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quinta-feira, 10 de novembro de 2022

São Leão Magno

S. Leão Magno | arquisp
10 de novembro

São Leão Magno

Nascido provavelmente em Roma, de pais de origem toscana, Leão foi elevado ao sólio pontifício em 440. No seu longo pontificado realizou a unidade da Igreja, impedindo usurpações de jurisdição pelo patriarcado de Constantinopla e vicariato de Arles.

Combateu as heresias dos pelagianos, dos maniqueus, dos nestorianos e sobretudo dos monofisitas, com a célebre Carta dogmática endereçada ao patriarca Flaviano de Constantinopla, na qual expõe a doutrina católica das duas naturezas de Cristo em uma só pessoa. A carta, lida pelos legados romanos na assembléia conciliar de Calcedônia (451), forneceu o sentido e as próprias fórmulas da definição dogmática e marcou época na teologia católica.

Mas não só por esse ato solene Leão teve — o primeiro entre os papas — o título de Magno e, em 1754, o de doutor da Igreja. Ele tinha uma idéia altíssima da própria função. Encarnava a dignidade, o poder e a solicitude do príncipe dos apóstolos.

Os seus 96 sermões e as 173 cartas chegadas até nós mostram-nos um papa paternalmente dedicado ao bem espiritual dos fiéis, aos quais se dirige com uma linguagem sóbria e eficaz. Mesmo não se detendo nos particulares de uma questão doutrinária, expõe os conteúdos dogmáticos dela com clareza e precisão, e ao mesmo tempo com um estilo culto e atento a certa cadência, que torna agradável a sua leitura.

O seu pontificado corresponde a um dos períodos mais atormentados da história; assim, ao cuidado espiritual dos fiéis uniu-se uma solicitude pela salvação de Roma. Quando, na primavera de 452, os hunos transpuseram os Alpes, Valentiniano III, refugiado em Roma, não encontrou outra solução senão rogar ao papa que fosse ao encontro de Átila, acampado perto de Mântua.

Leão foi até ali e convenceu o feroz guerreiro a retirar-se para a outra margem do Danúbio. A lenda conta que Átila viu no céu os apóstolos Pedro e Paulo com as espadas desembainhadas em defesa do pontífice. Este repetiu a mesma tentativa três anos depois com o bárbaro Genserico, mas com menos sucesso. Os vândalos, oriundos da África, aportaram na Itália e adentraram a Cidade Eterna. O papa foi o único a defendê-la e conseguiu que Genserico não a incendiasse nem matasse os habitantes. Em 14 dias de ocupação contentou-se em saqueá-la. A história da arte é-lhe grata.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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quarta-feira, 9 de novembro de 2022

Consagração da Basílica de Latrão

Basílica de Latrão | Vatican News
09 de novembro

Consagração da Basílica de Latrão

A igreja “mãe de todas as igrejas da Urbe e do Orbe” surge nas encostas do Célio, o monte dos luzeiros — uma das sete colinas sobre as quais ocorreram fatos decisivos para a civilização romana. Daí partiam as antigas estradas do Lácio e as vias consulares, como a Regina viarum, a via Ápia.
Sobre essa colina tinham-se estabelecido as ilustres famílias dos Valérios, dos Vetílios e dos Lateranos, posto que o Palatino era reservado à família imperial. Contudo, também as egregiae domum Lateranorum foram confiscadas por Nero, quando Pláucio Laterano foi acusado de haver participado da conjura de Pisão.

Com Septímio Severo, no fim do século II, parte dos Lateranos voltou aos antigos proprietários e parte continuou com o imperador. É esta parte que Constantino doou ao bispo de Roma para construir precisamente a primeira basílica cristã, fundada pelo papa Melcíades (311-314), ao lado do palácio que até então fora residência imperial.

Pouco restou em pé da antiga basílica constantiniana: o batistério e os muros perimetrais da basílica, cuja consagração é celebrada solenemente a cada ano. É de fato a primeira esplêndida domus Dei, embora houvesse anteriormente outros lugares públicos nos quais os cristãos se reuniam para celebrar a eucaristia.

Existe um testemunho singular a tal propósito, no início do século III, quando Alexandre Severo foi chamado em causa e deu razão a uma comunidade cristã em um processo contra um hospedeiro que reclamava contra a transformação de uma hospedaria em lugar de culto cristão. De qualquer forma, tratava-se de modestos edifícios. Deve-se aos grandiosos projetos de Constantino a construção da basílica (ou casa do rei) dedicada inicialmente ao Salvador e sucessivamente ao Batista e a são João apóstolo.

A antiga catedral do papa, da qual se conserva a cátedra de mármore no claustro medieval, sofreu várias transformações no decurso dos séculos. O pontificado que deixou maiores obras é o de Inocêncio X (1644-1655), durante o qual Borromini renovou completamente a nave central e as laterais.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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O sentido da vida cristã na atualidade e na patrística

(AFP or licensors)

"Se a pessoa teve uma vida marcada pelo bem, a beleza se refletirá na vida corporal e também na espiritual. A pessoa pode não ser atraente no aspecto exterior, mas é sábia naquilo que não se vê, como uma rosa perfumada e florescente."

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

A vida cristã está rodeada por muitos desafios e por muitas esperanças. Vivemos tempos difíceis, mas não impossíveis em que é preciso o testemunho de uma vida ligada ao Senhor, à Igreja, à comunidade e à sociedade. As necessidades das pessoas são muitas, porque muitas delas se manifestam radicais em suas posições, sobretudo partidárias, de modo que é preciso o diálogo, a paz, a caridade. Os valores humanos, comunitários e sociais como o respeito para com o próximo, a democracia, o amor a Deus, ajudam-nos a viver bem as relações com as pessoas no mundo de hoje e essas nos preparam para as moradas eternas.

A vida da pessoa sábia

São Gregório de Nazianzo, bispo do século IV afirmou a importância da pessoa viver a sabedoria das coisas com o andamento da própria vida. Ele dizia que se a pessoa fosse jovem, seria chamada a fazer o bem, a espalhar a paz e o amor. Através dos valores humanos e cristãos mostraria sabedoria na flor e no vigor do corpo. Se a pessoa fosse idosa, ela não envelhecerá no espírito, mas ela se prepararia para o momento do encontro com o Senhor, sempre é claro com a prática de boas obras. Se a pessoa teve uma vida marcada pelo bem, a beleza se refletirá na vida corporal e também na espiritual. A pessoa pode não ser atraente no aspecto exterior, mas é sábia naquilo que não se vê, como uma rosa perfumada e florescente[1].

A partilha dos bens

Se a pessoa tiver maiores condições financeiras, é rica, é chamada a partilhar com seus bens aos mais necessitadas e assim outras pessoas gozarão de seus bens para uma vida digna. Se a pessoa for pobre, a sua riqueza será Deus, onde ela colocará a sua esperança para a continuidade de sua vida. Se a pessoa sentir fome? Será nutrida como os pássaros, que vivem sem semear e sem arar, pois a pessoa viverá tendo a confiança em Deus e sempre na busca do alimento, como Elias disse à viúva de Sarepta em que a vasilha de farinha não acabará e jarra de azeite não diminuirá (1 Rs 17,14)[2].

A busca da perfeição

 São Gregório de Nazianzo também falou do sentido da vida pela perfeição no sentido da injúria, objeto de perseguições. O Senhor sustentará o fiel nos momentos mais difíceis. Se a pessoa for coberta de injúrias, o bispo lembrou que Cristo por primeiro o foi e será para a pessoa uma grande honra participar aos seus sofrimentos. A pessoa poderá também passar pela cruz, mas esta é a vida que o Senhor pede de seus seguidores para assim chegar à perfeição, à gloria da ressurreição com o Senhor[3].

A união de vida contemplativa e ativa

São Gregório ainda disse que a vida contemplativa e a ativa andam juntas nos seguidores, seguidoras de Jesus Cristo e de sua Igreja. É o testemunho de vida da pessoa que acredita em Deus, o adora sobre todas as coisas e a prática de vida. Se uma vida é mais tranqüila, mais ordenada porque ela busca a unidade com Deus, a outra é colocada à prova ou ao confronto com a vida objetiva, é mais ativa, útil, não fugindo às tempestades. Ele citou para isso como exemplo, São Basílio Magno que buscou esta unidade na vida dos eremitérios com a objetividade das coisas. Ele construiu casas de retiros, lugares onde viviam os eremitas não longe das habitações dedicadas à vida comum e sociáveis, nem colocou um muro de separação e divisão, mas ele fez a unidade entre as duas partes, de modo que a vida contemplativa não fosse privada da comunidade e a vida ativa não fosse privada de contemplação. Da mesma forma como a terra e o mar se comunicam uns com os outros da mesma forma os bens da vida contemplativa e ativa concorrem para a única glória de Deus[4]

A felicidade e a sabedoria

Santo Agostinho, bispo de Hipona, séculos IV e V afirmou que a felicidade e a sabedoria andam juntas, porque uma pessoa feliz é também uma pessoa sábia. A sabedoria possibilita o equilíbrio no espírito para a felicidade, para assim a pessoa não cair na vontade de domínio sobre os outros, no orgulho, na tristeza. A felicidade vem quando o fiel tem a sabedoria[5].

O ser humano é chamado a viver o dom de Deus em Cristo

São Leão Magno, papa, século V, afirmou que o ser humano é chamado a acordar e reconhecer a dignidade da sua natureza. Ele lembrou que foi feito à imagem de Deus (Gn 1,26), imagem que se em Adão foi corrompida pelo pecado, no entanto em Cristo foi renovada (1 Cor 15,45). Ele é chamado a usar das criaturas visíveis, como a terra, o mar, o céu, o ar, as nascentes, os rios, tudo o que for maravilhoso nessas coisas, em louvor e à glória do Criador. É preciso abraçar aquela luz que ilumina todo o ser humano que vem a este mundo (Jo 1,9) e no qual a pessoa aproximando-se do Senhor ficará iluminada e as faces não se cobrirão de vergonha (Sl 33,6)[6].

 O uso das coisas criadas

São Leão Magno também afirmou que é preciso usar bem as coisas criadas com temperança, com inteligência de toda a realidade criada e de toda a beleza do universo em vista do louvor ao Criador. Já São Paulo afirmou que as coisas visíveis são passageiras e aquelas que não se vêem, são eternas (2 Cor 4,18). Por isso o fiel que nasceu pelas coisas visíveis, mas também tem em vista aquelas futuras é chamado a dedicar-se às coisas eternas[7].

Nós somos chamados a viver a unidade na diversidade, porque muitos são os dons ao redor do único Espírito (1 Cor 12,4). A vida real exige muito diálogo, oração, com as divergências, para assim superar o ódio e as falsas noticias que circulam entre as pessoas. Os padres da Igreja também enfrentaram situações semelhantes, mas eles buscaram o diálogo com as diferenças e assim eles e elas comunicaram o evangelho do Senhor para as comunidades e aos povos provenientes do paganismo.

[1] Cfr. Gregorio di Nazianzo. Discorso dopo il suo ritorno dalla campagna, 11-13. In: In: La teologia dei padri, v. 3. Roma, Città Nuova Editrice, 1982, pg. 19.

[2] Cfr. Idem, pg. 19.

[3] Cfr. Idem, pgs. 19-20.

[4] Cfr. IdemDiscorso funebre in lode di Basilio il Grande, 62. In: Idem, pgs. 23-24.

[5] Cfr. Agostino. La felicita, 4,33. In: Idem, pg. 20.

[6] Cfr. Leone Magno. Sermoni, 27,6Idem, pg. 23.

[7] Cfr. Idem, pg. 23.

As piores heresias

Cléofas

As piores heresias

 POR PROF. FELIPE AQUINO

A Igreja, logo no início de sua vida, enfrentou perigosas heresias que ameaçavam abalar a fé deixada por Jesus Cristo.

Nos primeiros séculos ela foi perturbada fortemente pelo gnosticismo dualista que acreditava que a matéria era obra do mal e que, portanto, Jesus jamais poderia ter assumido de fato um corpo humano material. Negava assim a Encarnação e a salvação dos homens pela morte e ressurreição de Jesus. Era o também chamado docetismo, que ensinava hereticamente que a encarnação do Verbo tinha sido apenas aparente. Esta heresia, que penetrou na Igreja vindo da Pérsia, foi combatida pelos próprios Apóstolos (cf Col 2,9; 1Jo 4,2; 2Jo7) e principalmente por Santo Ireneu († 202).Talvez tenha sido a pior heresia dos primeiros tempos.

Ainda nos séculos II e III surgiram as heresias do tipo monarquianista (adopcionismo, subordinacionismo), que negavam a Santíssima Trindade, não aceitando as três Pessoas divinas como distintas. O Filho e o Espírito Santo seriam apenas manifestações do próprio Pai, ou subordinadas ao Pai, e não Pessoas igualmente divinas e distintas, na única Trindade.

Depois das heresias Trinitárias, surgiram as heresias Cristológicas:

1. Arianismo – Ário, de Alexandria († 334), defendia que Cristo era apenas uma criatura do Pai; a maior de todas, através da qual o Pai tinha criado as demais. Foi combatida por Santo Atanásio e condenada no primeiro Concílio da Igreja, o de Nicéia (325), que ensinou ser Jesus: “Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado, não criado, consubstancial ao Pai”.

2. Apolinarismo – Apolinário (300-390), bispo de Laodicéia, defendia que Cristo não tinha uma alma humana; era Deus, mas com uma natureza humana mutilada. Foi combatido principalmente pelos Santos Padres São Gregório de Nazianzo (329-390) e São Gregório de Nissa (†394), segundo o princípio de que “o que não foi assumido pelo Verbo não foi redimido”.

3. Macedonismo – Macedônio, bispo de Constantinopla, defendia que o Espírito Santo não era Deus, mas mera criatura do Pai. Esta heresia foi condenada no Concílio de Constantinopla II (381), que ensinou ser o Espírito Santo uma Pessoa divina.

“Creio no Espírito Santo, Senhor que dá a vida, e procede do Pai e do Filho;e com o Pai e o Filho é adorado e glorificado” (Símbolo Niceno-Constantinopolitano).

Outras heresias

Depois do gnosticismo, do arianismo, apolinarismo e macedonismo, surgiram ainda outras heresias sobre a pessoa de Jesus Cristo. Essas heresias também muito perturbaram a vida da Igreja, mas foram superadas nos Concílios.

4. Nestorianismo – Nestório (†426), patriarca de Constantinopla, que defendia erroneamente que em Jesus havia duas pessoas (uma humana e outra divina) e duas naturezas; e assim, Maria seria apenas a mãe de Jesus homem, mas não Mãe de Deus (como querem os protestantes), como se existissem dois Eu(s) em Jesus. Desde o primeiro século os cristãos chamavam Maria de “Theotokos” (Mãe de Deus).

Essa heresia foi condenada no Concílio de Éfeso (431), principalmente pelo trabalho de S.Cirilo de Alexandria (†444). O Concílio ensinou que em Jesus há uma só Pessoa (divina), o Eu de Jesus é divino, mas Nele há duas naturezas (humana e divina) unidas e distintas, harmoniosamente, nesta única Pessoa, que é a do Verbo. Confirmou firmemente a crença dos cristãos desde os primeiros século, de que Maria é a Santa “THEOTOKOS (= Mãe de Deus)”.

5. Monofisismo – Defendida por Êutiques de Constantinopla e Dionísio de Alexandria, foi uma réplica exagerada ao Nestorianismo, caindo em erro oposto; dizia que em Jesus havia apenas uma Pessoa e uma Natureza. Defendia que a natureza divina teria absorvido a humana, e assim Jesus não seria perfeitamente homem. Esta heresia foi condenada no Concílio de Calcedônia (451), que reafirmou haver em Jesus uma só Pessoa (divina), mas nela há duas naturezas(divina e humana). Neste Concílio o Papa Leão Magno enviou uma carta ao patriarca Flaviano de Constantinopla reafirmando dogmaticamente a dupla natureza de Jesus. O Concílio acolheu a palavra do papa e os bispos disseram: “Pedro falou pela boca de Leão”.

6. Monotelitismo ou Monoenergismo – Sérgio, patriarca de Constantinopla (séc. VII), defendia que em Jesus havia uma só Pessoa, duas naturezas, mas uma só vontade (“theletes”, em grego) e uma só operação. Isto também negava que Jesus fosse perfeitamente homem, colocando em risco os mistérios da Encarnação e da Redenção. Essa heresia foi condenada no Concílio de Constantinopla III (681); que ensinou haver em Jesus uma só Pessoa, duas naturezas, duas vontades e operações. Isto quer dizer que Jesus é perfeitamente Deus e perfeitamente homem. Na terra, quando queria agia como Deus (milagres), mas redimiu os homens assumindo totalmente, integralmente, a natureza humana. Diz a carta aos hebreus que Jesus:

“…passou pelas mesmas provações que nós, com exceção do pecado” (Hb 4,15).

“…em tudo semelhante aos seus irmãos” (Hb 2,17).

Prof. Felipe Aquino

Como podemos ajudar os nossos filhos a permanecerem inocentes

Yuganov Konstantin / Shutterstock
Por Michael Rennier

Criar os nossos filhos para viver no mundo mas não é particularmente difícil numa cultura que é hostil às crenças religiosas.

Quando entrei na escola secundária pública aos 14 anos de idade, depois de ter sido educado em casa durante toda a minha vida, não estava, no mínimo, preparado. Não fazia ideia de como transitar pela escola, nem como me vestir para me adaptar. Não percebi no começo os outros simplesmente riam de mim.

Logo na primeira semana, vesti uma camiseta do meu grupo de jovens cristãos. Não a vesti para ser corajoso ou dar um testemunho público sobre a minha fé – simplesmente era uma camiseta comum que eu tinha. Todos os amigos que fizera até aquele ponto da minha vida eram da minha igreja – não teriam piscado um olho à minha camisa – mas os alunos da escola pública eram muito diferentes.

Suponho que se pode dizer que eu era ingênuo. Eu não estava pronto para socializar num ambiente tão estranho. Olhando para trás, no entanto, estou um pouco contente por ter sido tão inocente. Após alguns meses na escola, comecei a adaptar-me. As mudanças ajudaram-me a adaptar-me melhor aos meus colegas, mas não estou convencido de que valesse inteiramente a perda de inocência. De certa forma, sobrevivi escondendo partes de quem eu realmente era. Talvez eu pudesse ter abordado toda a experiência de forma diferente.

No mundo, mas não dele

É um dos problemas mais difíceis que os católicos enfrentam. Como é que vivemos no mundo mas não nos tornamos como o mundo? Como é que nos viramos numa cultura que não é predominantemente católica – e é cada vez mais hostil a qualquer tipo de crença religiosa?

É um enigma particular para as famílias com crianças pequenas. Queremos protegê-las do mal do mundo, mas não tanto que não possam se virar fora da segurança do ambiente doméstico e eclesiástico.

Alguns pais decidem que a preservação da inocência dos seus filhos requer o seu afastamento total do mundo. Não há televisão, música ou tecnologia. Apenas amigos cristãos e educação religiosa. Eu compreendo a motivação; compreendo mesmo. Pensando na minha experiência escolar, poderia facilmente ter-me afastado permanentemente da minha fé. Quero tanto manter os meus próprios filhos afastados dessa experiência.

Ao mesmo tempo, preocupa-me que se as crianças estiverem tão abrigadas que qualquer encontro com um não-católico as choca, isso causará uma reação negativa. Podem perguntar-se por que razão se escondeu tanto deles e se rebelarem.

A minha própria experiência no escola teve alguns resultados positivos. Sim, foi um pouco difícil, mas os meus pais foram pacientes e ajudaram-me a ultrapassar os momentos mais duros. Emergi com um sentido mais forte de como me mover com confiança num mundo que nem sempre aprecia as crenças cristãs. Certamente, ainda hoje há momentos em que não falo quando devo defender a fé, e a forma como me comporto fica muito aquém daquilo em que pretendo acreditar, mas penso que, com a ajuda dos meus pais e depois de ter cometido muitos erros, fui capaz de preservar pelo menos alguma aparência de inocência enquanto crescia na idade adulta.

O significado de inocência

É bom conhecer o verdadeiro significado da palavra inocência. Vem do latim nocere, que significa dano. O prefixo in nega o verbo, significando que uma pessoa inocente é literalmente, “não prejudicial”.

Parece-me que uma definição prática de pessoa inocente é alguém que está consciente do mal que o pecado causa e procura redimir-se. Uma pessoa inocente mantém uma sensação de bom e mau, tentando ativamente evitar o mau. Note-se que a inocência requer o conhecimento do bem e do mal. Isto significa que a melhor maneira de permanecer inocente não é permanecer ingênuo.

O padre Brown, de G.K. Chesterton, é um grande exemplo de inocência. Ele é um homem bom e um padre católico. Contudo, por ouvir confissões, ele sabe muito mais sobre o pecado do que a pessoa comum. De fato, ele sabe muito mais sobre o pecado do que até mesmo os orgulhosos pecadores não arrependidos parecem saber. Ele não é ingênuo, mas continua a ser muito inocente.

Ainda hesito em fazer passar os meus próprios filhos pela mesma experiência que tive, em parte porque parece que a cultura se tornou mais hostil nestes 30 anos desde que frequentei a escola, e também porque tive amigos que perderam a sua inocência ao passarem por uma experiência semelhante à minha. Não quero tomar nada como garantido.

Cada criança é diferente, por isso é sempre necessário um juízo prudencial. O que é bom para uma criança, não é tão bom para outra. O objetivo não é fazer delas clones perfeitos que projetam a aparência exterior de serem perfeitos, católicos morais e só socializam uns com os outros. O objetivo é preservar a sua inocência para que possam levar vidas felizes e florescentes, quaisquer que sejam as circunstâncias.

Como pai, não posso manter os meus filhos totalmente separados do mundo – esse não é o melhor caminho para a inocência – mas o que posso fazer é, através da palavra e do exemplo, mostrar-lhes como é importante esforçar-se por se tornarem “inofensivas”, como dar prioridade a permanecerem livres do pecado e não se tornarem cativas de vícios. Para mim, isto significa ser pai com prudência, ser transparente e honesto com elas de uma forma apropriada à idade quando se deparam com o mal, e permitir-lhes ver alguns dos meus próprios esforços espirituais contínuos em prol da inocência.

Em última análise, o objetivo é viver no mundo como agentes do bem, para levar um pouco mais de felicidade, alegria e inocência aonde quer que possamos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Comunidades do Caminho Neocatecumenal são apresentadas a Dom Paulo Cezar

Pascom | arqbrasilia

Comunidades do Caminho Neocatecumenal são apresentadas a Dom Paulo Cezar

No domingo, 6 de novembro, as 270 comunidades do Caminho Neocatecumenal da Arquidiocese de Brasília foram apresentadas ao Arcebispo Cardeal Dom Paulo Cezar Costa. O encontro aconteceu na Arena BRB “Nilson Nelson”.

A apresentação foi conduzida pela Equipe responsável pelo Caminho Neocatecumenal no Brasil, composta pelo Padre José Folqué e Raúl Viana. Padre José agradeceu a presença de Dom Paulo, afirmando que aquele era também um momento de acolhida “sincera e verdadeira do Bispo que o Senhor colocou na Arquidiocese de Brasília”. Ele ressaltou a importância da apresentação como sinal de comunhão, uma vez que o Caminho Neocatecumenal é a Igreja e se inicia em uma paróquia com o pedido do pároco e o consentimento do Bispo.

Padre José explicou que o “Caminho Neocatecumenal propõe colocar dentro da paróquia a renovação do Batismo, que, já na Igreja Primitiva, não era apenas um rito, mas um processo que se chamava ‘catecumenato’ e era levado pela mão do Bispo, junto com os catequistas, selando a fé com o Batismo. O Concílio Vaticano II pediu que fosse restaurada nas paróquias essa recuperação do Batismo, que fica latente após sermos batizados na infância”.

O Caminho Neocatecumenal é um Itinerário de Iniciação Cristã que nasceu na década de 1960, em Madri, Espanha, com Kiko Argüello e Carmen Hernández (Carmen faleceu em 2016 e, atualmente, corre seu processo de beatificação). Em Brasília, esse carisma chegou em abril de 1979, quando Dom José Newton de Almeida Batista, então Arcebispo, acolheu os primeiros catequistas itinerantes. Após 43 anos, dez mil pessoas estão inseridas nas comunidades neocatecumenais, que se encontram em 33 paróquias da Arquidiocese.

Os frutos deste Itinerário

O Caminho Neocatecumenal está a serviço da Igreja para a Nova Evangelização, a fim de anunciar o amor de Jesus Cristo por todas as nações.  Ao longo desses anos, este anúncio tem transformado a vida de muitas pessoas que se abrem ao chamado do Senhor, permitindo, assim, o surgimento de novas vocações: presbíteros, religiosas e famílias abertas à vida à luz da Encíclica Humanae Vitae, de São Paulo VI.

Foi com o objetivo de formar presbíteros missionários que nasceram os Seminários Missionários Arquidiocesanos Redemptoris Mater. Em Brasília, o Seminário Redemptoris Mater foi erigido em 1990 e, no momento, conta com 60 seminaristas que ali se formam. Todos eles, junto com seus formadores participaram do encontro com Dom Paulo na Arena BRB “Nilson Nelson”.

A Igreja Doméstica

Após a explanação sobre o início do Caminho em Brasília e a apresentação das etapas do percurso neocatecumenal, foram ouvidos alguns testemunhos. A família de Francisco e Franscinalva de Castro começou o Caminho Neocatecumenal há 29 anos, na Paróquia São Pedro Apóstolo (Ceilândia). Dos oito filhos do casal, dois são seminaristas. “Deus nos abençoou com estes filhos e, em família, podemos rezar. Na mesa do altar familiar, passamos a fé aos nossos filhos, a fé que eu tenho recebido da Santa Mãe Igreja, no Caminho Neocatecumenal; e nesta família, Deus suscitou as vocações dos meus filhos”, testemunhou Francisco para Dom Paulo. Ele também falou sobre a experiência da vida na comunidade cristã: “O Senhor nos deu uma comunidade cristã onde pudemos viver este anúncio, com o Senhor nos chamando à conversão, a deixar o homem velho e fazer brotar em nós o homem novo. Essa foi a aliança que Deus fez conosco e à qual Ele tem sido fiel, por isso, hoje, estamos dentro de uma comunidade onde podemos viver entre nossos 48 irmãos o amor, o perdão e a presença do Senhor”.

Paloma de Oliveira Timo, de 24 anos, vive a fé em uma comunidade neocatecumenal na Paróquia Nossa Senhora da Esperança (Asa Norte). Ela testemunhou a mudança de vida na alegria de conhecer Cristo, que dá sentido à sua vida e à sua juventude buscando defender a castidade: “Foi numa comunidade cristã que Deus me mostrou que me ama profundamente. Foi ali que a face amorosa de Deus se apresentou a mim, de um Deus que sempre cuidou de mim, que é Pai. De um coração seco, Deus me seduziu com sua beleza, com a beleza dos cantos, com a beleza da Palavra de Deus e hoje sou feliz!”, disse.

Padre Gean Rabelo Fernandes, da Paróquia Santa Maria dos Pobres (Paranoá), deu o testemunho da misericórdia de Deus na sua vida e como surgiu a sua vocação missionária durante a juventude, mesmo com os combates da fé. Por ter sempre experimentado a fidelidade de Deus na sua vida, ele afirmou estar disponível para partir em missão para qualquer lugar do mundo, conforme o envio do Arcebispo.

Desde que foi erigido o Seminário Missionário Arquidiocesano Redemptoris Mater, em 1990, a Arquidiocese de Brasília já enviou mais de 50 presbíteros em missão.

O mandato da evangelização

Ao se dirigir às comunidades, Dom Paulo manifestou alegria “de ver a força daquilo que o Senhor foi fazendo a partir de 1979, quando o Caminho começou na Arquidiocese”. O Cardeal exortou e encorajou todos os presentes a serem testemunhas do Cristo ressuscitado em toda e qualquer circunstância, seja em uma missão específica, seja na vida cotidiana: “Quem amadurece na fé tem que ser evangelizador. Nós temos uma missão fundamental na nossa sociedade hoje. Talvez o mundo peça para entrarmos no deserto da vida das pessoas, ir ao deserto e falar ao coração das pessoas, escutá-las, se colocar ao lado delas. Este é o grande desafio da evangelização hoje, mas é um desafio no qual nós temos certeza de que não estamos sozinhos: o Senhor está conosco! E esta é a Igreja em saída de que o Papa Francisco tem falado, a Igreja que se faz presente através de vocês, nos lugares em que vocês estão para anunciar o amor de Jesus que dá vida nova e eu conto incondicionalmente com vocês!”

terça-feira, 8 de novembro de 2022

Seminário Redemptoris Mater de Brasília

rmater

CAMPANHA 2022

Estimados irmãos,

A paz do Senhor esteja com cada um de vocês suas famílias e comunidades!

No final deste ano de 2022, o Seminário Redemptoris Mater de Brasília está lançando uma campanha com o objetivo de levar adiante a pintura de dois ambientes de nosso Seminário. Serão feitos ícones que nos ajudarão na oração e conduzirão à contemplação, pois a beleza fala de Deus. “Ai de mim se não anunciar o evangelho”. Mas para que a boa nova do evangelho seja anunciada, é necessário que pessoas sejam enviadas! Em nosso Seminário temos a missão de preparar presbíteros para anunciar a nova do Reino do Céus e assim ajudar a tantos que não têm mais sentido em suas vidas. Cristo vivo tem o poder de mudar a vida de todos aqueles que acolhem o anúncio do amor gratuito de Deus.

Individualmente, por família ou mais famílias, comunidade ou paróquia, pedimos a doação de R$ 500,00 reais até o final do ano. Sabemos que a união faz a força!

É Deus que concederá o cêntuplo por tudo aquilo que fizerem em prol desta obra de evangelização! PARTICIPE DESTA OBRA! Ajudem-nos nesta campanha e também ajudem a divulgar nosso pedido.

ALGUMAS FORMAS PARA COLABORAR NA CAMPANHA:

1) Individualmente: R$ 500,00 (doação única ou duas vezes de R$ 250,00).
ou
2) Uma família: R$ 500,00 (doação única ou duas vezes de R$ 250,00)
ou
3) Duas famílias: R$ 125,00 por família a cada mês.
ou
4) Três famílias: R$ 84,00 por família a cada mês.
ou
5) Quatro famílias: R$ 62,50 por família a cada mês.

Sejam criativos e busquem doadores para o nosso Seminário, caso seja possível alguma doação maior, temos inúmeras necessidades! Que o Senhor inspire a cada um!
Que Deus abençoe a todos!

DOAÇÃO VIA PIX (CAIXA, CHAVE EMAIL): SRMBSBCAIXA@RMATER.ORG.BR

Fonte: https://www.rmater.org.br/

segunda-feira, 7 de novembro de 2022

Da Homilia de um Autor do século segundo

liturgiadashoras

Da Homilia de um Autor do século segundo

(Cap.3,1-4,5; 7,1-6: Funk 1,149-153)

Testemunhemos a Deus pelas obras

O Senhor usou para conosco de uma misericórdia tão grande que, primeiramente, nós, seres vivos, não sacrificássemos a deuses mortos nem os adorássemos, e levando-nos por Cristo ao conhecimento do Pai da verdade. E qual é o conhecimento que nos conduz a ele? Não é acaso não negar Aquele por quem o conhecemos? Ele mesmo declarou: Ao que der testemunho de mim, eu darei testemunho dele diante do Pai (cf. Lc 12,8). É este o nosso prêmio: testemunhar aquele por quem fomos salvos. Como o testemunharemos? Fazendo o que diz, sem desprezar seus mandamentos, honrando-o não com os lábios só, mas de todo o coração e inteligência. Pois Isaías disse: Este povo me honra com os lábios, seu coração, porém, está longe de mim (Is 29,13).

Portanto, não nos contentemos em chamá-lo de Senhor; isto não nos salvará. São suas as palavras: Não é quem me diz Senhor, Senhor, que se salvará, mas quem pratica a justiça (cf. Mt 7,21). Por isso, irmãos, demos testemunho pelas obras: amemo-nos mutuamente, não cometamos adultério, não nos difamemos uns aos outros nem nos invejemos, mas vivamos na continência, na misericórdia, na bondade. E sejamos movidos pela mútua compaixão, não pela cobiça. Confessemo-lo por estas obras, não pelas contrárias. Não temos de temer os homens, mas a Deus. Porque o Senhor disse aos que assim procediam: Se estiverdes comigo, reunidos em meu seio e não cumprirdes meus mandamentos, eu vos repelirei e direi: Afastai-vos de mim, não sei donde sois, operários da iniqüidade (cf. Mt 7,23; Lc 13,27).

Por conseguinte, irmãos meus, lutemos, sabendo que o combate está em nossas mãos. Muitos se entregam a lutas corruptíveis, mas somente são coroados aqueles que mais tiverem lutado e combatido gloriosamente. Lutemos, pois, também nós, para sermos todos coroados. Para isto, corramos pelo caminho reto, pelo combate incorruptível. Naveguemos em grande número para ele e pelejemos, a fim de obter a coroa. Se não pudermos todos ser coroados, que ao menos dela nos aproximemos. Convém-nos saber que se alguém se entrega a um combate corruptível, mas é surpreendido com o corruptor, é flagelado, afastado e expulso do estádio.

Que vos parece? Que deverá padecer quem corrompe o combate da incorrupção? Sobre aqueles que não guardam o caráter, se diz: Seu verme não morre, seu fogo não se extingue e serão dados em espetáculo a toda carne (Is 66,24).

Quando a vontade de Deus é tão diferente da minha…

Guadium Press
Tudo vai bem quando tudo vai bem, mas basta que os acontecimentos comecem a se precipitar de uma forma que nos desagrade, e já passamos a duvidar da vontade de Deus, duvidar até mesmo que Ele esteja no controle.

Redação (06/11/2022 11:19Gaudium Press) Ao longo da vida, conhecemos muitas pessoas piedosas, que aparentam ser verdadeiramente consagradas a Deus e que demonstram estar sempre dispostas a fazer a vontade dEle. No entanto, entre a aparência e a realidade, existe uma distância que nossa limitada percepção não consegue alcançar.

Parece haver uma tendência de sermos dóceis à vontade de Deus, desde que ela seja o reflexo da nossa vontade, ou seja, desde que a nossa vontade prevaleça e nos permita fazer de conta que se trata da vontade de Deus. Exemplos disso são comuns quando tudo vai bem.

E alimentamos a ilusão de que tudo vai bem porque estamos vivendo em conformidade com a vontade de Deus, mas, na verdade, só nos sentimos bem porque as coisas estão acontecendo sem contrariar a nossa vontade.

Porém, basta que alguma coisa saia dessa linha reta, que lá se vai a nossa serenidade, a nossa humildade e a nossa capacidade de viver em conformidade com a vontade de Deus.

Quando os acontecimentos nos contrariam…

Outra coisa lamentável que costumamos fazer é aplicar a vontade de Deus à vida das outras pessoas. É comum dizermos “Deus não gosta disso. Deus não se agrada daquilo. Deus age assim ou assim diante de tal situação”. Agimos como se fôssemos amigos íntimos de Deus, para os quais Ele faz confidências sobre o seu modo de agir e a sua vontade.

Então, fazemos previsões de coisas que imaginamos que acontecerão. Entretanto, essas previsões se baseiam exclusivamente naquilo que nós achamos que seja a vontade de Deus, e não no que realmente é a vontade dEle.

Tudo vai bem quando tudo vai bem, mas basta que os acontecimentos comecem a se precipitar de uma forma que nos desagrade, e já passamos a duvidar da vontade de Deus, duvidar até mesmo que Ele esteja no controle. Em tais circunstâncias, para a vida se tornar um caos e perdermos a fé, é um passo, pois, nessas horas, corremos o risco de agir como crianças mimadas.

Quantas vezes, ao rezar pedindo alguma coisa a Deus, estamos, na verdade, tentando determinar o que esperamos que Ele faça por nós, e depois, quando vem um resultado que diverge daquilo que tínhamos certeza que aconteceria, vamos protestar, vamos fazer birra, vamos obstruir o caminho do outro, vamos brigar, vamos agredir.

Nem sempre percebemos, mas, nesses momentos, mostramos aos outros como somos hipócritas, porque anunciamos aos quatro ventos que confiamos na vontade de Deus e que vai acontecer tal ou tal resultado, contudo, se o vento muda e o resultado é o oposto daquilo que acreditamos e anunciamos, nós simplesmente não aceitamos.

Para onde foi a fé? Para onde foi a conformidade com a vontade de Deus se não aceitamos o resultado dos acontecimentos? Será que esquecemos que Ele está no controle de tudo, sempre? Ou a vontade dEle só é real quando atende aos nossos interesses, aos nossos caprichos, àquilo que nós julgamos que seja justo e bom, mas que não é o que Ele determina?

Santo Afonso Maria de Ligório nos ensina que “o grande ponto é abraçar a vontade divina em tudo quanto acontece, seja agradável ou desagradável às nossas inclinações.” E Santa Teresa D’Ávila nos diz, sobre o que pedimos a Deus, que “tudo o que se deve procurar no exercício da oração é a conformidade da nossa vontade com a vontade divina, tendo por certo que nisto consiste a maior perfeição”.

Aceitar a vontade soberana de Deus

Nos últimos meses, temos vivido um período difícil, de muita polarização política, passando por um processo eleitoral completamente atípico. Até os momentos finais, estivemos diante de uma balança muito equilibrada, o que demonstrou que uma linha tênue dividiu o país em duas partes, com duas ideologias opostas.

Em tempos de crise, quando há grande comoção social, é comum as pessoas dizerem que não se pode aceitar tudo passivamente. Não obstante, se temos fé, verdadeiramente, sabemos que em tudo se faz a vontade de Deus, mesmo quando ela não pareça lógica, porque Deus não se curva aos nossos desejos, todavia, age com justiça e sabedoria, sempre para o bem de todos e de cada um.

Findo o pleito, muitas pessoas que dobraram os joelhos repetidas vezes, pedindo – e esperando – por um determinado resultado, enfrentam dificuldades em aceitar o resultado, por ele divergir do que elas pediram em suas orações. Mas, se somos cristãos e se, de fato, acreditamos que Deus está no controle de todas as coisas, precisamos admitir que aconteceu o que tinha de acontecer. E, mesmo que metade da população tenha ficado insatisfeita com o resultado das urnas, o presidente eleito não governará apenas para a metade que o elegeu, mas para a totalidade dos brasileiros, e só resta aos que se sentiram derrotados, aceitar que muitas vezes a vontade de Deus faz chover quando se deseja sol.

Que pessoas desprovidas de fé não aceitem o rumo dos fatos é uma coisa; aos cristãos, aos católicos, porém, que pautam suas vidas pelos ensinamentos de Nosso Senhor Jesus Cristo, que são guiados pelas santíssimas mãos de Maria, cabe lembrar que, tanto o presidente eleito quanto o presidente derrotado merecem o nosso respeito e necessitam de nossas orações, e que a paz e a ordem são o objetivo maior.

Não aceitar a vontade soberana de Deus, e acreditar que, num quesito tão importante quanto a escolha do governo de uma nação do porte da nossa, as coisas tenham fugido ao controle de nosso Criador, é o caminho mais curto para a revolta, o sofrimento e a perda da fé, e só revela o quanto ainda flertamos com a hipocrisia e o quanto estamos longe da verdadeira conversão.

Não nos esqueçamos de que o ato político mais injusto da História levou à cruel morte na cruz o Inocente por excelência, Aquele a quem servimos e amamos, e que nem mesmo isto esteve em desacordo com a suprema e soberana vontade de Deus.

Por Afonso Pessoa

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF