Translate

segunda-feira, 14 de novembro de 2022

Abnegação e paciência

Abnegação e paciência | Alcindo Almeida

Abnegação e paciência

RAÍZES ILUMINADAS

Há alguns anos, chegou-me às mãos um recorte de jornal que me sensibilizou profundamente. A autora do artigo, uma professora de uns trinta e poucos anos, evocava a memória de seus pais, já falecidos, que tinham sido em tempos idos meus conhecidos. O artigo foi escrito por ocasião da Beatificação do Fundador do Opus Dei e continha uma dupla homenagem: a São Josemaria Escrivá (então Bem-aventurado Josmaria Escrivá) e aos pais da autora, que tinham sabido encarnar na vida do lar a espiritualidade aprendida de São Josemaria.

Vale a pena reproduzir aqui algumas citações desse artigo.

Maria Antônia – assim se chama a professora – conta aí a redescoberta que fez da “alma” de seus pais quando, depois de ambos terem falecido, remexia com carinho filial nos seus escritos, cartas e apontamentos, e especialmente na correspondência que o pai tinha mantido com Mons. Escrivá.

“Até que ambos tornaram a reunir-se na vida eterna, havia muitos aspectos da vida interior deles que eu só podia intuir – escreve a filha -. Captava-se a força do exemplo, a força da vocação dos dois, mas, como é lógico, perdiam-se muitos matizes, que ficavam só na intimidade deles. Através de alguns excertos da correspondência encontrada, aprendi algumas coisas que agora tento transmitir”.

Olhando para trás, Maria Antônia evoca a progressiva descoberta que foi fazendo de muitas coisas maravilhosas que teciam, por assim dizer, o ambiente de seu lar, e que hoje percebia que não estavam lá por acaso nem por geração espontânea, mas como fruto do espírito cristão, generosamente vivido e cultivado pelos pais, num dia a dia amoroso, abnegado, paciente.

“Meus pais já eram do Opus Dei naqueles duros anos 50 de Barcelona, quando eu ainda não tinha nascido. À medida que fui tendo uso de razão e tornando-me mais consciente do que me rodeava, julguei sempre que o ambiente reinante na minha família, a educação que estávamos recebendo, e que tantas vezes tenho agradecido a Deus, fosse coisa normal em todas as famílias. Com o decorrer dos anos, fui percebendo que nem de longe era tão normal. Os princípios dessa educação eram bem claros: uma grande liberdade, baseada no senso de responsabilidade inculcado desde crianças; otimismo e alegria fundamentados claramente na fé, pois não faltaram dificuldades e obstáculos em todo o caminho terreno de meus pais; uma sólida formação na doutrina cristã, unida a um modo positivo de nos sugerir, sem impor, detalhes de vida de oração, e uma profunda e arraigada devoção a Nossa Senhora, a quem todos considerávamos e continuamos a considerar a especial intercessora para os assuntos familiares. Ficou-me muito claro que um dos pilares básicos para que esse ambiente familiar se mantivesse era o fato de que, em todos os momentos, o exemplo de meus pais, os seus atos, iam na frente das palavras. Passados os anos, percebi, sem que eles nada me dissessem, que aquilo era o espírito do Opus Dei”…

A filha relembra comovida as dificuldades financeiras por que a família numerosa passou, e os equilíbrios que o pai era obrigado a fazer para conjugar aulas na Faculdade, onde era professor, práticas de laboratório, trabalho em uma fábrica, preparação de um concurso e ainda aulas particulares. E relata a emoção que sentiu quando, folheando a correspondência paterna, descobriu que Mons. Escrivá tinha transcrito, no ponto 986 do livro Sulco, palavras de uma carta de seu pai: “Não irá rir, Padre, se lhe disser que – faz uns dias – me surpreendi oferecendo ao Senhor, de uma maneira espontânea, o sacrifício de tempo que supunha para eu ter de consertar um brinquedo estragado de um dos meus filhos? – Não sorrio, fico feliz! Porque, com esse mesmo amor, Deus se ocupa de recompor os nossos estragos”. “Tenho – comenta a filha – recordações muito vivas dessas cenas: as bonecas descabeçadas ou sem pernas, a peça que precisava ser colada…, tudo isso nós sabíamos que, deixando-o na mesa do escritório de papai, tornaria a adquirir rapidamente a sua forma original. Que pouco valorizávamos, naquela altura, o ato heróico que podia significar para ele o fato de gastar dez ou quinze minutos! Mas como o valorizava aquela alma a quem Deus, através do espírito do Opus Dei, lhe saía ao encontro nesses pormenores minúsculos, mas grandiosos, por estarem cheios de amor”.

“Mais de uma vez – acrescenta a filha – tenho esclarecido em público que eu não seria o que hoje sou, se não tivesse recebido a educação que meus pais me deram, se não tivesse tido o seu exemplo em face de tantas contrariedades e situações difíceis – entre elas a morte de dois filhos – por que Deus permitiu que passassem” (Maria Antônia Virgili, Jornal El Norte de Castilla, Valladolid, 16.05.1992).

Essa perspectiva de tantos anos de entrega constante e amorosa dos pais iluminou, aos olhos dessa mulher, as suas próprias raízes. Entendeu-se melhor a si mesma, projetando as suas lembranças sobre o fundo luminoso da dedicação paciente, contínua, calada, carinhosa de seus pais cristãos.

OS FRUTOS DOURADOS DA PACIÊNCIA

Ao captar mais lucidamente a riqueza do exemplo dos pais, Maria Antônia pôde compreender também uma dimensão preciosa da virtude da paciência: a da abnegação, praticada com fidelidade persistente: uma fidelidade que é feita de amor generoso e constante; uma paciência que não se cansa do sacrifício, que não tem pressa em cobrar resultados, que não desanima quando os esforços parecem baldados e os frutos ainda não se vêem. Esta era a paciência que brilhava, com seu halo doce e envolvente, na recordação dos pais.

Todos nós temos experiência de quanto custa persistir nos esforços ou atitudes que exigem sacrifícios continuados e não trazem compensações imediatas. Não é fácil lutar, manter-se firme no empenho, e ver que tudo demora a realizar-se, a concluir-se, a chegar.

A nossa paciência é testada sempre que temos de aguardar, esperar, voltar, tentar uma e outra vez: desde a interminável espera num consultório dentário até o desgosto do casal de namorados que precisa adiar de novo a data do casamento, porque não têm condições de financiar o apartamento. Com razão diz Hildebrand que “a impaciência se relaciona sempre com o tempo” (Dietrich von Hildebrand, A nossa transformação em Cristo, Aster, Lisboa, 1960, pág. 204).

Mas todo aquele que quiser conseguir alguma coisa de real valor na vida, não terá outro remédio senão armar-se de paciência e esperar. Demora-se, necessariamente, a ser um profissional experiente; demora-se a amadurecer por dentro até corrigir pelo menos alguns dos defeitos pessoais; demora-se a suavizar arestas no casamento e, aos poucos, ir-se ajustando à base de mútuos perdões e sorridentes renúncias; demora-se a criar um bom ambiente familiar; demora a vida inteira a autêntica formação dos filhos.

“Aprendi a esperar – dizia São Josemaria Escrivá -; não é pouca ciência”. Mas é importante termos muito presente que esse “esperar” não significa “aguardar” passivamente. Consiste, como estamos vendo, em persistir fiel e confiadamente no cumprimento da nossa missão, do nosso dever – do dever religioso, moral, familiar, profissional… -, durante todo o tempo que for preciso, com aquela convicção que animava Santa Teresa: “A paciência tudo alcança”.

A essa paciente espera se refere o Apóstolo São Tiago, quando nos põe diante dos olhos a imagem do lavrador: Tende, pois, paciência, meus irmãos […]. Vede o lavrador: ele aguarda o precioso fruto da terra e tem paciência até receber a chuva do outono e a da primavera. Tende também vós paciência e fortalecei os vossos corações (Ti 5, 7-8).

Não é verdade que estas palavras nos lembram muitas coisas pessoais? Os frutos dourados da vida só se conseguem com uma luta constante, unida a uma paciência fiel. Mas quanto custa seguir o conselho do Apóstolo! Muitas vezes já fomos como aquela criança a quem a mãe tinha oferecido uma planta que, com o tempo, iria dar flores. “Mas, quando os botões surgiram, não sabíamos esperar que abrissem. Colaborávamos no seu desabrochar triturando-as, separando talvez as pétalas, para que a floração fosse mais rápida. Nódoas escuras apareciam então, e as flores estiolavam, murchavam…”(Romano Guardini, O Deus vivo, Aster, Lisboa, s/d, pág. 71).

Quantas coisas, na vida, não murcham por cansaços impacientes que nos levam a desistir! Na vida familiar, os exemplos são gritantes. Talvez hoje seja mais necessário do que nunca recordar aos casais que a felicidade que procuram, sem saber bem como achá-la, nunca a conseguirão como fruto do egoísmo defendido de qualquer incômodo, mas como fruto do amor fielmente paciente, do amor cristão. E da mesma coisa deveriam lembrar-se todos os que começaram alguma vez, movidos por um alegre impulso da graça, a esforçar-se decididamente por viver o ideal e as virtudes cristãs. A maior ameaça contra esse bom propósito, mais do que nas fraquezas e nas reincidências no erro, encontra-se no cansaço, na sensação de que “não adianta continuar”, ou de que “custa demais conseguir”, ou seja, na falta de paciência para ir avançando aos poucos, à força de começar e recomeçar.

Nós gostamos de que as coisas nos sejam dadas logo. Deus sabe que as almas e as coisas precisam ter as suas estações. Temos que aprender, por isso, a ser bons semeadores, que esperam a colheita sem pressas inquietas e perseveram sem desânimos exaustos.

Semear é duro. É enterrar o grão e nada ver. Isso exige fé e desprendimento. Eu dou a semente do meu esforço, do meu empenho, do meu sacrifício, da minha oração, e espero, vigilante, até que dê o seu fruto, enquanto continuo, solícito, a zelar pelo campo: rego, limpo, podo, adubo, protejo… Só com essa paciência ativa é que um dia virá o fruto: o fruto da fé, amadurecida a partir da persistência na oração, nos sacramentos, na formação; o fruto dos valores cristãos finalmente arraigados nos filhos; o fruto das virtudes pessoais que desabrocham e se firmam; os frutos do apostolado.

Todos nós já exclamamos mais de uma vez: “Que paciência!”, ao admirarmos obras humanas magníficas, que só se explicam por uma longa aplicação, por um trabalho meticuloso, prolongado e imensamente paciente. É assim que louvamos, por exemplo, os bordados delicadíssimos e artísticos de uma enorme toalha de mesa feita à mão. É assim também que admiramos o trabalho da vida inteira de um pesquisador, que foi coligindo, exaustivamente, um incrível acervo de dados sobre uma matéria até então ainda não estudada. – “Que paciência!”, dizemos. Pois bem, uma paciência igual, pelo menos, e um esmero e uma tenacidade análogos, são os que Deus nos pede para cultivarmos em nós e à nossa volta a vida e as virtudes cristãs.

A paciência produz a virtude comprovada, diz São Paulo (Rom 5, 4). E São Tiago repisa o mesmo ensinamento ao escrever: É preciso que a paciência efetue a sua obra, a fim de serdes perfeitos e íntegros, sem fraqueza alguma (Ti 1, 4) que, nesses dois textos do Novo Testamento, como em tantos outros da Bíblia, a mesma palavra que significa paciência inclui também o sentido de perseverança, de persistência fiel, essa virtude que Deus ama tanto. Pela vossa paciência possuireis as vossas almas, diz-nos Jesus (Lc 21, 19).
(Adaptação de um trecho do livro de F.Faus: A paciência)

O que um católico deve fazer com as correntes de oração do WhatsApp?

Imagem ilustrativa / Crédito: Pexels

REDAÇÃO CENTRAL, 14 Nov. 22 / 05:00 am (ACI).- Há alguns anos, tornou-se comum receber através do WhatsApp algumas “correntes de oração” para que sejam enviadas a todos os contatos em um período de tempo e, assim, receber uma bênção de Deus e evitar “um castigo”.

O que um católico deve fazer quando recebe uma dessas mensagens?

O sacerdote mexicano Sergio Román respondeu a esta inquietude em um artigo publicado no meio católico 'Desde la Fe'.

O que fazer?

“Em primeiro lugar, o que devemos fazer é recordar que Deus não colocou condições na hora de convidar seus discípulos para rezar, por isso, o recomendável é apagar o texto, embora quem nos enviou seja nosso melhor amigo. E não acontece nada? Absolutamente nada! Não se preocupem”, assegurou.

O padre disse que se pode “aproveitar esse tipo de correntes como uma recordação para rezar pelas muitas necessidades do mundo”, mas não se pode “deixar de assinalar que intrinsecamente são ruins e não devem ser feitas nem seguidas, porque apresentam uma imagem errada e supersticiosa de Deus”.

Em terceiro lugar, recomendou ter uma legítima devoção a Jesus, a Virgem e aos santos, porque, “dessa maneira, estariam fazendo uma propaganda boa que serviria para instruir outras pessoas e para incentivá-las a compartilhar sua devoção”.

Razões pelas quais as correntes não são recomendáveis

1. Causam desconforto

Embora essas correntes sejam feitar por “pessoas de boa fé que pensam que desse modo ajudarão a fomentar a devoção a algum santo”, padre Román assegura que “a única coisa que fazem é causar desconforto aos seus contatos sobretudo àqueles que, por falta de conhecimento, se deixam escravizar pelas correntes”.

2. Fomentam superstições

Fomentam a superstição ao fazer acreditar que as graças divinas dependem da repetição sem sentido de uma ação que não tem nenhuma importância, indica o presbítero.

3. Assemelha-se à magia ou bruxaria

“As correntes fazem fronteira com magia ou bruxaria, o que atribui às coisas o poder que só Deus tem e que considera que existem fórmulas infalíveis para forçar Deus a fazer os nossos caprichos”, concluiu padre Román.

A Tapeçaria da Criação: um tesouro ibérico medieval

By Kippelboy - Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?
curid=19068328
Por Daniel R. Esparza

Apenas a parte superior da tapeçaria original permanece. Nela, é contada a história da Criação. Veja aqui:

ATapeçaria da Criação, também conhecida como Tapeçaria de Girona, está alojada no Museu da Catedral de Girona. Originalmente o baldaquino para o altar da Santa Cruz na mesma catedral (embora alguns pensem que possa ter sido usado como cortina, ou mesmo como tapete), a tapeçaria é um painel românico de bordados minuciosos do século XI bordados com uma série de cenas teológicas retratando os ciclos bíblicos da Criação e (até certo ponto) da Redenção.

Medindo quase 4 x 5 metros (12 pés × 15,4 pés), a Tapeçaria da Criação não é exatamente uma tapeçaria. Na realidade, é um grande painel de agulhas de feltro colocado na superfície de um tecido moído – uma lã de terracota de diferentes cores, com fios de lã e linho branco.

Curiosamente, as molduras da Tapeçaria da Criação (que está bastante deteriorada) contêm quadros menores. A maioria dos estudiosos concorda quando diz que se trata de uma adição posterior, devido ao seu estilo e temas bizantinos (e não românicos).

Apenas a parte superior da Tapeçaria da Criação permanece. Esta parte, porém, está dividida em três outras partes – ou, melhor dito, ciclos:

  • O Génesis, que é presidido pelo Cristo Pantocrator
  • Os elementos cósmicos (incluindo meses e dias)
  • A História da Santa Cruz (de fato, Helena de Constantinopla é claramente retratada nela, uma vez que lhe é creditado encontrar a Cruz Verdadeira e levá-la para a Europa)

O Cristo Pantocrator, retratado como um jovem (de forma claramente Alexandrina, não bizantina), ocupa um círculo no centro da tapeçaria. Está rodeado por um círculo cujos setores (além do superior, no qual o Espírito Santo é representado como pomba branca) mostram os sete dias da criação, retratando Adão e Eva.

By Kippelboy – Own work, CC BY-SA 3.0, https://commons.wikimedia.org/w/index.php?
curid=19068328

No quadrado central superior da Tapeçaria da Criação encontramos um homem velho representando “o tempo secular” (Annus, literalmente “o ano”) segurando a Roda do Tempo na sua mão esquerda. Os outros quadrados incluem personificações dos Rios do Paraíso, das Quatro Estações, de Sansão, e outro personagem bíblico que se crê ser Adão. Os dois cantos inferiores dos restos da Tapeçaria da Criação incluem as personificações do Sol (simbolizando o Domingo) e da Lua (simbolizando a Segunda-feira).

No fundo, cenas incompletas da descoberta da Santa Cruz apresentam Helena de Constantinopla em Jerusalém, e o trânsito da Cruz Verdadeira à medida que é levada para a Europa.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

18º Congresso Eucarístico Nacional em Recife: Feira reúne espiritualidade e cultura

A Eucaristia é o centro e o ápice da vida cristã | Vatican News

18º Congresso Eucarístico Nacional em Recife (PE)

A Feira Católica do 18º CEN também abre espaço para as Congregações Religiosas com uma ala dedicada às diversas expressões e aos mais diversos carismas da Igreja. Estão presentes, por exemplo, Salesianos, Dehonianos, as Claretianas e os Camilianos, entre outros. “Essa feira católica quer dar visibilidade a todo o trabalho missionário da Igreja através de sua organização como as comunidades de vida e missão e a todo o trabalho no campo educacional nos colégios e universidades”, diz irmã Ivonete.

Vatican News

Mais de 140 expositores estão na Feira Católica do 18º Congresso Eucarístico Nacional (CEN), que foi aberta na sexta-feira dentro da programação que antecedeu o início oficial do evento, 11 de novembro, no Centro de Convenções de Pernambuco (Cecon), em Olinda (PE). A inauguração da mostra contou com a presença do bispo emérito de Leiria-Fátima e legado pontifício para o CEN cardeal António Marto. Também participaram o núncio apostólico no Brasil, dom Giambattista Diquattro, o presidente da CNBB NE2, dom Paulo Jackson Nóbrega de Sousa, e o arcebispo anfitrião, dom Fernando Saburido.

Até esta terça-feira (15), empresas como editoras católicas, de artigos religiosos, móveis e equipamentos para igrejas apresentarão as novidades dos segmentos. Também estão presentes marcas que atuam nas áreas de turismo, educação católica e serviços religiosos.

“Essa feira é uma grande vitrine do segmento no Brasil para o Nordeste e visa a promoção dos bens e serviços oferecidos aos católicos. É uma oportunidade para quem compra e para quem vende nesse mercado. Com um público qualificado: bispos, padres, religiosos e religiosas, leigos e leigas de nossas comunidades, com certeza, a carteira de clientes e fornecedores ficará maior”, afirmou a presidente da Feira Católica, irmã Ivonete Kurten.

Antes de dar início às vendas, os expositores e voluntários participaram da Santa Missa na capela montada no mezanino do pavilhão do Cecon. A liturgia foi presidida pelo vigário geral da Arquidiocese de Olinda e Recife, monsenhor Luciano Brito. O secretário-executivo do 18º CEN, monsenhor José Albérico Bezerra, concelebrou a Eucaristia.

A empresa Nova Jerusalém Artes Sacras, de Goiânia (GO), produz velas litúrgicas e abraçou a oportunidade de exibir seus produtos para venda durante o Congresso. “É um meio de divulgar nossa marca e participar de um evento grandioso, que traz uma temática que preocupa não somente o Brasil, mas o mundo inteiro, que é proporcionar pão em todas as mesas”, disse o representante comercial, Danilo Correia.

Vida religiosa e riqueza cultural

A Feira Católica do 18º CEN também abre espaço para as Congregações Religiosas com uma ala dedicada às diversas expressões e aos mais diversos carismas da Igreja. Estão presentes, por exemplo, os Salesianos, Dehonianos, as Claretianas e os Camilianos, entre outros.

“Essa feira católica quer dar visibilidade a todo o trabalho missionário da Igreja através de sua organização como as comunidades de vida e missão e a todo o trabalho no campo educacional nos colégios e universidades”, explicou irmã Ivonete. A riqueza da cultura pernambucana também tem lugar na Feira Católica do CEN. Estandes expõem peças de artesãos locais feitas em diferentes materiais como madeira e argila, e no vão livre do pavilhão do Cecon grupos de dança e música apresentam números de forró, frevo e outros ritmos típicos.

“O visitante poderá conhecer parte do rico artesanato do estado de Pernambuco e do Nordeste, e saborear a sua deliciosa culinária – expressão da cultura e da vida nordestina. Como Arquidiocese de Olinda e Recife nos orgulhamos de poder reunir neste espaço empresas que expressam a nossa fé, nossa cultura e que ajudam os fiéis a construírem uma cultura de paz e não-violência”, declarou a irmã Ivonete.

(Fonte – CNBB NE2)

São Serapião

S. Serapião | Mercedários
14 de novembro
São Serapião

Origens

Serapião nasceu em Londres, em 1179, de uma família cristã e nobre. Seu pai se chamava Rotlando Scoth e era capitão de esquadra do famoso rei Henrique III. Ainda jovem, Serapião já acompanhava o pai nas cruzadas. Participou da cruzada liderada por Ricardo Coração de Leão, o lendário.

Reviravolta

Quando retornavam da cruzada, o navio naufragou perto de Veneza. Por isso, tiveram que continuar a viagem por terra. No trajeto que fizeram, acabaram presos pelo duque da Áustria, chamado Leopoldo. Este deu liberdade ao rei e ao pai de Serapião. O jovem Serapião e os demais, porém, permaneceram presos. Esta prisão se tornou um ponto de virada que mudaria toda a vida de serapião.

Na corte do rei

O duque da Áustria percebeu logo que o jovem militar Serapião, era bondoso e caridoso para com todos, além de excelente militar. Por causa disso, decidiu mantê-lo na Corte, dando-lhe a liberdade. Tempos depois, Serapião ficou sabendo que seus pais morreram. Por isso, decidiu permanecer na Áustria.

Militar defensor dos cristãos

Amigo do rei, Serapião juntou-se aos militares do duque e partiu para a Espanha. Seu objetivo era ajudar o exército cristão do rei Afonso III. Este travava grande luta contra os invasores muçulmanos. Quando chegaram, porém, os muçulmanos já tinham sido expulsos. Serapião, então, sentiu o desejo de ficar para servir o exército do rei Afonso III. Seu grande objetivo era continuar defendendo os cristãos.

Cruzadas na Terra Santa

Na espanha, Serapião lutou em algumas cruzadas que foram bem sucedidas. Em 1214, porém, o rei Afonso III foi morto num combate. Por isso, Serapião, voltou para a Áustria e inscreveu-se na quinta cruzada liderada pelo do duque Leopoldo. Partiram no ano 1217 rumo a Jerusalém e, posteriormente, ao Egito.

Um encontro muda sua vida

A vida de militar defensor dos cristãos levou Serapião novamente para a Espanha, no ano 1220. Nesta ocasião, ele conheceu o padre Pedro Nolasco. Este encontro daria novo rumo à sua vida. Pedro Nolasco tinha no coração o desejo de fundar uma Ordem Religiosa cujo objetivo era não fazer guerra, mas sim libertar cristãos escravizados e feitos prisioneiros dos muçulmanos. Este era o objetivo, mesmo que para cumpri-lo colocassem suas próprias vidas em risco.

Ordem dos Mercedários

O Padre Pedro Nolasco, auxiliado por Serapião e Raimundo Nonato (todos santos) fundaram a Ordem de Nossa Senhora das Mercês. Os membros da Ordem ficaram conhecidos como frades mercedários. Serapião fez os votos na Ordem e vestiu o hábito mercedário no ano 1222, juntamente com os santos Pedro Nolasco e Raimundo Nonato.

Libertações e morte

São Serapião conseguiu realizar muitas libertações de cristãos presos e escravizados. Na última, em Argel, África, ofereceu-se como refém para dar liberdade a cristãos que estavam em vias de renegar a fé diante dos muçulmanos. Outro mercedário foi para Barcelona buscar o dinheiro do resgate. Pedro Nolasco, o superior, estando na França, escreveu pedindo que fizessem arrecadação de esmolas para libertar Serapião o mais rápido possível. O resgate, porém, não chegou na data marcada. Por isso, os muçulmanos disseram a Serapião que, se renegasse a fé cristã, seria libertado. Serapião recusou. Furiosos, os muçulmanos deram a ele um martírio cruel. Quebraram-lhe todas as juntas do corpo e o jogaram de cabeça para baixo do andar de cima da casa. Era o dia 14 de novembro de 1240. Por causa do martírio que sofreu, São Serapião passou a ser venerado como protetor das articulações. Ele foi canonizado no ano 1625 pelo papa Urbano VIII.

O óleo de São Serapião

Por causa do martírio de São Serapião, no qual todas as suas juntas foram separadas, passou-se a usar o óleo de São Serapião nas jungtas e em dores do corpo. O manual de Piedade cristã da Ordem afirma que o óleo “é, de há muito, usado pelos fieis em todas a sorte de dores corporais, especialmente nas fraturas, luxações, chagas e etc.

Oração para benção do Óleo de São Serapião

(para ser feita pelo sacerdote)

Dignai-vos, Senhor santificar este óleo que vou benzer em vosso Nome e no do ínclito e fortíssimo atleta, São Serapião, a fim de que, os que sofrem de chagas, fraturas ou qualquer outras dores, ungidos com este óleo, pelos merecimentos e preces daquele que tanto sofreu por Vós no martírio sintam o alívio temporal e obtenham a vida eterna. Amém.”.

Modo de usar o óleo bento

Ajoelha-te e reza a seguinte:

Oração

Ó São Serapião, Atleta nobilíssimo, Porta-bandeira da milícia mercedária, Filho da Virgem Mãe, Mártir preclaro de Cristo Jesus, intercedei por mim diante de Deus que vos concedeu a fortaleza e constância para suportardes vosso cruel martírio concedei-me a graça de permanecer fiel nas maiores privações da vida e manter-me unido à Cruz do meu Salvador, e, se for para bem de minha alma, daí-me  também a saúde do corpo, fazei que por esta unção seja curado dos males que padeço. Amém.”

Agora passar o óleo na parte magoada do corpo e depois rezar o seguinte:

Oração

Ó Glorioso São Serapião, que suspenso na cruz exclamáveis: “desejo ser desatado e estar em Cristo, salva-me cruz preciosa, leva-me a Meu Mestre, por ti Me receba quem por ti Me resgatou”. Humildemente vos suplico me obtenhais a paciência e conformidade nos padecimentos desta vida e a salvação eterna. Amém.

Rezar Pai-Nosso, Ave-Maria e Glória ao Pai

São Serapião, rogai por nós em nossas tribulações. Piedosíssima Mãe das Mercês, rogai por nós.”

Tudo por Vós, Sacratíssimo Coração de Jesus. Amém.”

Extraído do Manual de Piedade Cristã da Ordem Mercedária

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

domingo, 13 de novembro de 2022

33º Domingo do Tempo Comum – Ano C

iCatólica

Homilética: 33º Domingo do Tempo Comum - Ano C: "É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!".

Estamos no penúltimo domingo do Ano Litúrgico. A Palavra de Deus convida-nos a meditar no fim último do homem, no seu destino além da morte. A meta final, para onde Deus nos conduz, faz nascer em nós a esperança e a coragem para enfrentar as adversidades e lutar pelo Advento do Reino.

O Profeta Malaquias fala do juízo final, com acentos fortes: “Eis que virá o dia, abrasador como fornalha…” (Ml 3, 19)

O texto do Evangelho ( Lc 21, 5-19 ) é uma parte dos famosos discursos escatológicos de Jesus. Podemos interpretá-lo como anúncio de desventuras: aí se fala de guerras, revoluções, terremotos, carestias e pestes. Na realidade, ao invés, é um anúncio de paz. As desventuras – de acordo com o que o Evangelista Lucas diz à Igreja – continuarão a existir, porque fazem parte integral da história humana; não foi Jesus que as trouxe, o que Jesus trouxe foi, antes, a possibilidade de vencê-las mediante a fé em seu nome: “Mas vós não perdereis um só fio de cabelo da vossa cabeça. É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida!” ( Lc21, 18-19 ).

O texto não pretende incutir medo, falando do “fim do mundo”, mas fortalecer a esperança em Deus para enfrentar os dramas da vida e da história; esperança que devemos ter ainda hoje, apesar do que vemos…

São Paulo (2Ts 3, 7-12) fala da comunidade de Tessalônica, perturbada por fanáticos que pregavam estar próximo o fim do mundo, por isso não valia a pena continuar trabalhando. Paulo diz: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer…” (2Ts 3, 10). O Apóstolo ressalta a importância do trabalho para a vida do homem.

A vida é realmente muito curta e o encontro com Jesus está próximo. Isto ajuda-nos a desprender-nos dos bens que temos de utilizar e aproveitar o tempo; mas não nos exime de maneira nenhuma de dedicar-nos plenamente à nossa profissão no seio da sociedade. Mais ainda: é com os nossos afazeres terrenos, ajudados pela graça, que temos de ganhar o Céu.

Para imitar Cristo, que trabalhou como artesão a maior parte de sua vida, longe de descuidar as tarefas temporais, os cristãos “estão mais obrigados a cumpri-los, por causa da própria fé, de acordo com a vocação a que cada um foi chamado (GS, 43).

Durante séculos, muitos pensavam que, para serem bons cristãos, bastava-lhes uma vida de piedade sem conexão alguma com as suas ocupações profissionais no escritório, na fábrica, no campo, na Universidade… Muitos tinham, além disso, a convicção de que os afazeres temporais, os assuntos profanos em que o homem está imerso de uma forma ou de outra eram um obstáculo para o encontro com Deus e para uma vida plenamente cristã. A vida oculta de Jesus veio ensinar-nos o valor do trabalho, da unidade de vida, pois com o seu trabalho diário o Senhor estava também redimindo o mundo.

O fiel cristão não deve esquecer que, além de ser cidadão da Terra, também o é do Céu, e por isso deve comportar-se entre os outros de uma maneira digna da vocação a que foi chamado, sempre alegre, irrepreensível e simples, compreensivo com todos, bom trabalhador e bom amigo, aberto a todas as realidades autenticamente humanas (cf. Fl. 1, 27; 2, 3-4; 2, 15; 4,4).

É algo verdadeiramente humano e nobre: ninguém quer morrer, ninguém quer ser enganado. E porque tantas pessoas se empenharam em saber a data do fim do mundo? A curiosidade também é algo assaz humana. Viver e conhecer a verdade são dois grandes desejos que estão no coração de cada ser humano. Nisso se pode ver que o céu será a realização de tudo isso: viveremos para sempre conhecendo e amando a Verdade, que é Deus. Quando? Para cada um, logo após a sua morte haverá um juízo na qual já se decidirá a sua sorte eterna (cfr. Hb 9,27). Para todos, na consumação dos tempos, haverá um juízo universal que reafirmará a sentença do juízo particular tendo em conta as consequências das nossas ações (cfr. Mt 25,31-46). Ambos os eventos são desconhecidos quanto ao tempo de sua realização.

De todas as maneiras, e contra qualquer teoria que pretenda saber mais que os desígnios do Altíssimo, no Evangelho, Jesus nos deixa de sobreaviso: “vede que não sejais enganados. Muitos virão em meu nome, dizendo: Sou eu; e ainda: O tempo está próximo. Não sigais após eles” (Lc 21,8). É verdade: Jesus voltará, ressuscitaremos com os nossos corpos, seremos julgados, há prêmio (céu) e castigo (inferno), haverá um novo céu e uma nova terra. Essas são verdades da nossa fé. Mas, quando acontecerá? Em primeiro lugar, o Senhor nos diz que tenhamos cuidado para não sermos enganados e depois nos diz que não sigamos os falsificadores da verdade. Em outra passagem lemos: “vigiai, pois, porque não sabeis a hora em virá o Senhor. (…) Por isso, estai também vós de preparados porque o Filho do homem virá numa hora em que menos pensardes” (Mt 24,42-44). O importante é vigiar e estar preparado sempre, isto é, em graça de Deus e praticando as obras da fé.

Diante das catástrofes Jesus exorta à esperança: não ter medo… Esses sinais de desagregação do mundo velho não devem assustar, pelo contrário são anúncio de alegria e esperança, de que um mundo novo está por surgir. “Quando essas coisas começarem a acontecer, levantem-se, ergam a cabeça, porque a libertação está próxima” (Lc 21, 28). A vida do discípulo no mundo assume, de repente, um aspecto novo: é vida de espera, por isso de vigilância; é vida de peregrinos a caminho, não de domiciliados e de sedentários.

Quanto aos “presságios” do Novo Testamento sobre o fim – difusão do Evangelho, anticristo, conversão dos judeus –, parece que é preciso entendê-los como sinais enigmáticos presentes na história entre a primeira e a segunda vinda de Cristo que ajudam os cristãos a manter-se em estado de vigilância continua e a desejarem a vinda do Senhor. Há uma presença permanente de Cristo na história que se culminará com a sua Parusia gloriosa na consumação desses últimos tempos que estamos vivendo. Em efeito, já estamos nos últimos tempos desde a Encarnação do Filho de Deus: “Quando veio plenitude dos tempos, Deus enviou o seu Filho, que nasceu de uma mulher e nasceu submetido a uma lei” (Gl 4,4).

“É permanecendo firmes que ireis ganhar a vida” (Lc 21, 19). Aproveitemos o tempo! Diante das dificuldades não nos deixemos levar pelo desânimo! Acreditemos na Vitória final do Reino de Cristo.

Comentários aos textos bíblicos

Leituras: Ml 3,19-20a; Sl 97; 2Ts 3,7-12; Lc 21,5-19

Meus caros irmãos e irmãs, estamos prestes a concluir o ano litúrgico e bem às portas do tempo do advento, no qual iremos nos preparar para o Natal do Senhor e também para a sua segunda vinda.  A primeira leitura (cf. Ml 3,19-20)  e o Evangelho (cf. Lc 21,5-19) incidem no tema escatológico propício destes últimos domingos.  A perícope evangélica nos oferece uma reflexão sobre o percurso que a Igreja é chamada a percorrer até à segunda vinda de Jesus. A missão dos discípulos em caminhada na história é comprometer-se na transformação do mundo, de forma que a antiga realidade desapareça e nasça um novo Reino. Esse caminho será percorrido com dificuldades e perseguições; mas os discípulos terão sempre a ajuda e a força de Deus.

O Evangelho nos traz uma profecia e uma promessa. A profecia é sobre o fim dos tempos. E a promessa é sobre como o Senhor recompensará todos aqueles que se mantiverem fiéis à sua Palavra.  O evangelista São Lucas revela aos cristãos os acontecimentos que surgirão: “Haverá grandes terremotos e, em diversos lugares, fome e epidemias; surgirão fenômenos espantosos e grandes sinais no céu”  (v. 11).  Estas palavras eram também usadas pelos pregadores populares da época de Jesus, para ressaltar a queda do velho mundo, ou seja, o mundo do pecado, do egoísmo, da exploração; e também para ressaltar o surgimento de um mundo novo. A questão é, portanto, esta, no tempo intermediário entre a queda de Jerusalém e a segunda vinda de Jesus, o Reino de Deus irá se manifestando e nascerá um mundo novo: um mundo de esperança e de felicidade.

No tempo de Jesus era bastante comum a ideia de que o mundo antigo já estava muito corrompido e deveria desaparecer, para que pudesse surgir um mundo novo.  Pensava-se que, na hora da passagem do mundo antigo para o novo, os homens seriam tomados por um grande pavor, os povos e as nações se envolveriam em tumultos, violências, doenças, calamidades e guerras.

Este modo de falar, estas imagens, chamadas de apocalípticas, eram comuns no tempo dos apóstolos. Também Jesus as usou para dizer aos seus discípulos que tinha chegado o tempo da passagem do mundo antigo para o mundo novo.  Trata-se de imagens que indicam ao mesmo tempo anúncio de alegria e de esperança. Por esta razão, Jesus exorta aos seus discípulos: “Não vos assusteis” (v. 9). E pouco depois recomenda: “Quando começarem a acontecer estas coisas, reanimai-vos e levantai as vossas cabeças; porque se aproxima a vossa libertação” (Lc 21,28).

Este discurso de Jesus é sempre atual, também para nós deve ecoar esta exortação: “Prestai atenção para não serdes enganados. Muitos virão em meu nome” (v. 8). Trata-se de um convite ao discernimento. Com efeito, também hoje existem falsos pregadores, que procuram substituir-se a Jesus; personagens que desejam atrair a si as mentes e os corações. Jesus alerta: “Não os sigais!” (v. 8).

Os cristãos são advertidos para as dificuldades e perseguições que marcarão a caminhada histórica da Igreja pelo tempo, até à segunda vinda de Jesus. Contudo, lembra que os fiéis não estarão sós, pois Deus estará sempre presente. Será com a força Divina que eles enfrentarão os adversários e resistirão à tortura, à prisão e à morte; será com a ajuda de Deus que eles poderão até resistir à dor pela traição de seus próprios familiares e amigos. As palavras de alento deixadas pelo evangelista São Lucas enfatizam a certeza de que Deus não abandona os seus filhos. É essa presença constante e amorosa do Senhor que lhes permitirá enfrentar as forças da morte. É essa força de Deus que levará os discípulos de Jesus a vencer o desânimo, a adversidade e o medo, permitindo renascer a esperança e a coragem para superar as adversidades do mundo presente.  É o percurso que todos nós somos chamados a percorrer, até a segunda vinda de Jesus Cristo.

No meio de todos os desastres e perseguições, Deus está conosco: “Nem um só cabelo cairá de vossas cabeças. Pela vossa perseverança é que haveis de salvar-vos” (v. 18).  Na alma verdadeiramente cristã jamais morre a esperança.  Mesmo quando tudo parece obscuro, temos a certeza da presença sábia e misericordiosa de Deus.

O evangelista São Lucas põe os cristãos de sobreaviso para as dificuldades e perseguições que marcarão a caminhada histórica da Igreja pelo tempo fora, até à segunda vinda de Jesus. Lucas lembra-lhes, contudo, que não estarão sós.  Quando Lucas escreve este texto, tem bem presente a experiência de uma Igreja que caminha e luta na história para tornar realidade o “Reino” e que, nessa luta, conhece os sofrimentos, as dificuldades, a perseguição e o martírio. As palavras de alento que ele aqui deixa – sobretudo a certeza de que Deus está presente e não abandona os seus filhos, devem constituir uma ajuda inestimável para esses cristãos a quem o Evangelho se destina.

O discurso escatológico do texto evangélico define, portanto, a missão da Igreja na história: dar testemunho da Boa Nova e construir o Reino. Os discípulos nada deverão temer: haverá dificuldades, mas eles terão sempre a ajuda e a força de Deus.

No texto do Evangelho encontramos ainda a admoestação do Senhor: “Quando ouvirdes falar de guerras e revoluções, não vos alarmeis; é preciso que estas coisas sucedam primeiro, mas não será logo o fim” (v. 9). Como de fato, desde o início, a Igreja vive na expectativa orante da vinda do seu Senhor, perscrutando os sinais dos tempos e advertindo os fiéis de correntes religiosas, que cada vez anunciam a iminência do fim do mundo.  Mas o fim do mundo para cada um de nós pode ser também a hora da nossa morte.  Não falando quando isso acontecerá, Jesus queria ensinar que devemos estar sempre vigilantes e preparados.

Diante deste contexto podesurgir o perigo de um certo desânimo e a atividade diária do trabalho pode perder o sentido perante esta iminente segunda vinda do Senhor, por isto, alguns tessalonicenses estavam deixando o trabalho, para viver na ociosidade, “ocupados em não fazer nada” (2Ts 3,11), por esta razão adverte São Paulo na segunda leitura: “Quem não quer trabalhar, também não deve comer” (2Ts 3,10). São Paulo recorda o seu próprio exemplo de dedicação ao trabalho dia e noite, para não ser um peso para ninguém (cf. 2Cor 11,8).

O trabalho tem o seu valor e constitui uma participação da humanidade na ação criadora de Deus, a quem deve imitar, não só pelo trabalho em si, mas também pelo descanso, já que Deus apresentou ao homem a sua própria obra da criação sob a forma de trabalho e descanso (cf. Gn 2,2). E nisto encontramos um eco na oração do Pai Nosso e nas palavras de Jesus: “Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também” (Jo 5,17).

Saibamos viver fielmente a nossa vocação cristã, não tenhamos medo de dar o bom testemunho de Cristo, para que possamos ser aprovados diante do juízo final. Nossa vida neste mundo é semente de eternidade. Que o Senhor nos conceda a graça de vivermos a santidade que nos fará ganhar o reino de Deus, e que a nossa vida esteja sempre cimentada sobre uma fé firme e perseverante.

Possamos também nós aceitar convite de Cristo a enfrentar os acontecimentos quotidianos confiando no seu amor providente. Que Ele seja a nossa força e o nosso sustento perante as guerras e as revoluções,  Não receemos o futuro, mesmo quando ele pode parecer de aspecto tenebroso.  Peçamos ao Senhor que nos conceda a graça de sermos portadores da esperança e que tenhamos sempre a coragem necessária para superarmos todas as dificuldades. Assim seja.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF