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quarta-feira, 21 de setembro de 2022

São Mateus

S. Mateus (BAV)  (© Biblioteca Apostolica Vaticana)
21 de setembro
São Mateus

Um pecador que encontra Jesus

Levi organizou um grande banquete para Jesus, que aceitou e participou com seus discípulos. Este gesto causou escândalo entre os Escrivas e Fariseus, porque participaram da festa também publicanos e pecadores. A resposta de Jesus impressionou Mateus. “Os sãos não precisam de médico, mas, sim, os doentes”, disse o Nazareno, acrescentando: “Eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores”.

Mateus, que era pecador, deixou tudo e seguiu a Jesus, tornando-se um dos Doze. Seu nome, algumas vezes, foi citado nos Atos dos Apóstolos. O anúncio de Cristo foi a sua missão.

Segundo algumas fontes, Mateus teria morrido por causas naturais; no entanto, segundo algumas tradições, consideradas pouco críveis, a sua existência terminou na Etiópia.

Na descrição dos quatro seres do Apocalipse – águia, boi, leão, homem – São Mateus é associado àquele com aspecto de homem.

As suas relíquias encontram-se na cripta da Catedral de Salerno. Ali o Santo é festejado, em 21 de setembro, com uma solene procissão.

Autor do primeiro Evangelho, destinado aos Judeus

Mateus é autor do primeiro Evangelho, escrito não em grego, mas, quase que certamente, em aramaico. Os destinatários do Evangelho de Mateus são os cristãos de origem judaica: no texto ele coloca em realce o fato de que Jesus é o Messias, que cumpre as promessas do Antigo Testamento.

De Mateus ao Papa Francisco, através de Caravaggio

A figura do evangelista é muito requisitada pela iconografia. A famosa obra da “Vocação de São Mateus”, pintada por Caravaggio, entre 1599 e 1600, encontra-se na igreja de São Luís dos Franceses, em Roma. Trata-se de uma pintura sugestiva, na qual a luz tem um papel fundamental: como símbolo da graça, ela não provém da janela, mas de Jesus. É uma cena que atrai, sobretudo, pela sua ação dramática: o dedo de Jesus aponta para Mateus; ele, por sua vez, aponta para si mesmo, como que pedindo confirmação da sua chamada. A vocação de São Mateus e a pintura de Caravaggio marcaram a vida do Papa Francisco, que fala, sobre si mesmo, em uma entrevista ao Padre Antônio Spadaro, publicada na revista “La Civiltà Cattolica”; o Papa se autodefine “um pecador, ao qual o Senhor dirigiu o seu olhar”.

terça-feira, 20 de setembro de 2022

Dar uma chance à paz, desarmar os corações e serenizar os olhares

Paz nas eleições | RedeGN

DAR UMA CHANCE À PAZ, DESARMAR OS CORAÇÕES E SERENIZAR OS OLHARES.

Dom Roberto Francisco Ferreria Paz
Bispo Diocesano de Campos

Aproximando-nos do dia 02 de outubro percebemos, com apreensão, um clima raivoso, de intimidação e cansaço. As práticas de semear fake-news desorientam e desvirtuam fatos e enlameiam pessoas. Como fazer cessar o ódio e a retaliação, o desrespeito vil, e a agressividade? Uma vez um indígena americano expressou, com uma frase, o que considerava paz: “Não é paz na Terra.

Não é paz sobre a Terra, como se a pisoteássemos, é paz com a Terra. Ouvir a Terra, ouvir o vento, as árvores, as folhas, os rios, as águas. Estar com…”. Para fazer esta experiência é necessário envolver-se, estar junto, misturado, o que nos une é bem mais que o que nos separa, somos essencialmente iguais, temos os mesmos problemas, somos da mesma família.

Caímos na armadilha de seguir líderes que, em vez de unir, nos polarizam, em vez de agregar, nos tornam inimigos, e querem que eliminemos com violência os rivais, esquecendo que precisamos de todos/as para superar e vencer as ruínas e cacos da pandemia.

Em vez de dar ouvidos a redes sociais e sua toxicidade, vamos, com gentileza, escutar nossos oponentes e aprender deles dialogando e buscando convergências. É ilusório pensar que, quem vencer as eleições levará tudo, pois terá diante de si enormes e gigantescos desafios e uma oposição ferida e raivosa.

É hora de pensar grande como fizeram os grandes políticos Adenauer, De Gasperi, Kennedy, Mandela e, aqui no Brasil, inspiradores como Franco Montoro, Alceu Amoroso Lima, Cândido Mendes e Darcy Ribeiro, em governos de União e Salvação Nacional, com um projeto político abrangente, inclusivo, transformador. Que o Bom Deus nos conceda alegria, esperança e coragem, para trilharmos juntos um caminho de paz, justiça e solidariedade. Deus seja louvado!

Não confunda cruz e crucifixo: saiba qual é a diferença

Matías Medina | Cathopic CC0
Por Francisco Vêneto

É importante que o católico tenha a consciência do que eles simbolizam.

A cruz e o crucifixo são símbolos cristãos, mas não se referem ao mesmo conceito.

Crucifixo

A palavra crucifixo vem da frase latina “cruci fixus“, que quer dizer “fixado na cruz”. Refere-se a Jesus Cristo pregado à cruz no Calvário. Um crucifixo, portanto, não é apenas a cruz sozinha, mas a cruz com a representação de Cristo afixado a ela.

É um símbolo extremamente forte do auge do sacrifício de Jesus pela salvação da humanidade – e não deve ser usado de modo superficial e irresponsável. Usar um crucifixo é carregar consigo uma lembrança física do amor sem limites de Deus por nós, a ponto de abraçar a dolorosíssima Paixão para nos resgatar.

O crucifixo é um símbolo cristão diretamente associado à Igreja Católica, já que, na sua grande maioria, as denominações protestantes costumam usar apenas a cruz em vez do crucifixo.

Muitos crucifixos católicos trazem a sigla “INRI”, que, em latim, abrevia “Iesus Nazarenus Rex Iudaeorum“, ou seja, “Jesus Nazareno, Rei dos Judeus”.

Cruz

A cruz se tornou um símbolo universal do cristianismo, embora, em sentido estrito, o termo se refira apenas ao instrumento, sem incluir a representação do corpo de Cristo pregado a ela.

Como instrumento, a cruz é nada menos que uma forma de tortura tragicamente empregada pelos romanos para castigar e executar condenados. Jesus Cristo morreu na cruz em atroz sofrimento. Por isso mesmo, muitas denominações protestantes alegam que o crucifixo não deve ser usado como símbolo da fé cristã, já que Cristo ressuscitou e não está mais pregado à cruz.

O católico deve usar a cruz ou o crucifixo?

Os católicos certamente acreditam na Ressurreição – afinal, a própria Escritura afirma que, se Cristo não ressuscitou, vã é a nossa fé. Entretanto, os católicos também reconhecem que a Ressurreição coroa o sacrifício de Cristo na cruz, que nos remiu do pecado e, portanto, jamais deve ser esquecido nem dissociado da glória da Ressurreição.

Tanto a cruz quanto o crucifixo são símbolos cristãos que podem perfeitamente ser usados pelos católicos. O importante é que os católicos tenham a consciência do que eles simbolizam e, principalmente, da unidade do mistério da Redenção: não existe Ressurreição sem cruz, nem existe sentido na cruz se não for em vista da Ressurreição.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Jesus Cristo, o cumpridor das Escrituras

"O Logos, Cristo, foi abertamente anunciado e também no seu tempo; mas foi
conhecido pelas almas puras, como é claro por muitos que antes foram
honrados."  (©Renáta Sedmáková - stock.adobe.com)

"Jesus é por excelência, a Palavra de Deus revelada a nós e à humanidade. Ele é cumpridor das promessas do AT e assumidas na sua Pessoa pelo NT. Sigamos a Jesus, caminho, verdade e vida (cfr. Jo 14,6) na vida familiar, comunitária, social e um dia na eternidade."

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

Jesus, o enviado do Pai, é o cumpridor das Escrituras. Tudo nele se realizou, o Salvador da humanidade. Para os seus discípulos, como Ressuscitado disse que era necessário que se cumprisse tudo o que está escrito sobre Ele na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos (cfr. Lc 24, 44). São Lucas também colocou como Verbo Encarnado a ida de Jesus para a sinagoga de Nazaré do qual as pessoas deram o livro do profeta Isaias onde disse que o Espírito do Senhor estava sobre ele, o ungiu para anunciar o evangelho aos pobres, para proclamar a liberdade aos presos, dar a vista aos cegos, para pôr a liberdade aos oprimidos e para proclamar um ano da graça do Senhor. Ele fechou o livro, deu ao ajudante e sentou-se. Em seguida Jesus disse que naquele dia cumpriu-se aquela palavra das Escrituras que eles tinham acabado de ouvir (cfr. Lc 4, 18-21). O hoje de Deus é dado em Jesus, o cumpridor das Escrituras. Jesus é o realizador das promessas do Antigo Testamento (AT), dando-lhe vida e vigor novos, dos quais exigem de nossa parte, conversão de vida e compromisso de amor. A seguir, dar-se-á, uma visão de como que os padres da Igreja colocaram Jesus Cristo, como o cumpridor das Sagradas Escrituras, o Antigo Testamento, que se cumpriu no Novo Testamento (NT).

O cumprimento do Antigo Testamento em Jesus Cristo

Santo Agostinho, bispo de Hipona, nos séculos IV e V, afirmou a presença do Salvador da humanidade no AT, no ser humano que foi feito à imagem de Deus (cfr. Gn 1,26-27). Deus enviou o seu único Filho (cfr. 1 Jo 4,19) que se fez homem, para a redenção de todos. Em Cristo Jesus se manifestou o Novo Testamento proveniente do Antigo Testamento, sendo nele renovado, pela graça, o ser humano em vista da vida eterna. Ele assumiu a carne humana, fez-se pobre, aquele a quem tudo pertence e por meio de quem tudo foi criado (cfr. Cl 1,16), sofreu a morte na cruz (cfr. Mt 27,50), mas também ele ressuscitou para nunca mais morrer (cfr. Rm 6,9)[1].

O Verbo de Deus no AT

São Justino, padre da Igreja de Roma, século II disse que as palavras de Jesus ao afirmar quem o ouve, ouve aquele que o enviou (cfr. Mt 10,40; cfr. Lc 10,16) apareceram nas palavras do anjo do Senhor ao falar com Moisés da chama de fogo na sarça que ele é aquele que é, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, o Deus de seus pais, que ele era para ele descer e tirar o seu povo da escravidão do Egito (cfr. Ex 3,2; 3,6). As palavras citadas demonstraram que Jesus Cristo era o Filho de Deus, e antes era Verbo que apareceu em formas de fogo, outras em imagens incorpóreas, e, na encarnação foi feito homem por vontade de Deus, por causa do gênero humano, criado pelo Senhor Deus[2].

O Antigo Testamento se cumpriu no Novo Testamento

São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, nos séculos IV e V, afirmou que Cristo deu valor à lei antiga, porque nele se cumpriu as promessas do Antigo Testamento. Ele demonstrou que são da mesma descendência, que tem a mesma origem. A Lei não salva mais após a vinda de Cristo, porque é só em Cristo que há a salvação. No entanto todas aquelas pessoas que viveram fieis à lei, antes de Cristo, se salvarão em unidade com Cristo. Pela presença do Espírito Santo, a nova lei colocou promessas bem mais altas que a antiga lei, de modo que Deus deu a todos os seus seguidores, bens maiores. Ele, em Cristo, prometeu o céu, os bens do alto, a dignidade de serem filhos adotivos do Pai, irmãos e irmãs do Filho Unigênito, participantes da sua glória e do seu reino de modo que o Antigo Testamento se cumpriu no Novo Testamento pela presença de Jesus Cristo, o Filho de Deus na carne e na glória[3].

 Jesus Cristo, a verdade em sua plenitude

Santo Ireneu, padre da Igreja de Lião, século III teve presente a tradição apostólica na qual perdurava nos seus tempos. Os apóstolos expuseram a doutrina sobre Deus, demonstrando que nosso Senhor Jesus Cristo é a Verdade em sua plenitude (cfr. Jo 14,6). Santo Irineu afirmou que foi Davi quem predissesse o nascimento do Senhor de uma Virgem (cfr. Is 7, 14) e de sua ressurreição dos mortos. Os apóstolos foram discípulos da Verdade, que é Jesus Cristo a respeito das Sagradas Escrituras[4].

A realização das profecias

Santo Irineu ainda disse que o Verbo é de Deus, e é também verdadeiro homem, Conselheiro maravilhoso, Deus-forte (cfrIs 9,5), pois ele chamou com a sua ressurreição[5], o ser humano à comunhão divina, para participar da imortalidade e da incorruptibilidade com Deus[6]. Ele foi anunciado por Moisés e pelos profetas, do Deus altíssimo e onipotente, Pai do universo, origem de tudo, que veio à Judéia, gerado por Maria, Jesus, o Ungido de Deus, que revelou a si mesmo como o que foi predito pelos profetas[7].

A antiguidade do nome de cristãos

Eusébio de Cesaréia, bispo na Palestina, no século IV, afirmou que o nome de cristãos era uma prova da antiguidade do cristianismo. Como de fato era dado o nome dos seguidores do Senhor, comprovou que o gênero e o comportamento de vida, segundo os ensinamentos da piedade não eram recentemente inventados por eles. O povo dos hebreus foi responsável pela sua antiguidade e era conhecido, por pessoas eminentes pela piedade onde o Senhor preparou um povo para a vinda do Messias. O bispo da Palestina disse que o próprio Cristo de Deus, foi visto por Abraão (cfr. Gn 18,1), profetizado por Isaac (cfr. Gn 26,2), falou a Israel, Jacó (cfr. Gn 35,1), conversou com Moisés e os posteriores profetas. A religião dos amigos de Deus foi proclamada pela presença de Cristo Jesus juntamente com os seus discípulos na divulgação de sua doutrina e ação pelo mundo afora[8].

A salvação vem de Cristo pelos justos do AT

São Gregório de Nazianzo, bispo de Constantinopla, no século IV, falou que a salvação dos justos do Antigo Testamento derivou de Cristo Jesus. Houve o exemplo dos macabeus que sofreram o martírio antes da paixão de Cristo, por causa da lei dos pais. Para São Gregório de Nazianzo era clara a realidade que nenhuma das pessoas justas alcançou a perfeição antes da vinda do Messias, pois só a alcançaram pela fé em Cristo Jesus. O Logos, Cristo, foi abertamente anunciado e também no seu tempo; mas foi conhecido pelas almas puras, como é claro por muitos que antes foram honrados. Eles deviam ser louvados porque eles viveram conforme a cruz de Cristo dos quais deram a vida[9].

Jesus é por excelência, a Palavra de Deus revelada a nós e à humanidade. Ele é cumpridor das promessas do AT e assumidas na sua Pessoa pelo NT. Sigamos a Jesus, caminho, verdade e vida (cfr. Jo 14,6) na vida familiar, comunitária, social e um dia na eternidade.

[1] Cfr. Santo Agostinho. Primeira Catequese aos não cristãosXXII, 39-40. Paulus, SP 2013, pgs. 124-128.

[2] Cfr. Justino de Roma. I Apologia, 63, 5-10. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 79.

[3] Cfr. Giovanni Crisostomo, Commento al Vangelo di san Matteo, 16,4-5. In: La teologia dei padri, v. 4, Roma, Città Nuova Editrice, 1982, pgs. 190-191.

[4] Cfr. Irineu de Lião, III, 5,1, São Paulo, Paulus, 1995, pgs. 254-255.

[5] Cfr. IdemDemonstração da pregação apostólica40. São Paulo, Paulus, 2014, pg. 100.

[6] Cfr. IdemV, 13,3, pg. 551.

[7] Cfr. IdemDemonstração da pregação apostólica40, pg. 100.

[8] Cfr. Eusébio de Cesaréia. História EclesiásticaI, 4, 4-15. Paulus, SP, 2000, pgs. 44-47.

[9] Cfr. Gregorio di Nazianzo. Discorso in lode dei Macabei15,1-2. In: La teologia dei padri, pg. 197.

A excelente razão pela qual Federer deixou o tênis

Atsushi Taketazu / Yomiuri / The Yomiuri Shimbun
Por Agnès Pinard Legry

Roger Federer acaba de anunciar o fim de sua carreira. E é a isto que ele vai dedicar a sua vida agora.

O mundo do tênis foi atingido por um relâmpago. Ex-número um do mundo e vencedor de vinte Grand Slams, Roger Federer anunciou na quinta-feira 15 de Setembro que estava a terminar a sua carreira.

O jogador suíço de 41 anos jogará os seus últimos jogos na Laver Cup de 23 a 25 de Setembro antes de se aposentar. Federer decidiu agora concentrar-se num desafio completamente diferente. Um desafio que exigirá qualidades semelhantes às do tênis, tais como a resistência e a perseverança!

“Ser um bom pai é o desafio da minha vida”, disse ele à revista suíça Caminada. Com a sua esposa Miroslava “Mirka” Vavrinec, o suíço é pai de quatro filhos: os gêmeos Myla Rose e Charlene Riva, de 12 anos, e os gêmeos Leo e Lenny, de oito anos.

“Há tantas coisas que passam pela mente dos adolescentes. Torna-se mais complicado, mais emocional, mais profundo. Penso que isso é ótimo, mas afeta-me mais. Como pais, temos agora de fazer um maior esforço para resolver os problemas. Dia após dia, tentamos fazer o nosso melhor.”

Abertamente católico, o campeão é conhecido pelo seu empenho no trabalho humanitário, incluindo a sua fundação para ajudar crianças carentes. Ele conheceu também o Papa Bento XVI em 2006.

A origem do Angelus

Papa Pio XII na janela do apartamento pontifício durante o Angelus dominical
Vatican News

A primeira transmissão radiofônica do Angelus foi realizada em 15 de agosto de 1954, na festividade da Assunção de Maria, quando o Papa Pio XII conduziu a oração de Castel Gandolfo.

Laura Lo Monaco - Cidade do Vaticano

Angelus ou “oração da paz” como era conhecido, tem origem no século XIII e era recitado pelos fiéis ao som dos sinos da igreja ao entardecer, período do dia em que se acreditava que o Anjo Gabriel - daí a origem do nome da oração - se apresentou à Virgem Maria.

A oração tinha o propósito de homenagear o Filho de Deus que, se encarnando no seio da Virgem Maria, trouxe os fundamentos da paz entre Deus e os homens. Sendo assim, era composta das palavras da primeira parte da Ave Maria, repetida diversas vezes.

A primeira notícia certa do Angelus Domini remonta a 1269, no tempo em que São Boaventura de Bagnoregio era superior geral da Ordem Franciscana. Na ocasião do Capitulo Geral dos Frades Menores, em Pisa, São Boaventura prescreveu aos religiosos de saudar, ao som dos sinos da igreja, a mãe de Deus ao entardecer recitando a oração da Ave Maria, recordando o mistério da encarnação do Senhor. Anos depois, no ano de 1307, um dos decretos do Sínodo de Strigonia (Hungria) prescrevia que durante o entardecer, receberiam indulgência os fiéis que recitassem três Ave Marias durante o soar dos sinos. Em um Sínodo realizado em Colônia no início do século XV, se estabeleceu que “De agora em diante, todos os dias, em todas as igrejas, próximo ao nascer do sol, se soe três vezes o sino como no entardecer, para a saudação da Virgem Gloriosíssima”. E se concedia indulgência a todos aqueles que recitassem três Ave Marias ao soar do sino.

Em 1456 o Papa Calisto III prescreveu o soar dos sinos para o Angelus também ao meio dia, com a recitação de três Ave Marias. Este foi o último a ser introduzido na prática dos fiéis, porém é o mais recitado pois é visto como uma oportunidade de elevar o pensamento à Mãe de Deus em meio à fadiga do dia a dia.
A primeira transmissão radiofônica do Angelus foi realizada em 15 de agosto de 1954, na festividade da Assunção de Maria, quando o Papa Pio XII conduziu a oração de Castel Gandolfo. No outono daquele mesmo ano, Pio XII iniciou a tradição de rezar o Angelus da janela de seu estúdio no Palácio Apostólico. No tempo Pascal, a oração do Angelus é substituída pela Regina Caeli.

Todos os domingos e dias santos ao meio dia, diretamente da Praça São Pedro, no Vaticano, Papa Francisco se une aos fiéis do mundo todo para recitar esta oração que é, acima de tudo, um momento de recordar a humildade do sim de Maria que trouxe a salvação ao mundo.

Papa Francisco saúda os fiéis reunidos na Praça São Pedro para o Angelus | Vatican News

V. O Anjo do Senhor anunciou a Maria

R. E Ela concebeu pelo Espírito Santo 
Ave Maria...

V. Eis a escrava do Senhor.

R. Faça-se em mim, 
segundo a Vossa palavra. 
Ave Maria...

V. E o Verbo Divino encarnou.

R. E habitou entre nós. 
Ave Maria...

V. Rogai por nós, santa Mãe de Deus.

R. Para que sejamos dignos das promessas de Cristo

Oremos.
Infundi no nosso espírito a vossa graça, ó Pai; Vós que na anunciação do anjo nos revelastes a encarnação do vosso Filho, pela sua Paixão e Cruz, conduzi-nos à glória da ressurreição. Por Cristo, nosso Senhor.

Glória ao Pai (3 vezes)

Santa Cândida

Santa Cândida | arquisp
20 de setembro

Santa Cândida

primeira referência sobre Santa Cândida foi encontrada no calendário da Igreja de Córdoba e em alguns documentos da antiga Galícia, ambas na Espanha. Mas foi pela tradição cristã do povo napolitano, na Itália, que se concluiu a história desta Santa.


A vida cristã de Cândida iniciou quando ela foi convertida, segundo essa tradição, pelo próprio apóstolo Pedro, de passagem por Nápoles. Naquela época, o apóstolo, com destino a Roma, atravessou Nápoles, onde a primeira pessoa que encontrou na estrada foi a pequena Cândida. Percebeu, imediatamente, que a pobre criança estava doente. Parou e perguntou-lhe se conhecia a palavra de Jesus Cristo. Diante da negativa e em seu ardor de levar a mensagem do Evangelho, Pedro falou-lhe da Boa-Nova, da fé e da religião dos cristãos; curou-a dos males que sofria e a converteu em Cristo.

Assim, Cândida foi colhida pela luz de Deus e curada do físico e da alma. Chegou em casa falando sobre o cristianismo e contando tudo o que o apóstolo Pedro lhe dissera. Muito intrigado e confuso, Aspreno, um parente que a criava, saiu para procurá-lo. Quando se encontraram, com muito zelo Pedro converteu também Aspreno, que o hospedou em sua modesta casa por alguns dias. O apóstolo acabou por catequizar os dois e, em seguida, batizou-os e ministrou-lhes a primeira eucaristia durante a celebração da santa missa. Esse local recebeu o nome de"Ara Petri", que significa Altar de Pedro. Depois, antes de partir, o apóstolo consagrou Aspreno primeiro bispo de Nápoles e pediu para a pequena Cândida continuar com a evangelização, salvando as almas para Nosso Senhor Jesus Cristo.

Aquele lugar onde fora celebrada a santa missa por são Pedro tornou-se de grande veneração por Cândida. Ela deixou seu lar com todos os confortos, preferindo passar seus dias numa gruta escura nas proximidades de "Ara Petri", onde vivia em penitência e oração, catequizando e convertendo muitos pagãos. Após alguns anos, o número de cristãos havia aumentado muito. Por isso, quando o imperador romano ordenou as perseguições contra a Igreja, os convertidos foram obrigados a fugir ou esconder-se. Então, o bispo Aspreno embarcou Cândida, junto com outros cristãos, com destino a Cartago, no norte da África, tentando mantê-los a salvo da implacável perseguição, mas não conseguiu. Foram alcançados, presos e torturados. Cândida foi levada a julgamento e condenada à morte porque se negou a renunciar à fé em Cristo.

No Martirológio Romano, encontramos registrado que a virgem e mártir cristã Cândida morreu no Anfiteatro dos martírios de Cartago, no dia 20 de setembro. Suas relíquias, encontradas nas Catacumbas de Priscila, agora estão guardadas na igreja Santa Maria dos Milagres, em Roma.

Muitos séculos mais tarde, pesquisas arqueológicas feitas na cidade de Nápoles encontraram no local "Ara Petri" um antigo cemitério de cristãos. O fato colocou ainda mais devoção sobre a figura de santa Cândida, eleita pelos fiéis como padroeira das famílias e dos doentes. Ela recebe, no dia 20 de setembro, as tradicionais homenagens litúrgicas confirmadas pela Igreja.


Mensagem de Santa Cândida-20/12/2009

“-Amados irmãos Meus, Eu, CÂNDIDA, serva do Senhor, de Maria santíssima e de São José saúdo-vos hoje e dou-vos a paz.

Durante toda a Minha vida amei muitíssimo ao Senhor! Quando O conheci graças à pregação de São Pedro, morri para Mim mesma e decidi seguir a corrente contrária da do mundo. Num instante, entreguei-Me completamente ao Senhor e procurei ser fiel à entrega que a Ele fiz, todos os dias de Minha vida. O mesmo hoje venho dizer-vos irmãos Meus:

Sede fiéis ao Senhor cada dia de vossa vida, procurando sempre e a todo o momento morrer para vós mesmos, cultivar em vós o verdadeiro amor a Deus, o amor que escolhe e coloca sempre em primeiro lugar o que é melhor para o Senhor, para a Sua Obra de salvação do que aquilo que é melhor para vós.

Sede fiéis ao Senhor, procurando cada dia seguir mais e mais pela estrada da humildade, do aniquilamento de vós mesmos, para que cada vez mais o vosso ‘eu’ corrompido, a vossa natureza rebelde e selvagem tantas vezes seja enfim domada, seja enfim pacificada, seja enfim submetida à vontade do Senhor.

O verdadeiro vencedor deste mundo, o verdadeiro vencedor do mundo não é aquele que ajunta muitas riquezas, que passa por homem sábio, que causa sensação nos outros com suas palavras e obras. Oh, não! O verdadeiro vencedor é aquele que vence-se a si mesmo, aquele que sujeita a sua vontade a do Senhor, aquele que sujeita a sua natureza ao amor do Senhor e à Sua bondade... Esse é o que venceu e esse é o que será considerado vencedor no Reino dos Céus.

Caminhai portanto cada dia no caminho do desprezo do mundo e de vós mesmos, da vossa vontade e das vossas inclinações corrompidas e assim cada dia crescereis mais, de vitória em vitória, até alcançar a vitória final, que é a vitória sobre a primeira morte, o inferno, e um dia no final do mundo, sereis os vencedores e conseguireis a maior vitória de todas: a vitória sobre a morte.

Vivereis eternamente em corpo e alma, glorificados com Deus e com a Sua Mãe para sempre e então os vossos hinos de louvor e de glória nunca mais cessarão, nunca mais sentireis cansaço, nunca mais vos aborrecereis com nada, nunca mais tereis nenhuma dor, nenhuma aflição ou uma angustia, porque as coisas do mundo, as coisas antigas já terão passado e o Senhor secará toda a lágrima e Ele mesmo será o cântico de alegria dos seus eleitos!

Grande é a recompensa, por isso também é grande a luta que se deve travar para conseguir a vitória e eu estou aqui, cheia de amor para vos ajudar a conseguirdes esta grande e imortal vitória e para fazer-vos entrar triunfantes entre os Anjos no Céu como Eu entrei.

Sede fiéis ao Senhor, caminhando cada dia mais no caminho do amor generoso, que nada nega ao Senhor, que nada reserva para si, que nada busca ou deseja fora daquilo que o Senhor mesmo vos mostra cada dia pela Sua Palavra, pelas Mensagens, pela união profunda de vossas almas com Ele na oração, pela vida de intimidade e pela união cada vez mais forte e perfeita da vossa vontade à vontade Dele. Desta forma, a vossa alma crescerá cada dia mais, como uma flor bela e perfumada e desabrochará para a maior glória do Senhor, para maior alegria do Coração da Virgem Maria e para a maior santificação deste mundo.

Sede fiéis ao Senhor, nestes tempos de apostasia em que viveis, nestes tempos da grande tribulação em que viveis, nestes tempos finais em que viveis em que vós sois chamados a sofrer muito, muito mesmo, devido à grande maldade que recobre toda a terra e devido ao grande afastamento de Deus em que a maioria dos homens caíram. Por causa deles os vossos dias são pontilhados de sofrimento, dor e cruz. Mas não, não vos esqueçais nunca Daquele que disse:

‘Eu estarei convosco, até o fim do mundo. Coragem! No mundo tereis aflições, mas Eu venci o mundo. ’

Aquele que disse isso continua vivo e sua parábola continua valendo. Ela valeu para Mim, Eu confiei nela: não fui confundida! Vós também, ao cofiardes no Senhor, embora sofrais, não sereis desamparados, pois Ele é o vosso Senhor que conduz o barco da vossa vida por águas tumultuosas. Muitas vezes pensais que Ele dorme, como dormiu na barca dos Apóstolos e muitas vezes pensais que naufragareis, mas, a uma só palavra Dele no momento certo todos os ventos se acalmarão, a agitação do mar cessará e a paz regressará à vossa vida. Por isso, amados irmãos, confiai no Senhor que é fiel àqueles que lhe são fiéis.

Sede fiéis ao Senhor, procurando cada dia mais viver no amor de Deus, no amor da Santíssima Trindade, na ‘fornalha’ dos Sacratíssimos Corações de Jesus, Maria e José, para que então, a vossa vida cheia do fogo divino, irradiando o calor deste fogo, possa aquecer outros corações que estão regelados e já se tornaram verdadeiras calotas polares*, tão frios e longes do amor de Deus estão!

Eu estou convosco para ajudar-vos a irradiar o calor do fogo do Senhor, para que muitas almas tornem-se um só no amor com Deus, com a Virgem Maria, Conosco os Santos e Anjos, de forma que o mundo todo seja abrasado e se torne a fornalha ardentíssima de amor que o Sagrado Coração tanto deseja e que a Virgem Santa tanto reza para que se tornem. Estou convosco todos os dias, quero rezar o Rosário convosco sempre. Rezai-o com amor, pois esta oração bendita, que Eu não conheci no Meu tempo, pois ela ainda não existia como vós a conheceis agora, essa oração é a oração predileta do Céu, a oração escolhida para conduzir milhões e milhões de almas para a glória celeste. Oh, sim! Quantas almas já estavam presas entre as unhas do dragão infernal e que a oração do Santo Rosário num instante libertou e conduziu pelo caminho da salvação!!! Abraçai esta oração com amor! Rezai o Rosário com todo o ardor do vosso coração e crede: se Eu pudesse voltar à terra novamente, somente para rezar um Rosário bem rezado que fosse, Eu voltaria, tamanho é o valor, o mérito e o poder desta oração! Não podeis imaginar quanto o Rosário é agradável ao Senhor, se rezado com amor, devoção e confiança perfeitos! Estou convosco, portanto, para ajudar-vos a rezá-lo bem, com o coração ou seja; renunciando a vossa vontade e conformando a vossa com a do Senhor pelo Rosário. Assim, a vossa oração produzirá frutos de santidade cem por um e vossas Ave Marias tornar-se-ão verdadeiras ‘rosas místicas’ que subirão ao Céu e que adornarão a morada que Santíssima Virgem lá vos prepara todos os dias, para que lá chegueis e sejais felizes com Ela para sempre!

Amados irmão Meus, sede fiéis ao Senhor na cruz, no sofrimento e ficai a saber que toda cruz, todo sofrimento desta terra, no Céu converter-se-ão em outros milhares e milhares de gozos que tereis em abraçar o Senhor e a Sua Mãe, em vê-Los face a face e em descansar suspirando de amor e de alegria para sempre no colo Deles, na Eterna Glória. Vede: o Céu vos escolheu, o Céu vos amou primeiro! Quando São Pedro Me disse que Jesus havia Me amado primeiro e que Ele havia dado a Sua vida por Mim antes mesmo de que Eu O conhecesse, mesmo quando ainda era inimiga Dele pelo pecado, mesmo quando ainda não era resgatada, mesmo quando ainda não O podia amar, senti-Me presa de amor e o Meu coração apegou-se ao de Jesus e de Maria, fundiu-se com o Deles no amor para sempre!

O Senhor vos amou primeiro! O Senhor se entregou à morte por vós, antes mesmo que vós pudésseis conhecê-Lo, amá-Lo ou fazer qualquer coisa para merecer o amor Dele! Que isto também prenda o vosso coração de amor, funda o vosso coração de amor com os Corações de Jesus e Maria no amor para que, vivendo assim como Eu, ardendo e consumindo-se incessantemente de amor vós possais subir ao Céu como incenso perfumado que se queima no altar do Senhor e sobe até os Olhos Dele para alegrá-Lo, glorificá-Lo e amá-Lo perfeitamente.

Estou convosco, mesmo que não Me vejais, podeis sentir-Me na oração profunda. Rezai-Me muito e Eu alcançarei muitas graças do Céu para vós.

A todos, neste momento, abençôo com todo o Meu coração e sobre vós invoco as mais copiosas graças do Menino Deus!”

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Oxigênio e alimento para todos: o sonho de um missionário na Amazônia

Missionário na Amazônia | Vatican News

Em parte, já é uma realidade, mas muito ainda precisa ser feito. O padre Giovanni Mometti, de 85 anos, não desiste e relança o projeto "Novo Moisés", para o cultivo de arroz e criação de peixes e suínos no Brasil, que já envolve quase três mil famílias, mas se for ampliado, "sem cortar uma árvore, poderá fazer da Amazônia o celeiro dos pobres".

https://youtu.be/GSzW4t8fc80

Cecilia Seppia – Vatican News

"Padre Gianni é louco, mas a dele é uma loucura que vem diretamente de Deus." Foi assim que o Papa Francisco descreveu o pe. Giovanni Mometti durante a homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta, em 7 de janeiro de 2019, na qual o salesiano concelebrou junto com o Pontífice. "O Espírito às vezes nos impulsiona às grandes loucuras de Deus, como aconteceu com o homem que está entre vocês hoje, e que há mais de 60 anos deixou a Itália para estar com os leprosos", disse o Papa. Natural de Brescia, missionário na Amazônia desde 1956, padre Gianni formou-se em Filosofia e Teologia em São Paulo, Brasil, onde dez anos depois foi ordenado sacerdote. Logo depois, apesar de ter sido designado por seus superiores para a Universidade Gregoriana, ele sentiu que tinha que ouvir a voz que insistia em seu coração e ouvidos: ir para aquele mundo sofredor formado de pobreza, fome e doença para levar o anúncio do Evangelho, não apenas em palavras. Descalço, como a maioria dos ribeirinhos (as populações que vivem ao longo do Rio Amazonas), de mãos vazias, mas ansiosas para ajudar, hoje com 85 anos, padre João, como é chamado pelo seu povo, vive e trabalha em Igarapé-Açu, no Estado do Pará, na Amazônia brasileira, e ao Vatican News ele relança o projeto "Novo Moisés" do qual foi um dos primeiros apoiadores. 

Padre Giovanni encontra o Papa durante o Sínodo dos Bispos para a Amazônia em 2019 | Vatican News

Origens e características do projeto

"Não é um nome escolhido por acaso", me disse o padre Gianni numa chamada de vídeo feita às 23h, horário italiano, "porque toma o nome de um fato bíblico e como Moisés por vontade de Deus foi salvo das águas do Nilo, assim nós queremos que nosso rio possa salvar, com a riqueza e abundância de suas águas, todas as populações que vivem ao longo de seu curso". O coração do projeto, ativo desde 1989 nas regiões Bragantina e Salgado do Estado do Pará e que já alimenta cerca de 3 mil famílias, é o módulo "Vibra João XXIII" que confia a cada unidade familiar 5 hectares em concessão do Estado. Um deles é transformado numa lagoa artificial, no qual se obtém uma planície para o cultivo de arroz, com uma média de três colheitas por ano. Ao redor da planície há um canal para a criação de cerca de dez mil alevinos, peixes que pesam até 2 quilos, e nas margens da lagoa se constrói um chiqueiro, que não polui a água da lagoa, mas alimenta os peixes com plâncton. Nos outros quatro hectares, a família cultiva alimentos para si mesma, e para a manutenção dos suínos. "Esses lagos - continua padre Giovanni - resolvem o problema do desmatamento que está destruindo a Amazônia. Quanto mais lagoas forem construídas, mais pessoas não precisarão cortar árvores para cultivar a terra. Então meu sonho é justamente este: fazer com que as terras banhadas pelo Rio Amazonas e seus afluentes, que são as mais férteis do mundo, se tornem o 'celeiro dos pobres', a fim de alimentar aqueles que vivem na região, mas não só. E isso sem cortar uma única planta da floresta que nos dá um terço de todo o oxigênio que respiramos".

agos artificiais para piscicultura | Vatican News

"A multiplicação dos pães e peixes"

O missionário salesiano cita Francisco várias vezes, a Encíclica Laudato si', a Exortação apostólica pós-sinodal Querida Amazônia e adverte: "O maior pecado que podemos cometer é o de não fazer o melhor uso dos dons que Deus nos deu! E Deus nos deu tudo. Este não é apenas um projeto para nós, podemos replicá-lo na África, na Ásia, onde quer que haja água. Estamos dispostos a formar os jovens, hospedá-los e ensiná-los a não morrer de fome. Aqui nós realmente experimentamos a passagem do Evangelho da 'Multiplicação dos Pães e Peixes'. Na Laudato si', o Papa também diz: sem a Amazônia, o mundo morre, a Amazônia é a vida para todos, não só para os nativos. No centro da encíclica estão os frágeis, os pobres, os últimos e certamente não se cuida deles ou do ambiente, destruindo hectares e hectares de floresta para criar gado. Temos que produzir o que a água nos dá, por isso trabalhamos apenas onde não há plantas e assim garantimos a manutenção da biodiversidade. Existem 300 milhões de hectares de terra disponíveis para realizar todos os pontos do nosso projeto. Mas tudo ainda está parado por falta dinheiro: quando eu fui assessor da Amazônia pensamos numa espécie de taxa, uma 'dívida vital' que todos devemos pagar para nos garantir os 30-40% de oxigênio que a Amazônia nos dá todos os dias".

Toda a comunidade local está feliz em participar deste projeto | Vatican News

Um círculo virtuoso

Quando fala sobre seu povo, a voz de padre Gianni "vibra". "Temos contato direto com todos, mas não é assistencialismo, fazemos isso por missão, para organizá-los, guiá-los, porque todos podem contribuir. Pelas ruas todo mundo me pede: 'Padre Gianni, vem até nós para nos ensinar como construir lagoas'! As pessoas entendem a importância e o objetivo dessa iniciativa que oferece um futuro para elas e suas famílias. A maior dificuldade é esta: não poder dar o que elas pedem. São necessários fundos para comprar ração, equipamentos. As pessoas não têm nada e começam a cavar com as mãos e o que fazemos? Ficamos parados olhando? O projeto Novo Moisés pode salvar com a força das pessoas os índios e os pobres da Amazônia, com sua capacidade, com sua cultura, não ensinando-lhes nada de novo, apenas orientando-os". Na prática, o Novo Moisés não faz nada além de criar um ciclo ecológico de produção de alimentos completamente orgânicos, uma alternativa à destruição da floresta amazônica (mais de 40 milhões de plantas já foram destruídas), porque, como explica o padre Gianni, "cada cabeça de gado precisa de um hectare de pastagem, que hoje é retirado da floresta. Essa cabeça de gado rende 300 quilos de carne por ano. O nosso projeto com um hectare de terra, sem cortar uma árvore, nos dá de 40 a 60 toneladas de alimentos. Além disso, nenhum fertilizante químico é usado para produzir arroz, pois o excremento de suínos além de se tornar plâncton para peixes, também fertiliza a planície de arroz; por fim, a água contida nas lagoas pode ser despejada nos campos próximos, fertilizando-os e melhorando assim a produção agrícola dos pequenos agricultores". Portanto, um círculo mais do que virtuoso, que realiza aquela ecologia integral da qual o Papa Francisco fala na sua Laudato si', sobretudo porque envolve o ser humano não como um carrasco do meio ambiente, mas como um guardião.

Os alevinos podem pesar até 6-7 quilos | Vatican News

O apelo

"A Conferência Episcopal Italiana – recorda por fim o missionário bresciano - em 1989 nos doou 200 milhões de liras, e com esse dinheiro iniciamos o projeto. Para realizá-lo eu me endividei completamente. As terras são estatais: o governo dá a terra em concessão por 99 anos e depois outros 99: mas se não tomarmos cuidado, quem tem dinheiro pode chegar antes de nós e fazer coisas que destroem a Criação e o ser humano. Hoje, quero renovar o apelo pelo apoio financeiro aos cristãos de todo o mundo, mas também às instituições internacionais, e a todas as pessoas de boa vontade, porque todos temos uma dívida com a Amazônia. A Amazônia pode realmente salvar o mundo: mantendo oxigênio e alimentando a todos."

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

A política é necessária?

A política | Toda Matéria

A POLÍTICA É NECESSÁRIA?

Dom Pedro Cipollini
Bispo de Santo André

Na Bíblia a palavra paz tem grande importância, em hebraico é “schalon”, palavra quase intraduzível para o português, pois designa tudo de bom, felicidade completa, realização e alegria! Traduzimos por paz que é fruto da justiça. Mas não de qualquer justiça. A justiça verdadeira é a que brota de Deus e se faz incluindo o perdão.

A justiça meramente humana quando chega a seu extremo pode ser destrutiva. Não à toa os latinos cunharam o ditado; “summum jus, summa injuria”, justiça excessiva torna-se injustiça. Para estabelecer a paz na sociedade é preciso a política.

Só existem duas maneiras de governar: com a política ou com o canhão, já dizia alguém. Política como a palavra indica vem do grego polis=cidade. Política é a arte de governar a cidade, a sociedade. É um conjunto de medidas ou ideias articuladas, visando conseguir um objetivo que favoreça a população.

Uma política sadia, a verdadeira política, é a arte de trabalhar pelo bem comum. É no dizer do papa Paulo VI, uma forma elevada de caridade, quando vivida como prestação de serviço à sociedade (cf. AO 24).

Para que exista uma vida política verdadeiramente humana nada melhor que desenvolver o sentido de justiça, benevolência e de serviço ao bem comum. O bem comum compreende o conjunto das condições de vida social, que permite às pessoas, famílias e às sociedades atingir mais fácil a consecução de seus fins.

O termo política se torna pejorativo quando se inspira na ideia de que o fim justifica os meios, separando assim a política da ética. De fato, a política que faz bem ao povo, deve fundar-se na verdade, liberdade e solidariedade. Se não for assim, a política se torna a arte de se servir das pessoas, dando-lhes a ideia que as servimos.

Pergunta-se: a Igreja deve meter-se em política? Se nos referirmos à política como a arte do bem comum, sim. Mas se nos referirmos à política partidária, não. Cada um deve escolher seu partido conforme sua consciência. Qualquer religião deve respeitar a consciência dos fiéis, que devem ser livres para escolher.

O Concílio Vaticano II nos deixou esclarecido: “A Igreja, em razão de sua finalidade e competência de modo algum se confunde com a comunidade política e nem está ligada a nenhum sistema político. Porém ela é sinal e salvaguarda do caráter transcendente da pessoa humana. Cada uma em seu próprio campo, a comunidade política e a Igreja são independentes e autônomas uma da outra. Ambas, porém, embora por título diferente, estão a serviço da vocação pessoal e social das pessoas” (GS n. 76).

O dever de participar na política é de todos os cidadãos. Se a política é ruim, sem participação fica pior. E uma das formas de participar ao alcance de todos é o voto. Estamos às vésperas de eleições e é preciso se preparar para votar. Não se deve aceitar ser um analfabeto político, como o descreveu Bertold Brecht:

“O pior analfabeto é o analfabeto político. Ele não ouve, não fala, nem participa dos acontecimentos políticos. Ele não sabe que o custo de vida, o preço do feijão, do peixe, da farinha, do aluguel, do sapato e do remédio dependem das decisões políticas. O analfabeto político é tão burro que se orgulha e estufa o peito dizendo que odeia a política. Não sabe o imbecil que, da sua ignorância política, nasce a prostituta, o menor abandonado, e o pior de todos os bandidos, que é o político vigarista, pilantra, corrupto e lacaio dos exploradores do povo”.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF