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domingo, 25 de setembro de 2022

O Pacto dos jovens: que a economia se torne uma Economia do Evangelho

Francisco com os jovens em Assis  (Vatican Media)

O Papa Francisco, em Assis, assinou com os jovens um Pacto no qual se comprometem a gastar suas vidas para que a economia de hoje e de amanhã se torne uma Economia do Evangelho.

Silvonei José – Assis – Vatican News

Na manhã deste sábado, 24 de setembro, o Papa Francisco assinou com cerca de mil jovens provenientes de 120 países, reunidos em Assis para a o evento global “Economia de Francisco” o Pacto, individualmente e todos juntos, no qual se comprometem a gastar suas vidas para que a economia de hoje e de amanhã se torne uma Economia do Evangelho. Portanto:

uma economia de paz e não de guerra,

uma economia que contraste a proliferação das armas, especialmente as mais destrutivas,

uma economia que se preocupa com a criação e não a saqueia,

uma economia a serviço da pessoa, da família e da vida, respeitosa de toda mulher, homem, criança, idoso e especialmente dos mais frágeis e vulneráveis,

uma economia onde o cuidado substitui o descarte e a indiferença,

uma economia que não deixa ninguém para trás, para construir uma sociedade na qual as pedras descartadas pela mentalidade dominante se tornem pedras angulares,

uma economia que reconhece e protege o trabalho digno e seguro para todos, especialmente para as mulheres,

uma economia onde a finança é amiga e aliada da economia real e do trabalho e não contra elas,

uma economia que sabe valorizar e preservar as culturas e as tradições dos povos, todas as espécies vivas e os recursos naturais da Terra,

uma economia que combate a miséria em todas as suas formas, reduz as desigualdades e sabe dizer, com Jesus e com Francisco, "bem-aventurados os pobres",

uma economia guiada pela ética da pessoa e aberta à transcendência, 

uma economia que cria riqueza para todos, que gera alegria e não apenas bem-estar, pois a felicidade não compartilhada é muito pouco.

Papa Francisco no encontro com os jovens | Vatican News

Os jovens reafirmam neste Pacto: nós acreditamos nesta economia. Não é uma utopia, porque já a estamos construindo. E alguns de nós, em manhãs particularmente luminosas, já vislumbram o início da terra prometida.

Assis, 24 de setembro de 2022

Economistas, empreendedoras, empreendedores, transformadores, estudantes, trabalhadores e trabalhadoras.

sábado, 24 de setembro de 2022

São Gerardo Sagredo

S. Gerardo Sagredo | arquisp
24 de setembro

São Gerardo Sagredo

Gerardo Sagredo, filho de pais ilustres e piedosos, nasceu no ano 980, em Veneza, Itália. Sagrado sacerdote beneditino, foi como missionário para a Corte da Hungria, onde, depois de ser orientador espiritual e professor do rei Estêvão I, uniu-se ao monarca, também santo da Igreja, para converter seu povo ao cristianismo. Decisão que o santo monarca tomou ao retornar do Oriente, onde, em peregrinação, visitara os lugares santos da Palestina. O rei, então, pediu a Gerardo que o ajudasse na missão evangelizadora, porque percebera que Gerardo possuía os dotes e as virtudes necessárias para a missão, ao tê-lo como seu hóspede na Corte.

Educado numa escola beneditina, Gerardo recebeu não só instrução científica como também a formação religiosa: entregou-se de corpo, alma e coração às ciências das leis de Deus e à salvação de almas. Aliás, só por isso aceitou a proposta do santo monarca. Retirando-se com alguns companheiros para um local de total solidão, buscou a inspiração entregando-se, exclusivamente, à pratica da oração, da penitência e dos exercícios espirituais. Mas assim que julgou terminado o retiro, e sentindo-se pronto, dedicou-se com total energia ao serviço apostólico junto ao povo húngaro.

Falecendo o bispo de Chonad, o rei Estêvão I, imediatamente, recomendou Gerardo para seu lugar. Mesmo contra a vontade, Gerardo foi consagrado e assumiu o bispado, conseguindo acabar, de uma vez por todas, com a idolatria aos deuses pagãos, consolidando a fé nos ensinamentos de Cristo entre os fiéis e convertendo os demais.

Uma das virtudes mais destacadas do bispo Gerardo era a caridade com os doentes, principalmente os pobres. Conta a antiga tradição húngara que ele convidava os doentes leprosos para fazerem as refeições em sua casa, acolhendo-os com carinhoso e dedicado tratamento. Até mesmo, quando necessário, eram alojados em sua própria cama, enquanto ele dormia no duro chão.

Quando o rei Estêvão I morreu, começaram as perseguições de seus sucessores, que queriam restabelecer o regime pagão e seus cultos aos deuses. O bispo Gerardo, nessa ocasião, foi ferido por uma lança dos soldados do duque de Vatha, sempre lutando para levar a fiéis e infiéis a verdadeira palavra de Cristo. Gerardo morreu no dia 24 de setembro de 1046.

As relíquias de são Gerardo Sagredo estão guardadas em Veneza, sua terra natal, na igreja de Nossa Senhora de Murano. E é festejado pela Igreja Católica, como o "Apóstolo da Hungria", no dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Católicos ultrapassam número de protestantes na Irlanda do Norte

Shutterstock I Ana Candida
Belfast (Irlande du Nord).

Os católicos são agora maioria na Irlanda do Norte, de acordo com os resultados do censo. Uma reviravolta histórica.

42,3% da população da Irlanda do Norte se identifica agora como católica, anunciou a Agência de Estatística e Investigação da Irlanda do Norte (Nisra) na quinta-feira, 22 de Setembro, de acordo com os resultados de um recenseamento recente.

No total, 37,3% da população identificam-se como protestantes ou de outras fés cristãs. No último recenseamento realizado em 2011, 45% da população identificou-se como católica e 48% como protestante ou outras religiões cristãs, uma diferença que já era muito menor do que dez anos antes. Em 2001, 53% da população identificou-se como protestante, 44% como católica. No restante da ilha, os católicos são a maioria.

De fato, a Irlanda do Norte, marcada por décadas de violência intercomunal, surgiu há 101 anos com uma divisão geográfica que assegurou uma maioria protestante e, portanto, poder aos sindicalistas, que favoreceram a adesão ao Reino Unido. Os apelos a uma maior igualdade entre protestantes e católicos – a maioria dos quais favoráveis à reunificação com a República da Irlanda – foram uma das primeiras fontes de violência. As três décadas de conflito deixaram 3.500 pessoas mortas e terminaram com o Acordo da Sexta-feira Santa em 1998, que estabeleceu a partilha do poder entre as comunidades.

Rumo a um referendo de independência?

Os resultados do recenseamento poderiam assim colocar rapidamente sobre a mesa a questão de um referendo de independência e de uma reunificação da província com a República da Irlanda. Além disso, uma pergunta do censo revela qual a identidade nacional que os pesquisados reivindicam. 31,8% sentem-se “apenas britânicos”, uma queda significativa em relação a dez anos atrás, quando 40% diziam ser apenas britânicos. Entretanto, 29,1% disseram que se sentiam apenas irlandeses, e 19,7% disseram apenas irlandeses do Norte.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Uma economia de paz e amiga da terra: em Assis, o apelo do Papa aos jovens

Papa Francisco em Assis | Vatican News

Uma festa de música, testemunhos, alegria e emoção: assim foi o encontro do Papa com os jovens da "Economia de Francisco", que se reuniram esta semana em Assis para repensar uma nova economia mundial. Antes de pronunciar seu discurso, o Pontífice ouviu o testemunho de oito jovens de várias proveniências que ilustraram projetos concretos inspirados pela iniciativa.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

É possível mudar, transformar uma economia que mata numa economia da vida. Esta foi a principal mensagem que o Papa Francisco ofereceu aos jovens reunidos em Assis para o evento “Economia de Francisco”.

Três anos se passaram desde a convocação do Papa até a sua realização e hoje a juventude mundial se encontra a viver e crescer num período desafiador entre crise ambiental, pandemia e guerras. Os jovens herdaram grandes riquezas, mas ao mesmo tempo um planeta degradado e privado de paz. Neste cenário, os jovens são chamados a se tornarem artesãos e construtores da casa comum. As finanças são etéreas, é preciso redescobrir as raízes humanas da economia, exortou Francisco. 

“Uma nova economia, inspirada em Francisco de Assis, hoje pode e deve ser uma economia amiga da terra e uma economia de paz. Trata-se de transformar uma economia que mata numa economia da vida, em todas as suas dimensões.”

Mudança rápida e firme

E os jovens têm este potencial transformador, afirmou o Papa. Mas advertiu para que não sejam como os estudantes das Faculdades de Economia, com a cara fechada, mas sim criativos e otimistas. Este entusiasmo deve ser aplicado imediatamente para uma conversão ecológica. Uma economia humana pede uma nova visão do meio ambiente. Nos últimos dois séculos, acrescentou Francisco, a terra foi saqueada para aumentar o nosso bem estar, mas não o bem estar de todos. “É este o tempo de uma nova coragem para abandonar as fontes fósseis de energia, de acelerar o desenvolvimento de fontes com impacto zero ou positivo.”

Mas para mudar é preciso estar disposto a fazer sacrifícios. Passar de um estilo de vida insustentável para um estilo sustentável significa transformar as dimensões social, relacional e espiritual. “É necessária uma mudança rápida e firme. E o digo seriamente. Conto com vocês! Por favor, não nos deixem tranquilos e deem-nos o exemplo”, exortou o Papa, pedindo coragem e uma "pitada" de heroismo. E citou a experiência de um jovem que recusou emprego quando descobriu que seria operário numa fábrica de armas.

A poluição da desigualdade

Quando tentamos salvar o planeta, não podemos ignorar o homem e a mulher que sofrem. O grito da terra e o grito dos pobres é o mesmo. A poluição que mata não é somente aquela provocada pelo dióxido de carbono, mas também a desigualdade polui o nosso planeta. As calamidades ambientais não podem cancelar as calamidades da injustiça social e da injustiça política.

Fazer economia inspirando-se em Francisco de Assis significa comprometer-se em colocar os pobres em primeiro lugar. Sem o amor pelos pobres e por toda pessoa vulnerável, não há “Economia de Francisco”. Enquanto o sistema produzir descartados e atuarmos segundo este sistema, seremos cúmplices de uma economia que mata. São Francisco não ensina somente a amar os pobres, mas também a pobreza. O capitalismo quer ajudar os pobres, mas não os estima. Não devemos amar a miséria, explicou o Papa. Pelo contrário, devemos combatê-la. Mas o Evangelho diz que sem estimar os pobres não se combate nenhuma miséria.

Este estilo de vida insustentável acomete também as relações humanas, a começar pela família, incapaz de acolher e cuidar de novas vidas. O resultado é o inverno demográfico, onde se prefere ter relações afetivas com cães e gatos. E as mulheres são as primeiras a serem penalizadas por terem que optar entre filhos e carreira. O consumismo atual procura preencher o vazio das relações humanas com mercadorias sempre mais sofisticadas – "as solidões são um negócio do nosso tempo!" -, mas assim gera uma penúria de felicidade.

O capital espiritual

O capitalismo gera ainda uma insustentabilidade espiritual. A técnica nos ensina o “que” fazer e “como” fazer, mas não ensina o “porquê”. A falta de sentido torna os jovens frágeis e incapazes de elaborar sofrimentos e frustrações, o que faz do capital espiritual um motor imprescindível para a mudança.

O Pontífice fez estas reflexões para deixar aos jovens três indicações de percurso: olhar o mundo com os olhos dos mais pobres, investir em criar trabalho digno para todos e concretude para que todas as ideias se transformem em ação.

O Papa concluiu com uma oração:

Pai, pedimos seu perdão por ferir gravemente a terra, por não respeitar as culturas indígenas, por não estimar e amar os mais pobres, por criar riqueza sem comunhão. Deus vivo, que por seu Espírito inspirou os corações, os braços e as mentes destes jovens e os colocou em direção a uma terra prometida, olha com bondade para sua generosidade, seu amor, sua disposição para passar a vida por um grande ideal. Abençoe-os em seus esforços, seus estudos, seus sonhos; acompanhe-os em suas dificuldades e sofrimentos, ajude-os a transformá-los em virtude e sabedoria. Apoiá-los em seus desejos de bondade e vida, sustentá-los em suas decepções diante de maus exemplos, não desanimar e continuar em seu caminho. Senhor, cujo Filho unigênito se tornou carpinteiro, dá-lhes a alegria de transformar o mundo com amor, inteligência e mãos. Amém.

sexta-feira, 23 de setembro de 2022

Documentário: Dom Paulo Cezar, o servidor do povo de Deus

Dom Paulo Cezar | arqbrasilia
Confira o documentário: Dom Paulo Cezar, o servidor do povo de Deus. Nele, dom Paulo Cezar nos conta sobre a emoção de ser criado Cardeal pelo Papa Francisco, as novas responsabilidades, o papel na Igreja, bem como, o trabalho na Arquidiocese e no Vaticano. Além disso, você vai poder conferir depoimentos da equipe de dom Paulo e imagens inéditas da chegada do Cardeal ao Brasil.

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

História da Igreja: O Cisma Grego (Séc. IX e XI)

O Cisma | Cléofas

História da Igreja: O Cisma Grego (Séc. IX e XI)

 POR PROF. FELIPE AQUINO

A ruptura entre bizantinos e ocidentais, que tomou sua forma definitiva no século XI, não é senão o último episódio de uma longa história ou da história das diferenças de duas mentalidades: a grega e a latina. Sobre a união na fé e no amor de Cristo, que estreitavam orientais e ocidentais, prevaleceu, infelizmente, a desunião humana natural.

Comecemos, pois, por examinar as raízes do cisma.

As diferenças entre bizantinos e latinos

1. Há uma diversidade fundamental, que se manifestava de maneiras diversas:

a) O gênio. Os gregos eram intelectuais, cultores da filosofia, das letras e das artes. A elaboração das grandes verdades da fé a respeito da SS. Trindade e de Jesus Cristo deu-se no Oriente (até o Concílio de Constantinopla III, 680/1). Por isto tendiam a desprezar os romanos e, mais ainda, os bárbaros invasores, como rudes e incultos. – Os latinos eram mais amigos da prática, da disciplina, do Direito; por isto tinham os gregos na conta de frívolos, inconstantes e tagarelas (cf. At 17,21); dizia-se no Ocidente: “Graeca fides, nulla fides”, isto é, “palavra de grego, palavra nula”. Essa diversa (índole suscitou, a partir do século V, um antagonismo crescente entre orientais e ocidentais.

b) A língua. Os primeiros documentos da Roma cristã eram redigidos em grego. Depois do século IV, porém, esta língua desaparece do Ocidente, dando lugar ao latim (= dialeto do Lácio ou da região de Roma). O latim era desprezado e desconhecido no Oriente, especialmente após o Imperador Justiniano (? 565). É de notar, por exemplo, que o arquidiácono latino Gregório (depois Papa), certamente homem de valor intelectual passou cinco anos na corte de Constantinopla como legado papal, sem aprender o grego; julgava que isto não valia a pena (fim do século VI). – Ora a ignorância mútua de línguas muito contribuiu para que as comunicações entre Oriente e Ocidente se tornassem mais raras e sujeitas a mal-entendidos; era preciso recorrer a intérpretes, que nem sempre eram fiéis (tenham-se em vista as atas do Concílio Niceno II referentes às imagens).

c) Liturgia e disciplina. Havia tradições diferentes no Oriente e no Ocidente, no tocante, por exemplo, ao calendário de Páscoa, aos dias de jejum (os latinos jejuavam no sábado; os gregos, não), à matéria da Eucaristia (pão sem fermento ou ázimo no Ocidente; pão fermentado no Oriente), ao celibato do clero, ao uso da barba (muito caro aos orientais) … Essas tradições, por não afetarem as verdades da fé, eram perfeitamente aceitáveis; haveriam, porém de tornar-se motivo de debates em tempos de controvérsia.

2. Ao lado da diversidade fundamental, levemos em consideração a mentalidade que se foi formando em Bizâncio ou o “bizantinismo”.

Em 330 Constantino transferiu a capital de Roma para Bizâncio, que ele quis chamar “a nova Roma”. Esta fora até então uma localidade insignificante, que muito sofrera por parte dos Imperadores Romanos. Do ponto de vista eclesiástico, Bizâncio também carecia de significado; a sua comunidade cristã não fora fundada por algum dos Apóstolos (como as de Jerusalém, Antióquia, Alexandria, Roma…); o primeiro bispo que se lhe conhece, Metrófanes, é do início do século IV (315-325) e sufragâneo31 do metropolita de Heracléia.

Compreende-se então que, o prestígio que Bizâncio não possuía por suas tradições, os bizantinos o quisessem obter por suas reivindicações. De modo geral, ia-se tornando difícil aos bizantinos reconhecer a autoridade religiosa de Roma, já que todo o esplendor da corte imperial se havia transferido para Constantinopla.

Acresce que os Imperadores bizantinos, herdeiros do conceito pagão de Pontifex Maximus (Pontífice Máximo no plano religioso), se ingeriam demasiadamente em questões eclesiásticas, procurando manter a Igreja oriental sob o seu controle. Os monarcas, nas controvérsias teológicas, muitas vezes favoreciam as doutrinas heréticas, contrapondo-se assim a Roma e ao seu bispo, que difundiam a reta fé. Os Patriarcas de Constantinopla, por sua vez, muito dependentes do Imperador, procuravam a preeminência sobre as demais sedes episcopais do Oriente e queriam rivalizar com o Patriarca de Roma, sucessor de Pedro, aderindo à heresia e provocando cismas: dos 58 bispos de Constantinopla desde Metrófanes até Fócio (858), um dos vanguardeiros da ruptura, 21 foram partidários da heresia; do Concílio de Nicéia I (325) até a ascensão de Fócio (858), a sede de Bizâncio passou mais de 200 anos em ruptura com Roma.

Registraram-se mesmo atos de violência cometidos por imperadores contra alguns Papas: Justino I mandou buscar à força o Papa Vigílio em Roma e quis obrigá-lo a subscrever normas religiosas baixadas pelo monarca (cerca de 550); Constante II procedeu de forma análoga contra o Papa Martinho I, que em Roma (649) se opusera à heresia monotelita, favorecida pelo Imperador; Justiniano II mandou prender em Roma o Papa Sérgio I, que não queria reconhecer inovações promulgadas pelo Concílio Trulano II (692); Leão III, iconoclasta, em 731 subtraiu a Roma a jurisdição sobre a Ilíria e sobre parte do “Patrimônio de S. Pedro” (Itália meridional).

3. O distanciamento entre orientais e ocidentais ainda foi acentuado pela criação do “Sacro Império Romano da Nação dos Francos”, cujo primeiro Imperador Carlos Magno recebeu a coroa, em 800, das mãos do Papa Leão III. – O descaso ou a hostilidade dos bizantinos associados à opressão dos lombardos no Norte da Itália, dera motivo a que os Papas se voltassem aos poucos, com olhar simpático, para o povo recém-convertido dos francos, pedindo-lhes o auxílio necessário para instaurar nova ordem de coisas no Ocidente. A entrega da coroa imperial a Carlos Magno visava a prestigiar os francos nessa sua missão. Como se compreende, em Bizâncio tal ato foi mal acolhido, os orientais julgavam que só podia haver um Império cristão, como só pode haver um Deus; o Imperador reinava em nome de Cristo e era como que o representante visível da unidade da Igreja; daí grande surpresa e escândalo quando souberam que o bispo de Roma sagrara em 800 um “bárbaro” para governar um segundo Império cristão!

Apesar de tudo, deve-se dizer que até o século IX o primado de Roma ainda era satisfatoriamente reconhecido pelos orientais. A tensão de ânimos se manifestou em termos novos e funestos sob a chefia dos Patriarcas Fócio (? 897) e Miguel Cerulário (?1059).

A ruptura sob Fócio

Em 858 foi ilegitimamente deposto por adversários políticos o Patriarca Inácio de Constantinopla. Em seu lugar, subiu à cátedra episcopal um comandante da guarda imperial, Fócio, que o Imperador favorecia. O novo prelado recebeu em cinco dias todas as ordens sacras e foi empossado, sem que a Sé estivesse vaga (pois Inácio não renunciara).

Não conseguindo impor-se ao bispo de Roma, que em 863 o declarou destituído das funções pastorais, Fócio, ainda apoiado pelo Imperador, abriu violenta campanha contra os cristãos ocidentais. A situação se tornou mais tensa pelo fato de que O Papa Nicolau I enviou missionários latinos à Bulgária, cujo rei Bóris, recém-batizado, hesitava entre a obediência a Roma e a obediência a Constantinopla. A entrada dos latinos em território tão próximo das fronteiras gregas irritou os bizantinos; a cólera chegou ao auge quando estes souberam que legados de Roma estavam a caminho de Constantinopla, onde deveriam informar o Imperador de que a Bulgária se tornara decididamente latina. Presos antes de penetrarem em território imperial, os legados do Papa foram expulsos (866); Fócio enviou uma carta aos bispos do Oriente condenando a conduta dos “ocidentais bárbaros”: além da evangelização da Bulgária, censurava-os por praticarem o jejum no sábado, celebrarem a Eucaristia com pão ázimo e,. principalmente, por terem acrescentado o Filioque ao Símbolo da Fé. Como sabemos, o credo niceno-constantinopolitano professava: “Creio no Espírito Santo, que procede do Pai… Todavia a partir de fins do século VI, a Igreja na Espanha propagou a fórmula: …que procede do Pai e do Filho (Filioque)”. Na França este acréscimo foi sendo aceito; Carlos Magno patrocinou-o. Os monges francos o cantavam no Monte das Oliveiras em Jerusalém, ainda que por isto fossem duramente atacados pelos gregos e acusados de heresia (808). 0 Papa Leão III (795-816), em atenção aos gregos, desaprovou o uso dos latinos e aconselhou os francos a deixar de o fazer; mas não foi atendido. – Ora Fócio levantou com veemência contra os ocidentais a acusação de terem alterado o Credo13.

Por conseguinte, um Concílio reunido em Constantinopla em 867 depôs Nicolau I, que morreu naquele mesmo ano, dez dias depois que o Patriarca Fócio fora destituído por uma revolução palaciana. Inácio foi recolocado na sé patriarcal. Em 869/70 celebrou-se o oitavo Concílio Ecumênico em Constantinopla, sob a direção de três legados papais; foi excomungado Fócio e a comunhão com Roma foi restabelecida. Mas de novo em 879 Fócio assumiu a sé de Constantinopla; reuniu um sínodo nesta cidade em 879/80, que rejeitou o de 869/70 e hostilizou os latinos (os gregos consideram este o oitavo Concílio Ecumênico). Fócio morreu num mosteiro em 897 ou 898. Os Patriarcas seguintes restauraram e confirmaram a união com Roma, a qual, porém, estava gravemente abalada após tantas discórdias.

A cisão definitiva em 1054

O século X foi marcado pela criação do Sacro Império Romano da Nação Germânica com a dinastia dos Otos (962) – o que muito irritou os bizantinos, que viam nesse fato a renovação do gesto de 800 (coroação de Carlos Magno Imperador). As relações com Roma eram frias; bastaria um pequeno incidente para reavivar as acusações feitas no passado. Isto, de fato, aconteceu em 1014: o Papa Bento VIII introduziu o Filioque no canto da Igreja Romana a pedido do Imperador Henrique II. O Patriarca bizantino Sérgio II reagiu propagando os escritos de Fócio sobre o assunto. Em 1043 tornou-se Patriarca de Constantinopla Miguel Cerulário, homem ambicioso, que deu livre curso à paixão antiromana; em 1053 mandou fechar as igrejas dos latinos em Constantinopla e confiscou os mosteiros destes; acusava-os principalmente de usar pão ázimo na Eucaristia; um dos funcionários imperiais parece ter calcado aos pés as hóstias dos “azimitas” como não consagradas. Estes fatos causaram grande agitação no Ocidente; o Cardeal Humberto da Silva Candida, erudito e talentoso, escreveu um “Diálogo”, em que refutava as objeções dos gregos e os acusava de Macedonismo (por não aceitarem o Filioque).

Todavia o Imperador bizantino Constantino IX desejava boas relações com o Papa Leão IX para que este o ajudasse a combater os normandos, que devastavam as possessões bizantinas na Itália Meridional; em resposta a uma carta do Imperador, Leão IX enviou uma legação a Constantinopla em 1054, composta pelo Cardeal Humberto da Silva Candida e por dois outros prelados. O Imperador mandou queimar um libelo acusatório anti-romano para favorecer o diálogo. Mas Miguel Cerulário se mostrou intransigente; chegou a proibir os Ocidentais de celebrar Missa em Constantinopla. A vista disto, os legados romanos reagiram com o recurso extremo: aos 16/07/1054, em presença do clero e do povo depositaram sobre o altar-mor da basílica de Santa Sofia em Constantinopla uma Bula33 de excomunhão contra Cerulário e seus seguidores; despediram-se do Imperador e tomaram o caminho de volta para Roma. – Os legados papais julgavam que, diante deste gesto, o Patriarca retrocederia. Em vão, porém. Miguel Cerulário excitou tumulto em Constantinopla contra o Imperador acusado de cumplicidade com os romanos; Constantino IX reagiu violentamente. Num Sínodo o Patriarca pronunciou o anátema sobre o Papa e seus legados e promulgou um manifesto que convidava os demais bispos do Oriente a se Ihe associarem. Na verdade, o proceder de Cerulário foi em breve imitado pelos outros bispos orientais e pelos povos evangelizados por Bizâncio (serbos, búlgaros, rumenos, russos), acarretando a grande divisão que até hoje perdura apesar das tentativas de reatamento que se deram nos séculos XIII e XV.

Quanto a Cerulário, levou sua paixão ao ponto de reivindicar para si as, insígnias imperiais; por isto em 1057 foi exilado pelo Imperador Isaac I e morreu no desterro em 1059.

Em nossos dias verifica-se que a cisão não se fundamenta apenas em motivos teológicos, mas também em razões de rivalidade cultural e política acobertadas por pretextos religiosos. A profissão do Filioque decorre de um estudo mais preciso do dogma trinitário, plenamente consentâneo com as verdades da fé; não é necessário que os orientais o introduzam no seu canto litúrgico. A excomunhão mútua de Roma a Constantinopla foi cancelada após o Concílio do Vaticano II e o caminho está aberto para bom entendimento entre orientais a latinos. Aqueles têm o título de ortodoxos, porque ficaram fiéis à reta doutrina durante as controvérsias cristológicas dos séculos V-VII.

A Santa Igreja, representada pelo sucessor de Pedro em Roma e pelos fiéis que estio em comunhão com ele, continua a ser, mesmo após a separação de Bizâncio, a depositaria junto à qual os homens encontram incontaminados os meios necessários à sua santificação.

Segurança alimentar: da cúpula da ONU, sete "linhas de ação" para superar a fome

Assembleia Geral da ONU, e, Nova York, de 12 a 27 de setembro 2022 | Vatican News

"Os sistemas alimentares e a segurança alimentar global estão em um momento crítico", dizem os líderes: pandemia, crise climática, altos preços de energia e fertilizantes e os conflitos prolongados, incluindo a invasão russa da Ucrânia, são as causas de um aumento dramático da insegurança alimentar global que só pode ser superada "trabalhando juntos para criar parcerias inovadoras no seio da comunidade global." "Mais de 200 milhões de pessoas não têm alimentos", diz presidente da União Europeia.

Vatican News

"Sete linhas de ação específicas" estão contidas na declaração que da Cúpula de segurança alimentar global à margem da sessão da Assembleia Geral da ONU em Nova Iorque, em andamento de 12 a 27 de setembro.

Trabalhar juntos para superar a insegurança alimentar global

"Os sistemas alimentares e a segurança alimentar global estão em um momento crítico", dizem os líderes: pandemia, a crise climática, altos preços de energia e fertilizantes e os conflitos prolongados, incluindo a invasão russa da Ucrânia, são as causas de um aumento dramático da insegurança alimentar global que só pode ser superada "trabalhando juntos para criar parcerias inovadoras no seio da comunidade global."

Entre os sete compromissos estão, em primeiro lugar, "novas doações financeiras adicionais para as principais organizações humanitárias" a fim de fornecer "assistência humanitária imediata para salvar vidas"; e, em segundo lugar, os mercados: os mercados de alimentos, fertilizantes e agrícolas devem permanecer abertos e devem ser monitorados para "garantir total transparência".

Mais de 200 milhões de pessoas não têm alimentos

Como com as vacinas em tempos de Covid, há agora a necessidade de aumentar a produção e a inovação no setor de fertilizantes, mas também há a necessidade de "acelerar os esforços para apoiar a agricultura sustentável e os sistemas alimentares, através do fortalecimento da produtividade agrícola", e trabalhar para a resiliência dos países mais afetados.

O investimento em pesquisa e tecnologia também é necessário "para desenvolver e implementar inovações agrícolas de base científica e resistentes ao clima". "Mais de 200 milhões de pessoas não têm alimentos", disse o presidente da União Europeia, Charles Michel, advertindo que "é hora de nossos compromissos políticos se tornarem ação".

(com Sir)

O livro de Josué

Sagradas Escrituras | iCatólica

O LIVRO DE JOSUÉ

Dom Carlos José

Bispo da Diocese de Apucarana – Paraná 

"Sejam praticantes da Palavra, e não apenas ouvintes, enganando vocês mesmos". (Tg 1,22)

A Bíblia continua sendo a bússola do cristão. Nela, a Palavra de Deus se atualiza para que o povo escolhido entenda que a mensagem do Criador continua sendo a mesma, para todas as gerações, de ontem, de hoje e as futuras. Indubitavelmente, a Palavra de Deus jamais passará! A ação inegável do Espírito Santo transforma a Palavra sem alterar seu sentido, atualizando-a, para o nosso entendimento em nossos dias. Esse é um dos mistérios de nossa fé! A grandeza do amor do Pai se expressa de inúmeras maneiras, muitas das quais, a mente humana não alcança. A verdade absoluta é que Deus jamais abandona seu povo, mesmo que O deixemos, Ele permanece, sempre, amando e esperando nossa volta aos seus braços. Se alcançássemos o quão maravilhoso é a pertença a Deus, jamais sairíamos dos seus braços, jamais deixaríamos o aconchego que Ele nos oferece. Infelizmente, nossa humanidade é cheia de percalços e tropeços, somos, ora dependentes demais, ora, demais autossuficientes, e nesse ir e voltar, muitos se perdem no caminho, seja pela falta de perspectivas ou mesmo por falta de conhecimento. O mês de setembro, para nós, é o mês voltado de forma especial para a Bíblia, tendo como objetivo o aprofundar e propagar os estudos bíblicos em meio às comunidades católicas, seja para um maior entendimento, ou para que se crie um hábito saudável de estudar e se familiarizar pela Palavra, que é a Voz de Deus para nós. Neste ano, escolheu-se para reflexão e estudo o livro de Josué, tendo como lema “O Senhor teu Deus está contigo por onde quer que andes" (Js 1,9). Após a morte de Moisés, Josué foi escolhido por Deus para conduzir o povo à terra prometida. Ambos, Moisés e Josué, cada qual a seu tempo, viveram a experiência do encontro pessoal com o Senhor (Moisés Ex, 3,1-5 e Josué 5,13ª-14b-15), aqui percebemos a Teofania, ou seja, Deus se manifesta, outorgando pessoalmente a Josué, como fez com Moisés, a responsabilidade da condução do povo à terra prometida. Como é lindo percebermos a forma com que Deus usa as novas gerações para dar continuidade ao seu plano de salvação, mantendo seu poder Divino ao mostrar a Josué que sua missão é dar continuidade ao que Moises iniciou, mas agora com novas perspectivas e desafios, seguindo os bons exemplos de seu antecessor, porém, segundo suas próprias decisões, submetendo-se ao comando de Deus. Ao longo da caminhada, muitos foram os momentos em que, tudo o que o povo tinha, era apenas a fé, e isso os impulsionava, isso lhes bastava. Tudo o que podiam contar para continuar sua luta era a fé de que Deus lutava com eles, permanecia com eles; essa era a única e necessária certeza de que poderiam chegar à vitória: Deus estava com eles, a promessa seria cumprida. Todo o Livro de Josué enfoca a fé do povo, a certeza da presença de Deus em todas as dificuldades, lutas e provações. A travessia do Jordão, a conquista de Jericó, toda e cada batalha vencida dava ao povo a certeza de que ‘O Senhor teu Deus está contigo por onde quer que andes”. Com Josué o povo viu o cumprimento da promessa de Deus, alcançaram a terra onde corre leite e mel, não pela labuta de suas mãos, mas pelo poder que emana de Deus. Eles, em sua caminhada, escolheram a Deus. “Porém, escolhei hoje a quem quereis servir… quanto a mim, eu e minha casa serviremos ao Senhor”. (Js 24, 15). Para nós, cristãos de hoje, quem escolhemos para caminhar conosco? Num mundo tão marcado por incoerências, idolatrias, disputas de poder; onde Deus fica esquecido nos Sacrários e deixado como última opção, somos chamados, agora, a escolher com quem queremos caminhar, a quem queremos servir. Que a Senhora da Paz, a doce Virgem Maria nos ajude.

Francisco encontra os jovens neste sábado em Assis

Encontro Economia de Francisco | Vatican News

Nesta sexta-feira os jovens estão percorrendo as pegadas de São Francisco visitando os lugares onde viveu o pobrezinho de Assis. Depois os encontros em 12 aldeias sobre temáticas diversas que vão do papel da mulher na economia à sustentabilidade e meio-ambiente.

Silvonei José – Assis – Vatican News

A pequena cidade italiana da Úmbria famosa em todo o mundo pelos seus filhos prediletos Francisco e Clara, acolhe desde quarta-feira cerca de mil jovens economistas provenientes de 120 países que nos últimos dois dias participaram do evento global Economia de Francisco. Um evento desejado pelo Papa para refundar a economia com um capital de valor inestimável: o da fraternidade.

Economia de Francisco, um movimento internacional de jovens economistas, engajados num processo de diálogo inclusivo, nasceu após a carta do Pontífice, dirigida em 2019 a jovens economistas, empreendedores e empresárias de todo o mundo. Esse apelo tornou-se um processo para repensar a economia. Os dois primeiros encontros foram realizados on-line por causa da pandemia.

Este terceiro encontro, o primeiro em presença, foi aberto nesta quinta-feira de manhã. Acolhendo os jovens entre os voluntários da Economia de Francisco, a Irmã Francesca Violato, das Irmãs Franciscanas Elizabetanas de Pádua, missionária no Equador há 20 anos.

"Há um mundo que se derrama em Assis. Um mundo de jovens, apaixonados pela economia. E foi bom", explica a Irmã Francesca Violato, "vê-los chegar: não houve problema com o idioma porque o sorriso, o abraço não faltou. Uma fraternidade respirada. Nos meus olhos, tenho a imagem dos jovens que chegaram à estação: uma longa fila de jovens entusiastas".

Economia de Francisco - Assis | Vatican News

O encontro com o Papa

Nesta sexta-feira os jovens estão percorrendo as pegadas de São Francisco visitando os lugares onde viveu o pobrezinho de Assis. Depois os encontros em 12 aldeias sobre temáticas diversas que vão do papel da mulher na economia à sustentabilidade e meio-ambiente.

O Brasil está presente com cerca de 100 jovens que trouxeram para Assis as suas propostas e projetos, na tentativa de responder ao chamado de Francisco para construir outros modelos econômicos que não aposte na exploração da Mãe e Irmã Terra.

O olhar desses jovens é para este sábado, quando Francisco vem até eles em Assis, para olhar seus rostos sorridentes e estimulá-los a continuarem neste processo de transformação de uma economia que coloca a pessoa no centro de toda ação.

A presença do Papa Francisco no encontro - dizem os jovens - já nos compromete ao modelo que priorize uma economia comprometida com processos de vida.

Começa a primavera, trazendo um lembrete importante sobre ciência e fé

alefbet | Shutterstock
Por Francisco Vêneto

Uma "provoca" saudavelmente a outra a dar respostas para perguntas instigantes sobre a origem e a finalidade da ordem natural.

O Hemisfério Sul vive hoje o início da primavera, que traz um lembrete importante sobre ciência e fé.

A popular estação das flores começa oficialmente neste dia 22 de setembro, às 22h04 pelo horário de Brasília, na maior parte do território brasileiro: a exceção, naturalmente, são as porções do país que ficam no Hemisfério Norte, o que inclui a quase totalidade do Amapá e de Roraima, assim como partes do Amazonas e do Pará.

A transição para a nova estação é marcada pelo equinócio, um fenômeno que ocorre duas vezes por ano e dá início à primavera e ao outono. Em ambas as ocasiões, a luz do sol incide da mesma forma sobre os dois hemisférios, o que faz com que, nessas duas datas, os dias e as noites tenham praticamente a mesma duração de 12 horas cada. Este, aliás, é o significado da palavra equinócio, do latim “aequus” (igual) e “nox” (noite): “noites iguais”.

Primavera e ciência

A explicação para este fenômeno parte do fato de que, enquanto vai completando a sua órbita de um ano ao redor do sol, o planeta Terra também vai girando em torno do seu próprio eixo, num movimento contínuo que demora 24 horas para completar cada volta.

Acontece que o eixo da Terra tem uma inclinação de 23,5 graus em relação ao seu plano de órbita, e é dessa inclinação que derivam as estações do ano. Se o eixo estivesse a 90º ou fosse perpendicular ao plano de órbita da Terra, o nascer e o pôr-do-sol aconteceriam na mesma hora todos os dias e, por conseguinte, não existiriam diferentes estações. Por causa da inclinação do eixo da Terra, o nosso planeta fica mais “inclinado” em direção ao sol durante o verão e mais afastado dele durante o inverno.

Entretanto, nos equinócios, nenhum polo da Terra fica inclinado em relação ao sol, o que leva os raios solares a incidirem sobre a linha do Equador e a iluminarem os dois hemisférios com a mesma intensidade.

Ordem, razão e criação

Essa harmonia natural testemunhada pela ciência indica a existência de uma ordem inteligível no universo, o que, no mínimo, gera perguntas instigantes sobre até que ponto a lógica verificável e previsível do cosmo poderia ser mero resultado de puro acaso surgido do nada e por razão nenhuma.

Outra perspectiva aberta pela constatação dessa lógica da natureza é a de que ela tenha sido querida e criada por uma Inteligência Superior, o que aciona o “importante lembrete” mencionado no título desta matéria: o lembrete de que a fé e a razão dialogam continuamente, já que uma “provoca” saudavelmente a outra a dar respostas para perguntas instigantes sobre a origem e a finalidade dessa ordem natural.

A esse respeito, recomendamos o seguinte artigo sobre o assim chamado “Princípio Antrópico“: ele aborda a interessante questão de se Deus teria tido ou não escolha ao criar o universo.

Ainda envolvendo ciência, religião e primavera, não deixe de recordar como foi que surgiu o nosso atual calendário, o gregoriano, que foi implantado por um Papa há cerca de 450 anos:

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF