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sábado, 5 de novembro de 2022

A dignidade da família

A dignidade da família | Opus Dei

A dignidade da família

O lar deve ser a primeira e principal escola, no qual os filhos aprendem e vivem as virtudes humanas e cristãs.

13/04/2008

Ao finalizar a obra da criação do universo, no sexto dia, “formou Javé Deus ao homem do pó da terra, e insuflou-lhe no rosto alento de vida, e foi assim que o homem se tornou um ser vivo”[1]. Se em todas suas obras se havia alegrado, na formação do gênero humano Deus se regozijou sobremaneira: viu que era “muito bom” o que havia feito, testemunha a Escritura[2], como se o autor inspirado quisesse reafirmar a peculiar ação divina na criação do homem, feito à imagem e semelhança do Criador por sua alma espiritual e imortal. Não contente com isto, o Senhor conferiu-lhe gratuitamente uma participação de sua mesma vida íntima: fez dele filho seu e cumulou-o com os chamados dons preternaturais.

Para que os homens alcancem o Reino dos Céus, a Providência divina quis contar com sua livre colaboração. E para que essa colaboração na transmissão da vida não ficasse no vaivém de possíveis caprichos, o Senhor quis protegê-la mediante a instituição natural do matrimônio[3], elevado logo depois por Cristo à dignidade de sacramento.

A família — a grande família humana, e cada uma das famílias que haveriam de compô-la — é um dos instrumentos naturais queridos por Deus para que os homens cooperem ordenadamente em seu decreto Criador. A vontade de Deus de contar com a família em seu plano salvador será confirmada, com o correr dos tempos, através das distintas alianças que Javé foi estabelecendo com os antigos patriarcas: Noé, Abraão, Isaac, Jacó. Até que a promessa do Redentor recaia na casa de Davi.

Chegada a plenitude dos tempos, um anjo do Senhor anunciou aos homens o cumprimento do plano divino: nasce Jesus, em Nazaré, de Maria, por obra do Espírito Santo. E Deus provê para seu Filho uma família, com um pai adotivo, José, e com Maria, a Mãe virginal. Quis o Senhor que, também nisto, ficasse refletido o modo em que Ele deseja ver nascer e crescer seus filhos, os homens: dentro de uma instituição estavelmente constituída.

“Os diversos fatos e circunstâncias que rodeiam o nascimento do Filho de Deus acorrem à nossa recordação, e o olhar se detém na gruta de Belém, no lar de Nazaré. Maria, José, Jesus Menino, ocupam de um modo muito especial o centro de nosso coração. Que nos diz, que nos ensina a vida ao mesmo tempo simples e admirável dessa Sagrada Família?”[4]. A esta pergunta, que nos sugere São Josemaria, podemos responder com palavras do Compêndio do Catecismo, afirmando que a família cristã, à imagem da família de Jesus, é também igreja doméstica porque manifesta a natureza de comunhão e familiar da Igreja como família de Deus[5].

Pela sua missão natural e sobrenatural, pela sua origem, pela sua natureza e pelo seu fim, é grande a dignidade da família. Toda família tem una entidade sagrada e merece a veneração e solicitude de seus membros, da sociedade civil e da Igreja. Por isso, seria uma trágica corrupção de sua essência reduzi-la às relações conjugais, ou ao vínculo de sangue entre pais e filhos, ou a uma espécie de unidade social ou de harmonização de interesses particulares. São Josemaria insistia em que “devemos trabalhar para que essas células cristãs da sociedade nasçam e se desenvolvam com afã de santidade”[6].

O lar há de ser a escola primeira e principal onde os filhos aprendem e vivem as virtudes humanas e cristãs. O bom exemplo dos pais, dos irmãos e dos demais componentes do âmbito familiar, refletem-se de maneira imediata na configuração das relações sociais que cada um dos membros dessa família estabelece. Não é casual, portanto, o interesse da Igreja pelo adequado desenvolvimento dessa escola de virtudes que há de ser o lar. Mas não é este o único interesse: mediante a colaboração generosa dos pais cristãos com o desígnio divino, Deus mesmo “aumenta e enriquece sua própria família”[7], multiplica-se em número e virtude o Corpo Místico de Cristo sobre a terra, e oferece-se a partir dos lares cristãos uma oblação especialmente grata ao Senhor[8].

A realidade familiar baseia-se em direitos e deveres. Antes de tudo as obrigações: todos seus membros devem ter consciência clara da dignidade dessa comunidade que formam e da missão que está chamada a realizar. Cada um deve cumprir seus deveres com um vivo sentido de responsabilidade, à custa dos sacrifícios que sejam precisos. Quanto aos direitos, a família reclama o respeito e a atenção do Estado por um duplo título: é a família que lhe deu origem, e porque a sociedade será o que forem as famílias[9].

Para cumprir todos estes deveres, é indispensável que os membros da família tornem sobrenatural seu afeto, como a família está elevada à ordem sobrenatural. Deste amor — suave e exigente ao mesmo tempo — brotam essas delicadezas que fazem da vida de família uma antecipação do Céu. “O matrimônio baseado em um amor exclusivo e definitivo converte-se no ícone da relação de Deus com um povo, e, vice-versa, o modo de amor de Deus converte-se na medida do amor humano”[10].

Nos momentos atuais da vida da sociedade, faz-se especialmente urgente voltar a inculcar o sentido cristão no seio de tantos lares. A tarefa não é simples, mas é, sim, apaixonante. Para contribuir com esta imensa obra, que se identifica com a de voltar a dar tom cristão à sociedade, cada um há de começar por “varrer” a própria casa.

Adquire então particular importância na consecução deste projeto a educação dos filhos, aspecto fundamental da vida familiar. Para responder a este grande propósito - educar numa sociedade em boa medida descristianizada - convém recordar duas verdades fundamentais: “A primeira é que o homem está chamado a viver na verdade e no amor. A segunda é que cada homem realiza-se mediante a entrega sincera de si mesmo”[11]. Na educação estão implicados tanto os filhos como os pais, primeiros educadores, de modo que só se pode dar na “recíproca comunhão das pessoas”; o educador, de algum modo “engendra” em sentido espiritual, e segundo “esta perspectiva, a educação pode ser considerada um verdadeiro apostolado. É uma comunicação vital, que não só estabelece uma relação profunda entre educador e educando, mas que faz ambos participarem na verdade e no amor, meta final a que está chamado todo homem por parte de Deus Pai, Filho e Espírito Santo”[12].

* Artigo publicado em “Romana”, boletim da Prelazia.


[1] 1. Gn 2, 7.

[2] Cfr. Gn 1, 31.

[3] Cfr. Gn 1, 27.

[4] SÃO JOSEMARIA, É Cristo que passa, n. 22.

[5] Cfr. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 350.

[6] SÃO JOSEMARIA, Entrevistas, n. 91.

[7] CONCÍLIO VATICANO II, Const. past. Gaudium et spes, n. 50.

[8] Cfr. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 188.

[9][9] Cfr. Compêndio do Catecismo da Igreja Católica, n. 457-462.

[10] BENTO XVI, Enc. Deus caritas est, n. 11.

[11] JOÃO PAULO II, Carta às famílias (2-II-1994), n. 16

[12] Ibid.

Homilia do papa Francisco na missa do Estádio Nacional do Bahrein

O papa Francisco chega ao Estádio Nacional do Bahrein /
Vatican Media

05 Nov. 22 / 10:13 am (ACI).- Em seu terceiro dia no Bahrein, o papa celebrou missa no estádio Nacional do Bahrein. a seguir o texto completo:

O profeta Isaías diz que Deus fará surgir um Messias que «dilatará o seu domínio com uma paz sem limites» (Is 9, 6). Parece uma contradição! Com efeito, no palco deste mundo, muitas vezes vemos que quanto mais se procura o poder, tanto mais ameaçada está a paz. Ao contrário, o profeta anuncia uma novidade extraordinária: o Messias que vem é verdadeiramente poderoso, mas não como um líder que guerreia e domina sobre os outros, mas como «Príncipe da paz» (9, 5), como Aquele que reconcilia os homens com Deus e entre si. A grandeza do seu poder não se serve da força da violência, mas da debilidade do amor. Este é o poder de Cristo: o amor. E confere também a nós o mesmo poder, o poder de amar, de amar em seu nome, de amar como Ele amou. Como? De modo incondicional: não só quando as coisas correm bem e temos vontade de amar, mas sempre; não apenas aos nossos amigos e vizinhos, mas a todos, mesmo inimigos. Sempre e a todos.

Reflitamos um pouco sobre isto: amar sempre e amar a todos.

Comecemos pela primeira coisa: hoje as palavras de Jesus (cf. Mt 5, 38-48) convidam-nos a amar sempre, isto é, a permanecer sempre no seu amor, a cultivá-lo e praticá-lo qualquer que seja a situação onde vivemos. Mas atenção! O olhar de Jesus é realista; não diz que será fácil nem propõe um amor sentimental ou romântico, como se não houvesse, nas nossas relações humanas, momentos de conflito e não houvesse motivos de hostilidade entre os povos. Jesus não é utópico, mas realista: fala explicitamente de «maus» e de «inimigos» (cf. 5, 39.43). Sabe que acontece uma luta diária entre amor e ódio, no âmbito dos nossos relacionamentos; e, dentro de nós mesmos, verifica-se dia a dia um combate entre a luz e as trevas, entre tantos propósitos e desejos de bem e aquela fragilidade pecadora que muitas vezes nos domina e arrasta para as obras do mal. Sabe também que é o que experimentamos quando, apesar de tantos esforços generosos, nem sempre recebemos o bem que esperávamos, antes, às vezes incompreensivelmente sofremos um dano. Mais, Ele vê e sofre ao contemplar, nos nossos dias e em muitas partes do mundo, exercícios do poder que se nutrem de opressão e violência, procuram aumentar o espaço próprio restringindo o dos outros, impondo o próprio domínio, limitando as liberdades fundamentais, oprimindo os mais frágeis. Concluindo, Jesus bem sabe que há conflitos, opressões, inimizades.

À vista de tudo isto, eis a pergunta importante que se deve pôr: Que havemos de fazer quando nos encontramos em situações do género? A proposta de Jesus é surpreendente, é intrépida, é audaz. Pede aos seus a coragem de arriscar por algo que, na aparência, é perdedor; pede-lhes para permanecerem sempre, fielmente, no amor, apesar de tudo, mesmo perante o mal e o inimigo. Ora a pura e simples reação humana cinge-se ao «olho por olho e dente por dente»; mas isto equivale a fazer-se justiça com as mesmas armas do mal recebido. Jesus ousa propor-nos algo de novo, diferente, impensável, algo de Seu: «Eu, porém, digo-vos: Não oponhais resistência ao mau. Mas, se alguém te bater na face direita, oferece-lhe também a outra» (5, 39). Aqui está o que nos pede o Senhor: que não sonhemos idealisticamente com um mundo animado pela fraternidade, mas que nos comprometamos – principiando nós mesmos – a viver concreta e corajosamente a fraternidade universal, perseverando no bem mesmo quando recebemos o mal, quebrando a espiral da vingança, desarmando a violência, desmilitarizando o coração. Um eco disto mesmo, temo-lo no apóstolo Paulo quando escreve «não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal com o bem» (Rm 12, 21).

Assim, o convite de Jesus não tem a ver primariamente com as grandes questões da humanidade, mas com as situações concretas da nossa vida: os nossos laços familiares, as relações na comunidade cristã, os vínculos que cultivamos no trabalho e na sociedade onde nos encontramos. Haverá atritos, momentos de tensão, haverá conflitos, diversidade de perspetivas, mas quem segue o Príncipe da paz deve procurar sempre a paz. E esta não se pode restabelecer se, a uma palavra ofensiva, se responde com outra pior, se a uma bofetada se responde com outra. Isto não! É preciso «desativar«, quebrar a cadeia do mal, romper a espiral da violência, deixar de guardar ressentimento, pôr fim a lamúrias e lamentos acerca da própria sorte. Há que permanecer no amor, sempre: é o caminho de Jesus para dar glória ao Deus do céu e construir a paz na terra. Amar sempre.

Passemos agora ao segundo aspeto: amar a todos. Podemos empenhar-nos no amor, mas não basta se o circunscrevermos à esfera restrita das pessoas de quem recebemos igualmente amor, de quem nos é amigo, dos nossos semelhantes, familiares. Também neste caso, o convite de Jesus é surpreendente, porque amplia os confins da lei e do bom senso: já é difícil, embora razoável, amar o próximo, quem é nosso vizinho. Em geral, é aquilo que uma comunidade ou um povo procura fazer, para conservar a paz no próprio seio: se se pertence à mesma família ou à mesma nação, se se têm as mesmas ideias ou os mesmos gostos, se se professa o mesmo credo, é normal procurar ajudar-se e querer-se bem. Mas que sucede se, quem estava distante, vem para perto de nós, se quem é estrangeiro, diferente ou de outro credo se torna nosso vizinho de casa? Precisamente esta nação é uma imagem viva da convivência na diversidade, do nosso mundo marcado sempre mais pela migração permanente dos povos e pelo pluralismo de ideias, usos e tradições. Então é importante acolher esta provocação de Jesus: «Se amais os que vos amam, que recompensa haveis de ter? Não fazem já isso os publicanos?» (Mt 5, 46). O verdadeiro desafio, para ser filhos do Pai e construir um mundo de irmãos, é aprender a amar a todos, mesmo o inimigo: «Ouvistes o que foi dito: Amarás o teu próximo e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, digo-vos: Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem» (5, 43-44). Na realidade, isto significa escolher não ter inimigos: ver no outro, não um obstáculo a superar, mas um irmão e uma irmã a amar. Amar o inimigo é trazer à terra um reflexo do Céu, é fazer descer sobre o mundo o olhar e o coração do Pai, que não faz distinções nem discrimina, mas «faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores» (5, 45).

Irmãos, irmãs, o poder de Jesus é o amor, e Jesus dá-nos o poder de amar desta maneira, duma forma que nos parece sobre-humana. Na verdade, uma tal capacidade não pode ser fruto apenas dos nossos esforços; é, antes de mais nada, uma graça; uma graça que deve ser pedida com insistência: «Jesus, Vós que me amais, ensinai-me a amar como Vós. Jesus, Vós que me perdoais, ensinai-me a perdoar como Vós. Enviai sobre mim o vosso Espírito, o Espírito do amor». Peçamo-lo! Frequentemente confiamos à atenção do Senhor muitos pedidos, mas o pedido essencial para o cristão é este: saber amar como Cristo. Amar é o dom maior, e recebemo-lo quando damos espaço ao Senhor na oração, quando acolhemos a Presença d’Ele na sua Palavra que nos transforma e na revolucionária humildade do seu Pão partido. Assim, lentamente, vão caindo os muros que nos endurecem o coração e encontramos a alegria de praticar obras de misericórdia para com todos. Então compreendemos que uma vida feliz passa através das Bem-aventuranças e consiste em sermos construtores de paz (cf. Mt 5, 9).

Queridos amigos, hoje quero agradecer o vosso humilde e jubiloso testemunho de fraternidade para ser, nesta terra, sementes do amor e da paz. É o desafio que o Evangelho lança diariamente às nossas comunidades cristãs, a cada um de nós. E a vós, a todos vós que viestes, a esta Celebração, dos quatro países do Vicariato Apostólico da Arábia do Norte – Bahrein, Kuwait, Qatar e Arábia Saudita – e doutros territórios do Golfo, bem como doutros países, hoje trago-vos o carinho e a solidariedade da Igreja universal, que tem os olhos postos em vós e vos abraça, que vos ama e encoraja. Que a Virgem Santa, Nossa Senhora da Arábia, vos acompanhe ao longo do caminho e vos guarde sempre no amor para com todos.

Fonte: http://www.acidigital.com/

Os santos que viram almas do purgatório pedindo ajuda

Renata Sedmakova | Shutterstock
Por Anne Bernet

Durante todo o mês de Novembro, dedicado às almas do Purgatório, a Igreja reza pelas almas sofredoras que esperam a alegria do Céu. Muitos santos têm visto almas atormentadas pelos seus pecados pedindo-lhes, do Purgatório, que rezem por eles.

Quando seminaristas, Dom Bosco e o seu melhor amigo, Luigi Romollo, prometem um ao outro que o primeiro dos dois a morrer voltará para informar o outro do seu destino eterno. Este juramento solene foi um tanto infantil, pois ambos sabiam que a Igreja condena as tentativas de comunicação com os mortos, mas era motivado pelo desejo de aliviar o possível sofrimento expiatório do seu ente querido. Na primeira metade do século XIX, as mortes prematuras não eram excepcionais; a morte era onipresente e, nos círculos católicos, o pensamento do fim da vida era constante.

A missa de Dom Bosco

O primeiro a morrer foi Luigi, em 1839, poucos meses antes da sua ordenação. A dor de Dom Bosco era imensa, mas ele não tinha esquecido o juramento trocado com o falecido. Na noite após a morte de Romollo, enquanto os seminaristas dormiam, ouviu-se uma voz alta através do dormitório, acordando todos; que gritou: “Bosco! Bosco! Estou salvo!” Todos reconheceram a voz do seu camarada falecido e sentiram um medo salutar, incluindo Dom Bosco.

Os dois homens prometeram um ao outro que, assim que fossem informados da morte do amigo, o sobrevivente celebraria uma missa para o repouso da sua alma."

Dom Bosco cedo compreendeu que não era necessário pedir notícias para as receber, quer na forma de um sonho, quer na noite em que o pequeno Domingos Sávio apareceu-lhe num esplêndido jardim e lhe explicou a necessidade de passar por este tipo de imagem para dar aos vivos uma ideia do esplendor da eternidade abençoada, ou através da comunicação verbal. Depois de se tornar padre, um dos colegas padres de Dom Bosco morre subitamente.

Os dois homens prometeram um ao outro que, assim que fossem informados da morte do seu amigo, o sobrevivente celebraria uma missa para o repouso da sua alma. No dia da sua morte, Dom Bosco já tinha celebrado a sua própria missa e assim adiou a celebração para o dia seguinte. No entanto, durante a noite, o falecido aparece-lhe, prostrado, em lágrimas, com dores terríveis, e censura-o amargamente por ter esquecido a sua promessa, uma vez que o abandonou “durante tanto tempo” nos tormentos do Purgatório.

Quando Dom Bosco responde que está a fazer o seu melhor, mas que não passaram doze horas desde que o seu visitante expirou, este último parece atordoado. Um pequeno detalhe que tendemos a esquecer: na eternidade, não há mais tempo e uma hora no Purgatório é provável que pareça dez anos do nosso lado da realidade… Escusado será dizer que, ao amanhecer, Dom Bosco celebra a missa prometida, com o fervor do santo que ele é, e a dedica ao seu amigo.

Uma missão expiatória: aliviar as almas em sofrimento

De facto, este tipo de aparições de almas sofredoras, que Deus permite para nos recordar a realidade do mundo invisível, da eternidade feliz ou infeliz, também nos permite levar alívio àqueles que “definham no Purgatório”, como canta um hino latino dos falecidos. É altamente improvável que os nossos mortos voltem para nós desta forma para pedir a nossa ajuda, mesmo que seja um dever rezar por eles e oferecer missas para apressar a sua entrada no Céu, uma ajuda que eles nos devolverão cem vezes e que, além disso, tornará possível suavizar e encurtar o nosso próprio purgatório. Mas não é menos verdade que, na história da Igreja, as almas em sofrimento manifestaram-se a santos e místicos capazes de assumir livremente, por amor a Cristo e aos seus irmãos e irmãs, uma missão expiatória extremamente dolorosa.

A fim de abrir as portas do Céu ao seu irmão mais novo, um pagão, que morreu aos sete anos de idade de câncer, Santa Perpétua, em 204, tendo tido uma visão da criança a morrer de sede, tristeza e angústia na escuridão, oferece-lhe os múltiplos caminhos sofridos nas masmorras sufocantes da prisão de Cartago, na expectativa do seu martírio.

Margarida Maria e Padre Pio

Margarida Maria Alacoque teve uma experiência mais aterradora quando um religioso devorado pelas chamas lhe apareceu e lhe implorou, a fim de a resgatar de um dos andares mais baixos do Purgatório, que assumisse todos ou parte dos seus tormentos. Depois de pedir permissão à sua superiora, a freira aceitou. Durante três meses, que diria terem sido os piores da sua vida, quando já estava habituada à penitência e ao sofrimento, físico, moral e espiritual, Margarida Maria rezou, ofereceu e expiou por este beneditino que não tinha sido fiel aos seus votos e às exigências do seu sacerdócio.

Após três meses assustadores, durante os quais ele a seguiu passo a passo, ela teve o alívio de o ver arrancado da sua prisão de fogo, a correr, resplandecente, em direção ao Paraíso que o mensageiro do Sagrado Coração lhe tinha finalmente aberto. O Padre Pio também ofereceu e sofreu para entregar almas presas no Purgatório.

Mas fique tranquilo! Não é necessário ir a estes extremos, que estão para além do nosso entendimento, para aliviar os mortos. Durante este mês de Novembro, e o resto do ano também, basta-nos levar nas nossas orações aqueles que amamos e por quem ainda podemos fazer muito, e aqueles milhões de estranhos que iremos encontrar, agradecidos, um dia, por quem nunca ninguém implora a misericórdia divina.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Bispo francês lamenta dessacralização da Liturgia

Guadium Press
Dom David Macaire, Bispo da ilha de Martinica, lamentou a “dessacralização da liturgia” que se verifica em tantas celebrações ao redor do mundo, e exortou os fiéis a executarem cada detalhe litúrgico com respeito e piedade.

Redação (04/11/2022 09:50, Gaudium Press) Comentando a recente Carta Apostólica do papa Francisco “Desiderio desideravi” (Tenho desejado ardentemente), sobre a formação litúrgica, o bispo de Fort-de-France, território francês na ilha de Martinica, Dom David Macaire, lamenta a “dessacralização da liturgia” em muitas celebrações católicas.

Os funerais da Rainha da Inglaterra

As recentes cerimônias dos funerais em homenagem à falecida rainha Isabel II de Inglaterra fizeram o bispo sonhar: “sonhei que Nosso Senhor merecia Ele também, nas nossas celebrações litúrgicas, uma devoção semelhante e muito mais ainda!”.

“Fiquei impressionado pelo cadre pomposo que rodeou os funerais da rainha da Inglaterra. Sem exaltar os efeitos, o cerimonial conseguiu transcender as emoções mediante coreografias sóbrias, ao mesmo tempo faustosas e humildes, e perfeitamente ordenadas. O fato de atentar-se a cada detalhe, cada gesto, cada movimento, testemunhava, mais do que gritos e lágrimas, amor e respeito! Os cantos religiosos convidavam à oração e ao aprofundamento”.

Guadium Press

Falta de piedade e respeito nas comunhões

Comparando com certas celebrações litúrgicas, o bispo pondera: “Para um bom católico, é algo quase banal poder, todos os domingos, e até todos os dias, se aproximar do Corpo e do Sangue daquele que os profetas, desde Abraão, desejaram ver”. Mas lamenta o prelado: “nas comunhões falta piedade, até mesmo respeito”.

E enfatiza: “nós misturamos a Eucaristia com todo gênero de manifestações, como se fosse preciso ‘apimentar’: danças e desenhos dos meninos do catecismo, cerimônias para honrar pessoas, discursos sócio-políticos ou teológicos, matrimônios em que os convidados não são cristãos…”

Dessacralização da Liturgia

Citando o papa Francisco, ele afirma claramente: “Estamos dessacralizando a liturgia porque ‘confundimos a simplicidade com a banalidade rasteira’ (“Desiderio desideravi”, 22). Introduzindo no ritual “danças, vibrações, emoções, percussões agressivas…”.

O bispo conclui pedindo, com o papa Francisco, que “todos os aspectos do celebrar devem ser cuidados (espaço, tempo, gestos, palavras, objetos, vestes, canto, música, …) e todas as rubricas devem ser observadas: bastaria esta atenção para evitar subtrair à assembleia aquilo que lhe é devido, isto é, o mistério pascal celebrado na modalidade ritual que a Igreja estabelece” (“Desiderio desideravi”, 23). (JMJA)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

O Papa: devemos nos comprometer a viver corajosamente a fraternidade universal

Missa Presidida pelo Papa Francisco no Estádio Nacional do Bahrein,
Awali (Vatican Media)

"Não sonhemos idealisticamente com um mundo animado pela fraternidade, mas nos comprometamos – principiando nós mesmos – a viver concreta e corajosamente a fraternidade universal, perseverando no bem mesmo quando recebemos o mal, quebrando a espiral da vingança, desarmando a violência, desmilitarizando o coração". Palavras do Papa Francisco na homilia durante a Missa pela Paz e Justiça, celebrada no Estádio Nacional do Bahrein, em Awali. neste sábado (05/11).

Jane Nogara - Vatican News

O primeiro compromisso do Papa Francisco neste sábado (05/11) foi a Santa Missa pela Paz e Justiça, celebrada no Estádio Nacional do Bahrein, em Awali. Francisco iniciou sua homilia citando Isaías que afirmou que o Messias que vem é verdadeiramente poderoso, mas “não como um líder que guerreia e domina sobre os outros, mas como ‘Príncipe da paz’ (9, 5), como Aquele que reconcilia os homens com Deus e entre si. A grandeza do seu poder não se serve da força da violência, mas da debilidade do amor”.

“Este é o poder de Cristo: o amor. E confere também a nós o mesmo poder, o poder de amar, de amar em seu nome, de amar como Ele amou. Como? De modo incondicional: não só quando as coisas correm bem e temos vontade de amar, mas sempre; não apenas aos nossos amigos e vizinhos, mas a todos, mesmo inimigos.”

Amar sempre

Em seguida convidou a refletir sobre estes dois temas: “amar sempre amar a todos”. Ao falar sobre amar sempre recordou as palavras de Jesus que nos convidam a fazer isso, isto é, “a permanecer sempre no seu amor, a cultivá-lo e praticá-lo qualquer que seja a situação onde vivermos”. Advertindo em seguida: “Mas atenção! O olhar de Jesus é realista; não diz que será fácil nem propõe um amor sentimental e romântico”, esclarecendo, “Jesus não é utópico, mas realista: fala explicitamente de ‘maus’ e de ‘inimigos’ (cf. 5, 39.43). Sabe que acontece uma luta diária entre amor e ódio, no âmbito dos nossos relacionamentos”, disse acrescentando em seguida, “Ele vê e sofre ao contemplar, nos nossos dias e em muitas partes do mundo, exercícios do poder que se nutrem de opressão e violência, procuram aumentar o espaço próprio restringindo o dos outros, impondo o próprio domínio, limitando as liberdades fundamentais, oprimindo os mais frágeis. Concluindo, Jesus bem sabe que há conflitos, opressões, inimizades".

Missa Presidida pelo Papa Francisco no Estádio Nacional do Bahrein,
Awali (Vatican Media)

Permanecer fiel no amor

Colocando a questão na prática o Papa se pergunta: “Que havemos de fazer quando nos encontramos em situações do gênero? A proposta de Jesus é surpreendente, intrépida, audaz. Pede aos seus a coragem de arriscar por algo que, na aparência, é perdedor; pede-lhes para permanecerem sempre, fielmente, no amor, apesar de tudo, mesmo perante o mal e o inimigo”.

“Aqui está o que nos pede o Senhor: que não sonhemos idealisticamente com um mundo animado pela fraternidade, mas que nos comprometamos – principiando nós mesmos – a viver concreta e corajosamente a fraternidade universal, perseverando no bem mesmo quando recebemos o mal, quebrando a espiral da vingança, desarmando a violência, desmilitarizando o coração.”

Observando em seguida que o convite de Jesus não tem a ver primariamente com as grandes questões da humanidade, “mas com as situações concretas da nossa vida: os nossos laços familiares”. “Haverá atritos, momentos de tensão, conflitos, diversidade de perspectivas, mas quem segue o Príncipe da paz deve procurar sempre a paz. Exortando em seguida: “É preciso ‘desativar’, quebrar a cadeia do mal, romper a espiral da violência”. “Devemos permanecer no amor, sempre: é o caminho de Jesus para dar glória ao Deus do céu e construir a paz na terra. Amar sempre”.

Amar a todos

Ao falar sobre o segundo aspecto “amar a todos”, Francisco disse que “podemos empenhar-nos no amor, mas não basta se o circunscrevermos à esfera restrita das pessoas de quem recebemos igualmente amor”. “Também neste caso”, esclarece o Papa, “o convite de Jesus é surpreendente, porque amplia os confins da lei e do bom senso: já é difícil, embora razoável, amar o próximo, quem é nosso vizinho”. “Mas que sucede se, quem estava distante, vem para perto de nós, se quem é estrangeiro, diferente ou de outro credo se torna nosso vizinho de casa?” E referindo ao Bahrein disse: “precisamente esta nação é uma imagem viva da convivência na diversidade, do nosso mundo marcado sempre mais pela migração permanente dos povos e pelo pluralismo de ideias, usos e tradições”.

“O verdadeiro desafio, para ser filhos do Pai e construir um mundo de irmãos, é aprender a amar a todos, mesmo o inimigo.”

“Na realidade”, disse ainda, “isto significa escolher não ter inimigos: ver no outro, não um obstáculo a superar, mas um irmão e uma irmã a amar. Amar o inimigo é trazer à terra um reflexo do Céu, é fazer descer sobre o mundo o olhar e o coração do Pai, que não faz distinções nem discrimina, mas ‘faz com que o sol se levante sobre os bons e os maus e faz cair a chuva sobre os justos e os pecadores’".

Graça

Reiterando Francisco disse ainda que o poder de Jesus é o amor, e Jesus dá-nos o poder de amar desta maneira, de uma forma que nos parece sobre-humana. Na verdade, uma tal capacidade não pode ser fruto apenas dos nossos esforços; é, antes de mais nada, uma graça; uma graça que deve ser pedida com insistência. Sugerindo em seguida: “Frequentemente confiamos à atenção do Senhor muitos pedidos, mas o pedido essencial para o cristão é este: saber amar como Cristo”. Deste modo disse, “lentamente, vão caindo os muros que nos endurecem o coração e encontramos a alegria de praticar obras de misericórdia para com todos. Então compreendemos que uma vida feliz passa através das Bem-aventuranças e consiste em sermos construtores de paz (cf. Mt 5, 9).

São Zacarias e Santa Isabel

Visita de Virgem Maria à Santa Isabel e São Zacarias | rs21
05 de novembro

São Zacarias e Santa Isabel

No dia 5 de outubro, a Igreja celebra São Zacarias e Santa Isabel, moradores da aldeia Ain-Karim e parentes da Sagrada Família de Nazaré. Juntos formavam um casal repleto de fé, humildade, e uma união sólida, que jamais se deixaram levar pelas tentações da vida, e sim fiéis perante Deus e seus mandamentos.

Escolhidos por Deus

A história de São Zacarias e Santa Isabel é contada no Evangelho de São Lucas. No tempo de Herodes, o rei da Judéia, Zacarias era sacerdote da classe de Abias. Já Isabel era descendente de Aarão.

O casal possuía uma fé inabalável, corações puros e cheios de amor dedicado ao próximo. No entanto, Isabel carregava uma vergonha para uma mulher hebreia àquela época, desprestigiada pela maternidade por ser estéril. Mas foi a esterilidade dela que a tornou uma grande protagonista feminina na história religiosa da encarnação de Deus entre o povo.

 O milagre concedido pelo Senhor

Na velhice, o casal ainda não possuía filhos, e já haviam desistido de tal possibilidade. Até que Zacarias se pôs a orar num templo e um anjo enviado pelo Senhor apareceu diante de si e lhe deu a notícia de que sua mulher viria a engravidar e gerar em seu ventre um menino chamado João. Prometeu que a criança seria repleta do Espírito Santo.

“Não tenhas medo, Zacarias, porque foi ouvida tua oração; Isabel, tua mulher, vai te dar um filho a quem darás o nome de João. Ficarás alegre e contente e todos se alegrarão com seu nascimento” (Lc 1,13-14).

Mesmo diante da aparição de um anjo, Zacarias desacreditou da promessa, acreditava ser impossível uma gravidez naquela idade, então pediu um sinal de prova. Em resposta, ficou mudo durante a gestação da esposa e só tornou a falar quando João, aquele que viria a se tornar São João Batista, veio ao mundo. Assim, ao recuperar a voz, ele entoou o salmo profético, profetizando a missão do filho.

Recolhimento nos braços de Deus

Durante a maternidade, Isabel se pôs a dividir os dias em três momentos: o silêncio, a oração e a meditação. Virgem Maria, sua prima, recebeu o anúncio de sua divina maternidade do mesmo anjo que recorreu a Zacarias, e assim ficou ciente da gravidez de Isabel. Partiu às pressas para ajudar a prima nos preparativos do parto. E quando Isabel é visitada por Virgem Maria, a prima lhe concede uma bênção: “Bendita és tu entre as mulheres, e bendito é o fruto do teu ventre”.

Zacarias e sua esposa se recolheram, para longe dos holofotes que o nascimento do filho trouxe, se alegraram e se satisfizeram na humildade, da mesma maneira como vieram ao mundo e assim permaneceram. O casal foi fiel a Deus até a morte, em 12 d.C.

“[...] ambos eram justos diante de Deus e cumpriram todos os mandamentos e observâncias do Senhor” (Lc 1,6).

Oração a São Zacarias e Santa Isabel

“Que Deus conceda aos pais de família imitar Zacarias e Isabel, levando-os a viver uma vida santa, sendo justos diante do Senhor e observando com exatidão Seus mandamentos. Por Cristo Nosso Senhor. Amém.”

São Zacarias e Santa Isabel, rogai por nós!

Fabíola Augusta, da Rede Século 21


sexta-feira, 4 de novembro de 2022

A Religião Salva?

Editora Cléofas

A Religião Salva?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

A Religião, entendida como “instituição”, não salva. Só Jesus Cristo, segundo o protestantismo, salva… Salva, porém, (dizem os católicos) mediante seu Corpo Místico, que é a Igreja-instituição.

A Religião, que consiste em aderir à Igreja, vem a ser o sacramento pelo qual passa a salvação vinda de Cristo. A instituição que goza da assistência de Cristo, resguarda os fiéis contra o subjetivismo, que tende a destruir a mensagem revelada. Está claro, portanto, que a fé será sempre o princípio dinamizador da vida do cristão na Igreja.

No diálogo ecumênico os interlocutores protestantes apresentam a pergunta: “Religião salva?”. Pergunta à qual dão resposta negativa. Esta atitude merece consideração.

1. O problema

Eis a mensagem enviada a Pergunte e Responderemos (via internet):

“As palavras de Tiago, irmão do Senhor, líder espiritual da Igreja primitiva em Jerusalém, martirizado pelos judeus no ano 62, nos ensinam o que é religião:

“A religião pura e sem mácula, para com o nosso Deus e Pai é esta: visitar os órfãos e as viúvas nas suas tribulações, e conservar-se puro da mundo desse mundo” (Tg 1,27).

Religião, portanto, é algo pessoal, que se desenvolve em duas dimensões: a dimensão humana, terrena, na qual movidos por amor ao próximo e compaixão pelos necessitados, nós os auxiliamos em suas tribulações (na sociedade judaica da época, por exemplo, os órfãos e as viúvas eram os necessitados). A outra dimensão é a espiritual – à qual nos relacionamos diretamente com o Deus e Pai, guardando-nos daquilo que o mundo nos oferece e, por consequência, pode causar nossa corrupção de caráter e contaminação da alma. Seremos, portanto, maculados e afastados de Deus.

Vemos, então, que o coração da verdadeira religião não se manifesta na institucionalização de dogmas, credos ou ritos, mas na prática cotidiana do amor, porque “Deus é amor” e a sua lei é o amor. Como ensinou Jesus Cristo, nosso Salvador, a lei de Deus se resume:

‘Amarás o Senhor teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo’ (Lc 10,27).

Porque Deus é único, e cada um de nós somos seres únicos, o que Ele espera de nós é que, por meio de Jesus Cristo, a cada dia vivamos esta religião pura e sem mácula”.

Dizem outros: a Religião é um conjunto de crenças, leis e práticas codificadas, aptas a atrofiar a fé, suscitando a impressão de que a pessoa religiosa pode obter efeitos mágicos.

Em nossos dias é o protestantismo neo-pentecostal que professa tais ideias, tendo em vista esvaziar os conceitos de Igreja e o Magistério da Igreja em favor da tese do livre-exame da Bíblia: a cada crente se confere o direito de configurar o Cristianismo a seu modo, já que “Religião-lgreja” não salva ninguém.

Perguntamos:

2. Que dizer?

Proporemos seis observações a respeito:

1) Sem dúvida, a fé é o dínamo da vida espiritual; é a fonte de toda prática religiosa (Cf. Rm 1,17: “o justo vive da fé”).

2) O princípio “Somente a fé” acarreta o risco do subjetivismo religioso alimentado pela prática do livre-exame da Bíblia; assim vai-se dilacerando cada vez mais o patrimônio da fé ou da Revelação Divina, como acontece nas comunidades dos Mórmons e das Testemunhas de Jeová, por exemplo.

3) Para conter o subjetivismo esvaziador, faz-se necessária uma instância objetiva, que paire acima dos subjetivismos ou dos “achismos (eu acho que…)” que é a Igreja com seu Magistério assistido pelo Espírito Santo; (cf. Jo 14, 25s). A Igreja é Mãe e Mestra, que tem a promessa da infalibilidade em matéria de fé e de Moral.

4) Mais: o Cristianismo não é simplesmente uma escola, na qual o mestre dá as suas aulas e vai embora. Cristo não é somente um Mestre martirizado. É um tronco de videira, da qual nós somos os ramos (cf. Jo 15,1-5); é Cabeça de um Corpo, do qual somos os membros (cf. 1Cor 12, 12-20). Ele continua vivo e atuante na Terra mediante os sacramentos: o Sacramento da Igreja, que prolonga o Sacramento da Encarnação e que se estende a cada cristão através dos sete sacramentos da Liturgia. Em outros termos: Deus se dá aos homens não de maneira meramente privada e individualista, mas mediante sinais, que são a humanidade de Jesus, o Corpo de Cristo que é a Igreja, e os sete sinais sacramentais (água, pão, vinho, gestos, palavras), que perfazem o que se chama uma instituição. Esta é indispensável para que haja ordem numa sociedade.

5) Está claro que somente Jesus Cristo salva, mas Ele quer salvar mediante a Igreja, da qual Ele é Cabeça, Igreja que professa o seu Credo, tem seu Código de Moral e seus ritos sagrados… Este conjunto institucional não sufoca a fé, mas a preserva contra o subjetivismo deteriorante.

6) Para preencher seu papel de instrumento da salvação, a Religião ou a religiosidade do cristão há de ser esclarecida e consolidada mediante a leitura e o estudo, preservando-a de cair na superstição e no sincretismo. Cada fiel católico saberá avaliar as modalidades de aprofundamento da fé de que precisa.

Eis em que termos se pode dizer que, se a Religião não salva, Ela é ao menos indispensável instrumento de salvação.

Dom Estêvão Bettencourt, osb.
Revista Pergunte e Responderemos, n. 518. Agosto de 2005.

20% dos católicos não se sentem confortáveis em partilhar a sua fé

makasana photo / Shutterstock
Por Zoe Romanowsky

Novo estudo revela o que as pessoas consideram útil quando se trata de crescer na fé. Veja:

Podemos pensar que alguém que está profundamente comprometido com sua fé se sentiria confortável em partilhá-la com outros. Mas não é necessariamente esse o caso.

Um novo estudo da DeSales Media em parceria com a Vinea Research revelou que 1 em cada 5 católicos não se sente preparado para partilhar a sua fé e deseja ter mais formação.

O estudo examinou mais de 3.200 pessoas que declararam a sua fé “central para as suas vidas”. A investigação foi feita entre Maio e Dezembro de 2021, em parceria com 22 organizações católicas, a maioria das quais está listada no relatório. 

“Há uma grande necessidade do trabalho de formação de discípulos motivados dentro das nossas comunidades. Muitas pessoas simplesmente não sabem a quem recorrer para adquirir as competências necessárias para falar livremente sobre a sua fé numa variedade de cenários”, disse Bill Maier, CEO da DeSales Media.

“Especialmente após a diminuição pós-pandémica da participação nas missas, precisamos urgentemente de levar as ferramentas certas às pessoas certas para que a fé na Igreja Católica de Jesus seja reacendida naqueles que se afastaram.”

Mas embora haja aqui uma necessidade importante identificada para os líderes ministeriais prestarem atenção, há também algumas boas e úteis notícias. A maioria dos inquiridos no estudo disse que reza diariamente e que os sacramentos são centrais para as suas vidas espirituais, e que os meios de comunicação impressos e digitais são uma componente integral disso.

Os meios digitais tais como websites, podcasts, e aplicações estão a tornar-se rapidamente ferramentas essenciais para os católicos de hoje, uma vez que a grande maioria citou algum tipo de meio digital como uma fonte chave de formação, DeSales Media notou no seu comunicado de imprensa.

Dave Plisky, Diretor de Produção e Inovação da DeSales Media, disse que o estudo pode ajudar aqueles que estão no ministério a “identificar e compreender a jornada espiritual dos discípulos motivados” e que mostra “como nós, como Igreja, podemos ajudar os católicos a formar relações mais profundas com Deus e com os outros”.

Houve outras descobertas chave no estudo. Os participantes expressaram uma “necessidade de crescimento nas áreas da humildade, ‘tomar a sua cruz,’ e realizar obras de misericórdia espiritual. Também expressaram a necessidade de oportunidades de retiro, direção espiritual, e a importância de ir mais frequentemente à confissão”.

Mesmo que não seja um líder ministerial, esta é uma grande informação a considerar para a sua própria vida espiritual e a da sua família. Como está a aprofundar a sua fé? Está a rezar diariamente? Como é que está a servir os outros? Há recursos disponíveis na sua paróquia, online, ou impresso, a que se pode recorrer?

Novembro é o mês em que a Igreja reflete sobre as últimas coisas, a fim de viver e morrer bem. É uma boa altura para pensar em como pode crescer na sua fé e partilhá-la com aqueles que Deus coloca no seu caminho.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Disponíveis spots de rádio para o VI Dia Mundial dos Pobres no Brasil

CNBB

DISPONÍVEIS SPOTS DE RÁDIO PARA O VI DIA MUNDIAL DOS POBRES NO BRASIL

Os organizadores da celebração brasileira do Dia Mundial dos Pobres disponibilizaram mais três materiais para divulgação da data, criada pelo Papa Francisco em 2016. São oferecidos spots de áudio para serem utilizados nas rádios de todo o Brasil. O material contém uma divulgação da jornada, entre os dias 6 e 13 de novembro deste ano, bem como reflexões sobre a cultura do descarte e sobre as causas da miséria.

Neste ano, o Papa Francisco motivou a reflexão para a sexta edição do Dia Mundial dos Pobres a partir do texto bíblico da segunda carta aos Coríntios: “Jesus Cristo fez-se pobre por vós” (cf. 2 Cor 8, 9). A intenção com o convite – tomado do apóstolo Paulo – é manter o olhar fixo em Jesus, que, “sendo rico, se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza”.

Já o tema escolhido pela Igreja do Brasil para animar esta VI Jornada é “Dai-lhes vós mesmos de comer!”, em consonância com a Campanha da Fraternidade 2023, que traz o tema “Fraternidade e fome”, e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16).

Além dos spots de rádio, estão disponíveis outros materiais de divulgação, como a identidade visual, cartaz em pdf, arte para camiseta e ilustração oficial da iniciativa. Os organizadores também disponibilizaram o caderno formativo, um subsídio para o VI Dia Mundial dos Pobres.

Confira e baixe os materiais:

📣 Spots de rádio

📙 Acesse aqui o caderno formativo

🎨 Identidade visual JMP 2022

🔸 Logo JMP

A história da Jornada Mundial dos Pobres

No dia 20 de novembro de 2016, na conclusão do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres. Na mensagem de lançamento ele disse: “Este dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade”.

No Brasil, nos primeiros anos, a CNBB confiou à Cáritas Brasileira a animação e a mobilização do Dia Mundial dos Pobres. A entidade, nesse período, já realizava a Semana da Solidariedade – para pensar e agir por um país justo, fraterno, igualitário, solidário e amoroso, por ocasião de seu aniversário de fundação, 12 de novembro de 1956. A partir da III Jornada Mundial dos Pobres, as Pastorais e Organismos Sociais ligados à Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da CNBB assumiram coletivamente a animação e mobilização do Dia Mundial dos Pobres.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF