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sábado, 17 de setembro de 2022

Padre Lício: Suicídio na adolescência é coisa séria!

Padre Licio de Araújo Vale | Vatican News

O suicídio é a terceira causa de mortes entre jovens de 15 a 29 anos no Brasil. Padre Licio de Araújo Vale, especialista no tema do suicídio e perdas, destaca neste artigo a urgência no cuidado nas famílias. O Brasil é o 4º país com maior índice de suicídio no mundo, atualmente; de acordo com a OMS. Mortes poderiam ser evitadas se as pessoas recebessem atenção qualificada.

Padre Lício de Araújo Vale – Diocese de São Miguel Paulista - SP

O suicídio na adolescência é um assunto que precisa ser debatido com urgência. Afinal, o suicídio é um fenômeno social presente desde o início da história associado a uma série de fatores psicológicos, culturais, morais, socioambientais, econômicos entre outros fatores. Trata-se de um grave problema de saúde pública. Podemos dizer que há uma endemia (os números só crescem), diferente de uma epidemia (onde os números crescem, o poder público age e os números diminuem) silenciosa e silenciada. Entretanto, os suicídios podem ser evitados e prevenidos, com base em evidências e intervenções de baixo custo.

Então, o que podemos fazer para mudar estes índices? Qual o papel dos pais, educadores e amigos para evitar essas tragédias?

O primeiro e grande passo é a conscientização sobre o assunto.

O suicídio é a segunda causa de morte entre jovens de 15 a 19 anos, no Brasil, perdendo apenas para violência. Ele é um fenômeno complexo. É o final de um processo que vai se instalando na vida da pessoa, composto por 3 etapas: os pensamentos recorrentes de tirar a vida, os planos e as tentativas de suicídio (que chamamos habitualmente de comportamento suicida).

As três principais características das pessoas que tentam o suicídio, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), são:

Ambivalência: a pessoa oscila e vive um conflito entre o desejo de viver e o desejo de morrer. Anseio de sair da dor e do sofrimento e encontrar na morte uma única alternativa ou forma mais rápida e eficaz para fugir dessa situação de angústia.

Impulsividade: a tentativa de suicídio é o ato de executar o plano que a pessoa traçou para pôr fim a sua vida e é um ato impulsivo desencadeado por sentimentos negativos que podem ser temporários. É por isso que em prevenção de suicídio a gente trabalha com a frase: “NÃO TOME UMA DECISÃO DEFINITIVA PARA UM PROBLEMA TEMPORÁRIO.

Rigidez: as pessoas que tentam suicídio possuem pensamentos fixos e constantes sobre suicídio, e encaram esta como única alternativa para enfrentar e resolver o problema.

Entretanto, vale um alerta: A PESSOA QUE SE MATA, NÃO QUER ACABAR COM SUA VIDA, MAS COM SUA DOR QUE LHE É INSUPORTÁVEL.

O suicídio é influenciado por diversos fatores. A depressão é um dos principais determinantes para o comportamento suicida e para ação efetiva (tentativas) entre adolescentes como em jovens.

Situações que envolvem violência física, homofobia, consumo abusivo de álcool e uso de drogas contribuem para aumentar a vulnerabilidade dos adolescentes e jovens para o suicídio. Sentimentos de não pertencimento, como a exclusão e não aceitação de si mesmo por parte do próprio adolescente, jovem, sua família e ou seus amigos são fatores que também aumentam o risco de suicídio.

Nos adolescentes dentre os principais determinantes para o suicídio também podem contribuir: indiferença, omissão dos pais sobre suas ações e emoções, violência familiar, cyberbullying e bullying. Contudo, o suicídio pode ser prevenido! E só pode ser prevenido se formos capazes de conhecer o fenômeno para acolher a dor dos outros e colaborar na prevenção.

Qual o papel da família nos cuidados a saúde mental?

Em relação à saúde mental, a família permanece como protagonista na promoção de fatores de proteção e redução dos fatores de risco às condições psicológicas de seus membros, crianças ou adultos.

Por este motivo, promova na sua casa momentos de conversa, exclua o sentimento de individualismo, substituindo-os por autoconhecimento. Escolha um dia da semana qualquer e um espaço de tempo, não superior a uma hora para vocês conversarem com seus filhos. Durante esse período desligue a televisão, assim como o rádio, tablets e smarthphones. Faça desse tempo um momento de “bate-papo” espontâneo, onde pais, filhos e, eventualmente, outros parentes ou amigos que moram na casa, estejam periodicamente se reunindo para conversarem. Falem da vida, do trabalho, da escola, dos amigos, das coisas que amam, dos sonhos que acalentam.

Muitos pais, quando vem seus filhos num estado de desesperança, os incentivam a tentar mais, a pensar positivo, dizendo que assim irão superar os problemas. Essa atitude pode fazer mais mal do que bem e não é recomendada por especialistas. Para que o diálogo tenha efeito positivo, você precisa estar aberto à escuta.

Também não se deve evitar menosprezar a dor alheia. Esses tipos de atitudes podem significar para o seu filho que o pai/mãe não é capaz de entender pelo que ele está passando. Consequências comuns desse sentimento de incompreensão é a baixa autoestima, o isolamento e o corte de diálogo.

O importante é tentar mostrar saídas e manter o diálogo sempre aberto. Enxergando que pode haver saída para o seu problema, estando ou não em boa saúde mental, os jovens encontrarão mais motivos para viver e menos para terminar com a vida. Veja algumas dicas para enfrentar essa situação:

- Não tenha medo de falar sobre o assunto, especialmente se notar os sinais de alerta.

-  Não recrimine pelo que ele (a) tem a dizer — se suas angústias forem tratadas como “bobagens” —, o adolescente se sentirá ainda pior.

-  Permita que ele se sinta acolhido.

-  Procure ajuda de um psicólogo ou psiquiatra.

-  Incentive hábitos que favoreçam o bem-estar para afastar a depressão e ansiedade do cotidiano.

O melhor caminho para os pais, é a sua presença na vida do seu filho, tentar fazer atividades com seus filhos, entrar no mundo deles, pois se isso for feito, talvez o suicídio não seja uma opção, o adolescente precisa entender que os pais são pessoas que eles podem contar, pois o apoio familiar é crucial para a decisão de o adolescente tentar ou não o suicídio.

“A vida é a melhor a melhor escolha” é o tema da Campanha do Setembro Amarelo 2.022.

A grande maioria das mortes por suicídios podem ser evitadas e o diálogo, sobretudo familiar é o melhor jeito de fazer isso. Se você ou alguém que você conhece está em sofrimento mental e ou emocional, peça ajuda.

Sacerdote, palestrante, escritor, membro da Associação Brasileira de Estudos e Prevenção ao Suicídio.

Hallel 2022 de Brasília (DF)

Hallel Brasília (DF) | Facebook

Hallel 2022 acontecerá no dia 17 de setembro na Capital Federal

Um dos maiores festivais de música católica da América Latina volta a acontecer em Brasília após três anos de espera. Há mais de 20 anos presente na capital, a XXIII edição do Hallel em Brasília (DF) acontecerá no dia 17 de setembro das 9h às 21h, no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. Diversas bandas católicas irão se revezar nos palcos e módulos espalhados pelo evento. O festival ocorre em várias cidades do Brasil e tem como objetivo evangelizar de forma inovadora por meio da música. Neste ano, o evento contará com grandes nomes do cenário católico como Tony Allysson, Missionário Shalom, Ir. Kelly Patrícia, Fraternidade São João Paulo II, Eliana Ribeiro e Ministério Adoração e Vida. O evento também valoriza a produção local da cidade e abre espaço para bandas brasilienses e do entorno do Distrito Federal em espaços como o módulo dos músicos que receberá a Comunidade Católica Novo Ardor, Rafatrix, Hodie, Voz Eterna, Missão Band-Aid, Boy e Michele Abrantes.

Acolhendo o chamado do Papa Francisco, que convida os fiéis a irem de encontro com os mais necessitados, nesta edição, a organização pede ao público que a entrada ao evento seja feita mediante a doação
de um quilo de alimento não perecível, à exceção de sal e fubá. Todo o material arrecadado será doado a instituições da cidade. Apesar de ter como público alvo os jovens, o festival possui atividades para pessoas de todas as idades como Módulo da Pessoa Idosa, um espaço que aborda temas sobre como envelhecer com saúde física e mental, e o Hallelzinho, local voltado para crianças de até 12 anos com atividades lúdicas voltadas para a educação religiosa. Muito mais que música Além de muita música de qualidade, o evento proporciona ao público espaços de debates, partilhas e conhecimento.

Temas como sexualidade, fé e política, dentre outros, serão discutidos nos módulos. Haverá também a Praça Vocacional, espaço que reúne grupos, comunidades, congregações e movimentos, dando a oportunidade ao
público de conhecer a realidade e os carismas da Igreja de Brasília. No palco principal, a abertura do evento acontecerá às 9h00 com adoração seguida da oração do terço com o Exército de São Miguel. Às
18h00, as apresentações musicais terão uma pausa para a celebração da Santa Missa presidida pelo Cardeal Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar e retomam às 19h30. A previsão é que o evento encerre às 21h30.

Hallel Brasília | arqbrasilia
Hallel Brasília | arqbrasilia
Hallel Brasília | arqbrasilia
Hallel Brasília | arqbrasilia
Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

sexta-feira, 16 de setembro de 2022

Comunismo, esquerda, direita e eleições

Lais Monteiro | Shutterstock
Por Vanderlei de Lima

Quando um clérigo troca o Evangelho pela política partidária (de esquerda, de centro ou de direita), ele expulsa o povo da Igreja.

Recebemos um artigo sem título, mas cheio sofismas. Sofisma é um raciocínio que, sob aparência de verdade, esconde um erro em virtude do qual se torna falso.

O texto trata de esquerda e direita, do comunismo, do capitalismo e da consciência humana. Diz, com palavras fortes, que a Igreja não é de esquerda ou de direita. Mais: “‘Católico não pode ser de esquerda!’ Onde está escrito isso? Então quer dizer que todos devem ser de direita? Onde está escrito isso também?”. 

A tendenciosidade do artigo – sempre à esquerda – parece clara, não? Todavia, de modo geral, ele está, neste ponto, próximo da verdade. A Igreja, por ser católica (do grego, katholikos), isto é universal, não se apequena, pois, num partido, parte do todo (cf. Gaudium et spes n. 75-76). O amor da mãe Igreja se estende, portanto, sem distinção alguma, a cada filho: da direita, da esquerda ou do centro. Destes o texto não tratou, mas é útil inclui-los aqui, pois muito se fala em “centrão” ou “terceira via”.

Isso posto, o artigo afirma: “A igreja condena o comunismo? Sim, condena. E o faz dentro de um contexto muito específico: Primeira e Segunda Guerras Mundiais e Guerra Fria. Para ser mais precisa: rechaça, com todas as letras, o materialismo ateu de todas as eras. A instituição também denunciou os males do capitalismo em várias ocasiões. Essa divinização do mercado e a lógica do lucro, que não condizem, em nada, com os princípios do catolicismo. João Paulo II chegou a dizer que esse sistema também havia contribuído com a degradação da Europa, para termos uma noção”. 

Aqui, já temos o sofisma. Ele cai por terra, no entanto, com a lembrança de um ponto básico da Doutrina Social da Igreja: o comunismo é “intrinsecamente perverso” (Pio XI.  Divini Redemptoris, n. 58; cf. Puebla, n. 543-544), isto é, mal em si mesmo. Não pode, de modo algum, conciliar-se com o Evangelho (cf. Pio XI. Quadragesimo Anno, n. 117; Paulo VI, Ecclesiam Suam, n. 105; João Paulo II, Centesimus Annus, n. 26 etc.); já o capitalismo, de si, não é mau se respeita a dignidade humana ou, na linguagem do Papa Francisco, se é “inclusivo” (Francisco, Aos membros do Conselho para um Capitalismo Inclusivo, 11/11/2019; cf. Pio XI. Quadragesimo anno, n. 101, e Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 512). Por isso, a Igreja não o denuncia em si, mas apenas ataca seus exageros. Mais: o artigo é contraditório, pois ou a Igreja condenou o comunismo apenas “dentro de um contexto muito específico” (1), ou “rechaça, com todas as letras, o materialismo ateu de todas as eras”, portanto também em 2022 e aí se inclui, por certo, o comunismo (2) ou para o texto só o capitalismo selvagem seria materialista e ateu, o que, como vimos, é falso (3). Logo, a repulsa ao comunismo é sempre válida. O Papa Francisco, por exemplo, afirmou: “Nunca compartilhei a ideologia marxista, porque ela é falsa” (ACI Digital, 05/03/2014, online).

Dito isso, em contrário da Igreja, o artigo parece mostrar-se relativista aos escrever que “nenhum partido consegue (nem conseguirá) corresponder integralmente aos princípios católicos. A própria Igreja, que não é ingênua, admite isso. Então, o que fazer? Apelar para a consciência. Votar não pensando somente em si, mas no coletivo, evitando essa idolatria partidária. Por isso, como católicos, não devemos aceitar nenhuma espécie de terrorismo eleitoral que nos force a sacralizar projetos de poder, pelo simples fato de que a Igreja Católica não o faz”. 

Outro sofisma: o verdadeiro católico é, sim, livre para votar em partidos de direita, de esquerda ou de centro, desde que eles respeitem os princípios da fé e da moral católica: por exemplo, a vida desde a concepção até o seu fim natural e digam não ao aborto e à eutanásia (cf. Congregação para a Doutrina da Fé. Nota doutrinal…, 24/11/2002). Aqui, está a linha tênue entre agradar a Deus ou aos homens da política partidária (cf. At 5,29).

Finalizando, quando um clérigo troca o Evangelho pela política partidária (de esquerda, de centro ou de direita), ele expulsa o povo da Igreja. Todavia, não é com sofismas ou fake news que se muda isso, mas apenas com a verdade (Jo 8,32).

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa Francisco chega a Roma: concluída a viagem ao Cazaquistão

Papa Francisco com o presidente Tokayev  (Vatican Media)

Concluiu-se a 38ª viagem apostólica de Francisco, realizada de 13 a 15 de setembro no país asiático, por ocasião do VII Congresso de Líderes Mundiais e Religiões Tradicionais. O Papa chegou a Roma às 20h01, hora local.

Silvonei José – Vatican News

A 38ª Viagem Apostólica do Papa Francisco que o levou ao Cazaquistão e que teve início na terça-feira (13/09), se concluiu no início da noite desta quinta-feira, dia 15, hora de Roma. O avião papal tocou terra às 20h01, depois de percorrer 5.200 Km em pouco mais de 7 horas de voo. A chegada foi no aeroporto de Fiumicino. Depois Vaticano.

“Mensageiros de paz e de unidade”, foi o lema da viagem. No Cazaquistão o Papa Francisco falou de religião, de liberdade religiosa e de desafios entre os quais a pobreza, a paz, o acolhimento fraterno e a Casa Comum.

Num dos discursos aos presentes no VII Congresso de Líderes Mundiais e Religiões Tradicionais Francisco afirmou que a religião não desestabiliza a sociedade moderna.

Disse ainda que o mundo espera de nós o exemplo de almas despertas e mentes límpidas, espera uma religiosidade autêntica. “Chegou a hora – continuou – de despertar daquele fundamentalismo que polui e corrói toda a crença, chegou a hora de tornar límpido e compassivo o coração. Mas é hora também de deixar apenas aos livros de história os discursos que por demasiado tempo, aqui e noutras partes, inculcaram suspeitas e desprezo a respeito da religião, como se esta fosse um fator desestabilizador da sociedade moderna”.

“Portanto precisamos de religião para responder à sede de paz do mundo e à sede de infinito que habita o coração de cada homem”

Francisco afirmou ainda que  “condição essencial para um desenvolvimento verdadeiramente humano e integral “é a liberdade religiosa. Irmãos, irmãs, somos criaturas livres”. E, com ênfase Francisco, disse: “A liberdade religiosa constitui um direito fundamental, primário e inalienável, que é preciso promover em todos os lugares e que não se pode limitar apenas à liberdade de culto. De fato, é direito de cada pessoa prestar testemunho público da sua própria crença: propô-lo, sem nunca o impor”.

Ao falar sobre os efeitos da pandemia sobretudo nos países pobres Francisco vou a afirmar que “o maior fator de risco do nosso tempo continua a ser a pobreza. Enquanto continuarem a assolar disparidades e injustiças, não poderão cessar os vírus piores do que a Covid, ou seja, os do ódio, da violência, do terrorismo”.

E salientando o desafio que a paz nos apresenta hoje reafirmou que “se o Criador, a quem dedicamos a existência, deu origem à vida humana, como podemos nós – que nos professamos crentes – consentir que a mesma seja destruída? E como podemos pensar que os homens do nosso tempo – muitos dos quais vivem como se Deus não existisse – estejam motivados para se comprometer num diálogo respeitoso e responsável, se as grandes religiões, que constituem a alma de tantas culturas e tradições, não se empenham ativamente pela paz?”.

“Nunca justifiquemos a violência. Não permitamos que o sagrado seja instrumentalizado por aquilo que é profano. O sagrado não seja suporte do poder, e o poder não se valha de suportes de sacralidade!”

“Deus é paz, e sempre conduz à paz, nunca à guerra.

O VII Congresso de Líderes Mundiais e Religiões Tradicionais concluiu-se com a leitura da Declaração Final, que reafirmou o valor do Documento sobre a Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Coexistência Comum. Na sua despedida no aeroporto de Nur-Sultan o Papa foi recebido pelo presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart K. Tokayev. Na Sala VIP do Terminal Presidencial, realizou-se um breve encontro privado. O Chefe de Estado presenteou o Papa com uma “dombra”, o instrumento musical tradicional do Cazaquistão, ao qual o Pontífice se referiu em seu primeiro discurso público.

Em seguida depois da Guarda de Honra e a saudação das respectivas Delegações, o Papa embarcou num Airbus A330 da Ita Airways para retornar à Itália. Durante o voo realizou-se a programada a coletiva de imprensa com os cerca 80 jornalistas presentes.

O tweet de @Pontifex e o telegrama para o presidente

Deixando o Cazaquistão, o Papa escreveu expressou em seu tweet @Pontifex, gratidão ao povo do país asiático: "Agradeço-lhes pela acolhida recebida e pela oportunidade de passar estes dias de diálogo fraterno junto com os líderes de muitas religiões. Que o Altíssimo abençoe a vocação de paz e unidade do #Cazaquistão".

No telegrama enviado ao presidente do Cazaquistão, Kassym-Jomart Tokayev, o Papa expressou mais uma vez sua gratidão pela hospitalidade durante sua estada no país. "Asseguro minhas orações por vossa excelência e todos os seus cidadãos", escreveu Francisco.

Telegramas aos presidentes dos demais países sobrevoados

Ao presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, Francisco enviou saudações e disse rezar por ele e todo o povo. À presidente da Geórgia, Salome Zurabishvili, ao presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdoğan, e ao presidente da Bulgária, Rumen Radev, o Papa assegurou suas orações e invoca abundantes bênçãos de Deus para essas nações.

Francisco enviou saudações também ao presidente de Montenegro, Milo Đukanović, e a todo o povo, invocando sobre todos "as bênçãos dividas da paz".

Saudações também foram enviadas ao presidente da Bósnia e Herzegovina, Šefik Džaferović, ao presidente da Croácia, Zoran Milanović, e seus cidadãos, com garantia de suas orações.

Por fim, o Papa saudou o presidente italiano, Sergio Mattarella, recordando que foi ao Cazaquistão como "peregrino da paz", agradecendo a Deus pela oportunidade que teve de "encontrar as autoridades e o povo de um país antigo e contribuir para a construção de um mundo mais estável e pacífico". Francisco renovou ao presidente e ao povo italiano, suas sinceras saudações e sua bênção paterna.

Shia LaBeouf revela que a morte da mãe dele o fez aprofundar na fé

PAN Photo Agency | Shutterstock
Por Cerith Gardiner

Em outra entrevista reveladora, o ator explicou a importância de desenvolver um relacionamento com Deus.

Shia LaBeouf, o famoso ator de “Transformers” foi notícia recentemente por causa de seu papel como Padre Pio no filme de mesmo nome e como esse personagem o influenciou a se converter ao catolicismo.

Agora, o ator revela que a morte da mãe dele em agosto de 2022 foi fundamental para confirmar sua fé católica.

O ator contou ao Hollywood Reporter que estava ao lado da cama de sua mãe quando, aos 80 anos de idade, ela partiu para a Casa do Pai:

“Minha mãe estava cheia de medo em seus últimos momentos: perguntando ao médico o que era aquele tubo e o que aquela máquina fazia. Ela estava frenética. Ela foi profundamente interessada em Deus e na espiritualidade durante toda a sua vida, mas ela não O conhecia”, declarou Shia LaBeouf.

O ator continuou: “Seu maior presente para mim foi promover, em sua morte, a necessidade de um relacionamento com Deus. Não um interesse, não apenas uma crença, mas um relacionamento construído em provas tão tangíveis quanto um abraço. Seu último presente para mim foi a persuasão final para a [minha] fé. Ela foi uma boa menina. Ela foi amada por muitos e conhecida por poucos. Deus te abençoe, mamãe.”

Shia LaBeouf e o Padre Pio

Curiosamente, Shia LaBeouf, que foi excepcionalmente franco e comunicativo em sua recente entrevista com o bispo Barron, desta vez foi bastante monossilábico e enfático sobre seus pensamentos acerca do Padre Pio.

O entrevistador, Seth Abramovitch, perguntou a LaBeouf: “Você acha que Padre Pio realmente experimentou os estigmas? Você acredita em milagres?”

Embora o ator pudesse facilmente ter entrado em mais detalhes sobre o trabalho do santo italiano que ele conhece tão bem, já que estudou muito para se preparar para o papel, ele simplesmente disse “sim”. 

Enfim, ao mesmo tempo em que Shia LaBeouf continua a encontrar as alegrias da fé, oramos pela alma de sua mãe e que ela descanse em paz!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Para Francisco no Cazaquistão

Papa Francisco no Cazaquistão | Vatican News

PAPA FRANCISCO NO CAZAQUISTÃO: EM NOME DE DEUS E PELA HUMANIDADE, NÃO A ARMAMENTOS, SIM PELA PAZ!

O último compromisso do Papa Francisco no Cazaquistão foi no Palácio da Independência, em Nursultan, nesta quinta-feira (15), quando foi feita a leitura da “Declaração Final” de conclusão do VII Congresso de Líderes de Religiões Mundiais e Tradicionais. Na ocasião, o Pontífice fez o último discurso da sua viagem apostólica.

Um exemplo de futuro

E começou agradecendo por “caminharem juntos” durante esta visita ao país, através da riqueza de crenças e culturas da população, “testemunha de tantos sofrimentos passados”, mas que oferece um exemplo de futuro com “a multirreligiosidade e multiculturalidade extraordinária”. E tudo vivido “sob o signo do diálogo, ainda mais precioso neste período tão difícil sobre o qual grava, para além da pandemia, a loucura insensata da guerra”, comentou o Pontífice.

“Há demasiados ódios e divisões, demasiada falta de diálogo e compreensão do outro: isto, no mundo globalizado, é ainda mais perigoso e escandaloso. Não podemos avançar assim, ora unidos ora separados, ora interligados ora dilacerados por demasiadas desigualdades. Obrigado, pois, pelos esforços que visam a paz e a unidade.”

A liberdade religiosa é um direito concreto

O Papa então lembrou do lema da viagem, Mensageiros de paz e de unidade: “está no plural, porque o caminho é comum”. Um caminho comum que tem sido abraçado desde o início da história do Congresso, em 2003, até a Declaração Final deste ano, que “afirma que o extremismo, o radicalismo, o terrorismo e qualquer outro incentivo ao ódio, à hostilidade, à violência e à guerra”, disse o Pontífice, “nada têm a ver com o autêntico espírito religioso e devem ser rejeitados nos termos mais decididos que for possível; condenados, sem «se» nem «mas»”. Além disso, acrescentou ele, o respeito mútuo deve ser essencial, “independentemente da sua pertença religiosa, étnica ou social”:

“Há de ser sempre e em toda parte tutelado quem deseja exprimir, de modo legítimo, o próprio credo. Contudo, ainda hoje quantas pessoas são perseguidas e discriminadas pela sua fé! Pedimos veementemente aos governos e às competentes organizações internacionais que assistam os grupos religiosos e as comunidades étnicas que sofreram violações dos seus direitos humanos e liberdades fundamentais, e violências da parte de extremistas e terroristas, inclusive em consequência de guerras e conflitos militares. É preciso sobretudo empenhar-se para que a liberdade religiosa seja, não um conceito abstrato, mas um direito concreto.”

O diálogo inter-religioso é caminho sem retorno

Por isso a Igreja Católica, disse o Pontífice, “crê também na unidade da família humana. Crê que «os homens constituem todos uma só comunidade» (Conc. Ecum. Vat. II, Decl. Nostra aetate, 1)”. Assim, desde o início do Congresso, a Santa Sé, especialmente através do Dicastério para o Diálogo Inter-religioso, participou ativamente do evento e vai continuar a fazê-lo:

“O caminho do diálogo inter-religioso é um caminho comum de paz e para a paz, e, como tal, é necessário e sem retorno. O diálogo inter-religioso já não é apenas uma oportunidade, mas um serviço urgente e insubstituível à humanidade, para louvor e glória do Criador de todos.”

Um “caminho comum”, insistiu sempre o Papa em discurso, ao reiterar um ponto de convergência enaltecido já por João Paulo II quando visitou o Cazaquistão há 21 anos e tratou do caminho comum do homem e da Igreja:

“Hoje quero afirmar que o homem é também o caminho de todas as religiões. Sim, o ser humano concreto, debilitado pela pandemia, prostrado pela guerra, ferido pela indiferença! O homem, criatura frágil e maravilhosa, que, «sem o Criador, se obscurece» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. past Gaudium et spes, 36) e, sem os outros, não subsiste!”

A paz, a mulher e os jovens

O Papa, assim, deu seguimento ao discurso destacando o espírito que permeia a Declaração Final do Congresso através de três palavras: pazmulher e jovens. A primeira, disse Francisco, além de urgente “é a síntese de tudo, a expressão dum grito do coração, o sonho e a meta do nosso caminho: paz! Beybitşilik, mir, peace!”:

“A Declaração exorta os líderes mundiais a cessarem em todo o lado conflitos e derramamentos de sangue e a abandonarem retóricas agressivas e destrutivas. Pedimos-vos, em nome de Deus e para o bem da humanidade: empenhai-vos pela paz, não pelos armamentos! Só servindo a paz é que permanecerá grande na história o vosso nome.”

E, se falta a paz, acrescentou o Papa, “é porque falta atenção, ternura e capacidade de gerar vida”. Dessa forma, a mulher “é caminho para a paz” e por isso precisa ter a dignidade defendida a condição social melhorada: “quantas opções de morte seriam evitadas se estivessem precisamente as mulheres no centro das decisões! Empenhemo-nos para que sejam mais respeitadas, reconhecidas e envolvidas”.

Finalmente, e na conclusão do discurso, o Papa falou sobre a terceira palavra: os jovens, que são “os mensageiros de paz e de unidade de hoje e de amanhã”. Na mão deles, “coloquemos oportunidades de instrução, não armas de destruição! E escutemo-los, sem medo de nos deixar interpelar por eles. Sobretudo construamos um mundo pensando neles!”

Com informações de Andressa Collet - Vatican News

Foto de capa - Vatican News

quinta-feira, 15 de setembro de 2022

Dos Sermões de São Bernardo, abade

Maria junto à Cruz | Salesianos

Dos Sermões de São Bernardo, abade

(Sermo in dom. infra oct. Asumptionis,14-15: Opera omnia, Edit. Cisterc. 5[1968],273-274)

(Séc.XII)

Estava sua mãe junto à cruz

O martírio da Virgem é mencionado tanto na profecia de Simeão quanto no relato da paixão do Senhor. Este foi posto, diz o santo ancião sobre o menino, como um sinal de contradição, e a Maria: e uma espada traspassará tua alma (cf. Lc 2,34-35).

Verdadeiramente, ó santa Mãe, uma espada traspassou tua alma. Aliás, somente traspassando-a, penetraria na carne do Filho. De fato, visto que o teu Jesus – de todos certamente, mas especialmente teu – a lança cruel, abrindo-lhe o lado sem poupar um morto, não atingiu a alma dele, mas ela traspassou a tua alma. A alma dele já ali não estava, a tua, porém, não podia ser arrancada dali. Por isto a violência da dor penetrou em tua alma e nós te proclamamos, com justiça, mais do que mártir, porque a compaixão ultrapassou a dor da paixão corporal. E pior que a espada, traspassando a alma, não foi aquela palavra que atingiu até a divisão entre a alma e o espírito: Mulher, eis aí teu filho? (Jo 19,26). Oh! que troca incrível! João, Mãe, te é entregue em vez de Jesus, o servo em lugar do Senhor, o discípulo pelo Mestre, o filho de Zebedeu pelo Filho de Deus, o puro homem, em vez do Deus verdadeiro. Como ouvir isto deixaria de traspassar tua alma tão afetuosa, se até a sua lembrança nos corta os corações, tão de pedra, tão de ferro?

 Não vos admireis, irmãos, que se diga ter Maria sido mártir na alma. Poderia espantar-se quem não se recordasse do que Paulo afirmou que entre os maiores crimes dos gentios estava o de serem sem afeição. Muito longe do coração de Maria tudo isto; esteja também longe de seus servos.

Talvez haja quem pergunte: “Mas não sabia ela de antemão que iria ele morrer?” Sem dúvida alguma. “E não esperava que logo ressuscitaria?” Com toda a confiança. “E mesmo assim sofreu com o Crucificado?” Com toda a veemência. Aliás, tu quem és ou donde tua sabedoria, para te admirares mais de Maria que compadecia, do que do Filho de Maria a padecer? Ele pôde morrer no corpo; não podia ela morrer juntamente no coração? É obra da caridade: ninguém a teve maior! Obra de caridade também isto: depois dela nunca houve igual.

Fonte: https://liturgiadashoras.online/

Servir a dois senhores

Servir a dois senhores | Guadium Press

SERVIR A DOIS SENHORES

Dom Lindomar Rocha Mota
Bispo de São Luís de Montes Belos (GO)

Numa das passagens mais envolvente e dramáticas do Evangelho de Lucas Jesus põe em alerta a atenção dos discípulos e as nossas.

Em questão, os muitos amores que repartem o coração, divide a fidelidade e desaprumam os objetivos.

Considerando verdadeira o dito que onde está o teu tesouro, ali também estará o seu coração”, entendemos como é forte o alerta recebido.

À Deus se opõe muitas coisas. As mais clássicas delas, talvez, sejam as tentações de Jesus no deserto: o. poder, ser como Deus e a subsistência fácil. Os “senhores” que se opõem ao Senhor são muitos. Multiplicam-se neste mundo e ramificam por muitas partes. Cada uma delas colorida com uma cor própria e ardilosamente disposta diante dos nossos olhares.

O olhar disturbado que se perde na admiração dos muitos ídolos se afasta consideravelmente do verdadeiro tesouro.

No centro de tudo, inclusive, como medida universal está a questão do dinheiro. Ele arrasta os corações humanos e se disfarça numa infinidade de coisas. Coisas que envolvem a vaidade, sempre mesurada quantitativamente pelo que pode adquirir: admiração, louvores, reconhecimento…

Os ídolos que começam a se oporem vão se refinando no encontro de Jesus com o mundo. Razão para a idolatria pode ser até mesmo a Lei, quando se desgarram das necessidades humanas se tornam instrumento de tortura na boca dos fariseus.

Se até a Lei, forma sublime que o povo de Israel encontrou para atestar a sua fidelidade a Deus pode se tornar um ídolo em oposição a Graça que Jesus oferece, muitas outras coisas também podem sucumbirem nesse descaminho. Servir exclusivamente a si mesmo e aos seus entes queridos, também é outra trapaça que pode dividir o coração. O Cristão é chamado a se enveredar pela estrada da fraternidade universal. Sob a paternidade comum, que nos faz todos iguais, o cristianismo rompeu com as cadeias da divisão no mundo antigo, ecoando no grito de Paulo que fez tremer as bases da sociedade de seu tempo: não há mais judeus ou gregos, somos todos de Cristo.

Fechar-se em si mesmo e no parentesco mais próximo, também idolatra uma relação que deve gerar espaços novos e aumentar o seu círculo até envolver a humanidade inteira.

Por fim, o dinheiro em si mesmo. O seu acúmulo despropositado faz com que o seu possuidor não confie em mais ninguém. Apenas apaga o seu desejo de tudo possuir e de não prestar contas a mais ninguém. Um desejo profundo incrustrado no coração humano, por isso mesmo, uma das maiores tentações que há!

Achar o seu justo valor e utilidade é a chave para resistir a essa tentação. Saber que o dinheiro serve para sustentação e autonomia, ajudar aos que precisam e socorrer ao mais pobre é a arma que impede de elevá-lo a condição de ídolo. Assim, livre dessa oposição podemos reintegrar os corações para o único e verdadeiro Senhor, considerando com toda seriedade possível aquela alerta que Ele próprio nos fez: “Ninguém pode servir a dois senhores. Porque ou odiará um e amará o outro, ou se apegará a um e desprezará o outro. Vós não podeis servir a Deus e ao dinheiro” (Lc 16,13).

Para entender a Economia de Francisco (EoF)

Revista Cidade Nova

Para entender a Economia de Francisco [com entrevista exclusiva]

por Gustavo Monteiro   publicado em 08/09/2022

A CIDADE de Assis, na Itália, se prepara para receber jovens economistas, estudantes, empreendedores e agentes de mudança do mundo inteiro entre os dias 22 e 24 de setembro. A proposta é clara e audaciosa: juntos, repensar a economia global, dar continuidade a um processo que seja capaz de realizar mudanças concretas na maneira como produzimos, consumimos e estamos no mundo. Este é o terceiro evento da “Economia de Francisco”, proposta lançada pelo papa há 3 anos e que contará, pela primeira vez, com a presença física de cerca de mil jovens de 100 países diferentes, de acordo com os organizadores.

“A Economia de Francisco é uma realidade jovem, feita por pessoas que sentem que a economia, assim como está, não basta, não satisfaz. E, em nome de São Francisco, (ou seja, em nome da paz, da fraternidade, da natureza) junto ao Papa Francisco, que é portador da mesma mensagem de fraternidade, sentem o desejo de se envolver na produção de uma economia diferente, e fazem isso em rede com todo o mundo. A força desse projeto é que ele é jovem, tem a bênção de dois Franciscos e que é global”, explica o economista italiano Luigino Bruni, primeiro idealizador do processo.

O INÍCIO DE UM SONHO

É um mundo pré-Covid 19, mas o economista Luigino Bruni, membro do Movimento dos Focolares e um dos expoentes mundiais da Economia de Comunhão, já sente que muitas estruturas estão doentes. Ele lembra da proposta que recebeu da fundadora dos Focolares, Chiara Lubich, em 1998: “deve nascer uma corrente de pensamento que atraia os melhores economistas e empreendedores de hoje, incluindo os que ganham o prêmio Nobel”. 

“É evidente que não dá para mudar o capitalismo só com os membros do Movimento dos Focolares. Mas, naqueles anos, parecia que o Movimento era o fermento e a massa ao mesmo tempo. Depois de 20 anos daquela mensagem de Chiara, estava cada vez mais forte dentro de mim a ideia de que se nós quiséssemos colocar em prática a Economia de Comunhão, deveríamos fazer isso junto aos outros; deveríamos nos tornar ativadores de processos que envolvessem a igreja e todos”, reflete Bruni. Pensando em quem, no mundo, poderia propor algo desse nível, o focolarino conseguiu chegar a apenas uma pessoa: o Papa Francisco. 

Para ele, o papa é o único que, mesmo católico, tem autoridade moral universalmente maior do que a que pode ter um vencedor do prêmio Nobel ou qualquer outra personalidade pública. Em março de 2018, Bruni enviou uma carta ao papa pedindo uma conversa de 10 minutos, e, para sua surpresa, o pontífice lhe propôs uma audiência privada no Vaticano. A ideia era envolver o papa na preparação de um evento para renovar a economia de maneira geral, mas, entre o envio da carta e a audiência presencial que aconteceria três meses depois, a vontade de propor algo para jovens estudantes de economia ganhava sempre mais peso.

 “Ele me recebeu e, conversando, eu lhe contei sobre esse desejo. O papa, então, respondeu: ‘se é para os jovens, eu me interesso. Para os adultos eu não quero. Eles normalmente só querem saber da foto oficial, mas os jovens, esses sim, são capazes de mudar realmente as coisas’. O Papa Francisco ficou muito feliz com a ideia e dali nasceu um relacionamento de confiança entre ele e eu”, relembra o economista. “Eu vi que ali, diante de mim, estava uma pessoa boa, que amava os jovens e que queria fazer realmente alguma coisa para mudar a economia. Eu percebi, antes de mais nada, o seu coração largo, mas também a sua inteligência e a capacidade de raciocínio lógico.”

Bruni entendeu, depois dessa conversa, que não teria lugar melhor para sediar um evento desse nível do que a cidade de Assis, de onde surgiu o primeiro Francisco. “Fui rapidamente falar com o bispo e a prefeita de Assis, porque se tratava de algo religioso e civil ao mesmo tempo.” Então, no dia primeiro de maio de 2019, e depois de um longo processo de organização e encontros, o Papa Francisco lançou uma carta aberta convidando os jovens do mundo inteiro que estivessem interessados em “dar uma nova alma à economia” a virem a Assis em março do ano seguinte.

DEU TUDO CERTO, OU “QUASE” 

Era fevereiro de 2020, faltavam poucas semanas para o evento, jovens de diversos países estavam com a passagem aérea comprada, quando os noticiários do mundo inteiro relataram que o primeiro país ocidental a ser atingido pelo até então desconhecido coronavírus era a Itália, lugar sede do evento. No início de março, a Organização Mundial da Saúde (OMS) decretou estado de pandemia, o que levou ao cancelamento do encontro “A Economia de Francisco” e, ao mesmo tempo, abriu as portas para um percurso de formação e encontros on-line entre os jovens inscritos. 

Em novembro daquele mesmo ano, aconteceu o primeiro encontro on-line, de três dias, transmitido diretamente de Assis. “Dezenas de milhares de jovens se conectaram via zoom nessa primeira edição. Visto que o Covid não passava, em outubro de 2021, fizemos mais um encontro virtual. Nesse meio tempo, nasceu uma escola internacional de formação on-line, com 18 estudantes e profissionais da economia, e, nos vários países, uma série de comunidades e grupos de trabalho. E agora, finalmente, nos encontraremos pessoalmente, depois de quatro anos daquele meu primeiro encontro com o papa”, comemora o economista.

DE UMA ASSIS DESERTA AO MUNDO INTEIRO 

Catalina Hinojosa, jovem do Equador formada em Ciências Políticas e Relações Internacionais, estava estudando, na Itália, alternativas ao desenvolvimento quando ficou sabendo do convite do Papa Francisco, em 2019. Como “agente de mudança”, ela se inscreveu para participar da aldeia temática dedicada à agricultura, seu tema de estudo desde a graduação, mas os primeiros meses de encontros não foram muito satisfatórios. 

Com criticidade e desânimo, ela falou pessoalmente com Luigino Bruni, que a aconselhou: “No mundo, sobretudo quando você começa a crescer no ambiente dos adultos, você vai ver, muitas vezes, coisas que não estão bem, mas nem por isso você deverá perder a coragem. Se uma realidade concreta não dá os frutos que um projeto maior está destinado a dar, não quer dizer que este projeto tenha que morrer. Talvez seja o momento de fazer ainda mais por essa realidade que está com problemas, porque acreditamos que os frutos chegarão, talvez a gente nem veja, talvez venham só no futuro, mas eles chegarão”. E foi ali que ela aceitou ser a apresentadora do primeiro evento virtual da Economia de Francisco, serviço que ela prestou também na segunda edição, em 2021.

“Pude me sentir como portadora da voz de todos os jovens. Nós não nos apresentávamos só por apresentar ou para ter algum tipo de reconhecimento, mas para ser ‘Economia de Francisco’, principalmente naquele momento da pandemia em que não podíamos sair para nada. Transmitir esse projeto para um mundo nessa situação era entusiasmante e difícil, ao mesmo tempo, porque era preciso ter dentro toda a humanidade, todos os jovens que, nos seus países, viviam pela Economia de Francisco”, lembra Catalina, que tem hoje 32 anos.

Os apresentadores se reuniram em uma Assis deserta, apenas com a equipe de filmagem e as poucas pessoas que fariam participações especiais durante esse primeiro evento on-line. Catalina lembra, com emoção, o clima de família que existia entre todos no final: “Um dos rapazes que filmava disse que nunca tinha visto isso nos outros eventos de que ele tinha participado. Era, de fato, um clima de comprometimento, mas algo muito leve, de fraternidade mesmo. Até hoje os que participaram daqueles dias de trabalho trocam mensagens, viramos amigos”.

É DE FRANCISCO E DE CLARA  

No Brasil, os participantes decidiram criar uma rede para conectar todos os participantes envolvidos com a Economia de Francisco no país. “Criamos a Articulação Brasileira para a Economia de Francisco. Na presença das mulheres aqui do Brasil, e sobretudo das mulheres jovens que estavam no primeiro evento brasileiro, houve a proposta de adicionar ‘Clara’ ao nome, para colocar em luz a representatividade feminina”, conta o jovem sociólogo Eduardo Brasileiro, de Itaquera, zona leste da capital paulista. Ele, que tem hoje 31 anos, está inscrito na aldeia temática intitulada “Negócios e paz”. “Nessa vila, a gente está discutindo como é preciso criar, dentro das empresas e dos movimentos, processos de transição para a paz.”  

Como explicou Eduardo, que está se preparando para embarcar para Assis em setembro, no Brasil, o processo que surgiu a partir do convite oficial do papa Francisco em 2019 é conhecido como “Economia de Francisco e Clara” por decisão da articulação brasileira de participantes. Maria Helena Faller, participante brasileira e presidente da Associação Nacional por uma Economia de Comunhão (ANPECOM), assim explica o processo: “É um movimento plural, democrático, que visa acolher todas as vozes, todas as perspectivas políticas e científicas, partindo dos princípios de reconstrução econômica contidos nas encíclicas do papa, em especial a Laudato Si’”. 

Em mensagem para os participantes brasileiros, Luigino Bruni encorajou o grupo: “Não caiam no erro de se tornarem adultos muito rápido e de perderem a capacidade de acreditar nos ideais, de olhar a realidade e desejar algo diverso. Ai dos que roubam isso dos jovens e acham que é tudo sonho! Mas também não caiam no erro de se perderem no completo oposto, no total idealismo e, em nome de uma crítica ao capitalismo que pode se tornar ideológica, perder a beleza da economia assim como ela já é, hoje. A beleza do trabalho de todos os dias, de um escritório, de uma fábrica, a dimensão do trabalho como ato criativo... O sonho é bom se alguém depois acorda e faz com que ele se torne realidade”. 

Catalina completa: “Economy of Francesco nasceu na Itália, mas os participantes mais numerosos são os brasileiros. Continuem a levar adiante a voz de vocês, vocês trazem importantes reflexões sobre a questão indígena, sobre os negócios em todos os níveis da sociedade: dos pobres às empresas, aos políticos, aos processos de mudança, aos direitos humanos! Entre em tudo e vejam quais são as vossas feridas e ali encontrarão a resposta. Nisso, acredito, vocês levam a voz de tantos latino-americanos”. 

ECONOMIA EM ALDEIAS

Os participantes inscritos se dividem em 12 aldeias temáticas, que representam sessões de trabalho sobre os grandes temas da economia “de hoje e de amanhã”. 

• Finanças e Humanidade 

• Negócios em transição 

• CO2 da desigualdade 

• Agricultura e justiça 

• Energia e pobreza 

• Mulheres para a economia 

• Negócios e paz 

• Vida e estilo de vida 

• Trabalho e cuidado

• Políticas para a felicidade 

• Gestão e dom 

• Vocação e lucro

Saiba mais no site oficial: francescoeconomy.org

ASSISTA A ENTREVISTA EXCLUSIVA COM LUIGINO BRUNI E CATALINA HINOJOSA


Por Gustavo Monteiro

*Matéria publicada originalmente na Revista Cidade Nova de Agosto de 2022.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF