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quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Papa: em nome de Deus e pela humanidade, não a armamentos, sim pela paz!

Imagem do Papa Francisco no Cazaquistão | Vatican News

No último discurso no Cazaquistão, que concluiu o VII Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais, Francisco comentou a Declaração Final do evento. Um documento que enaltece que a liberdade religiosa é um direito concreto e que o diálogo inter-religioso é um caminho urgente, insubstituível, necessário e sem retorno. Ainda segundo o Papa, é preciso que "líderes mundiais cessem conflitos e derramamentos de sangue", empenhando-se "pela paz, não pelos armamentos!".

Andressa Collet - Vatican News

O último compromisso do Papa Francisco no Cazaquistão foi no Palácio da Independência, em Nursultan, nesta quinta-feira (15), quando foi feita a leitura da “Declaração Final” de conclusão do VII Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais. Na ocasião, o Pontífice fez o último discurso da sua viagem apostólica.

Um exemplo de futuro

E começou agradecendo por "caminharem juntos" durante esta visita ao país, através da riqueza de crenças e culturas da população, "testemunha de tantos sofrimentos passados", mas que oferece um exemplo de futuro com "a multirreligiosidade e multiculturalidade extraordinária". E tudo vivido "sob o signo do diálogo, ainda mais precioso neste período tão difícil sobre o qual grava, para além da pandemia, a loucura insensata da guerra", comentou o Pontífice.

“Há demasiados ódios e divisões, demasiada falta de diálogo e compreensão do outro: isto, no mundo globalizado, é ainda mais perigoso e escandaloso. Não podemos avançar assim, ora unidos ora separados, ora interligados ora dilacerados por demasiadas desigualdades. Obrigado, pois, pelos esforços que visam a paz e a unidade.”

A liberdade religiosa é um direito concreto

O Papa então lembrou do lema da viagem, Mensageiros de paz e de unidade: "está no plural, porque o caminho é comum". Um caminho comum que tem sido abraçado desde o início da história do Congresso, em 2003, até a Declaração Final deste ano, que "afirma que o extremismo, o radicalismo, o terrorismo e qualquer outro incentivo ao ódio, à hostilidade, à violência e à guerra", disse o Pontífice, "nada têm a ver com o autêntico espírito religioso e devem ser rejeitados nos termos mais decididos que for possível; condenados, sem «se» nem «mas»". Além disso, acrescentou ele, o respeito mútuo deve ser essencial, "independentemente da sua pertença religiosa, étnica ou social":

"Há de ser sempre e em toda parte tutelado quem deseja exprimir, de modo legítimo, o próprio credo. Contudo, ainda hoje quantas pessoas são perseguidas e discriminadas pela sua fé! Pedimos veementemente aos governos e às competentes organizações internacionais que assistam os grupos religiosos e as comunidades étnicas que sofreram violações dos seus direitos humanos e liberdades fundamentais, e violências da parte de extremistas e terroristas, inclusive em consequência de guerras e conflitos militares. É preciso sobretudo empenhar-se para que a liberdade religiosa seja, não um conceito abstrato, mas um direito concreto."

O diálogo inter-religioso é caminho sem retorno

Por isso a Igreja Católica, disse o Pontífice, "crê também na unidade da família humana. Crê que «os homens constituem todos uma só comunidade» (Conc. Ecum. Vat. II, Decl. Nostra aetate, 1)". Assim, desde o início do Congresso, a Santa Sé, especialmente através do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, participou ativamente do evento e vai continuar a fazê-lo:

“O caminho do diálogo inter-religioso é um caminho comum de paz e para a paz, e, como tal, é necessário e sem retorno. O diálogo inter-religioso já não é apenas uma oportunidade, mas um serviço urgente e insubstituível à humanidade, para louvor e glória do Criador de todos.”

Um "caminho comum", insistiu sempre o Papa em discurso, ao reiterar um ponto de convergência enaltecido já por João Paulo II quando visitou o Cazaquistão há 21 anos e tratou do caminho comum do homem e da Igreja:

"Hoje quero afirmar que o homem é também o caminho de todas as religiões. Sim, o ser humano concreto, debilitado pela pandemia, prostrado pela guerra, ferido pela indiferença! O homem, criatura frágil e maravilhosa, que, «sem o Criador, se obscurece» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. past Gaudium et spes, 36) e, sem os outros, não subsiste!"

A paz, a mulher e os jovens

O Papa, assim, deu seguimento ao discurso destacando o espírito que permeia a Declaração Final do Congresso através de três palavras: pazmulher e jovens. A primeira, disse Francisco, além de urgente "é a síntese de tudo, a expressão dum grito do coração, o sonho e a meta do nosso caminho: paz! Beybitşilik, mir, peace!":

“A Declaração exorta os líderes mundiais a cessarem em todo o lado conflitos e derramamentos de sangue e a abandonarem retóricas agressivas e destrutivas. Pedimos-vos, em nome de Deus e para o bem da humanidade: empenhai-vos pela paz, não pelos armamentos! Só servindo a paz é que permanecerá grande na história o vosso nome.”

E, se falta a paz, acrescentou o Papa, "é porque falta atenção, ternura e capacidade de gerar vida". Dessa forma, a mulher "é caminho para a paz" e por isso precisa ter a dignidade defendida a condição social melhorada: "quantas opções de morte seriam evitadas se estivessem precisamente as mulheres no centro das decisões! Empenhemo-nos para que sejam mais respeitadas, reconhecidas e envolvidas".

Finalmente, e na conclusão do discurso, o Papa falou sobre a terceira palavra: os jovens, que são "os mensageiros de paz e de unidade de hoje e de amanhã". Na mão deles, "coloquemos oportunidades de instrução, não armas de destruição! E escutemo-los, sem medo de nos deixar interpelar por eles. Sobretudo construamos um mundo pensando neles!"

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Nossa Senhora das Dores

Nsa. Senhora das Dores | arquisp
15 de setembro

Nossa Senhora das Dores

Nosssa Senhora das Dores ou Mater Dolorosa (Mãe Dolorosa) é um dos vários títulos que a Virgem Maria recebeu ao longo da história. Este título em particular refere-se às sete dores que Nossa Senhora sofreu ao longo de sua vida terrestre, principalmente nos momentos da Paixão de Cristo.

O culto

O culto a Nossa Senhora das Dores iniciou-se no ano 1221 no Mosteiro de Schönau, na então Germânia, hoje, Alemanha. A festa de Nossa Senhora das Dores como hoje a conhecemos, celebrada em 15 de setembro, teve início em Florença, na Itália, no ano de 1239 através da Ordem dos Servos de Maria, uma ordem profundamente mariana.

As sete dores de Nossa Senhora

1.       A profecia de Simeão sobre Jesus (Lucas, 2, 34-35)

2.       A fuga da Sagrada Família para o Egito (Mateus, 2, 13-21);

3.       O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lucas, 2, 41-51);

4.       O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lucas, 23, 27-31);

5.       O sofrimento e morte de Jesus na Cruz (João, 19, 25-27);

6.       Maria recebe o corpo do filho tirado da Cruz (Mateus, 27, 55-61);

7.       O sepultamento do corpo do filho no Santo Sepulcro (Lucas, 23, 55-56).

Imagem de Nossa Senhora das Dores

Nossa Senhora das Dores é representada com um semblante de dor e sofrimento, tendo sete espadas ferindo seu imaculado coração. Às vezes, uma só espada transpassa seu coração, simbolizando todas as dores que ela sofreu. Ela é também representada com uma expressão sofrida diante da Cruz, contemplando o filho morto. Foi daí que se originou o hino medieval chamado Stabat Mater Dolorosa (Estava a Mãe Dolorosa). Ela ainda é representada segurando Jesus morto nos braços, depois de seu corpo ser descido da Cruz, dando assim origem à famosa escultura chamada Pietà.

Nossa Senhora das Dores, mãe de todos os homens

Foi aos pés da Cruz, quando Maria viveu a sua dor mais crucial, que ela recebeu do Filho a missão de ser a Mãe de todos homens, Mãe da Igreja (Corpo Místico), Mãe de todos os fiéis. Foi naquele momento de dor que Jesus disse a ela: Mãe, eis aí o teu filho (este filho está simbolizando a todos os fiéis). Foi nesse mesmo momento que Jesus disse a São João, que ali representava a todos nós: Filho, eis aí tua mãe. É por isso que a devoção a Nossa Senhora das Dores se reveste de grande importância para todos os cristãos.

Promessas aos devotos de Nossa Senhora das Dores

Nas revelações dadas a Santa Brígida, aprovadas pela Igreja Católica, vemos sete graças maravilhosas que Nossa Senhora prometeu a quem rezar a cada dia sete Ave-Marias em honra de suas Sete dores, fazendo uma pequena meditação sobre essas dores. As promessas são as seguintes:

1ª - Porei a paz em suas famílias. 
2ª - Serão iluminados sobre os Divinos Mistérios. 
3ª - Consolá-los-ei em suas penas e acompanhá-los-ei nos seus trabalhos. 
4ª - Conceder-lhes-ei tudo o que me pedirem, contanto que não se oponha à vontade de meu adorável Divino Filho e à santificação de suas almas. 
5ª - Defendê-los-ei nos combates espirituais contra o inimigo infernal e protegê-los-ei em todos os instantes da vida. 
6ª - Assistir-lhes-ei visivelmente no momento da morte e verão o rosto de Sua Mãe Santíssima. 
7ª - Obtive de Meu Filho que, os que propagarem esta devoção (às minhas Lágrimas e Dores) sejam transladados desta vida terrena à felicidade eterna, diretamente, pois ser-lhes-ão apagados todos os seus pecados e o Meu filho e Eu seremos a sua eterna consolação e alegria. 

Promessas de Jesus a Santo Afonso

Santo Afonso Maria de Ligório recebeu revelações em que Nosso Senhor Jesus Cristo prometeu aos devotos de Nossa Senhora das Dores as seguintes graças:

1ª – Que aquele devoto que invocar a divina Mãe pelos merecimentos de suas dores merecerá fazer antes de sua morte, verdadeira penitência de todos os seus pecados.

2ª - Nosso Senhor Jesus Cristo imprimirá nos seus corações a memória de Sua Paixão dando-lhes depois um competente prêmio no Céu. 
3ª - Jesus Cristo guardá-los-á em todas as tribulações em que se acharem, especialmente na hora da morte. 
4ª - Por fim os deixará nas mãos de sua Mãe para que delas disponha a seu agrado, e lhes obtenha todos e quaisquer favores.

Terço de Nossa Senhora das Dores

O Rosário das Lágrimas, ou, Terço das Lágrimas, ou Terço de Nossa Senhora das Dores é também um símbolo de Nossa Senhora das Dores. Ele tem 49 contas brancas divididas em sete partes de sete contas cada. Cada uma dessas sete partes representa uma das sete dores de Nossa Senhora. Contempla-se uma Dor de Maria e reza-se um Pai Nosso e sete Ave-Marias.

Oração a Nossa Senhora das Dores

Esta é a oração inicial do terço de Nossa Senhora das Dores.

Virgem Dolorosíssima, seríamos ingratos se não nos esforçássemos em promover a memória e o culto de vossas Dores particulares, graças para uma sincera penitência, oportunos auxílios e socorros em todas as necessidades e perigos. Alcançai-nos Senhora, de Vosso Divino Filho, pelos mérito de Vossas Dores e lágrimas, a graça...(pedir a graça). Amém.

Em seguida, reza-se o Terço das Dores, contemplando cada Dor e rezando 1 Pai Nosso e 7 Ave Marias em cada dor contemplada.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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O Papa no Cazaquistão: "ensina que globalização espiritual freia nacionalismos", diz Riccardi

Viagem Apostólica do Papa Francisco ao Cazaquistão | Vatican news

Comentando a 38ª viagem apostólica internacional que levou o Papa Francisco ao Cazaquistão, o fundador da Comunidade de Santo Egídio observa como "em um momento em que a globalização é ameaçada por um clima de grave tensão, o mundo religioso é desafiado pelos nacionalismos". Hoje as comunidades religiosas são desafiadas por nacionalismos e belicismos. "A presença do Papa nos encontros inter-religiosos é um encorajamento para não deixar cair o horizonte universalista e pacífico das religiões".

Vatican News

"As religiões juntas, sem confusão, mas em fraternidade, expressam uma globalização espiritual que contrasta a fragmentação conflituosa da vida internacional." Assim escreve o historiador Andrea Riccardi, fundador da Comunidade romana de Santo Egídio, em um editorial que a renomada revista católica italiana Famiglia Cristiana (Família Cristã) traz em sua publicação esta quinta-feira, 15 de setembro.

Comentando a 38ª viagem apostólica internacional que levou o Papa Francisco ao Cazaquistão, o fundador da Comunidade de Santo Egídio observa como "em um momento em que a globalização é ameaçada por um clima de grave tensão, o mundo religioso é desafiado pelos nacionalismos".

Cristianismo ortodoxo dilacerado pela crise ucraniana

"O cristianismo ortodoxo, devido à crise ucraniana, se encontra dilacerado. Entretanto, as religiões, com sua tensão universalista e em sua diversidade, nos lembram o destino comum das mulheres e dos homens. O diálogo entre elas e o compromisso com a paz parece ser a grande aquisição ocorrida entre o século XX e o século XXI", observa Riccardi.

"Na origem deste processo de aproximação está o encontro de líderes religiosos convocado por João Paulo II em Assis, em 1986", assinala o fundador da referida comunidade romana. Aquele evento, "superando distâncias seculares, colocou os líderes religiosos diante do desafio da paz em um mundo então marcado pela Guerra Fria".

Bergoglio impulsiona processo de paz iniciado por Wojtyla

"O Papa Wojtyla enfatizou muito este avanço: ‘Na história da humanidade, a ligação intrínseca entre uma atitude autenticamente religiosa e o grande bem da paz tornou-se evidente para todos’."

"Em mais de 35 anos - conclui Riccardi - este processo tem continuado, também devido ao impulso do Papa Bergoglio. Entretanto, hoje as comunidades religiosas são desafiadas por nacionalismos e belicismos, que exigem delas solidariedade e legitimidade. Em vez disso, a presença do Papa nos encontros inter-religiosos é um encorajamento para não deixar cair o horizonte universalista e pacífico das religiões."

(com Sir)

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

quarta-feira, 14 de setembro de 2022

Santa Cruz

Santa Cruz | atquisp
14 de setembro

Santa Cruz

A Cruz recorda o Cristo crucificado, o seu sacrifício, o seu martírio que trouxe a salvação à humanidade. Assim sendo, a Igreja há muito tempo passou a celebrar, exaltar e venerar a Cruz, inclusive como símbolo da árvore da vida que se contrapõe à árvore do pecado no paraíso, quando a serpente do paraíso trouxe a morte, a infelicidade a este mundo, incitando os pais a provarem o fruto da árvore proibida. (Gn 3,17-19)

No deserto, a serpente também provocou a morte dos filhos de Israel, que reclamavam contra Deus e contra Moisés (Nm 21,4-6). Arrependendo-se do seu pecado, o povo pediu a Moisés que intercedesse junto ao Senhor para livrá-los das serpentes. Assim, o Senhor, com sua bondade infinita, ordenou a Moisés que erguesse no centro do acampamento um poste de madeira com uma serpente de bronze pendurada no alto, dizendo que todo aquele que dirigisse seu olhar para a serpente de bronze se curaria. (Nm 21,8-9)

Esses símbolos do passado, muito conhecidos pelo povo (serpente, árvore, pecado, morte), nos dizem que na Festa da Exaltação da Santa Cruz, no lugar da serpente de bronze pendurado no alto de um poste de madeira, encontramos o próprio Jesus levantado no lenho da Cruz. Se o pecado e a morte tiveram sua entrada neste mundo através do demônio (serpente do paraíso) e do deserto, a bênção, a salvação e a vida eterna vêm do Cristo levantado no alto da Cruz, de onde Ele atrai para si os olhares de toda a humanidade. Assim, a Igreja canta na Liturgia Eucarística de Festa: “Santa Cruz adorável, de onde a vida brotou, nós, por Ti redimidos, te cantamos louvor!” 

A Cruz não é uma divindade, um ídolo feito de madeira, barro ou bronze, mas sim, santa e sagrada, onde pendeu o Salvador do mundo. Traçando o sinal da cruz em nossa fronte, a todo o momento nós louvamos e bendizemos a Santíssima Trindade: Pai, Filho e Espírito Santo, agradecendo o tão grande bem e amor que, pela CRUZ, o Senhor continua a derramar sobre nós.

terça-feira, 13 de setembro de 2022

Empresários vão para o céu? Papa cita 3 condições

Black Salmon - Shutterstock
Por Francisco Vêneto

Francisco também distinguiu entre dois tipos de empresários: os mercenários e os que seguem o exemplo do Bom Pastor.

O Papa Francisco citou 3 condições para que os empresários cheguem ao céu. Ele as apresentou nesta segunda-feira, 12, durante uma audiência com membros da Confederação Geral da Indústria Italiana, conhecida como Confindustria.

Francisco descreveu os empresários como “componentes essenciais na construção do bem comum, motor primário do desenvolvimento e da prosperidade”.

O Papa ainda distinguiu entre dois tipos de empresários: os que são mercenários e os que seguem o exemplo do Bom Pastor. Estes últimos “sofrem o mesmo sofrimento que seus trabalhadores” e “não fogem diante dos muitos lobos que os espreitam”.

Deixando claro que é perfeitamente possível “ser empresário e seguidor de Cristo”, Francisco propôs esta reflexão:

“Quais são as condições para que um empresário possa entrar no Reino dos Céus?”

E ele próprio mencionou três delas:

1 | Partilhar

“A primeira é partilhar. A riqueza, por um lado, ajuda muito na vida; mas também é verdade que muitas vezes a complica: não só porque pode se tornar um ídolo e um patrão implacável que consome toda a sua vida dia após dia”.

Francisco destacou dois exemplos de como a partilha pode se concretizar:

  • mediante a geração de empregos, principalmente para os jovens;
  • mediante o correto pagamento dos impostos justos, que, a seu ver, “não devem ser vistos como usurpação”, mas sim como “coração do pacto social”.

2 | Incluir

O Papa afirmou:

“Temos que destacar o papel positivo que as empresas desempenham na realidade da migração, favorecendo a integração construtiva e valorizando as capacidades indispensáveis para a sobrevivência da empresa no contexto atual. Ao mesmo tempo, é preciso reiterar fortemente o ‘não’ a ​​qualquer forma de exploração das pessoas e negligência com a sua segurança”.

3 | Trabalhar

Francisco observou:

“Uma das graves crises do nosso tempo é a perda de contato dos empresários com o trabalho: à medida que crescem, a vida se desenvolve em escritórios, reuniões, viagens, convenções, e eles não frequentam mais os locais de operações e as fábricas. Eles esquecem o ‘cheiro’ do trabalho. Todo trabalhador depende de seus empresários e diretoria, e também é verdade que o empresário depende de seus trabalhadores, da sua criatividade, do seu coração e da sua alma: depende do seu ‘capital’ espiritual”.

Conclusão

O Papa finalizou constatando:

“Os grandes desafios da nossa sociedade não serão superados sem bons empresários. Sem novos empreendedores, a terra não resistirá ao impacto do capitalismo [selvagem] e deixaremos as gerações futuras com um planeta muito ferido, talvez inabitável. O que fizemos até agora não é suficiente: ajudemos juntos a fazer mais”.

Fonte:  https://pt.aleteia.org/

São João Crisóstomo

S. João Crisostomo | arquisp
13 de setembro

São João Crisóstomo

João Crisóstomo foi um grande orador do seu tempo. Todos os escritos dizem que multidões se juntavam ao redor do púlpito onde estivesse discursando. Tinha o dom da oratória e muita cultura, uma soma muito valiosa para a pregação do cristianismo.

João nasceu no ano 309, em Antioquia, na Síria, Ásia Menor, procedente de família muito rica considerada pela sociedade e pelo Estado. Seu pai era comandante de tropas imperiais no Oriente, um cargo que cedo causou sua morte. Mas a sua mãe, Antusa, piedosa e caridosa, agora santa, providenciou para o filho ser educado pelos maiores mestres do seu tempo, tanto científicos quanto religiosos, não prejudicando sua formação.

O menino, desde pequeno, já demonstrava a vocação religiosa, grande inteligência e dons especias. Só não se tornou eremita no deserto por insistência da mãe. Mas, depois que ela morreu, já conhecido pela sabedoria, prudência e pela oratória eloqüente, foi viver na companhia de um monge no deserto durante quatro anos. Passou mais dois retirado numa gruta sozinho, estudando as Sagradas Escrituras e, então, considerou-se pronto. Voltou para Antioquia e ordenou-se sacerdote.

Sua cidade vivia a efervescência de uma revolta contra o imperador Teodósio I. O povo quebrava estátuas do imperador e de membros de sua família. Teodósio, em troca, agia ferozmente contra tudo e contra todos. Membros do senado estavam presos, famílias inteiras tinham fugido e o povo só encontrava consolo nos discursos e pregações de João, chamado por eles de Crisóstomo, isto é,: "boca de ouro". Tanto que foi o incumbido de dar à população a notícia do perdão imperial.

Alguns anos se passaram, a fama do santo só crescia e, quando morreu o bispo de Constantinopla, João foi eleito para sucedê-lo. Constantinopla era a grande capital do Império Romano, que havia transferido o centro da economia e cultura do mundo de então para a Ásia Menor. Entretanto para João era apenas um local onde o clero estava mais preocupado com os poderes e luxos terrenos do que os espirituais. Lá reinavam a ambição, a avareza, a política e a corrupção moral. Como bispo, abandonou, então, os discursos e dispôs-se a enfrentar a luta e, como conseqüência, a perseguição.

Arrumou inimigos tanto entre o clero quanto na Corte. Todos, liderados pela imperatriz Eudóxia, conseguiram tirar João Crisóstomo do cargo, que foi condenado ao exílio. Mas essa expulsão da cidade provocou revolta tão intensa na população que o bispo foi trazido de volta para reassumir seu cargo. Entretanto, dois meses depois, foi exilado pela segunda vez. Agora, já com a saúde muito debilitada, ele não resistiu e morreu. Era 14 de setembro de 407.

Sua honra só foi limpa quando morreu a família imperial e voltou a paz entre o clero na Igreja. O papa ordenou o restabelecimento de sua memória. O corpo de João Crisóstomo foi trazido de volta a Constantinopla em 438, num longo cortejo em procissão solene. Mais tarde, suas relíquias foram trasladadas para Roma, onde repousam no Vaticano. Dos seus numerosos escritos destacasse o pequeno livro "Sobre o sacerdócio", um clássico da espiritualidade monástica. São João Crisóstomo é venerado um dia antes da data de sua morte, em 13 de setembro, com o título de doutor da Igreja, sendo considerado um modelo para os oradores clérigos.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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Mas o que é que o Papa Francisco vai fazer no Cazaquistão?

Photo by ARIS MESSINIS / AFP
Por Camille Dalmas

O Papa Francisco está de visita ao Cazaquistão de 13 a 15 de Setembro, a sua 38ª viagem fora da Itália. Embora o Papa a tenha apresentado como uma "viagem tranquila", os riscos envolvidos nesta viagem são significativos. Aqui estão algumas explicações.

Ao deslocar-se ao Cazaquistão de 13 a 15 de Setembro, o Papa Francisco é o segundo pontífice a visitar esta vasta república da Ásia Central depois de João Paulo II em 2001. Guerra na Ucrânia, diálogo com os ortodoxos e relações com a China: embora o Papa tenha apresentado esta viagem como uma “viagem tranquila”, as questões envolvidas são significativas.

1DIÁLOGO ENTRE AS RELIGIÕES TRADICIONAIS

O coração da visita do Papa Francisco a Nur-Sultan, a cidade onde ele ficará durante toda a sua estadia no Cazaquistão, é a sua participação num grande encontro inter-religioso organizado pelo governo. Inspirado nas reuniões de Assis e apoiado pela Santa Sé desde o seu lançamento em 2003, o Congresso de Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais é fruto do desejo do ex-Presidente Nur-Sultan Nazarbayev de promover um diálogo entre os líderes religiosos para os exortar a trabalhar em conjunto pela paz e tolerância. O Papa, um convidado especial no encontro, deverá proferir dois discursos e encontrar-se com outros líderes.

O tema escolhido pela organização do Congresso – construir um mundo pós-pandémico – ecoa diretamente uma reflexão desenvolvida pelo Papa na encíclica Fratelli tutti em 2020 – e em muitos textos subsequentes. Na sua encíclica, o pontífice explicou que a crise era um indicador da necessidade de construir uma sociedade mais fraterna para a humanidade. Para alcançar esta fraternidade universal, apostou na coexistência de religiões orientadas para a paz e o desenvolvimento comum.

O Papa Francisco voltará também a encontrar-se em Nur-Sultan com uma pessoa que inspirou a sua encíclica, o grande imã de Al Azhar Ahmed al-Tayyeb. Com este último, assinou o Documento sobre a Fraternidade em 2019 em Abu Dhabi, um texto que encoraja a cooperação harmoniosa das religiões em prol da paz. Como o evento é organizado por um país secular mas predominantemente muçulmano (70%), acolhe importantes representantes muçulmanos de todo o mundo, com os quais o Papa também poderá encontrar-se no dia 14 de Setembro.

2A SOMBRA DA GUERRA NA UCRÂNIA

A cimeira será marcada pela notória ausência do Patriarca de Moscou, Kirill, que tinha sido anunciado como participante mas que finalmente abandonou a viagem. O projeto de um encontro entre o Papa Francisco e o chefe da Igreja Ortodoxa Russa, o segundo desde o encontro histórico em Havana, Cuba em 2016, falhou mais uma vez, após um projeto abortado em Jerusalém em Junho passado.

O encontro com Kirill continua a ser um “desejo” do Papa, assegura o chefe do Gabinete de Imprensa da Santa Sé Matteo Bruni. O Papa Francisco participará na reunião juntamente com uma delegação da Igreja Ortodoxa Russa. Poderiam esperar-se intercâmbios entre membros das delegações católica e moscovita, disse uma fonte do Vaticano.

Mesmo que o avião de Francisco evite voluntariamente sobrevoar a Ucrânia e a Rússia – acrescentando assim uma hora extra ao programa – a questão da promoção da paz na Ucrânia deveria ser um tema importante para o pontífice. As suas palavras serão de qualquer modo particularmente ouvidas neste país que, para além de uma grande população de língua russa e ortodoxa russa, é o lar de uma minoria ucraniana e nomeadamente de uma pequena comunidade greco-católica.

3PRESENÇA NO LOCAL DO PRESIDENTE CHINÊS

Le président chinois Xi Jinping lors de son arrivée à Hong Kong, 30 juin 2022.
Selim CHTAYTI / POOL / AFP

A 14 de Setembro, enquanto o Papa Francisco participará na reunião inter-religiosa, o Presidente Xi Jinping fará a sua primeira viagem ao estrangeiro desde o final de 2019 para Nur-Sultan. A proximidade geográfica dos dois homens, que nunca se encontraram – como nenhum papa e líder chinês antes deles – é uma coincidência preocupante que vários meios de comunicação social não deixaram de destacar.

A Santa Sé, quando questionada sobre a oportunidade de uma reunião, manteve o anunciado programa do pontífice, que não inclui um intercâmbio com o Chefe de Estado chinês. Pequim não comunicou sobre a presença dos dois homens no mesmo dia em Nur-Sultan.

A falta de uma reunião, porém, diz muito sobre o estado das relações entre a China e a Santa Sé. Pequim não parece mais interessado numa reunião do que em Março de 2019, quando Xi Jinping visitou o Presidente italiano Sergio Mattarella em Roma, mas ignorou os apelos do Secretário de Estado Pietro Parolin, que manteve a “porta aberta” ao líder chinês. Contudo, a questão da renovação do acordo pastoral celebrado entre a China e a Santa Sé em 2018, que permite a nomeação de bispos tanto pelo Papa como pelo governo chinês, deve ser resolvida em Outubro. Neste contexto, qualquer possibilidade de interacção, mesmo a um nível inferior – por exemplo entre membros das delegações chinesa e vaticana – será acompanhada com grande atenção no Cazaquistão.

4UMA VISITA PASTORAL AO CORAÇÃO DA ÁSIA

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No Cazaquistão, o Papa Francisco também entrará em contato com uma das pequenas comunidades cristãs que ele visitou frequentemente nas suas viagens anteriores. A comunidade neste grande país da Ásia Central tem uma história particular, porque é principalmente o resultado de deportações. Estas foram realizadas primeiro pelos czares e depois, de forma mais maciça, pelo regime soviético, e diziam respeito às populações alemãs, polacas, ucranianas e bálticas que se encontravam em território russo na altura.

Embora muitos destes católicos exilados tenham regressado a casa após a queda do Muro de Berlim, um número permaneceu no Cazaquistão e forma a pequena população católica atual. O Vaticano estima que existem hoje 125.000 católicos, cerca de 1% da população do Cazaquistão. Com 81 paróquias, 6 bispos, mais de 100 padres e 138 religiosos, é um pequeno núcleo do catolicismo que ainda vive no coração da estepe. A Igreja Católica no Cazaquistão também dirige cinco escolas, dois lares de idosos, dois dispensários médicos e três orfanatos.

A boa relação entre o Vaticano e o governo cazaque assegura que a comunidade coexista em harmonia com outras religiões, especialmente com o Islã. A Igreja está a mostrar um certo dinamismo: os bispos cazaques juntaram-se recentemente a outros na região para formar uma conferência da Ásia Central – Uzbequistão, Turquemenistão, Quirguizistão, Mongólia, etc. – a fim de dar um novo ímpeto à sua presença.

5A INEVITÁVEL QUESTÃO DA SAÚDE DO PAPA

Como em todas as viagens, a saúde de Francisco será atentamente observada pelos jornalistas que o acompanham. O Papa foi submetido a uma grande operação ao seu cólon em Julho de 2021 com a remoção de 30 cm de intestino – intervenção da qual afirma ter se recuperado – mas sofre de fortes dores no joelho há vários meses – mencionou uma fratura – ao ponto de já não poder mover-se sem uma bengala e, na maioria das vezes, prefere uma cadeira de rodas.

A organização da viagem foi adaptada, como foi no Canadá, ao problema de mobilidade do Papa: ele continua a utilizar o avião da ITA Airways utilizado em Julho passado, o que é mais conveniente para a instalação do pontífice. O “tempo de recuperação” também foi incluído no programa, que está muito menos ocupado do que estava no início do pontificado. A viagem também deve ser menos cansativa do que outras, uma vez que o Papa não deixará a capital do Cazaquistão.

A Santa Sé já relatou um detalhe interessante sobre a viagem: o Papa não deveria ter de entrar ou sair do avião através de um elevador no Aeroporto Internacional de Nur-Sultan, como costuma fazer. Uma “passarela” deveria permitir-lhe participar numa cerimónia de boas-vindas no aeroporto, não na pista.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Mas o que é que o Papa Francisco vai fazer no Cazaquistão?

Papa Francisco no Ângelus / Vatican Media

Vaticano, 12 set. 22 / 01:58 pm (ACI).- “Neste momento de oração, desejo recordar a irmã Maria de Coppi, missionária comboniana, morta em Chipene, Moçambique, onde serviu com amor durante quase sessenta anos. Que o seu testemunho dê força e coragem aos cristãos e a todo o povo moçambicano”, disse o papa Francisco ontem (11), depois de rezar o Ângelus junto com milhares de pessoas na praça de São Pedro, no Vaticano.

Irmã Maria de Coppi, de 84 anos, foi morta em 6 de setembro em um ataque terrorista.

O arcebispo de Bolonha, Matteo cardeal Zuppi, manifestou, na qualidade de presidente da Conferência Episcopal Italiana, suas profundas condolências em nome de todos os bispos italianos e rezou pela "paz e reconciliação" neste país.

“Lamentamos outra irmã que com simplicidade, dedicação e silêncio ofereceu sua vida por amor ao Evangelho”, disse o cardeal sobre a irmã Luisa Dell'Orto, morta em 25 de junho no Haiti.

"Que seu sacrifício seja uma semente de paz e reconciliação em uma terra que, após anos de estabilidade, volta a ser assolada pela violência, causada por grupos islâmicos que passaram anos semeando terror e morte em grandes áreas do norte do país", lamentou Zuppi.

“O meu pensamento, em nome das igrejas da Itália, vai para os familiares e irmãs combonianas, para o padre Lorenzo e padre Loris e para todos os missionários que permanecem em tantos países para testemunhar o amor e a esperança”, disse o cardeal.

Zuppi convidou a lembrar deles em nossas orações e que “os cerquemos de solidariedade porque eles caminham conosco e nos ajudam a chegar às periferias a partir das quais podemos entender quem somos e escolher como ser discípulos de Jesus”.

Fonte: https://www.acidigital.com/

A Igreja no Cazaquistão

Catedral em Nur-Sultan  (PAVEL MIKHEYEV) | Vatican News

O nascimento do Cazaquistão independente em 1991 representou uma reviravolta também para a pequena Igreja Católica local. A primeira etapa dessa mudança foi o estabelecimento de relações diplomáticas da ex-República Soviética com a Santa Sé, em 17 de outubro de 1992, seguido, em 24 de setembro de 1998, pela assinatura de um acordo entre que garantiu à Igreja Católica a liberdade de realizar atividades sociais, educativas, assistência, de saúde, ter acesso aos meios de comunicação social, etc.

Vatican News

Nesta terça-feira, 13 de setembro, com a viagem ao Cazaquistão, o Papa Francisco deu início à 38 Viagem Apostólica de seu Pontificado. É o segundo Pontífice a visitar o país após São João Paulo II em 2001.

O pequeno rebanho de fiéis católicos - menos de 1% dos 19 milhões de habitantes do Cazaquistão, 70% dos que são de fé muçulmana, enquanto 26% são cristãos, predominantemente ortodoxos - é pastoreado por 6 bispos, 78 sacerdotes diocesanos, 26 sacerdotes religiosos. No país não existem Institutos Seculares, mas conta com a atuação de 18 missionários leigos e 50 catequistas.

Em relação às vocações, preparam-se para o sacerdócio 1 seminarista menor e 7 seminaristas maiores.

A Igreja no país é responsável por 3 escolas maternas e primárias, com 35 estudantes, uma escola média e secundária, com 150 estudantes e uma escola superior, com 7 estudantes.

Ademais, administra 2 ambulatórios, 2 casas para idosos, inválidos e desfavorecidos, 3 orfanatrófios, 2 consultórios familiares, 1 centro especial de educação e reeducação social, além de 33 outras instituições.

Os fiéis católicos estão distribuídos em 4 dioceses (Arquidiocese de Maria Santíssima em Astana - Nur-Sultan), a Diocese da Santíssima Trindade em Almaty, a Diocese de Karaganda e a Administração Apostólica de Atyrau) para um total de 70 paróquias, e são assistidos por cem sacerdotes.

As origens

As origens da Igreja Católica no atual Cazaquistão remontam a século XIII. De fato, em 1253 São Luís, Rei da França, enviou alguns missionários nesta para este território para que de lá pudessem chegar à Mongólia. 25 anos mais tarde, em 1278, o Papa Nicolau III confiou toda a missão na região da Ásia Central aos franciscanos.

Por volta da metade do século XIV, na cidade de Almalyk, os frades construíram um pequeno convento e uma catedral. Naquela época, o Papa João XXII enviou ao Khan de Ciagatai uma carta na qual agradecia por sua benevolência para com os cristãos que viviam em seu reino. No entanto, em 1340 começaram as primeiras perseguições, e dos cristãos da região não se teve mais notícia até metade do século XIX, quando o território cazaque estava sob o domínio do Império Russo.

Século XX

O início do século XX testemunhou a chegada dos primeiros católicos, em parte como soldados do exército russo, e em parte como exilados, deportados, prisioneiros de guerra, ou como colonos voluntários e refugiados.

Muitos refugiados e prisioneiros de guerra de fé católica chegaram ao Cazaquistão durante a Primeira Guerra Mundial tanto que, em 1917, a paróquia de Pietropavlovsk tinha cerca de 5 mil fiéis, enquanto a de Kustanai somava mais de 6.000. Outros católicos de várias nacionalidades vieram como deportados ao longo das sete décadas do regime soviético.

A Igreja do Cazaquistão após o fim da URSS

O fim da União Soviética e o consequente nascimento do Cazaquistão independente em 1991, determinou um ponto de virada também para a pequena Igreja Católica local. A primeira etapa fundamental dessa mudança foi o estabelecimento de relações diplomáticas da ex-República Soviética com a Santa Sé, em 17 de outubro de 1992, seguido, em 24 de setembro de 1998, pela assinatura de um importante acordo entre as duas partes que garante à Igreja Católica a liberdade de realizar suas atividades sociais, educativas, assistência social e de saúde, ter acesso aos meios de comunicação social e garantir seus fiéis a assistência espiritual em estabelecimentos de saúde e prisões. 

Trata-se de dois eventos que marcaram o início de um caminho de colaboração bilateral frutífera, em particular na frente do diálogo inter-religioso. Prova disso foram as três visitas oficiais ao Vaticano do ex-presidente Nursultan Nazarbayev (realizadas em 1998 para a assinatura do referido acordo com a Santa Sé, em 2003 e 2009), mas sobretudo pela Viagem Apostólica de São João Paulo II (22-25 de setembro de 2001), a primeira visita de um Pontífice a um país da Ásia Central.

Uma visita realizada significativamente sob o lema "Amai-vos uns aos outros", para enfatizar a harmonia das relações existentes entre seus múltiplos componentes étnicos e religiosos. Esses aspectos foram enfatizados várias vezes pelo Papa polonês que no encontro na Universidade Eurásia de Astana, descreveu o Cazaquistão como uma "terra de encontro, de troca, de novidade; terra que estimula em cada um o interesse por novas descobertas e induz a viver a diferença não como uma ameaça, mas como um enriquecimento”.

A este mesmo desejo de promover os valores de convivência e diálogo entre povos e as fés contra qualquer tentativa de instrumentalizar a religião para fins políticos inspirou o "Congresso dos Líderes das Religiões Mundiais e Tradicionais", iniciativa lançada em 2003 em Astana (agora Nur-Sultan) pelo ex-presidente Nazarbayev, após os atentados de 11 de setembro nos Estados Unidos, na esteira do "espírito de Assis", a cidade onde São João Paulo II inaugurou em 1986 o primeiro encontro inter-religioso pela paz.

Desde então, o encontro é realizado a cada três anos na capital cazaque (a última edição, a sexta, foi realizada em 2018 com o tema "Líderes religiosos por um mundo seguro") com a participação de uma delegação vaticana, que contribuiu para consolidar as cordiais relações de colaboração entre o Cazaquistão e a Santa Sé na promoção do diálogo inter-religioso. Uma contribuição reconhecida em 6 de fevereiro de 2013 quando uma delegação cazaque, liderado pelo presidente do Senado em visita ao Vaticano por ocasião do décimo aniversário da instituição do "Congresso Inter-religioso", condecorou os cardeais Jean-Louis Tauran e Giovanni Lajolo, além de monsenhor Khaled Akasheh, oficial do então Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.

Essa cordialidade de relações foi confirmada em 2017 por ocasião da Exposição Internacional de Astana (9 de junho a 10 de setembro) dedicada ao tema "Energia Futura", em que a Santa Sé participou com um pavilhão "Energia para o bem comum: cuidar da nossa casa comum".

No Dia Nacional da Santa Sé na Expo, em 2 de setembro, o Papa Francisco enviou uma mensagem, na qual recordava “o hábito do diálogo e concertação entre as religiões “consolidade em um país” tão rico etnicamente, culturalmente e espiritualmente".

De 30 de agosto a 4 de setembro o cardeal Peter K.A. Turkson, então prefeito de Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, esteve na capital cazaque para participar de alguns eventos ligados à Expo, incluindo uma conferência inter-religiosa no Palácio da Paz e o Reconciliação. Ao final dos trabalhos, foi emitida uma declaração conjunta, na qual se reiterava que "a energia não é um bem criado pelo homem, mas um recurso confiado a nós por Deus Criador para o bem de toda a família humana. Ela não deve, portanto, ser explorada indiscriminadamente, mas com um discernimento inspirado pela busca do bem comum da humanidade".

As relações entre a Santa Sé e o governo cazaque receberam um ulterior impulso em outubro de 2020, quando o atual Dicastério para o Diálogo Inter-religioso e o Centro cazaque para o Desenvolvimento do Diálogo Inter-religioso e Inter-civil "Nursultan Nazarbayev" (NJSC) assinaram um Memorando de Intenções com o objetivo de abrir “novas oportunidades e formas mais promissoras de implementar projetos comuns, para promover o respeito e o conhecimento entre os representantes das diversas religiões”.

A liberdade de culto, promovida pelo ex-presidente Nazarbayev, também foi impulsionada por seu sucessor Kassym-Jomart K. Tokayev, mesmo no contexto de uma nova Lei de 2011 que proíbe todas as atividades religiosas não registradas, para prevenir o eventual nascimento ou atuação de grupos radicais islâmicos violentos. Nesse contexto a Igreja local pôde continuar a exercer livremente suas atividades, como estabelecido pelo acordo de 1998.

Entre estas, aquelas sociais realizadas em especial pela Caritas Cazaquistão, que desde 1997 está na linha de frente da assistência às faixas mais pobres da população. Atualmente, suas iniciativas incluem, entre outras coisas, serviços sociais em todo o país; a gestão de alguns orfanatos e a assistência aos doentes de AIDS.

Uma pequena minoria

Os católicos são menos de 1% dos 19 milhões de habitantes do Cazaquistão, 70% dos que são de fé muçulmana, enquanto 26% são cristãos, predominantemente ortodoxos. Há algum tempo, as comunidades católicas eram formadas por diferentes grupos étnicos, sobretudo por ex-deportados do regime soviético, mas após a independência muitos deles retornaram aos seus respectivos países de origem e ainda hoje, devido à situação econômica, esse fenômeno migratório continua.

Arquidiocese de Maria Santíssima

A Arquidiocese de Maria Santíssima em Astana (antigo nome da capital do país) foi ereta em 17 de maio de 2003. No passado - a partir de 7 de julho de 1999 - era a Administração Apostólica de Astana. Antes ainda, a partir de 13 de abril de 1991, foi a Administração Apostólica do Cazaquistão.

A Metropolia abrange uma área de 576.400 quilômetros quadrados, onde vivem 4.042.364 habitantes, dos quais 54.000 católicos, distribuídos em 34 paróquias, 48 igrejas, atendidos por 19 sacerdotes diocesanos, 16 sacerdotes regulares diocesanos. A Arquidiocese tem 1 seminarista nos cursos filosófico e teológico, 19 membros de institutos religiosos masculinos; 68 membros de institutos religiosos femininos; 4 institutos de ensino; 2 instituições de caridade. No ano passado foram ministrados 145 batismos.

O arcebispo é Dom Tomash Bernard Peta, nascido em Inowrocław, Arquidiocese de Gniezno, em 20 de agosto de 1951; ordenado em 5 de junho de 1976; eleito para a Igreja titular de Benda em 15 de fevereiro de 2001; consagrado em 19 março de 2001; promovido em 17 de maio de 2003.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF