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sábado, 10 de setembro de 2022

Schevchuk: cristãos chamados a proteger a dignidade da vida humana, desde a concepção até a morte natural

Girassol | Vatican News

"A fé cristã é o coração que aquece e protege uma pessoa das diversas filosofias e ideologias que ameaçam a sua vida no mundo moderno. Rezemos hoje: “Deus, obrigado pelo dom da vida. Agradecemos por estarmos vivos e podermos defender e afirmar a dignidade humana no mundo moderno."

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo!

Hoje é sexta-feira, 9 de setembro de 2022 e já é o 198º dia desta grande guerra sangrenta e injusta que a Rússia está travando contra o povo ucraniano.

Tivemos mais um dia difícil e uma noite muito turbulenta. Repetidamente, lutas pesadas ocorrem em quase toda a linha de frente. De acordo com os relatórios desta manhã do exército ucraniano, 5 ataques com mísseis e 45 ataques aéreos atingiram a Ucrânia em um único dia. Nossa Kharkiv sofreu mais ontem à noite e está se transformando em uma cidade mártir: 1/3 de todos os seus edifícios já foram destruídos, e o inimigo está destruindo metodicamente a infraestrutura da cidade. Vários foguetes atingiram um estabelecimento de ensino superior, o coração da educação, ciência e cultura nesta grande cidade de um milhão de habitantes.

Mas graças a Deus, nosso exército está resistindo a esses ataques do exército russo. Recebemos ontem o anúncio de uma contra-ofensiva das tropas ucranianas em Kharkiv, bem como no Sul, na região de Kherson. E o presidente anunciou desde 1º de setembro que nosso exército havia libertado mais de 1.000 quilômetros quadrados de terra ucraniana do inimigo.

E nesta manhã agradecemos muito a Deus e às Forças Armadas da Ucrânia pelo fato de estarmos vivos, pelo fato de a Ucrânia saber não apenas como enfrentar o inimigo, mas também como triunfar sobre um inimigo injusto. E dizemos nesta manhã: “Obrigado, Deus, e nossos soldados pelo fato de estarmos vivos”.

E hoje podemos dizer mais uma vez: “A Ucrânia está de pé. A Ucrânia está lutando. A Ucrânia está rezando."

No contexto de todos os eventos que estão ocorrendo no front, notícias muito perturbadoras estão chegando dos territórios temporariamente ocupados. O inimigo parece enlouquecido pela própria impotência e intensifica o terror sobre a população local, usando a população civil como escudo humano. Até a usina nuclear de Zaporizhia é usada como escudo humano. Além disso, infelizmente temos exemplos de pessoas sendo capturadas na rua, e depois obrigadas a combater. Tais casos, em particular, ocorrem na região de Kharkiv.

E é por isso que é tão importante hoje, neste contexto de todo o drama da guerra, seguir o quinto mandamento do Guia do Crente. Este mandamento que é muito relevante nas atuais circunstâncias da Ucrânia, mas também do mundo. E ele diz assim: "Agradeço a Deus pelo dom da vida. Eu protejo a vida humana desde a concepção até a morte natural. Eu ajudo os doentes, os indefesos e os destituídos".

Acho muito importante este mandamento, de vital importância para todos nós cristãos no contexto da guerra. Os cristãos professam que o Senhor Deus é a fonte da vida. Ele é a fonte e o Mestre da vida humana, é Ele quem estabelece os limites da vida humana, do início ao fim. E o homem é chamado a cooperar com Deus para que uma nova pessoa nasça ao mundo.

Portanto, mesmo nas circunstâncias mais dramáticas de uma calamidade militar, os cristãos são chamados a agradecer a Deus pelo dom da vida e, portanto, a fazer tudo para protegê-la. No mundo moderno, vemos, existem várias ameaças muito sérias à existência humana, à vida humana. Nas culturas onde impera o culto do consumo, as chamadas culturas consumistas, onde o bem-estar é tipicamente o principal ídolo, os momentos mais ameaçados são muitas vezes o início e também o fim da vida humana. Está se formando uma "cultura do rejeito”, a cultura do descarte, como o Papa a chama, quando a dignidade humana e o direito de existir são medidos pela medida do consumo de uma pessoa. Se alguém consome muito, tem mais direitos, se alguém consome menos, tem menos dignidade. Da mesma forma, nesse tipo de cultura, onde o prazer também é um ídolo, a dignidade de tal ou qual ser vivo é avaliada na medida em que esse ser pode experimentar prazer, satisfação ou em que medida pode vivenciar dor e sofrimento. Em tal sistema filosófico, um animal pode ter mais direitos do que um embrião humano.

É por isso que, mesmo em tais circunstâncias, em países de relativa prosperidade, os cristãos são chamados a proteger a dignidade da vida humana, desde a concepção até a morte natural. Os cristãos devem ter a coragem de enfrentar os desafios do aborto e da eutanásia. A tecnologia moderna oferece muitas possibilidades de manipulação do embrião humano, vários tipos de manipulação da vida humana não nascida. E os idosos, os doentes, os indefesos muitas vezes caem sob a lei da morte forçada suave, que é chamada de eutanásia.

Vemos que existem outras ideologias misantrópicas que negam às pessoas o direito de existir por causa de sua etnia ou raça nacional. Podemos ver que a guerra que a Rússia está travando hoje contra a Ucrânia tem um claro componente ideológico, de acordo com a ideologia russa moderna e misantrópica do “mundo russo”. Toda a nação, como já mencionamos mais de uma vez, o povo ucraniano, mas também muitas outras nações, são privadas do direito de existir. E vemos quão brutal e sistematicamente os ocupantes de terras ucranianas estão destruindo o povo ucraniano hoje. É por isso que devemos nos unir hoje para proteger a dignidade da vida humana, porque ela é o fundamento de toda a sociedade humana. Os direitos humanos são um dos mecanismos legais de proteção do direito à vida humana no mundo atual. Portanto, mesmo em tempo de guerra, os direitos proclamados pelo Direito Internacional Humanitário permanecem em vigor, inclusive os direitos da população civil – o direito à vida.

Hoje, devemos nos preocupar especialmente com isso. Para que os doentes, os indefesos, os indigentes sintam verdadeiramente este oásis de dignidade humana no mundo moderno, precisamente nas nossas comunidades eclesiais.

A fé cristã é o coração que aquece e protege uma pessoa das diversas filosofias e ideologias que ameaçam a sua vida no mundo moderno. Rezemos hoje: “Deus, obrigado pelo dom da vida. Agradecemos por estarmos vivos e podermos defender e afirmar a dignidade humana no mundo moderno."

Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade, agora e para todo e sempre, amém!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Svyatoslav+
Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
09.09.2022

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

O fascinante mistério da Natividade de Maria

Domínio Público
Por Elizabeth Scalia

Por que Maria é tão importante para os católicos? Por que honrá-la tão grandemente e chamá-la Bem-Aventurada e Santa? Ela não era "apenas uma mulher"?

Na festa de 8 de setembro, que honra o nascimento de Maria, a Mãe de Deus, o Evangelho apresenta a genealogia e a Anunciação conforme descritas por São Mateus: toda a lista de patriarcas e pais, com a ocasional menção da mãe:

Judá gerou Farés e Zara, cuja mãe era Tamar … Davi gerou Salomão, cuja mãe tinha sido a mulher de Urias…

E assim por diante. Até que…

Aquim gerou Eliúde. Eliúde gerou Eleazar. Eleazar gerou Matã. Matã gerou Jacó. Jacó gerou José, esposo de Maria, da qual nasceu Jesus, que é chamado o Cristo”.

A genealogia vai seguindo uma linha e, de repente, acontece uma reviravolta: mais um homem é nomeado, mas ele não é apontado como o pai de alguém, e sim como o marido daquela que é mãe! A Mãe do Criador. A Mãe do Cristo.

Esta sutileza da narrativa sinaliza que algo agora é muito diferente. A partir de agora, entendemos que nada mais será como era.

Consideremos ainda:

No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus, e o Verbo era Deus” (João 1,1).

No início, quando Deus criou os céus e a terra, a terra era um deserto sem forma e as trevas cobriam o abismo, enquanto um vento forte varria as águas. Então Deus disse: ‘Haja luz’, e houve luz” (Gênesis 1,1-3).

Ambas as passagens descrevem algo que surge do nada; ambas falam de vazios e espaços. Em março, quando falamos da Anunciação, esses textos muito bem poderiam descrever a condição do seio virginal de Maria, mas talvez, hoje, também se possam contemplar essas palavras como referência à alma de Maria no momento da sua concepção. O Deus que É, que Foi e que sempre Será sabia quem seria a Sua Arca da Nova Aliança, pois Ele próprio iria providenciá-la: aquela a quem Gabriel chamou “a cheia de graça”.

Voltando às linhas do Gênesis e de João, quase podemos considerar Maria no útero como uma espécie de espelho do “nada” em repouso que existia antes da criação: uma criatura criada, amada a ponto de chegar a ser e marcada pela graça, está esperando para nascer. Ela vive e cresce no silêncio; como modelo de quiescência.

Da folha em branco de Maria vem o resto da história. Salvação. Resgate. O Caminho de volta.

Por que Maria é tão importante para os católicos? Por que honrá-la tão grandemente e chamá-la Bem-Aventurada e Santa? Ela não era “apenas uma mulher”?

Sim, mas… não. Ela é “a cheia de graça”. E teria que ser. Eu sou apenas uma mulher; bilhões de pessoas são “apenas mulheres”; a maioria delas são pessoas boas e decentes, mas será que qualquer uma delas poderia ter sido a “Arca” excepcional destinada a carregar em si, nutrir e dar à luz o seu Criador e Salvador?

A bondade de Maria não era por mérito próprio; a ela foi dada a graça. A ela foi dada ainda a graça de dizer “sim”, mesmo quando um “não” teria sido perfeitamente compreensível, dada sua idade e sua época. Ela reconhece tudo isso em seu esplêndido Magnificat, compartilhado pelo Evangelho de Lucas.

Nós recordamos e celebramos o fato de seu nascimento porque – merecido ou não – ela foi a escolhida de Deus para acender uma chama que ainda arde na humanidade.

Celebramos hoje o nascimento de Maria, a Theotokos, aquela que nos traz o Deus encarnado; a mãe sublime que Jesus, ao pé da sua cruz, deu a cada um de nós.

O Pai se regozija em olhar para o coração da Santíssima Virgem Maria como a obra-prima de suas mãos. O Filho se regozija nele como o coração de Sua Mãe, a fonte de Seu próprio Sangue que nos resgatou” (São João Maria Vianney).

O teu nascimento, ó Virgem Mãe de Deus, proclama alegria ao mundo inteiro, porque de ti nasceu o Sol glorioso da Justiça, o Cristo, nosso Deus; Ele nos libertou da antiga maldição e nos encheu de santidade; Ele destruiu a morte e nos deu a vida eterna” (antífona do Cântico de Zacarias, na oração da manhã para 8 de setembro, dia da Natividade de Maria).

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A figura histórica de Jesus

Representação de Jesus (Século IV) | Opus Dei

A figura histórica de Jesus

Quem é Jesus? Que sabemos sobre Ele? O autor deste artigo define a figura de Cristo como “uma pedra de escândalo para a razão”.

17/07/2012

Nos anos que marcam o começo do terceiro milênio parece que despertou no mundo um interesse especial por Jesus de Nazaré. Na realidade, os livros escritos nos últimos anos sobre sua figura e sua pessoa, mesmo que nem todos positivos, põem em relevo a atualidade e a transcendência do Filho de Deus feito homem, e como sua vida atrai as pessoas.

De fato, em sua comunhão com o Pai, Jesus se faz presente hoje diante de nós. E o que Jesus traz, o que dá ao mundo? A resposta é Simples: Deus[1].

Aviva a tua fé. – Não é Cristo uma figura que passou. Não é uma recordação que se perde na história. Vive! "Jesus Christus heri et hodie: ipse et in saecula!", diz São Paulo. Jesus Cristo ontem e hoje e sempre![2]

A pregação da Igreja primitiva apresenta sempre Jesus Cristo como Filho de Deus e único Salvador. A proclamação do Mistério Pascal levava consigo um anúncio paradoxal de humilhação e de exaltação, de vergonha e de triunfo: nós, porém, anunciamos Cristo crucificado, escândalo para os judeus e loucura para os pagãos. Mas para aqueles que são chamados, tanto judeus como gregos, ele é o Messias, poder de Deus e sabedoria de Deus[3].

NÃO FOI FÁCIL PARA OS PRIMEIROS CRISTÃOS SUPERAR O ESCÂNDALO DA CRUZ

Não foi fácil para os primeiros cristãos superar o escândalo da cruz, a realidade da crucificação e morte do próprio Filho de Deus. Daí a tentativa dos docetistas e dos gnósticos de negar que Jesus tivesse um corpo real e passível, ou o de Nestório, dois séculos mais tarde, de afirmar a existência em Jesus Cristo de duas pessoas, uma humana e outra divina.

No entanto, nenhum estudioso sério nega o fato histórico “Jesus de Nazaré”. Mesmo que não haja uma grande quantidade de dados externos à Bíblia sobre sua pessoa e sua missão, são suficientes para afirmar, sem dar lugar a dúvidas, a sua passagem pela terra. É substancialmente aceito, por exemplo, o testemunho de Flávio Josefo. Em um de seus livros, este historiador judeu do século primeiro se refere a Jesus como “homem sábio (...); Ele realizou obras extraordinárias, sendo um mestre de homens que acolhem a verdade”[4]. Mais adiante escrevem sobre Jesus, durante o império de Trajano, Plínio o jovem e Tácito; e depois o fará Suetônio, secretário de Adriano.

Junto a essas referencias, os evangelhos constituem “o testemunho principal da vida e doutrina da Palavra encarnada, nosso Salvador”[5]; são as fontes que proporcionam uma visão detalhada de sua personalidade. A Tradição da Igreja, sob a inspiração do Espírito Santo, reconheceu nestes livros a descrição autêntica e segura da figura histórica do Senhor, uma figura histórica que possui um caráter divino.

O valor dos evangelhos como fontes primárias para conhecer a Jesus não foi posto em dúvida por cristãos até finais do século XVIII. Neste momento, surgiram alguns autores que pretenderam analisá-los com critérios historiográficos e positivistas, eliminando as narrações que consideravam inaceitáveis para o homem moderno; isto é: os milagres e as profecias, só explicáveis pelo caráter extraordinário da intervenção divina na história. Tratava-se da primeira tentativa de estudar os evangelhos só como livros de história, sem considerar seu conteúdo sobrenatural, um projeto que abordava os textos excluindo a fé na divindade de Cristo.

AS PRETENSAS 'BIOGRAFIAS HISTÓRICAS' DE JESUS DO SÉCULO XIX RETRATAVAM MAIS O CARÁTER DE QUEM AS ESCREVIA QUE O DE JESUS CRISTO

A partir de então, abundaram as “vidas de Jesus" nas quais Cristo aparecia como um de tantos candidatos a messias; um fracassado condenado à morte pela autoridade romana que, esta sim, possuía uma indubitável autoridade moral. Deste modo, com frequência, estas pretensas biografias históricas retratavam mais o caráter de quem as escrevia que o de Jesus Cristo.

Posteriormente, o avanço dos estudos exegéticos levou a uma forte reação contra este enfoque: passou-se a considerar os evangelhos como textos escritos com fé sincera, mesmo que desvinculados das coordenadas da história; o ceticismo sobre a divindade da figura histórica de Cristo não foi superado. Nos últimos decênios, os novos critérios metodológicos permitiram uma leitura teológica da Bíblia mais de acordo com a fé[6]. A verdade proclamada pela Igreja sobre o Filho de Deus, que depois de vinte séculos continua sendo uma pedra de escândalo para a razão, é a de uma Pessoa ante a qual cada um deve comprometer sua própria vida através de um ato de fé; porém não uma fé puramente fiducial ou crédula, mas uma fé que se apoia em que o próprio Deus falou e atuou na história; uma fé que crê na vida e obras reais do Filho de Deus feito homem, e que encontra n’Ele a razão de sua esperança.

A importância da realidade histórica da mensagem evangélica se fez patente desde os primeiros instantes do cristianismo; como diz São Paulo, se Cristo não ressuscitou, é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé[7].

Os milagres e a autoridade de Jesus

Nos evangelhos relata-se que Jesus faz milagres. No Antigo Testamento já se narravam prodígios realizados por profetas como Elias e Eliseu, para não falar dos protagonizados por Moisés ou Josué. Também na literatura antiga, tanto judaica como helenística, encontram-se prodígios de alguns personagens.

Aqueles que buscam negar a veracidade dos milagres de Cristo – e, em geral, de todos os que aparecem na Escritura -, costumam apoiar-se nestes últimos para afirmar que os relatos de atos milagrosos implicam em um gênero literário de ficção, talvez dirigido a exaltar um personagem histórico.

Porém as semelhanças dão rapidamente lugar a profundas divergências, que constituem sinais da credibilidade e da autenticidade dos evangelhos. Em primeiro lugar, os milagres de Jesus surpreendem por sua verossimilhança. Os evangelhos falam de prodígios; porém nada há de exagerado na forma de descrevê-los.

Um cego recupera a vista; um coxo começa a andar... Observa-se, na simplicidade do relato, que se está muito longe de pretender exaltar uma figura; são relatos alheios a toda teatralidade, e nos quais se refletem a vida cotidiana dos protagonistas.

Também chama a atenção a autoridade que Jesus exerce quando os realiza. Os prodígios narrados na literatura rabínica se obtêm depois de longas orações. Ele, diferentemente, os faz com seu próprio poder, com uma palavra ou um gesto, e o efeito é quase sempre imediato.

Outra característica única é a discrição de Jesus: raramente toma a iniciativa, mostra-se reticente, manda que não se divulgue... Inclusive em ocasiões, diz o texto sagrado, que não pode fazer milagres[8], porque não encontrou nos interessados as disposições espirituais adequadas.

OS MILAGRES DE JESUS "PARTEM DA FÉ E LEVAM À FÉ"

Por último, é importante notar como os milagres de Cristo possuem sempre um sentido que transcende o mero efeito físico. O Senhor não cede ao gosto dos homens pelo maravilhoso, ou à curiosidade: busca a conversão da alma, quer testemunhar a sua missão. Jesus faz ver que não são simples prodígios; para realizá-los, exige a fé em sua Pessoa, na missão que o Pai lhe confiou. Partem da fé e levam à fé. De tudo isso se conclui que os evangelistas se propuseram disponibilizar para todos alguns fatos históricos, para que pudessem ser completados pela fé; testemunharam que “tudo na vida de Jesus é sinal de seu mistério. Por meio de seus gestos, de seus milagres, de suas palavras, foi revelado que nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade (Cl 2,9)”[9].

Daí a centralidade, na vida do cristão, do conselho de são Josemaria: Saboreai as cenas comoventes em que o Mestre atua com gestos divinos e humanos ou relata com modos de dizer humanos e divinos a história sublime do perdão, do Amor ininterrupto que tem pelos seus filhos. Esses traslados do Céu renovam-se agora também, na perenidade atual do Evangelho: apalpa-se, nota-se, pode-se afirmar que se toca com as mãos a proteção divina.[10]

No entanto, a autoridade de Jesus não se manifesta só em seu modo de fazer milagres. Aparece mais claramente em seu modo de dispor da Lei e da tradição: as interpreta, aprofunda e corrige. Este é outro traço diferenciador, que não se encontra em nenhum outro testemunho da época. A originalidade desta atitude, patente nos ensinamentos recolhidos nos evangelhos, só se explica pelo caráter único do Mestre, por sua forte personalidade e doutrina.

Percebemos este poder sobre a Lei ao observar como Ele a cumpre fielmente. Nesse cumprimento Cristo mostra umas exigências que vão até o mais profundo do coração, mais além de qualquer sinal de formalismo. É Verdade que Jesus mantém a Lei, porém a interpreta segundo um espírito inovador que, ao mesmo tempo em que a cumpre, a supera; traz um vinho novo que rejeita composições com os odres velhos. Por outro lado, Jesus faz isto como um legislador que fala em nome próprio, superando Moisés. O que Deus havia dito através de Moisés, o seu Filho Unigênito aperfeiçoa.

Jesus inaugura uma nova era, a do Reino anunciado já há muito tempo pelos profetas: destrói o Reino de Satanás expulsando os demônios pelo dedo de Deus[11]. O messianismo de Jesus não pode ser uma invenção de seus discípulos concebida depois da Páscoa: a tradição evangélica contém tantas recordações sólidas e harmônicas de sua vida pública que não é possível repeli-las dizendo simplesmente que se trata de uma criação póstuma, fruto de uma suposta ideologia apologética. Os ensinamentos de Cristo são inseparáveis da autoridade com que as proclama.

A divindade de Jesus nos evangelhos

De modo análogo a como se nega a historicidade dos milagres, às vezes afirma-se que o título de “filho de Deus" só designa, nos evangelhos, uma proximidade especial de Jesus com Deus. Geralmente, argumenta-se dizendo que este título tem diversos usos nos textos da época: aplica-se a personagens que se distinguem por serem justos, ao povo de Israel, aos anjos, á realeza ou a pessoas com alguma faculdade especial. Mas quando consideramos os relatos evangélicos, novamente aparecem diferenças que só se explicam ao reconhecer a natureza divina de Cristo, proclamada à luz do mistério Pascal.

Assim, no evangelho de São Marcos se demonstra que a personalidade se Jesus é sobrenatural. Certamente, em certas ocasiões, Jesus é proclamado filho de Deus por pessoas que talvez só o façam segundo o sentido normal da época, sem conhecer a fundo suas implicações. Mas também, a voz do Pai no Batismo e na Transfiguração testemunha que Jesus é Filho de Deus; e sob a luz desta declaração pode-se apreciar em muitas outras passagens o caráter real e único da filiação divina de Cristo. Por exemplo, o próprio Jesus apresenta-se como o “filho amado" na parábola dos vinhateiros homicidas, radicalmente diferente de todos os enviados anteriores; também manifesta uma relação pessoal única de filiação e confiança com o Pai ao chamar-lhe – e este é o único evangelho que o conta – Abba[12], Papai. Neste contexto, é interessante observar como a fé do evangelista na divindade de Jesus fica marcada pelo versículo citado, Filho de Deus[13], e a confissão do centurião, ao final do texto: verdadeiramente este homem era Filho de Deus![14].

Em São Mateus, a definição divina de Jesus se apresenta com mais profusão que em São Marcos. O título é pronunciado por endemoninhados, pelo centurião, pelos que passam sob a Cruz no Calvário, pelos sacerdotes, por Pedro e os discípulos, especialmente depois de um milagre. Ainda mais claramente que em São Marcos, vê-se que nem todos os que o chamam filho de Deus o reconhecem como tal, e esta atitude serve ao evangelista como contraponto daqueles que o fizeram.

São Lucas ressalta a relação entre Jesus e o Pai, destacando-a em um ambiente de oração, de intimidade e confiança, de entrega e submissão, que termina nas últimas palavras pronunciadas na Cruz: Pai, em tuas mãos entrego meu espírito[15]. Ao mesmo tempo é fácil captar como sua vida e sua missão são continuamente guiadas pelo Espírito Santo, já desde a Anunciação, onde se proclama sua filiação divina. Junto a estas características particularmente destacadas, voltamos a encontrar outros testemunhos comuns aos demais evangelistas: também os demônios chamam Jesus de “Filho de Deus", nas tentações e nas curas dos endemoninhados em Cafarnaum e Gerasa.

Em São João a filiação divina de Cristo aparece em seu sentido mais profundo e transcendente: Ele é o Verbo, que está no seio de Deus e se faz carne; é pré-existente, já que é anterior a Abraão; foi enviado pelo Pai, desceu do céu... São características que destacam a realidade divina de Jesus. A confissão da divindade por parte de Tomé pode considerar-se o cume do evangelho, que foi escrito para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que crendo, tenhais a vida em seu nome[16]. Em São João é patente, talvez mais que em nenhum outro evangelista, como a afirmação da divindade real de Jesus pertence ao próprio núcleo da pregação apostólica. Uma afirmação que tem as suas raízes na consciência que Cristo tinha desta divindade, em sua passagem pela terra.

Neste sentido, é de especial interesse recordar – e é um elemento comum a todos os evangelistas – como Jesus diferencia sua relação com o Pai da que tem com os demais homens: meu Pai é quem me glorifica, aquele que vós dizeis ser o vosso Deus[17]subo para meu Pai e vosso Pai, meu Deus e vosso Deus[18]; a expressão “Pai nosso" nos lábios de Jesus só aparece em uma ocasião, ao ensinar aos discípulos o modo que devem rezar. Cristo nunca põe no mesmo nível sua especial filiação com a dos discípulos: uma amostra da consciência que Ele mesmo tinha de sua divindade.

A pregação da primitiva comunidade cristã apresenta as formas de anúncio, de catequese, de exortação ou de argumentação em favor da fé, e todas estas estão reunidas na narração evangélica. Isto influi mais em suas características literárias que no conteúdo do que aconteceu. É útil descobrir que as necessidades da pregação levaram a selecionar alguns episódios entre muitos outros[19], e que levaram os evangelistas a apresentar a vida de Cristo de modo mais teológico que biográfico, mais sistemático que cronológico. Porém não há motivo para pensar que este interesse e essas necessidades levem a falsificar as recordações, a criá-los ou a inventá-los.

OS EVANGELHOS ESTÃO REPLETOS DE EPISÓDIOS CHEIOS DE CANDURA E NATURALIDADE; CADA UM DELES É UMA MOSTRA DE VERACIDADE, E DO DESEJO DE CONTAR A VIDA DE JESUS NO SEIO DA TRADIÇÃO DA IGREJA

Mais ainda, as expressões e acontecimentos desconcertantes são mais uma prova da credibilidade dos evangelhos: por que o batismo, se Cristo não tinha pecado? Por que afirmar a aparente ignorância de Jesus a respeito da Parusia, ou que não pôde fazer milagres, ou que estava cansado? Como o são também a forma semítica das palavras, ou o uso de expressões arcaicas ou não assumidas pela teologia posterior – como “filho do Homem”.

Os evangelhos estão repletos de episódios cheios de candura e naturalidade; cada um deles é uma mostra de veracidade, e do desejo de contar a vida de Jesus no seio da tradição da Igreja. Quem escuta e recebe essa Palavra pode chegar a ser discípulo[20].

Na mensagem cristã se entrelaçam a fé e história, teologia e razão, e os testemunhos apostólicos manifestam a preocupação de apoiar a fé e a mensagem sobre fatos, contados com sinceridade.

Nessas páginas, o próprio Jesus se dá a conhecer aos homens de todos os tempos, na realidade da sua história, do seu anúncio. Lendo-as, não aderimos a um ideal moral; meditar o evangelho não é refletir sobre uma doutrina. É meditar a história de Cristo desde o seu nascimento num presépio até à sua morte e sua ressurreição[21], porque quando amamos uma pessoa, desejamos conhecer até os menores detalhes da sua existência, do seu caráter, para assim nos identificarmos com ela.[22]

B. Estrada


[1] Cfr. Joseph Ratzinger – Bento XVI, Jesus de Nazaré, cap. 1 e 2.

[2] Caminho n. 584.

[3] 1 Cor 1, 23s.

[4] Cfr. Flávio Josefo, Antiquitates Judaiae, 18, 3, 3.

[5] Conc. Vaticano II, Const. dogm. Dei Verbum, n. 18.

[6] Cfr. Joseph Ratzinger – Bento XVI, Jesus de Nazaré (I), Introdução.

[7] 1 Cor 15, 14.

[8] Cfr. Mt 13, 18; Mc 6, 50.

[9] Catecismo da Igreja Católica, n. 515.

[10] Amigos de Deus, n. 216.

[11] Cfr. Lc 11, 20.

[12] Mc 14, 36.

[13]Mc 1,1.

[14] Mc 15, 39.

[15] Lc 23, 46.

[16] Jo 20, 31.

[17] Jo 8, 54.

[18] Jo 20, 17.

[19] Cfr. Jo 21, 25.

[20] Cfr. Joseph Ratzinger – Bento XVI, Jesus de Nazaré (I), cap. 4.

[21] É Cristo que passa, n. 107.

[22] É Cristo que passa, n. 107.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Papa: o amor de mãe pode salvar os filhos do suicídio

Antoine Mekary | ALETEIA

Um tributo especial de Francisco ao amor materno!

Durante a Audiência Geral de 7 de setembro de 2022, véspera da festa da Natividade da Virgem Maria, o Papa Francisco prestou uma homenagem especial ao amor de mãe. “O amor materno pode nos salvar do desespero”, disse o Pontífice, acrescentando que esse amor também pode evitar que os filhos cometam suicídio.

Falando da Praça de São Pedro, no Vaticano, o Papa evocou o significado da festa litúrgica da Natividade da Mãe de Cristo, que se comprometeu ternamente com a missão do filho. Em seguida, o Santo Padre afirmou:

“Desejo manifestar a minha proximidade a todas as mães. De modo especial às mães com filhos que sofrem: filhos doentes, filhos marginalizados, filhos encarcerados. Uma oração particular pelas mães dos jovens prisioneiros: para que não falte a esperança. Infelizmente, nas prisões há muitas pessoas que se suicidam, às vezes até jovens. O amor de uma mãe pode preservar deste perigo”.

O Bispo de Roma ainda pediu à Virgem Maria que ampare as mães:

“Nossa Senhora console todas as mães aflitas devido ao sofrimento dos filhos.”

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O pesar do Papa: Elizabeth, um exemplo de devoção ao dever

O Papa com a Rainha Elizabeth e Filipe | Vatican News

O Papa recorda Elizabeth II e seu incansável serviço ao bem. Num telegrama de pesar, Francisco manifesta suas condolências e assegura orações pela Rainha e pelas altas responsabilidades às quais o novo Rei Carlos III é chamado.

Vatican News

"Profundamente entristecido com a notícia da morte de Sua Majestade, a Rainha Elizabeth II, estendo minhas sinceras condolências a Vossa Majestade, aos membros da Família Real, ao povo do Reino Unido e à Commonwealth." É o que escreve o Papa Francisco num telegrama enviado a Carlos III, o novo Rei da Inglaterra.

"Uno-me a todos aqueles que choram por ela, rezando pelo descanso eterno da falecida Rainha e prestando homenagem à sua vida de serviço incansável ao bem da Nação e da Commonwealth, ao seu exemplo de devoção ao dever, ao seu firme testemunho de fé em Jesus Cristo e à sua firme esperança em suas promessas", prossegue o Papa.

"Confiando sua nobre alma à bondade misericordiosa de nosso Pai Celestial, asseguro a Vossa Majestade minhas orações para que Deus Todo-Poderoso o sustente com sua graça inabalável, enquanto assume agora as altas responsabilidades como Rei. Sobre o senhor e sobre todos aqueles que guardam a memória de sua falecida mãe, invoco a abundância das bênçãos divinas como penhor de conforto e força no Senhor", conclui Francisco.

A força da Palavra de Deus na vida de um povo!

A força da Palavra de Deus | pnscjm

A FORÇA DA PALAVRA DE DEUS NA VIDA DE UM POVO! 

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Como Povo de Deus a caminho da casa do Pai, alimentamos a nossa vida de fé com o Pão da Palavra e o Pão da Eucaristia, para que, diante das provações deste mundo, não nos faltem as forças humanas e divinas, para darmos testemunho do amor, da fé e da esperança, da presença do Senhor ressuscitado, que caminha conosco, mesmo quando nos sentimos feridos e fragilizados pelos acontecimentos que tocam e muitas vezes ferem a nossa vida e a nossa dignidade de filhos e filhas amados de Deus. 

A Palavra de Deus alimentou a esperança do povo da Antiga Aliança, através da voz dos profetas, mas foi também pela palavra – “Verbo” – que o “Senhor Jesus”, nosso Redentor, se encarnou no seio da Virgem Maria, para viver a nossa realidade humana, com a missão de resgatar a humanidade ferida pelo dor do pecado.  

A Igreja Católica no Brasil convida seus filhos e filhas a celebrar o “Mês da Bíblia”, que neste ano destaca o livro bíblico de Josué, com o versículo: “O Senhor, teu Deus, estará contigo por onde quer que vás” (Js 1,9). Ele nos ajuda a refletir e ter presente a força divina da Palavra de Deus, mas também a sua capacidade transformadora, quando a acolhemos no coração, deixando que ela oriente a nossa vida pessoal, familiar e a nossa missão, nos passos da nossa vida, que constroem a nossa história pessoal e a história de um povo a caminho. Um povo que não se prostra diante das dificuldades, mas, à luz da fé, se alimenta da Palavra de Deus e da Eucaristia, para continuar construindo a sua história, sem deixar de ser protagonista do presente, mantendo viva no coração a esperança em relação ao futuro. 

A Palavra de Deus, na verdade, é a expressão da vida de Deus que transmite “energia nova” às comunidades da Antiga e da Nova Aliança, no árduo caminho da coerência de fé, na peregrinação para a casa do Pai.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

quinta-feira, 8 de setembro de 2022

Elizabeth II, uma verdadeira soberana cristã

Lindsey Parnaby / AFP
La reine Elizabeth II après avoir assisté à un service religieux à l'église
St Mary the Virgin à Hillington, Norfolk, le 19 janvier 2020.

Por Marzena Devoud

Esta semana, o Reino Unido celebra o 70º aniversário do reinado de Elizabeth II. Muitos artigos foram publicados sobre a sua longevidade, o seu caráter, os seus problemas, as suas alegrias... Poucos artigos sublinham que a Rainha é uma verdadeira soberana cristã.

Para os súditos de Elizabeth II, a mensagem de Natal da Rainha tem sido um acontecimento particularmente solene desde o início do seu reinado em 1952. Tal como os católicos que seguem a bênção urbi et orbi do Papa, milhões de britânicos nunca perdem este momento na televisão para ouvir com emoção a sua Rainha e chefe da Igreja de Inglaterra. Primeiro transmitida na rádio, depois transmitida pela televisão em 1957, é a única cerimónia em que ela se dirige à nação sem consultar o governo. As únicas pessoas que sempre passaram os olhos no texto que a Rainha estava a preparar eram o seu Secretário Privado, o conselheiro teológico nomeado pela Família Real e, claro, o seu marido, o Príncipe Philip, que morreu a 9 de Abril de 2021. Por que a exceção? Provavelmente porque as suas reflexões sobre a importância da fé cristã na sua vida têm uma dimensão pessoal óbvia.

Com a sua ascensão ao trono, a Rainha tornou-se também a governadora suprema da Igreja da Inglaterra. Como todos os monarcas britânicos, Elizabeth II foi coroada e consagrada pelo Arcebispo de Cantuária numa cerimónia que tem a sua origem na coroação dos reis da França. Como tal, ela é “Rainha pela graça de Deus, defensora da fé” (Dei Gratia Regina Fidei Defensor). Muitas celebrações religiosas moldam a sua vida pública como “Governadora Suprema da Igreja da Inglaterra”. Mas é a mensagem anual de Natal que revela claramente a sua relação com Deus e a sua fé pessoal. Esta ligação era visível mesmo antes de ela ser coroada.

Rezai por mim … para que Deus me dê sabedoria e força para cumprir as promessas solenes que estou prestes a fazer, e para que eu possa servi-lo fielmente, e a vós, todos os dias da minha vida.

Elizabeth II

Este foi o pedido de oração feito pela Rainha na sua primeira mensagem de Natal em 1952, seis meses antes da sua coroação a 2 de Junho de 1953, na Abadia de Westminster, Londres.

https://youtu.be/lZwH_TTrP-g

AFP

Fé, a âncora da sua vida

Os seus discursos de Natal revelam ano após ano uma certa evolução na forma como evoca a sua fé pessoal e valores cristãos tais como o perdão, a reconciliação, o amor ou o sentido do serviço. Foi durante os últimos 22 anos do seu reinado que as suas mensagens assumiram um tom diferente, quase íntimo. A Rainha gosta de falar da sua fé como “a âncora da sua vida”. De fato, desde 2000, Elizabeth II decidiu dedicar a sua mensagem de Natal à vida e ao ensinamento de Cristo. Aquele que lhe proporciona o enquadramento para “conduzir a própria vida”.

Para muitos de nós, as nossas crenças são de importância fundamental. Para mim, os ensinamentos de Cristo e a minha responsabilidade pessoal perante Deus são o quadro dentro do qual tento viver a minha vida. Como muitos de vós, tenho-me confortado muito em tempos difíceis com as palavras e o exemplo de Cristo.

 https://youtu.be/lZwH_TTrP-g

O seu discurso abertamente cristão assumiu um tom ainda mais pessoal em 2014:

Para mim, a vida de Jesus Cristo, o Príncipe da Paz, cujo nascimento celebramos hoje, é uma inspiração e uma âncora na minha vida. Um modelo de reconciliação e perdão, ele estendeu a mão com amor, aceitação e cura. O exemplo de Cristo ensinou-me a procurar respeitar e valorizar todas as pessoas, independentemente da sua fé ou falta de fé.

 https://youtu.be/ojAOaTWzgCk

Dois anos mais tarde, a Rainha explica sob a forma de testemunho como encontra em Cristo “a luz que guia a sua vida”:

Bilhões de pessoas hoje seguem os ensinamentos de Cristo e encontram nele a luz que guia as suas vidas. Sou uma delas porque o exemplo de Cristo me ajuda a ver o valor de fazer pequenas coisas com grande amor, não importa quem as faz e não importa quais são as suas próprias crenças.

 https://youtu.be/DBfy5cGyEf8

Finalmente, em 2020, na véspera de Natal, do Castelo de Windsor, onde ela e o Príncipe Philip ficaram isolados devido à pandemia de Covid-19, ela assegurou as suas orações depois de evocar a parábola do Bom Samaritano:

Claro que, para muitos, esta época do ano será tingida de tristeza: alguns choram a perda de entes queridos; e outros amigos e familiares estão longe por segurança, quando tudo o que realmente desejariam para o Natal é um simples abraço ou aperto de mão. Se estás entre eles, não estás só, e deixa-me assegurar-te os meus pensamentos e orações.

 https://youtu.be/OZbCRN3C_Hs

O credo pessoal

De acordo com alguns observadores reais, foi claramente no 2000º aniversário do nascimento de Cristo que a Rainha decidiu falar mais abertamente sobre a sua fé. Outros veem-no como a mão de George Carey, então Arcebispo de Cantuária. Para Ian Bradley, Professor de História na Universidade de St Andrews e autor de God Save the Queen – The Spiritual Heart of the Monarchy, é mais a influência direta do Príncipe Philip: “Depois do seu relato muito pessoal em 2000, a Rainha foi encorajada a continuar a falar sobre a sua fé. Foi-me dito que ela recebeu 25 vezes mais cartas do que o habitual em resposta a essa mensagem de Natal e que teve um enorme apoio do Duque de Edimburgo para continuar a falar ao povo britânico sobre o seu credo pessoal”, explicou Ian Bradley numa entrevista ao The Guardian.

O que é impressionante é o detalhe que muda: na sua primeira mensagem Elizabeth II pediu para rezarem por ela. Na mensagem que ela proferiu na véspera do seu jubileu de platina, assegurou aos seus súditos as suas orações. Um sinal de que a sabedoria, o sentido de serviço e a busca de Deus de Elizabeth II têm continuado a crescer e a agregar, tornando-a uma das soberanas mais radiantes e amadas, muito além do Reino Unido.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A interpretação da Ave Maria desta senhora de 96 anos é simplesmente deslumbrante

Screenshot | The Magda Olivero Archives | Youtube
Por Cerith Gardiner

A soprano italiana foi capaz de alcançar algumas notas milagrosas nos seus últimos anos.

Com a tenra idade de 96 anos, Magda Olivero pode ainda honrar a Santíssima Virgem com uma Ave Maria perfeita.

A soprana italiana cantou uma Ave Maria de coração numa igreja católica na Itália. De fato, todos os anos a antiga cantora de ópera emprestava os seus talentos à Igreja de Sulden, ou à Parrocchia di Solda no dia 15 de Agosto, feriado nacional do país.

Apesar da sua idade avançada, Olivero manteve o sentido de drama, clareza, e belos tons pelos quais é conhecida. Como a Classic FM partilhou, há mais de meio século, um crítico escreveu: “O seu talento é espantoso [com] uma intensidade, tanto musical como dramática, o que foi bastante extraordinário”.

A cantora começou na década de 1930, e fez a sua última atuação com a incrível idade de 99 anos, em 2009. Durante mais de sete décadas, Olivero pôde partilhar o seu talento dado por Deus, antes de morrer em 2014, com 104 anos de idade.

Embora o vídeo só tenha sido descoberto em tempos recentes, é uma lembrança importante de que a idade avançada não tem de nos definir ou limitar.

E mesmo após a sua morte, Olivero continua a inspirar-nos a todos a viver com grande amor e a usar ao máximo os nossos talentos.

https://youtu.be/AlQdsi-inCk

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF