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sábado, 15 de outubro de 2022

O Papa ao movimento Comunhão e Libertação: me acompanhem na profecia pela paz

Papa Francisco | Vatican News

"Convido-vos a acompanhar-me na profecia pela paz - Cristo, Senhor da Paz! O mundo cada vez mais violento e guerreiro me assusta". Palavras do Papa Francisco no encontro com o Movimento Católico Comunhão e Libertação por ocasião do Centenário do nascimento de seu fundador Dom Luigi Giussani.

https://youtu.be/EAqD4eBBGMU

Jane Nogara - Vatican News

Na manhã deste sábado (15/10) o Papa Francisco recebeu os membros do Movimento Comunhão e Libertação por ocasião do Centenário do nascimento do fundador o Servo de Deus, Mons. Luigi Giussani. Na Praça São Pedro lotada estavam presentes fiéis de toda a Itália e de vários países. No início de seu discurso o Santo Padre recordou Dom Giussani afirmando: “Dom Giussani foi um pai e mestre, foi um servidor de todas as ansiedades e situações humanas que ele encontrava na sua paixão educativa e missionária. A Igreja reconhece sua genialidade pedagógica e teológica – continuou Francisco - implantada a partir de um carisma que lhe foi dado pelo Espírito Santo para o 'bem comum'". Continuando, o Papa afirma que “não é apenas a nostalgia que nos leva a celebrar este centenário, mas a grata memória da sua presença: não apenas em nossas biografias e corações, mas na comunhão dos santos, de onde ele intercede por todos os seus.

Da crise à unidade

Francisco falou sobre os tempos de crises do Movimento ponderando: “Os tempos de crise são tempos de recapitulação da sua extraordinária história de caridade, de cultura e de missão; são tempos de discernimento crítico daquilo que limitou a potencialidade fecunda do carisma de Dom Giussani”. Recordando que “a crise faz crescer”, e que, “certamente, Dom Giussani está orando pela unidade em todas as articulações de seu movimento".

“Vocês sabem muito bem que unidade não significa uniformidade. Não tenham medo de diferentes sensibilidades e dos confrontos no caminho do movimento.”

“Isto é importante – disse ainda o Pontífice - que a unidade seja mais forte do que forças dispersivas ou a continuidade de velhas oposições. Unidade com aqueles que lideram o movimento, unidade com os Pastores, unidade em seguir cuidadosamente as indicações do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e unidade com o Papa, que é o servidor da comunhão na verdade e na caridade”.

Carisma de Dom Giussani

Depois o Papa disse que gostaria de lembrar alguns aspectos da rica personalidade de Dom Giussani: o seu carisma, a sua vocação como educador, o seu amor pela Igreja. Como homem carismático Francisco recordou que Dom Giussani certamente era um homem de grande carisma pessoal, capaz de atrair milhares de jovens e de tocar seus corações. “Podemos nos perguntar – disse o Papa - de onde veio seu carisma? Veio de algo que ele havia experimentado pessoalmente: quando criança, com apenas quinze anos, ele foi iluminado pela descoberta do mistério de Cristo. Ele tinha intuído - não apenas com sua mente, mas com o coração - que Cristo é o centro unificador de toda a realidade, é a resposta a todas as perguntas humanas, é a realização de todo desejo de felicidade, bondade, amor e eternidade presente no coração humano. A maravilha e o fascínio deste primeiro encontro com Cristo nunca o deixaram”. E Francisco conclui este ponto afirmando:

“Aqui está a raiz de seu carisma. Dom Giussani atraia, convencia e convertia os corações porque transmitia aos outros o que levava dentro de si depois da sua fundamental experiência: a paixão pelo homem e a paixão por Cristo como a realização do homem.”

“Muitos jovens o seguiram – disse ainda o Papa - porque os jovens têm uma grande intuição. O que ele dizia vinha da sua experiência e do seu coração, por isso inspirava confiança, simpatia e interesse”.

Cuidar do carisma

Caríssimos, valorizem o precioso dom do seu carisma e a Fraternidade que o guarda, pois isso pode fazer ‘florescer’ muitas vidas. Grande parte da potencialidade do carisma de vocês ainda deve ser descoberta; convido, portanto, a evitar qualquer fuga de si mesmo, do medo e da fadiga espiritual que leva à preguiça espiritual. Encorajo todos a encontrar os modos e as linguagens corretas para que o carisma que Dom Giussani lhes deu alcance novas pessoas e novos ambientes, para que saiba falar ao mundo de hoje, que mudou desde o início de seu movimento. Há tantos homens e mulheres que ainda não tiveram aquele encontro com o Senhor que mudou e tornou suas vidas lindas!"

Giussani educador

Ao falar sobre Dom Giussani como educador o Papa disse: “Dom Luigi tinha uma habilidade única para desencadear uma busca sincera do sentido da vida no coração dos jovens, para despertar seu desejo pela verdade”.

“Como verdadeiro apóstolo, quando via que essa sede se acendia nos jovens, não tinha medo de lhes apresentar a fé cristã. Mas sem nunca impor nada.”

“Sua abordagem gerou muitas personalidades livres, que aderiram ao cristianismo com convicção e paixão; não por hábito, não por conformismo, mas de uma forma pessoal e criativa”. “Queridos amigos,  esta é a grande herança espiritual deixada por Dom Giussani para todos vocês. Peço-lhes que alimentem em vocês mesmos sua paixão educativa, seu amor pelos jovens, seu amor pela liberdade e responsabilidade pessoal de cada um diante de seu próprio destino, seu respeito pela singularidade irrepetível de cada homem e mulher”.

Filho da Igreja

Por fim Francisco fala de Dom Giussani como filho da Igreja: “Dom Giussani era um sacerdote que amava muito a Igreja. Mesmo em tempos de perplexidade e forte contestação das instituições, sempre manteve com firmeza a sua lealdade à Igreja, pela qual nutria um grande carinho, quase ternura, e ao mesmo tempo uma grande reverência, pois acreditava que a Igreja é a continuação de Cristo na história”.

“Dom Giussani nos ensinou a ter respeito e amor filial pela Igreja e, com grande equilíbrio, sempre soube manter o carisma e a autoridade, que são complementares, ambos necessários.”

Carisma vivo

“Mesmo entre vocês – ponderou - alguns estão encarregados de uma tarefa de autoridade e governo, para servir a todos os outros e mostrar o caminho certo”. Mas, ao lado do serviço da autoridade, é essencial que, "em todos os membros da fraternidade, o carisma permaneça vivo, para que a vida cristã mantenha sempre o encanto do primeiro encontro. Isto é o que ‘torna a estrada bela’”.

Apelo

Concluindo o Papa pediu uma ajuda concreta: "Convido-vos a acompanhar-me na profecia pela paz - Cristo, Senhor da Paz! O mundo cada vez mais violento e guerreiro me assusta - na profecia que indica a presença de Deus nos pobres, nos abandonados e vulneráveis, condenados ou deixados de lado na construção social; na profecia que anuncia a presença de Deus em todas as nações e culturas, indo ao encontro das aspirações de amor e verdade, de justiça e felicidade que pertencem ao coração humano e que palpitam na vida dos povos. Que esta santa inquietação profética e missionária arda em seus corações”.

Por fim afirmou: “Queridos, amem sempre a Igreja. Amem e preservem a unidade da sua 'companhia'. Não deixem que sua Fraternidade seja ferida por divisões e oposições, que fazem o jogo do maligno. Mesmo os momentos difíceis podem ser momentos de graça, e de renascimento".

sexta-feira, 14 de outubro de 2022

As Catacumbas de São Calisto

As Catacumbas de S. Calisto | Opus Dei

As Catacumbas de São Calisto

São Josemaria guia-nos pelas catacumbas de Roma para que apreciemos os feitos, verdadeiramente valentes daqueles primeiros cristãos.

A perseguição ordenada por Nero no ano 64 conduziu ao martírio uma grande quantidade de cristãos. Foi uma dura prova para a jovem Igreja de Roma que, desde esse momento, teve de enfrentar também uma terrível campanha de calúnias e desprestígio entre a população. Os cristãos eram qualificados como ateus – negavam-se a prestar culto ao imperador -, perigosos para a unidade do império e inimigos do gênero humano; atribuíam-se-lhes as piores atrocidades: infanticídios, antropofagia e desordens morais de todo o tipo. Tertuliano (160-220) descrevia assim a situação: Os cristãos são os culpados de qualquer calamidade pública ou males que sobrevêm ao povo. Se o Tibre aumenta de volume de água e sai do leito, se o Nilo não aumenta e não rega os campos, se o céu não manda chuva, se a terra treme, se há fome, se há peste, logo ressoa um mesmo grito: os cristãos às feras![1]

Até ao ano de 313, em que se alcançou a paz com o Edito de Milão, a Igreja viveu perseguida. É certo que estas perseguições não tiveram sempre a mesma intensidade e que, excetuando alguns períodos concretos, os cristãos faziam a sua vida normal; mas o risco de serem martirizados estava sempre presente: bastava a acusação de um inimigo para que se iniciasse o processo. Quem se convertia estava plenamente consciente de que o cristianismo exigia uma opção radical que implicava a procura da santidade e a profissão da fé, chegando – se fosse necessário - à entrega da própria vida. O martírio era considerado, entre os fiéis, um privilégio e uma graça de Deus: uma possibilidade de se identificar plenamente com Cristo no momento da morte. Para mais, a consciência da própria debilidade levava-os a implorar a ajuda do Senhor para o saber abraçar, se se apresentasse a ocasião, e a venerar como modelos os que tinham alcançado a palma do martírio. É fácil imaginar como emocionaria a comunidade cristã de Roma ouvir os pormenores da morte santa dos seus irmãos na fé. Estes relatos eram ao mesmo tempo consolo e fortaleza para os crentes, e semente para novas conversões. As relíquias dos mártires recolhiam-se e sepultavam-se com devoção, e a partir desse momento recorria-se a eles como intercessores.

Cripta dos Papas | Opus Dei

Desde sempre, a lei romana estabelecia que as necrópoles – cidades dos mortos, em grego - se deviam situar fora das muralhas da cidade. Ao homem morto nem se sepultará, nem se cremará na Urbe[2]. Os romanos costumavam incinerar os corpos dos defuntos, mas também havia algumas famílias que tinham o costume de enterrar os seres queridos em campos da sua propriedade, costume que se foi impondo posteriormente por influência do cristianismo.

Ao princípio não havia separação, e enterravam-se juntos os fiéis e os pagãos. A partir do século II, graças aos donativos de alguns cristãos de boa posição social, a Igreja começou a ter as suas necrópoles próprias, a que chamou cemitérios - coimeteria, do grego koimáo, dormir -: lugares onde os corpos repousam na espera da ressurreição. Assim foram surgindo as catacumbas cristãs, que não eram – como às vezes se pensa - esconderijos ou lugares de reunião para as celebrações litúrgicas, mas lugares de sepultura onde se guardavam os restos mortais dos irmãos na fé. Originariamente, o termo catacumba fazia referência à zona da via Ápia que se situa entre o túmulo de Cecília Metella e a cidade de Roma. Com o tempo, passou de toponímico para designar em geral o cemitério cristão sob a terra. Nos primeiros séculos foram enterrados nelas muitos mártires e, junto com os túmulos de São Pedro e de São Paulo, as catacumbas passaram a ser lugares de memória e de veneração muito queridos para os cristãos de Roma. Quantas vezes, nos momentos difíceis, iriam aí implorar a ajuda de Deus por intercessão daqueles que tinham proclamado o Evangelho com o seu sangue! Movidos pela devoção, era normal que os fiéis quisessem ser sepultados e esperar a ressurreição na companhia dos outros membros da comunidade cristã e, se fosse possível, próximo de algum Apóstolo ou de algum mártir.

Na via Ápia

As Catacumbas de São Calisto encontram-se na saída de Roma pela via Ápia. No século II, começou a utilizar-se a zona como lugar de sepultura, e alguns dos seus proprietários, sem dúvida cristãos, facilitaram que fossem ali enterrados outros irmãos na fé. Por essa época recebeu sepultura a jovem mártir Cecília, cuja memória foi muito venerada desde o momento da sua morte. Pertencente a uma família patrícia, Cecília converte-se ao cristianismo na sua juventude. Casa-se com Valeriano, a quem também aproxima da fé, e os dois decidem viver virginalmente. Pouco depois, Valeriano – que se ocupava em recolher e sepultar os restos mortais dos mártires - é descoberto e decapitado. Cecília também é denunciada ante as autoridades. Tentam asfixiá-la nas caldeiras da casa e, depois de sair ilesa, é condenada à morte por decapitação. A lei romana estipulava que o carrasco podia dar três golpes com a espada. Cecília recebe-os, mas não morre imediatamente. Estendida no chão, antes de exalar o último suspiro, encontrou forças para estender três dedos da mão direita e um da esquerda, testemunhando até ao fim a sua fé num Deus Uno e Trino. Quando séculos mais tarde, em 1599, se examinaram as suas relíquias, o corpo incorrupto de Santa Cecília encontrava-se ainda nessa posição. Maderno imortalizou-a numa escultura que hoje se encontra na igreja de Santa Cecília no Trastevere – sua antiga casa, onde repousam desde o século IX os restos mortais da santa - e da qual há uma cópia nas catacumbas de São Calisto, no lugar onde foi inicialmente sepultada.

Cripta de Santa Cecília e escultura da santa | Opus Dei

No século II, o cemitério é doado ao Papa Zeferino (199-217), que confia a sua administração ao diácono Calisto. Nasce assim o primeiro cemitério propriedade da Igreja de Roma, que um século mais tarde guardará já os restos mortais de dezesseis papas, quase todos mártires. Calisto trabalhou à frente das catacumbas quase vinte anos, antes de se converter no sucessor do Papa Zeferino como cabeça visível da Igreja. Durante esse tempo, ampliou e melhorou a disposição das áreas principais do cemitério: em especial, a Cripta dos Papas e a Cripta de Santa Cecília.

Outro mártir que, com o seu testemunho, comoveu a comunidade cristã foi São Tarcísio. No século IV, o Papa São Dâmaso gravou sobre o seu túmulo a data exata em que recebeu o martírio: 15 de Agosto de 257, durante a perseguição de Valeriano. Tarcísio era um adolescente que ajudava como acólito a distribuir a Comunhão entre os cristãos encarcerados nas prisões. Nesse 15 de Agosto foi descoberto, preso e ameaçado para entregar as Sagradas Hóstias. Tarcísio negou-se, e preferiu morrer lapidado a permitir a profanação do Corpo de Cristo.

Com a paz de Constantino, as catacumbas continuam a ser lugares de sepultura, e convertem-se também em local de peregrinação. Contudo, no século V, depois do saque de Roma levado a cabo por Alarico, aumenta a insegurança no exterior das muralhas da cidade e elas serão cada vez menos frequentadas. No século IX, decide-se levar os ossos dos santos para as igrejas que estão dentro da cidade; e durante a Idade Média as catacumbas vão caindo progressivamente no esquecimento: ninguém vai a esses lugares e em muitos casos perde-se a memória da sua localização.

Sepulcro do século IV | Opus Dei

Embora o interesse pelas catacumbas renasça a partir do século XV, foi só século XX que voltaram a ser valorizadas como lugar santo e tesouro da cristandade. Giovanni Battista De Rossi, fundador da arqueologia cristã moderna e redescobridor das Catacumbas de São Calisto, conta nas suas memórias como convenceu Pio IX a visitar as escavações. Quando chegaram à Cripta dos Papas, De Rossi explicou-lhe as inscrições e mostrou-lhe a lápide que São Dâmaso mandara colocar no século IV com os nomes dos sucessores de Pedro martirizados e ali sepultados. Foi então que Pio IX tomou consciência do lugar em que se encontrava. Com os olhos marejados pela emoção, ajoelhou-se e esteve um momento absorvido em oração. Era a primeira vez, depois de quase mil anos, que um Papa voltava a pôr os pés nesse lugar santificado pelo sangue de mártires.

4 de Julho de 1946

Pouco depois de chegar a Roma, São Josemaria falou do seu desejo de ir rezar às catacumbas.

Veem que não estamos sozinhos? Dizia aos seus filhos durante o tempo de reclusão na Legação das Honduras, anos antes. Como os primeiros fiéis na quietude das catacumbas romanas, podemos clamar: "Dominus illuminatio mea et salus mea, quem timebo?" (Sal 26,1); o Senhor é a minha luz e a minha salvação, a quem temerei? Só assim podemos explicar os feitos, verdadeiramente corajosos, que levaram a cabo aqueles primeiros cristãos. Com uma confiança segura na ajuda de Deus, sem fazer coisas estranhas, entraram em todo o lado: no foro, nos palácios, até na casa do imperador[3].

A 4 de Julho de 1946 São Josemaria foi, de manhã cedo, às Catacumbas de S. Calisto. O fundador do Opus Dei celebrou a Santa Missa na Cripta dos Papas, e o padre Álvaro del Portillo na de Santa Cecília. Depois visitaram as Catacumbas de São Sebastião e os primeiros sepulcros dos Apóstolos.

Desde os começos da Obra, São Josemaria gostava de citar os primeiros cristãos como modelo e exemplo para explicar a vida dos fiéis do Opus Dei. Não em vão, chamava-os como os nossos precursores no velho e novíssimo apostolado da Obra[4]. Calcula-se que o número de sepulturas cristãs nas Catacumbas de São Calisto ronda as quinhentas mil. A maior parte são campas simples, com uma breve inscrição para distingui-las.

A partir do século IV – terminada a perseguição -, são mais frequentes as inscrições nas lápides. Junto ao nome, como que para assinalar um elemento característico da vida dessa pessoa, costumava indicar-se a profissão. Ali havia padeiros, carpinteiros, alfaiates, pintores, professores, médicos, advogados, funcionários públicos, soldados…; um reflexo claro da variedade de ofícios dos cristãos, que, - como diz Santo Agostinho - misturados entre os demais homens correntes, faziam a vida que todos faziam, mas animados por uma fé diferente, uma esperança diferente e um amor diferente[5]. Como se alegraria São Josemaria ao pensar naqueles precursores na fé que procuravam a santidade no meio do mundo, ao mesmo tempo em que eram fermento na massa da sociedade! O amor e a veneração que sentia por eles, levava-o a pô-los muitas vezes como exemplo na sua pregação: não tenho outra receita para ser eficaz a não ser a que tinham os primeiros cristãos. Não há outra, meus filhos[6].

Ao longo da sua vida, o Fundador do Opus Dei referiu-se em numerosas ocasiões a pinturas ou gravuras presentes nas catacumbas para ilustrar temas como o amor à Virgem Maria, a fraternidade, ou a unidade com o Papa, que os fiéis dos primeiros séculos já graficamente testemunhavam. Não obstante, se houvesse que destacar uma imagem dos primeiros cristãos que especialmente o enamorava, certamente teria que falar do Bom Pastor.

Lápide que se encontra no quaro de trabalho de São Josemaria (esquerda) Imagem
do Bom Pastor das Catacumbas de Calisto (centro) e dos museus vaticanos (direita)
Opus Dei

No quarto de trabalho de São Josemaria em Villa Tevere colocou-se uma lápide de mármore travertino com uma reprodução do Bom Pastor que está nas catacumbas, e os versos de Juan del Enzina: Tan buen ganadico,/ y más en tal valle,/ placer es guardarlle./ Y tengo jurado/ de nunca dejarle,/ mas siempre guardalle. Desde o primeiro dia, desde aquele 2 de Outubro de 1928, sinto o impulso divino, paterno e materno, para convosco e para com as vossas vidas. Nenhum me é estranho, nem dos milhares das minhas filhas e dos meus filhos que não conheço[7].

Gostava de falar do Bom Pastor para fomentar a nossa preocupação apostólica por todas as almas. Senhor, tenho um punhal cravado no coração: a necessidade de ajudá-los. Vai Tu mesmo atrás deles, meu Bom Pastor, e carrega-os sobre os teus ombros; que se repita aquela figura amabilíssima que contemplamos nas catacumbas. Quando o pastor encontra a ovelha que tinha perdido, põe-na aos ombros, e ao chegar a casa, chama os amigos e vizinhos e diz-lhes: alegrai-vos comigo, porque encontrei a ovelha que se me tinha perdido (Lc 15, 5-6)[8].

Durante a sua vida, o fundador do Opus Dei não falou apenas do Bom Pastor; mas também lutou por sê-lo, encarnando essas palavras que Cristo pronuncia no seu Evangelho: Eu sou o Bom Pastor. O Bom Pastor dá a sua vida pelas suas ovelhas[9]. Como testemunhou o Prelado do Opus Dei, São Josemaria meditou durante toda a sua vida as cenas evangélicas do Bom Pastor. Amava muitíssimo essa alegoria e estava disposto a conhecer as ovelhas, uma a uma; a dar a vida por elas; a levá-las às melhores pastagens; e a não deixar de atender aquela que se tivesse perdido ou ficado pelo caminho[10].

À entrada das Catacumbas de São Calisto, antes de descer as escadas que conduzem à Cripta dos Papas, pode ver-se uma imagem do Bom Pastor, cópia da original do século IV que agora se encontra nos Museus do Vaticano. Também há uma igual em Villa Tevere, próximo daIgreja prelatícia de Santa Maria da Paz, onde repousam os restos mortais de São Josemaria. Ao vê-la, são inúmeras as recordações que evoca: Jesus Cristo, os primeiros cristãos, o Papa, todas as almas… Com que ternura falava Cristo, Nosso Senhor, do Bom Pastor! Como o descreve! Diz-nos que as ovelhas seguiam o pastor, e queriam-no, e sabiam-se bem cuidadas…[11].


[1] Tertuliano, Apologeticum, 40, 12.

[2] Doze Tábuas, 10,1.

[3] São Josemaria, AGP, P12, p. 32.

[4] São Josemaria, Instrução, n. 298.

[5] Santo Agostinho, De civitate Dei, 54, 2.

[6] Apontamentos recolhidos da pregação oral, 29-II-1964.

[7] São Josemaria, AGP, P18, p. 151-152.

[8] São Josemaria, AGP, P18, p. 276.

[9] Jo 10, 11.

[10] D. Javier Echevarria, Lembrando o Beato Josemaria, p. 329.

[11] São Josemaria, Apontamentos recolhidos numa tertúlia, 13-III-1955.

Ter fé: um exercício diário

goffkein.pro | Shutterstock
Pela Hozana

Numa sociedade onde o ter é mais valorizado do que o ser, você tem de ser forte e perseverante para não esquecer os princípios da fé.

Para mim a fé veio tarde. Apesar de viver em uma época mais pura, logo após o término da grande guerra, e em uma casa católica, só fui conhecer a fé aos 30 anos. Apesar de estudar em um colégio de padres, e talvez por isso mesmo, pelas normas rígidas exigidas, não aceitava ter de assistir missas todas as sextas-feiras após as aulas. As atitudes dos padres também, com exceções, não eram a de amor ao próximo, e por próximos estavam todos os alunos. Assim só fui parar e analisar o que representava aquele crucifixo nas paredes, já com meus 30 e poucos anos. 

Como cheguei a esse conhecimento daria uma história muito longa para ser detalhada aqui. Mas basta dizer que, um dia ajoelhado em frente ao altar por insistência dos mentores de ocasião, minha mente como que se abriu e percebi que Cristo estava ao meu lado nas coisas simples de meu dia a dia. Desfilaram em minha mente cenas de minha vida, onde praticava atos normais e percebi que fora motivado por uma força maior e por amor. No meu relacionamento com meu irmão, com meus filhos, era como se Ele dissesse, “olhe, sou Eu te chamando, te mostrando que Estou a teu lado”. As lágrimas brotaram espontâneas em meus olhos por saber o milagre diário que ocorria nos meus dias.

Mas saber que aprendera a ter fé, não tornou a minha busca mais fácil. Ter fé é um exercício diário. Apesar de falarmos diariamente “Deus o acompanhe”, “vou orar por você”, “Deus os abençoe”, são poucas vezes que essas frases são ditas com a verdadeira demonstração de desejo pela Sua presença. 

A fé no dia a dia

A luta diária, em uma sociedade em que a fé não está presente nas atitudes de nossos representantes, onde o amor passa longe de atitudes como a guerra, a fome, e a subjugação do mais fraco pelos mais fortes, os exemplos não são edificadores. 

Então temos de aprender a separar o joio do trigo, o homem virtuoso do hipócrita, que usa o nome de Deus, para seu beneplácito. E, infelizmente, estes estão em maioria. 

Uma sociedade onde o Ter é mais valorizado do que o Ser, você tem de ser forte e perseverante para não esquecer os princípios da fé. Amor a Deus, ao próximo e, até, a si mesmo. 

Somos a Igreja viva. Nosso corpo é a verdadeira pedra fundamental da Igreja de Cristo.

Fácil de entender? Mas muito difícil de cumprir e praticar.

Tenho um ritual próprio de pensar em Deus e em Cristo. Todas as manhãs leio um trecho da Bíblia, vejo um vídeo de um fradezinho que nos fala sobre trechos bíblicos, para só então começar a me dedicar a minhas obrigações diárias. Mas quem disse que sempre consigo prestar atenção ao que li ou vi? Minha mente se desgarra e começa a pensar nas obrigações do dia, nas tarefas diárias e…

Sempre foi muito mais fácil para mim quando as orações eram feitas através de atos que praticava ao trabalhar para Cristo. Em uma ONG, ou na igreja, no trabalho com jovens e, até, adultos. Aí sentia verdadeiramente, a presença Dele. E me enchia de fé e alegria. Mas a vida vai mudando. E o destino nos tira de lugares onde praticávamos estas ações, nos leva para caminhos mais áridos e nos vemos perdidos. Onde a oração fácil ao trabalhar para Ele? 

Dar sem nada esperar

Hoje, apesar da procura, não achei novamente aqueles oásis de paz onde podia praticar minha devoção através da dedicação ao próximo sem desejar nada em troca. O poder dar sem nada esperar. 

Então o caminho se torna mais duro, mais feio, pois a presença Dele é mais difícil de ser detectada. Aí então tem de entrar nossa força para não esmorecer. E, apesar de dias inóspitos sem Sua presença, não podemos desacreditar que Ele estará logo mais adiante. E aí só o exercício da Fé, se você verdadeiramente o faz, poderá tornar seus dias mais plenos. 

E então podemos tentar avivar sempre os dias em que você O sentiu muito fortemente em sua vida. Esta lembrança tem de ser seu sustento durante esta caminhada.

E me permito aqui descrever duas vezes em minha vida em que isto ocorreu. 

Um belo testemunho de fé

Trabalhava com jovens em minha igreja, num subdistrito de São Bernardo do Campo chamado Riacho Grande. E tínhamos o costume de representar as datas principais do calendário católico. A Paixão, o Natal…

E, em um desses momento me foi pedido para que representasse Cristo no calvário. Devidamente paramentado com um longo manto branco, uma capa escarlate e uma coroa de espinhos, pus-me a caminhar pelas ruas do bairro carregando uma cruz. Mas não era eu que ali caminhava. Sentia a presença de Cristo em cada passo daquela caminhada. Ele me tomou e mostrou para todos os que assistiam, o que foi Seu calvário até a cruz. Os passos claudicantes, as quedas, as dores… o tempo se fechando e trovões ribombando a cada trecho do caminho. E, na Cruz, a escuridão dos céus acima de minha cabeça. Somente após minha descida da cruz, a chuva, torrencial, desabou, e com ela minhas lágrimas, incontroláveis, por ter testemunhado, na pele, aquele milagre.

A outra vez, numa situação bem mais mundana, mas não menos explícita, Ele se fez presente. 

Por consequência de meu fracasso em meu primeiro casamento (uma provação que tive de passar em minha vida), vi-me morando sozinho em um apartamento em uma praia no norte do Rio Grande do Sul. Bem longe de qualquer familiar. Foi um tempo de expiação, onde pude, com o auxílio Dele, pensar em minhas falhas, analisá-las em profundidade, compreender muitos atos praticados à revelia do que Ele me havia ensinado. Consegui, graças a Ele, ter um período de profunda paz com o mundo e comigo mesmo. 

Mas, depois de um tempo, aquela solidão começou a se fazer sentir. Então pensava em voltar para minha terra, São Paulo, onde poderia voltar a ficar próximo de meus familiares. Não era uma tarefa fácil. Não tinha um local para morar. A distância me impedia de procurar este local. E, ao mesmo tempo, eu morava no apartamento que me restou na partilha do divórcio. Sair de uma situação razoavelmente confortável, para me aventurar, já sessentão, em São Paulo, me parecia meio difícil de concretizar. Com tudo isso, existia também o desejo de encontrar uma nova companheira, pois a solidão já se estendia por alguns anos. Então, com aquelas duas aspirações em minha mente, eu orava todas as noites, para achar uma solução as minhas aspirações.

A companheira que Deus presenteou

A companhia que tinha era um computador onde, amante da escrita, despejava minhas letras nas redes sociais. Confabulava com alguns amigos virtuais, participava de salas de encontros na esperança de encontrar alguém. Mas não foi através destas salas que meu encontro ocorreu. Escrevendo para um destes amigos, dando-lhes apoio em suas desilusões amorosas, uma terceira pessoa leu e gostou do que escrevi. Pediu-me para ser minha “amiga” na tal rede social.

Também ela procurava um alguém, mas não foi com esta intenção que ela se interessou, mas somente em conversar com aquela pessoa que pareceu tão coerente com o que dizia. Aceitei, sem qualquer intenção maior, já que ela estava a 1200 km de distância. Em Campinas, para ser mais exato. Vivia com a mãe, uma senhora de idade mais avançada. E então Ele se fez presente, e resolveu premiar aquelas duas almas com os pedidos feitos individualmente. Um convite para vir para Campinas conhecê-la. Assim ocorreu em 2011. Aceitei o convite e aqui estou até hoje, casado e feliz com a companheira que Ele me presenteou. 

Refletindo sobre a fé

Fé? O que acham? Saber pedir como dizem alguns. Seja como for, em minha vida, estas, e outras menores demonstrações, foram o testemunho que tive de Sua presença. Acreditem. Ele pode. E você, com sua fé, também pode. 

Deus nos concedeu o dom da inteligência para que compreendamos as suas maravilhas e inspirados pelo Santo Espírito ousemos dar uma resposta convicta a tão grande amor que Ele tem por nós. Vamos refletir juntos sobre a fé? Participe comigo do PodCast da Fé. É importante crer para entender e crendo buscar ainda mais pelo conhecimento o aprofundamento da fé. Clique aqui para participar do PodCast da fé no Hozana.

Rubens Lace, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Medjugorje 40 anos depois

Festival dos Jovens em Medjugorje, em agosto de 2020

Em 1981 começou a história que levou esta localidade balcânica a se tornar o destino de milhões de peregrinos. Em maio o Santuário de Medjugorje foi uma das etapas do Terço rezado em todo o mundo pelo fim da pandemia.

Debora Donnini – Vatican News

Era um início de tarde de verão e em um lugar remoto, precisamente na colina de Podbrdo, que tem vista para a aldeia de Bijakovici - hoje Bósnia e Herzegovina – quando alguns jovens começam a ver uma figura feminina luminosa que eles identificaram com a Virgem Maria. Era o dia 24 de junho de 1981. Desde então, nestes 40 anos, a história de Medjugorje tem se espalhado, em uma terra pobre, na época dominada pelo regime comunista. Os seis adolescentes, na época quase crianças, falaram das aparições de Maria que se apresentaria como a "Rainha da Paz". A mensagem é basicamente um convite à reconciliação e à conversão.

Com o passar do tempo, esta remota localidade dos Bálcãs torna-se cada vez mais conhecida em todo o mundo, com milhões de peregrinos que se dirigem para lá todos os anos. Com longas filas de pessoas para confissão e multidões para adoração eucarística. Muitas são as histórias de conversão que também envolvem pessoas famosas, por exemplo, do mundo do espetáculo ou do esporte. Portanto são quarenta anos marcados por peregrinações, mensagens, conversões, reaproximação aos Sacramentos, admirações e também interrogações. E não se pode deixar de recordar que em Medjugorje começou uma história de fé para alguns, e a retomada para outros, com frutos que se manifestaram na mudança de vida, mesmo dos que estão distantes.

A Comissão de Inquérito

Para esclarecer os fatos, em 2010 Bento XVI organizou uma Comissão internacional de inquérito dentro da Congregação para a Doutrina da Fé, composta por 17 pessoas entre os quais cardeais, bispos, teólogos e especialistas, sob a presidência do Cardeal Camillo Ruini. Os trabalhos duraram quatro anos, no final dos quais foi realizado um relatório final, nunca publicado oficialmente, que foi entregue ao Papa Francisco.

Em relação a Medjugorje, respondendo a uma pergunta, durante a viagem de volta de Fátima em maio de 2017, o Papa lembrou que "todas as aparições ou alegadas aparições pertencem à esfera privada, não fazem parte do Magistério público ordinário da Igreja". Ele também lembrou o trabalho da Comissão de Inquérito, distinguindo três aspectos. "Sobre as primeiras aparições, quando [os "videntes"] eram adolescentes, o relatório mais ou menos diz que se deve continuar a investigar. Em relação as alegadas aparições atuais, o relatório tem suas dúvidas" e "em terceiro lugar", disse ele, "o cerne verdadeiro e próprio do relatório Ruini: o fato espiritual, o fato pastoral, pessoas que vão lá e se convertem, pessoas que encontram Deus, que mudam de vida... Para isto não há uma varinha mágica, e este fato espiritual-pastoral não se pode negar".

O cuidado dos peregrinos

Portanto é forte a atenção à piedade popular muitas vezes manifestada pelo Papa. Em 2018, Francisco nomeou Dom Henryk Hoser, Arcebispo polonês, Visitador Apostólico com caráter especial para a paróquia de Medjugorje: um cargo exclusivamente pastoral, em continuidade com a missão de Enviado Especial da Santa Sé para a paróquia de Medjugorje, confiada a Dom Hoser no ano anterior e já concluída. "A missão do Visitador Apostólico - explicou a Sala de Imprensa do Vaticano - tem o objetivo de assegurar um acompanhamento estável e continuado da comunidade paroquial de Medjugorje e dos fiéis que ali vão em peregrinação, cujas necessidades requerem atenção especial".  Em 2019, em mais um sinal de atenção, o Papa Francisco decidiu autorizar peregrinações a Medjugorje, que a partir daquele momento podem ser organizadas oficialmente pelas dioceses e paróquias e não mais serão mais apenas de forma "privada, como era antes.

Oração e encontro

Sensibilidade para com os que visitam o Santuário é a mensagem que no ano passado Francisco enviou aos participantes do Festival dos Jovens, que se realiza em Medjugorje há 30 anos, no qual ele os exortou a "descobrir uma outra maneira de viver, diferente daquela oferecida pela cultura do provisório". Estar com o Senhor, diz o Papa aos jovens, é, de fato, dar sentido à vida. Outro evento recente envolve a paróquia dedicada a São Tiago, em Medjugorje: este lugar foi escolhido como uma das etapas da "maratona" do Terço de maio, como desejado pelo Papa Francisco, pelo fim da pandemia e o reinício das atividades. Um "revezamento" de oração que envolveu, em maio passado, 30 lugares marianos do mundo e foi transmitido pela mídia do Vaticano. No dia 15 de maio foi o dia em que a recitação do Terço foi realizada nesta localidade da Bósnia e Herzegovina, com intenção especial pelos migrantes.

Também se recorda que tanto a nomeação de Dom Hoser como a decisão sobre peregrinações não entram nas questões doutrinárias a respeito da autenticidade do relato dos seis visionários sobre o que aconteceu a partir de junho de 1981. O que emerge é que Medjugorje tem se tornado cada vez mais um lugar de agregação cristã: lugar de encontro, lugar onde se vive a piedade mariana e lugar, para muitos e muitos, ao longo dos anos, de retorno ao Senhor.

O suicídio

O suicídio | cefipoa

O SUICÍDIO

Dom Adelar Baruffi
Arcebispo de Cascavel (PR)

O suicídio? Sim, falarei sobre ele. Ele é escondido e pouco falado, mas quando eu li sobre isso, pela Psicóloga Clínica Letícia Goulart e, também, o Assistente Social Anderson Henrique Carboni, fiquei imaginando as reações. De fato, segundo a narrativa da Revista Nossa Senhora Aparecida (Edição n.245), o suicídio é caracterizado pela Organização Mundial da Saúde como um grave problema de saúde pública. De acordo com dados divulgados no ano de 2019 pela OMS, um óbito suicida ocorre a cada quarenta segundos, em algum lugar no mundo. Estimamos a média de um milhão de mortos autoprovocados por ano. É interessante observar que o Brasil ocupa o 8º lugar na média de suicídios por ano. O Ministério da Saúde divulgou que são registrados onze mil casos por ano, equivalente a trinta e uma mortes por dia e a 5,8% dentre cem mil habitantes. Ainda, levando-se em conta que são fatos camuflados como homicídios, mortes por overdoses, acidentes, somadas a muitas outras. Mesmo dentro desta sociedade o suicídio ainda é percebido como um grande tabu dentro da realidade social! Com certeza temos muito a fazer, sobretudo com os adolescentes e jovens, sobretudo estes, que têm tempo para definir bem, ainda, a sua vida. Adolescentes e jovens, porque estes precisam mais, no momento. Temos muito que fazer!

Ações educativas, no âmbito da prevenção. É mais fácil prevenir, sempre. Trata-se de levar debates e fomentar debates sobre profissionais de saúde e pacientes. Ainda, no plano prático, ver logo ações para auxiliar os que se encontram em sofrimento psíquico. Há os que aparentam estar em depressão, mas não estão na verdade. Há, também, os que apresentam ser difícil viver assim, mas, no entanto, vão em frente. Buscam soluções, procuram medicação, conversam sobre isto, põe a questão para ser conversada.

A depressão, segundo a Revista Nossa Senhora Aparecida, é um distúrbio cerebral que se caracteriza pela falta de regulamentação conjunta de áreas relacionadas ao humor, energia, prazer, funções ambientais e cognitivas. Estas últimas são a libido, o sono, a fome e a dor, no primeiro caso. No segundo caso, são pensamento, memória e atenção. A existência desses fenômenos potencializa pensamentos de morte e suicídio no individuo, sendo a depressão a segunda maior causa de incapacidade no mundo de acordo com a OMS – Organização Mundial da Saúde.

Recordo, sobretudo, as situações que são “mitos” sobre o suicídio. Atenção para quando ainda estão na situação de “alto risco”, com necessidade de ajuda. Ninguém que tenha procurado ajuda, saiu falso. Sim, quem procura ajuda é porque tem atenção e procurará resolver as situações que estão aí presentes.

Recordemos que Jesus Cristo veio nos trazer vida e vida plena. “Eu vim para que todos tenham VIDA e vida em abundância” (Jo 10,10).

quinta-feira, 13 de outubro de 2022

28 imagens sacras foram quebradas em paróquia no sul do Brasil

Diocese de União da Vitória
Entre as imagens quebradas estava uma estátua centenária de Nossa Senhora das Graças
Por Ricardo Sanches

Confira tudo o que já se sabe sobre o ato de profanação que deixou católicos de várias partes do mundo consternados.

Os católicos do Brasil – e por que não dizer do mundo – ainda estão consternados com um fato que aconteceu na Igreja Matriz de São Mateus, em São Mateus do Sul, PR, onde 28 imagens sacras foram quebradas.

De acordo com o Pe. Diego Ronaldo Nakalski, por volta do meio-dia da segunda-feira, 10 de outubro, alguém entrou na igreja e fechou a porta principal, que sempre fica aberta para as pessoas poderem entrar no templo e rezar.

“Escutamos um certo barulho e logo alguém correu nos informar do acontecido”, afirmou o padre.

28 imagens quebradas

Ao todo, a pessoa que entrou na igreja quebrou 28 imagens, “incluindo as imagens da sala dos santos, do batistério, a imagem do Sagrado Coração de Jesus e da Padroeira, Nossa Senhora da Assunção. Graças a Deus o Sacrário onde fica Jesus Eucarístico não foi violado e também não foram danificadas as imagens dos anjos”, afirmou o vigário paroquial.

Entre as estátuas quebradas, estava uma imagem centenária de Nossa Senhora das Graças que acompanha a comunidade desde a época da fundação da cidade.

Por meio das redes sociais, católicos de várias partes do mundo se mostraram indignados com a profanação das imagens sacras. A comunidade de São Mateus do Sul recebeu milhares de mensagens de solidariedade.

Suspeito preso

A polícia prendeu um homem de 35 anos suspeito de invadir a igreja e quebrar as imagens.

O homem foi detido em outro ponto da cidade, após furtar um celular. Segundo os policiais, no momento da prisão, testemunhas o reconheceram como o autor do ato ocorrido na paróquia de São Mateus. Ainda de acordo com a PM, o suspeito apresentava estar sob efeito de drogas quando foi preso.

Para a polícia, a ação foi um ato de vandalismo e não teria motivação religiosa. O homem responderá a processo por destruir objetos de devoção.

Nota da Diocese pela profanação causada à Igreja Matriz São Mateus, em São Mateus do Sul - PR

ACESSE A NOTA OFICIAL  CLICK AQUI:

“Religião despreszada”

Em uma atmosfera marcada pela tristeza e consternação, centenas de fiéis participaram da missa de reparação pela profanação das imagens religiosas. Durante a celebração, o altar estava desnudo e as estátuas quebradas ainda se encontravam no chão.

O bispo diocesano de União da Vitória, Dom Walter Jorge, demonstrou profunda tristeza com o ato de vandalismo. Disse ele:

“Confesso a vocês que é um momento bastante triste para mim. Que bom que temos a água benta, que jorra do lado aberto de Cristo para nos purificar. Aspergimos aqui o altar e as paredes desta igreja porque o Templo foi violado, foi maculado. A religião que nos liga com Deus foi desprezada.”

Dom Walter Jorge também exortou os fiéis a rezarem pelo suspeito de ter quebrado as 28 imagens sacras da igreja:

“Não queremos julgar, nem condenar as pessoas, mas queremos ver os sinais de Deus em todas as coisas. Esta casa de Deus foi violada. A dor da Igreja, que somos nós, é grande, mas muito maior é a nossa fé na reparação que o amor pode alcançar de Deus. Nós viemos aqui pedir a Deus que perdoe quem fez, que nos ajude a sermos a Igreja que Ele deseja que somos. Hoje nós nos unimos a esta pessoa porque a humanidade é uma só. Quando um membro da humanidade sobe pela bondade e pelo amor, toda humanidade sobe junto com ele, mas quando alguém da humanidade desce, a humanidade inteira desce junto, porque por detrás está o mal, o pecado, que todos nós, em algum momento consentimos”. 

As imagens passarão por um estudo para verificar a possibilidade de restauração.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF