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O DESAFIO DA AUTOSSUSTENTABILIADE DA PASTORAL JUVENIL
O DESAFIO DA AUTOSSUSTENTABILIDADE DA PASTORAL
JUVENIL (PARTE 10)
A autossustentabilidade é
a condição pela qual uma instituição (ou indivíduo) busca o seu equilíbrio
existencial para manter-se “de pé”, dinâmico e atuante. Muitos fatores
concorrem para isso, além da própria vontade. A ausência da sustentabilidade
gera desequilíbrio, perda, enfraquecimento, queda, paralisia e
morte!
A
autossustentabilidade significa o esforço próprio de uma instituição ou de um
sujeito em vista da manutenção do seu dinamismo. Instituições insustentáveis
estão a caminho da falência porque não conseguem providenciar aquilo que é
necessário para a sua subsistência e cumprir sua missão.
O
termo autossustentabilidade nos fala de dinamismo da vida de um sujeito. Os
antigos gregos definiam o fenômeno vida como “autopoiésis”, ou seja, aquilo que
tem dinamismo próprio, que se move por si mesmo, que é capaz de reproduzir-se,
movimentar-se etc. De fato, é assim o mistério da vida! Mas
autossustentabilidade não é sinônimo de autossuficiência. A
autossustentabilidade é um fenômeno interativo; a
autossuficiência significa a pretensão de bastar a si mesmo. Esse é um
tema muito significativo numa perspectiva pastoral. Dessa forma podemos falar
da autossustentabilidade de uma diocese, prelazia, paróquia, movimento, grupo e
também das pastorais. Quando não há esforço para a continuidade e manutenção
daquilo que fazemos, certa será a sua crise, o esvaziamento, o envelhecimento,
a redução de vigor e a morte.
A
autossustentabilidade econômica da Pastoral Juvenil
A
pastoral tem uma dimensão econômica e administrativa. Isso deve ser levado a
sério, porque sem essas dimensões as atividades não têm “combustível” para se
manterem. Na área pastoral tudo aquilo que formos promover necessita de recursos
financeiros, materiais, técnicos, didáticos, esportivos etc. Também a promoção
da liturgia tem um custo, pois necessitamos de velas, vestes, papel, vinho,
hóstias, energia elétrica etc. Tudo tem custo. Nada cai do céu de graça! Por
isso, não basta sonhar, é preciso organizar-se estrategicamente para
termos os recursos necessários para a promoção e estabilidade do dinamismo
pastoral.
A
vitalidade de uma pastoral se expressa concretamente através de atividades,
eventos, processos, formação, ambientes preparados; isso implica o uso de
materiais como, equipamentos, transporte, material de consumo etc. Quem
providencia o que é necessário e de onde vem os recursos?
Nem
sempre a administração paroquial tem recursos financeiros suficientes para
subsidiar todas as despesas ordinárias de manutenção, pessoal, as demandas dos
grupos e das diversas pastorais. Isso significa que será necessário que cada
pastoral assuma uma postura criativa, empreendedora e estratégica para que
possa captar os recursos dos quais precisa para o pleno desenvolvimento das
atividades previstas, renovar-se e ainda avançar sempre mais. Quando faltam os
recursos, em geral, a tendência é a redução das atividades.
Os
jovens deverão ser estimulados e educados para que não sejam dependentes,
assumindo uma postura passiva diante das próprias necessidades pastorais e
sonhos. Isso também faz parte do protagonismo juvenil. Uma pastoral bem
organizada, com dinamismo empreendedor, vence com facilidade os obstáculos
econômicos. Já está constatado pelo mundo afora, que onde não há recursos
econômicos disponíveis também não há dinamismo pastoral.
A
necessária mudança de cultura
Por
muitos anos as atividades pastorais da Igreja eram sustentadas através de
projetos subsidiados por instituições europeias. Todavia, essa realidade mudou
completamente. É chegada a hora da corresponsabilidade do povo. Até mesmo
a Pastoral da Juventude viveu por muito tempo nessa dependência e um dos
fatores do seu atual enfraquecimento nacional tem uma dimensão financeira.
É
chegada a hora da mudança de cultura, atitudes e estratégias! Por isso a
perspectiva da autossustentabilidade da pastoral juvenil, visa sensibilizar,
animar e educar os jovens para o compromisso com a dimensão econômica na
promoção da evangelização dos outros jovens. Quando a corresponsabilidade
econômica é promovida se estimula a captação de recursos através de muitas
formas. Entram nesta dimensão a busca de amigos, colaboradores, apoiadores,
parceiros, patrocinadores, dizimistas…
A
mudança da cultura da passividade e dependência deve ceder lugar à cultura
empreendedora, da projetualidade administrativa, mentalidade orçamentária,
visão estratégica e preventiva daquilo que devemos fazer. Isso é impossível,
sem o incentivo do protagonismo juvenil. O protagonismo juvenil tem uma
dimensão administrativa e financeira.
Algumas
dificuldades
Em
geral os jovens vivem numa fase em que não dispõe de recursos próprios porque,
em geral são estudantes, e dependem de seus pais. Quando não, vivem do
subemprego e, como autônomos, recebem poucos recursos para a própria
manutenção. A pastoral juvenil é naturalmente dinâmica e, isso, requer recursos
financeiros.
Constata-se
que, muitas vezes, em diversos contextos, a pastoral juvenil fica atrofiada,
enfraquecida e reduzida por causa da falta de investimentos. Sem recursos, os
jovens caem na dependência, são alvos de antipatia, rotulados, vistos como peso
para a paróquia. Duas questões devem ser aprofundadas: de um lado é a
necessária promoção do protagonismo juvenil que tem muitas dimensões e, por
outro, o necessário apoio dos líderes de base, párocos e bispos, capazes de
educar os jovens, orientá-los, desafiá-los, acompanhá-los, ajudá-los
concretamente a saberem buscar recursos com inteligência pastoral.
Apesar
das dificuldades, na verdade, há muitas possibilidades a serem consideradas
apara a consolidação da autossustentabilidade da pastoral juvenil. Vejamos
algumas possíveis iniciativas:
·
Formar
os jovens para que cresçam na compreensão da cultura projetual; não basta ter
ideias, é necessário considerar a necessidade de processos executivos das
atividades;
·
Favorecer
o crescimento dos jovens na cultura orçamentária; isso significa considerar o
fato de que tudo tem um custo e é necessário prever os investimentos;
·
Não
basta ter boas ideias, é importante que os jovens aprendam a elaborar projetos
de acordo com as necessidades, considerando tudo o que é importante para a sua
execução com bons resultados;
·
Articular
estratégias variadas de captação de recursos financeiros; uma podem ser
ocasionais, outra permanentes;
·
Muitas
formas de captação de recursos por parte dos jovens são possíveis promover em
vista da manutenção da pastoral juvenil, tais como: promover pequenas
iniciativas pastorais a partir de projetos autossustentáveis de evangelização;
estimular o crescimento na conscientização dos jovens sobre a importância da
cultura do voluntariado e da solidariedade dos próprios jovens, das famílias e
instituições católicas;
·
investir
em meios e eventos extraordinários de geração de receitas como venda de
produtos, eventos, confecção e venda de objetos; contribuição mensal dos jovens
e de parceiros amigos dos jovens;
·
Negociação
de parcerias e ou permutas com governo municipal, empresas e outras
instituições;
Jesus
Cristo, educou o povo a saber partilhar e o responsabilizou diante das próprias
carências, não deixando que os apóstolos fossem buscar recursos em outros
lugares (cf. Mc 6,34-44). O evangelista Lucas conta que Jesus e os doze
contavam com um grupo de mulheres que auxiliavam em suas necessidades (cf. Lc
8,3). A pastoral juvenil deve ter seus colaboradores. Mas isso deve ser
planejado. Também São Paulo estimulou o povo a cultivar a atitude de
autossustentabilidade na evangelização; com seus esforços sempre procurou
manter sua missão por onde passava (cf. At 20,35;1Cor 9,6-14; Gal 6,6; 2Ts
3,9). Confiar na Divina Providência é essencial e fazer com inteligência
estratégica o que podemos é necessário.
PARA REFLEXÃO PESSOAL:
O
que significa a autossustentabilidade pastoral?
Quais
dificuldades a autossustentabilidade da pastoral juvenil deve enfrentar?