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terça-feira, 4 de outubro de 2022

Os apóstolos desconhecidos da Santa Face de Tours

Catholic Press Photo
Gravure représentant la Sainte Face de Tours, ou voile de Véronique.
Por Anne Bernet

A origem da linda devoção à Santa Face de Jesus.

Quando pensamos na Santa Face, a imagem que espontaneamente nos vem à mente é a do Santo Sudário. Este não foi o caso até 1898, quando a imagem da Santa Face foi impressa em um negativo fotográfico. Antes disso, ela era quase quase invisível. Até aquele momento, as meditações sobre os sofrimentos da Paixão que desfiguraram o “mais belo de todos os filhos dos homens” baseavam-se em obras de arte e na única relíquia que deveria revelar as características do Salvador: a “verônica”, “a verdadeira imagem”. Embora a história não apareça nos Evangelhos como tal, está profundamente enraizada na tradição cristã. Segundo ela, uma mulher piedosa de Jerusalém, tomada por uma compaixão indescritível enquanto o condenado passava, aproximou-se de Jesus e, desafiando os soldados, limpou gentilmente o seu rosto ferido. Para lhe agradecer pelo seu gesto, diz-se que o Salvador deixou a sua imagem no véu da mulher compassiva desconhecida, chamada de Verônica e por vezes identificada com a mulher do publicano Zaqueu.

Mensagens do Céu

Há quem desdenhe do fato de haver pelo menos três supostos véus de Verônica preservados aqui e ali, um dos quais está em São Pedro em Roma e outro, perturbadoramente, em Manopelo, no sul de Itália, o autêntico talvez, roubado de Roma pelo Condestável de Bourbon reinante durante o saque da cidade em 1527. Em qualquer caso, não importa, uma vez que estas representações, verdadeiras ou falsas, da Santa Face, belas ou não de acordo com o talento daqueles que as copiaram e as espalharam por toda a cristandade, nunca tiveram outro papel senão o de fixar os olhos dos fiéis e incitá-los a meditar sobre o preço da sua redenção. Foi isto que o próprio Cristo disse no final dos anos 1830 a uma freira carmelita de Tours, Irmã Marie de Saint-Pierre et de la Sainte Famille, Perrine Éluère, nascida em Rennes, em 1816.

A Irmã Marie pertence a essas “almas privilegiadas”, das quais havia muitas no século XIX, que receberam mensagens do Céu e foram responsáveis pela sua divulgação. Muitas destas revelações privadas foram agora esquecidas, porque o seu conteúdo não está em sintonia com os nossos tempos. Este é o caso destas revelações. No entanto, são de inegável importância. Desde o final dos anos 1830, a humilde Irmã Maria viu Cristo e a Sua Mãe; eles falaram com ela. Como na Rue du Bac em Paris em 1830, e em La Salette em 1846, avisaram-na da gravidade da descristianização na França, dos pecados daqueles tempos, e da ira divina que ela provocava. O espírito revolucionário, que tinha sido desencadeado no final do século XVIII através da perseguição religiosa, ainda estava em ação, embora de uma forma mais insidiosa; as suas ideias tinham rastejado na sociedade e estavam a afastá-la de Deus e da sua Lei. Blasfêmia, desrespeito, sacrilégio, profanação de coisas sagradas, abandono do preceito dominical são os seus aspectos mais visíveis, e tudo isto fere profundamente o Coração divino.

Uma “flecha dourada” contra a blasfêmia

O aviso é clássico. Muitos padres não dizem mais nada ao seu rebanho todos os domingos. À Irmã Maria, no entanto, Cristo explica que Ele sofre sobretudo por ouvir as pessoas jurarem o Santo Nome de Deus em vão. Alguns fazem-no sem medir a seriedade dos seus juramentos, outros, por outro lado, maliciosamente. Mas o Santo Nome do Senhor só pode ser pronunciado com reverência. É portanto necessário fazer uma reparação por todos aqueles que o ofendem. Para este fim, Jesus dita à mulher carmelita uma breve oração que descreve como “uma espada” ou “uma flecha dourada”, uma arma todo-poderosa contra a blasfêmia do Santo Nome e a profanação do Domingo. Diz em poucas palavras:

Que o Santíssimo, o mais sagrado, o mais adorável, o mais desconhecido, o mais inexprimível Nome de Deus seja louvado, abençoado, amado, adorado e glorificado para sempre no Céu, na terra e nos infernos por todas as criaturas vindas das mãos de Deus e pelo Sagrado Coração de Nosso Senhor Jesus Cristo no Santíssimo Sacramento do Altar. Assim seja.

A jovem freira assegura-nos que a recitação piedosa desta oração “fará brotar do Sagrado Coração torrentes de graça para os pecadores”. Também ajudará a “limpar a lama” que todas estas blasfêmias lançam sobre o rosto do Redentor, a Santa Face que a Irmã Maria contempla com amor através de uma imagem bastante precária do véu de Verônica. Cristo encoraja-a, declarando: “Aqueles que contemplam a minha Face ferida na terra contemplarão um dia a glória e majestade com que ela está rodeada no Céu. Apesar de muitos obstáculos, a freira carmelita trabalhou para espalhar esta dupla devoção reparadora à “flecha dourada” e à Santa Face. Em 1847, um ano antes da sua morte (Julho de 1848), a Irmã Marie conseguiu ter uma arquiconfraria e uma medalha da associação reconhecida por Roma. Esta obra, recusada pelo Arcebispo de Tours, espalhou-se no entanto por toda a França, particularmente no Ocidente. A morte prematura da vidente poderia ter posto um fim à história se outra figura do catolicismo em Tours não tivesse agido.

Um magistrado piedoso

Léon Papin-Dupont, mais conhecido como “Monsieur Dupont”, mas que foi apelidado pelos seus vizinhos e posteridade de “o homem santo de Tours”, era um personagem perturbador. Nascido a 24 de Novembro de 1797 em Lamentin, Martinica, numa família de origem bretã, este muito piedoso magistrado deixou as Antilhas no início da década de 1830. Viúvo de uma jovem esposa muito amada, pai de uma rapariga solteira em frágil saúde, o Sr. Dupont instalou-se em Tours e dedicou-se a boas obras. Homem prático, juntou-se à Sociedade de São Vicente de Paulo, de Frédéric Ozanam, apoiou a instalação em Tours das Irmãzinhas dos Pobres de Jeanne Jugan, e trabalhou arduamente para obter a reconstrução da prestigiosa Basílica de São Martinho, que tinha sido arrasada durante a Revolução.

Uma imagem da Santa Face foi então instalada na sala de estar do Sr. Dupont. Por devoção, uma lâmpada de petróleo foi colocada à sua frente e amigos e familiares adquiriram o hábito de se encontrarem para rezar diante dela em reparação pelas “blasfêmias, imprecações e profanações dos domingos”.

Foi naquele contexto um tanto tenso que, em 1851, ele descobriu as mensagens de Cristo à Irmã Marie de Saint-Pierre e decidiu continuar à sua própria maneira o trabalho da Carmelita falecida.

Os milagres da Santa Face

Pouco depois, uma jovem doente veio rezar perante a Santa Face. O Sr. Dupont teve a ideia – um hábito comum – mesmo que o costume seja especialmente difundido nas regiões mediterrâneas –, de fazê-la aplicar um pouco de óleo da lâmpada no seu corpo doente. Num instante, ela estava curada. A notícia deste milagre espalhou-se. E muito rapidamente dezenas, depois centenas de peregrinos vieram a Tours. Houve muitos milagres.

O Sr. Dupont morreu em 1876; a sua causa de beatificação foi introduzida em Roma, mas não progrediu, por falta de um milagre, desde 1983, quando João Paulo II o reconheceu como venerável. O seu trabalho, agora confiado ao convento dominicano em Tours, que cuida da sua casa, que se tornou um oratório, já não tem a sua antiga reputação. Mas é necessário recordar as multidões que encontraram diante da imagem do Crucificado algo para alimentar a sua fé. Entre eles, a família Guérin. Não foi por acaso que Santa Teresa tomou o nome completo de Teresa do Menino Jesus e da Santa Face quando entrou no convento das Carmelitas em Lisieux. Na década de 1930, uma freira italiana, Maria Pierrina di Micheli, também contribuiu para a difusão da devoção à Santa Face, substituindo a Verônica pela imagem do Sudário de Turim. “Não sabeis que aquele que me vê, vê o meu Pai”, disse Jesus ao apóstolo Filipe. Como poderíamos não contemplar a Santa Face e, através dela, toda a Trindade?

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Festa de São Francisco: em Assis, lâmpada votiva recorda vítimas da Covid

Em imagem de arquivo de 2020, Papa reza diante do túmulo de São Francisco
onde fica a lâmpada votiva | Vatican News

O 4 de outubro é especial para a Itália, que comemora o seu padroeiro, mas também para devotos do mundo inteiro de um dos santos mais amados. Na cidade de Assis, São Francisco é lembrado com programação especial na presença de autoridades, como do presidente da Itália, Sergio Mattarella, além de uma lâmpada votiva acesa para recordar os falecidos na pandemia, especialmente quem não conseguiu se despedir de familiares pelas restrições do vírus.

Andressa Collet - Vatican News

"Não sabemos em que data São Francisco nasceu, mas nós o recordamos e celebramos São Francisco em 4 de outubro numa festa, eu diria, multifacetada, porque é um evento religioso espiritual, cultural, nacional - aqui na Itália, eclesial - da família franciscana, que envolve todos", explica Frei Jorge Fernandez diretamente do Sacro Convento de Assis, na Itália. O país, em especial, comemora nesta terça-feira (4) o seu padroeiro, também fundador da Ordem Franciscana e um dos santos mais amados ao redor do mundo, um farol para a Igreja pela sua plena adesão ao Evangelho.

A lâmpada dedicada às vítimas da Covid

As atividades na cidade italiana de Assis, dessa forma, percorrem o dia inteiro para festejar o santo. Durante a manhã, com solene celebração eucarística presidida pelo presidente dos bispos italianos e também arcebispo de Bologna, cardeal Matteo Zuppi. E vem da própria Conferência Episcopal Italiana (CEI), através da Caritas local, o óleo que alimenta a lâmpada votiva que queima ininterruptamente junto ao túmulo de São Francisco, acesa pelo presidente da Itália, Sergio Mattarella, em nome de todos os cidadãos do país, e neste ano intitulada "Lâmpada Votiva dos Comuns da Itália".

Presidente da Itália, Sergio Mattarella, acede a lâmpada em Assis | Vatican News

O presente dos bispos, 1.000 litros de óleo no total, são provenientes das dioceses italianas de Bari-Bitonto e Nardò-Gallipoli. "Será bonito saber que o nosso óleo, fruto do trabalho de muitos, consumido na lâmpada, se tornará uma oração que o povo italiano elevará a Deus para que no mundo haja a força para construir diariamente a paz e a harmonia das nações, especialmente para aquelas duramente atingidas por guerras, desordens sociais, fome e pobreza", disse Pe. Vito Piccinonna, diretor da Caritas Bari-Bitonto e presidente da Fundação Opera Santi Medici.

Único abraço de oração e fraternidade

Por ocasião do evento, os frades de Assis e a CEI lançaram a iniciativa on-line dedicada a todos que faleceram vítimas da Covid "Reza pelo meu caro", num "único abraço de fraternidade, oração e solidariedade", disse Frei Marco Moroni, custode do Sacro Convento de Assis. Após dois anos de pandemia e confiando a Deus todos que faleceram na pandemia - especialmente aqueles que, por causa das restrições do vírus não puderam receber o último adeus dos familiares - os nomes recebidos de maneira virtual serão depositados diante do túmulo de São Francisco.

Acende uma vela virtual para recordar os falecidos
A iniciativa do Sacro Convento de Assis convida a acender uma vela virtual para
recordar uma pessoa cara que faleceu vítima da Covid. O nome será depositado diante do
túmulo de São Francisco para confiar a ele e à graça ...
Vatican News

"A mensagem principal é a solidariedade", acrescenta Frei Jorge, embora a urgência absoluta hoje seja a paz para a Itália, para a Europa e para o mundo: "devemos nos unir em oração para pedi-la, gritando com todo nosso coração e espírito". Frei Daniel Palattykoonathan, do próprio Sacro Convento de Assis, também está convencido de que este é um convite dirigido a todos: "devemos trabalhar juntos com São Francisco pela paz, recuperando o espírito de cooperação posto em prática pelos trabalhadores da saúde para enfrentar a pandemia".

Todos os frades, enfim, confiam no exemplo de São Francisco, em sua capacidade de falar com as pessoas e de abrir os corações até mesmo dos mais distantes. "São Francisco", concluiu Frei Mario Cisotto, "morreu sem deixar um centavo, mas depois de oito séculos ainda estamos aqui para tirar algo de seu legado".

segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Fé e confiança: virtudes unidas por estreitos laços

Guadium Press
Manter um laço de estreita afinidade entre a fé e a confiança em Deus constitui um dos cernes da vida de todo cristão.

Redação (02/10/2022 15:43Gaudium Press) Quantas vezes não teremos ouvido de um amigo ou conhecido palavras de conforto e de ânimo diante das dificuldades da vida. Quiçá, uma palavra que expresse bem estas formas de encorajamento seja confiança.

O que vem ela a significar?

Acerca dela, afirmou Santo Tomás de Aquino: “Uma esperança fortalecida por sólida convicção”.[1] Todavia, esta esperança, de nenhuma maneira é ordinária e comum, pois está fortificada e fundamentada em outra virtude: a .[2] É ela quem torna a esperança inabalável aos assaltos das adversidades e contrariedades.

É a este respeito que tratará o Evangelho deste 27º Domingo do Tempo Comum.

Aumenta a nossa fé

O Evangelho de São Lucas relata um episódio da vida de nosso Senhor, no qual os Apóstolos, em determinada circunstância, suplicam-Lhe que lhes aumente a fé (cf. Lc 17,5). Ao que o nosso Senhor lhes responde:

“Se vós tivésseis fé, mesmo pequena como um grão de mostarda, poderíeis dizer a esta amoreira: Arranca-te daqui e planta-te no mar, e ela vos obedeceria” (Lc 17,6).

Vemos que nem mesmo os Apóstolos – agraciados com a presença, milagres e ensinamentos de Jesus – possuíam uma fé capaz de superar o tamanho de uma semente tão pequenina, como a de mostarda. Esta afirmação não é um exagero didático da parte de nosso Senhor, mas sim de uma realidade.

Entretanto, os Apóstolos sentiam-se na contingência e na necessidade de crescerem nesta virtude. Por isso, aproximaram-se de seu Senhor, e pediram-Lhe com sinceridade o aumento da fé, porquanto bem sabem que se puserem seus olhos e suas esperanças no mundo e na carne, caminharão errantes e inseguros.

Os santos e doutores da Igreja, como Santo Agostinho, confirmarão esta realidade, na qual os Apóstolos foram provados: “Que nenhum de vós pretenda colocar sua esperança no homem. O homem só é alguma coisa enquanto se une Àquele por quem foi feito. Porque, se d’Ele se afastar, nada mais é o homem, ainda quando se una a outros”.[3]

A veracidade destas palavras confirma-se diante da seguinte realidade: o futuro na vida de alguém – sobretudo do homem hodierno –, apresenta-se cheio de promessas, de realizações, de prosperidade e de sucesso na extensa jornada que se percorrerá. Estas “promessas”, por sua vez, parecem lhe garantir segurança e estabilidade… Contudo, basta acontecer um desastre, pequeno ou grande, para então se desencadear um processo de tristezas, de abatimentos e de revoltas interiores que facilmente levam à depressão.

Então, a pergunta se apresenta: como sanar esta enfermidade tão presente em nossa sociedade?

O remédio encontra-se na confiança absoluta em Deus. Como adquiri-la? Crescendo na ! Manter um laço de estreita afinidade entre a fé e a confiança em Deus, constitui um dos cernes da vida de todo cristão.

O Padre Thomas Saint Laurent, em sua obra O livro da confiança, tece belos elogios àqueles que se lançam ao encontro desta virtude: “Poucos cristãos, mesmo entre os fervorosos, possuem essa confiança que exclui toda ansiedade e toda hesitação […] Não são dominadas pela convicção irresistível de que Deus, atento às suas provações, para elas Se volte a fim de socorrê-las”.[4]

E continua: “A provação nos assalta de mil maneiras. Ora os negócios temporais periclitam, o futuro material nos inquieta. Ora a maldade ataca-nos a reputação. A morte quebra os laços de afeições das mais legítimas e carinhosas. Esquecemos, então, o cuidado maternal que tem por nós a Providência… Murmuramos, revoltamo-nos, aumentamos assim as dificuldades e o travo doloroso do nosso infortúnio […] Se nos tivéssemos apegado ao Divino Mestre com uma confiança tanto maior quanto mais desesperada parecesse a situação, nenhum mal desta nos adviria”.[5]

Por que “nenhum mal nos adviria”? Porque conformaríamos nossa vontade com a de Deus, e estaríamos convictos de que Ele permite estas provações, mas nos reserva inefáveis alegrias na outra vida.

Peçamos a Deus, a exemplo dos Apóstolos, que pelos rogos da Bem-aventurada Virgem Maria, possamos crescer na virtude da fé, a fim de vivermos inteiramente confiantes no auxílio de sua Divina Providência.

Por Guilherme Motta

Fonte: https://gaudiumpress.org/

A ACN, os santos, “grandes ou pequenos”, e a esperança em nosso caminhar

Cathopic | amorsanto
Por Francisco Borba Ribeiro Neto

Para se ter uma ideia da importância da ACN para a Igreja no Brasil, basta dizer que 257 dioceses e prelazias (92% das 278 existentes do país) tiveram sua ajuda direta e 276 projetos são apoiados por ano.

Em sua Exortação Apostólica Gaudete et exsultate, o Papa Francisco escreve: “O Espírito Santo derrama a santidade, por toda a parte, no santo povo fiel de Deus, porque aprouve a Deus salvar e santificar os homens, não individualmente, excluída qualquer ligação entre eles, mas constituindo-os em povo  […] O Senhor, na história da salvação, salvou um povo […] Deus quis entrar numa dinâmica popular, na dinâmica dum povo. Gosto de ver a santidade no povo paciente de Deus: nos pais que criam os seus filhos com tanto amor, nos homens e mulheres que trabalham a fim de trazer o pão para casa, nos doentes, nas consagradas idosas que continuam a sorrir […] Esta é muitas vezes a santidade ‘ao pé da porta’, daqueles que vivem perto de nós e são um reflexo da presença de Deus […] Deixemo-nos estimular pelos sinais de santidade que o Senhor nos apresenta através dos membros mais humildes deste povo” (GS 6-8).

Essas palavras do Papa Francisco me vieram continuamente à memória no domingo, 25 de setembro, quando a Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (internacionalmente conhecida pela sigla ACN, Aid to the Church in Needcelebrou o 25º aniversário de sua presença no Brasil, com missa no Santuário Nacional de Aparecida e um encontro para seus benfeitores e colaboradores. As atividades da ACN no Brasil vêm de mais longe: começaram há 60 anos, em 1962. Contudo, em 1997 a Fundação decidiu abrir seu escritório no país, para que os brasileiros pudessem ser benfeitores da obra, socorrendo não apenas os cristãos que sofrem aqui no Brasil, mas também os cristãos vitimados pela perseguição, guerras e catástrofes em outros países.

Para se ter uma ideia da importância da ACN para a Igreja no Brasil, basta dizer que, nesse período, 257 dioceses e prelazias (92% das 278 existentes do país) tiveram sua ajuda direta e 276 projetos são apoiados por ano. Desde 2014, os benfeitores nacionais conseguem financiar todos os projetos apoiados no Brasil – um grande feito considerando que somos um país pouco afeito a doações financeiras de apoio aos mais necessitados (ocupamos a 74º posição num ranking da Charities Aid Foundation).

Um caminho de santidade

O mais interessante nessa realidade da ACN Brasil é que a grande maioria de seus benfeitores são pessoas simples, de relativamente pouco poder aquisitivo, que dão pequenas contribuições – como uma grande catedral feita por pequenos tijolos. Os grandes benfeitores existem, mas são relativamente poucos no conjunto da obra. Quem foi na celebração em Aparecida viu uma pequena amostra desses benfeitores, apenas cerca de duas centenas de pessoas. Contudo, ali estava justamente essa “santidade que se vê no povo paciente de Deus”, que tanto encanta Papa Francisco.

O sucesso da ACN, no Brasil e no mundo, só pode ser adequadamente apreendido à luz da obra dos santos… Alguns “grandes” santos, pessoas com uma história de vida e um comportamento excepcionais, cuja santidade os demais imediatamente reconhecem. Muitíssimos “pequenos” santos, gente simples, cheia de pecados e contradições, tantas vezes esnobados pelo mundo secularizado, mas tão amados por Deus!

O padre holandês Werenfried van Straaten iniciou a ACN da forma mais inesperada possível: pedindo ao povo holandês que ajudasse os católicos alemães desalojados depois da Segunda Grande Guerra. Pedir às vítimas da guerra que ajudassem seus algozes, superando os ressentimentos inevitavelmente deixados por uma das guerras mais cruentas da história! É uma coisa que só pode ser explicada pela oração e pela santidade – sem dúvida luminosa do padre Werenfried, mas que ele também despertou, talvez de forma tosca e contraditória, em tantos holandeses que resolveram ajudar seus irmãos alemães.

A história da ACN no Brasil caminhou nessa trilha aberta por seu fundador. Seus responsáveis, assessores espirituais e colaboradores sem dúvida procuram seguir um caminho de santidade pessoal e de ajuda para que um povo se torne mais santo, tanto pelo resultado das obras apoiadas quanto pela vida espiritual de seus benfeitores.

Olhar para de onde vem a esperança

Creio que para a grande maioria dos que estiveram no evento de aniversário da ACN é chocante o contraste entre o clima que cerca quela festa e o que cerca a “festa cívica” das eleições desse domingo. Acompanhar a experiência da ACN é ver o bem agindo no mundo, alegrar-se diante da experiência do amor de Deus por nós e dos cristãos por seus irmãos. Acompanhar a política é quase sempre se deparar com disputas de poder, interesses mesquinhos se contrapondo ao bem comum, aqui e ali algumas lutas heroicas, frequentemente solitárias e mal interpretadas em prol do povo.

Todos nós temos o direito e até o dever de acompanhar a vida política do País, conhecer as mazelas dos políticos e os erros das ideologias é fundamental para que possamos tomar decisões justas tanto nas eleições quanto em nossas atividades sociais. Contudo, existe sempre um perigo em olhar só o mal e perder de vista o bem. O mal é como os buracos numa estrada. O motorista tem que estar atento a eles, mas tem que se manter atento ao caminho, para não se perder e deixar de chegar a seu destino – e, para nós, esse destino é o bem. Estar focado no bem, ainda que se mantendo atento ao mal, é um princípio básico do agir cristão.

Os santos da ACN, grandes ou pequenos, quer sejam coerentes e inspiradores, quer sejam incoerentes e limitados, são uma luz para nos ajudar a atravessar com uma justa esperança, esse tempo difícil em que vivemos. Se você quiser conhecer a ACN, veja sua página na Internet.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A responsabilidade dos líderes das nações

Invasão russa na Ucrânia  (ANSA)

As palavras do Papa no Angelus do domingo (02/10), um apelo para acabar com a guerra que está levando o mundo na direção de um abismo sem retorno.

ANDREA TORNIELLI

A decisão de dedicar todo o espaço da tradicional catequese dominical do Angelus em um apelo pela paz diz quão grave o Papa Francisco considera a ameaça que paira sobre o mundo. Isso havia acontecido apenas uma vez antes, nos primeiros meses de seu pontificado, ao falar sobre a guerra na Síria. Entretanto, as duas situações não são comparáveis e a de hoje parece mais ameaçadora devido a suas possíveis catastróficas consequências. Os dois apelos do Pontífice – em primeiro lugar ao Presidente da Federação Russa para deter a espiral de violência que ele iniciou, "também por amor a seu povo", e depois ao Presidente da Ucrânia, para não fechar a porta a "sérias propostas de paz" - foram acompanhados por um apelo igualmente vigoroso e preocupado a todos os líderes políticos das nações para que fizessem todo o possível para deter esta guerra que estourou no coração da Europa cristã e para não se envolverem em uma perigosa escalada.

São palavras de peso, que recordam a todos que os protagonistas de uma solução negociada para este conflito, que resultou em milhares de mortes inocentes, milhões de pessoas deslocadas, a destruição de um país, e agora corre o risco de arrastar o mundo inteiro para o abismo do holocausto nuclear, não podem ser apenas os líderes das duas nações diretamente envolvidas. Também cabe a outros apelar com força para um cessar-fogo e promover iniciativas de diálogo para fazer prevalecer o que o Papa Francisco chama de "esquemas de paz", em vez de continuar a aplicar "esquemas de guerra". Assim, se permanece subserviente a uma louca corrida armamentista que está arquivando precipitadamente a transição ecológica, juntamente com as esperanças de uma ordem internacional não mais baseada na lei do mais forte e nas antigas alianças militares. Semana após semana, mês após mês, desde do dia 24 de fevereiro que marcou o início da guerra com a invasão russa da Ucrânia, tudo parecia precipitar-se como se por inércia, quase como se o único resultado possível fosse a vitória de um sobre o outro. Faltou criatividade diplomática e coragem para apostar na paz. Mas o que faltou, acima de tudo, foi a previsão de se perguntar que futuro está por vir para a Europa e para o mundo. Em abril passado, em dois dias seguidos, primeiro o Presidente da República Italiana, Sergio Mattarella, e depois o Secretário de Estado da Santa Sé, Pietro Parolin, fizeram referência aos Acordos de Helsinque que em 1975 marcaram uma virada significativa para a Europa atravessada pela Cortina de Ferro e para o mundo dividido em dois grandes blocos. O Papa Francisco falou sobre isso em 14 de setembro da capital do Cazaquistão, pedindo um novo "espírito de Helsinque" e pedindo para evitar o fortalecimento de blocos opostos. 

O apelo do Sucessor de Pedro no Angelus no domingo 2 de outubro é um apelo in extremis à responsabilidade de todos, para que prevaleça o interesse comum da humanidade sobre os interesses particulares das grandes potências. Ainda há tempo.

domingo, 2 de outubro de 2022

A polarização na Igreja

A polarização na Igreja | Presbíteros

A polarização na Igreja

Pe. Demétrio Gomes

Que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade.

Há alguns anos escrevi uma pequena reflexão sobre os “ódios gratuitos” que permeiam nossa sociedade – cada vez que volto a ler, vejo o quão atual permanece a reflexão. Volto ao mesmo tema, desde um outro ponto de vista, pois a temática me parece bastante preocupante.

Vendo a questão desde um pequeno distanciamento histórico, podemos constatar que a situação política e social do Brasil foi se configurando, nas últimas décadas, em uma polarização, estabelecendo grupos rivais e inimigos inclusive em questões mínimas. Nosso País, sempre considerado de uma paz e concórdia impressionantes, foi, pouco a pouco, convertendo-se em um local de ódios e de hostilidades gratuitas – ou pelo menos com poucos motivos. Exemplo simples, mas contundente – sempre houve hostilidade entre times de futebol, mas aquilo que era uma diversão passou a ser confronto pessoal, aceitando inclusive atos de violência física como uma ação válida.

Dentro da vida eclesial não tem sido diferente. É certo que houve difusão de questões e posicionamentos duvidosos de um modo até mesmo estável dentro da vida da Igreja. Com o tempo, muitas pessoas comuns foram se sentindo incomodadas com essas posturas, mas se sentiam isoladas, impotentes, dentro de algo que parecia que superava suas forças. Com o advento das redes sociais, essas pessoas se encontraram e descobriram que não estavam sozinhas – começaram a se organizar, a dar e receber formação, a criar uma nova mentalidade e a denunciar. Vejo como fruto importante desta época a denúncia do “marxismo cultural” que permeia nossos ambientes de estudo – desde a educação fundamental até o ensino universitário – e muitos ambientes eclesiásticos.

A problemática que vejo – dentro desse novo movimento – é que acabam caindo, muitas vezes, na mesma falácia que denunciam. Os erros são identificados com pessoas, as pessoas com grupos, os grupos são rotulados e são criadas – quiçá sem nenhuma intenção – novas “lutas de classes”. Deste modo leigos, padres, bispos e até mesmo a CNBB recebem rótulos genéricos dos quais já não poderiam se desvencilhar e o “certo” – segundo esses que denunciam – seria eliminar de algum modo a influência dessas pessoas e dessas “estruturas de pecado”. Além disso, aqueles que não entram nessa “luta” direta são considerados omissos e fracos.

Talvez eu esteja muito enganado – a história dirá – mas não se trata da mesma dialética materialista e da mesma luta de classes que denunciam como erro? Ver os problemas como oposição pessoal, homogeneizar atitudes pontuais dentro de grupos heterogêneos, rotular esses grupos com certas acusações para depois poder combatê-los em uma espécie de “luta de classes” e, por fim, considerar quem não entra nessa luta direta como “alienados” de um certo “processo de purificação” que deveria ocorrer. Tudo isso compreendo dentro da mesma estrutura do “marxismo cultural” em que vivemos. Os opostos extremos se tocam – sempre são mais parecidos do que a impressão que dão à primeira vista.

Acho que a luz para a questão, como é lógico, se dá a partir de Cristo, que não divide, mas agrega. Claro que não se trata de consentir em coisas erradas, mas se trata de saber diferenciar o horror do pecado com o amor ao pecador. Recordo uma oração vocacional que aprendi logo após a minha conversão – baseada em Ezequiel – que dizia: “Ó Deus, que não quer a morte do pecador, mas sim que se converta e viva…”. Essa foi a atitude de Cristo – converter, através do amor, quem estava errado. Assim se demonstra no Evangelho, quando pecadores públicos – publicanos e prostitutas – o seguiam e, pouco a pouco, através do amor, convertiam-se. Inclusive dentro de “grupos” de pecadores acusados por Cristo, como os fariseus, fica claro que eram pecados de pessoas concretas, senão Nicodemos e José de Arimateia não poderiam ser considerados “justos”.

Deste modo, a oposição a posturas profundamente equivocadas como a ideologia de gênero, o próprio marxismo cultural a que nos referimos e as posições equivocadas dentro da Igreja não poderiam – creio eu – recair em uma oposição a grupos, a contendas judiciais, e a acusações conjuntas. A ação deveria ser mais cirúrgica, mais precisa, mais efetiva. Trata-se de ir, um por um, explicando, demonstrando os erros e demonstrando que não somos contrários a ninguém, mas que queremos o bem das pessoas e da sociedade. Estruturas de pecado não se dão por erro da estrutura, mas por pecados de pessoas concretas – somente através da conversão dessas pessoas é que mudaremos os erros das estruturas. Agir em bloco, agir em “luta de classes”, fecha o diálogo e dificulta a própria conversão dos indivíduos – sendo considerados “outros” estarão sempre apoiados em seus “grupos” e nunca se abrirão ao diálogo necessário para que possam mudar de opinião.

Que possamos sair desses ódios gratuitos. Que o diálogo, o amor, a preocupação pela nossa própria salvação e pela salvação do próximo sejam a guia do nosso agir. Assim não faremos guerras e lutas contra os outros, mas nós faremos tudo para todos para salvar a todos. Que Nossa Senhora, que detestou o pecado daqueles que crucificavam ao seu Filho, mas que ao mesmo tempo amava profundamente a esses pecadores nos ensine a amar aos nossos irmãos e desejar e agir para a salvação de todos.

Por Pe. Hélio Luciano.

O voto

Urna | Agência Brasil

O VOTO

Dom Jaime Vieira Rocha 
Arcebispo de Natal (RN)

Neste domingo, 2 de outubro, iremos às urnas para eleger o Presidente da República e o Governante do nosso Estado, Senadores, Deputados Federais e Estaduais. Todos são conscientes de que é um momento político especial, cheio de significado. A Igreja, instituída por Jesus Cristo para o anúncio do Evangelho, reconhece que a sua palavra não pode ser a apresentação de um Evangelho desencarnado. Na verdade, a história da Igreja é longa na orientação de uma relação clara e harmoniosa entre fé e vida, doutrina dogmática e doutrina social. Ela, por natureza, não deve se envolver em “política partidária”.  

A Igreja assume a sua posição, tanto no Concílio Vaticano II quanto na sua Doutrina Social, de considerar o exercício da política como realidade de altíssimo valor e necessário para o bom desenvolvimento da sociedade: “A Igreja que, em razão da sua missão e competência, de modo algum se confunde com a sociedade nem está ligada a qualquer sistema político determinado, é ao mesmo tempo o sinal e salvaguarda da transcendência da pessoa humana” (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo Gaudium et spes, n. 76). “A pessoa humana é fundamento e fim da convivência política. Dotada de racionalidade, é responsável pelas próprias escolhas e capaz de perseguir projetos que dão sentido à sua vida, tanto no plano individual como no plano social” (PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ. Compêndio da Doutrina Social da Igreja, n. 384). A Igreja também afirma: “Considerar a pessoa humana como fundamento e fim da comunidade política significa esforçar-se, antes de mais, pelo reconhecimento e pelo respeito da sua dignidade mediante a tutela e a promoção dos direitos fundamentais e inalienáveis do homem” (PONTIFÍCIO CONSELHO JUSTIÇA E PAZ. Idem, n. 388)Sabemos que o clima fica sempre tenso quando temos que exercitar a nossa cidadania com o voto. Ninguém desconsidera ou minimiza que a política partidária gera paixões, sentimentos acalorados e, às vezes, até extremos. Outras realidades em que escolhas, gostos, preferências por determinados pontos de nossa convivência, geram esses sentimentos. Mas, nunca podemos esquecer: somos cristãos. E para nós, ainda valem aquelas formidáveis palavras do autor da Carta a Diogneto, escrita no século II: “Os cristãos não se distinguem dos demais homens, nem pela terra, nem pela língua, nem pelos costumes. Nem, em parte alguma, habitam cidades peculiares, nem usam alguma língua distinta, nem vivem uma vida de natureza singularCasam como todos e geram filhos, mas não abandonam à violência os recém-nascidos. Servem-se da mesma mesa, mas não do mesmo leito. Encontram-se na carne, mas não vivem segundo a carne. Moram na terra e são regidos pelo céu. Obedecem às leis estabelecidas e superam as leis com as próprias vidas. Amam todos e por todos são perseguidos”.   

Nunca é demais ressaltar o magistério de Papa Francisco que nos orienta neste caminho: “[política]poderia ser traduzido também como serviço inestimável de dedicação para a consecução do bem comum da sociedade. A política é antes de mais serviço; não é serva de ambições individuais, de prepotência de facções e de centros de interesses. Como serviço, nem sequer é dona, pretendendo regular todas as dimensões da vida das pessoas, recorrendo até a formas de autocracia e totalitarismo” (FRANCISCO. Mensagem vídeo aos participantes no Encontro de Políticos Católicos, organizado pelo Conselho Episcopal Latino-americano – CELAM e pela Pontifícia Comissão para a América Latina – CAL. Bogotá/Colômbia, 1 a 3 de dezembro de 2017).  

Que no neste domingo, todos, cidadãos e cidadãs, possam ir às urnas, conscientes e determinados a colaborar pelo futuro do País e do nosso Estado.

As crianças que morrem se tornam anjos?

Imagem ilustrativa. Foto: Pixabay / Domínio público

REDAÇÃO CENTRAL, 02 Out. 22 / 07:00 am (ACI).- Em meio à dor pela morte de uma criança pequena, costuma ser uma frase de consolo que “se tornou um anjinho”. Mas, isso é verdade? Padre Samuel Bonilla, conhecido nas redes sociais como “padre Sam”, explicou em seu site que, “por muito melhor que seja a intenção que tenhamos” ao dizer que as crianças se tornam anjinhos, “isso não acontece”.

“As crianças que morrem não se tornam ‘anjinho’”, disse.

O sacerdote afirmou que “os anjos já foram criados desde o início” e destacou que “os anjos são seres espirituais, não corporais, criados desde o início do mundo”.

Padre Sam disse que “não se pode mudar a natureza. Cada um de nós tem uma natureza, a humana. Por sua parte, a natureza dos anjos é espiritual”. Para o sacerdote, “os que afirmam isso, seguramente (espero) não o fazem com má intenção, mas no sentido de que é alguém que não se contaminou com o pecado, mas se somos claros na doutrina, ‘o tornar-se anjo’ não acontece”.

“Quando uma criança morre não se torna um anjinho, pois sua natureza é diferente da de um anjo. Isso não exclui que seja alguém inocente, sem culpa”, afirmou.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Atenção aos sinais e ensinamentos de Jesus

Di by-studio|Shutterstock
Por Mário Scandiuzzi

Na Bíblia, encontramos vários avisos informando que determinado caminho não é o correto e, mesmo assim, insistimos em seguir viagem. Por quê?

Imagine que você está dirigindo por uma estrada. Num certo ponto, uma placa indica: ‘ponte quebrada a 10 km’.

Certamente quem escolher seguir viagem vai se deparar com a situação informada na placa.
E na Bíblia, encontramos vários avisos nos informando que determinado caminho não é o correto, e que insistirmos em seguir viagem, não chegaremos ao destino esperado.

A parábola “do rico e Lázaro” (Lucas 16, 19-31) é um desses avisos. Enquanto um vivia na abundância de bens materiais, o outro estava na miséria. Os dois morreram (e aqui já fica o primeiro aviso: todos nós morreremos nesta vida e vamos nos apresentar diante de Deus) e cada qual teve seu destino definido pela maneira como viveram.

O problema do rico não era o dinheiro, e sim a falta de compaixão, de olhar para o lado e enxergar o próximo que sofria. No tormento em que encontrava, o rico ainda pede que seus irmãos sejam alertados, para que não tenham o mesmo destino. A este apelo, Abraão responde: “eles lá tem Moisés e os profetas: ouçam-nos!”

Eis o alerta: estamos atentos à Palavra de Deus? Estamos procurando viver conforme ela nos ensina e orienta? Buscamos corrigir nossas vidas ou vamos seguir viagem, mesmo com a sinalização indicando que a “ponte está quebrada”?

Somos chamados à santidade, à salvação e para alcançarmos a vida eterna na glória de Deus, o mapa nos mostra que Jesus “é o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vem ao Pai senão por mim.”

Aprendamos com a Palavra de Deus, vivamos conforme Ele nos pede e o Pai, rico em misericórdia, derramará suas bênçãos sobre nós.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Reflexão para o XXVII Domingo do Tempo Comum - Ano C

Como ter maior fé? | Vatican News

No Evangelho, Jesus pede que o povo tenha mais fé em Deus e seja mais fiel e leal ao Senhor. Confira a reflexão "Fidelidade e fé" de Pe. Cesar Augusto para este XXVII Domingo do Tempo Comum.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

“O justo viverá por sua fidelidade.” O Profeta Habacuc diz que o justo viverá por sua fidelidade, por sua lealdade à Palavra e à vontade de Deus, depois de ter dito ao Senhor que não concordava com a lentidão de Sua justiça diante dos tormentos sofridos pelo povo e suplicado ao Senhor que esses infortúnios cessassem.

No Evangelho, Jesus pede que o povo tenha mais fé em Deus, e seja mais fiel e leal ao Senhor.

Também nós elevamos preces a Deus pedindo pelo Seu povo e por todos os homens de boa vontade, cansados de sofrer agressões gravíssimas não apenas por parte de delinquentes, mas também por muitos daqueles que deveriam zelar pela justiça e pelo desvalido. Diante dessa situação clamamos a Deus: “até quando, Senhor, até quando?”

E o Senhor nos responde pedindo maior confiança, maior fé e fidelidade.

Mas como ter maior fé, se fé é crer ou não? A Fé cristã se traduz no seguimento de Jesus Cristo, por isso ela poderá aumentar ou diminuir. Dentro das comparações feitas por Jesus no Evangelho de hoje, a Fé poderá ser avaliada como a força que desenraiza uma árvore de grande porte, mesmo que ela - a fé - seja tão pequenina como o grão de mostarda.

Se pensarmos bem, não se trata da intensidade da fé, se grande ou pequena, mas de sua qualidade, se pura ou não.

Quando o Pe. Nóbrega, no Brasil Colonial, viu que os indígenas, após a conversão ao Cristianismo, estavam voltando aos antigos costumes, não os culpou, mas fez um exame de consciência para ver onde os missionários haviam errado. Ele chegou à conclusão de que o ardor e a fé missionária haviam perdido qualidade e vigor.

Foi feito um “mea culpa” e os jesuítas procuraram purificar sua fé, pondo apenas no Senhor sua confiança e esperança e agindo como colaboradores de Deus. Deixaram o protagonismo para o Espírito e permaneceram como agentes da Evangelização.

Portanto, não é o Senhor quem não escuta nossas súplicas, mas somos nós que não cremos em Seu poder e possuímos fé imperfeita. Creiamos em Deus, no poder de Seu Amor e façamos aquilo que Ele nos sugere e pede através da oração, da reflexão sobre a realidade, sem medo e sem receios. Se o Senhor está conosco, somos poderosos e poderemos mudar o mundo, ou melhor, nós não, mas o Espírito através de nossas ações iluminadas e guiadas por Ele.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF