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"O Logos, Cristo, foi abertamente anunciado e também no seu tempo; mas foi conhecido pelas almas puras, como é claro por muitos que antes foram honrados." (©Renáta Sedmáková - stock.adobe.com) |
"Jesus
é por excelência, a Palavra de Deus revelada a nós e à humanidade. Ele é
cumpridor das promessas do AT e assumidas na sua Pessoa pelo NT. Sigamos a
Jesus, caminho, verdade e vida (cfr. Jo 14,6) na vida familiar, comunitária,
social e um dia na eternidade."
Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)
Jesus, o enviado do Pai, é o cumpridor das
Escrituras. Tudo nele se realizou, o Salvador da humanidade. Para os seus
discípulos, como Ressuscitado disse que era necessário que se cumprisse tudo o
que está escrito sobre Ele na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos
(cfr. Lc 24, 44). São Lucas também colocou como Verbo
Encarnado a ida de Jesus para a sinagoga de Nazaré do qual as pessoas deram o
livro do profeta Isaias onde disse que o Espírito do Senhor estava sobre ele, o
ungiu para anunciar o evangelho aos pobres, para proclamar a liberdade aos
presos, dar a vista aos cegos, para pôr a liberdade aos oprimidos e para
proclamar um ano da graça do Senhor. Ele fechou o livro, deu ao ajudante e
sentou-se. Em seguida Jesus disse que naquele dia cumpriu-se aquela palavra das
Escrituras que eles tinham acabado de ouvir (cfr. Lc 4,
18-21). O hoje de Deus é dado em Jesus, o cumpridor das Escrituras. Jesus é o
realizador das promessas do Antigo Testamento (AT), dando-lhe vida e vigor
novos, dos quais exigem de nossa parte, conversão de vida e compromisso de
amor. A seguir, dar-se-á, uma visão de como que os padres da Igreja colocaram
Jesus Cristo, como o cumpridor das Sagradas Escrituras, o Antigo Testamento, que
se cumpriu no Novo Testamento (NT).
O cumprimento do Antigo Testamento em
Jesus Cristo
Santo Agostinho, bispo de Hipona, nos séculos IV e
V, afirmou a presença do Salvador da humanidade no AT, no ser humano que foi
feito à imagem de Deus (cfr. Gn 1,26-27). Deus enviou o seu
único Filho (cfr. 1 Jo 4,19) que se fez homem, para a redenção
de todos. Em Cristo Jesus se manifestou o Novo Testamento proveniente do Antigo
Testamento, sendo nele renovado, pela graça, o ser humano em vista da vida
eterna. Ele assumiu a carne humana, fez-se pobre, aquele a quem tudo pertence e
por meio de quem tudo foi criado (cfr. Cl 1,16), sofreu a
morte na cruz (cfr. Mt 27,50), mas também ele ressuscitou para
nunca mais morrer (cfr. Rm 6,9)[1].
O Verbo de Deus no AT
São Justino, padre da Igreja de Roma, século II
disse que as palavras de Jesus ao afirmar quem o ouve, ouve aquele que o enviou
(cfr. Mt 10,40; cfr. Lc 10,16) apareceram nas
palavras do anjo do Senhor ao falar com Moisés da chama de fogo na sarça que
ele é aquele que é, o Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, o Deus de seus pais,
que ele era para ele descer e tirar o seu povo da escravidão do Egito
(cfr. Ex 3,2; 3,6). As palavras citadas demonstraram que Jesus
Cristo era o Filho de Deus, e antes era Verbo que apareceu em formas de fogo,
outras em imagens incorpóreas, e, na encarnação foi feito homem por vontade de
Deus, por causa do gênero humano, criado pelo Senhor Deus[2].
O Antigo Testamento se cumpriu no
Novo Testamento
São João Crisóstomo, bispo de Constantinopla, nos
séculos IV e V, afirmou que Cristo deu valor à lei antiga, porque nele se
cumpriu as promessas do Antigo Testamento. Ele demonstrou que são da mesma
descendência, que tem a mesma origem. A Lei não salva mais após a vinda de
Cristo, porque é só em Cristo que há a salvação. No entanto todas aquelas
pessoas que viveram fieis à lei, antes de Cristo, se salvarão em unidade com
Cristo. Pela presença do Espírito Santo, a nova lei colocou promessas bem mais altas
que a antiga lei, de modo que Deus deu a todos os seus seguidores, bens
maiores. Ele, em Cristo, prometeu o céu, os bens do alto, a dignidade de serem
filhos adotivos do Pai, irmãos e irmãs do Filho Unigênito, participantes da sua
glória e do seu reino de modo que o Antigo Testamento se cumpriu no Novo
Testamento pela presença de Jesus Cristo, o Filho de Deus na carne e na glória[3].
Jesus Cristo, a verdade em
sua plenitude
Santo Ireneu, padre da Igreja de Lião, século III
teve presente a tradição apostólica na qual perdurava nos seus tempos. Os
apóstolos expuseram a doutrina sobre Deus, demonstrando que nosso Senhor Jesus
Cristo é a Verdade em sua plenitude (cfr. Jo 14,6). Santo
Irineu afirmou que foi Davi quem predissesse o nascimento do Senhor de uma
Virgem (cfr. Is 7, 14) e de sua ressurreição dos mortos. Os
apóstolos foram discípulos da Verdade, que é Jesus Cristo a respeito das
Sagradas Escrituras[4].
A realização das profecias
Santo Irineu ainda disse que o Verbo é de Deus, e é
também verdadeiro homem, Conselheiro maravilhoso, Deus-forte (cfr. Is 9,5),
pois ele chamou com a sua ressurreição[5],
o ser humano à comunhão divina, para participar da imortalidade e da
incorruptibilidade com Deus[6].
Ele foi anunciado por Moisés e pelos profetas, do Deus altíssimo e onipotente,
Pai do universo, origem de tudo, que veio à Judéia, gerado por Maria, Jesus, o
Ungido de Deus, que revelou a si mesmo como o que foi predito pelos profetas[7].
A antiguidade do nome de cristãos
Eusébio de Cesaréia, bispo na Palestina, no século
IV, afirmou que o nome de cristãos era uma prova da antiguidade do
cristianismo. Como de fato era dado o nome dos seguidores do Senhor, comprovou
que o gênero e o comportamento de vida, segundo os ensinamentos da piedade não
eram recentemente inventados por eles. O povo dos hebreus foi responsável pela
sua antiguidade e era conhecido, por pessoas eminentes pela piedade onde o
Senhor preparou um povo para a vinda do Messias. O bispo da Palestina disse que
o próprio Cristo de Deus, foi visto por Abraão (cfr. Gn 18,1),
profetizado por Isaac (cfr. Gn 26,2), falou a Israel, Jacó
(cfr. Gn 35,1), conversou com Moisés e os posteriores
profetas. A religião dos amigos de Deus foi proclamada pela presença de Cristo
Jesus juntamente com os seus discípulos na divulgação de sua doutrina e ação
pelo mundo afora[8].
A salvação vem de Cristo pelos justos
do AT
São Gregório de Nazianzo, bispo de Constantinopla,
no século IV, falou que a salvação dos justos do Antigo Testamento derivou de
Cristo Jesus. Houve o exemplo dos macabeus que sofreram o martírio antes da
paixão de Cristo, por causa da lei dos pais. Para São Gregório de Nazianzo era
clara a realidade que nenhuma das pessoas justas alcançou a perfeição antes da
vinda do Messias, pois só a alcançaram pela fé em Cristo Jesus. O Logos,
Cristo, foi abertamente anunciado e também no seu tempo; mas foi conhecido
pelas almas puras, como é claro por muitos que antes foram honrados. Eles
deviam ser louvados porque eles viveram conforme a cruz de Cristo dos quais
deram a vida[9].
Jesus é por excelência, a Palavra de Deus revelada
a nós e à humanidade. Ele é cumpridor das promessas do AT e assumidas na sua
Pessoa pelo NT. Sigamos a Jesus, caminho, verdade e vida (cfr. Jo 14,6)
na vida familiar, comunitária, social e um dia na eternidade.
[1] Cfr. Santo Agostinho. Primeira
Catequese aos não cristãos, XXII, 39-40. Paulus, SP 2013, pgs. 124-128.
[2] Cfr. Justino de Roma. I Apologia, 63,
5-10. São Paulo, Paulus, 1995, pg. 79.
[3] Cfr. Giovanni Crisostomo, Commento al
Vangelo di san Matteo, 16,4-5. In: La teologia dei padri, v. 4,
Roma, Città Nuova Editrice, 1982, pgs. 190-191.
[4] Cfr. Irineu de Lião, III, 5,1,
São Paulo, Paulus, 1995, pgs. 254-255.
[5] Cfr. Idem, Demonstração
da pregação apostólica, 40. São Paulo, Paulus, 2014, pg. 100.
[6] Cfr. Idem, V, 13,3,
pg. 551.
[7] Cfr. Idem, Demonstração
da pregação apostólica, 40, pg. 100.
[8] Cfr. Eusébio de Cesaréia. História
Eclesiástica, I, 4, 4-15. Paulus, SP, 2000, pgs. 44-47.
[9] Cfr. Gregorio di Nazianzo. Discorso in lode dei Macabei, 15,1-2.
In: La teologia dei padri, pg. 197.