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terça-feira, 13 de setembro de 2022

O Cazaquistão que acolhe o Papa

Vista do aérea do Palácio da Independência em Nur-Sultan | Vatican News

Localizado ao longo da antiga rota da seda que ligava a China ao Oriente Médio e o Mediterrâneo, o território do Cazaquistão foi historicamente habitado por povos nômades e hoje sua população inclui mais de 100 nacionalidades e diferentes etnias.

Vatican News

Localizado na Ásia Central, sem nenhum acesso ao mar, o Cazaquistão faz fronteira com a Rússia a norte e oeste, com a China a leste, e com o Quirguistão, Uzbequistão e Turcomenistão ao sul. Na sua parte mais ocidental faz parte geograficamente do continente europeu. A extensão da nação é notável: de leste a oeste se estende por 3.000 km, e de norte a sul por 1.700 km.

A paisagem é dominada pela estepe que se estende do Mar Cáspio ao Lago Balhas, um lago muito grande (18.200 km2) de água doce na parte ocidental e salgada na parte oriental, localizado na parte sudeste do país.

Grande parte de seu território é plano e montanhoso-desértico ou semidesértico, e uma grande área ao redor do Mar Cáspio está abaixo do nível do mar (-132 m no ponto mais baixo). O país também tem algumas cadeias de montanhas nas fronteiras orientais com a Rússia e a China e perto do Quirguistão. Precisamente no ponto de encontro das três nações se eleva o Khan Tengri (7.010 m) na cadeia de Tian Shan, o maior pico cazaque.

Entre os principais cursos de água encontramos o Irtysh, o Ishim, o Syrdarja e o Ural. Este último deságua no Mar Cáspio, o maior lago do planeta, que banha o Cazaquistão na parte nordeste. O clima é continental árido, com verões muito quentes e invernos rigorosos.

Capital: Nur-Sultan (1.184.500 hab.)
Superfície: 2.724.900 km2
População: 18.756.000 hab. (estimativa de 2021)
Densidade pop.: 7 habitantes/Km²
Idioma: cazaque, russo (oficiais)
Principais grupos étnicos: cazaques (63%), russos (24%), uzbeques (3%), ucranianos (2%)
Religião: muçulmanos (70%), católicos (0,01%), cristãos (26%), não religiosos (3%)
Forma de governo: República Presidencial
Unidade monetária: tenge cazaque (1 EUR = 475,45 KZT)

Membro de organizações internacionais: CSI, BERD, OCI, OCS, ONU, OSCE, observador da OEA, UEE, OMC

Com uma extensão de 2,97 milhões de km2, aproximadamente igual à da Europa Ocidental, e uma população de pouco menos de 19 milhões, o Cazaquistão é o nono país mais vasto do mundo. Localizado ao longo da antiga rota da seda que ligava a China ao Oriente Médio e o Mediterrâneo, o território do Cazaquistão foi historicamente habitado por povos nômades e hoje sua população inclui mais de 100 nacionalidades e diferentes etnias.

Seu nome significa "Terra dos Cossacos" (cazaques), termo de origem turcica que significa precisamente 'nômade', em referência às populações organizadas em comunidades militares que habitavam as estepes da Ásia central ao sul da Rússia e parte do território da atual Ucrânia.

Os russos começaram a avançar na estepe cazaque nos séculos XVIII e meados do século XIX, governando todo o Cazaquistão como parte do Império Russo até a Revolução Bolchevique de 1917.

Parte da República Soviética do Turquestão de 1917 a 1925 e República autônoma a partir de 1926, em 1936 o Cazaquistão torna-se uma República da URSS da qual obteve a independência em 1991 após a dissolução desta última, passando a fazer parte da recém-formada Comunidade de Estados Independentes (CEI).

A década de 90 assistiu à progressiva concentração do poder nas mãos do presidente Nursultan Nazarbayev, um funcionário do antigo regime soviético que permaneceu no comando do país até 2019, ano em que entregou a presidência a Kassym-Jomart K. Tokayev. Se no plano interno Nazarbayev havia conduzido uma política autoritária, no plano internacional havia realizado uma política externa multidirecional com o objetivo de criar e manter boas relações com os países vizinhos, em particular a Rússia e a China, e com os Estados mais distantes, como o Irã, a Turquia, mas também a União Européia e os Estados Unidos.

Após a melhora, a partir da segunda metade da década de 1990, das relações com o Irã, Turquia e China, o Cazaquistão consolidou as relações com os vizinhos Quirguistão e Uzbequistão. Mas o principal aliado político continuou sendo a Rússia, país com o qual tem uma relação de parceria econômica no seio da União Econômica da Eurásia (UEE), que também inclui Belarus, Armênia e Quirguistão, e de colaboração militar, no âmbito da Organização do Tratado de Segurança Coletiva (OTSC), à qual aderem os mesmos países.

A promoção dessa política externa multidirecional finalmente se fortaleceu nos últimos anos, pelo aprofundamento das relações bilaterais com a República Popular da China, com a qual, em 1998, resolveu as disputas fronteiriças sobre o Cazaquistão Leste e na região de Almaty. Superada a desconfiança ligada à política de Pequim na Ásia Central, o governo cazaque de fato iniciou uma crescente cooperação com o vizinho, tanto em matéria comercial e energética, como em relação à segurança.

Na economia, Nazarbayev havia iniciado um processo de privatização dos ricos recursos minerais do país, mas a persistência de graves dificuldades econômicas e a concentração da riqueza nas mãos de um pequeno segmento da população mantinham a tensão social elevada. Tensões que eclodiram no início de 2022 em protestos violentos em todo o país desencadeados pelo alto preço do gás, e que foram resolvidos em poucos dias após a intervenção do exército e das tropas da CSTO lideradas por Moscou e o promessa de reformas para combater a corrupção generalizada.

Contornada a crise, o presidente Tokayev iniciou um trabalho de renovação de as estruturas sociais, tentando libertar-se do pesado legado do longo regime de Nursultan Nazarbayev. Em 5 de junho, um referendo aprovou por ampla maioria uma nova Constituição aprovada pelo Parlamento em 27 de março, que deveria abrir uma maior participação dos cidadãos a nível nacional e local, em particular através dos “conselhos sociais” (obščestvennye sovety). Tokayev também parece empenhado em um novo rumo nas relações com a Rússia conforme indicado pela sua posição na Cúpula Econômica Internacional de São Petersburgo em junho de 2022, no qual afirmou que seu país apoia a integridade território territorial da Ucrânia e não reconhece as regiões separatistas pró-Rússia ocupadas pelo tropas de Moscou.

O Papa Francisco chegou ao Cazaquistão

Vista de Nur-Sultan, capital do Casaquistão | Vatican News

Serão três dias em Nur-Sultan, no coração da Ásia, para participar do Congresso dos Líderes das religiões mundiais e tradicionais.

Silvonei José - Vatican News

O Papa Francisco chegou ao Cazaquistão. O avião que transportava o Pontífice pousou no aeroporto de Nur-Sultan, capital do país às 13h20, hora de Roma. Na acolhida oficial, o Pontífice teve um breve encontro com o Presidente da República Kassym-Jomart Tokayev, a quem fará uma visita de cortesia no Palácio Presidencial, imediatamente após a cerimônia de boas-vindas. Em seguida, no Salão de Concertos Qazaq, Francisco se encontrará com as autoridades do país, a sociedade civil e o corpo diplomático.

Serão três dias em Nur-Sultan, no coração da Ásia, para participar do Congresso dos Líderes das religiões mundiais e tradicionais. Uma oportunidade, como disse no Angelus de domingo passado, para dialogarmos como irmãos, animados pelo desejo comum de paz, de que o nosso mundo tem sede. A decolagem de Roma-Fiumicino foi às 7h36. Aos jornalistas da comitiva os votos de um bom trabalho.

Acolhida ao Santo Padre por parte do presidente cazaque

Uma pomba, um ramo de oliveira, as mãos dos "mensageiros da paz e da unidade" unidas. No logotipo e no lema as palavras-chave da 38ª Viagem Apostólica do Papa Francisco, que começou na manhã desta terça-feira, 13, e que o verá até 15 de setembro na Ásia Central, Cazaquistão, uma antiga República Soviética ao longo da antiga Rota da Seda, espremida entre a China e a Rússia, encruzilhada de diferentes culturas, credos e grupos étnicos. A ocasião é a participação no VII Congresso dos Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais, para reafirmar a contribuição positiva das fés para a harmonia entre os povos. Mas o Pontífice também vai para encontrar, animar e renovar na fé a pequena comunidade católica local, menos de 1% dos 19 milhões de habitantes, mas apreciada, num contexto religioso-cultural muito diversificado.

A partida e os primeiros compromissos

Por volta das 6h30, o Papa se transferiu de carro da Casa Santa Marta para o aeroporto de Roma-Fiumicino, onde embarcou em um Airbus A330 da ITA Airways. O avião decolou às 7h36, com destino a Nur-Sultan, a futurista capital cazaque conhecida até março de 2019 como Astana, com destino ao aeroporto internacional.

Cerca de 6h30 horas de voo, durante as quais o Airbus sobrevoará Itália, Croácia, Bósnia-Herzegovina, Sérvia, Montenegro, Bulgária, Turquia, Geórgia, Azerbaijão.

Ao deixar a Itália, o Papa enviou um telegrama ao presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, no qual dirige a seu “cordial saudação ao Chefe de Estado e a todos os italianos, que acompanho com votos de serenidade e harmonia. oração a Deus pelo bem e progresso de toda a nação”.

Como em todas as viagens, Francisco saudou os cerca de 80 jornalistas que o acompanham na viagem: 'Bom dia, muito obrigado pela sua presença e pela sua ajuda nesta viagem', afirmou. "Desejo-lhes uma boa viagem e um bom trabalho! Falaremos quando voltarmos, obrigado e tenham um bom dia".

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

Pastor manso, pó sobre o qual Deus se dignou escrever

João Paulo I | L'oservatore Romano

06 setembro 2022

«Rezemos a este nosso pai e irmão», para que «possa obter para nós “o sorriso da alma”, aquele transparente, que não engana», pedindo «com as suas palavras, o que ele próprio costumava pedir: “Senhor, aceita-me como sou, com as minhas faltas, com os meus defeitos, mas faz-me ser como me desejas”». Esta foi a exortação com que o Papa Francisco concluiu a homilia na missa de beatificação do seu predecessor João Paulo I, celebrada na praça de São Pedro na manhã de domingo, 4 de setembro.

Jesus vai a caminho de Jerusalém e, como diz o Evangelho de hoje, «seguiam com Ele grandes multidões» (Lc 14, 25). Caminhar com Ele significa segui-lo, isto é, tornar-se discípulo. E, contudo, a estas pessoas o Senhor faz um discurso pouco atraente e muito exigente: não pode ser seu discípulo quem não O ama mais do que aos seus entes queridos, quem não carrega a sua cruz, quem não renuncia aos bens terrenos (cf. 14, 26-27.33). Porque é que Jesus dirige tais palavras à multidão? Qual é o significado das suas advertências? Tentemos responder a estas questões.

Em primeiro lugar, vemos muitas pessoas, uma multidão numerosa que segue Jesus. Podemos imaginar que muitos ficaram fascinados pelas suas palavras e maravilhados com os gestos que realizava; e, por isso, terão visto n’Ele uma esperança para o próprio futuro. Que teria feito qualquer outro mestre de então, ou — podemos ainda interrogar-nos — que faria um líder astuto ao ver que as suas palavras e o seu carisma atraíam as multidões e faziam crescer o consenso no seio delas? Como sucede hoje, especialmente nos momentos de crise pessoal e social em que estamos mais expostos a sentimentos de ira ou temos medo de qualquer coisa que ameaça o nosso futuro, ficamos mais vulneráveis e assim, na onda da emoção, confiamo-nos a quem com sagacidade e astúcia sabe cavalgar esta situação, aproveitando-se dos temores da sociedade e prometendo ser o «salvador» que resolverá os problemas, quando, na realidade, o que deseja é aumentar a sua popularidade e o próprio poder, a sua própria imagem, a própria capacidade de controlar as coisas.

O Evangelho diz-nos que Jesus não procede assim. O estilo de Deus é diferente. É importante compreender o estilo de Deus, compreender como age Deus. Deus age segundo um estilo, e o estilo de Deus é diverso do estilo de tais pessoas, porque Ele não instrumentaliza as nossas necessidades, nunca se aproveita das nossas fraquezas para se engrandecer a si mesmo. A Ele, que não nos quer seduzir com o engano nem quer distribuir alegrias fáceis, não interessam as multidões oceânicas. Não tem a paixão dos números, não busca consensos, nem é um idólatra do sucesso pessoal. Pelo contrário, parece preocupar-se quando as pessoas o seguem com euforia e fáceis entusiasmos. Assim, em vez de se deixar atrair pelo fascínio da popularidade — porque a popularidade fascina — pede a cada um para discernir cuidadosamente os motivos por que o segue e as consequências que isso acarreta. De facto, naquela multidão havia muitos que talvez seguissem Jesus, porque esperavam que Ele fosse um chefe que os libertaria dos inimigos, alguém que conquistaria o poder e o partilharia com eles; ou então alguém que, realizando milagres, resolveria os problemas da fome e das doenças. Com efeito, pode-se seguir o Senhor por várias razões, e algumas destas — admitamo-lo — são mundanas: por trás de uma fachada religiosa perfeita pode-se esconder a mera satisfação das próprias necessidades, a busca do prestígio pessoal, o desejo de aceder a um cargo, de ter as coisas sob controle, o desejo de ocupar espaço e obter privilégios, a aspiração de receber reconhecimentos, e muito mais. Ainda hoje sucede isto entre os cristãos. Mas este não é o estilo de Jesus; nem pode ser o estilo do discípulo e da Igreja. Se alguém segue Cristo movido por tais interesses pessoais, enganou-se no caminho.

O Senhor pede um comportamento diferente: segui-lo não significa entrar na corte, nem participar num cortejo triunfal, nem mesmo garantir-se um seguro de vida. Pelo contrário, significa «tomar a própria cruz» (Lc 14, 27): como Ele, carregar os pesos próprios e os pesos alheios, fazer da vida um dom, não uma posse, gastá-la imitando o amor magnânimo e misericordioso que Ele tem por nós. Trata-se de opções que comprometem a totalidade da existência; por isso, Jesus deseja que o discípulo nada anteponha a este amor, nem sequer os afetos mais queridos ou os bens maiores.

Para o conseguir, porém, é preciso olhar mais para Ele do que para nós próprios, aprender o amor que brota do Crucificado. N’Ele vemos um amor que se dá até ao fim, sem medida nem fronteiras. A medida do amor é amar sem medida. Nós mesmos — dizia o Papa Luciani — «somos objeto, da parte de Deus, de um amor que não se apaga» (Angelus, 10 de setembro de 1978). Não se apaga: nunca se eclipsa da nossa vida, resplandece sobre nós e ilumina até as noites mais escuras. Ora, olhando para o Crucificado, somos chamados às alturas daquele amor: somos chamados a purificar-nos das nossas ideias erradas sobre Deus e dos nossos fechamentos, a amá-lo a Ele e aos outros, na Igreja e na sociedade, incluindo aqueles que não pensam como nós e até os próprios inimigos.

Amar, ainda que custe a cruz do sacrifício, do silêncio, da incompreensão, da solidão, da contrariedade e da perseguição. Amar assim, inclusive a este preço, porque — dizia o Beato João Paulo — se queres beijar Jesus crucificado, «não o podes fazer sem te debruçares sobre a cruz e deixar que te fira algum espinho da coroa, que está na cabeça do Senhor» (Audiência geral, 27 de setembro de 1978). O amor até ao extremo, com todos os seus espinhos: e não as coisas a meio, as acomodações ou a vida tranquila. Se não apontarmos para o alto, se não arriscarmos, se nos contentarmos com uma fé superficial, somos — diz Jesus — como quem deseja construir uma torre, mas não calculou bem os meios para a fazer: «assenta os alicerces» e, depois, «não a pode acabar» (Lc 14, 29). Se, por medo de nos perdermos, renunciamos a dar-nos, deixamos inacabadas as coisas — os relacionamentos, o trabalho, as responsabilidades que nos estão confiadas, os sonhos, e até a fé — então acabamos por viver a meias. E quantas pessoas vivem a meias! Também nós muitas vezes temos a tentação de viver a meias, sem nunca dar o passo decisivo (isto é viver a meias), sem levantar voo, sem arriscar pelo bem, sem nos empenharmos verdadeiramente pelos outros. Jesus pede-nos isto: vive o Evangelho e viverás a vida, não a meias, mas até ao fundo. Vive o Evangelho, vive a vida, sem cedências.

Irmãos, irmãs, o novo Beato viveu assim: na alegria do Evangelho, sem cedências, amando até ao extremo. Encarnou a pobreza do discípulo, que não é apenas desapegar-se dos bens materiais, mas sobretudo vencer a tentação de me colocar a mi mesmo no centro e procurar a glória própria. Ao contrário, seguindo o exemplo de Jesus, foi pastor manso e humilde. Considerava-se a si mesmo como o pó sobre o qual Deus Se dignara escrever (cf. A. LUCIANI/JOÃO PAULO I, Opera Omnia, Pádua 1988, vol. II , 11). Nesta linha, exclamava: «O Senhor tanto recomendou: sede humildes! Mesmo que tenhais feito grandes coisas, dizei: “somos servos inúteis”» (Audiência geral, 6 de setembro de 1978).

Com o sorriso, o Papa Luciani conseguiu transmitir a bondade do Senhor. É bela uma Igreja com o rosto alegre, o rosto sereno, o rosto sorridente, uma Igreja que nunca fecha as portas, que não exacerba os corações, que não se lamenta nem guarda ressentimentos, que não é bravia nem impaciente, não se apresenta com modos rudes, nem padece de saudades do passado, caindo no retrogradismo. Rezemos a este nosso pai e irmão e peçamos-lhe que nos obtenha «o sorriso da alma», um sorriso transparente, que não engana: o sorriso da alma. Servindo-nos das suas palavras, peçamos o que ele próprio costumava pedir: «Senhor, aceitai-me como sou, com os meus defeitos, com as minhas faltas, mas fazei que me torne como Vós desejais» (Audiência geral, 13 de setembro de 1978). Amém!

Atuais desafios da paróquia e dos párocos

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Atuais desafios da paróquia e dos párocos

Pe. Demétrio Gomes

01/09/2022

A nova evangelização se reduziria a um simples slogan se não existissem sacerdotes, particularmente párocos que estejam à altura das exigências do mundo em que vivem.

Esta convicção, exposta no dia 19 de agosto por Bento XVI na audiência geral, é decisiva também para a paróquia, que continua estando chamada a desempenhar um papel missionário no futuro.

O tema é tratado nesta entrevista pelo promotor de Justiça substituto do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica na Santa Sé, Fr. Nikolaus Schöch, O.F.M., quem está em Lima esta semana para participar da Jornada de Formação permanente para o clero da arquidiocese.

Estes encontros abordarão diversas “Questões de administração paroquial”, na sede do seminário “São Toríbio de Mongrovejo”, em Lima.

–Hoje, qual é o principal serviço que um pároco deve oferecer aos seus fiéis?
–Fr. Nikolaus Schöch: Os sacerdotes que já estão no exercício do seu ministério, parece que hoje sofrem uma excessiva dispersão nas crescentes atividades pastorais e, frente à problemática da sociedade e da cultura contemporâneas, sentem-se impulsionados a questionar seu estilo de vida e as prioridades dos trabalhos pastorais, ao mesmo tempo em que notam, cada vez mais, a necessidade de uma formação permanente.
Com relação a isso, é preciso levar em consideração que a própria paróquia – e às vezes também a diocese ,- ainda tendo autonomia própria, não pode ser uma ilha, especialmente em nosso tempo, no qual abundam os meios de transporte e de comunicação. As paróquias são órgãos vivos do único Corpo de Cristo, da única Igreja, na qual se acolhe e se serve tanto os membros das comunidades locais como todos os que, por qualquer razão, afluem a ela em um momento que pode significar a ação da graça de Deus em uma consciência e em uma vida. Naturalmente, isso não deve transformar-se em motivo de desordem ou de irregularidades com relação às leis canônicas, que também estão ao serviço da pastoral.
Também a função de guiar a comunidade como pastor, tarefa própria do pároco, deriva de sua relação peculiar com Cristo, cabeça e pastor. É uma função que reveste caráter sacramental.
Não é a comunidade que confia esta tarefa ao sacerdote, e sim, por meio do bispo, ela lhe vem do Senhor.

–Que eixos de desenvolvimento devem existir em uma paróquia para que se possa organizar de maneira adequada e atender os fiéis convenientemente?
–Fr. Nikolaus Schöch: A paróquia, com suas celebrações litúrgicas e em seus serviços, deveria levar em consideração a mobilidade das pessoas, a confluência de muitas delas a alguns lugares e a nova assimilação geral de tendências, costumes, modas e horários.
O pároco, ao estabelecer na paróquia os horários das Missas e das confissões, deve considerar quais são os momentos mais adequados para a maior parte dos fiéis, permitindo também aos que têm dificuldades especiais de horário que possam se aproximar facilmente dos sacramentos. É preciso levar em conta não tanto a comodidade do horário para os sacerdotes, e sim as necessidades das pessoas com os horários de trabalho e estudo. Não tem muito sentido oferecer o sacramento da Penitência somente durante o horário comercial; fazendo assim, só viriam os idosos.

–Atualmente, com relação aos párocos, que critérios vale a pena levar em consideração para administrar uma paróquia eficientemente, procurando ao mesmo tempo a salvação das almas?
–Fr. Nikolaus Schöch: Enquanto partícipe da ação diretiva de Cristo Cabeça e pastor sobre seu Corpo, o sacerdote está especificamente capacitado para ser, no campo pastoral, o “homem da comunhão”: “Fazer da Igreja a casa e a escola da comunhão: eis o grande desafio que nos espera no milênio que começa, se quisermos ser fiéis ao desígnio de Deus e corresponder às expectativas mais profundas do mundo” (Novo millenio ineunte, n. 43).
Em uma época em que abundam os conselhos, é preciso recordar a responsabilidade pessoal do pároco na moderação da paróquia. Por outro lado, essa função de governo exige que seja um homem de comunhão, isto é, um homem que una toda a paróquia e não seja – isoladamente – amigo de alguns fiéis ou grupos. Tem de ser um homem que una ricos e pobres, intelectuais e pessoas simples, jovens e idosos, mães de família e solteiras, religiosos e leigos, conservadores e progressistas etc.
Nenhum pároco pode cumprir cabalmente sua missão de forma isolada ou individual, mas somente unindo suas forças às de outros presbíteros, sob a direção daqueles que estão à frente da Igreja. No futuro, será sempre mais importante a colaboração entre: os párocos de várias paróquias; os párocos e seus vigários; o clero diocesano e os membros dos institutos de vida consagrada; os clérigos e os leigos.
É preciso favorecer um especial esforço de compreensão mútua e de ajuda recíproca, inclusive as relações entre os presbíteros de mais idade e os mais jovens: uns e outros são igualmente necessários para a comunidade cristã e são apreciados pelos bispos e pelo Papa.
O Concílio Vaticano II recomenda aos de mais idade que tenham compreensão e simpatia com relação às iniciativas dos jovens; e aos jovens, que respeitem a experiência dos mais velhos e confiem neles; a uns e outros, recomenda que se tratem com afeto sincero, segundo o exemplo que deram tantos sacerdotes de ontem e de hoje; o pároco e os demais sacerdotes, inclusive os religiosos, estão chamados a testificar a comunhão na vida cotidiana.

–Como  os leigos podem contribuir para o desenvolvimento pastoral de uma paróquia?
–Fr. Nikolaus Schöch: O pároco não está obrigado a realizar pessoalmente todas as atividades na paróquia, mas a procurar que se realizem de maneira oportuna, conforme a reta doutrina e a disciplina eclesial, no seio da paróquia, segundo as circunstâncias e sempre sob a própria responsabilidade.
O ideal não é uma paróquia onde o sacerdote faz tudo. O sacerdote deve ajudar os leigos a descobrirem e realizarem sua vocação específica em comunhão com os demais fiéis. O realizador desta comunhão e desta pertença de comunhão do presbítero ao povo de Deus é o Espírito Santo. Dado que Ele impregna e motiva todas as áreas da existência, então também penetra e configura a vocação específica de cada um. Assim se forma e desenvolve a espiritualidade própria de presbíteros, de religiosos e religiosas, de pais de família, de empresários, de catequistas etc. Cada uma das vocações tem uma forma concreta e distintiva de viver a espiritualidade, que confere profundidade e entusiasmo ao exercício de suas tarefas.
O apostolado dos leigos se desenvolve em boa parte das associações e movimentos que atuam em plena sintonia eclesial e em obediência às diretrizes dos pastores. É preciso promover e sustentar as associações de fiéis.
No entanto, deve-se evitar no tecido paroquial qualquer gênero de exclusivismo ou de isolamento por parte de grupos individuais. Porém, não faltam, também desde dentro da paróquia e das associações, perigos como a burocratização, o funcionalismo, o democratismo, a planificação que atende mais a gestão que a pastoral.

–Qual é o principal desafio de um pároco na sociedade contemporânea?
–Fr. Nikolaus Schöch: Falta considerar cada paróquia a partir da perspectiva global da diocese e não ao contrário; e falta levar em consideração em sua justa medida o fiel leigo, o religioso e outros consagrados na vida da Igreja, tanto no interior da própria comunidade cristã como no que diz respeito à sua presença no mundo.
Cresce a consciência de que, além dos problemas da cultura pós-moderna, apresentam-se outros, como o da alta porcentagem de católicos que vivem longe da prática religiosa, o problema da diminuição drástica, por diversas causas, do número daqueles que se declaram católicos etc.; existe, por outro lado, o problema do crescimento extraordinário das chamadas “seitas evangélicas pentecostais” e de outras seitas.
Frente a esta realidade, é urgente acolher com generosidade o convite feito pelo Santo Padre Bento XVI, no Brasil, a uma verdadeira “missão”, dirigida aos que, inclusive tendo sido batizados, por diversas circunstâncias históricas, não foram suficientemente evangelizados por nós.
Nesta tarefa, é preciso aproveitar os meios de comunicação para evitar a expansão de uma cultura que tenta rejeitar Deus e está profundamente marcada pelo secularismo, pelo relativismo, pelo cientificismo, pela indiferença religiosa, pelo agnosticismo e por um laicismo frequentemente militante e antirreligioso.

–A pastoral que se leva a cabo em uma paróquia muitas vezes é ampla e diversa demais, de acordo com a realidade concreta de cada uma, como, por exemplo, a pastoral familiar, da saúde, entre outras. A que aspectos da pastoral é preciso dar prioridade no mundo de hoje, frente ao futuro da Igreja?
–Fr. Nikolaus Schöch: Penso que as sete prioridades que o servo de Deus João Paulo II mencionou na Novo millenio ineunte ainda são atuais: santidade, oração, santíssima Eucaristia dominical, sacramento da Reconciliação, primazia da graça e escuta e anúncio da Palavra.
Segundo o exemplo oferecido pelo santo pároco de Ars e por outros sacerdotes exemplares que exercitaram seu ministério, está no centro da atividade pastoral do pároco a administração dos sacramentos, particularmente da Eucaristia e da Penitência.
Entre as numerosas atividades que uma paróquia desenvolve, nenhuma é tão vital ou formativa para a comunidade como a celebração dominical do dia do Senhor e de sua Eucaristia. Cada paróquia, em definitivo, está fundada sobre uma realidade teológica, porque ela é uma comunidade eucarística.
Por esta razão, o Concílio Vaticano II recomenda: “procurem os párocos que a celebração do sacrifício eucarístico seja o centro e o ponto culminante de toda a vida da comunidade cristã” (Christus Dominus, n. 30). Isso significa que a paróquia é uma comunidade idônea para celebrar a Eucaristia, na qual se encontram a raiz viva da sua edificação e o vínculo sacramental do seu existir em plena comunhão com toda a Igreja.
Uma atenção particular deve ser dada pelos párocos às confissões individuais, no espírito e na forma estabelecidos pela Igreja; também à direção espiritual a quem a solicitar. Não se pode evangelizar a longo prazo sem dar a primazia a Deus e sem vida interior. Poderíamos dizer que a crise moral e social da nossa época, como os problemas apresentados tanto pelas pessoas como pelas famílias, fazem sentir com mais força esta necessidade de ajuda sacerdotal na vida espiritual. É preciso recomendar vivamente aos presbíteros um novo conhecimento e uma nova entrega ao ministério do confessionário e da direção espiritual, também por causa das novas exigências dos leigos, que têm mais desejos de seguir o caminho da perfeição cristã que o Evangelho apresenta.
No contexto do Ano Sacerdotal, recém-iniciado, a atenção às vocações ao sacerdócio e à vida consagrada constitui uma das prioridades pastorais.

–Como ajudar a evitar as nulidades matrimoniais em uma paróquia?
–Fr. Nikolaus Schöch: A experiência aconselha que as investigações e expediente sejam feitas – sempre que possível – com a suficiente antecedência e espaço de tempo, porque, em seu desenvolvimento, podem surgir alguns elementos que requerem uma mais ampla e profunda investigação. Assim se evitarão precipitações de última hora, que originam nervosismo e angústia nos contraentes e em suas famílias e, sobretudo, no próprio pároco, a quem corresponde assistir o casal.
Este tempo necessário (vários meses) é especialmente aconselhável quando os contraentes são de dioceses diferentes, para permitir às respectivas cúrias os trâmites necessários.
Na atenção pastoral, na catequese e na celebração, é preciso refletir as situações especiais, como os matrimônios precipitados, para salvaguardar a boa fama e os realizados para legalizar uma situação. Em contextos de gravidez prévia, deve ficar claro que a legitimação da futura prole não é causa justificável para um casamento que, por outros aspectos, seria desaconselhável.
Estes pontos são de singular importância no exame de contraentes e testemunhas, dada a “mentalidade divorcista” que vai se contagiando nos jovens e a crescente atitude antinatalista. A indissolubilidade e a ordenação da prole devem ficar claramente não excluídas na vontade consensual. Neste aspecto, o pároco tem uma grande tarefa de discernimento e de investigação.
Nem sempre se pode supor a maturidade psicológica dos contraentes. A percepção de um defeito neste sentido deve conduzir a um exame por parte de um especialista.

–Em uma sociedade global, como os sacerdotes podem imitar o Santo Cura de Ars, São João Maria Vianney, em seu ministério sacerdotal?
–Fr. Nikolaus Schöch: Em um mundo em que a visão comum da vida compreende cada vez menos o sagrado, em cujo lugar o “funcional” se converte na única categoria decisiva, a concepção católica do sacerdócio poderia correr o risco de perder sua consideração natural, às vezes inclusive dentro da consciência eclesial.
A paróquia de Ars era uma paróquia de camponeses e muito pequena, com somente 230 fiéis. No entanto, recorda-se que São João Maria Vianney não só ajudava os sacerdotes doentes nas paróquias vizinhas, mas ofereceu seu constante serviço de confessor e de diretor de almas a milhares de fiéis que chegavam em número sempre crescente, de todas as partes da França.
Com frequência, tanto nos ambientes teológicos como também na prática pastoral concreta e de formação do clero, confrontam-se, e às vezes se opõem, duas concepções diferentes do sacerdócio, descritas recentemente pelo Papa Bento XVI:
a) A concepção social-funcional, que define a essência do sacerdócio com o conceito de “serviço”: o serviço à comunidade, na realização de uma função. A concepção de serviço corresponde à primazia da Palavra e do serviço do anúncio.
b) A concepção sacramental-ontológica, que naturalmente não nega o caráter de serviço do sacerdócio, mas “o vê ancorado no ser do ministro e considera que este ser está determinado por um dom concedido pelo Senhor através da mediação da Igreja, cujo nome é sacramento” (Ratzinger, J. Ministério e vida do sacerdote, in: Elementi di Teologia fondamentale. Saggio su fede e ministero. Bréscia: 2005, p. 165).
A concepção sacramental-ontológica está vinculada à primazia da Eucaristia, no binômio “sacerdócio-sacrifício”.

–Que papel a paróquia está chamada a desempenhar no mundo de hoje? Ou já é uma instituição superada na atualidade?
–Fr. Nikolaus Schöch: A paróquia é uma concreta communitas christifidelium, constituída estavelmente no âmbito de uma Igreja particular, cuja pastoral é confiada a um pároco como pastor próprio, sob a autoridade do bispo diocesano. A paróquia, por isso, será sempre atual, terá sempre um futuro. A paróquia não está destinada a desaparecer.
Isso não quer dizer que não haja necessidade de mudanças. Em várias partes da Europa, há paróquias com mais de 2 mil anos de história, com as mesmas fronteiras há séculos.
Em muitas dioceses da África e da América Latina, ainda está pendente dividir paróquias com muitas pessoas, para permitir um serviço pastoral mais próximo dos fiéis.
As paróquias cidadãs são muito povoadas. É impossível que o pároco de uma paróquia de 100 mil habitantes conheça todos os seus fiéis. Será preciso dividi-las em unidades menores e mais acessíveis. Um sacerdote do meu país trabalhou como pároco de uma paróquia rural da Bolívia que é mais extensa que uma diocese na Europa e conta com 50 comunidades. Lá também será preciso prover uma nova configuração dos limites entre as paróquias para facilitar um exercício da pastoral que seja mais próximo dos fiéis.
A paróquia certamente tem futuro. A questão é somente quantas reestruturações serão necessárias em algumas regiões para que ela possa cumprir com suas funções. Graças aos meios de transporte e de comunicação, será muito importante no futuro melhorar a comunicação entre as paróquias.
Em vários países da Europa, estão nascendo as “unidades pastorais” reguladas pelo direito particular diocesano. Estão compostas por várias paróquias e chamadas a constituir juntas uma “comunidade missionária” eficaz, que trabalha em um determinado território, em harmonia com o plano pastoral diocesano. Trata-se, em resumo, de uma forma de colaboração e de coordenação interparoquial (entre 2 ou mais paróquias limítrofes). Não se suprimem as paróquias, mas se organiza uma colaboração mútua.

18º Congresso Eucarístico Nacional

18º Congresso Eucarístico Nacional | CNBB

PAPA NOMEOU O CARDEAL ANTÔNIO AUGUSTO DOS SANTOS COMO SEU ENVIADO ESPECIAL AO XVIII CONGRESSO EUCARÍSTICO NACIONAL

No sábado, 10 de setembro, o Papa Francisco nomeou o bispo emérito de Leiria-Fátima, cardeal António Augusto Dos Santos Marto, como seu enviado especial ao XVIII Congresso Eucarístico Nacional do Brasil, a ser celebrado na arquidiocese de Olinda e Recife de 11 a 15 de novembro de 2022, em parceria com o regional nordeste 2 da CNBB. O tema desta edição é “Pão em todas as mesas” e o lema “Repartiam o pão com alegria e não havia necessitados entre eles” (At 2,46).

Os interessados em participar poderão realizar um cadastro gratuito que deverá ser feito pelo endereço eletrônico: cen2020.com.br/inscrições. Ao acessar a página, o participante precisa antes escolher entre as abas “Público em Geral” ou “Bispos, Padres e Diáconos” e preencher o formulário com dados pessoais, tais como nome completo, e-mail e a qual diocese ou arquidiocese pertence.

No caso do clero, além de participar das atividades abertas do CEN, os inscritos poderão concelebrar nas missas de abertura e encerramento, desde que também apresentem o documento de identificação emitido pela CNBB ou diocese.

Voluntariado – Leigos e leigas residentes no território da Arquidiocese de Olinda e Recife não só podem participar do CEN, como são convidados a servir no evento como voluntários. As fichas de inscrição para o voluntariado e para o coral já estão disponíveis no site oficial.

Os treinamentos e os ensaios serão realizados de maneira presencial meses antes do congresso. Por esse motivo as vagas para os serviços são restritas a moradores do território da arquidiocese pernambucana.

Confira aqui a Programação.

Simpósio Teológico

O CEN reúne milhares de pessoas para professar e dar testemunho público da fé no mistério eucarístico. O encontro também é uma oportunidade para aprofundar a Teologia da Eucaristia. Nessa perspectiva, dentro da programação do congresso está prevista a realização do Simpósio Teológico, de 12 a 14 de novembro, no Centro de Convenções de Pernambuco, em Olinda. A programação contará com conferências e oficinas que serão desenvolvidas a partir do Texto-base.

O subsídio é uma das ferramentas de preparação para o CEN, que nesta edição tem como tema “Pão em todas as mesas” e lema “Repartiam o pão com alegria e não havia necessitados entre eles” (At 2,46). Para participar do Simpósio Teológico, os interessados devem preencher o formulário eletrônico específico neste link. Para essa atividade, é cobrada uma taxa de R$108, que pode ser paga com cartões de crédito e débito ou boleto bancário. Os inscritos terão direito a certificado.

De acordo com a Comissão Central do Congresso, a partir do quantitativo de inscrições será possível preparar melhor o evento e garantir uma acolhida adequada a todos. Por isso, é importante que os interessados garantam as vagas o mais rápido possível.

Com informações do VaticanNews

Qual é a igreja do Padre Kelmon, candidato à presidência do Brasil?

Padre Kelmon | Facebook
Por Francisco Vêneto

Partido apresenta chapa formada por padre e pastor, mas não há vínculo com a Igreja Católica.

Qual é a igreja do Padre Kelmon, candidato à presidência do Brasil? A pergunta tem sido formulada por muitos eleitores do país ao saberem que o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) lançou a sua chapa formada por um padre e um pastor.

O padre em questão é o baiano Kelmon Luís da Silva Souza, de 45 anos.

Sem vínculo com a Igreja Católica

Embora o termo “padre” costume evocar o sacerdócio católico para grande número de brasileiros, este não é o caso de Kelmon, que não tem vínculo com a Igreja Católica Apostólica Romana.

Alegações sobre ordenação ortodoxa

Ele próprio se apresenta como “padre ortodoxo”. No entanto, diversos portais de notícias reportam que ele não faria parte da comunhão das Igrejas Ortodoxas do Brasil. É o caso do site Poder360.

Matérias de vários outros veículos, publicadas pouco após o anúncio da candidatura de Kelmon à presidência, remetem aos conteúdos de uma reportagem publicada em 2021 pelo site esquerdista Brasil de Fato, que o acusa de ser um “estorvo para os quilombolas”.

Este site, por sua vez, se baseia em reportagens do portal Farol da Bahia, que afirma que Kelmon não teria comprovado a sua ordenação: segundo este veículo, o diácono Genê, “representante da Catedral Ortodoxa Antioquina de São Paulo e de todo o Brasil”, teria declarado que Kelmon “nunca pertenceu a uma igreja ‘de verdade’, canônica”.

Em resposta, Kelmon divulgou nas suas redes sociais algumas fotos do que descreveu como o dia da sua ordenação “na capela dedicada à Theotokos na chácara pertencente aos Melkitas”. A ordenação, segundo o próprio Kelmon, teria ocorrido em São Paulo em 2015. O Farol da Bahia, porém, afirma ter solicitado documentos que comprovem a ordenação e acrescenta não tê-los recebido. Segundo matéria do portal Yahoo!, Kelson celebraria “missas e batismos” na Bahia.

O PTB descreve Kelmon como “padre ortodoxo cristão e conservador” e informa que ele faz parte da liderança do Movimento Cristão Conservador do PTB e do Movimento Cristão Conservador Latino-Americano. A foto do candidato para a urna eletrônica o mostra vestindo uma bata preta e carregando um crucifixo.

Substituto de Roberto Jefferson

Kelmon era candidato a vice-presidente na chapa encabeçada por Roberto Jefferson, que teve sua candidatura cassada em 1º de setembro pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

A Corte o julgou inelegível até 24 de dezembro de 2023, baseando-se no prazo de 8 anos que deve transcorrer após o cumprimento da sua pena de condenação, determinada pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2012.

Na ocasião, Jefferson foi condenado a 7 anos e 14 dias de prisão pelo seu envolvimento no caso “Mensalão”. A pena terminaria em 2019, mas foi extinta em 2016 por decisão do ministro Roberto Barroso, que aplicou efeitos de um indulto concedido em 2015 pela então presidente Dilma Rousseff (PT). No entanto, o perdão não anulou efeitos secundários da condenação, como a inelegibilidade.

O PTB anunciou que não pretende recorrer; em vez disso, pediu o registro da candidatura de Kelmon e do pastor Luiz Cláudio Gamonal.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa aos jovens: voltar a partir apressadamente para encontros concretos

Jovens na JMJ do Panamá  (Vatican Media)

Na mensagem aos jovens para a 37ª Jornada Mundial da Juventude que se realizará, em Lisboa, em agosto de 2023, o Papa convida a seguir os passos de Maria para encontrar Jesus e ir ao encontro de quem é diferente de nós. Recorda estes tempos difíceis marcados pela pandemia e pelo drama da guerra.

Mariangela Jaguraba – Vatican News

Foi divulgada, nesta segunda-feira (12/09), a Mensagem do Papa Francisco para a XXXVII Jornada Mundial da Juventude que será celebrada na Solenidade de Cristo Rei, em 20 de novembro próximo, nas Igrejas particulares espalhadas pelo mundo, sobre o tema «Maria levantou-se e partiu apressadamente».

Francisco inicia o texto, recordando o tema da JMJ do Panamá: «Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra», reiterando que "depois daquele evento, retomamos o caminho para uma nova meta – Lisboa 2023 –, deixando ecoar em nossos corações o premente convite de Deus a levantar-nos". O verbo levantar é uma palavra que "significa também «ressuscitar», «despertar para a vida»".

"Nestes últimos tempos tão difíceis, em que a humanidade já provada pelo trauma da pandemia, e dilacerada pelo drama da guerra, Maria reabre para todos e em particular para vocês, jovens como Ela, o caminho da proximidade e do encontro. Espero e creio fortemente que a experiência que muitos de vocês irão viver em Lisboa, no mês de agosto do próximo ano, representará um novo começo para vocês jovens, com vocês e para toda a humanidade", ressalta o Papa.

Maria levantou-se

Depois da Anunciação, Maria "se levanta e põe-se em movimento, porque tem a certeza de que os planos de Deus são o melhor projeto possível para a sua vida. Maria torna-se templo de Deus, imagem da Igreja a caminho, a Igreja que sai e se coloca a serviço, a Igreja portadora da Boa Nova. Também nós, como discípulos do Senhor e como Comunidade Cristã, somos chamados a erguer-nos apressadamente para entrar no dinamismo da ressurreição e deixar-nos conduzir pelo Senhor ao longo dos caminhos que Ele nos indicar». A Mãe do Senhor é modelo dos jovens em movimento, jovens que não ficam parados diante do espelho em contemplação da própria imagem, nem «alheados» nas redes. É a mulher pascal, num estado permanente de êxodo, de saída de si mesma para o Outro, com letra maiúscula, que é Deus e para os outros, os irmãos e as irmãs, sobretudo os necessitados, como era então a prima Isabel".

...e partiu apressadamente

"Maria partiu apressadamente para a montanha. Deixou-se interpelar pela necessidade da sua prima idosa. Não ficou indiferente. Pensou mais nos outros do que em si mesma. E isto conferiu dinamismo e entusiasmo à sua vida. Perante uma necessidade concreta e urgente, é preciso agir apressadamente", ressalta o Papa na mensagem, recordando que no mundo, muitas "pessoas esperam uma visita de alguém que cuide delas! Quantos idosos, doentes, presos, refugiados precisam do nosso olhar compassivo, da nossa visita, de um irmão ou uma irmã que ultrapasse as barreiras da indiferença!" "Maria é exemplo de jovem que não perde tempo a mendigar a atenção ou a aprovação dos outros – como acontece quando dependemos daquele «gosto» nas redes sociais –, mas move-se para procurar a conexão mais genuína, aquela que provem do encontro, da partilha, do amor e do serviço", sublinha Francisco. Segundo o Papa, "a partir da Anunciação, desde aquela primeira vez quando partiu para ir visitar a sua prima, Maria não cessa de atravessar espaços e tempos para visitar os filhos carecidos da sua ajuda carinhosa".

A pressa boa

Segundo Francisco, "uma pressa boa impele-nos sempre para alto e para o outro, mas há também uma pressa não boa, como, por exemplo, a pressa que nos leva a viver superficialmente, tomar tudo levianamente sem compromisso nem atenção, sem nos envolvermos realmente no que fazemos; a pressa de quando vivemos, estudamos, trabalhamos, convivemos com os outros sem colocarmos nisso a cabeça e menos ainda o coração".

"Queridos jovens, é tempo de voltar a partir apressadamente para encontros concretos, para um real acolhimento de quem é diferente de nós, como acontece entre a jovem Maria e a idosa Isabel. Só assim superaremos as distâncias entre gerações, entre classes sociais, entre etnias, entre grupos e categorias de todo o gênero, e superaremos também as guerras. Os jovens são sempre a esperança de uma nova unidade para a humanidade fragmentada e dividida, mas somente se tiverem memória, apenas se escutarem os dramas e os sonhos dos idosos", ressalta o Papa, recordando que «não é por acaso que a guerra tenha voltado à Europa no momento em que está desaparecendo a geração que a viveu no século passado». Segundo Francisco, "há necessidade da aliança entre jovens e idosos, para não esquecer as lições da história, para superar as polarizações e os extremismos deste tempo. Maria é o modelo de como acolher este imenso dom na nossa vida e comunicá-lo aos outros, fazendo-nos por nossa vez portadores de Cristo, portadores do seu amor compassivo, do seu serviço generoso à humanidade sofredora".

Todos juntos em Lisboa!

Por fim, o Pontífice recorda que "no início do século XX, Maria quis fazer uma visita especial, quando de Fátima lançou a todas as gerações a mensagem forte e maravilhosa do amor de Deus que chama à conversão, à verdadeira liberdade". O Papa renova seu caloroso convite a "participar da grande peregrinação intercontinental dos jovens que culminará na JMJ de Lisboa em agosto do próximo ano. "Sonho, queridos jovens, que na JMJ vocês possam experimentar novamente a alegria do encontro com Deus e com os irmãos e irmãs. Depois de um prolongado período de distanciamento e separação, em Lisboa – com a ajuda de Deus – reencontraremos juntos a alegria do abraço fraterno entre os povos e entre as gerações, o abraço da reconciliação e da paz, o abraço de uma nova fraternidade missionária", conclui Francisco.

domingo, 11 de setembro de 2022

O que houve antes do Big Bang?

nebulosahelix | NASA

O que houve antes do Big Bang?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Não há resposta para o que houve antes do Big Bang. Para ser sincero, não se sabe nem mesmo o que pode ter causado o Big Bang e se ele foi um evento único ou se aconteceram vários (talvez infinitos!) Big Bangs. Há várias teorias, mas nenhuma aceita totalmente pela comunidade científica.

O grande sucesso da teoria do Big Bang não está em explicar como o universo surgiu, mas em como ele evoluiu a partir de um estado inicial muito compacto. O surgimento e a evolução do universo são questões diferentes. Mesmo teologicamente os conceitos são distintos, ainda que profundamente interligados. Uma coisa é dizer que Deus criou o universo a partir do nada, outra bem diferente é dizer como esse universo foi se desenvolvendo com o passar do tempo, que criaturas surgiram primeiro, etc.

Quando o padre jesuíta Georges Lemaître publicou seu primeiro trabalho sobre a expansão do universo, em 1927, não fez qualquer referência ao surgimento do cosmos. Lemaître só estava preocupado em responder a questão da expansão, propondo um modelo matemático e cosmológico consistente com a recém criada teoria da gravidade de Einstein. O jesuíta belga mostrou que era possível encontrar uma solução das equações da Relatividade Geral compatíveis com um indício de expansão do universo observado por Vesto Slipher e interpretado teoricamente por Arthur Eddington.

Somente mais tarde, em 1931 é que Lemaître publicou dois artigos discutindo maneiras de como o universo poderia ter surgido e sido colocado em expansão. Usando a complicadíssima Teoria Quântica, ainda em desenvolvimento na época, mostrou em um artigo na Revista Nature (uma das mais conceituadas do mundo), que o início poderia ter acontecido em um estado que ele denominou “ovo cósmico”. O universo estaria contido num só ponto, com temperatura e densidades infinitas quando houve uma “grande explosão” (daí o nome que a teoria ganharia mais tarde – Big Bang), dando origem ao processo de expansão e formação das estruturas que observamos hoje – desde átomos até galáxias e aglomerados de galáxias.

Portanto, ainda que a Teoria do Big Bang tenha tido um enorme sucesso científico, ela só é capaz de explicar como ocorre a expansão do universo, não como ele surgiu. Podemos dizer que certamente houve um instante de tempo em que o universo inteiro era muito pequeno, quente e denso, nada mais.

Esse instante inicial é consistente com várias possibilidades de surgimento do universo e, mais especialmente, com várias teorias sobre o que havia antes do Big Bang. É possível que o universo seja cíclico: surja, se expanda e volte a se contrair, retornando a um ponto e depois ressurja novamente. E há muitas outras possibilidades, alguma bastante esquisitas.

De qualquer maneira, pelo que sabemos de física hoje podemos dizer que certamente o tempo passava com uma velocidade bastante diferente antes do Big Bang. É provável até que enquanto o universo estivesse no estado de extrema pequenez, não houvesse passagem de tempo! Mas é mais honesto dizer que hoje os físicos não têm a resposta e que é interessante que apesar de não a termos, o modelo do Big Bang é um enorme sucesso porque explica como o universo evoluiu ao longo dos seus 14 bilhões de anos. Além disso, coloca algumas restrições importantes nas teorias sobre sua origem. Estão descartadas, por exemplo, as teorias que não consideram um universo jovem muito pequeno e em expansão.

Alexandre Zabot
Físico e doutor em Astrofísica – Professor da UFSC
www.alexandrezabot.blogspot.com.br

Como a Igreja Anglicana prepara o funeral da rainha Elizabeth II

EDDIE MULHOLLAND / POOL / AFP
Por Luís Santamaría - Ricardo Sanches

A Igreja da Inglaterra publicou algumas diretrizes para orientar os fiéis que querem rezar pela soberana falecida e seu sucessor.

Após a morte da rainha Elizabeth II na tarde de 8 de setembro, a Igreja Anglicana publicou uma série de diretrizes para seus fiéis. O objetivo é orientar a oração particular e o culto público nestes dias após a morte da soberana.

De fato, os líderes anglicanos apontam que “muitos vão querer lembrá-la em oração e também rezar pela Família Real e por todos os que estão de luto, bem como por nosso novo Rei” . Portanto, “as igrejas realizarão cultos para agradecer a vida da falecida rainha e seu serviço à nação”.

Serviços religiosos

Os arcebispos da Igreja Anglicana planejaram serviços memoriais oficiais, que “podem ocorrer antes do funeral e por sete dias após, mas não devem ocorrer no mesmo dia do funeral”.

Para isso, ofereceram sugestões para as orações e leituras bíblicas adequadas às celebrações em memória da rainha falecida. Há também indicações de orações à alma da soberana e em ação de graças ao seu reinado para serem feitas de modo privado nas famílias, instituições e comunidades.

Deve-se lembrar que os anglicanos não usam o Missal, mas sim seu próprio livro que foi criado logo após a ruptura consumada pelo rei Henrique VIII no século XVI. O que os líderes da Igreja da Inglaterra fizeram nesta ocasião foi oferecer textos que podem ser usados ​​nestes dias de luto nacional e súplica pelo novo soberano.

Não podiam faltar também os hinos, tão típicos da liturgia anglicana. Naturalmente, destacam-se três textos bíblicos que expressam a atitude do fiel em relação à morte: Salmo 23 (“O Senhor é meu pastor”), Salmo 27 (“O Senhor é minha luz e minha salvação”) e Salmo 121 (“Elevo meus olhos para os montes”).

Alguns serviços serão transmitidos no Facebook da Igreja da Inglaterra, no seu site oficial e canal do YouTube.

E o funeral real?

O funeral da rainha Elizabeth II acontecerá na Abadia de Westminster, o mesmo templo em que Elizabeth II foi coroada em 1953 e onde ela se casou anteriormente com Philip de Edimburgo, em 1947.

Livro de Oração Comum tem seu próprio rito para funerais, que prevê as orações, antífonas, leituras e hinos. Como no funeral católico, pode ser celebrado de forma independente ou no contexto da Eucaristia.

As orações são muito semelhantes às de qualquer missa fúnebre católica. Por exemplo, esta é uma possível conclusão da oração dos fiéis: “Consolai-nos na dor pela morte da nossa irmã; que a fé seja nossa consolação e a vida eterna nossa esperança”. 

De fato, haverá fórmulas e gestos típicos do funeral real que a Igreja da Inglaterra ainda não publicou, mas que levarão em conta a peculiaridade da soberana.

O corpo da rainha Elizabeth II repousará no cemitério real de Frogmore Estate, no Castelo de Windsor, ao lado do de seu marido, morto em 2021.

Livro de condolências

Além disso, a Igreja da Inglaterra, assim que a notícia da morte da rainha se tornou conhecida, disponibilizou um livro de condolências em seu site. Qualquer internauta pode participar da iniciativa, escrevendo algumas palavras. Clique aqui para deixar sua mensagem e aqui para ler o que outras pessoas escreveram.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF