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quarta-feira, 2 de novembro de 2022

O Papa: deixemo-nos surpreender pela presença de Deus

Missa de sufrágio pelos os cardeais e bispos falecidos no último ano |
Vatican News

"No dia da nossa despedida, a surpresa será feliz se agora nos deixarmos surpreender pela presença de Deus, que nos espera entre os pobres e feridos do mundo". Palavras do Papa Francisco na homilia de sufrágio pelos Cardeais e Bispos falecidos durante o último ano, nesta quarta-feira (02/11) na Basílica Vaticana.

Jane Nogara - Vatican News

Na manhã desta quarta-feira (02/11), dia comemoração dos fiéis defuntos o Papa Francisco celebrou uma Santa Missa em sufrágio dos Cardeais e Bispos que faleceram durante o ano. O Papa iniciou sua homilia recordando as leituras que foram lidas, das quais duas palavras chamaram sua atenção: espera e surpresa.

Espera

espera, disse Francisco, “expressa o sentido da vida, porque vivemos na espera do encontro: o encontro com Deus, que é a razão da nossa oração de intercessão de hoje, especialmente pelos Cardeais e Bispos que faleceram durante o último ano, pelos quais oferecemos em sufrágio este Sacrifício Eucarístico”. E o Papa disse: "É belo quando o Senhor vem para secar nossas lágrimas! Mas não é nada bom quando esperamos que seja outra pessoa e não o Senhor a secá-las. E pior ainda, não ter lágrimas". Continuando a falar sobre o tema recordou “alimentemos nossa espera do Céu, exercitemos nosso desejo do paraíso. Faz-nos bem hoje nos perguntarmos se nossos desejos têm algo a ver com o Céu. Pois corremos o risco de aspirar constantemente à coisas que passam, de confundir desejos com necessidades, de antepor as expectativas do mundo à espera de Deus”. Advertindo em seguida:

“Olhemos para cima, pois estamos caminhando para o Alto, enquanto as coisas daqui não irão para cima: as melhores carreiras, as maiores conquistas, os títulos e distinções mais prestigiosas, a riqueza acumulada e os ganhos terrenos, tudo isso desaparecerá em um instante. E todas as expectativas neles depositadas serão desapontadas para sempre.”

Concluindo este ponto disse: “Perguntemo-nos: eu vivo o que digo no Credo, "espero a Ressurreição dos mortos e a vida do mundo que virá"? E como é a minha espera? Vou ao essencial ou me distraio com coisas supérfluas? Cultivo a esperança ou vou adiante reclamando porque dou muito valor a coisas que não contam?”.

Quando foi

Referindo-se à segunda palavra das Leituras, “surpresa” Francisco disse: “enquanto esperamos pelo amanhã, somos ajudados pelo Evangelho de hoje. Porque a surpresa é grande toda vez que ouvimos Mateus capítulo 25. É semelhante à dos protagonistas que dizem: "Senhor, quando foi que te vimos com fome e te alimentamos, com sede e te demos de beber? Quando foi que te vimos forasteiro e te recolhemos ou nu e te vestimos? Quando foi que te vimos doente ou preso e fomos te ver? (vv. 37-39). Quando foi? Assim se exprime a surpresa de todos, o espanto dos justos e a consternação dos injustos”.

Que surpresa!

Quando foi?” Nós também podemos dizer, continuou o Papa: "esperamos que o julgamento sobre a vida e sobre o mundo ocorra sob a bandeira da justiça, diante de um tribunal decisivo que, avaliando todos os elementos, esclareça para sempre as situações e intenções”. E o Papa adverte mais uma vez:

“No tribunal divino, a única avaliação de mérito e de acusação é a misericórdia para com os pobres e os descartados”. “O Altíssimo está nos pequenos, Aquele mora nos céus entre os mais insignificantes para o mundo. Que surpresa!!”

“A sua medida é um amor que vai além das nossas medidas e seu método de avaliação é a gratuidade. Assim, para nos prepararmos, sabemos o que fazer: amar gratuitamente e infinitamente,  sem esperar reciprocidade, os que estão na sua lista de preferências, os que não podem nos dar nada em troca, os que não nos atraem”.

Comprometimento com o Evangelho

Continuando sua homilia Francisco pondera: “Sejamos realistas, nos tornamos muito bons em fazer compromissos com o Evangelho: alimentar os famintos sim, mas a questão da fome é complexa e eu certamente não posso resolvê-la! Ajudar os pobres sim, mas depois as injustiças têm que ser tratadas de uma certa maneira e então é melhor esperar, também porque se você se comprometer, corre o risco de ser perturbado o tempo todo e talvez você perceba que poderia ter feito melhor!”. E recorda a todos que assim não funciona, “com os "mas" e "porém", fazemos da vida um compromisso com o Evangelho. De simples discípulos do Mestre nos tornamos mestres da complexidade, que discutem muito e fazem pouco, que buscam respostas mais na frente do computador do que na frente do Crucifixo”, disse o Papa.

O quando é agora

Quando foi? Perguntam-se surpresos tanto os justos quanto os injustos”, continua o Papa. Dando uma resposta clara: “o quando é agora. Está nas nossas mãos, nas nossas obras de misericórdia: não em análises detalhadas, não em justificativas individuais ou sociais”. Dizendo em seguida:

“Hoje o Senhor nos recorda que a morte vem para mostrar a verdade da vida e remover qualquer atenuante à misericórdia.”

Concluindo disse: “não podemos dizer que não sabemos. O Evangelho explica como viver a espera: vai-se ao encontro de Deus amando, porque Ele é amor. E no dia da nossa despedida, a surpresa será feliz se agora nos deixarmos surpreender pela presença de Deus, que nos espera entre os pobres e feridos do mundo. E espera ser acariciado não com palavras, mas com ações.

Dia de Finados: como adornar o túmulo de um ente querido

Shutterstock
Por Anna Ashkova

Aqui estão algumas sugestões de objetos que irão homenagear um parente ou amigo falecido.

No Dia de Finados e na véspera (Dia de Todos os Santos) visitar cemitérios e adornar túmulos de entes queridos se tornaram uma tradição para muita gente. A data também é uma oportunidade de vivenciar uma liturgia familiar ao redor dos túmulos de familiares e amigos, de relembrar os falecidos e explicar às crianças quem são as pessoas enterradas ali e o que fizeram na vida. 

Além disso, destaca-se a chance que muitos têm de ir ao cemitério apenas para fazer uma oração de intercessão por todos os fiéis defuntos.

Mas este também é o momento de limpar os túmulos, recuperar a pintura e depositar alguns objetos para homenagear o falecido.

Portanto, aqui vão algumas dicas para quem adornar o túmulo de um ente querido.

1FLORES

Para o dia dedicado à memória dos mortos, a primeira coisa que nos vem à cabeça é colocar flores sobre as sepulturas. Esta, de fato, é uma tradição franco-belga que remonta à Primeira Guerra Mundial. Os crisântemos são as flores mais compradas para decorar os túmulos no Dia de Finados em todo o mundo. Com uma grande variedade de cores, essas plantas simbolizam a eternidade e a alegria em muitos países.

2VELAS

Acender uma vela no túmulo de um ente querido é um gesto que lembra a luz de Cristo e a ressurreição. O ideal é colocar uma vela bem protegida em um suporte para que o vento não apague a chama muito rapidamente.

3PLACA DE HOMENAGEM

Uma placa personalizada permite prestar uma bela homenagem ao falecido. É um ato que simboliza todo o amor e a consideração que temos por um ente querido que já partiu para a Casa do Pai. Este acessório possibilita revelar informações importantes sobre o falecido. Você pode incluir seu nome, textos customizados, passagens bíblicas e até ilustrações específicas. Quanto ao material, a escolha ideal leva em conta a estética e a resistência às intempéries. Sugestões: porcelanato, cerâmica, granito ou bronze.

4OBJETO SAGRADO

Se, no passado, as tumbas dos faraós do Egito eram cercadas por objetos decorativos e valiosos que os acompanhavam em sua passagem para a vida após a morte, hoje os objetos que adornam os túmulos servem, sobretudo, para homenagear os falecidos e embelezar seu túmulo. Assim, podem ser colocadas ali algumas pequenas estátuas de santos de quem a pessoa era devota. Dá também para colocar crucifixos e até um pequeno ícone (de preferência de metal ou vidro).

Mas a coisa mais linda que podemos deixar no cemitério para um ente querido é a oração. A Igreja Católica acredita na comunhão dos santos, toda a comunidade dos fiéis, vivos, falecidos e santos formam um único corpo. Através desta comunhão, Deus está sempre ouvindo as orações. Além disso, as orações podem apressar a chegada das almas ao céu.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Sobre o morrer

Dom Leomar Brustolin | Wikipédia

SOBRE O MORRER

 

 

Dom Leomar Antônio Brustolin
Arcebispo de Santa Maria (RS)

Geralmente pensamos na morte fora da vida, contudo, gastar tempo, consumir energia e renunciar a algo são sinais de que, diariamente, a vida é como uma vela que se consome para produzir luz. Não duramos eternamente na Terra. Na vida, há também cansaço em busca de repouso. Depois de uma jornada de trabalho, é preciso descansar. Passado o dia ensolarado, segue o pôr do sol. Os livros tendem ao epílogo, e uma novela se desenrola para o último capítulo. Há muita beleza no fim. Os latinos costumavam dizer: finis coronat opus (o fim coroa a obra). 

Preparar-se para o entardecer da vida não é olhar para a noite da morte, mas perceber que o sol se põe desse lado da existência, mas continua a iluminar a outra, onde é sempre dia. De certa forma, isso nos ajuda a compreender a vida: quando morremos, apagamos para este mundo, mas vivemos e somos iluminados na vida eterna que Deus nos preparou.  

Após a morte, ensina a Igreja, nos encontraremos diante de Jesus Cristo e seremos examinados pelo amor aqui vivido. O julgamento é atual, porque é agora que decidimos a favor da verdade ou da mentira, da justiça ou da injustiça, do bem ou do mal, de Deus ou das trevas. A nossa vida é bela, com muitas oportunidades e responsabilidades. A beleza da vida e a liberdade que ganhamos não permitem que sejamos livres para fazer o mal.  

Algumas pessoas chegam a sustentar que Deus é tão bom que, no final, perdoará tudo até mesmo todo o mal praticado. Supor que no final tudo será zerado, sem respeitar a opção daqueles que negam o projeto de Deus, é esvaziar a justiça divina. Permanece a possibilidade de condenação eterna como opção livre e consciente de quem construiu uma existência sem amor.  

O critério de julgamento não é imprevisto, pois seremos julgados pelo Evangelho de Jesus. E isso vale para todo ser humano, até mesmo àqueles que não conheceram o Redentor. Sempre é tempo de recordar que seremos perguntados conforme o que consta no Capítulo 25 do Evangelho escrito por São Mateus, quando o Senhor sentenciar: Tive fome e me destes de comer, tive sede e me destes de beber, era forasteiro e me acolhestes, estive nu e me vestistes, estava doente e preso e me visitastes.  Cada vez que o fizestes a um desses meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes.” (Mt 25,35-41) 

O juízo usa critérios da misericórdia divina que considera as condições internas e externas de cada pessoa, na liberdade e responsabilidade de cada uma. Deus não condena ninguém, é a própria pessoa, pelos seus atos e palavras que trilha, ou não, o caminho de Deus. Daí a responsabilidade da vida humana na Terra.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

Papa: por que eu escolhi me chamar Francisco

Antoine Mekary | ALETEIA
Por I. Media

"Eu sabia que estava me referindo a um santo muito popular, mas também muito incompreendido", disse o pontífice.

Francisco de Assis “não teve medo do ridículo” ao seguir Jesus, destacou o Papa Francisco aos membros da Coordenação Eclesial para o Oitavo Centenário Franciscano (2023-2026), que ele recebeu no Vaticano em 31 de outubro de 2022. Na oportunidade, o Papa também falou de seu santo padroeiro e de sua visão da Igreja.

“Quando escolhi me chamar de Francisco, sabia que estava me referindo a um santo muito popular, mas também muito incompreendido”, disse o pontífice em seu discurso. 

O Santo Padre ainda acrescentou:

“Na verdade, Francisco é o homem da paz, o homem da pobreza e o homem que ama e celebra a criação… Mas qual é a raiz de tudo isso, qual é a fonte? Jesus Cristo. A fonte de toda sua experiência é a fé”.

O Papa também descreveu seu santo padroeiro como “um viajante nunca incansável”, que escolheu “ir ao encontro” de pessoas, em vez de “esperar no portão”.

O caminho franciscano

O Papa ainda comentou sobre o caminho franciscano que será percorrido para celebrar o 800.º aniversário da Ordem, ao longo de três anos. A primeira parada será em Fontecolombo, perto de Rieti. Foi lá que, em 1223, São Francisco escreveu a Regra da ordem mendicante. E foi em Greccio, não muito longe, naquele mesmo ano, que criou o primeiro presépio da história.

Para o pontífice de 85 anos, este passo é “um poderoso convite” para redescobrir que “o caminho de Deus” está na “encarnação”, ou seja, no “homem”. As próximas duas etapas serão La Verna, onde o Poverello recebeu os estigmas (1224), e depois Assis, onde morreu (1226). Uma conclusão que nos devolve “ao essencial: a esperança da vida eterna”, sublinhou o Papa.

O próprio Papa Francisco visitou Rieti em 2016, Greccio em 2019 e esteve seis vezes em Assis: 4 de outubro de 2013; 4 de agosto e 20 de setembro de 2016; 3 de outubro de 2020; 12 de novembro de 2021 e 24 de setembro de 2022.

A agência vaticana I.Media faz parte do grupo Media Participations, o mesmo da Aleteia

Fonte: https://pt.aleteia.org/

“Autoajuda ou ajuda do Alto?”: O temperamento colérico

S. Francisco de Sales | Guadium Press
Eles são os homens que conquistam e governam. Entre muitos deles estão os chefes e os grandes apóstolos.

Redação (30/10/2022 11:41Gaudium PressCaracterizar uma pessoa de temperamento colérico apenas por seu presumido “pavio curto”, seria empobrecer – e muito – a grande soma de atributos que residem em sua psicologia.

De fato, é comum entre os coléricos que suas reações sejam instantâneas, prontas, e de forma violenta. Mas isso, de forma alguma, é mau, objetivamente falando. O problema está em não saber canalizar estas particularidades psicológicas.

Arrogância que pode chegar à crueldade…

O caráter tenaz e vigoroso dos coléricos torna-os propensos à dureza, à arrogância, à teimosia e ao orgulho. Nos homens pouco exercitados nas virtudes cristãs, qualquer repreensão ou contrariedade se torna insuportável. Quando vencidos, retêm seu ódio guardado, esperando o momento da vingança… Ademais, tendem a ser ambiciosos e a se vangloriar, não sendo inclinados a entender a dor e as dificuldades alheias. Por isso, se não tomam cuidado e não são bem educados, possuem um trato em que a brutalidade se torna muito patente, chegando, muitas vezes, até à crueldade.

…ao lado de um ímpeto incontenível, capaz de grandes conquistas

Entretanto, o que seria da História se não fossem os coléricos? No campo natural, foram muitos deles os grandes conquistadores, chefes e governadores. No campo espiritual, abundam os exemplos de heroicos apóstolos, fundadores, além de um número incontável de santos canonizados. E por quê? Os coléricos sempre estão elaborando pujantes projetos e colocando-os em prática. Eles sentem repugnância da inação, e não deixam para o dia de amanhã o que podem fazer hoje; pelo contrário, costumam fazer hoje o que podiam deixar para amanhã… São práticos e habilidosos; nunca se deixam vencer pelas dificuldades, mas as enfrentam “de viseira erguida”.

Nas mãos dos coléricos, os trabalhos muitas vezes chegam a bom termo. Se sabem canalizar suas energias, são tenazes e perseverantes.

Mas eles devem ser conduzidos pelas trilhas da humildade e piedade para com os outros, nunca atropelando ou humilhando a seus próximos. A cólera direcionada a quem não deve torna-se raiva infantil e caprichosa – por isso se diz que “a raiva é a cólera dos fracos” – direcionada, entretanto, ao mal, é meio indispensável de se alcançar a glória de Deus.

Assim, sem abandonar seu vigor e tenacidade, os coléricos podem alcançar os grandes píncaros da perfeição. E há uma característica comum entre os santos de temperamento colérico: pela prática das virtudes, atingem uma grande delicadeza de trato que chega, por vezes, até à suavidade e à doçura. São Francisco de Sales, o santo da suavidade, era fortemente colérico. Além dele, podemos mencionar ínclitas figuras, como São Jerônimo, Santo Inácio de Loyola e o próprio São Paulo Apóstolo. [1]

Por João Paulo Bueno


[1] Cf. MARÍN, Antonio Royo. Teologia da perfeição cristã. Trad. GOMES, Flévio M. P.; ZIMMERMANN, Dalton César. 4 ed. Anápolis: Magnificat, 2020, p. 722-728.

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Pe. Lombardi recorda característica incrível de João Paulo II

EAST NEWS/ALBUM; Filippo MONTEFORTE/AFP PHOTO/EAST NEWS
Por Anna Artymiak

"Tinha-se a impressão de que tinha saído da realidade", conta o ex-diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Federico Lombardi, padre italiano, jesuíta, foi diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé entre 2006 e 2016. Está atualmente a celebrar 50 anos do seu sacerdócio. A Aleteia conversou com ele.

Anna Artymiak: Quais são as suas primeiras recordações da sua infância e juventude, Padre?

P. Federico Lombardi: Nasci durante a guerra, em 1942. Era muito pequeno e por isso não me lembro da guerra; conheço-a das histórias de outras pessoas. Contudo, para ser honesto, a minha memória mais antiga é a de um combate aéreo. Eu tinha cerca de três anos de idade. A minha irmã mais velha segurava-me nos seus braços. Ao fugirmos, refugiámo-nos num canal onde havia água.

Eu cresci num ambiente que era espontânea e naturalmente católico, tanto em termos da paróquia da minha cidade como mais tarde após a guerra, em Turim. Eu era escoteiro. Esta foi uma experiência muito importante para mim. Tal como a minha escola secundária. Depois da escola primária, fui para uma escola secundária dirigida pelos Jesuítas, e isso desempenhou um papel importante na minha formação.

Como era a sua família, Padre?

Era uma família católica praticante e piedosa. O meu pai era engenheiro. Trabalhava como engenheiro elétrico e estava baseado em Turim, embora a minha família fosse da província de Cuneo. Tive três irmãs mais velhas; eu era o quarto filho. Tive muitas tias e tios. Éramos uma família unida e valorizávamos a vida moral.

Devo admitir que desfrutava de uma juventude pacífica numa família que levava uma vida normal e era um ambiente natural para a fé, incluindo uma fé ativa. Tanto o meu pai como as minhas irmãs estavam envolvidos na vida paroquial e nos escoteiros.

Quando descobriu a sua vocação para o sacerdócio?

Quando eu tinha cerca de 17 anos, no final do liceu, a sensação de ser chamado a dedicar radicalmente a minha vida a Deus tornou-se mais forte e mais pronunciada. Para além de todas as coisas boas que abracei e vi à minha volta, este foi um apelo a uma maior e mais plena devoção da minha vida. Algo que também poderia significar um custo para mim: deixar o ambiente propício onde vivi pacificamente entre muitos amigos e bons membros da minha família. Estava interessado em estudar ciência.

Ao frequentar uma escola jesuíta, foi natural e espontâneo para mim juntar-me aos jesuítas, apesar de também ter conhecido os salesianos, pois eles dirigiam um grupo de escoteiros a que eu pertencia.

Senti uma vocação para uma ordem religiosa e não para o sacerdócio. Não é que eu não quisesse ser padre. Conheci muitos padres maravilhosos. Mas se tenho de dizer o que a minha vocação envolvia, era um apelo a servir completamente a Deus e aos outros, mas era um apelo forte e específico à vida de um religioso homem.

Tinha algum modelo específico?

Para mim, os modelos da vida cristã foram os meus pais, que eu tinha em grande estima. Outros eram os capelães dos escoteiros; eram educadores maravilhosos. Além disso, visitava regularmente os pobres com a escola jesuíta que frequentava. Com os voluntários, cuidávamos muito dos doentes. Acompanhamo-los nas suas peregrinações a Lourdes ou Loreto como empurradores de cadeira de rodas.

A ideia de dedicar a nossa própria força e capacidades ao serviço dos outros foi uma parte vital da minha vida. Foi assim que fomos educados. Acompanhar pessoas em cadeiras de rodas a Lourdes foi uma experiência importante, tanto do ponto de vista do serviço e da proximidade a indivíduos que sofrem, como também da oração no contexto espiritual em que se operava.

Como foi a sua formação?

Entrei no noviciado após a graduação do liceu. Os dois anos do noviciado são dedicados a uma formação espiritual completa, não há estudo. Seguem-se três anos de estudos de Filosofia. Éramos 100 estudantes, uma comunidade interessante e internacional. Conheci colegas da Índia, América do Sul e África. Para mim foi um mundo novo, a minha primeira experiência num contexto internacional. Até então, eu tinha crescido entre italianos exclusivamente. Hoje em dia é diferente. Nessa altura, havia muitas crianças italianas.

Depois dos estudos de Filosofia, fiz um curso de 4 anos em Matemática na Universidade de Turim. Isto era bastante normal para os jesuítas. Se os jovens entrassem sem estudos universitários prévios, no período entre a Filosofia e a Teologia, começavam a estudar disciplinas que poderiam ser úteis para o ensino nas escolas. Muitos de nós ensinaram mais tarde matemática, física, química ou as humanidades nas nossas escolas. Eu mostrei uma aptidão considerável em disciplinas científicas. Foi por isso que fui enviado para estudar matemática. Se tivesse de ser eu a escolher, teria preferido a Física.

Depois disso, fui mandado para a Alemanha, para Frankfurt, durante 4 anos de estudos de Teologia. Era também bastante normal que uma das fases de formação de um jesuíta tivesse lugar no estrangeiro, para que pudesse conhecer não só os jesuítas da sua área linguística ou região, mas ter um quadro mais amplo.

Este período foi muito importante para mim. Para além dos meus estudos, juntamente com vários outros colegas italianos, realizamos tarefas de natureza apostólica entre os emigrantes italianos. Era uma comunidade muito grande. Fui designado para cuidar de compatriotas num dos distritos de Frankfurt. Estive envolvido nisto durante quatro anos. Visitei os jovens, as famílias e preparei a Missa. Este foi um aspecto que foi muito importante para mim.

Eu diria que a minha formação e primeira experiência como padre após a ordenação estava ligada ao ambiente expatriado. Isto influenciou muito o meu sacerdócio, no sentido em que senti a necessidade de falar de uma forma que as pessoas me pudessem compreender. Sem grandes teorias, mas em resposta às necessidades das pessoas que partilhavam os seus problemas comigo. Isto permitiu-me experimentar estudos teológicos não como algo alheio à realidade. Sempre senti uma ligação muito forte com a vida de determinadas pessoas e os seus problemas.

Não pedi para ser enviado para Roma

Fomos ordenados durante os nossos estudos de Teologia, no nosso terceiro ano. Depois, houve um quarto ano, quando concluímos os nossos estudos já como padres. Mais tarde, eu deveria ensinar lógica, filosofia e ciências no nosso instituto filosófico.

No entanto, durante este período, o número de estudantes diminuiu muito, enquanto no conselho editorial da revista Civiltà Cattolica, eles estavam muito interessados em ter um novo jovem autor. Quando estive na Alemanha, escrevi dois artigos sobre os emigrantes e os seus problemas. Os editores gostaram deles e pediram-me para vir aqui a Roma. Eu próprio não o pedi.

Foi assim que entrei no mundo dos meios de comunicação, numa revista dedicada à cultura. Escrevi artigos; a minha seção era sociedade e ciência, problemas científicos no mundo de hoje. Fui editor adjunto da revista; uma parte significativa do meu trabalho foi editorial, ou seja, encontrar artigos, corrigi-los, traduzi-los para outras línguas, composição tipográfica, corrigir o conteúdo. Estava no conselho editorial da revista.

Tivemos um editor-chefe, o ilustre P. Sorge SJ. Era um excelente orador, empenhado nos problemas da Igreja e da sociedade na Itália daquela época. Ele deu muitas conferências e escreveu brilhantemente sobre o ensino social católico. Eu, por outro lado, estive principalmente envolvido na edição da revista. Ele dirigia a revista, enquanto eu tratava da parte prática.

Depois, 11 anos mais tarde, tornei-me Provincial dos Jesuítas. A província era muito grande; viajei muito por toda a Itália e também fiz viagens para visitar missionários no Extremo Oriente, em Madagáscar e no Brasil. Era importante para mim conhecer também um pouco a Igreja no mundo.

Depois veio o Vaticano. Quando o meu mandato de seis anos terminou, fui designado para trabalhar na Rádio Vaticano. Nunca escolhi os cargos que me foram confiados.

Qual foi a sua experiência do ano de dois conclaves, como João Paulo II a descreveu?

Eu estava aqui, na revista Civiltà Cattolica. Vivemos os últimos anos de Paulo VI de forma muito intensa. O P. Sorge mantinha contato com o Vaticano, com o Papa. Estávamos envolvidos na relação com o Vaticano e com a vida da Igreja na Itália e no mundo. Lembro-me da morte de Paulo VI e depois dos dois conclaves. A nossa revista é trimestral, pelo que não acompanhou os acontecimentos como um jornal semanal ou diário.

Lembro-me muito bem de quando Wojtyła foi eleito. Penso que estávamos aqui a ouvir a rádio com o P. Fantuzzi. Imediatamente nessa noite contactei os jesuítas na Polônia para encontrar um jesuíta polaco que rapidamente nos escreveria um artigo apresentando o Arcebispo de Cracóvia. Conhecíamos Wyszyński mas estávamos menos familiarizados com Wojtyła. Eu não o conhecia.

Estava ciente de que ele tinha liderado um retiro para Paulo VI, mas não tinha um conhecimento profundo. Fui referido ao P. Drążek, que tinha trabalhado com Wojtyła como capelão estudantil e conhecia-o muito bem. Ele escreveu um artigo para nós muito rapidamente em francês, porque nessa altura não conhecia italiano. Apresentou o arcebispo de Cracóvia, explicando um pouco a sua agenda pastoral. Mais tarde, conheci mais de perto o Papa da Polônia.

Como é que se lembra de João Paulo II?

Há tantos aspectos. Uma das coisas que me impressionou e impressionou muito os outros era a sua concentração na oração diante do Santíssimo Sacramento, também durante as suas viagens.

Ele entrava na igreja, mergulhava na oração e tinha a impressão de ter saído da realidade e de ter um relacionamento com Deus. Todos estavam concentrados no curso da viagem e tinham pressa em seguir em frente. O P. Dziwisz tocava-lhe o ombro, mas ele nunca tinha pressa; concentrava-se na adoração.

Da perspectiva do seu jubileu de ouro, o que significa para si o seu sacerdócio? Como recorda a sua primeira Santa Missa?

Fui ordenado numa igreja jesuíta. Mais tarde, celebrei as minhas primeiras Missas na minha cidade natal e nos seus arredores em dias consecutivos. A minha primeira missa foi no santuário de Nossa Senhora, venerada pela minha mãe e por todos na região. Depois rezei Missa em todas as capelas onde era possível celebrar a Eucaristia com os idosos, no jardim de infância, com os deficientes… Foi uma semana inteira cheia de entusiasmo espiritual e visitas a todas as dimensões da misericórdia e da vida comunitária da minha cidade. Foi um momento lindo e alegre.

Além disso, os dias após a minha ordenação foram a última vez que toda a nossa família esteve junta; uma das minhas irmãs morreu num acidente de carro três meses mais tarde, quando eu já tinha regressado à Alemanha.

Olhando para trás, 50 anos é muito. Não tenho sido pastor a tempo inteiro como são os pastores ou reitores de santuários. Ainda assim, tenho tido muitas oportunidades de exercer o ministério sacerdotal. Ser simplesmente padre dá-lhe a oportunidade e a capacidade de posicionar diferentes condições e pessoas perante o Senhor Jesus na alegria, no sofrimento, nos momentos chave da sua decisão de construir a sua própria vida em relação com Deus, na perspectiva da fé, esperança e amor para com os outros. Pode-se transformar a dimensão material, a realidade quotidiana da experiência humana, numa experiência de relacionamento com Deus. Isto é extremamente belo.

Reconhece-se o grande dom: o Senhor pode passar por si para tocar as pessoas com quem se caminha e se encontra no seu caminho. Através de ti, Jesus dá vida e esperança a estas pessoas. Mesmo o sacerdócio vivido por um religioso como eu, que tem outras tarefas, é um dom tão grande. Mas é sempre uma forma de bênção, de santificação, da graça de Deus que vem. Na realidade, é apenas um canal pelo qual outros passam.

O artigo foi publicado pela primeira vez na versão em língua polonesa em: https://pl.aleteia.org/2022/10/22/ks-lombardi-przypomina-genialna-ceche-jana-pawla-ii-nie-widzialem-czegos-podobnego-u-nikogo-nasz-wywiad/

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa recorda sua viagem ao Bahrein e pede que haja paz na Ucrânia

Peregrinos na Praça São Pedro durante o Angelus da Solenidade
de Todos os Santos  (Vatican Media)

Durante o Angelus da Solenidade de Todos os Santos, o Papa Francisco recordou sua viagem ao Reino do Bahrein de 3 a 6 de novembro, e pediu a paz para a "martirizada Ucrânia".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

Após a oração mariana do Angelus, o Papa Francisco recordou que na quinta-feira, 3 de novembro, começa sua Viagem Apostólica ao Reino do Bahrein.

Depois de amanhã partirei para uma viagem apostólica ao Reino do Bahrein, onde ficarei até domingo. Desde agora, desejo cumprimentar e agradecer de coração ao Rei, às autoridades, aos irmãos e irmãs na fé, e a todas as pessoas do país, especialmente aquelas há tempo estão trabalhando na preparação dessa visita. Será uma visita em nome do diálogo: participarei de um Fórum que tematiza a necessidade imprescindível de que o Oriente e o Ocidente se encontrem cada vez mais para o bem da convivência humana.  Terei a oportunidade de conversar com representantes religiosos, especialmente muçulmanos. Peço a todos que me acompanhem com a oração, para que cada encontro e evento possa ser uma ocasião fecunda para apoiar, em nome de Deus, a causa da fraternidade e da paz, de que nossos tempos têm extrema e urgente necessidade.

O Papa saudou os peregrinos provenientes da Itália e demais países. Saudou em particular os fiéis de Setúbal, Portugal. Francisco deu as boas-vindas aos participantes da Corrida dos Santos, promovida pela Fundação "Missões Dom Bosco" para viver num clima de festa popular a Solenidade de Todos os Santos.

A seguir, pediu aos fiéis para não se esquecerem da "martirizada Ucrânia: rezemos pela paz, rezemos para que haja paz na Ucrânia".

O Papa lembrou que na quarta-feira, 2 de novembro, se recorda os fiéis defuntos. "Além de fazer a tradicional visita aos túmulos dos nossos entes queridos, convido-os a recordá-los na oração de sufrágio, especialmente durante a Santa Missa", concluiu.

Os diferentes tipos de cruz e seu significado

Shutterstock-microone
Por Maria Paola Daud

Nem todas as cruzes são a mesma, e cada uma tem o seu próprio significado.

A cruz é um emblema comum para muitas culturas e religiões. Mas sua representação mais importante é para o cristianismo, já que Jesus Cristo morreu na cruz.

Como símbolo universal do cristão, tem suas variações, segundo fatos históricos e diferentes culturas e comunidades cristãs.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Mensagem do Cardeal ao presidente eleito

Dom Paulo Cezar - Cardeal Arcebispo de Brasília | arqbrasilia

Mensagem do Cardeal ao presidente eleito.

Brasília, 31 de outubro de 2022

Ex.mo Sr. presidente eleito,

Parabenizo-o pela eleição como Presidente da República Federativa do Brasil. Desejo ao senhor que, ao assumir este ofício, esteja atento aos ensinamentos cristãos do bem comum, da verdade e da justiça.

Papa Francisco, na Encíclica Fratelli Tutti, afirma que a ação do ser humano, tanto na vida íntima, como também, no seu aspecto social “exige reconhecer que «o amor, cheio de pequenos gestos de cuidado mútuo, é também civil e político, manifestando-se em todas as ações que procuram construir um mundo melhor». Por este motivo, o amor expressa-se não só nas relações íntimas e próximas, mas também nas «macrorrelações como relacionamentos sociais, econômicos e políticos»” (n. 181).

Com meus cumprimentos e orações, desejo que este mandato seja frutuoso e que seu governo promova a unidade e a paz do povo brasileiro, com um cuidado especial para com os mais pobres e necessitados. Sob a intercessão de Nossa Senhora Aparecida, Padroeira do Brasil e de Brasília, com minha benção,

Dom Paulo Cezar Costa

Cardeal Arcebispo de Brasília

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Ex.mo Sr.

Luiz Inácio Lula da Silva

Presidente eleito do Brasil

Dia de Todos os Santos: um dia para a esperança!

Daniel Reche
01 de novembro

Através dos santos, vemos que o poder de Deus é mais forte que o poder desse mundo.

Se perguntamos na rua quantos santos existem, provavelmente vamos escutar como resposta algo do tipo: “Vários; não sei, um monte; são tantos que não tenho nem ideia.” Talvez comecem a enumerar alguns deles: “São Francisco, São Paulo, Santa Teresa, São Sebastião…”, e assim por diante.

É verdade que existem muitos santos conhecidos e reconhecidos pelos feitos que fizeram, pela importância que tiveram em uma determinada época e lugar. Mas existem outros muitos santos que não estão nos altares. E eles são muito mais numerosos dos que os que conhecemos.

São pessoas comuns que buscaram viver a vida como Jesus viveu e nos convidou a viver.São os que levaram a sério o chamado de Jesus no silêncio de suas próprias vidas.

Porque celebramos na Igreja o Dia de Todos os Santos?

No dia de hoje, lembramos de toda essa “grande multidão, que ninguém podia contar, de todas as nações, tribos, povos e línguas” que nos fala o livro do Apocalipse. É como se o céu se abrisse para nós, para que os possamos contemplar vivendo felizes na Glória de Deus.

Celebramos esse dia para que todos os santos possam “despertar em nós o grande desejo de ser como eles: felizes por viver próximos de Deus, na sua luz, na grande família dos amigos de Deus”, como nos diz o Papa emérito Bento XVI em uma homilia na festividade de Todos os Santos.

Olhando para os santos, lembramos que estamos nessa terra como peregrinos, com um destino, o Céu, e não como errantes, perdidos nesse mundo. A nossa vida teve um começo, mas não terá um final porque somos chamados a viver eternamente com Deus. Jesus, com sua vida, paixão, morte e ressurreição, nos abriu as portas do Céu. Cabe a cada um de nós acolher esse dom em nossas vidas.

Um dia para a esperança!

Acolher esse dom não é uma tarefa sempre fácil. Muitas vezes, somos tentados pela desesperança, por causa dos vários trabalhos que precisamos realizar, pelas contradições que vivemos interiormente, por nossos pecados e pelas injustiças que presenciamos.

Os Santos estão também no céu para mostrar que realmente é possível, com a Graça de Deus, viver como filhos e filhas de Deus, apesar de todas as dificuldades. Nos santos, vemos que o poder de Deus é mais forte que o poder desse mundo. Os santos nos dão esperança! Uma esperança que nunca vai nos desiludir.

Papa Francisco falou certa vez sobre uma figura antiga que usavam os primeiros cristãos para falar da esperança. Eles a comparavam com uma âncora que estava ancorada no Céu.Por mais que o barco da nossa vida possa passar por tempestades violentas, se temos a nossa âncora lá junto com os santos, esse barco nunca vai afundar.

Façamos a pergunta que o Papa nos fez naquela ocasião: “Onde tenho posta a âncora da minha vida?” Será que a tenho posta nas coisas deste mundo, que vão passar e que portanto não são um lugar seguro?

Sejamos Santos!

Lembremos hoje do insistente chamado a santidade que Deus têm feito a cada um de nós. O Papa emérito Bento XVI define assim a santidade: “Ser santo significa: viver na intimidade com Deus, viver na sua família. Esta é a vocação de todos nós”. Sejamos santos nessa vida para poder viver com Deus eternamente no Céu.

Certamente não é uma tarefa fácil, mas não estamos sozinhos: todos os nossos irmãos que nos precederam em santidade intercedem por nós para que cheguemos ao final dessa jornada. E o próprio Deus nunca nos deixa de assistir com a sua Graça para que nos conformemos cada vez mais com seu Filho Jesus.

Por João Antônio Johas, publicado em A12

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF