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domingo, 13 de novembro de 2022

Dia Mundial dos Pobres

Dia Mundial dos Pobres | CNBB

DIA MUNDIAL DOS POBRES, ESTE ANO, SERÁ CELEBRADO NO DIA 13 DE NOVEMBRO

O Dia Mundial dos Pobres será realizado, este ano, no dia 13 de novembro de 2022. Com isso, a Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Sociotransformadora da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), com as Pastorais Sociais e Organismos lançam o material para favorecer a preparação em forma de jornada para a vivência, convivência, reflexão e ação do VI Dia Mundial dos Pobres

O Papa Francisco em sua mensagem deste ano escolheu o texto bíblico para motivar a reflexão: “Jesus Cristo fez-se pobre por vós” (cf. 2 Cor 8, 9).  A intenção com o convite – tomado do apóstolo Paulo – é manter o olhar fixo em Jesus, que, “sendo rico, se fez pobre por vós, para vos enriquecer com a sua pobreza”. Já o tema escolhido pela Igreja do Brasil para animar esta VI Jornada é: “Dai-lhes vós mesmos de comer!”, em consonância com a Campanha da Fraternidade 2023, que traz o tema “Fraternidade e fome”, e o lema “Dai-lhes vós mesmos de comer” (Mt 14,16)

O material pretende ajudar na reflexão e ação em atenção à realidade das pessoas em situação pobreza no Brasil e no mundo. Apesar de a América Latina e o Caribe estarem entre os maiores exportadores de alimentos do planeta, neste momento há 56,5 milhões de latino-americanos e caribenhos que passam fome e 268 milhões de pessoas com insegurança alimentar moderada ou grave, segundo dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).  

Em junho deste ano, a Rede Brasileira de Pesquisa em Soberania e Segurança Alimentar e Nutricional (Rede Penssan) revelou que 33,1 milhões de pessoas no Brasil não têm o que comer. Isso significa que, seguindo os dados coletados, 15,5% da população brasileira sente fome e não come por falta de dinheiro para comprar alimentos. 

Além do mais, seis em cada dez famílias estão em situação de insegurança alimentar, isso significa que estão na condição de não ter acesso pleno e permanente à alimentar-se. Esses dados foram colhidos em 12.745 domicílios brasileiros entre dezembro de 2021 e abril de 2022. Diante isso, somos interpelados/as a voltar o olhar e à escuta atenta para a provocação de Jesus Cristo “Dai-lhes vós mesmos de comer!”.

“Na realidade, os pobres, antes de ser objeto da nossa esmola, são sujeitos que ajudam a libertar-nos das armadilhas da inquietação e da superficialidade [..] A pobreza que mata é a miséria, filha da injustiça, da exploração, da violência e da iníqua distribuição dos recursos.”, denuncia o Papa Francisco na sua mensagem para este ano. 

Acesse aqui o caderno formativo: https://ssb.org.br/app/uploads/2022/10/JMP.pdf

Identidade visual JMP 2022: https://bit.ly/3g3E4Vj

Logo JMP: https://bit.ly/3T60AeO

A história da Jornada Mundial dos Pobres 

No dia 20 de novembro de 2016, na conclusão do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia, o Papa Francisco instituiu o Dia Mundial dos Pobres. Na mensagem de lançamento ele disse: “Este dia pretende estimular, em primeiro lugar, os crentes, para que reajam à cultura do descarte e do desperdício, assumindo a cultura do encontro. Ao mesmo tempo, o convite é dirigido a todos, independentemente da sua pertença religiosa, para que se abram à partilha com os pobres em todas as formas de solidariedade, como sinal concreto de fraternidade”.  

No Brasil, nos primeiros anos, a CNBB confiou à Cáritas Brasileira a animação e a mobilização do Dia Mundial dos Pobres. A entidade, nesse período, já realizava a Semana da Solidariedade – para pensar e agir por um país justo, fraterno, igualitário, solidário e amoroso, por ocasião de seu aniversário de fundação, 12 de novembro de 1956. A partir da III Jornada Mundial dos Pobres as Pastorais e Organismos Sociais  ligados à Cepast-CNBB, assumiram coletivamente a animação e mobilização do Dia Mundial dos Pobres.  

Com informações da Comissão para a Ação Sociotransformadora

Papa: cuidado com os falsos "messias", o ser humano é o verdadeiro templo de Deus

Papa na missa por ocesião do Dia Mundial dos Pobres | Vatican News

No Dia Mundial dos Pobres, Francisco celebrou a missa na Basílica de São Pedro com a participação de milhares de pessoas em situação de vulnerabilidade. Na homilia, exortou os fiéis a romperem a "surdez interior" que impede de ouvir o grito de sofrimento dos mais frágeis. E convidou a refletir sobre o que fazer diante da III Guerra Mundial.

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

O ser humano é o verdadeiro templo de Deus: foi o que recordou o Papa Francisco ao celebrar a missa na Basílica de São Pedro neste Dia Mundial dos Pobres.

O Pontífice inspirou a sua homilia no Evangelho deste XXXIII Domingo do Tempo Comum, em que Jesus faz duas exortações: não vos deixeis enganar e dai testemunho.

Jesus quer nos livrar da tentação de ler os fatos mais dramáticos de modo supersticioso ou catastrófico, como se estivéssemos já perto do fim do mundo não valendo a pena empenhar-nos em algo de bom. Durante as crises, nunca faltam magos, gurus, horóscopos e teorias fantasiosas propostas por qualquer “messias” da última hora. "E muitos cristãos buscam o horóscopo como se fosse a voz de Deus", lamentou. Por sua vez, o discípulo do Senhor não cede ao desânimo nem mesmo nas situações mais difíceis, porque o seu Deus é o Deus da ressurreição e da esperança.

A arte tipicamente cristã: reagir ao mal com o bem

Assim, a segunda exortação é justamente esta: Tereis ocasião de dar testemunho. E Francisco acentuou a palavra “ocasião”, ressaltando que é uma “arte tipicamente cristã” não ficar refém daquilo que acontece, mas aproveitar a oportunidade de construir mesmo a partir de situações negativas. "O cristão não permanece vítima daquilo que acontece", recordou o Papa. Portanto, situações de prova, de perda de controle, de insegurança são ocasiões para testemunhar o Evangelho. "Também eu me faço esta pergunta hoje: o que está nos dizendo o Senhor diante desta III Guerra Mundial?"

A crise, explicou ainda Francisco, é abertura, enquanto o mau espírito trabalha para que a crise se torne conflito. "O conflito é sempre fechamento, sem horizonte e sem saída. Não! Vivamos a crise como pessoas humanas, como cristãos, sem as transformar em conflito porque toda crise é uma possibilidade e oferece ocasião de crescimento."

O Papa convidou cada um a se interrogar: "Diante desta III Guerra Mundial tão cruel, diante da fome de tantas crianças, de tantas pessoas: eu posso desperdiçar, desperdiçar dinheiro, desperdiçar a minha vida, desperdiçar o sentido da minha vida sem tomar coragem e ir avante?"

O sofrimento do povo ucraniano

E este é o convite que ressoa neste Dia Mundial dos Pobres, para romper esta surdez interior que nos impede de ouvir o grito de sofrimento, sufocado, dos mais frágeis.

Também hoje vivemos em sociedades feridas e assistimos, tal como nos disse o Evangelho, a cenários de violência, "é só pensar na crueldade que está sofrendo o povo ucraniano", de injustiça e de perseguição; há a crise gerada pelas alterações climáticas e pela pandemia; ampliam-se os conflitos, estamos diante da “calamidade da guerra”; há desemprego e migração forçada. E os pobres são os mais penalizados.

“Mas, se o nosso coração estiver blindado e indiferente, não conseguiremos ouvir o seu flébil grito de dor, chorar com eles e por eles, ver quanta solidão e angústia se escondem mesmo nos cantos esquecidos das nossas cidades, vê-se ali tanta miséria, tanta dor e tanta pobreza descartada.”

Não dar ouvidos aos falsos "messias"

Portanto, prosseguiu o Papa, façamos nosso o convite forte e claro do Evangelho a não nos deixarmos enganar. Não vamos dar ouvidos aos profetas da desgraça, às sirenes do populismo, aos falsos "messias" que, em nome do lucro, proclamam receitas úteis apenas para aumentar a riqueza de poucos.

Ao contrário, vamos dar testemunho: aproveitar a ocasião para testemunhar o Evangelho da alegria e construir um mundo mais fraterno; empenhando-nos em prol da justiça, da legalidade e da paz, permanecendo ao lado dos mais frágeis. “Não fujamos para nos defender da história, mas lutemos para dar a esta história que estamos vivendo um rosto diferente.”

A força vem da confiança em Deus. Abrindo o nosso coração a Ele, aumentará em nós a capacidade de amar e "este é o caminho: crescer no amor". Deixemo-nos interrogar: como cristãos, que atitude tomar diante desta civilização que descarta os pobres, os velhos e os nascituros? Francisco recordou uma tradição italiana, na ceia de Natal, de reservar um lugar vazio à mesa para o Senhor que poderá bater à porta. E questionou: "O seu coração tem sempre um lugar vazio para aquela gente, ou estamos tão atarefados com os amigos, os eventos sociais, as obrigações? Nunca temos um lugar vazio para aquelas pessoas. Amados por Ele, decidamo-nos amar os filhos mais descartados. Ele se identifica com o pobre."

“Não podemos ficar – como aqueles de quem fala o Evangelho – a admirar as belas pedras do templo, sem reconhecer o verdadeiro templo de Deus, o ser humano, o homem e a mulher, especialmente o pobre, em cujo rosto, em cuja história, em cujas feridas está Jesus. Foi Ele que o disse… Nunca o esqueçamos!”

Sabe qual é o livro católico mais lido depois da Bíblia?

Dzmitryieu Dzmitry | Shutterstock
Por Cláudio de Castro

Este clássico da espiritualidade católica é um dos livros mais traduzidos do mundo e já passou por mais de 3 mil edições desde que foi lançado.

O livro católico mais lido depois da Bíblia é de autoria do alemão Tomás de Kempis (1380-1471).

O autor foi um sacerdote agostiniano do século XV com uma profunda espiritualidade e um grande amor à Igreja e a Jesus Sacramentado.

Ele escreveu uma obra de devoção para aquecer a vida espiritual dos frades e monges da época. A obra foi elogiada por Santa Teresa e pelo próprio Dom Bosco.

As origens

É curioso que muitas pessoas eram conhecidas pelo lugar onde nasceram ou moravam, o que acabava sendo seu sobrenome. Foi o caso de Jesus – que costuma ser chamado de Jesus de Nazaré – Leonardo da Vinci, Teresa de Ávila, São Francisco de Assis

Nosso autor, a quem milhares de almas devem tanto, não foi exceção. É por isso que ele era chamado de Thomas Hemerken de Kempen (Kempis). Por fim, ele acabou sendo conhecido como Tomás de Kempis.

Sua grande obra? “A Imitação de Cristo“.

A Imitação de Cristo

Gosto muito de recomendar aos nossos leitores da Aleteia que leiam livros edificantes para os ajudar a crescer espiritualmente e a entender melhor nossa sagrada religião.

Dom Bosco dizia que nada faz tão bem à alma quanto ler um bom livro de espiritualidade. Hoje eu quero recomendar que você leia “A Imitação de Cristo”, escrito por Tomás de Kempis.

Esse, de fato, é o livro que meu pai estava segurando no momento de sua morte e que tanto o confortou em meio à sua dolorosa doença. 

O livro “A Imitação de Cristo” já passou por mais de 3.000 edições desde que foi publicado pela primeira vez e é um dos mais traduzidos do mundo.

Dividida em capítulos independentes, a obra apresenta orientações práticas para a vida do fiel. O objetivo é colocar o leitor em contato com Cristo e ajudá-lo na sua jornada espiritual.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Relíquias de São Francisco Xavier serão expostas em Goa, Índia

Pintura com São Francisco Xavier | Vatican News

O arcebispo de Goa e Damão, cardeal Filipe Neri Ferrão, anunciou que os restos mortais do missionário jesuíta, São Francisco Xavier, que chegou à costa oeste da Índia no século XVI, serão expostos entre 2024 e 2025.

Anna Poce - Cidade do Vaticano

O arcebispo da Arquidiocese de Goa e Damão, na Índia, Dom Filipe Neri Ferrão,  assinou um decreto especial com o qual anuncia, em seu site, a exposição das relíquias sagradas de São Francisco Xavier, um dos primeiros discípulos de Santo Inácio de Loyola.

O evento espiritual, conhecido pelo povo como “Gõycho Saib”, que sempre atrai milhões de pessoas de todas as partes do mundo, na antiga Goa, no sul da Índia, começará em 21 de novembro de 2024 e se concluirá em 5 de janeiro de 2025.

Exposição solene das relíquias de São Francisco Xavier

No decreto, lê-se que "segundo uma antiga tradição, realiza-se, a cada dez anos, nesta nossa Arquidiocese, uma 'Exposição solene das sagradas relíquias de São Francisco Xavier'. O evento terá início a partir de quinta-feira, 21 de novembro de 2024, e se concluirá no domingo, 5 de janeiro de 2025".

A data das celebrações, segundo um comunicado de imprensa, foi divulgada com dois anos de antecedência para que os peregrinos possam se organizar e participar do evento. Esta iniciativa espiritual, diz o cardeal Neri Ferrão, oferecerá aos fiéis a oportunidade de refletir sobre o “caminho de fé” de São Francisco Xavier e imitar seu zelo apostólico pelo Evangelho de Jesus Cristo. A exposição 2024-2025 deverá, portanto, representar “o ponto alto de um caminho espiritual de renovação e esperança, percorrido por cada pessoa, família, paróquia e toda a Igreja em Goa e Damão”.

“Os dois anos de preparação espiritual para a exposição – conclui o comunicado – consistirão em uma caminhada com os pobres e marginalizados, com pessoas de todas as religiões e culturas e em harmonia com a criação”.

Para acompanhar de perto o andamento da solene exposição, o cardeal Neri Ferrão nomeou uma Comissão especial, composta de leigos, religiosos e sacerdotes.

O Santo de Goa

O Santo de Goa, Francisco Xavier, pioneiro na difusão do cristianismo na Ásia, nasceu em 1506, em Navarra, Espanha, e morreu como missionário, em 1552, na ilha de Shangchuan, Jiangmen, na China. Após dois anos, seus restos mortais foram trasladados, intactos e íntegros, para Malaca e, depois, para Goa, onde ainda hoje é venerado na igreja Bom Jesus. Em 1619, o Papa Paulo V beatificou o missionário espanhol e, em 1622, Gregório XV o canonizou. Uma de suas relíquias - o antebraço direito – encontra-se em Roma, desde 1614, na Igreja de Gesù.

O corpo de São Francisco Xavier, preservado em uma urna, na Basílica do Bom Jesus, em Goa, é exposto a cada dez anos. Cerca de 4 milhões de pessoas visitaram suas relíquias na última exposição, que terminou em janeiro de 2015.

Cardeal de Brasília visita buraco do rato

Dom Paulo Cezar visita o "buraco do rato" | arqbrasilia

Cardeal de Brasília visita buraco do rato

Dom Paulo Cezar deixou suas atividades rotineiras neste sábado (12) para conhecer o Setor Comercial Sul, um dos lugares com maior aglomeração de moradores em situação de rua do Distrito Federal. O que mais lhe impressionou foi ver pessoas em situação degradante a poucos metros do centro do poder.

O Cardeal aproveitou para descer no Buraco do Rato, um gueto famoso da Capital Federal, que foi palco de muitos crimes e famoso por ser usado para o consumo de drogas. A visita de Dom Paulo ao local marcou a celebração do Dia Mundial dos Pobres, onde, mais cedo, celebrou a Santa Missa junto à população em situação de rua.

O Arcebispo, fazendo menção aos pobres que dormem nas calçadas do lugar, disse que ‘’a Igreja quer vir aonde eles estão, para encontrá-los, fazê-los se sentirem verdadeiramente amados por Deus”. O Cardeal ficou impactado com a quantidade de pessoas dormindo no chão. “É necessário fazer alguma coisa, dar voz, dar vez a essas pessoas que são esquecidas pela sociedade”.

Dom Paulo Cezar visita o "buraco do rato" | arqbrasilia

Depois da Santa Missa foi oferecido um jantar aos moradores em situação de rua, com refrigerante gelado. Também foram distribuídos cartões com os endereços das salas de atendimento da Arquidiocese para aqueles que desejam sair das ruas. Frei Rogério Soares, vigário episcopal para assuntos sociais, garantiu que fará de tudo para ajudar aqueles que forem às salas em busca de atendimento.

sábado, 12 de novembro de 2022

O continente africano, “pulmão” espiritual da humanidade

Fiéis africanos [© M.Merletto/Nigrizia]
Revista 30Dias - 10/2011

O continente africano, “pulmão” espiritual da humanidade.

Benim. A segunda visita pastoral de Bento XVI à África.

Reflexões do cardeal Robert Sarah

pelo cardeal Robert Sarah

Bento XVI durante a viagem a Camarões e Angola, em março de 2009;
o Papa retorna ao continente africano em viagem apostólica ao Benim,
de 18 a 20 de novembro de 2011 [© Osservatore Romano]

A África se sente realmente honrada por esta segunda visita pastoral do Santo Padre, o papa Bento XVI, que logo irá ao Benim. Essa visita pastoral, sem a menor dúvida, deverá encorajar o continente africano a tomar nas mãos, de modo responsável, o seu destino, deverá encorajá-lo enquanto atravessa tantas provações, consolidar a fé dos cristãos e chamar a atenção da Igreja para a sua tarefa missionária. A África está plenamente aberta a Cristo. Deu um grande passo na direção de Jesus Cristo. No início do século XX não havia mais que dois milhões de católicos em toda a África. Hoje o continente possui 147 milhões deles, com uma quantidade impressionante de vocações à vida sacerdotal e religiosa, e muitas conversões ao cristianismo. Mas amplas regiões não conhecem ainda “o Evangelho de Deus” (Mc 1,14).

O primeiro Sínodo, sobre “A Igreja na África e sua missão evangelizadora”, e o segundo Sínodo do continente, sobre “A Igreja na África a serviço da reconciliação, da justiça e da paz”, enfrentaram com muita seriedade e trabalho as questões básicas que preocupam e atormentam toda a Igreja e os povos africanos: a evangelização; a inculturação; a Igreja “família de Deus”; o diálogo como “forma de ser do cristão dentro de sua comunidade, como também com os outros crentes”; a justiça e a paz; a reconciliação; a influência maciça e poderosa da mídia na evolução cultural, antropológica, ética e religiosa das nossas sociedades. Essas questões importantes foram estudadas e discutidas num clima de fé e oração, examinadas com humilde obediência à Palavra de Deus e sob a luz sempre acesa do Espírito, que nos acompanha ao longo da história.

Tenho confiança de que com a paciência, a determinação, a força da fé, e com a ajuda de Deus, o continente africano conhecerá a paz, a reconciliação, uma maior justiça social, e poderá contribuir para reencontrar os valores humanos, religiosos e éticos, a sacralidade e o respeito à vida desde a concepção até a morte natural, a grandeza do matrimônio entre homem e mulher, o significado e a nobreza da família, que as sociedades modernas – sobretudo ocidentais, enfraquecidas pela “apostasia silenciosa” – “desconstroem” e tornam desfocados e inconsistentes. Poderá contribuir para reencontrar a Deus, o sentido do sagrado e a realidade do pecado, em suas formas individuais e sociais.

Além de seus fabulosos recursos naturais, o continente africano possui uma extraordinária riqueza humana. Sua população é jovem e em constante crescimento. A África é uma terra fecunda em vida humana. Infelizmente, apesar das riquezas naturais e humanas, é tragicamente ferida pela pobreza, pela instabilidade e por desordens políticas e econômicas. Conhece ainda os efeitos da dominação, do desprezo, do colonialismo, um fenômeno que – embora aparentemente concluído no plano político – não está extinto de modo algum: hoje é mais sutil e dominante do que nunca. Em razão das fraquezas tecnológicas, econômicas e financeiras da África, os poderosos e astutos especialistas do mundo econômico organizaram o saque e a exploração anárquica de suas riquezas naturais, sem nenhum benefício para os povos do continente. A África é pobre e sem dinheiro, mas compra armas com seus recursos naturais para iniciar guerras fomentadas com a cumplicidade de certos líderes africanos corruptos, desonestos e que não se importam com os atrozes sofrimentos de seus povos, continuamente refugiados e em fuga diante da violência, dos conflitos sanguinolentos e da insegurança.

É preciso, todavia, agradecer a Deus. Hoje a África, em seu conjunto, parece viver uma certa calma em comparação com as agudas tensões que marcaram o continente nas últimas duas décadas. Ainda que em alguns lugares a paz e a segurança das populações continuem ainda frágeis e ameaçadas, é perceptível uma evolução real para a pacificação. Uma vez terminada – ou quase – a guerra, é preciso agora empreender o caminho da reconciliação. O segundo Sínodo sobre a África chegou no momento certo para recordar aos cristãos que eles devem ser artífices de paz e de reconciliação. Para ajudar a África a enfrentar esse imenso desafio e essa difícil batalha contra a pobreza, pelo desenvolvimento econômico e por uma existência humanamente mais digna e mais feliz em que a Igreja deve colaborar com outras instituições, o Santo Padre, papa Bento XVI, volta à África com o objetivo de reafirmar aos africanos toda a sua confiança em sua capacidade de sair autonomamente dessa longa e penosa crise socioeconômica e política por meio do trabalho, da unidade e da comunhão de intenções, e lembrar aos cristãos da África que Deus nos reconciliou com Ele por intermédio de Cristo, e nos confiou o ministério da reconciliação (cf. 2Cor 5,18). O Santo Padre estimulará as energias do continente africano e, como um pai, estimulará os africanos a sair da “reserva” e a entrar nos grandes circuitos mundiais para afirmar-se e manifestar publicamente os valores culturais e as inestimáveis qualidades humanas e espirituais que podem oferecer à Igreja e a toda a humanidade.

A cerimônia de abertura da 2ª Assembleia Especial para a África do Sínodo
dos Bispos, Basílica de São Pedro, 4 de outubro de 2009 [© Paolo Galosi]

É claro que hoje a maior parte da África está fora dos grandes circuitos mundiais. É facilmente deixada de lado, marginalizada. A África é um elo negligenciável da corrente mundial, diante de um mundo totalmente controlado pelas nações ricas e poderosas dos pontos de vista econômico, tecnológico e militar. Todos os exércitos dos países ocidentais estão alinhados quase inteiramente nos países pobres da Ásia e da África, para bombardear e destruir edifícios, milhares e milhares de vidas humanas inocentes, para – dizem – manter a paz e promover a democracia. O Iraque e a sua população estão destruídos e Saddam Hussein foi morto. Bin Laden foi assassinado e lançado no mar. Muammar Kadafi foi simplesmente eliminado com outros membros de sua família, e fizeram desaparecer sua lembrança entre as areias do deserto. A Costa do Marfim era um país em boas condições do ponto de vista econômico. Agora foi quebrado em dois e destruído... Não quero defender esses personagens e suas ações, que certamente devem ser execrados e condenados mil vezes. Mas é bárbaro e imperdoável que potências civis se aliem e tratem assim seres humanos criados à imagem de Deus. E, se essas pessoas foram bandidos e ditadores para seus povos, por que temer que seus túmulos se tornem lugares de peregrinação? O mesmo destino talvez espere outros chefes de Estado!

Não sei o que Deus pensa, em seu silêncio, de tanta crueldade. O Seu coração, provavelmente, se entristece. Desculpem-me este parêntese. Deve deixar de acontecer que o dinheiro e o poder se tornem os deuses do mundo e que a eles sejam oferecidas vidas humanas em sacrifício. A verdade terá de triunfar. Só Deus é a primeira e a maior verdade. Sem verdade, o homem não pode perceber o sentido da vida; deixa então campo aberto para o mais forte (cf. Bento XVI, Jesus de Nazaré. Da entrada em Jerusalém à Ressurreição). A lei do mais forte, a violência e as guerras deste mundo são o grande problema e a grande ferida da nossa humanidade nos dias de hoje!

O continente africano foi esquecido dos homens, mas não de Deus, que prefere de modo evidente os pequenos, os pobres e os fracos. Já o papa João Paulo II disse, em 1995, que “a África atual pode ser comparada àquele homem que descia de Jerusalém para Jericó; ele cai nas mãos dos salteadores que, depois de o despojarem e encherem de pancada, o abandonaram, deixando-o meio morto (cf. Lc 10,30-37). A África é um continente onde inumeráveis seres humanos – homens e mulheres, crianças e jovens – jazem, de algum modo, prostrados à margem da estrada, doentes, feridos, indefesos, marginalizados e abandonados. Têm extrema necessidade de bons samaritanos que venham em sua ajuda” (Ecclesia in Africa, nº 41). Por isso, fortalecidos por sua fé em Jesus Cristo, os bispos da África confiaram seu continente a Cristo Senhor, o verdadeiro Bom Samaritano, convencidos de que só Ele, por meio do seu Evangelho e da sua Igreja, pode salvar a África de suas dificuldades atuais e curá-la de seus muitos males.

Jesus Cristo, o seu Evangelho e a sua Igreja são a esperança da África, e a África é o futuro do mundo. Os últimos papas pensam nela dessa forma, na interpretação que dou de suas palavras. E creio que seu ponto de vista mereça crédito, pois assim se expressaram no exercício de sua função profética.

No Antigo Testamento, os profetas tinham por missão ler, interpretar e comentar a história e os eventos sociopolíticos e religiosos, não só do povo de Israel, mas também dos povos vizinhos. Certamente hoje os papas, sucessores de Pedro, continuam esse ministério profético para ler, analisar e interpretar a história da Igreja e as vicissitudes humanas, religiosas e sociopolíticas do mundo.

E o que dizem da África os últimos papas? Expressam com clareza o que é a África aos olhos de Deus e a sua missão presente e futura no mundo.

Paulo VI diante do monumento aos
mártires ugandenses, Namugongo,
2 de agosto de 1969. Montini foi o
primeiro papa a visitar a África

[© Pepi Merisio]

Como declarou Paulo VI em Campala, em julho de 1969: “Nova Patria Christi, Africa. A nova Pátria de Cristo é a África”. Deus sempre teve uma atenção especial à África, fazendo-a participar da salvação do mundo. De fato, foi o continente africano que “acolheu o Salvador do mundo quando era menino e teve de se refugiar com José e Maria no Egito para salvar a vida da perseguição do rei Herodes” (cf. Bento XVI, Homilia na Santa Missa para a conclusão da 2ª Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, 25 de outubro de 2009). E depois foi um africano, um certo Simão originário de Cirene, o pai de Alexandre e Rufo, que ajudou Jesus a carregar a Cruz (cf. Mc 15,21).

Em 1995, o beato papa João Paulo II escrevia na Ecclesia in Africa: “‘Eis que eu te gravei nas palmas das minhas mãos’ (Is 49,15-16). Sim, nas palmas das mãos de Cristo, trespassadas pelos cravos da crucifixão! O nome de cada um de vós, africanos, está escrito nestas mãos” (Ecclesia in Africa, nº 143).

E Bento XVI, em sua homilia de abertura da 2ª Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos, em 4 de outubro de 2009, diz: “A África é depositária de um tesouro inestimável para o mundo inteiro: o seu profundo sentido de Deus [...]. A África representa um imenso ‘pulmão’ espiritual para esta humanidade em crise de fé e de esperança. Mas este pulmão também pode adoecer. E atualmente pelo menos duas perigosas patologias estão a ameaçá-lo: antes de tudo, uma doença já comum no Ocidente, isto é, o materialismo prático, aliado ao pensamento relativista e niilista”.

Daí a importância e a urgência de uma mais profunda evangelização das mentalidades, dos costumes e das culturas africanas, um trabalho intenso de aprofundamento e apropriação da fé e dos mistérios cristãos. A formação do coração, que permite estabelecer laços de íntima amizade com Cristo e favorece uma intensa vida de oração e encontros frequentes e pessoais com Deus, deverá ser promovida e fortalecida. Para chegar a isso, temos a ajuda, o apoio e o encorajamento dos modelos africanos de santidade que somos chamados a imitar: os mártires São Carlos Lwanga e companheiros, o beato Cipriano Miguel Tansi, Santa Josefina Bakhita, Santa Clementina Anuarite, mártir, etc. Mas temos também um outro grande modelo cristão e um grande africano que acaba de voltar para a casa do Pai: o venerado cardeal Bernardin Gantin.

Era um homem de Deus, um grande homem de oração, atento a Deus e aos homens, e de uma delicada humildade. Eis o que recomendava: “Sejam ordenados os seus dias, unindo o repouso ao trabalho; ouçam o Senhor e também os homens, e depois rezem. Rezem sobretudo por meio do sinal vivo da Eucaristia, que é o momento divino do maior amor de Deus pela humanidade” (homilia para uma ordenação sacerdotal, 19 de novembro de 2005). A oração era o eixo da sua vida. Disse um dia a um jovem padre: “Meu filho, temos de rezar muito. Temos de rezar pedindo perdão por tudo o que poderíamos ter feito, mas não pudemos realizar. [...] Oração, oração; sim, oração antes de mais nada e unicamente. [...] À medida que aumentam as tarefas e as responsabilidades, a oração deverá fazer-se mais intensa, mais longa, mais insistente”. Ela deve-nos unir mais a Deus, que age por meio das nossas pessoas. E, já no fim da vida, o cardeal o testemunhou, dizendo: “Prometi ao papa João Paulo II consagrar o tempo da minha aposentadoria ao recolhimento, à escuta e à oração” (bodas de ouro episcopais, Ouidah, 3 de fevereiro de 2007).

O cardeal Bernardin Gantin era um fiel e afetuoso servidor de Deus, da Igreja e do Papa. Um homem de grande fé, totalmente embebido do Amor de Cristo. Submissão, fidelidade e amor pela Igreja e pelo Papa, era assim que vivia o seu dom e o seu humilde serviço a Deus, que lhe concedera a graça do sacerdócio. Como cardeal, definiu desta forma essa honra e esse privilégio: “O que é um cardeal da Igreja, senão um servidor, ministro do Papa, disponível, semelhante à dobradiça de uma porta, segundo a definição de seu étimo latino ‘cardo’, sempre feliz e grato por ter sido escolhido unicamente para servir” (homilia pelos trinta anos de cardinalato, Cotonou, 27 de junho de 2007). E acrescentava: “Todo o meu amor cristão se resume nestas simples palavras: Deus, Jesus Cristo, o Papa, a Virgem. Realidades supremas que Roma me fez descobrir, amar e servir. Por isso, jamais poderemos agradecer o bastante ao Senhor”.

O cardeal Bernardin Gantin foi, assim, também um grande africano. Apesar dos seus trinta anos a serviço da Igreja universal, em Roma, continuou sendo imperturbavelmente um africano autêntico, simples, humilde, respeitador de todos, sem pompa, desejoso sobretudo de aprofundar a cada dia o seu amor e a sua amizade com Cristo e de tornar seu serviço à Igreja e ao Papa cada vez mais verdadeiro, total e humilde.

Gantin com João Paulo I, em 28 de setembro de 1978
[© Foto Felici]

Foi uma ponte sólida e segura entre a África e a Santa Sé. Foi um digno filho da Igreja. Foi um digno e nobre representante da África diante dos outros continentes e povos do mundo. Eis o que Bento XVI disse dele: “A sua personalidade, humana e sacerdotal, constituía uma síntese maravilhosa das características da alma africana com as que são próprias do espírito cristão, da cultura e da identidade africana com os valores evangélicos. Foi o primeiro eclesiástico africano que ocupou cargos de altíssima responsabilidade na Cúria Romana, e desempenhou-os sempre com aquele típico estilo humilde e simples” (Homilia na missa em sufrágio pelo cardeal Bernardin Gantin, 23 de maio de 2008).

Tive o privilégio de conhecer o cardeal Gantin em 1971. Ele era então secretário da Congregação para a Evangelização dos Povos (Propaganda Fide). E eu, estudante em Roma. O meu bispo, sua excelência dom Raymond-Marie Tchidimbo, arcebispo de Conakry, na Guiné, estava na prisão. A Igreja da Guiné atravessava a tormenta da perseguição sob o regime revolucionário de Sékou Touré. Eu, portanto, já não tinha bispo e perdera todos os contatos com o meu país e a minha família. Assim, dom Bernardin, na época, era para mim bispo, pai, conselheiro. A sua humildade, a sua simplicidade e a sua delicadeza me marcaram profundamente. Tinha um afeto imenso por mim e eu por ele. Considerava-me como seu filho, seu prosseguimento, seu rebento. Um dia, durante uma recepção na embaixada de Senegal na Santa Sé, organizada em sua homenagem por ocasião de sua volta definitiva ao Benim, disse falando de mim: “Eu hoje sou como uma bananeira. A bananeira, depois que deu fruto, é cortada e morre. Mas, antes de morrer, dá logo um grande número de rebentos que tomam o seu lugar. Eis o meu rebento”. Reconheço que diante das imensas qualidades do cardeal eu não sou mais que um rebento amarrotado, pobre e sem grande valor. Mas tenho orgulho de tê-lo tido como pai e que ele tenha-me considerado seu filho espiritual.

Dirigindo-se ao Benim, Bento XVI faz uma visita à África inteira, para confirmar sua fé, despertar sua esperança e a confiança em seu futuro, um futuro luminoso porque está nas mãos de Deus. O Santo Padre dará à Igreja que está na África um novo impulso missionário e um dinamismo novo a serviço do Evangelho, da reconciliação, da justiça e da paz. Mas, se vai ao Benim, é também o cardeal Gantin, esse homem “cheio de espírito e sabedoria”, esse grande servidor de Deus, da Igreja e do papa, que Bento XVI desejará venerar, indo recolher-se por alguns momentos diante de seu túmulo. Merece a amizade e a atenção do Papa.

Que esta segunda visita pastoral do Santo Padre possa reforçar e tornar mais filial e mais afetuosa a devoção e a fidelidade de toda a Igreja da África ao Sucessor de Pedro, como foi a devoção e a fidelidade do venerado cardeal Bernardin Gantin.
Crianças congolesas e ruandesas recebem alimentos dos soldados
das Nações Unidas perto da aldeia de Kimua, no Congo Oriental

[© Associated Press/LaPresse]
O cardeal Bernardin Gantin em visita ao seminário de Ouidah,
no Benim, seu país natal, no qual voltou a viver em 2002 depois
de deixar o cargo de decano do Sacro Colégio
João Paulo II em Dacar, durante a viagem apostólica ao Senegal,
à Gâmbia e à Guiné, em fevereiro de 1992 [© AFP/Getty Images]

Da Encíclica Ecclesiam Dei, de Pio XI, papa

Papa Pio XI | arsenalcatolico

Da Encíclica Ecclesiam Dei, de Pio XI, papa

(AAS 15[1923], 573.576-577)            (Séc.XX)

Derramou o seu sangue pela unidade da Igreja

A Igreja de Deus por admirável desígnio foi constituída de forma a ser, na plenitude dos tempos, semelhante a imensa família, abraçando a totalidade do gênero humano; e, por dom de Deus, sabemos ser ela visível não só por suas notas principais, como também pela unidade universal.

De fato, Cristo Senhor não apenas confiou somente aos apóstolos o dom que ele próprio recebera do Pai, ao dizer: Todo o poder me foi dado no céu e na terra; ide, pois, ensinai a todos os povos (Mt 28,18-19); mas também quis que o grupo dos apóstolos fosse em sumo grau um colégio só, duplamente ligado por estreito vínculo: intrinsecamente pela mesma fé e caridade, infundida em nossos corações pelo Espírito Santo(cf. Rm 5,5); extrinsecamente, pelo governo de um só sobre todos, ao entregar o principado a Pedro qual perpétuo princípio e visível fundamento da unidade.

Para que se mantivesse para sempre esta unidade e concórdia, Deus de suma providência consagrou-a com o sinete da santidade e do martírio.

Este grande louvor obteve-o o arcebispo de Polock, Josafá, de rito eslavônio oriental; com toda a razão o saudamos como honra insigne e coluna dos eslavos orientais. Com efeito, mal se encontra quem tenha mais ilustrado o nome deles ou servido melhor a sua salvação, que este pastor e apóstolo, mormente ao derramar o sangue pela unidade da santa Igreja. Além disto, sentindo-se divinamente impelido à reintegração universal na unidade santa, compreendeu que a melhor contribuição a dar seria guardar o rito oriental eslavônio e o monaquismo basiliano na unidade da Igreja universal.

Entrementes, solícito em primeiro lugar pela união de seus concidadãos com a cátedra de Pedro, buscava por toda a parte com empenho todos os argumentos que pudessem promovê-la ou confirmá-la. De modo especial, folheava assiduamente os livros litúrgicos usados pelos orientais e pelos dissidentes, segundo as ordenações dos santos padres. Preparado tão diligentemente, iniciou o trabalho de refazer a unidade, com tanto vigor e suavidade e com tanto êxito, que pelos próprios adversários foi chamado de “raptor de almas”.

Repam: o grito pela Amazônia à COP27

As queimadas na Amazônia em registro de agosto de 2020 
(AFP or licensors)

"Sem a Amazônia, não há vida nem humanidade possível", alerta a Repam reunida em Manaus através do Núcleo de Direitos Humanos para a realização do Comitê Ampliado.

Vatican News

O grito pela Amazônia à COP27 foi lançado pela Rede Eclesial Pan-Amazônica através do Núcleo de Direitos Humanos, com base no território e nos povos que habitam este território amazônico. Ele o faz desde Manaus, a maior cidade do território amazônico, onde está sendo realizado o Comitê Ampliado. Algo que é visto como um momento para “seguir gritando junto com o Papa Francisco, por seu sonho de uma Amazônia que luta por seus direitos, os direitos dos mais esquecidos (mulheres, homens e crianças, camponeses, indígenas, ribeirinhos e quilombolas) para que sua voz seja ouvida e sua dignidade respeitada".

Um grito que denuncia que "se encontram numa corrida desenfreada rumo à morte”. Uma situação que "exige mudanças radicais e urgentes, caso contrário terá consequências catastróficas para todo o planeta", denunciando abertamente que "sem a Amazônia, não há vida nem humanidade possível".

Querida Amazonia

Por esta razão, as palavras do Papa Francisco em Querida Amazonia são lembradas, onde ele afirma que a humanidade sempre tem a possibilidade de superar "as diferentes mentalidades de colonização para construir redes de solidariedade e desenvolvimento; o desafio é assegurar uma globalização na solidariedade, uma globalização sem marginalização". E junto com isto, também no número 17 deste documento pontifício, ele afirma que caminhos como a COP, tratados como Escazú, não serão "para devolver aos mortos a vida que lhes foi negada, nem para compensar os sobreviventes daqueles massacres, mas ao menos para hoje sermos todos realmente humanos".

Diante desta realidade, eles lançam um Grito pela Amazônia, denunciando que "os consensos políticos de nossos países e governos não podem mais permanecer como letra morta com total indolência e sem qualquer garantia ou justiça". Um grito que diz basta e que um mundo que promove os direitos humanos de forma eficaz, que inclua culturas, espiritualidades, justiça ancestral e que não desenraize pessoas e povos, especialmente os jovens, se torna uma realidade.

Um mundo onde são tomadas medidas urgentes que não prejudicam os direitos humanos dos povos da Amazônia e deixam milhares de pessoas sem meios de subsistência e sem futuro. Um mundo que tem como protagonistas os verdadeiros sábios e sábias sobre a água, a terra, as árvores e as plantas; homens e mulheres aos quais temos uma dívida. É por isso que a situação atual é definida como uma injustiça e um crime, diante do qual gritamos aos governos reunidos na COP27 que o futuro de centenas de milhares de meninas e meninos está em jogo, o futuro não só da Amazônia, mas de toda a humanidade.

Colaboração: Repam

Como crescer na virtude da caridade

CameraCraft / Shutterstock
Por Francisco Luís, pelo Hozana

Não podemos esperar que nos sintamos preparados para sair ao encontro do outro.

É muito comum falarmos ou ouvirmos sobre a necessidade de ajudar os mais pobres, de fazer caridade para atender as pessoas mais necessitadas, contudo, poderíamos fazer uma pergunta: será que toda forma de ajuda aos pobres é caridade?

Em um primeiro momento poderia parecer que sim, mas se buscamos entender o que significa realmente a caridade pensaríamos diferente. A palavra caridade vem da palavra amor. Aqui precisamos entender o amor que tem sua origem em Deus, que é AMOR em sua essência. 

Este amor divino foi depositado nos corações daqueles que se abriram a receber esse dom. Portanto, é certo afirmar que a caridade, em sua expressão máxima, só é possível com a graça divina. Só podemos fazer o bem porque Deus nos dá a graça de fazê-lo. E por que isso é importante? Porque nos ajuda a entender que a caridade é uma virtude e, portanto, um dom. E mais ainda, um hábito.

Caridade: presente de Deus

Quando falamos que se trata de um dom, estamos afirmando que é um presente de Deus para o homem, que por si mesmo não seria capaz de fazer o bem. Quando falamos que se trata de um hábito, estamos falando que ela precisa crescer em nosso coração. Deus nos deposita a semente da caridade, mas nós precisamos cultivá-la para que possa crescer e dar frutos. E como podemos fazer isso? 

Precisamos colocar este dom em prática. Primeiramente, fazendo com que ele brote em nosso coração e o faça arder em desejo de transmitir este amor para as outras pessoas. Se não temos a caridade em nosso coração, de nada vale sair para levá-la aos outros, pois ninguém pode dar aquilo que não tem. 

Quanto mais nosso coração está inflamado de amor a Deus, mais nos entregamos nas obras de caridade aos mais necessitados. Basta olhar a vida dos santos para comprovar esse fato. Se não temos o amor de Deus em nosso coração, poderemos até fazer boas obras, mas elas não passarão de um assistencialismo, uma ajuda que não consegue chegar até o profundo de coração daqueles que a recebem. 

Ir ao encontro do outro

Se entendêssemos isso, passaríamos mais tempo orando e pedindo a Deus que faça crescer em nós esse dom da caridade. Mas não basta somente orar. O segundo passo é sair de nosso comodismo e ir ao encontro daqueles que mais precisam. Para isso, não é preciso muita coisa, basta ter um coração disposto. 

Podemos começar tímidos, com medo de tocar na ferida daqueles que estão abandonados, sem saber o que dizer ou como agir. Mas aqui é onde entra o segredo dos santos: eles sentiram que Deus os impulsionava a sair ao encontro dos mais pobres e, sem mesmo entender, saíram de suas comodidades e buscaram responder a esse apelo divino. Foram aprendendo com o tempo, enfrentando dificuldades, mas sempre permanecendo fiéis. Este era o seu segredo. 

Não podemos esperar que nos sintamos preparados para então sair ao encontro do outro. É preciso sair e deixar que Deus nos conduza neste caminho. Podemos começar fazendo poucas coisas e Deus nos dará a graça de ir crescendo na virtude da caridade a cada dia.

Só precisamos estar abertos a isso. Se estamos dispostos, Deus usará de nós para ir ao encontro daqueles que mais precisam. 

Nada de medo

Não precisamos ter medo. Ele está conosco e quer nos ensinar este caminho. Este amor aos pobres, que se traduz como caridade, só é possível quando deixamos Ele agir em nós. É o que de mais valioso podemos oferecer aos pobres, coisa que nenhuma ONG poderia oferecer. 

Cabe a nós, como cristãos, amar com um amor divino aos pobres, assim como fazia Jesus, que era capaz de, não somente curar as pessoas fisicamente, mas integralmente, em todo o seu ser. Isso é o que Ele pede a nós: grita aos nossos ouvidos que sejamos santos para transformar a realidade na qual vivemos. Somos uma resposta para o mundo de hoje. Busquemos crescer no amor a Deus e ao próximo. Sejamos fiéis a Ele, e poderemos amar com o coração de Jesus. 

No próximo dia 13 de novembro celebraremos o VI Dia Mundial dos Pobres, instituído pelo Papa Francisco. Este ano, o encontro traz como tema: “Jesus Cristo fez-Se pobre por vós” (cf. 2 Cor 8, 9). Aprendendo dEle a ser expressão da verdadeira caridade, convidamos você a fazer conosco o mini retiro: “Crescendo na virtude da caridade”, disponível no Hozana. Clique aqui para participar.

Francisco  Luís, missionário da Aliança de Misericórdia atualmente na Venezuela, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF