Translate

sexta-feira, 11 de novembro de 2022

À espera de um novo amanhecer

Foto: Unsplash.com/Tim Trad

À espera de um novo amanhecer

Do Haiti, uma das periferias humanas mais sofridas, emanam vozes de esperança na garganta de sua extraordinária juventude.

por redação

O Haiti é uma nação centro-americana com pouco mais de 11.4 milhões de habitantes (2020) em um território de 27.540 Km². O país está localizado em uma ilha do Atlântico, chamada Hispaniola, que divide com a República Dominicana. O lado haitiano é uma região castigada por desastres naturais, caos políticos intermináveis, corrupção epidêmica, ditaduras sangrentas, crises econômicas e sanitárias, extrema pobreza, incluindo também o recente assassinato de um presidente.

O país ainda se recupera de um terremoto de magnitude 7.3 na escala Richter, que ocorreu perto da sua capital, Porto Príncipe, em janeiro de 2010, deixando um rastro de 300 mil mortos, mais de 900 mil imóveis arruinados, dezenas de milhares de feridos, quase 1,5 milhão de desabrigados, incluindo orfandade por todo lado. Entre as duas dezenas de brasileiros mortos pelo terremoto estava a médica sanitarista Zilda Arns, criadora da Pastoral da Criança, uma organização de assistência à infância.

Cenários desconcertantes

A destruição que se seguiu ao desastre natural afetou uma situação socioeconômica já comprometida, que deixou os sobreviventes sem serviços e bens essenciais: água, eletricidade, instalações de saúde. Um cenário ainda considerado de alta emergência, tendo em vista não apenas outros terremotos ocorridos entre 2014 e agosto passado, seguidos de rapinagem de gangues criminosas, mas também por forte instabilidade política após o assassinato do presidente Jovenel Moïse em sua casa, na madrugada de 7 de julho de 2021.

“É incrível como este país não consegue encontrar um pouco de descanso”, diz Maurizio Barcaro, missionário leigo há muitos anos em Porto Príncipe, a quem a Fundação PIME ajuda através de projetos de apoio à distância para crianças.

Do abalo sísmico de magnitude 7.2, que fez tremer o coração do Caribe em agosto de 2021, resultaram perto de 2.500 mortos, milhares de soterrados ou desabrigados e incontáveis desmoronamentos de imóveis no Haiti. Desta vez, as cidades de Cayes e Jérémie, no sudeste do país, foram as mais afetadas, e pequenas cidades como Maniche e Aquin, que já são normalmente de difícil acesso pelas estradas vicinais. Alguns dias depois do abalo sísmico, o país foi “lavado” pelo furacão Grace, que produziu enchentes e mais deslizamentos de terra.

Foto: Pixabay.com/msjennm

A aurora no horizonte

“É como se a natureza ou os acontecimentos não nos deixassem descansar”, declarou Dieunord Saint Louis, diretor-clínico de um hospital no sudeste do Haiti, após o recente abalo sísmico de 2021. Dieunard prossegiu: “Mas, em meio a tudo isto muitos de nós têm fé. Parece que é da nossa cultura. Mesmo que a noite seja muito escura, esperamos que o dia vá chegar.”

Com ele concorda o citado acima Maurízio Barcaro:

"Meu respeito por este povo aumenta dia a dia. Os haitianos passam de um teste para outro com muita coragem e dignidade. Choram, se desesperam, mas só o suficiente; depois tiram a “poeira” de seus ombros e a vida continua”.

Daí o desafio: fazer da ilha um posto avançado de esperança, depois de ter chegado mais uma vez ao fundo do poço.

A esperança, sempre

Uma ONG italiana chamada Fundação Francesca Rava ajuda a infância em condições de miséria e alimenta projetos e atividades de sensibilização sobre direitos das crianças pelo mundo. Sua atuação é nas periferias do mundo, como o Haiti, onde atua há décadas. Sua atual presidente é Mariavittoria Rava. Ela diz:

“Os sinais dos terremotos que pareciam destruir um país inteiro são carregados em seus corpos pelos membros mais jovens da população. Crianças que em 2010 perderam membros, braços, pernas, agora são jovens andando de muletas. Indivíduos que têm mais dificuldade em sobreviver em um país que já sobrecarrega todos os seus habitantes. Mas as feridas aparecem apenas de relance, mesmo nas ruas onde ainda são visíveis escombros e prédios destruídos”.

Foto: Pixabay.com/georgephoto

Mas, na escuridão de tanta devastação, brilha a capacidade desta população de se levantar novamente: “O Haiti tem uma população maravilhosa - conclui Mariavittoria -. É composta por muitos jovens que têm uma grande vontade de fazer a diferença. Crianças que vieram da rua, que de potenciais criminosos, tornaram-se médicos, enfermeiros, pequenos empresários, hoje produzem painéis solares, pão, massas, aram terras e cultivam árvores frutíferas. É um país e uma população que finalmente merecem paz e ordem, mesmo contando com uma intervenção de fora que dê apoio concreto".

Texto completo publicado na Revista Mundo e Missão edição 262. Gostou da matéria? Assine a revista!

Fonte: https://www.editoramundoemissao.com.br/

Arcebispo de Brasília celebra Missa pelo VI Dia Mundial dos Pobres

pexels-lalesh-aldarwish-167964 | arqbrasilia

Arcebispo de Brasília celebra Missa pelo VI Dia Mundial dos Pobres

O 6º Dia Mundial dos Pobres será realizado, este ano, no dia 13 de novembro de 2022. Para celebrar a data, no dia 12 de novembro, o Cardeal Arcebispo de Brasília, Dom Paulo Cezar, presidirá a Santa Missa no Setor Comercial Sul, região de Brasília onde diversas pessoas em situação de vulnerabilidade se encontram.

Dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mostram que somente em 2015, o país tinha 101.854 pessoas em situação de rua. Com a crise do país, é possível que o número de pessoas em situação de rua já seja bem superior.

Para motivar a reflexão, o Papa Francisco, em sua carta pelo dia mundial dos pobres deste ano, escolheu o texto bíblico “Jesus Cristo fez-se pobre por vós” (cf. 2 Cor 8, 9). No texto, Francisco enfatiza: “A pobreza que mata é a miséria, filha da injustiça, da exploração, da violência e da iníqua distribuição dos recursos. É a pobreza desesperada, sem futuro, porque é imposta pela cultura do descarte que não oferece perspectivas nem vias de saída”.

A história da Jornada Mundial dos Pobres

No dia 20 de novembro de 2016, na conclusão do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres. Na mensagem de lançamento ele disse: “Este dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade”.

No Brasil, nos primeiros anos, a CNBB confiou à Cáritas Brasileira a animação e a mobilização do Dia Mundial dos Pobres. A entidade, nesse período, já realizava a Semana da Solidariedade – para pensar e agir por um país justo, fraterno, igualitário, solidário e amoroso, por ocasião de seu aniversário de fundação, 12 de novembro de 1956. A partir da III Jornada Mundial dos Pobres as Pastorais e Organismos Sociais ligados à Cepast-CNBB, assumiram coletivamente a animação e mobilização do Dia Mundial dos Pobres.

Confira a carta na íntegra 

Serviço:

Missa pelo VI Dia Mundial dos Pobres

Dia: 12 de novembro

Horário: 19h

Local: Setor Comercial Sul – Quadra 5 – perto do Posto Policial

Fonte: https://arqbrasilia.com.br/

ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO DE PESSOAS NO BRASIL - CNBB

Capa da publicação. | Capa e diagramação: Osmar Koxne

COMISSÃO DA CNBB LANÇA CADERNO PARA ESTIMULAR AÇÕES DE ENFRENTAMENTO AO TRÁFICO DE PESSOAS NO BRASIL

 

A Comissão Episcopal Pastoral Especial para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) lançou a cartilha “Nas trilhas do enfrentamento ao tráfico de pessoas” que pode ser acessada gratuitamente.

Trata-se, segundo o bispo da prelazia de Marajó no Pará e presidente da Comissão, dom Evaristo Pascoal Spengler, de uma ferramenta para ajudar no enfrentamento ao tráfico humano.

“A cartilha visa conscientizar, animar e fortalecer as ações existentes na Igreja no Brasil, em conjunto com a sociedade civil e organismos envolvidos nesta causa, como por exemplo a Rede Um Grito pela Vida, a Associação Brasileira de Defesa da Mulher e da Infância e da Juventude (Asbrad), a Comissão Pastoral da Terra (CPT) e os núcleos de Enfrentamento, entre outros”, disse.

O caderno apresenta, além de conceitos e modalidades do tráfico de pessoas, indicações para uma cultura do cuidado e segue o método “ver, julgar e agir”. Enriquecido com ilustrações para facilitar a compreensão, é um instrumento par auxiliar no alerta, na conscientização e no enfrentamento do tráfico.

O subsídio faz parte das ações que mobilizam as pastorais, movimentos, coletivos e organizações que atuam nos processos de formação para enfrentar o Tráfico de Pessoas no Brasil e deve fortalecer as redes de enfrentamento, sobretudo neste cenário em que o país atravessa de crises social, política e econômica.

O tráfico de pessoas no mundo e no Brasil

Indicadores da Organização Nações Unidas (ONU) apontam que anualmente 50 milhões de pessoas são vítimas da escravidão moderna. O Tráfico de Pessoas que se expandiu no século 21, é considerado o terceiro maior comércio ilícito no mundo, ficando atrás apenas do tráfico de drogas e do tráfico de armas.

No Brasil, o número de pessoas aliciadas aumentou consideravelmente em razão da pandemia da Covid-19 e da crise econômica que se alastra pelo país, sobretudo com as pessoas em maior situação de vulnerabilidade social.

O Papa Francisco tem frisado que o tráfico de pessoas é consequência do individualismo, do egocentrismo e das atitudes que consideram os outros numa perspectiva meramente utilitária. Desde a criação da Comissão para o Enfrentamento ao Tráfico Humano da CNBB, em 2016, a Igreja tem avançado em articulações de combate e prevenção em todo país. Esta cartilha é um dos frutos deste trabalho.

A publicação está dentro do planejamento da Comissão em fortalecer o enfrentamento ao tráfico de pessoas junto às Pastorais Sociais e aos regionais da CNBB. A Comissão está à disposição para colaborar na assessoria e processo de articulação da temática. É só fazer contato através do e-mail: traficohumano@cnbb.org.br.

Acesse no link abaixo:
Trilhas do Enfrentamento do Tráfico de Pessoas
A publicação pode também ser adquirida na Edições CNBB.

Por que tudo nesta vida acaba?

Cléofas

Por que tudo nesta vida acaba?

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Acho que você já perguntou por que tudo nesta vida é precário. A cada dia é preciso renovar uma série de procedimentos: dormir, tomar banho, alimentar-nos, renovar o desodorante vencido, a roupa suja, etc... Tudo é precário, nada é duradouro, tudo deve ser repetido.

A própria manutenção da vida depende do bater interminável do coração e do respirar contínuo dos pulmões. Todo o organismo repete sem cessar suas operações para a vida se manter. Tudo é transitório; nada eterno. Toda criança se tornará um dia adulta e, depois, idosa. Toda flor que se abre logo estará murcha, Todo dia que nasce logo se esvai… e assim tudo passa, tudo é transitório, Por que será? Qual a razão de nada ser duradouro? Compra-se uma camisa nova, e logo já está surrada; compra-se um carro novo, e logo ele estará bastante rodado e vencido por novos modelos…

Na verdade Deus dispôs tudo de modo que nada fosse sem fim aqui nesta vida. Por amor e bondade. Qual seria o desígnio de Deus nisso?

A razão profunda dessa realidade e que Deus nos quer dizer que esta vida é apenas uma “passagem”, um aperfeiçoamento, em busca de uma vida duradoura, eterna, perene, muito melhor, onde a felicidade não se acaba e não diminui. O Céu! O Pai quer dar ao filho o que tem de melhor.

Em cada flor que murcha e em cada homem que falece, sinto Deus nos dizer: “Não se prendam a esta vida transitória. Preparem-se para aquela que é eterna, muito melhor, onde tudo será duradouro, e nada precisará ser renovado dia a dia. Não haverá mais choro e nem lágrimas”.

E isto mostra-nos também que a vida está em nós, mas não é nossa. Quando vemos uma bela rosa murchar, é como se ela estivesse nos dizendo que a beleza está nela, mas não lhe pertence. Quando vemos uma bela mulher envelhecer, é como se dissesse, a beleza está em mim, mas não me pertence… Não adianta querermos construir o céu aqui nesta terra. A matéria não é Deus; ela foi criada; e tudo que foi criado um dia se acaba.

Ainda assim, mesmo com essa lição permanente que Deus nos dá, muitos de nós somos levados a viver como aquele homem rico da parábola narrada por Jesus, que abarrotou seus celeiros de víveres e disse à sua alma: “Descansa, come, bebe e regala-te” (Lc 12,19). Insensato!

A efemeridade das coisas nos ensina que aquilo que não passa, que não se esvai, que não morre, é aquilo de bom que fazemos para nós mesmos e, principalmente, para os outros. Os talentos multiplicados no dia a dia, a perfeição da alma buscada na longa caminhada de uma vida de meditação, de oração, de piedade, essas são as coisas que não passam, que o vento do tempo não leva e que, finalmente, nos abrirão as portas da vida eterna e definitiva, quando “Deus será tudo em todos” (cf. I Cor 15,28).

Aqueles que não creem na eternidade jamais se conformarão com a precariedade desta vida terrena, pois sempre sonharão com a construção do céu nesta terra. Isso é impossível. Só com os olhos no céu podemos viver bem na terra.

Retirado do livro: “Entrai pela Porta Estreita”. Prof. Felipe Aquino. Ed. Cléofas.

Uma breve história dos católicos e da direita

Shutterstock I Johnny Silvercloud I Montage Aleteia
Por Henri Quantin

Deus não é nem de direita nem de esquerda, mas, para os católicos, as consequências políticas da fé nem sempre são as mesmas. O escritor Henri Quantin leu o recém-lançado "À direita do Pai", uma história da relação entre a direita e o catolicismo na França desde 1945 - uma influência que entrou na "era da minoria" e cuja análise de experiência pode ser um instrumento precioso para o discernimento.

Confessemos que a questão de saber se Deus é de direita ou de esquerda, quando colocada seriamente, sempre nos pareceu incongruente. A mesma perplexidade nos perpassa quando estendemos a questão à Igreja ou ao Evangelho. É uma estranha inversão, tanto na ordem temporal como na ordem de prioridades, pretender submeter o Absoluto a critérios relativos, o Eterno ao transitório, o Todo-Poderoso às potências de um dia. Seria melhor perguntar o que há de evangélico num programa de direita ou de esquerda. André Frossard propôs uma linha de pensamento estimulante quando escreveu que o problema é que a esquerda não acredita no pecado original e que a direita dificilmente acredita na redenção. No plano político, este desvio teológico foi mais interessante do que o final feliz retórico esperado para a pergunta “Deus é de direita ou de esquerda?”: nem um, nem o outro.

Setenta e cinco anos de engajamentos

Por outro lado, enraizada na História, a questão das consequências políticas que os católicos puderam tirar da sua fé é fascinante. Além disso, dá uma ideia mais precisa da Encarnação do que as reflexões sobre o partido a que Jesus teria aderido. “À direita do Pai“, o grande volume recentemente publicado, em francês, pela Seuil, editado por Florian Michel e Yann Raison du Cleuziou, fornecerá informações valiosas a todos aqueles que sentem que os sucessos e decepções dos seus predecessores podem ajudá-los a discernir a legitimidade das suas batalhas terrenas e a pertinência dos seus meios de luta. Que predecessores? “Os católicos e a direita de 1945 aos nossos dias”, informa o subtítulo desse estudo inigualável – que, aliás, cumpre integralmente a sua promessa, uma vez que até as eleições presidenciais francesas de 2022 são analisadas.

Não é inútil ter em mente pelo menos os grandes momentos deste panorama de mais de setenta e cinco anos de engajamentos, ou desengajamentos, de católicos situados do centro-direita à extrema-direita do espectro político. De 1945 a 1958, a libertação e as suas consequências viram na Europa “a revanche dos democratas-cristãos”. Entre 1958 e 1974, os autores perguntam se a Quinta República, na França, era “moderna e católica”. De 1974 a 1997, os católicos de direita parecem hesitar entre a modernização e a restauração. Desde 1997, entraram na “era da minoria”.

O Absoluto e o relativo

Não se precisa ser historiador ou sequer fanático pela história para mergulhar nesse trabalho, quer se leia em profundidade, quer se passeie pelas suas páginas simplesmente conforme a própria curiosidade. Como é que a visão do comunismo dividiu os católicos no pós-guerra? Por que é que Pio XII foi saudado como santo quando morreu em 1958? Quais foram as etapas da ascensão da “geração João Paulo II”? Qual é a diferença entre os protestos contrários às novas leis sobre união civil [na França] e as mobilizações contra a equiparação da união homossexual ao casamento? Estas são apenas algumas das muitas perguntas sobre as quais o volume refresca a nossa memória, nos esclarece e nos explica, oferecendo ainda a todos os católicos de direita uma oportunidade para questionar a tendência a transformar em Absoluto o que é relativo (e relativo obviamente não significa anedótico).

O leitor também pode fazer um uso mais leve do livro, notadamente graças ao dicionário temático das “culturas da direita católica”, ao final do volume. É possível sorrir, por exemplo, diante da sociologia de Loden (ver sua “metafísica”, segundo uma observação de Jean Sévillia) e sucumbir a uma doce nostalgia perante a excelente evocação da literatura juvenil de Florian Michel. Mesmo que tal leitura não seja suficiente para conduzir o leitor à direita celestial do Pai, ela tem, entre outros interesses, o de lembrar que o cristão não pode negligenciar a História, assim como tampouco pode divinizá-la. Se usar a História para substituir a Deus é a especialidade de um marxismo assassino, abandoná-la revela um espiritualismo que faz pouco caso da Encarnação.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa: a vocação ao sacerdócio é um dom que Deus dá à Igreja e ao mundo

Papa Francisco com os participantes do Curso para Reitores e Formadores de
Seminários da América Latina | Vatican News

Ao receber em audiência os participantes do Curso para Reitores e Formadores de Seminários da América Latina, Francisco ressaltou que é "necessária uma formação de qualidade para aqueles que serão a presença sacramental do Senhor no meio de seu rebanho" e que "os formadores educam com suas vidas, mais do que com suas palavras".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (10/11), na Sala Clementina, no Vaticano, os participantes do Curso para Reitores e Formadores de Seminários da América Latina.

Segundo o Pontífice, "toda formação sacerdotal, especialmente a dos futuros pastores, está no centro da evangelização, uma vez que nas próximas décadas serão eles que animarão e guiarão o santo Povo de Deus, para que possa ser em Cristo sacramento ou sinal e instrumento de união íntima com Deus e da unidade de todo o gênero humano".

É necessária uma formação de qualidade

O Papa disse que é "necessária uma formação de qualidade para aqueles que serão a presença sacramental do Senhor no meio de seu rebanho, alimentando-o e cuidando dele com a Palavra e com os Sacramentos". A esse propósito, Francisco sublinhou que a Ratio fundamentalis institutionis sacerdotalis, "O dom da vocação presbiteral", preserva a grande contribuição dada pela Exortação Apostólica Pastores dabo vobis "depois da 8ª Assembleia Geral Ordinária dos Bispos que abordou o tema: "A formação dos sacerdotes nas circunstâncias atuais". Este ano, celebra-se o 30° aniversário de publicação por São João Paulo II da Exortação apostólica Pastores dabo vobis.

Segundo o Pontífice, "essa exortação oferece explicitamente uma visão antropológica integral, que leva em conta, de forma simultânea e equilibrada, as quatro dimensões presentes na pessoa do seminarista: humana, intelectual, espiritual e pastoral". Por outro lado, a Ratio fundamentalis reafirma a perspectiva do Papa Bento XVI, que com o motu proprio Ministrorum institutio "destacou que a formação dos seminaristas continua, de forma natural, na formação permanente de sacerdotes, ambos constituindo uma única realidade".

A formação sacerdotal tem um caráter comunitário

O Papa disse ainda que a atual Ratio fundamentalis descreve o processo de formação dos sacerdotes, desde os anos de seminário, como única, integral, comunitária e missionária.

A este respeito, enfatizou que a formação sacerdotal "tem um caráter eminentemente comunitário desde sua origem; a vocação para ao sacerdócio é um dom que Deus dá à Igreja e ao mundo, um caminho para santificar-se e santificar os outros que não deve ser seguido de maneira individualista, mas sempre tendo como referência uma porção concreta do Povo de Deus".

Segundo o Papa, um dos desafios mais importantes que as casas de formação sacerdotal enfrentam hoje "é o de serem verdadeiras comunidades cristãs, o que implica não só um projeto formativo coerente, mas também um número adequado de seminaristas e formadores que garantem uma experiência realmente comunitária em todas as dimensões da formação. Uma tarefa que os bispos devem assumir sinodalmente, em particular no nível de conferências episcopais regionais ou nacionais, tarefa para a qual vocês são chamados a colaborar com lealdade e proatividade".

“Para isso, queridos sacerdotes formadores, é necessário renunciar à inércia e ao protagonismo e começar a sonhar juntos, não lamentando o passado, não sozinhos, mas unidos e abertos ao que o Senhor deseja hoje como formação para as próximas gerações de presbíteros inspirados pelas diretrizes atuais da Igreja.”

Francisco disse ainda que a missão dos reitores e formadores de seminários "não é de formar "super-homens" que pretendem saber e controlar tudo e ser autossuficientes; pelo contrário, é formar homens que sigam humildemente o processo escolhido pelo Filho de Deus, que é o caminho da Encarnação".

A dimensão humana da formação sacerdotal não é, portanto, uma mera escola de virtudes, de crescimento da personalidade ou de desenvolvimento pessoal, mas implica também e sobretudo um amadurecimento integral da pessoa fortalecida pela graça de Deus que, levando em conta os condicionamentos biológicos, psicológicos e sociais de cada um, é capaz de transformá-los e elevá-los, especialmente quando a pessoa e as comunidades se esforçam para colaborar com ela de forma transparente e verdadeira. Em última análise, as motivações vocacionais autênticas, ou seja, o seguimento do Senhor e a instauração do Reino de Deus, são a base de um processo humano e espiritual.

Os formadores educam com suas vidas

Segundo o Papa, "uma das tarefas mais importantes no processo de formação de um sacerdote é a leitura gradual e religiosa de sua própria história". De acordo com Francisco, "é preciso estar conscientes do impacto formativo que a vida e o ministério dos formadores exercem sobre os seminaristas. Os formadores educam com suas vidas, mais do que com suas palavras".

De acordo com Francisco, "um dos indicadores de maturidade humana e espiritual é o desenvolvimento e a consolidação da capacidade de escuta e da arte do diálogo, que estão naturalmente ancorados a uma vida de oração, onde o sacerdote dialoga com o Senhor todos os dias, mesmo nos momentos de aridez e confusão".

Por fim, o Papa ressaltou que a formação sacerdotal tem como instrumento privilegiado o acompanhamento formativo e espiritual dos seminaristas, a fim de lhes assegurar uma vasta e variada ajuda da comunidade de formadores, apoiada por sacerdotes de diferentes idades e diferentes sensibilidades, segundo as competências específicas de cada um deles. Também contribuem no acompanhamento formativo outras pessoas que ajudem os seminaristas em seu crescimento humano e espiritual.

quinta-feira, 10 de novembro de 2022

Apresentação das Comunidades Neocatecumenais ao Cardeal Dom Paulo Cezar Costa

Centro Neocatecumenal de Brasília

COMUNIDADES DO CAMINHO NEOCATECUMENAL DE BRASÍLIA SÃO APRESENTADAS AO ARCEBISPO CARDEAL DOM PAULO CEZAR COSTA

 8 DE NOVEMBRO DE 2022 C. N. BRASIL

No domingo, 6 de novembro, as 270 comunidades do Caminho Neocatecumenal da Arquidiocese de Brasília foram apresentadas ao Arcebispo Cardeal Dom Paulo Cezar Costa. O encontro aconteceu na Arena BRB “Nilson Nelson”.

A apresentação foi conduzida pela Equipe responsável pelo Caminho Neocatecumenal no Brasil, composta pelo Padre José Folqué e Raúl Viana. Padre José agradeceu a presença de Dom Paulo, afirmando que aquele era também um momento de acolhida “sincera e verdadeira do Bispo que o Senhor colocou na Arquidiocese de Brasília”. Ele ressaltou a importância da apresentação como sinal de comunhão, uma vez que o Caminho Neocatecumenal é a Igreja e se inicia em uma paróquia com o pedido do pároco e o consentimento do Bispo.

Padre José explicou que:

“Caminho Neocatecumenal propõe colocar dentro da paróquia a renovação do Batismo, que, já na Igreja Primitiva, não era apenas um rito, mas um processo que se chamava ‘catecumenato’ e era levado pela mão do Bispo, junto com os catequistas, selando a fé com o Batismo. O Concílio Vaticano II pediu que fosse restaurada nas paróquias essa recuperação do Batismo, que fica latente após sermos batizados na infância”.

O Caminho Neocatecumenal é um Itinerário de Iniciação Cristã que nasceu na década de 1960, em Madri, Espanha, com Kiko Argüello e Carmen Hernández (Carmen faleceu em 2016 e, atualmente, corre seu processo de beatificação). Em Brasília, esse carisma chegou em abril de 1979, quando Dom José Newton de Almeida Batista, então Arcebispo, acolheu os primeiros catequistas itinerantes. Após 43 anos, dez mil pessoas estão inseridas nas comunidades neocatecumenais, que se encontram em 33 paróquias da Arquidiocese.

Os frutos deste Itinerário

O Caminho Neocatecumenal está a serviço da Igreja para a Nova Evangelização, a fim de anunciar o amor de Jesus Cristo por todas as nações.  Ao longo desses anos, este anúncio tem transformado a vida de muitas pessoas que se abrem ao chamado do Senhor, permitindo, assim, o surgimento de novas vocações: presbíteros, religiosas e famílias abertas à vida à luz da Encíclica Humanae Vitae, de São Paulo VI.

Foi com o objetivo de formar presbíteros missionários que nasceram os Seminários Missionários Arquidiocesanos Redemptoris Mater. Em Brasília, o Seminário Redemptoris Mater foi erigido em 1990 e, no momento, conta com 60 seminaristas que ali se formam. Todos eles, junto com seus formadores participaram do encontro com Dom Paulo na Arena BRB “Nilson Nelson”.

A Igreja Doméstica

Após a explanação sobre o início do Caminho em Brasília e a apresentação das etapas do percurso neocatecumenal, foram ouvidos alguns testemunhos. A família de Francisco e Franscinalva de Castro começou o Caminho Neocatecumenal há 29 anos, na Paróquia São Pedro Apóstolo (Ceilândia). Dos oito filhos do casal, dois são seminaristas.

“Deus nos abençoou com estes filhos e, em família, podemos rezar. Na mesa do altar familiar, passamos a fé aos nossos filhos, a fé que eu tenho recebido da Santa Mãe Igreja, no Caminho Neocatecumenal; e nesta família, Deus suscitou as vocações dos meus filhos”

testemunhou Francisco para Dom Paulo.

Ele também falou sobre a experiência da vida na comunidade cristã:

“O Senhor nos deu uma comunidade cristã onde pudemos viver este anúncio, com o Senhor nos chamando à conversão, a deixar o homem velho e fazer brotar em nós o homem novo. Essa foi a aliança que Deus fez conosco e à qual Ele tem sido fiel, por isso, hoje, estamos dentro de uma comunidade onde podemos viver entre nossos 48 irmãos o amor, o perdão e a presença do Senhor”.

Paloma de Oliveira Timo, de 24 anos, vive a fé em uma comunidade neocatecumenal na Paróquia Nossa Senhora da Esperança (Asa Norte). Ela testemunhou a mudança de vida na alegria de conhecer Cristo, que dá sentido à sua vida e à sua juventude buscando defender a castidade:

“Foi numa comunidade cristã que Deus me mostrou que me ama profundamente. Foi ali que a face amorosa de Deus se apresentou a mim, de um Deus que sempre cuidou de mim, que é Pai. De um coração seco, Deus me seduziu com sua beleza, com a beleza dos cantos, com a beleza da Palavra de Deus e hoje sou feliz!”

Padre Gean Rabelo Fernandes, da Paróquia Santa Maria dos Pobres (Paranoá), deu o testemunho da misericórdia de Deus na sua vida e como surgiu a sua vocação missionária durante a juventude, mesmo com os combates da fé. Por ter sempre experimentado a fidelidade de Deus na sua vida, ele afirmou estar disponível para partir em missão para qualquer lugar do mundo, conforme o envio do Arcebispo.

Desde que foi erigido o Seminário Missionário Arquidiocesano Redemptoris Mater, em 1990, a Arquidiocese de Brasília já enviou mais de 50 presbíteros em missão.

O mandato da evangelização

Ao se dirigir às comunidades, Dom Paulo manifestou alegria…

“…de ver a força daquilo que o Senhor foi fazendo a partir de 1979, quando o Caminho começou na Arquidiocese”.

O Cardeal exortou e encorajou todos os presentes a serem testemunhas do Cristo ressuscitado em toda e qualquer circunstância, seja em uma missão específica, seja na vida cotidiana:

“Quem amadurece na fé tem que ser evangelizador. Nós temos uma missão fundamental na nossa sociedade hoje. Talvez o mundo peça para entrarmos no deserto da vida das pessoas, ir ao deserto e falar ao coração das pessoas, escutá-las, se colocar ao lado delas. Este é o grande desafio da evangelização hoje, mas é um desafio no qual nós temos certeza de que não estamos sozinhos: o Senhor está conosco! E esta é a Igreja em saída de que o Papa Francisco tem falado, a Igreja que se faz presente através de vocês, nos lugares em que vocês estão para anunciar o amor de Jesus que dá vida nova e eu conto incondicionalmente com vocês!”

*Fotos cedidas ao Centro Neocatecumenal de Brasília
Fotos: Alex Gomes
Fotos: Alex Gomes
Fotos: Alex Gomes
Foto: Marcos Welber
Foto: Marcos Welber
Fotos: Alex Gomes
Fotos: Alex Gomes
Foto: Israel Gomes

Centro Neocatecumenal de Brasília
Assessoria de Comunicação

Para mais informações, acesse:

Contatos:

Centro Neocatecumenal de Brasília

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF