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quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Os Santos souberam fazer a Vontade de Deus

Cléofas

Os Santos souberam fazer a Vontade de Deus

 POR PROF. FELIPE AQUINO

“O mundo passa com as suas concupiscências, mas quem cumpre a vontade de Deus permanece eternamente” (1Jo 2,17).

Os santos ensinam, com unanimidade, que o caminho da santidade é “fazer a vontade de Deus”. Isto nos santifica porque nos conforma com Jesus, o modelo da santidade, que, acima de tudo queria fazer a vontade de Deus em todo tempo.

A Encarnação foi a maneira que Jesus encontrou para, como homem, fazer perfeitamente a vontade de Deus, que Adão não quis fazer.

A primeira coisa que temos de compreender, e aceitar na fé, é que a vontade de Deus nem sempre, ou quase sempre, não coincide com a nossa. E aí está o primeiro passo para amar a Jesus: abdicar do que nós queremos, para fazer o que Ele quer. É o que São Paulo chamava de “a obediência da fé” (Rm 1,5) sem o quê é “impossível agradar a Deus” (Hb 11,6) já que o “justo vive pela fé” (Hab 2,4; Rm 1,17).

O profeta Isaías disse: “Meus pensamentos não são os vossos, e vosso modo de agir não é o meu, diz o Senhor, mas tanto quanto o céu domina a terra, tanto é superior à vossa a minha conduta e meus pensamentos ultrapassam os vossos” (Is 55, 8-9).

A lógica de Deus é diferente da nossa porque Ele vê todas as coisas perfeitamente, enquanto a nossa visão é míope e limitada. É como se olhássemos a vida como um belo tapete persa, só que pelo lado do avesso.

Não podemos duvidar de que a vontade de Deus para nós seja “a melhor possível”, mesmo que nos seja incompreensível no momento.

O que mais agrada a Deus é trocarmos, consciente e livremente, a nossa vontade pela Dele, porque isto é prova de muita fé, concreta. Quando damos esse passo, Ele substitui a nossa miséria pelo seu poder. Portanto, é preciso a cada dia, a cada passo, em cada acontecimento da vida, fazer esse exercício contínuo de aceitar a vontade do Senhor, que sabe o que faz.

São Bernardo disse que “se os homens fizessem guerra à vontade própria, ninguém se condenaria”. Este é o segredo para se abandonar aos desígnios de Deus: ele é Pai, ele nos ama, ele quer só o nosso bem, por mais adversas e incompreensíveis que seja a situação que vivemos. Ele está no leme do barco da nossa vida. É preciso confiar!

Deus é o maquinista do trem da nossa vida, por isso não precisamos nos preocupar para onde ele nos leva. O salmista diz:

“Confia ao Senhor a tua sorte, espera Nele: Ele agirá” (Sl 36,5).

“Mas eu Senhor, em vós confio (…) meu destino está em vossas mãos” (Sl 30,15-16).

São Paulo insistia nisso; dar graças a Deus em tudo é o que alegra ao Senhor, pois é o melhor testemunho de fé que lhe damos. Esta atitude consciente elimina a tristeza, arranca o mau humor, a impaciência, a grosseria com os outros e a perigosa lamentação.

É nessa perspectiva que São Paulo dizia: “Ficai sempre alegres, orai sem cessar. Por tudo dar graças (…)” (1Ts 5,16).

Não seremos felizes de verdade e não teremos paz duradoura, sustentada, enquanto não nos rendermos à santa e perfeita vontade de Deus.

“Alegrai-vos sempre no Senhor! Repito: alegrai-vos! (…). O Senhor está próximo! Não vos inquieteis com nada; mas apresentai a Deus todas as vossas necessidades pela oração e pela súplica, em ação de graças. Então a paz de Deus, que excede toda a compreensão, guardará os vossos corações e pensamentos em Cristo Jesus” (Fl 4, 4-7).

O santo vive na paz e na perene alegria, embora caminhando sobre brasas muitas vezes. São João Bosco dizia que “um santo triste é um triste santo”, e o seu discípulo, São Domingos Sávio, dizia que a santidade consiste em “cumprir bem o próprio dever e ser alegre”.

São Paulo perguntava: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?” (Rm 8,31). E o Apóstolo explicava a razão dessa esperança: “Aquele que não poupou o seu próprio Filho (…) como não nos dará com Ele todas as coisas?” (Rm 8,32).

É nessa mesma fé e esperança que o santo vive; a cada instante repetindo para si mesmo aquela palavra do Senhor: “Não vos preocupeis por vossa vida (…). Não vos aflijais, nem digais: Que comeremos? Que beberemos? (…). São os pagãos que se preocupam com tudo isso. Ora, vosso Pai celeste sabe que necessitais de tudo isso” (Mt 6,25-32).

Jesus ensina o que é essencial: “Buscai em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua Justiça” (Mt 6,33), isto é, fazer a vontade de Deus.

Também conosco será assim; é nos momentos mais difíceis da vida, nas crises de toda espécie, que temos a oportunidade de fazer a vontade de Deus da melhor maneira; especialmente quando Deus nos pede beber o cálice da amargura. O que fazer? Correr, fugir?

A vontade do Pai deve ser perfeitamente realizada na terra como é no céu. Quando isto acontecer, então o Reino dos céus acontecerá na terra plenamente.

Na última Ceia Jesus disse a seus Apóstolos: “Se me amais, guardareis os meus mandamentos” (Jo 14,15).

Quem não luta para guardar os Mandamentos de Deus, não ama a Deus. É por amor a Jesus que devemos amar os Mandamentos e não pecar. Eles são o caminho da conduta moral que nos leva à perfeição querida por Deus.

Infelizmente, em nossos dias, os homens querem fazer a própria moral e não mais viver a moral que Deus nos deu. É o que nos tem dito o Papa Bento XVI, “a ditadura do relativismo”: cada um faz a moral e a doutrina que quer; como se Deus não existisse e não tivesse revelado suas leis; e quem não aceita esta “nova mentalidade” é, então, taxado de retrógrado, obscurantista e atrasado. É uma verdadeira ditadura do homem contra Deus. É como se a verdade não existisse e o bem fosse igual ao mal.

Ninguém como os santos viveram bem a vontade de Deus; então, vamos aprender com eles. Selecionamos alguns pensamentos de alguns Santos Doutores.

Ensinamentos dos Santos Doutores

· Santa Teresa de Ávila (†1582)

“É evidente que a absoluta perfeição não consiste nas alegrias interiores, nem nos grandes êxtases, visões, nem no espírito da profecia. Consiste em tornar nossa vontade de tal modo conforme a de Deus, que abracemos de todo o coração o que cremos querido por ele e que aceitemos com a mesma alegria o que é amargo e o que é doce, desde que compreendamos que Sua Majestade o quer” (Fundações, cap. 5, n.10).

· São Bernardo (†1153)

“Quando se vê uma pessoa perturbada, a causa da preocupação não é outra coisa senão a incapacidade de realizar a própria vontade”.

· Santa Catarina de Sena (†1380) – dos Diálogos com Deus:

“O que faz o homem sofrer é a vontade própria”.

“Meus servidores não sofrem, porque se despojaram da vontade própria e se revestiram da Minha”.

“Venham de onde vierem as adversidades são instrumentos Meus que fazem meus servidores padecerem no corpo; perseguidos pelo mundo nada sofrem no espírito. Identificaram-se com a Minha vontade e até se alegram em tolerar males por Mim”.

“É indispensável que considereis como elemento básico de vosso aperfeiçoamento a eliminação da vontade própria; submetendo-a a Mim, fareis um ato de desejo agradável, inflamado, infinito para Minha honra e para a salvação dos homens”.

“O homem conformado à Minha vontade é desapegado de si mesmo, vence o mundo, o demônio e a carne; ao chegar o momento da morte, seu falecimento acontece na paz”.

“Mais sofria o rico epulão com suas posses, que o pobre Lázaro com sua lepra. No rico estava acordada a vontade própria; donde procede toda a infelicidade, enquanto que em Lázaro ela morrera”.

Prof. Felipe Aquino

Santa Gertrudes, padroeira dos místicos

Public Domain
Com ACI Digital

Séculos antes que Jesus aparecesse a Santa Margarida Maria Alacoque, ela já teve experiências místicas com o Seu Sagrado Coração.

Na Igreja, são chamadas de “místicas” as pessoas que recebem de Deus o extraordinário privilégio de uma relação profunda, direta e sensível com Ele, que lhes transmite mensagens e revelações e lhes concede graças de especialíssimo fervor na vida de oração (embora, com frequência, permeado por fases de drástica aridez espiritual como provação na fé). Há também casos de místicos agraciados com dons sobrenaturais visíveis como a levitação, a bilocação, os estigmas da Paixão de Cristo, entre outros.

Não há uma “definição formal” na Igreja sobre as pessoas místicas, mas o Catecismo nos esclarece, nos seguintes números sobre a santidade cristã, que a “mística” é, basicamente, a união cada vez mais íntima com Cristo:

2014. O progresso espiritual tende para a união cada vez mais íntima com Cristo. Esta união chama-se «mística», porque participa no mistério de Cristo pelos sacramentos – «os santos mistérios» – e, n’Ele, no mistério da Santíssima Trindade. Deus chama-nos todos a esta íntima união com Ele, mesmo que graças especiais ou sinais extraordinários desta vida mística somente a alguns sejam concedidos, para manifestar o dom gratuito feito a todos. 2015. O caminho desta perfeição passa pela cruz. Não há santidade sem renúncia e combate espiritual. O progresso espiritual implica a ascese e a mortificação, que conduzem gradualmente a viver na paz e na alegria das bem-aventuranças: «Aquele que sobe, nunca mais pára de ir de princípio em princípio, por princípios que não têm fim. Aquele que sobe nunca mais deixa de desejar aquilo que já conhece».

A padroeira dos místicos cristãos

A Igreja também venera uma santa considerada padroeira das pessoas místicas: Santa Gertrudes, vidente do Sagrado Coração de Jesus, cuja festa litúrgica é celebrada em 16 de novembro.

VIDA RELIGIOSA – Nascida na Alemanha em 6 de janeiro de 1256, ela foi enviada aos 5 anos de idade para estudar no mosteiro beneditino de Helfta, onde sua irmã, Santa Matilde, foi abadessa e sua professora. Após tomar o hábito, na adolescência, ela se tornou amiga de Santa Matilde de Hackeborn, que, assim como ela própria, também era especial devota do Sagrado Coração de Jesus.

SAGRADO CORAÇÃO DE JESUS – Aliás, muitos séculos antes que Jesus aparecesse a Santa Margarida Maria Alacoque, Santa Gertrudes já teve experiências místicas com o Seu Sagrado Coração. A religiosa de comunhão frequente e vívida devoção a São José teria chegado, em duas visões, a reclinar a cabeça sobre o peito de Jesus, ouvindo as batidas do Seu Coração. Em outra visão, Santa Gertrudes perguntou a São João Evangelista, que também reclinara a cabeça junto ao Coração de Cristo durante a Última Ceia, por que ele não tinha escrito nada sobre o Coração de Jesus. O Apóstolo respondeu que a revelação do Sagrado Coração de Jesus estava reservada para tempos posteriores, quando a frieza do mundo viesse a precisar de modo especial de um reavivamento no amor.

GERTRUDE THE GREAT
PD

“REVELAÇÕES DE SANTA GERTRUDES” – Cinco livros que compõem o “Arauto da Amorosa Bondade de Deus”, também conhecidos como “Revelações de Santa Gertrudes”, são atribuídos a ela direta ou indiretamente: o primeiro volume foi escrito por amigos íntimos da religiosa, enquanto o segundo foi obra dela própria e os seguintes foram redigidos sob a sua direção. Os textos falam das suas experiências místicas e, entre outras lições, tratam da relação entre sofrimento e graça: “A adversidade é a aliança espiritual que sela os esponsais com Deus”, lê-se numa passagem. De fato, Santa Gertrudes sofreu enfermidades dolorosas durante dez anos até partir desta vida para a Casa do Pai em 17 de novembro de 1301 ou 1302. O Papa Clemente XII determinou que a sua festa litúrgica fosse celebrada em toda a Igreja.

ALMAS DO PURGATÓRIO – Em uma das suas visões, Santa Gertrudes recebeu de Jesus uma oração breve, mas muito especial: toda vez que ela a rezasse, Ele poderia libertar mil almas do purgatório. Você pode conhecer e fazer essa mesma oração:


CZY MODLITWA ZA ZMARŁYCH MA SENS

Leia também:
A oração pelas almas do purgatório revelada a Santa Gertrudes por Jesus

terça-feira, 15 de novembro de 2022

Século XX: século da violência paroxística

Dom Jacinto Bergmann | CNBB

SÉCULO XX: SÉCULO DA VIOLÊNCIA PAROXÍSTICA

 

 Dom Jacinto Bergmann

Arcebispo de Pelotas (RS)

Lendo no “Livro do Sentido” do teólogo Clodovis Boff os vários pontos que ele dedica ao tema da “violência”, encontrei elementos sobre a violência paroxística presente no século passado. Dessa leitura, saiu o meu artigo de hoje. 

A dinâmica niilizante da modernidade chegou o seu ponto culminante no século XX (1900-1999). Para o Papa João Paulo II, o “século XX será considerado uma época de ataques maciços contra a vida, uma série infindável de guerras e o massacre permanente de vidas humanas inocentes”. 

  Concordando com esse juízo, muitos historiadores marcaram a fogo este século XX com definições como: “o século mais criminoso da história” (J. Delumeau); “o século mais violento da história da humanidade” (E. Hobsbawm); “o século mais cruel dos que o precederam” (A. J. Soljenitsyn); “o século das ideias assassinas” (R. Conquest); “o século do ódio” (G. Mariani); “o século do medo” (G. Pinzani); “o século do genocídio” (R. Gellately e Ben Kiernan); “o século dos gulags e dos campos de extermínio” (T. Todorov); “o século do mal” (M. Martelli); “o século das grandes catástrofes humanas” (S. Courtois); “o matadouro da história” (De Carli); “um réquiem satânico” (L. Begley). 

Na folha corrida deste século sangrento encontramos duas guerras mundiais, regimes totalitários, ideologias criminosas, revoluções endêmicas, racismo, genocídios (desde o dos armênios até os de Ruanda), gulags, campos de concentração, fornos crematórios, perseguição religiosa e destruição ecológica. Nunca na história se matou tanto! No século passado a violência atingiu níveis paroxísticos de crueldade sádica e ostensiva. Autores apresentam estatísticas que assustam: 61 milhões de mortos em guerras e 127 a 175 milhões em genocídios e outras chacinas de massa. 

Johann Baptist Metz, teólogo católico, definiu o século passado com uma “história de sofrimento e catástrofe”, pelo que “a crise de Deus”, para ele, seria “a assinatura do tempo”. Por sua vez, o teólogo Joseph Ratzinger, atual Papa Emérito Bento XVI, ainda na Páscoa de 1969, perguntava: “Não começa nosso século a ser um grande sábado santo, dia da ausência de Deus?” Seria à toa que o século passado, o mais violento da história, foi, ao mesmo tempo, o mais ateu? O niilismo religioso leva ao niilismo ético e este ao totalitarismo mortífero. 

Ademais, é preciso também dizer que este horribile saeculum, ao tempo em que viu a derrocada do ideologismo nadificante, inaugurou, em âmbito mundial, um processo decisivo de reavivamento espiritual. Como nunca a esperança entrou na pauta do dia. Foi “bom demais”, que a “estrela da esperança” ficou na terra como parabolicamente é afirmada na “Fábula da Estrela Verde”. Segue a fábula: “Havia milhares de estrelas no céu. Estrelas de todas as cores: brancas, prateadas, verdes, douradas, vermelhas e azuis. Um dia, elas procuraram Deus e lhe disseram: – “Senhor, gostaríamos de viver na terra, entre as pessoas”. – “Assim será feito”, respondeu Deus. “Conservarei todas vocês pequeninas como são vistas e podem descer para a terra”. Conta-se que naquela noite houve uma linda chuva de estrelas. Algumas se aninharam nas torres das igrejas, outras foram brincar de correr com os vaga-lumes nos campos, outras misturaram-se aos brinquedos das crianças e a terra ficou maravilhosamente iluminada. Porém, passando o tempo, as estrelas resolveram abandonar os seres humanos e voltaram ao céu, deixando a terra escura e triste. – “Por quê voltaram?”, perguntou Deus, à medida que elas chegavam ao céu. – Senhor, não nos foi possível permanecer na terra! Lá existe muita miséria e violência, muita maldade, muita injustiça…”. E Deus lhes disse: – “Claro! O lugar de vocês é aqui no céu! A terra é o lugar de passagem, daquilo que passa, daquele que cai, daquele que erra, daquele que morre, onde nada é perfeito! O céu é o lugar da perfeição, do imutável, do eterno, onde nada perece e sobretudo onde reside a glória do Altíssimo! Mesmo, assim, eu amo as pessoas”. Depois que chegaram todas as estrelas e conferindo o seu número, Deus falou de novo: – “Mas está faltando uma estrela! Perdeu-se no caminho?”. Um anjo que estava perto retrucou: – “Não Senhor, uma estrela resolveu ficar entre os homens! Ela descobriu que seu lugar é exatamente onde existe a imperfeição, onde as coisas não vão bem, onde há luta e dor!” – “Mas que estrela é essa?”, voltou a perguntar Deus. – “É a esperança, Senhor! A ‘estrela verde’! A única dessa cor!” E quando olharam para a terra, a estrela da esperança não estava só. Estava com os humanos. O planeta ficou novamente iluminado com a volta das estrelas, mas também havia a estrela da esperança no coração de cada ser humano”. 

Que essa estrela da esperança encontre ainda mais espaço no coração da humanidade neste século XXI pelo qual atualmente somos protagonistas.

Hoje é celebrada Nossa Senhora do Rocio, padroeira do Paraná

Nossa Senhora do Rocio. Foto: Rodrigo Pinheiro /
Santuário Estadual de Nossa Senhora do Rocio

Paranaguá, 15 Nov. 22 / 05:00 am (ACI).- A Igreja celebra hoje (15), Nossa Senhora do Rocio, padroeira do estado do Paraná. Assim como Nossa Senhora Aparecida, esta devoção mariana brasileira teve início com uma pesca e foi crescendo com o tempo, conquistando uma multidão de devotos. A Festa Estadual de Nossa Senhora do Rocio, que acontece anualmente em Paranaguá (PR), é um dos grandes eventos de turismo religioso no Sul do Brasil.

A devoção a Nossa Senhora do Rocio teve início no século XVII, após a elevação de Paranaguá à Vila, em 1648. Durante uma pesca na baía de Paranaguá, um pescador conhecido como Pai Berê pegou em sua rede uma imagem de Nossa Senhora do Rosário. Ele levou a imagem para sua casa e lá se começou a rezar à Virgem. A primeira igreja de Nossa Senhora do Rocio foi edificada em 1813 e o Santuário, em 1920.

O nome Nossa Senhora do Rocio surgiu porque Rocio era o nome do lugar onde morava Pai Berê. A palavra rocio quer dizer orvalho e aquela localidade ficava no perímetro da Vila, onde terminava a povoação e começava a se condensar o orvalho matutino. Mais tarde, o rocio passou a ser interpretado pelos devotos como as graças que Deus derrama do céu por intercessão de Nossa Senhora.

Nossa Senhora do Rocio também passou a ser invocada por seus devotos frente às epidemias. Em 1686, quando os habitantes da Vila de Paranaguá, às margens de sua baía, foram assolados por uma peste, recorreram aos favores da Mãe de Jesus, invocada neste título, para que os livrasse da doença. Desde então, como recorda o site do Santuário de Paranaguá, “Nossa Senhora do Rocio vem sendo o socorro das aflições dos devotos cristãos paranaenses”. A Virgem do Rocio também atendeu aos seus devotos com curas individuais e coletivas, como nos casos da peste bubônica, em 1901 e da gripe espanhola, em 1918.

Por causa de milagres e graças alcançadas pela intercessão de Nossa Senhora do Rocio, essa devoção mariana cresceu cada dia mais. Assim, os bispos do Paraná a declararam padroeira do Estado, em 1939. Depois, em 1977, o papa são Paulo VI concedeu a Nossa Senhora do Rocio o patronato do Paraná.

Devoção brasileira não tem ligação com a espanhola

Também existe uma devoção a Nossa Senhora do Rocio, na Espanha, sem ligação com a devoção brasileira, embora toda devoção mariana seja à mesma e única Virgem Maria, invocada sob diferentes títulos.

A Virgem do Rocio é venerada no Santuário no povoado de Almonte, em Huelva, na Andaluzia. Sua devoção data do início de século XV, quando uma imagem de Nossa Senhora foi encontrada dentro de um tronco oco de uma velha árvore, em um bosque. No local, foi construída uma igreja. Atualmente, a romaria ao santuário do Rocio, em Almonte, é uma das mais importantes da Espanha e acontece na segunda-feira seguinte ao domingo de Pentecostes.

Fonte: ACI Digital

No entardecer do mundo

Dom Lindomar Rocha | CNBB

NO ENTARDECER DO MUNDO

  Dom Lindomar Rocha Mota

Bispo de São Luís de Montes Belos (GO) 

Quase concluindo o ano litúrgico e o ciclo do Evangelho de Lucas, deparamo-nos com a mensagem escatológica de Jesus. É a sua última pregação antes da Paixão e Ressurreição. 

Em questão, o fim dos tempos, os falsos profetas, eventos catastróficos e a coragem de testemunhar. 

A profecia que identificava a destruição do Templo com fim dos tempos é superada! Entretanto, Jesus alerta que no vazio deixado por sua ausência, como, por fim, o vazio deixado pelas grandes tradições, oferece oportunidade para pregadores de ocasião. Gente que se alvora a salvar o mundo com suas palavras e caminhos extemporâneos. Há uma alerta geral, pois nos lembra o Senhor: “Cuidado para que vocês não sejam enganados, porque muitos virão em meu nome” (Lc 21,8). 

Os falsos profetas se espalham por toda parte. Por vezes são invejados e copiados, mas isso não testemunha o Reino nem a presença de Jesus. 

Tempos difíceis também não são provas para o fim dos tempos. Eventos catastróficos e esperanças desviadas são sinais inequívocos de um mundo em ocaso, mas não é o ocaso final.  

No entardecer do mundo a única coisa que atesta os sinais do Reino é a coragem dos discípulos. 

A coragem daqueles que decidem permanecer de pé no crepúsculo é a prova do Reino. Desde sempre estimamos e apreciamos a coragem. Ela se manifesta em meio às dificuldades e é marcada pela decisão de não seguir o caminho fácil. De não ceder ao mal. De não manipular a vontade de Deus, mas de ser passagem que permite o Reino acontecer. 

Essa coragem é a marca dos que darão testemunho. Não haverá, como por fim, já não há agora, vida fácil. Neste quesito o Senhor não engana ninguém. “Vocês serão entregues até mesmo pelos próprios pais, irmãos, parentes e amigos. E eles matarão alguns de vocês” (Lc 21,10). 

Neste tempo crepuscular o discípulo aparece fragilizado. Não demonstra fortuna e parece envolto em dúvidas. Está fraco. É odiado “por todos, por causa do nome do Senhor”. É neste momento que ele enfrenta o mal. 

A coragem transforma a caminhada numa jornada. Os empecilhos e até perigo para a vida não esmorece os discípulos. Eles estão dispostos fazer a jornada até o fim. Rindo dos infortúnios e alegrando-se com as derrotas. Assim, Paulo se misturava com os grandes e pequenos do mundo. Assim, pescadores de origem modestas olharam o mundo nos olhos. Anunciaram a sua morte e proclamaram o nascimento de um mundo novo. 

Confiantes eles confiaram. Não prepararam nada com antecedência e não se espantaram com o novo que vinha. 

Com coragem permaneceram firmes na fé e nesta perseverança ganharam a vida que o Senhor lhes prometera (Lc 21,19).

Francisco: depois das guerras a conversão, inverter a rota e investir no que importa

Santo Inácio de Loyola | Vatican News

Em carta enviada ao Cardeal Omella Omella, o Papa se une às celebrações pelos 500 anos da chegada de Santo Inácio de Loyola a Barcelona. "De sua história uma grande lição para nós".

Paolo Ondarza – Vatican News

"Através das crises, Deus nos diz que não somos os mestres da história, nem mesmo de nossa própria história, e mesmo que sejamos livres para responder ou não aos apelos da sua graça, é sempre seus desígnios de amor que dirigem o mundo". São palavras do Papa Francisco em uma carta dirigida ao Cardeal Juan José Omella Omella, Arcebispo de Barcelona e Presidente da Conferência Episcopal Espanhola, por ocasião dos 500 anos da chegada de Santo Inácio de Loyola à cidade catalã.

Despojado de tudo

Em 14 de novembro de 1522, o futuro fundador da Companhia de Jesus, então um "pobre soldado", deixou sua casa em Loyola para ir a Barcelona e embarcar para Jerusalém. Sua viagem, entretanto, incluiu uma longa parada de quase um ano em Manresa, onde Inácio renunciou às suas nobres roupas e à sua espada. "Nosso protagonista", lembra o Pontífice, "depois de ter servido o rei e suas convicções a ponto de derramar seu sangue, foi ferido no corpo e no espírito, despojou-se de tudo e estava determinado a seguir Cristo na pobreza e na humildade".

A crise como uma oportunidade

“É significativo neste momento", observa o Bispo de Roma, "pensar que Deus tenha usado uma guerra e uma praga para levá-lo até lá. A guerra que o tirou do cerco de Pamplona e foi a causa de sua conversão, e a peste que o impediu de chegar a Barcelona e o deteve na caverna de Manresa. Esta é uma grande lição para nós, pois não faltam guerras e pragas antes da conversão. Podemos, portanto, aproveitá-los como uma oportunidade para reverter a rota seguida até agora e investir no que importa".

Da terra ao céu

É por isso que, segundo Francisco, as crises se tornam uma oportunidade para reconhecer o primado de Deus: "Inácio era dócil a esse chamado, mas acima de tudo não guardava essa graça para si mesmo, mas a via desde o início como um dom para os outros, como um caminho, um método que poderia ajudar os outros a encontrar Deus, a abrir seus corações e a deixar-se desafiar por Ele”. Desde então, seus exercícios espirituais, como outros itinerários de perfeição", conclui, "são-nos apresentados como a escada de Jacó que conduz da terra ao céu e que Jesus promete àqueles que sinceramente o buscam”.

Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo

liturgiadashoras

Dos Sermões de Santo André de Creta, bispo

(Orat. 9, in ramos palmarum: PG 97,1002) (Séc.VIII)

Eis que vem a ti teu rei, justo e salvador

Digamos também nós a Cristo: Bendito o que vem em nome do Senhor (Mt 21,9), rei de Israel (Mt 27,42). Levantemos para ele, quais folhas de palmeira, as derradeiras palavras na cruz. Vamos com entusiasmo para a frente, não com ramos de oliveira, mas com as honras das esmolas de uns aos outros. Estendamos a seus pés, como vestes, os desejos do coração. Deste modo, pondo seus passos em nós, esteja dentro de nós, e nós inteiros nele; e se manifeste ele totalmente em nós. Repitamos para Sião a aclamação do Profeta: Tem confiança, filha, não temas. Eis que vem a ti teu rei, manso e montado no jumentinho, filho da que leva o jugo (cf. Zc 9,9).

Vem aquele que está presente em todo o lugar e ocupa tudo, para realizar em ti a salvação de tudo. Vem aquele que não veio chamar os justos, mas os pecadores à conversão (Mt9,13), para fazer voltar os desviados pelo pecado. Não temas, pois. Está Deus no meio de ti, não serás abalada (cf. Dt 7,21).

De mãos erguidas, recebe-o, a ele que gravou nas próprias mãos tuas muralhas. Acolhe-o, a ele que cavou em suas palmas teus fundamentos. Recebe-o, a ele que tomou para si tudo o que é nosso, à exceção do pecado, a fim de mergulhar tudo que é nosso no que é dele. Alegra-te, cidade-mãe, Sião; não temas. Celebra tuas festas (Na 2,1). Glorifica por sua misericórdia quem em ti vem para nós. Mas também tu, rejubila-te com entusiasmo, filha de Jerusalém, canta, dança de alegria. Resplandece, resplandece (assim aclamamos junto com Isaías, o clarim sagrado), porque chegou tua luz e nasceu sobre ti a glória do Senhor (Is 60,1).

Que luz é esta? Só pode ser aquela que ilumina a todo homem que vem ao mundo (cf. Jo 1,9). A luz eterna, luz que não conhece o tempo e revelada no tempo, luz manifestada pela carne e oculta por natureza, luz que envolveu os pastores e se fez para os magos guia do caminho. Luz que desde o princípio estava no mundo, por quem foi feito o mundo e o mundo não a conheceu. Luz que veio ao que era seu, e os seus não a receberam.

Glória do Senhor. Qual glória? Na verdade, a cruz em que Cristo foi glorificado. Ele, esplendor da glória do Pai, como ele próprio, estando próxima a paixão, disse: Agora é glorificado o Filho do homem e Deus é glorificado nele; e o glorificará sem demora (cf. Jo13,31-32). Chama de glória neste passo sua exaltação na cruz. Porque a cruz de Cristo é glória e, realmente, sua exaltação. Por isto diz: Eu, quando for exaltado, atrairei todos a mim (Jo 12,32).

Cristo, o Rei que veio para servir

Renata Sedmakova | Shutterstock
Por Ricardo Sanches - Pe. Reginaldo Manzotti

Seu Reino é diferente de tudo o que imaginamos, e nós somos chamados a fazer parte dele.

Querido povo de Deus, estamos chegamos ao final do ano litúrgico. Diferentemente do calendário civil, o litúrgico tem seu final com a Solenidade de Cristo Rei. Nos tempos atuais quando não vivemos a monarquia, só sabemos sobre o assunto o que vemos em filmes, com o aprendemos em história, então pode parecer até estranho falar em “Cristo Rei” e corremos o risco de cometer um equívoco ao compará-Lo aos moldes do reino deste mundo.  Portanto, ao proclamar Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo, precisamos compreender de que reino se trata.  

Interessante que quando Jesus admite ser rei, não estava num momento glorioso, num momento de reconhecimento, pelo contrário Ele estava despojado de tudo, estava seminu, ensanguentado, fragilizado, humilhado, já tinha passado a noite apanhando, estava com fome e no momento mais frágil da sua vida. É neste contexto, que, frente a um homem desfigurado pela dor, Pilatos pergunta: ”Tu és o Rei dos Judeus? ” Precisamente, quando qualquer hipótese de um reinado glorioso e triunfalista em Jesus tinha sido apagado Ele admite: “Eu Sou Rei” (Jo 18, 33b-37). 

Um Rei que veio para servir

Ao proclamarmos Jesus Rei, tenhamos consciência que esse Rei perdoou uma pecadora em praça pública, então o seu reinado é de perdão. Que esse Rei matou a fome de mais de cinco mil pessoas, seu reinado é da partilha e da caridade. Sabemos que esse Rei lavou os pés dos Apóstolos, é um Rei que veio para servir. Esse Rei se levantou contra os opressores pedindo justiça, respeito, amor, então é um reino que prega a igualdade. Portanto, Ele nos mostra o que falou a Pilatos, que Seu Reino é diferente de tudo o que imaginamos e nós somos chamados a fazer parte deste Reino. O trono da graça do Rei Jesus é a Cruz, a coroa foi de entrega, de espinhos. O cetro de Jesus foi o do pastoreio. 

Antigamente, quando se lutava numa guerra preservava-se o rei, porque se no combate ele fosse morto, a guerra estava acabada e perdida. Vejam, Jesus está para ser morto quando Ele diz “Eu Sou Rei”, não para acabar a guerra, para aqueles que acreditavam Nele desistissem de lutar, mas porque Ele ressuscitaria e ressuscitado a vitória é certa. 

O Rei ressuscitou

Então, mataram sim o Rei, mas o Rei ressuscitou. Quem acreditava nesse Rei não perdeu a batalha, porque o Rei está vivo e a luta continua.  Porém, não uma luta com armas, não uma luta de favores, não uma luta de questões econômicas, meus irmãos isso é do mundo e Jesus, pela sua vida, tentou mostrar de todas as formas, que nós devemos combater com as armas do amor e da caridade. Combater pelo serviço, acolhendo uns aos outros como irmãos, lavando os pés e perdoando.  

Jesus é Rei, Vivo Ressuscitado, o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim de tudo. Deixemos que Ele reine em nossas vidas, em nossos corações e sejamos construtores do Seu Reino de amor, paz e justiça!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Santo Alberto Magno, Doutor Universal

S. Alberto Magno | Guadium Press
15 de novembro
Doutor Universal, Mestre de São Tomás de Aquino, Santo Alberto Magno soube fazer da razão uma aliada para sustentar e aumentar a fé.

Redação (15/11/2021 07:00, Gaudium Press) Por volta do ano 1200, nasceu Alberto na Alemanha. Originário de uma família de nobres da cidade de Bollstad. Alberto tinha uma carreira militar promissora diante de si. Mas seus interesses e, sobretudo, os interesses de Deus tinham outros planos para Alberto.

Bem jovem, Alberto foi enviado a Pádua para estudar Artes Liberais. Sua dedicação e paixão pelos estudos não demorou a ser percebida.

Física, Química, Astronomia, Mineralogia, Botânica e Zoologia, essas eram apenas algumas das matérias de interesse de Santo Alberto. Porém, foram sem dúvidas a filosofia e a teologia que lhe renderam o título de Magno.

A vocação dominicana

O jovem estudante Alberto ainda se encontrava na Itália, quando viu chegar à figura de um frade que encantava as multidões com suas pregações.

Oriundo também da Alemanha, o pregador que tinha fama de santidade chamava-se Jordão da Saxônia e era sucessor de São Domingos de Gusmão.

Algum tempo antes, Maria Santíssima apareceu a Alberto e o convidou a abandonar o mundo. Ao ouvir uma das pregações de Jordão da Saxônia, Alberto não hesitou e atendeu ao chamado de ingressar na Ordem dos Pregadores.

Santo Alberto Magno professou os votos em 1226. Em 1228, após concluir seus estudos na cidade italiana de Bolonha, foi enviado para Colônia.

Ali, o Santo assumiu o magistério de seus confrades e descobriu sua aptidão especial pelo ensino e pela pregação. 

O Mestre e o discípulo

Especialmente dotado para os assuntos doutrinários, seus superiores o enviaram às grandes universidades europeias.

Foi precisamente em Paris, na Sorbonne, que Alberto teve um dos encontros mais importantes de sua vida. Entre seus discípulos havia um cujo nome era Tomás de Aquino

Logo, Santo Alberto se deu conta do tesouro de santidade e sabedoria contido na alma de São Tomás, e não hesitava em defender o discípulo que era maldosamente apelidado de “boi mudo”.

Foi nessa época que Santo Alberto interessou-se pelas obras de Aristóteles e pode comprovar como razão e fé são harmônicas entre si.

O mestre Alberto e o discípulo Tomás, que encantavam as Universidades de Paris e Colônia, estavam lançando os fundamentos filosóficos da doutrina Católica.

Últimos anos antes da eternidade

A virtude e as qualidades de Santo Alberto não passavam despercebidas. Por esta razão, ele foi eleito duas vezes consecutivas provincial dos dominicanos na Alemanha.

Também o Papa Alexandre IV nomeou-o bispo de Regensburg. Contudo, após dois anos à frente da diocese, Santo Alberto pediu permissão ao Papa para regressar ao magistério e à vida monástica.

Com o avanço da idade, Santo Alberto escolheu o isolamento do convento e alguns anos antes de sua morte perdeu quase completamente a memória.

Em 15 de novembro de 1280, Santo Alberto faleceu no convento dominicano de Colônia. Em 1931, Pio XI canonizou-o e proclamou Doutor da Igreja, com o nome de Doutor Universal. (FM)

Fonte: https://gaudiumpress.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF