto que há muitas que estão doentes. Com a certeza de que me haveis de conceder o que vos peço, beijo as vossas mãos benfazejas”.

Os Rei Magos atenderam seu pedido, e ele recebeu como presente uma imagem de Nossa Senhora, linda, com um olhar de mãe, com um sorriso cálido de mãe, que fazia com que qualquer um se sentisse, perto dela, uma criança amparada, totalmente aconchegada…

Como história puxa história, aí vai outro belo episódio dos tempos atuais. Um dos maiores poetas do século vinte foi Paul Claudel, um diplomata francês que se converteu ao catolicismo, por graça de Nossa Senhora, certa vez em que assistia – sem fé – a uma Missa natalina na catedral de Nôtre-Dame de Paris. Maria tocou-lhe o coração, alcançando-lhe do Espírito Santo a graça da fé, e o meteu para sempre no coração de seu Filho Jesus. Claudel tornou-se um grande católico e foi um dos maiores poetas e dramaturgos do seu século. A graça da sua conversão ficou-lhe tão gravada na alma que, sempre que podia, dava uma passada por Nôtre-Dame, entrava na catedral e ficava a olhar para a imagem da Senhora, da Mãe que o salvara.  Ele mesmo, num dos seus poemas, descreve qual era, nessas ocasiões, a sua oração. A tradução dá uma idéia dela, ainda que, como toda tradução, desbote o colorido do original:

É meio-dia. Vejo a igreja aberta. É preciso entrar.

Mãe de Jesus Cristo, não venho rezar.

Nada tenho a oferecer e nada a pedir.

Mãe, venho apenas olhar para ti.

Olhar para ti, chorar de alegria, recordar

que sou teu filho e que tu estás aqui.

Apenas um instante, enquanto tudo pára.

Meio-dia!

Estar contigo, Maria, neste lugar onde tu estás.

Nada dizer, olhar para o teu rosto,

Deixar o coração cantar em sua própria linguagem […]

…porque tu és a Mãe de Jesus Cristo,

que é a verdade entre os teus braços e a única esperança… […]

Porque estás aqui para sempre, simplesmente porque tu és Maria,

simplesmente porque existes,

Mãe de Jesus Cristo, nós te agradecemos!

Esta é que é a verdadeira devoção a Maria. Isto é o que devemos colocar em cada Ave Maria, em cada Terço, em cada Salve Rainha, em cada oração silenciosa, em cada jaculatória da ladainha, em cada olhar e em cada suspiro filial…

Agradeçamos a Jesus a Mãe que nos deu, porque – com ela – é impossível perder a esperança. Digamos-lhe, com palavras da antiquíssima antífona Salve, RainhaVida, doçura e esperança nossa, esses vossos olhos misericordiosos a nós volvei!

Fonte: https://presbiteros.org.br/

“Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.”

Editora Cidade Nova

“Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.” (1Cor 9,19) | Palavra de Vida Setembro 2022

A PALAVRA de Vida deste mês se encontra na Primeira Carta de Paulo aos cristãos de Corinto (Grécia).

por Web Master   publicado em 25/08/2022

Ele está em Éfeso (antiga cidade grega, na atual Turquia) e por meio dessas palavras procura dar uma série de respostas aos problemas que surgiram na comunidade grega de Corinto, cidade cosmopolita e grande centro comercial, famosa pelo templo de Afrodite, mas também pela proverbial corrupção. 

Alguns anos antes, os destinatários da Carta haviam se convertido do paganismo à fé cristã, graças à pregação do apóstolo. Uma das controvérsias que dividia a comunidade era: podemos ou não podemos comer carnes sacrificadas aos ídolos nos ritos pagãos?

Dando relevo à liberdade que temos em Cristo, Paulo introduz uma ampla análise de como se comportar diante de certas escolhas, aprofundando particularmente o conceito de liberdade.

“Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.”

Uma vez que os cristãos sabem que “no mundo não existe nenhum ídolo e nenhum deus, a não ser um só” (1Cor 8,4), é claro que se torna indiferente comer ou não comer carnes sacrificadas aos ídolos. Mas o problema surge quando um cristão se encontra na presença dos que ainda não possuem esta compreensão, este conhecimento da fé, e a atitude dele pode, desse modo, escandalizar uma consciência fraca.

Quando o conhecimento e o amor estão em jogo, para Paulo não há dúvida: o discípulo deve escolher o amor, renunciando até mesmo à sua própria liberdade, como fez Cristo, que livremente se tornou servo por amor. 

A atenção ao irmão fraco, àquele cuja consciência é frágil e que tem pouco conhecimento das coisas, é fundamental. O objetivo é “ganhar”, no sentido de levar a vida do Evangelho, tão boa e bonita, ao maior número possível de pessoas.

“Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.”

Como escreve Chiara Lubich: Se estamos incorporados em Cristo, se somos Ele, ter divisões, pensamentos conflitantes, é dividir Cristo. [...] Quando, [...] entre os primeiros cristãos, havia o perigo de quebrar a concórdia, eles eram aconselhados a ceder nas próprias ideias, contanto que se mantivesse a caridade. [...] O mesmo acontece também hoje: às vezes, mesmo estando nós convencidos de que um determinado modo de pensar é o melhor, o Senhor nos sugere que é melhor ceder nas próprias ideias, é melhor o menos perfeito, mas de acordo com os outros, do que o mais perfeito em desacordo – contanto que seja salva a caridade com todos. 

E este “dobrar-se para não romper” é uma das características, talvez dolorosas, mas também mais eficazes e abençoadas por Deus, que mantém a unidade segundo o pensamento mais autêntico de Cristo, e consequentemente sabe apreciar o seu valor1.

“Assim, livre em relação a todos, eu me tornei escravo de todos, a fim de ganhar o maior número possível.”

A experiência do cardeal vietnamita François van Thuân, que passou treze anos preso, nove deles em isolamento total, testemunha que, quando o amor é verdadeiro e desinteressado, também obtém como resposta o amor. Durante a sua prisão, ele ficou sendo vigiado por cinco guardas, mas os superiores decidiram substituí-los a cada quinze dias por outro grupo, porque estavam sendo “contaminados” pelo bispo. No final decidiram deixar sempre os mesmos, senão ele acabaria “contaminando” todos os guardas da prisão. O próprio cardeal conta: No início, os guardas não falavam comigo. Só respondiam sim e não. [...] Uma noite me veio um pensamento: “François, você ainda é muito rico, você tem o amor de Jesus em seu coração; ame-os como Jesus amou você”. No dia seguinte, comecei a querê-los bem ainda mais, a amar Jesus neles, sorrindo, trocando palavras gentis com eles. [...] Pouco a pouco nos tornamos amigos.2 Na prisão, com a ajuda de seus carcereiros, ele fez a cruz peitoral que usaria até a morte, símbolo da amizade nascida com eles: pequenos pedaços de madeira e uma correntinha de ferro.

1) LUBICH, Chiara. L’arte di amare, Roma: Città Nuova, 2005, pp. 120-121 (tradução nossa).

2) François-Xavier Nguyn Văn Thun. Testimoni della speranza, Roma: Città Nuova, 2000, p. 98. Nascido em 1928 em uma família católica, ele morreu em Roma, em 2002. No dia 15 de agosto de 1975, pouco depois de ter sido nomeado arcebispo coadjutor de Saigon pelo Papa Paulo VI, ele foi preso pelas autoridades vietnamitas. Assim, começou sua atribulada jornada, que durou treze anos, entre prisão domiciliar, celas de isolamento, campos de reeducação e torturas de todo tipo, constantemente iluminado por uma esperança inabalável.

Independência do Brasil: o dia em que D. Pedro I parou para rezar em Aparecida

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Monumento no Parque da Independência lembra o "Grito do Ipiranga"
Por Ricardo Sanches

Os detalhes da visita que aconteceu poucos dias antes da proclamação da Independência.

Desde que foi encontrada por pescadores no rio, em 1717, a imagem de Nossa Senhora da Conceição Aparecida já atraiu milhões de peregrinos. Entre os devotos estão anônimos, famosos e até personalidades importantes da história do Brasil, como é o caso de D. Pedro I.

De acordo com o site do Santuário Nacional de Aparecida, o então Príncipe Regente do Brasil Colônia viajava a cavalo do Rio de Janeiro para São Paulo. A viagem, que tinha cunho político, previa várias paradas no caminho. Uma delas era em Aparecida, onde o príncipe rezaria e conheceria a já famosa “Capela da Santa”, que hoje é a Basílica Histórica.

A visita aconteceu na manhã do dia 20 de agosto de 1822, conforme descreve uma placa na entrada da basílica. A reportagem do site do Santuário afirma:

“O príncipe se colocou em plena oração pedindo a intercessão de Nossa Senhora da Conceição, fazendo suas preces e promessas, e como principal promessa que, ao completar o processo da independência, ele iria decretar Nossa Senhora Aparecida como Padroeira do Brasil, além de consagrar a nação à Virgem Maria caso as negociações na província paulista dessem certo.”

Paz e esperança em um momento conturbado

Em entrevista ao jornalista Victor Hugo Barros, a historiadora Tereza Pasin afirma que após sair da capela e rezar a Nossa Senhora, D. Pedro “levou consigo a paz, que é o que o nosso devoto vem procurar”. Ela lembra que o príncipe estava muito preocupado com a situação política do Brasil e de São Paulo.

E como não acreditar que esta paz espiritual influenciou a decisão de D. Pedro de, dezoito dias após visitar Aparecida, ou seja, em 7 de setembro de 1822, proclamar a Independência do Brasil?

Vale lembrar que em 12 de outubro de 1822 D. Pedro I tornou-se o Imperador do Brasil, mas, por pressão da Coroa Portuguesa, escolheu São Pedro de Alcântara como padroeiro do país.

Com informações de A12.com

https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF