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domingo, 16 de outubro de 2022

O perigo das seitas

Editora Cléofas

O perigo das seitas

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Uma seita (vem de sectário) é uma dissidência ou um grupo fechado que julga estar o mundo corrupto, e pretende ter a verdade como patrimônio seu e solução para todos os problemas da humanidade. Os membros das seitas são geralmente submetidos a um regime autoritário, imposto por um líder “iluminado”, que lhes dificulta o senso crítico. A multiplicação de seitas em nossos dias se explica, em grande parte, por duas causas:

1. o individualismo subjetivista e relativista da mentalidade moderna a partir de Martinho Lutero (século XVI);

2. a insegurança do homem contemporâneo, que sente angústia diante da crise da sociedade e se dá por feliz, quando alguém, em nome de um poder superior, o acolhe e lhe propõe certezas e garantias (ainda que fantasiosamente fundamentadas).

Além disto, parece haver interesses políticos estrangeiros a fomentar o avanço das seitas (PR n. 417, 1997, p. 56). O Documento de Santo Domingo (CELAM,12/10/1992) se expressou sobre o perigo atual das seitas:

“O problema das seitas adquiriu proporções dramáticas e chega a ser verdadeiramente preocupante sobretudo pelo crescente proselitismo” (n.139).

“As seitas fundamentalistas são grupos religiosos que insistem que somente a fé em Jesus Cristo salva e que a única base da fé é a Sagrada Escritura, interpretada de modo pessoal e fundamentalista, com exclusão da Igreja, portanto, e insistência na iminência do fim do mundo e juízo próximo.

Caracterizam-se por seu afã proselitista mediante insistentes visitas domiciliares, grande difusão de bíblias, revistas e livros; a presença e a ajuda oportunista em momentos críticos da vida das pessoas ou das famílias e uma grande capacidade técnica no uso dos meios de comunicação social. Contam com uma poderosa ajuda financeira proveniente do estrangeiro e do dízimo obrigatoriamente pago por todos os adeptos. Distinguem-se por um moralismo rigoroso, por reuniões de oração com um culto participativo e emotivo, baseado na Bíblia, e por sua agressividade contra a Igreja, valendo-se frequentemente da calúnia e do suborno. Ainda que o seu compromisso com o social seja débil, orientam-se para a participação política em vista à tomada do poder.

A presença dessas seitas religiosas fundamentalistas na América Latina aumentou de maneira extraordinária de Puebla até os nossos dias” (n. 140).

Cabe distinguir várias correntes ou tipos de fenômeno:

a) Formas paracristãs ou semicristãs, como Testemunhas de Jeová e Mórmons. Cada um destes movimentos tem suas características, mas em comum manifestam um proselitismo, um milenarismo e traços organizativos empresariais;

b) Formas esotéricas que buscam uma iluminação especial e compartilham conhecimentos secretos e um ocultismo religioso. Tal é o caso de correntes espíritas, rosa-cruz, gnósticos, teósofos, etc.

c) Filosofias e cultos com facetas orientais, mas que rapidamente estão adequando-se ao nosso continente, tais como Hare Krishna, a Luz Divina, Ananda Marga e outros, que trazem um misticismo e uma experiência de comunhão;

d) Grupos derivados das grandes religiões asiáticas, quer seja do budismo (seicho no iê, etc.) do hinduísmo (yoga, etc.) ou do islã (baha’i) que não só atingem migrantes da Ásia, mas também plantam raízes em setores de nossa sociedade;

e) Empresas sociorreligiosas, como a seita Moon ou a Nova Acrópolis, que têm objetivos ideológicos e políticos bem precisos, junto com suas expressões religiosas, levadas a cabo mediante meios de comunicação e campanhas proselitistas, que contam com apoio ou inspiração do Primeiro Mundo, e que religiosamente insistem na conversão imediata e na cura, é onde estão as chamadas “igrejas eletrônicas”;

f) Uma multidão de centros de “cura divina” ou atendimento aos mal-estares espirituais e físicos de gente com problemas e de pobres. Esses cultos terapêuticos atendem individualmente a seus clientes.

Diante da multiplicidade de novos movimentos religiosos, com expressões muito diversas entre si, queremos centrar nossa atenção sobre as causas de seu crescimento e os desafios pastorais que levantam.

São muitas e variadas as causas que explicam o interesse que despertam em alguns. Entre elas se devem assinalar:

a) A permanente e progressiva crise social que suscita certa angústia coletiva, a perda de identidade e o desenraizamento das pessoas.

b) A capacidade destes movimentos para adaptar-se às circunstâncias sociais e para satisfazer, momentaneamente, algumas necessidades da população. Em tudo isto não deixa de ter certa presença a curiosidade pelo inédito.

c) O distanciamento da Igreja de setores – populares ou abastados – que buscam novos canais de expressão religiosa, nos quais não se deve descartar uma evasão dos compromissos da fé. Sua habilidade para oferecer aparente solução aos desejos de “cura” por parte dos atribulados.

Nosso maior desafio está em avaliar a ação evangelizadora da Igreja e em determinar desse modo a quais ambientes humanos chega ou não essa ação.

a) Como dar uma resposta adequada às perguntas que as pessoas se fazem sobre o sentido de sua vida, sobre o sentido da relação com Deus, em meio à permanente e progressiva crise social.

b) Adquirir um maior conhecimento das identidades e culturas dos nossos povos. (n.141).

Falando a um grupo de bispos do Brasil, em visita “ad limina apostolorum”, em 05/9/1995, em Roma, o Papa João Paulo II destacou o desafio que as seitas significam hoje para a Igreja na América Latina.

Referindo-se às seitas, o papa disse que na América Latina deparamo-nos “com o grave problema das seitas, que se expandem, como uma mancha de óleo, ameaçando fazer ruir a estrutura de fé de tantas nações (…)”.

A América Latina é maciçamente católica, graças a Deus, em vista da nossa colonização levada a efeito por Portugal e Espanha, dirigidos na época por reis católicos. É o maior continente católico do mundo. Cerca de 80% dos latino-americanos são católicos; na Europa 60%, na Oceania 25%, na África 15% e na Ásia apenas 5%.

Mas esta feliz hegemonia católica, agora, segundo o Papa, está sendo ameaçada pelas seitas. Ele reafirmou o que já tinha dito na Carta encíclica Redemptoris missio:

“Certamente a expansão das seitas constitui uma ameaça para a Igreja Católica (…)” (RM,50).

O Papa disse que na Conferência de Santo Domingo (outubro de 1992), ficou claro para os bispos o seu perigo:

“O Documento final descreveu com clareza e precisão essas seitas e movimentos, mostrou suas características e modos de atuar, deixou claro os interesses políticos e econômicos envolvidos na sua expansão em todo o Continente (…)” (Conclusões do IV CELAM, nn.139-152).

Vemos, portanto, que há claros interesses políticos e econômicos envolvidos, cujo objetivo é quebrar a hegemonia católica da América Latina, e transformá-la, como dizem, no maior Continente “ex-católico” do mundo.

O CELAM (Conferência do Episcopado Latino-Americano) apresentou, em 1990, um documento elaborado pelos protestantes, que mostra as estratégias para tornar o mundo inteiro protestante. É o projeto Amanhecer, sagaz e inteligente, com 48 páginas, publicado por Jim Montgomery, gerente-editor de Global Church Groth Bulletin e diretor da Overseas Crusades, com sede na Califórnia. O Amanhecer traz o subtítulo “Estratégias Evangélicas para a Tomada Missionária do Mundo e da América Latina”. Na época, o CELAM alertou os bispos dizendo:

“É necessário que tomemos consciência da existência de uma estratégia evangélica bem arquitetada para a tomada missionária da América Latina, país por país (…). O que importa unicamente, é crescer em número de fiéis e templos” (Revista Pergunte e Responderemos, n. 333, 1990, pp.78-87).

Portanto, o Papa não estava exagerando quando falou em “ameaça para a Igreja Católica”.

Falando aos nossos bispos em Roma, ele apontou os pontos principais do ataque à fé católica:

“É notória a intenção, por vezes virulenta, destas seitas de minar as bases da fé do povo, de modo especial no que diz respeito ao culto do Mistério Eucarístico e da Santíssima Virgem, à estrutura hierárquica da Igreja e ao primado de Pedro, que perdura no pastoreio universal do bispo de Roma, e às expressões da piedade popular”.

É notório que o Papa estava se referindo também às seitas protestantes que se multiplicam a cada dia. E ele questionou os bispos sobre as razões do crescimento delas:

“A difusão das seitas não nos interroga se tem sido manifestado suficientemente o senso do sagrado?”.

O que o santo padre quis dizer com esta pergunta? Será que os fiéis católicos, não têm ido para as seitas, porque falta mais espiritualidade em nossas igrejas? Falta o senso do sagrado, que o povo tanto preza. Por faltar este “sagrado” em nossas igrejas, o povo foi buscá-lo nos templos protestantes.

Sabemos que durante muitos anos, a Igreja no Brasil e na América, por causa da perigosa “teologia da libertação”, de cunho marxista, dirigiu-se muito mais ao social, desprezando o espiritual e deixando o povo à mingua da catequese. Agora paga um alto preço. O povo não conhece a fé católica e é enganado facilmente pelos falsos profetas.

O Papa também falou sobre isso aos nossos bispos:

“Ele [o povo católico] quer ver a Igreja com as suas características religiosas, (…) que despertam a piedade e levam à oração, ao recolhimento e à contemplação do mistério de Deus (…)”.

“Ele quer sentir nas músicas de vossas Igrejas o apelo ao louvor de Deus, à ação de graças, à prece humilde e confiante e se sente desconfortável quando esses cantos em sua letra envolvem uma mensagem política ou puramente terrena, e em sua expressão musical não apresentam a característica de música religiosa, mas são marcadamente profanos no ritmo, na linha melódica e nos instrumentos musicais de acompanhamento”.

“O ministério da Palavra (…) contenha sempre, do início ao fim, uma mensagem espiritual. É certo que muita gente não possui o suficiente para acalmar a própria fome, mas, ordinariamente, o povo tem mais fome de Deus do que do pão material, pois entende que “não só de pão vive o homem, mas de toda palavra que sai da boca de Deus” (Mt 4,4). Ver a Igreja como Igreja, e não simples promotora da reforma social”.

Nesta mesma linha, ele falou aos padres:

“Vosso povo, caríssimos irmãos no episcopado, quer ver os padres como verdadeiros Ministros de Deus, inclusive na sua veste e no seu modo externo de proceder. O que os homens querem, o que esperam, é que o sacerdote com o seu testemunho de vida e com sua palavra, lhes fale de Deus”.

Para enfrentar o “desafio” das seitas e do secularismo, o Papa propôs, então, a Nova Evangelização:

“A evangelização a que a Igreja está sendo chamada neste final de milênio deve ser, como tantas vezes tenho repetido, nova em seu ardor, seus métodos e sua expressão”.

“Não estaria havendo uma certa acomodação deixando de ir em busca das ovelhas que estão afastadas? Ao contrário da parábola evangélica, não é uma e outra que está tresmalhada, mas é uma parte do rebanho”.

E o Papa dá o remédio para a Igreja ir buscar a “parte do rebanho” que foi embora para as seitas:

“Isso mostra, caríssimos irmãos, que não basta chamar, convocar e esperar que as pessoas venham. Como diz outro lema da ação pastoral de uma das vossas Dioceses, deveis ser ‘uma Igreja que vai ao encontro do Povo!’. Deveis ser uma igreja que procure as pessoas, que as convide não somente no chamado geral dos meios de comunicação, mas no convite pessoal, de casa em casa, de rua em rua, num trabalho permanente, respeitoso, mas sempre presente em todos os lugares e ambientes”.

Mas há também entre nós muitas seitas de origem oriental ou influenciadas pela Nova Era. Elas crescem, visivelmente, em cima da ignorância religiosa do nosso bom povo católico, facilmente influenciável por novos ventos de doutrina.

Muitas razões facilitam o crescimento das seitas, especialmente os que gostaria de expor:

1. O relativismo religioso – que se vive hoje, onde as pessoas, por falta de formação catequética, pensam que podem viver a fé e a moral “a seu modo”, sem precisar do ensinamento da Igreja;

2. A difícil situação do mundo atual – leva as pessoas a buscarem desesperadamente a solução dos seus problemas no campo sobrenatural; o povo é levado a buscar a fé, mas, muitas vezes em caminhos errados.

3. Secularismo – em poucas palavras pode ser expresso no que dizia Leão XIII: “Deus foi expulso da vida pública”. Com isto o paganismo retorna à sociedade, e esta precisa ser recristianizada.

4. Materialismo reducionista – para muitos hoje o que interessa é apenas ganhar o pão, e vive-se, como disse o Papa João Paulo II, “como se Deus não existisse”.

5. Destruição das famílias – que sempre foi o natural e primeiro berço da fé católica. Os pais já não ensinam os filhos a rezar e não lhes ensinam a doutrina católica.

6. Exigências morais do catolicismo – muitos preferem seguir as seitas porque elas apresentam uma moral cômoda, não exigente quanto a da Igreja, especialmente no que se refere ao casamento, separação, divórcio, limitação da natalidade, etc.

7. Esvaziamento político da fé – a politização da fé, especialmente por parte da teologia da libertação, deixou o povo à mingua da catequese e dos valores espirituais: oração, adoração do Santíssimo, sacramentos, terço, etc. Sem o saudável misticismo o povo foi buscar Deus nas seitas.

Além dessas causas, nota-se que há alguns fatores que dão origem às seitas, por parte do seu fundador. Muitas vezes são pessoas que se julgam “iluminadas”; movidas por um fundamentalismo bíblico que despreza a correta exegese (entendimento da Bíblia) e hermenêutica (interpretação da Bíblia); um certo messianismo (mania de salvador do mundo); autoritarismo, exibicionismo; forte emotividade e, às vezes, até chantagismo.

Em seguida, vamos apresentar de modo resumido as religiões e igrejas cristãs e não cristãs, seitas orientais e muitas outras crenças, superstições, etc., que não se coadunam com a fé católica. Nosso objetivo não é desrespeitar a fé e a liberdade religiosa das pessoas, mas apenas informar aqueles que são católicos para que vivam coerentemente a sua fé. Usamos como fonte de consulta o vasto material que Dom Estêvão Bettencourt, osb, publicou na revista Pergunte e Responderemos, ao longo de muitos anos, o qual sou muito agradecido por me autorizar a usar livremente os seus escritos.

Retirado do livro: “Falsas Doutrinas – Seitas e Religiões”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

A sã laicidade e a defesa dos valores cristãos

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Por Francisco Borba Ribeiro Neto

O primeiro e maior valor do cristianismo não é uma ideia santa ou um comportamento virtuoso, mas algo muito mais importante.

Frequentemente ouvimos falar duma “sã laicidade” que se contrapõem ao “laicismo militante”. Por laicidade, entendemos a independência e autonomia da comunidade religiosa em relação à política e vice-versa. Já há muito, a Igreja reconhece que a vida política das nações é uma responsabilidade dos leigos de cada país – e que a instituição religiosa deve manter um adequado distanciamento das decisões políticas e partidárias (cf. Gaudium et spes, GS 76). De igual modo, não cabe ao Estado interferir nas crenças religiosas dos cidadãos ou querer administrar os princípios da fé, constituindo “religiões estatais”.

Contudo, a fé inspira valores morais, ideais de convivência mútua e construção do bem comum que podem e devem orientar os fiéis em suas escolhas e trabalhos políticos. Note-se que essa é uma prerrogativa de todas as religiões, não só das cristãs. Podemos questionar alguns princípios dessa ou daquela crença, lembrar que, nesse caminho de construção social, a fé e a razão devem andar juntas, mostrar que não se pode admitir a violência e a prepotência de uma religião sobre as demais. Contudo, em linhas gerais e como princípio, todas as religiões têm igual direito de iluminar a vida pública de seus crentes.

A fé questionada

O laicismo é justamente a negação desse direito da experiência religiosa de ter voz na vida pública. Nas democracias modernas, não implica em perseguição física às pessoas religiosas, mas num processo de cancelamento cultural, que lhes nega o direito de expressar seus valores e princípios, censurados em função da imagem preconceituosa de que se tratam de ideias irracionais, fundamentalistas e autoritárias.

É inegável que a modernidade iluminista é marcadamente laicista. Grande parte dos pensadores e líderes modernos acreditam que a razão irá demonstrar que Deus não existe ou, se existe, não incide na vida das pessoas e sociedades. Sendo assim, qualquer pretensão religiosa seria um mero engano a ser superado. Outros, mais condescendentes, até aceitam o direito da religião influenciar na vida privada de cada um (aquilo que “se faz entre quatro paredes”, sem necessidade de prestar contas aos demais), porém nunca na vida pública.

Os tempos atuais vieram mostrar o quanto essa postura laicista é ilusória e prepotente. Movimentos de caráter religioso são cada vez mais presentes tanto na vida política das nações quanto nas relações internacionais. O ser humano tem necessidade de um sentido para a vida, de um grande amor capaz de acolhê-lo em suas dores e em suas alegrias – e essa experiência é essencialmente religiosa. A mentalidade laicista não conseguiu eliminar as religiões do convívio social, mas teve um efeito exatamente contrário: gerou uma confessionalidade cada vez mais ressentida e aguerrida, que tem dificuldade em dialogar com os proponentes de um progressismo que parece desprezá-la e não reconhecer os seus valores.

A religião partidarizada

As grandes correntes ideológicas rapidamente se apoderaram desse conflito. A direita se apresentou como defensora dos valores religiosos tradicionais, enquanto a esquerda se afirmou do lado do laicismo ou – pelo menos – de uma religiosidade mais laicizada, menos determinante na vida social. Com isso, o segundo turno das eleições de 2022 para presidente algumas vezes parece uma guerra religiosa, onde institutos de pesquisa e analistas políticos tentam entender e descrever um “Brasil profundo”, que lhes parece tão misterioso e desconhecido como as fossas marinhas abissais, ainda que esteja à vista o tempo todo.

O passado não volta, como querem supor alguns, mas a história política, nas democracias, oscila: os grupos políticos se desgastam no poder, tendendo a ser substituídos por grupos antagônicos, que também irão se desgastar e ser substituídos pelo anterior ou algum outro semelhante. De oscilação em oscilação, o mundo vai mudando inexoravelmente, mesmo que de forma mais lenta do que imaginávamos ou indo por um caminho que não era projetado por ninguém.

Os excessos do laicismo, ao invés de enfraquecer, evidenciam a veracidade dos valores religiosos. Já a prepotência religiosa fortalece as demandas laicistas e obscurece a própria transmissão da fé. Novos modos de se relacionar com a Verdade, novas explicações e condutas que explicitam os valores que vêm da religião são inevitáveis – mesmo que a Verdade e os valores mais profundos e caros à natureza humana sejam perenes. Nosso problema é como defender esses princípios, adaptando-os aos novos contextos? Como não transformar a defesa da fé num embate político-ideológico, onde seremos fatalmente carregados pelas ideologias e nos tornaremos, com a melhor das intenções, adoradores de bezerros de ouro?

O testemunho, não o poder

Ao longo dos séculos, o povo cristão aprendeu que a transmissão de uma fé que realmente ilumina e orienta toda vida, que torna o ser humano mais feliz e realizado, não acontece por imposição. As pessoas podem até se curvar às normas ditadas pelo poder, mas o protesto e a ânsia por autonomia permanecem em seus corações, esperando apenas uma ocasião adequada para se manifestar. Em sociedades tradicionais, muito uniformes, a revolta contra o pensamento hegemônico pode não se manifestar, mas em sociedades naturalmente plurais como a nossa, toda hegemonia tende a ser questionada. Um laicismo hegemônico é questionado por aqueles que percebem a força da religião e de seus valores. Uma religiosidade hegemônica será questionada por aqueles muitos que não perceberão mais como os valores que vêm da fé os ajudarão a serem mais felizes.

Numa democracia, permanecem os valores que se consolidam por convencimento e não por imposição. Quem tenta nos impor alguma coisa, está selando sua própria queda a médio e longo prazo. Mas nós também estamos condenando o futuro de nossas crenças se imaginamos que podemos impô-las ou impor seu respeito aos demais. O cristianismo, como toda religião sincera, convence pelo fascínio provocado por uma vida transformada pelo encontro com Cristo, não por argumentos racionais ou normas morais.

Na verdade, condenamos o cristianismo justamente quando imaginamos que o poder político pode salvá-lo ou mesmo eliminá-lo – e o fortalecemos quando o propomos e defendemos a partir de um testemunho de amor e de beleza nascido da nossa experiência pessoal.

Tanto Bento XVI quanto Francisco fizeram questão de afirmar que “ao início do ser cristão, não há uma decisão ética ou uma grande ideia, mas o encontro com um acontecimento, com uma Pessoa que dá à vida um novo horizonte e, desta forma, o rumo decisivo” (Deus caritas est, DCE 1). O primeiro e maior valor do cristianismo não é uma ideia santa ou um comportamento virtuoso, mas a própria convivência com a pessoa de Cristo. Tudo o mais vem em acréscimo. O testemunho desse encontro é a verdadeira defesa da fé numa sociedade laicista.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa: a oração é o remédio da fé, o reconstituinte da alma

Papa Francisco | Vatican News

No Angelus deste domingo (16/10) Francisco sugeriu a "oração constante" para manter a fé: "Pode vir em nosso auxílio, uma prática espiritual sábia, mesmo que hoje seja um pouco esquecida, que nossos idosos conhecem bem: as chamadas orações jaculatórias".

Jane Nogara - Vatican News

Na oração do Angelus deste domingo (16/10), o Papa Francisco iniciou recordando uma preocupação de Jesus: "Mas quando o Filho do Homem voltar, encontrará a fé sobre a terra?” (Lc 18,8). Francisco disse que é uma pergunta séria. “Imaginemos que o Senhor venha hoje à Terra. Ele veria, infelizmente, tantas guerras, pobreza e desigualdades”. Mas principalmente perguntou o Papa: “o que ele encontraria em mim, na minha vida, no meu coração? Que prioridades veria?”

Oração constante

O Papa destacou que é importante não negligenciarmos o que mais importa deixando que nosso amor por Deus se esfrie pouco a pouco. E sugeriu:

“Hoje Jesus nos oferece o remédio para aquecer uma fé ressequida. E qual é? A oração. Sim, a oração é o remédio da fé, o reconstituinte da alma. Porém, deve ser uma oração constante.”

Em seguida disse que a constância significa “nutrir” todos os dias como uma planta, senão a nossa fé pode “entrar em letargo” e secará. E fazendo analogia com a planta disse ainda para dedicarmos tempo a Deus, com orações. Assim Ele pode entrar em nosso tempo; precisamos de momentos constantes nos quais lhe abrimos nossos corações, para que Ele possa derramar sobre nós todos os dias amor, paz, alegria, força, esperança; isto é, nutrir a nossa fé. Então o Papa ponderou, que alguns poderiam objetar: "Como eu faço? Não vivo em um convento, não tenho muito tempo para rezar".

Orações Jaculatórias

“Pode vir em nosso auxílio, uma prática espiritual sábia, mesmo que hoje seja um pouco esquecida, que nossos idosos, especialmente as avós, conhecem bem: a das chamadas orações jaculatórias. O nome é um pouco ultrapassado, mas a substância é boa.”

E Francisco explicou que “são orações muito curtas, fáceis de memorizar, que podemos repetir com frequência durante o dia, no decorrer das várias atividades, para ficar "em sintonia" com o Senhor. Dando em seguida alguns exemplos: “Assim que acordamos, podemos dizer: ‘Senhor, eu te agradeço e te ofereço este dia’; depois, antes de uma atividade, podemos repetir: ‘Vem, Espírito Santo’; e entre uma coisa e outra, podemos rezar assim: ‘Jesus, eu confio em ti e te amo’. Com quanta frequência enviamos ‘pequenas mensagens’ às pessoas que amamos! Façamos isso também com o Senhor, para que os nossos corações permaneçam conectados a Ele”.

E concluindo disse ainda “Não nos esqueçamos de ler Suas respostas. P Senhor responde sempre. Onde podemos encontrá-las? No Evangelho, que deve estar sempre à mão para ser aberto todos os dias, para receber uma Palavra de vida dirigida a nós”. Por fim disse ainda: "E voltemos ao conselho que já dei muitas vezes: tenham sempre um pequeno Evangelho de bolso consigo, em sua bolsa, e assim, quando tiver um minuto, abra-o e leia algo, e o Senhor lhe responderá".

São Geraldo Majela

S. Geraldo Mejella | arquidiocesebh
16 de outubro
São Geraldo Majela

São Gerardo Magela nasceu na cidade de Muro Lucano, sul da Itália, em 23 de abril de 1726. Era filho de Benedetta. Seu pai era alfaiate. Este faleceu quando Geraldo estava com apenas 14 anos. Por causa disso, sua família começou a passar por dificuldades extremas, caindo na pobreza. Para ajudar a família, ele começou a trabalhar numa alfaiataria. Porém, não era bem tratado pelo seu patrão. Depois de quatro anos trabalhando nessa situação, foi trabalhar para o bispo de Lacedônia e lá ficou durante três anos, até a morte do bispo.

Juventude de São Gerardo Magela

Em 1745, aos 19 anos, voltou para Muro e montou sua própria alfaiataria. O negócio prosperou, mas o que ele ganhava era dado para os pobres. Guardava o que era necessário para sua mãe e suas irmãs e dava o resto aos pobres ou encomendando missas em sufrágio das almas do purgatório. Desde muito jovem, ele se esforçou para entrar na Ordem dos Capuchinhos. Porém, não foi aceito devido sua fraca saúde. Foi aceito, porém, na Congregação do Santíssimo Redentor, ou Redentoristas. Lá, foi sacristão, alfaiate, jardineiro, enfermeiro e porteiro.

Vítima de falsa acusação

Em 1754 São Geraldo foi falsamente acusado de ter engravidado uma mulher que se chamava NériaCaggiano. Geraldo, porém, fez apenas uma oração e Néria se arrependeu. Então, ela se retratou e inocentou Geraldo. Foi por isso que o povo começou a associar de São Geraldo Magela à proteção das mulheres grávidas.

São Gerardo Magela e seus dons

São Geraldo também tinha o dom da bilocação, ou seja, pelo poder de Deus, tinha a capacidade de estar presente em dois lugares ao mesmo tempo. Ele ficou conhecido por causa dos seus dons supernaturais como profecias, visões e êxtases, quando, nesses momentos, podia-se ver seu corpo erguer-se do chão. Ele também tinha notável conhecimento e aprendia com facilidade. Embora não fosse padre, seus conselhos espirituais eram procurados pelos clérigos e comunidades de religiosas nas quais ele dava conferências. Obtinha grande sucesso em converter pecadores e ficou famoso pela sua santidade e caridade.

Ainda em vida, São Geraldo ressuscitou um garoto que tinha caído de um rochedo; abençoou a fraca provisão de trigo de uma família e ela durou até a colheita seguinte; várias vezes multiplicou o pão que distribuía aos pobres. Certa vez ele andou sobre as águas para levar um barco de pescadores até a segurança da praia em meio a ondas tempestuosas.

"Amar a Deus; estar unido a Deus; fazer as coisas por amor a Deus; amar aos irmãos por amor a Deus; sofrer por Deus. Minha obrigação é fazer a vontade de Deus". São Geraldo escreveu essas palavras, resumindo o seu desejo de servir a Deus e aos irmãos, a pedido do seu diretor espiritual.

Cura e libertação

São Geraldo podia ler a mente e a consciência das pessoas. Enviado a Nápoles, começou a receber muitas visitas de pessoas que desejavam vê-lo e ouvir seus conselhos. Segundo relatos, várias pessoas se converteram graças aos seus conselhos. Ele também curava doenças apenas com a sua benção e oração. Geraldo também contava às pessoas seus pecados secretos, os quais elas tinham vergonha de confessar, levando-as à penitência e ao perdão.

Devoção a São Geraldo Magela

São Geraldo Magela vivia em uma pequena cela do convento, com muita humildade. Seu último desejo foi que escrevessem uma frase na porta de sua cela, que dizia: "Aqui o desejo de Deus é feito como Deus quer, quando e enquanto quiser". Ele morreu em Caposele, na Itália, no dia 16 de outubro de 1755, vítima de uma tuberculose. Rapidamente seu túmulo se tornou local de peregrinação e vários milagres são creditados à sua intercessão. Em 29 de janeiro de 1893, ele foi beatificado pelo Papa Leão XIII. Foi canonizado no dia 11 de dezembro do ano 1904, através do Papa Pio X. Sua festa é comemoradano dia 16 de outubro.

Proteção de São Geraldo Magela

São Geraldo Magela é o padroeiro dos alfaiates, das pessoas acusadas falsamente, das grávidas, das crianças, das maternidades, das mães, das boas confissões, dos Irmãos leigos, da cidade italiana Muro Lucano, dos porteiros, do parto, dos nascituros e do movimento Pró-vida.

Oração a São Geraldo Magela

Ó São Geraldo, celestial amigo dos infelizes, ao nos lembrarmos dos grandes milagres que operastes em vida, aumentados admiravelmente após a vossa preciosa morte, quer nos parecer que eles nos clamam: Confiança! Confiança! Tenham confiança!

Bem sabemos que é grande o favor que pedimos e muito acima de nossos merecimentos. Reconhecemos até sermos mais dignos de castigos que favores; pois sem dúvida é justa a punição de nossos pecados, o bem que nos falta e as aflições e dificuldades que nos fazem suplicar. De certo, atraímos sobre nós e sobre aqueles que nos são caros a ira de Deus, transgredindo voluntariamente os preceitos divinos e permitindo que outros também o fizessem. Choramos agora todas as nossas culpas.

Pedi, ó carinhoso São Geraldo, pedi ao bom pai celeste que nos perdoe. Ainda que seja justo sermos castigados por nossos pecados, afastai de nós e de nossos queridos os flagelos da justiça divina. Alcançai-nos, pelos méritos das sublimes virtudes que vos fizeram eterno amigo de Deus, a graça que com toda confiança pedimos por esta oração. Ó São Geraldo, nosso amigo, nosso milagroso benfeitor, rogai por nós a Jesus e Maria, e seremos certamente atendidos.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

sábado, 15 de outubro de 2022

Aparecida: corações tocados por sua história

Nossa Senhora Aparacida | Jovens Conectados

Aparecida: corações tocados por sua história

Ao longo dos 300 anos de Aparecida, muitos corações foram tocados por esta história de fé e Devoção. Confira um artigo sobre a história de Nossa Senhora Aparecida, a “Mãe” do Brasil.

A narrativa de Nossa Senhora Aparecida não encanta apenas a mim e a você. Ao longo de sua história, a Virgem Aparecida chamou a atenção de inúmeros cientistas, artistas e políticos, principalmente durante o século XIX. Todos que passavam pela Igreja dedicada a Nossa Senhora Aparecida e pela Vila de Guaratinguetá admiravam-se com os relatos dos milagres, com as peregrinações realizadas pelos devotos e com a espiritualidade que envolvia toda a comunidade.

Ao longo desse texto, vamos conhecer algumas personalidades do século XIX que se encantaram com Nossa Senhora Aparecida e com a fé católica do povo brasileiro. Podemos começar com o cientista, botânico francês, Saint-Hilaire, que visitou o povoado de Guaratinguetá e escreveu sobre a movimentação em torno de Nossa Senhora Aparecida:

“A imagem que ali se venera passa por milagrosa e goza de grande reputação, não só na região como nas partes mais longínquas do Brasil. Aqui vem ter gente, dizem, de Minas Gerais e Bahia, a cumprir promessas feitas a Nossa Senhora Aparecida”. Diversos cientistas encantaram-se com a movimentação em torno de Aparecida e era comum escreverem sobre as peregrinações, relatando o comportamento dos peregrinos. Para mim, essas informações mostram como fazemos parte de uma grande tradição iniciada há muitos anos por algum grupo de pessoas. Não importa de onde você é, mas sabemos que, de cada canto do nosso país, todos os anos, sai das cidades e paróquia uma peregrinação rumo ao Santuário Nacional de Aparecida.

Outra personalidade importante que passou pela localidade foi o pintor francês Jean B. Debret, em 1827, que deixou sua passagem registrada em um quadro que retrata a cena de uma senhora rica, subindo a ladeira com uma vela na mão e, atrás, seus escravos carregando sua filha doente numa rede.

Cinco anos antes, 1822, Dom Pedro I, em viagem a São Paulo, teria passado em Guaratinguetá no dia 2 de Agosto. O Príncipe Regente visitou a Igreja dedicada à Virgem Aparecida e, no final dessa viagem, ele decidiu proclamar a independência do Brasil, no dia 7 de setembro do mesmo. Seu filho e sucessor do trono, o Imperador Dom Pedro II e a Imperatriz Teresa Cristina visitaram a capela duas vezes, em 1845 e 1865.

A Princesa Isabel e o Conde d’Eu estiveram na festa de Nossa Senhora Aparecida, no dia 8 de Dezembro de 1868. A princesa era conhecida por sua fidelidade à Igreja Católica e por sua devoção a Aparecida. Por isso, na volta de uma viagem a Minas Gerais, pararam na vila de Guaratinguetá. A viagem foi motivada pelas dificuldades de engravidar de Isabel, indo realizar um tratamento com médicos daquela região.

Durante sua estadia em Guaratinguetá, a princesa realizou a oferta de uma coroa de diamantes para a Virgem Aparecida, pedindo a intercessão da Mãe, objeto que é utilizado até hoje na imagem. E o pedido do Conde d’Eu e da Princesa Isabel foi atenciosamente entregue por Maria a Cristo: alguns anos depois, eles tiveram três filhos. É interessante destacar que a coroação de 1904, que proclama Nossa Senhora Conceição Aparecida como Rainha do Brasil, foi feita com a coroa doada pela Princesa Isabel, a qual não chegou a ocupar esse cargo.

Na década de 1890, a congregação redentorista foi designada para cuidar do Santuário de Aparecida. Um dos missionários, o alemão padre Valentim von Riedl, depois de pesquisar sobre a história da aparição de Nossa Senhora e o início da devoção, escreveu uma carta que resume, para mim, os sentimentos e o deslumbramento com a devoção à Virgem Aparecida:

“Nossa Senhora domina verdadeiramente, como Senhora, toda a região. Sua influência, porém, não se limita à região, pois seus devotos vêm de toda a parte do Brasil: do Norte, Sul, Leste e Oeste, alguns viajando meses inteiros, não achando longa demais a caminhada para poderem homenagear a Senhora, agradecer-lhe e pedir graças. No amor à Mãe de Deus, o povo brasileiro está ainda à procura de outro que o iguale. – Não é sem razão que Nossa Senhora é tão amada e invocada; esse amor e essa devoção foram a proteção contra a infidelidade e se tornaram o filão de ouro da sua perseverança na fé católica”.

Independentemente de sua origem e experiências, após o contato com Nossa Senhora Aparecida e com a devoção dos fiéis, cientistas, artistas e até governantes do país conseguiram perceber a força da fé católica no Brasil e a simplicidade da devoção mariana através das romarias. Depois de ler sobre os relatos escritos por essas personalidades, lembro sempre das vezes em que vou em peregrinação a Aparecida e vejo diversas pessoas pagando promessas, realizando pedido em frente à imagem, chegando a pé ou a cavalo após longas jornadas e que buscam consolo no colo de Maria. Vejo a expressão mais viva e verdadeira da devoção brasileira, que já eram realizados e que reproduzimos por reconhecer Nossa Senhora Aparecida como nossa grande intercessora perante Cristo.

Faço a você, neste momento, uma proposta: quando for visitar a Mãe Aparecida, repare nestes pequenos detalhes, observe o fervor da devoção de cada um que está ao seu redor, como isso nos contagia e nos impulsiona a querer estar sempre mais perto de Maria para estar cada vez mais perto de Cristo.

Se a sua história de conversão passou pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, escreva para nós contando!

Por Jessica Rabello - Historiadora e Mestranda da Universidade Federal Fluminense Arquidiocese do Rio – Vicariato Jacarepaguá – Paróquia Nossa Senhora de Fátima - artigo originalmente publicado no site Jovens Conectados.

Pensamento de São Tomás de Aquino desperta interesse global

Guadium Press
Cursos sobre o pensamento e a obra de São Tomás de Aquino em chinês revelam o interesse que a figura do doutor Angélico desperta ao redor do mundo.

Redação (14/10/2022 14:20, Gaudium Press) No passado mês de setembro, cerca de 400 estudiosos dos ensinamentos de São Tomás de Aquino se reuniram no Angelicum de Roma para um congresso.

O congresso tomista de 2022 foi o primeiro a ser realizado depois de 2003. Os participantes se congregaram para estudar e compartilhar o pensamento de São Tomás em relação a temas do mundo contemporâneo, como a inteligência artificial e a neurociência.

No final do congresso, os participantes foram recebidos pelo Papa Francisco no Vaticano. Durante o encontro com os congressistas, o Papa explicou e pediu cautela em não “instrumentalizar” o pensamento de São Tomás. O Santo Padre disse que nunca se deve usar o doutor angélico para justificar o próprio pensamento, mas expor o próprio pensamento sob a luz de São Tomás.

Um interesse mundial pelo pensamento de São Tomás

Padre Simon Francis Gaine, diretor do Angelicum Thomistic Institute, falou sobre o interesse pelo pensamento de São Tomás que se espalha por diversas regiões do mundo.

Os anos da pandemia forçaram o instituto a desenvolver ferramentas de atividades pela internet.

Isso teve um efeito positivo pois mais pessoas tiveram contato com os cursos de tomismo criados em diversos idiomas, por exemplo, em inglês, francês, espanhol e, até mesmo, em mandarim e cantonês, entre outros.

Guadium Press

Congresso ao redor do mundo

Professor de antropologia, padre Simon Gaine, afirmou que existe uma constância grande de congressos e conferências sobre São Tomás no mundo.

O interesse pela figura e pelo pensamento do Doutor Angélico se revelou, por exemplo, no curso feito em mandarim que reuniu cerca de mil pessoas durante a pandemia: “o interesse em São Tomás é um fenômeno global”, acrescentou Padre Simon Gaine.

Fé e razão

O interesse que suscita São Tomás até os dias de hoje se deve à maneira particular através da qual ele consegue unir fé e razão: “Trata-se de um dos maiores pensadores da história do cristianismo e tem um apelo permanente na forma como combina fé e razão humana”, disse padre Gaine.

Segundo padre Simon Gaine, o argumento de que a Fé e a razão não podem ser contraditórias é um dos pontos que mais atraem a atenção das pessoas.

Centros de interesse pela doutrina de São Tomás

Mesmo se as cinco vias da existência de Deus continuam sendo apreciadas, os jovens se interessam mais pela filosofia e a teologia do Aquinate e, em especial, pela relação entre “a moral e a felicidade”, explica o diretor do instituto.

Entre as atividades, ao redor do mundo, que giram em torno do Doutor Angélico estão previstas proximamente um congresso em Hong Kong e um Congresso na Nigéria, que já conta com a participação de pessoas de todo o continente. (FM)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Uma oração esquecida a São Miguel contra as agressões do mal

Eugène Delacroix | Public Domain / São Miguel combatendo Satanás
Por Philip Kosloski

Esta oração a São Miguel data do século IX e invoca a proteção do Arcanjo contra o inimigo da nossa alma.

Embora muitos estejam familiarizados com a tradicional “Oração de São Miguel” do Papa Leão XIII, esta não é a única oração da Igreja ao Santo Arcanjo.

Na Raccolta, uma coleção de orações que data do início do século XIX, está listada uma oração a São Miguel Arcanjo que tem uma longa história, mas que agora é raramente utilizada.

Tem o título “Te splendor et virtus Patris”, e embora tenha sido frequentemente musicada, o Papa Pio VII em 1817 encorajou os fiéis a “recitarem o seguinte hino [com coração contrito e devoção], com a antífona e oração, em honra de São Miguel Arcanjo; a obter para si próprios a poderosa ajuda que o seu patrocínio proporciona a todos nos assaltos do inimigo do homem, e em todas as tentações, seja em vida ou na hora da morte”.

O texto original do hino foi atribuído ao Beato Rabanus Maurus, um monge beneditino do século IX. Acredita-se também que ele seja o autor do hino Veni Creator Spiritus.

Abaixo encontra-se uma tradução do hino baseada no texto latino encontrado na Raccolta.

Ó Jesus, primavera da vida da alma,
O poder do Pai, e a glória brilhante!
A ti, com os anjos, exaltamos;
De Ti retiram a sua vida e a sua luz.

Os teus milhares de anjos estão espalhados
No céu azul;
Mas Miguel carrega o Teu temido estandarte,
E levanta a poderosa Cruz no alto.

Ele, com esse sinal, afasta os poderes rebeldes
que se firmaram com a expulsão do seu príncipe-dragão;
Expulsos das torres altas do céu
Para baixo como um relâmpago para o inferno.

Concede-nos ainda com Miguel, ó Senhor,
Contra o Príncipe do Orgulho lutar;
Que uma coroa seja também a nossa recompensa,
Perante o trono puro de luz do Cordeiro.

A Deus seja a glória do Pai,
E ao seu Filho unigénito;
O mesmo, ó Espírito Santo, a Ti,
Enquanto correm as eras eternas.

Ó Príncipe mais glorioso, Miguel Arcanjo, lembra-te de nós; aqui, e em todos os lugares, intercede por nós ao Filho de Deus Altíssimo.

Cantarei louvores a Ti, meu Deus, perante os Anjos.
Eu Te adorarei no Teu santo templo, e louvarei o Teu Nome.

Oremos.
Ó Deus, que no dispensar da Tua providência acolhe admiravelmente o ministério dos anjos e dos homens; concedei misericordiosamente que os Santos Anjos, que sempre ministram perante o Teu trono no céu, possam ser os protetores também da nossa vida na terra. Por Jesus Cristo nosso Senhor.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Devotos ofertam sete milhões de flores a Nossa Senhora do Pilar

Foto: https://www.tradicionesyfiestas.com/

Este ano, os fiéis mexicanos presentearam a imagem mariana com orquídeas, enquanto os refugiados ucranianos ofertaram flores nas cores de sua bandeira nacional.

Espanha – Zaragoza (14/10/2022 15:36, Gaudium Press) Na última quarta-feira, 12 de outubro, Festa de Nossa Senhora do Pilar, fiéis espanhóis ofereceram mais de sete milhões de flores à Mãe de Deus. De acordo com portal religioso espanhol COPE, por volta de 200 mil devotos ofertaram as flores para a imagem sagrada.

Flores ofertadas por 200 mil devotos

A imagem mariana, instalada em uma praça de Zaragoza, repousa sobre uma plataforma metálica de 15,5 metros de altura e pesando 40 toneladas. A estrutura foi adornada com flores de diferentes tonalidades e logo abaixo da imagem da Virgem com o Menino era possível ver o Manto de Nossa Senhora feito com flores vermelhas representando a Cruz de Lorena.

Este ano, os fiéis mexicanos presentearam a imagem mariana com orquídeas, enquanto os refugiados ucranianos ofertaram flores nas cores de sua bandeira nacional. Por volta do meio-dia, nove jatos da força aérea fizeram algumas passagens sobre a Basílica jogando flores sobre a imagem de Nossa Senhora.

Homenagens à Nossa Senhora do Pilar

O prefeito Jorge Azcon e vice-prefeita Sara Fernandez também se fizeram presentes para homenagear a Mãe de Deus. Assim como diversos devotos, o prefeito e a sua vice estavam vestidos com trajes tradicionais típicos da Andaluzia. Na ocasião, Azcon confiou a cidade e seus moradores ao patrocínio da Virgem do Pilar.

Após as homenagens à Nossa Senhora do Pilar, considerada a aparição mariana mais antiga registrada na história da Igreja Católica, o Núncio Apostólico Dom Bernardito Auza presidiu uma Santa Missa Solene na Basílica-Catedral, que contou com a concelebração de 40 sacerdotes. Durante sua homilia transmitiu as saudações e bênçãos do Papa aos fiéis espanhóis. (EPC)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Santa Teresa D'Ávila

Santa Teresa D'Ávila | Vatican News
15 de outubro

Santa Teresa de Ávila

Santa Tereza de Ávila –  Tereza de Jesus, Doutora da Igreja, reformadora do Carmelo.

Infância e estudos

Tereza de Cepeda e Ahumada, nasceu em Ávila, Espanha, no ano de 1515. Filha de Alonso Sanches de Cepeda e Beatriz Dávila e Ahumada. Teve educação esmerada e muito cuidada pelos pais. Gostava de ler histórias de santos, chegando a fugir de casa com seu irmão para dar a vida por Cristo tentando evangelizar os mouros.

Sua mãe faleceu quando Tereza tinha 14 anos. Então, seu pai a levou para estudar no Convento das Agostinianas de Ávila. Quando leu as "Cartas" de São Jerônimo, disse  a seu pai que iria se tornar religiosa. Seu pai não queria, mas com 20 anos ela "fugiu" para o Convento Carmelita de Encarnacíon, em Ávila.

Vida religiosa

Viveu no Convento da Encarnação, ficando muito doente por 3 anos, seu pai a tirou do convento para ser tratada.

 Praticando a oração mental seguida pelo livro, "O terceiro alfabeto espiritual", do padre Francisco de Osuna, recuperou sua saúde e retornou ao Carmelo.

Com muita amabilidade e caridade, conquistava a todos conversando no locutório do Carmelo.

Após 25 anos no Carmelo pede permissão ao provincial, padre Gregório Fernandez para fundar novas casas, com uma vida mais austera e com menos irmãs, visto que onde ela morava haviam mais de 200 freiras.

Apesar da maioria ter ido contra, Santa Tereza continuou com sua missão fundando várias casas, com o apoio de 2 frades carmelitas, o superior Antonio de Jesus de Heredia, e Juan de Yepes, (São João da Cruz).

Conseguiu depois de muita luta,  a autorização de Roma para separar a ordem das carmelitas descalças, (por usarem roupas rasgadas e sandálias ao invés de sapatos e hábitos), das carmelitas calçadas, ordem a que pertenciam.

Deixou para São João da Cruz a missão de continuar fundando novos conventos, escrevendo também a pedido de Santa Tereza, as regras para os mosteiros masculinos.

Legado para a humanidade

Realizou uma grande reforma na Ordem das Carmelitas Descalças.

Fundou vários conventos, (32 mosteiros, 17 femininos e 15 masculinos), com uma rígida forma de vida, trabalho e silêncio.

Santa Tereza foi considerada muito inteligente, e deixou vária obras escritas, como o Livro da Vida, o Caminho da Perfeição, Moradas e Fundações entre outros.

Com uma forte doutrina que dirige a alma até uma espiritualidade com Deus, no centro do Castelo Interior, com base na espiritualidade carmelita, que são os quatro degraus da  oração: o recolhimento, a quietação, a união e o arrebatamento.

Um anjo transpassou seu coração com uma seta de fogo, fato este que é comemorado pelo Carmelo com a festa da Transverberação do coração de Santa Tereza, no dia 27 de agosto.

Tinha o dom de predizer o futuro e de ler as consciências das pessoas.

Falecimento

Oito anos antes de morrer, foi lhe revelado a hora de sua morte, aumentando mais ainda o seu amor a Deus e as orações.

Santa Tereza morreu no dia 4 de outubro de 1582, com 67 anos.

Depois de uma viagem para encontrar com a Duqueza  Maria Henriques, ficou por 3 dias de cama pois estava bem debilitada, e disse a Beata Ana de São Bartolomeu : "Finalmente, minha filha, chegou a hora da minha morte." E na hora de sua morte ela disse: "Oh, senhor, por fim chegou a hora de nos vermos face a face."

Foi sepultada em Alba de Tormes, onde estão suas relíquias.

Depois de sua morte e até os dias de hoje, seu corpo exala um perfume de rosas, e se conserva intacto,(incorruptível).

Seu coração conservado em um relicário, em Alba, na igreja das Carmelitas, tem uma profunda ferida, de quando foi marcado pelo anjo.

Canonização

Santa Tereza foi canonizada  no dia 27 de setembro de 1970, pelo Papa Paulo Vl, que lhe conferiu o título de Doutora da Igreja, e sua festa é comemorada no dia 15 de outubro.

Oração

"Nada te perturbe, nada te amedronte, tudo passa, a paciência tudo alcança.

A quem tem Deus nada falta. Só Deus basta."

Ó Santa Tereza de Jesus, vós sóis a mestra da genuína oração e nos ensinais a rezar conversando com Deus, Pai Filho e Espírito Santo.

Ó Santa Tereza, ajudai-nos a rezar com fé e confiança, sem nunca duvidar da bondade divina.

Ajudai-nos a rezar com inteira conformidade de vossa vontade com a vontade de Deus, com insistente perseverança até alcançarmos aquilo que necessitamos.

Ó Santa Tereza, fazei-nos fiéis a nossa oração da manhã e da noite, e a transformar em oração o cumprimento de nossas tarefas de cada dia.

Que a oração seja para nós a porta de nossa conversão e santificação, a chave de ouro que nos abrirá as portas do Céu. Amém.

 Santa Tereza de Jesus, Rogai por nós.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF