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quinta-feira, 17 de novembro de 2022

“A salvação é um gesto simples como um olhar

Jesus, José e Maria,
detalhe do Repouso na fuga para o Egito,
Bartolomé Esteban Murillo (1618-1682),
Museu Pushkin, Moscou
Por LUIGI GIUSSANI - Revista 30Dias - 11/2008

“A salvação é um gesto simples como um olhar.”

Uma seleção de trechos extraídos de livros e entrevistas

“São José é a mais bela figura de homem que possamos conceber e que o cristianismo já tenha gerado. São José era um homem como todos os outros, tinha o pecado original, como eu. [...] São José viveu como todo o mundo; não há registro de uma só palavra sua, nem um traço, nada: mais pobre que isso, uma figura não pode ser”.

L’attrattiva Gesù, Milão, Rizzoli, 1999, pp. 95-96

“Antes de qualquer outra coisa, portanto, devemos desejar que essa memória se realize cada vez mais: ‘Todo o que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo como também Ele é puro’. É preciso que desejemos isso. E o sim de Simão, que é genérico, geral, invade a totalidade da pessoa de Simão ao se expressar, mesmo quando todas as expressões dele poderiam ser contraditórias. Você pode errar sempre; São Pedro podia errar sempre e ser verdadeiro ao dizer: ‘Sim, eu Te amo’. Tanto, que chegamos a comentar: ‘Eu não sei como pode ser isso, mas eu Te amo’. E em nós surgiria uma objeção logo em seguida: ‘Mas você já errou tantas vezes, vai errar de novo’. ‘Eu não sei de nada disso. Só sei que O amo’. É nesse nível que se deve alinhar a nossa vida, ao lado de algo aparentemente genérico como, em termos realistas, é a relação com o Deus feito homem, com esse homem-Deus, quando o vemos à noite, no barco que está para afundar no lago; quando o vemos parar diante da árvore em que Zaqueu está aninhado; quando o vemos fitar a mulher nos olhos e dizer: ‘Nem eu te condeno, vai e não erres mais’”.

Si può (veramente?!) vivere così?, Milão, Rizzoli, 1996, p. 431

“‘Sim, Senhor, Tu sabes que és o objeto de minha simpatia suprema, de minha estima suprema’: é assim que nasce a moralidade. No entanto, a expressão é muito genérica: ‘Sim, eu Te amo’; mas é tão genérica quanto geradora de uma diversidade de vida que todos procuramos. ‘Todo o que n’Ele tem esta esperança purifica-se a si mesmo como também Ele é puro’”.

“Simone, mi ami tu?”, in: Tracce, nº 10, novembro de 1998

“Por isso, diga ‘Te ofereço’ e não se preocupe com mais nada. Mas você sabe muito bem o que significa esse Te, o Tu que está dentro desse Te; você sabe muito quem Ele é. São Pedro sabia quem era, mas era genérico o modo de conceber seu amor: o modo como afirmava amá-lo era genérico. Existe um genérico que inclui tudo, como um horizonte que implica todas as coisas, e pode existir um genérico que supõe tudo aquilo que está dentro desse amor porque não o sabe, mas o afirma (como quando a mãe diz ao filho: ‘Tiaguinho, você me quer bem?’, e a criança responde: ‘Sim, mamãe’ e lhe estala um beijo!).”

L’attrattiva Gesù, cit., p. 133

“É o sim de Simão. O sim de Simão é o aspecto mais totalizante: não tem limites. Possui apenas um horizonte, no qual sempre aparece, sempre está para aparecer o sol. E é a expressão mais terna que o homem possa conceber. É a forma mais forte com que se impõe e se confessa nossa necessidade de reconhecer o amor que nos toca. Faço votos de que vocês possam vir a meditar isso, pensando na situação de todas as existências que conhecem: todas as existências que vocês conhecem só cedem e dizem ‘sim’ diante da ternura suscitada por uma força amorosa que se propõe ao coração do eu. É ‘quase um nada’, justamente, a condição para começar a entender tudo.”

L’attrattiva Gesù, cit., p. 116

Goiânia será sede do 19º Congresso Eucarístico Nacional em 2027

Missa de encerramento do 18º CEN. Foto: Comunicação 18º CEN

RECIFE, 16 Nov. 22 / 03:40 pm (ACI).- A cidade de Goiânia (GO) será sede do 19º Congresso Eucarístico Nacional (CEN), que acontecerá de 3 a 7 de setembro de 2027. O anúncio foi feito ontem (15) pelo secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Joel Portella Amado, no encerramento do 18º Congresso Eucarístico, em Recife (PE).

“O arcebispo (de Goiânia), dom João Justino Medeiros da Silva, unido às demais dioceses do Regional Centro-Oeste (da CNBB), já agora se prepara para nos receber”, disse dom Joel Portella.

Em seguida, o arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido, entregou a dom João Justino uma réplica do ostensório do 18º Congresso Eucarístico Nacional, que aconteceu de 11 a 15 de novembro, na capital pernambucana.

missa de enceramento do CEN foi celebrada pelo enviado do papa Francisco, o bispo emérito de Leiria-Fatima, Portugal, cardeal António Marto, no Marco Zero do Recife. Teve a participação de cerca de 1200 padres e 200 bispos.

Em sua homilia, o cardeal Marto disse que aquela celebração eucarística era o “momento culminante do Congresso Eucarístico Nacional do Brasil” e que, “durante esses dias”, foi vivida “uma série de encontros e de experiências belas e enriquecedoras” que “não são só para nós, são também para comunicarmos aos outros, ao mundo”.

“Esta celebração eucarística é de encerramento e de ação de graças, é simultaneamente uma celebração de envio. De fato, não há Missa sem missão. A própria celebração termina com a bênção e a despedida final: ‘Ide em paz para o mundo!’. É o Senhor Jesus que nos envia como Igreja em saída para levar a bênção, o amor, a alegria e a paz Dele para a vida do mundo. Enviados para dar testemunho, a partir da Eucaristia, vamos, pois, meditar sobre a Eucaristia, profecia de um mundo novo”, expressou.

Dom António Marto comentou sobre o Evangelho de João 6, 51-58, o “anúncio da Eucaristia”. Segundo ele, Jesus se apresenta “com palavras muito realistas: ‘Eu Sou o Pão Vivo descido dos céus, o pão que Eu darei é minha carne para a vida do mundo. A minha carne é verdadeira comida. E o meu sangue, verdadeira bebida. O pão que Eu vos dou não é o pão que comeram vossos pais’”.

O bispo, então, perguntou aos presentes: “O que significa comer a carne e beber o sangue de Jesus? É só uma imagem? Um modo de dizer? Ou indica algo que é verdadeiramente real?”. “Encontramos a resposta nas palavras e nos gestos na última ceia, de despedida de Jesus, ao convívio terno com os discípulos, quando lhes diz: ‘tomai e comei, este é o meu corpo que será entregue por vós. Tomai e bebei, este é o cálice do meu sangue derramado por vós e por todos’”.

O cardeal afirmou que, “segundo a linguagem bíblica, o corpo e o sangue são expressão da pessoa inteira, com toda a sua vida, com toda a sua história, com todo o seu infinito amor, oferecido até a morte na cruz, amor eternizado na ressurreição, na pessoa de Jesus ressuscitado”.

“Na Eucaristia, nos sinais humildes do pão e do vinho consagrados, Jesus deixa-nos o dom mais admirável e impensável, o dom da sua presença real, do seu amor infinito e redentor como só Ele pode fazer enquanto ressuscitavam. Para permanecer conosco para sempre, um alimento que nos dá vida verdadeira e eterna”.

O bispo português disse que a “comunhão de Jesus trata-se de uma íntima amizade com a pessoa”. Ele recordou que, ao comungar, “a gente diz ‘amém!’”. Segundo dom Marto, essa resposta “é também um compromisso, como quem diz: ‘Sim, ó Senhor, eu quero receber-te com todo o meu coração. Quero que entres em minha vida. Quero viver em Teu amor. Quero seguir os Teus passos. Quero colaborar Contigo por um mundo melhor, para a redenção do mundo’”.

Por fim, reforçou que “é nossa missão ser sinal da presença de Jesus no mundo de hoje”.

Após a comunhão, houve um momento de adoração ao Santíssimo Sacramento e uma procissão de 3,5 km de percurso com o Jesus Eucarístico do Marco Zero até o pátio da basílica do Carmo. Ao chegar ao local, o representante do papa abençoou o Brasil e todos que acompanharam a cerimônia.

Casa do Pão

Antes da última missa do 18º CEN, foi inaugurada também ontem pela manhã a Casa do Pão, que ficará como legado do Congresso. O espaço fica na Rua do Imperador, bairro de Santo Antônio, em Recife, e será um local para auxiliar pessoas em situação de vulnerabilidade.

A casa conta com um restaurante popular, lavanderia, atendimento social, espiritual e psicológico, capela, banho e descanso para pessoas que passam por problemas socioeconômicos.

Fonte: http://www.acidigital.com/

18º Congresso Eucarístico Nacional

CNBB

18º CONGRESSO EUCARÍSTICO NACIONAL

 

 Dom Carmo João Rhoden

Bispo Emérito de Taubaté (SP) 

18º Congresso Eucarístico Nacional: 11 a 15 de novembro de 2022 

Tema: Pão em todas as mesas.
Lema: Repartiram o pão, com alegria e não havia necessitados entre eles. 

N.B. É claro que o 18º Congresso Eucarístico Nacional, parte da Eucaristia, como “Pão do céu”, ou seja, como sacramento, para frisar a importância do pão, que mata a fome dos pobres, mormente, dos mais necessitados. Portanto, não se deve aproximar da mesa eucarística, quem não reparte seu pão com pobres, os preferidos de Jesus (cf. Mt 5,1-12); (Lc 6,20-26). 

 A Eucaristia, sempre, foi o centro da vida cristã. Todos os sacramentos, a Ela levam, ou Dela partem. É o dom, dos dons de Jesus Cristo, a nós e por nós oferecido, solenemente, pouco antes de morrer. Ele a preparou, carinhosamente, durante toda sua evangelização (cf. Jo 6,48-59) e a instituiu na inolvidável última ceia. Como? Lavando os pés dos discípulos, como sinal do seu amor, dizendo-lhes: Amai-vos, como Eu vos amei, (Jo 13,34) recordando, uma vez mais a necessidade de aprendermos a servir, com ternura. De fato, Ele não veio para ser servido, mas para servir (Lc 22,26-27). Deixou claro ainda que a felicidade humana, somente se conseguiria, pela imitação do seu exemplo. “Sereis felizes se o fizerdes” (Jo 13,17); (Jo 13,1-20). Por isso, sobretudo, num contexto de fome e necessidades, cabe-nos repartir o pão, de cada dia. Somos uma grande família, não só numérica, mas também, para sê-la, sempre, mais qualitativamente: pelo amor, pela justiça, pela paz e fraternidade. Quem não tiver uma visão social, de acordo com o Evangelho, não pode ser discípulo de Cristo e nem participar da Eucaristia. 

 A Igreja deve, portanto, viver do amor e da Eucaristia, para realizar sua missão evangelizadora, pastoral e diacônica. Jesus, não veio apenas, para fundar uma Igreja. Encarnou-se. Assumiu a labilidade da vida humana, em tudo, semelhante à nossa, menos no pecado. Escolheu 12 discípulos – os apóstolos – , à semelhança das 12 tribos da antiga Aliança, para continuarem Sua obra. O verdadeiro culto cristão é amor a Deus, sobretudo, antes de tudo e além de tudo, e ao próximo como, Ele o viveu. Não quis levar, apenas, seus seguidores ao templo, mas para a casa do Pai: à vida eterna. Por isso, exigiu fraternidade e uma disposição inquebrantável para a construção do Reino do Pai. Quem se aproxima da mesa eucarística, para alimentar-se do pão do céu, deve, também, saber partilhar o pão de sua mesa, com os que possuem fome: os necessitados. Na terra, haverá sempre diferenças sociais. A sociologia o explica, e a psicologia ajuda a entendê-lo. Nem todos conseguem vencer as múltiplas dificuldades e problemas da vida, numa realidade onde impera o pecado. Por isso, todos podem e devem pensar no próximo e amando-o, servi-lo carinhosamente. 

Conclusão. Portanto, Eucaristia nos sacrários, pão nas mesas de todos e fraternidade nos corações, para que haja menos tristeza e miséria no mundo. A felicidade que Cristo trouxe do Pai, deveria expandir-se sempre mais aos irmãos e irmãs, aqui na terra e não somente, no céu. Não podemos ser ingênuos, nem tão pouco omissos, na vivência do Evangelho (cf. História da Igreja). Um dia Cristo poderá, na prestação de contas, no final dos tempos, perguntar-nos: onde ficou teu irmão(a) necessitado? Nem uma explicação, mesmo que teológica, resolverá o problema. Pois até podemos enganar os homens, mas certamente não a Deus. Vamos, então, enquanto é tempo, partilhar o pão, oferecendo-o com amor e espírito serviçal. Na eternidade, já, na visão beatífica, enfim seremos todos servidos, para sempre.

CASA DO PÃO: LEGADO DO 18º CONGRESSO EUCARÍSTICO NACIONAL

CNBB

CASA DO PÃO, LEGADO DO 18º CONGRESSO EUCARÍSTICO NACIONAL, É ESPAÇO DE APOIO À POPULAÇÃO EM SITUAÇÃO DE RUA EM RECIFE

A inauguração da Casa do Pão, marco do 18º CEN, foi realizada às 9h na sede do espaço, localizada na rua do Imperador, bairro de Santo Antônio, em Recife. A atividade inaugural ofertou um café da manhã com mil refeições para os bispos e os futuros assistidos do projeto. Os preparativos dos alimentos tiveram início às 5h30, no convento de Santo Antônio, na mesma localidade.

A feitura das refeições contou com o auxílio de 120 voluntários, que já realizam trabalhos ligados a inúmeras organizações não governamentais e à Pastoral do Povo de Rua do Regional Nordeste 2 da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB NE2).  Para os moradores em situação de rua, o projeto Banho do Bem garantiu a higiene pessoal.

O ato inaugural contou com o pronunciamento do legado pontifício, dom António Marto, e do arcebispo de Olinda e Recife, dom Fernando Saburido. Na sequência, o corte simbólico da fita e o descerramento de placa concluiu a cerimônia. As mil refeições foram postas à mesa e servidas em marmitas numa estrutura que será montada no mesmo logradouro, e ofertou – entre as opções do cardápio – cuscuz, bolo, sanduiche, suco e café.

Legado de solidariedade

Espaço interno da Casa Pão. |
Fotos: Assessoria de Comunicação do 18º CEN

Espaço interno da Casa Pão. | Fotos: Assessoria de Comunicação do 18º CEN.

Na Casa Pão serão ofertados diversos serviços, tais como uma lavanderia, para que as pessoas em situação de rua possam fazer a higienização adequada das próprias roupas. Haverá vestiários com banheiros e chuveiros, para banhos dignos e área para os cuidados básicos de higiene pessoal.

O espaço ainda oferecerá atendimentos médico, psicológico e jurídico. Terá também grupos de apoio, oficinas e cursos profissionalizantes, refeitórios, além de uma capela para atividades religiosas e uma padaria, para consumo próprio e vendas dos produtos no local. A manutenção da Casa do Pão ficará a cargo de voluntários e do diaconato da Arquidiocese de Olinda e Recife, em parceria com instituições públicas e privadas.

CNBB
Com informações e fotos do 18º Congresso Eucarístico Nacional 

São Roque Gonzales

S. Roque Gonzales | arquisp
17 de novembro

São Roque Gonzales

"Matastes a quem tanto vos amava. Matastes meu corpo, mas minha alma está no céu."

Contam os escritos que estas palavras foram ouvidas pelos índios que assassinaram o missionário jesuíta Roque Gonzalez e seus companheiros, padres Afonso Rodrigues e João de Castillo, em 1628. As palavras foram prodigiosamente proferidas pelo coração de padre Roque, ao ser transpassado por uma flecha, porque o fogo não tinha conseguido consumir.

Os três padres eram jesuítas missionários na América do Sul, no tempo da colonização espanhola. Organizavam as missões e reduções implantadas pela Companhia de Jesus entre os índios guaranis do hoje chamado Cone Sul. O objetivo era catequizar os indígenas, ensinando-lhes os princípios cristãos, além de formar núcleos de resistência indígena contra a brutalidade que lhes era praticada pelos colonizadores europeus. Elas impediam que eles fossem escravizados, ao mesmo tempo que permitiam manter as suas culturas. Eram alfabetizados através da religião e aprendiam novas técnicas de sobrevivência e os conceitos morais e sociais da vida ocidental. Era um modo comunitário de vida em que todos trabalhavam e tudo era dividido entre todos. O grande sucesso fez que os colonizadores se unissem aos índios rebeldes, que invadiam e destruíam todas as missões e reduções, matando os ocupantes e pondo fim à rica e histórica experiência.

Roque foi um sacerdote e missionário exemplar. Era paraguaio, filho de colonizadores espanhóis, nascido na capital, Assunção, em 1576. A família pertencia à nobreza espanhola, o pai era Bartolomeu Gonzales Vilaverde e a mãe era Maria de Santa Cruz, que o criaram na virtude e piedade. Aos quinze anos, decidiu entregar sua vida a serviço de Deus. Ingressou no seminário e, aos vinte e quatro anos de idade, foi ordenado sacerdote. Padre Roque quis trabalhar na formação espiritual dos índios que viviam do outro lado do rio Paraguai, nas fazendas dos colonizadores.

O resultado foi tão frutífero que o bispo de Assunção o nomeou pároco da catedral e depois vigário-geral da diocese. Mas ele renunciou às nomeações para ingressar na Companhia de Jesus, onde vestiu o hábito de missionário jesuíta em 1609. Depois, passou toda a sua vida a serviço dos índios das regiões dos países do Paraguai, Argentina, Uruguai, Brasil e parte da Bolívia. Em 1611, chefiou por quatro anos a redução de Santo Inácio Guaçu. Em 1626, fundou quatro reduções: Candelária, Caaçapa-Mirim, Assunção do Juí e Caaró.

Foi na Redução de Caaró, atualmente pertencente ao Brasil, que os martírios ocorreram, em 15 de novembro de 1628. Depois de celebrar a missa com os índios, padre Roque estava levantando um pequeno campanário na capela recém-construída, quando índios rebeldes, a mando do invejoso e feiticeiro Nheçu, atacaram aquela e a vizinha Redução de São Nicolau. Mataram todos e incendiaram tudo. Padre João de Castillo morreu naquela de São Nicolau, enquanto padre Afonso Rodrigues, que ficou na de Caaró, morreu junto com padre Roque Gonzales, esse último com a cabeça golpeada a machado de pedra.

Dois dias depois, os índios rebeldes voltaram para saquear os escombros. Viram, então, que o corpo de padre Roque estava pouco queimado, então transpassaram seu coração com uma flecha. Foi aí que ocorreu o prodígio citado no início deste texto e mantido pela tradição. Eles foram beatificados pelo papa Pio XI em 1934 e canonizados pelo papa João Paulo II em 1988, em sua visita à capital do Paraguai. A festa de são Roque Gonzales ocorre no dia 17 de novembro.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

Por que a aliança de casamento ou noivado deve ser usada no quarto dedo da mão?

Tymonko Galina - Shutterstock
Por Adriana Bello

Uma explicação repleta de simbolismo espiritual.

Você já deve ter ouvido falar que as pessoas usam a aliança de casamento e/ou noivado no quarto dedo da mão (o anelar) “porque é o dedo que tem uma veia que vai direto para o coração”, ou algo do tipo.

Essa crença remonta à Roma Antiga, e foi, provavelmente, herdada dos egípcios ou gregos. Eles chamavam o vaso sanguíneo deste dedo de vena amoris (veia do amor) e acreditavam que as pessoas conectavam seu amor por meio de seus anéis que estavam neste dedo.

No entanto, o conhecimento atual da anatomia nos diz que não existe uma veia única que vá diretamente ao coração. Além disso, sabe-se que todos os dedos – não apenas o anelar – têm veias que, de uma forma ou de outra, se conectam ao coração. Entretanto, o simbolismo permaneceu ao longo do tempo.

Tente isso com seus próprios dedos

Há algum tempo li no Twitter uma mensagem do Pe. Patxi Bronchalo em que ele fala de um exercício com a aliança que ele gosta de fazer com os noivos antes do casamento. Achei muito interessante e resolvi compartilhar com vocês. Experimente fazer em casa!

Primeiramente, feche uma das mãos (ou coloque a palma da mão sobre uma superfície) e tente levantar cada dedo individualmente, um a um (levantado apenas um de cada vez), começando pelo polegar. Vou te dar um tempo para fazer isso… Pode começar!

Você conseguiu? Tenho certeza que você notou que levantar o dedo anelar foi um pouco mais difícil que os outros; talvez você nem tenha conseguido fazer isso sem outro dedo levantar junto com ele.

Pe. Bronchalo explica que o polegar é aquele que usamos para dar “positivo” ou sinalizar “negativo”, ou seja: para transmitir a ideia de que algo está certo ou errado, se gostamos ou não de alguma coisa. 

Depois tem o dedo indicador, que é aquele com o qual apontamos, acusamos alguém, e assim por diante. 

Já o dedo do meio é usado por algumas pessoas para insultar os outros. 

Vamos pular o dedo anelar por um segundo e ir para o dedo mínimo (ou mindinho), com o qual as crianças fazem suas promessas.

Então, qual seria a “função” do dedo anelar? Bem, este é o dedo fraco; não consegue nem se erguer sozinho. (…) As alianças são colocadas nesse dedo para que os esposos não se esqueçam de que é na fraqueza que mais precisam se amar”, escreve o pároco.

E você sabia que pode receber uma indulgência?

São João XXIII concedeu uma indulgência especial para quem beijar a aliança todos os dias. É uma forma de os cônjuges se lembrarem dos votos que fizeram no dia do casamento, especialmente de apoiar um ao outro em momentos de doença e dificuldades, que é quando o verdadeiro amor vem à tona.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa Paulo VI e a alegria

Papa Paulo VI | Vatican |News

“Estou cheio de consolação, estou inundado de alegria no meio de todas as tribulações” (7,3-4). Elas mostram que, mesmo entre as intempéries da vida, o verdadeiro discípulo de Cristo jamais perde a esperança, pois está inundado da alegria do Espírito Santo." (Papa Paulo VI - Exortação Apostólica Gaudete in Domino).

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Giovanni Battista Enrico Antonio Maria Montini foi eleito Papa em 21 de junho de 1963, assumindo o nome de Paulo VI. Ele governou a Igreja por 15 anos, até 6 de agosto de 1978.

Montini leva a cumprimento o Concílio Vaticano II, inaugura as viagens pelo mundo a começar por Jerusalém, visita as Nações Unidas e ressalta o valor da “paz como única verdadeira linha do progresso humano”. A atualidade de seu magistério pode ser confirmada pelas contínuas referências a ele feitas pelo Papa Francisco, que o canonizou em 14 de outubro de 2018.

Em um Simpósio realizado em Milão, o cardeal Pietro Parolin afirmou que Igreja de Giovanni Battista Montini é uma Igreja que “sai de si mesma para encontrar a história”, “perita em humanidade”, que “indica a centralidade do homem e da paz”. Paulo VI - acrescentou o secretário de Estado - intuiu o processo de globalização, um “mundo sempre mais complexo” que exige o papel dos “construtores de paz”, a “colaboração entre as nações” e o “diálogo entre diferentes credos”. Ele  “alargou o olhar e o coração a todos os ângulos do mundo”, institui o Dia Mundial da Paz, reformou nesta mesma direção a diplomacia vaticana e escreveu a Carta Encíclica Populorum progressio sobre o desenvolvimentos dos povos.

Depois de 'Paulo VI no período conciliar", padre Gerson Schmidt* nos propõe hoje a reflexão "Paulo VI e a alegria":

"São Paulo VI foi chamado de “o Papa do sofrimento”, dados os dissabores que enfrentou dentro e fora da Igreja na fase imediatamente seguinte ao Concílio. Nada fácil a vida de um Papa, diante de tantos propósitos de reforma preteridos pelo Concílio Vaticano II. As mudanças necessárias na Igreja fizerem muitos vacilarem na fé, havendo uma debandada muito grande de sacerdotes e religiosos. Se o Papa Paulo VI foi um homem de sofrimento, podemos dizer que Montini – o Papa Paulo VI - foi também “o Papa da verdadeira alegria que vem do Senhor”.

Para evocar o lado sereno e feliz desse Pontífice, que foi canonizado pelo Papa Francisco em 2014, desejamos lembrar aqui um documento pouco conhecido, mas de grande profundidade espiritual, que foi assinado por ele em 9 de maio de 1975. Trata-se da Exortação Apostólica Gaudete in Domino, que, em português, significa Alegrai-vos no Senhor!, escrita por Paulo VI em preparação à solenidade de Pentecostes do Ano Jubilar de 1975.

Nessa Exortação, o Santo Padre começa dizendo, com fundamento em Filipenses 4,45 e no Salmo 145,18: “Alegrai-vos no Senhor, porque Ele está perto de todos os que O invocam com sinceridade” e a partir daí vai desenvolvendo a noção da alegria cristã, que é a alegria no Espírito Santo como um dom d’Ele mesmo para cada um de nós (cf. Gl 5,22). Esta alegria como dom de Deus não raras vezes é esquecida, como se ser cristão e ser santo fosse ter cara feia e triste. Aliás, duas constatações vêm ao caso a propósito: a primeira lembra aquele dito popular, às vezes também atribuído a algum santo: “Um santo triste é um triste santo”; a segunda é a fala do Papa Francisco, no dia 1º de junho de 2013, quando diz, recordando, inclusive, Paulo VI, que “muitas vezes os cristãos têm mais cara de que estão num cortejo fúnebre do que louvando a Deus”, mas isso está errado, pois “sem a alegria, o cristão não pode ser livre, mas, ao contrário, torna-se escravo da tristeza”.

É precisamente este o ponto em que os Papas Bergoglio e Montini se encontram, uma vez que, na conclusão da Gaudete in Domino se lê: “Irmãos e filhos caríssimos: não será normal que a alegria habite dentro de nós, quando os nossos corações contemplam e descobrem de novo, na fé, os seus motivos fundamentais? E estes motivos são simples, aliás: tanto amou Deus o mundo, que lhe deu o seu Filho único. Pelo seu Espírito, a sua presença não cessa de envolver-nos na sua ternura e de nos impregnar com a sua vida; e nós caminhamos para a transfiguração ditosa das nossas existências, seguindo rumo à ressurreição de Jesus. Sim, seria muito estranho que esta Boa-Nova que provoca os aleluias da Igreja não nos deixasse com o semblante de pessoas salvas!”

Paulo VI recorda nessa exortação o Apóstolo das gentes: “Estou cheio de consolação, estou inundado de alegria no meio de todas as tribulações” (7,3-4). Elas mostram que, mesmo entre as intempéries da vida, o verdadeiro discípulo de Cristo jamais perde a esperança, pois está inundado da alegria do Espírito Santo."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

quarta-feira, 16 de novembro de 2022

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

S. Agostinho | Aleteia

Dos Sermões de Santo Agostinho, bispo

(Sermo 21,1-4: CCL 41,276-278)                           (Séc.V)

O coração do justo exultará no Senhor

O justo alegra-se no Senhor e nele espera; e gloriam-se todos os retos de coração (Sl 63,11). Acabamos de cantá-lo com a voz e com o coração. A consciência e a língua cristãs dizem estas palavras a Deus: Alegra-se o justo, não com o mundo, mas no Senhor. A luz nasceu para o justo, diz outro lugar, e a alegria, para os retos de coração(Sl 96,11). 

Indagas donde vem a alegria. Escutas: Alegra-se o justo no Senhor, e noutro passo: Põe tuas delícias no Senhor e ele atenderá aos pedidos de teu coração (Sl 36,4). 

Que nos é indicado? O que é doado, ordenado, dado? Que nos alegremos no Senhor. Quem é que se alegra com aquilo que não vê? Acaso vemos o Senhor? Já o temos em promessa. 

Agora, porém, caminhemos pela fé; enquanto estamos no corpo, peregrinamos longe do Senhor (2Cor 5,7.6). Pela fé, não pela visão. Quando, pela visão? Quando se realizar o que diz o mesmo João: Diletíssimos, somos filhos de Deus; mas ainda não se fez visível o que seremos. Sabemos que, quando aparecer, seremos semelhantes a ele, porque o veremos tal qual é (1Jo 3,2). 

Neste momento, então, será a grande e perfeita alegria, o gáudio pleno, onde já não mais teremos o leite da esperança, mas a realidade nos alimentará. Contudo, desde agora, antes que nos chegue a realidade, antes que cheguemos à realidade, alegremo-nos no Senhor. Não é insignificante a alegria trazida pela esperança, já que depois será a posse. 

Agora, amamos na esperança. Por isso, alegra-se o justo no Senhor e logo em seguida, e nele espera, porque ainda não vê. 

Todavia, possuímos as primícias do espírito, e talvez de algo mais. Aproximamo-nos de quem amamos e, embora por uma gotinha, já provamos e saboreamos aquilo que avidamente comeremos e beberemos. 

Como é que nos alegramos no Senhor, se está longe de nós? Que ele não esteja longe! A estar longe, és tu que o obrigas. Ama e aproximar-se-á; ama e habitará em ti. O Senhor está próximo, não fiques inquieto (Fl 4,5-6). Queres ver como, se amares, estará contigo? Deus é caridade (1Jo 4,8). 

Dir-me-ás: “Em teu parecer, que é caridade?” A caridade é a virtude pela qual amamos. O que amamos? O bem salutar, o bem inefável, o bem de todos os bens, o Criador. Que te deleite aquele de quem tens tudo o que te deleita. Não digo o pecado, pois só o pecado não recebes dele. Dele é que terás tudo.

Por que a Igreja Católica é Santa?

Antoine Mekary | ALETEIA
Por Prof. Felipe Aquino

A Igreja é santa pelos meios de santificação que ela oferece: a graça santificante.

Alguns confundem os pecados dos “filhos da Igreja” com “pecados da Igreja”. É dogma de fé que a Igreja não tem pecado. O Papa Paulo VI disse no Credo do Povo de Deus, que ela é “indefectivelmente Santa”. Mas, por que ela é santa?

Em primeiro lugar porque é divina, Cristo é sua Cabeça e o Espírito Santo é sua alma. O seu único Fundador é santo: Jesus Cristo, o Verbo de Deus. Ele é a fonte de toda santidade, o “único santo”[LG, 39]. Todos os outros santos chegaram à santidade porque participaram da Sua Santidade. São Paulo disse aos efésios que Cristo santificou a Igreja – “se entregou por ela para santifica-la”. “Cristo amou a Igreja e se entregou por ela, para santificá-la, purificando-a pela água do batismo com a palavra, para apresentá-la a si mesmo toda gloriosa, sem mácula, sem ruga, sem qualquer outro defeito semelhante, mas santa e irrepreensível (Ef 5, 25-27).”

Graça santificante

A Igreja é santa pelos meios de santificação que ela oferece: a graça santificante. Só quem é santa pode dar levar outros à santidade. O Papa João Paulo II disse que a Igreja existe para nos levar à santidade. É pelos Sacramentos, pela doutrina que está nos Evangelhos, pela Liturgia, etc., que a Igreja santifica. Paulo VI disse no seu Credo que ela “não possui outra vida senão a da graça”[n.19] a qual procede de seu Fundador. Por isso o nosso Catecismo afirma que: “A Igreja, unida a Cristo, é santificada por Ele; por Ele e n’Ele torna-se também santificante. Todas as obras da Igreja tendem, como seu fim, ‘à santificação dos homens em Cristo e à glorificação de Deus’. É na Igreja que está depositada ‘a plenitude dos meios de salvação’. É nela que ‘adquirimos a santidade pela graça de Deus’.”[n.824]

E a Igreja é santa também em seus membros: São Paulo chamava os cristãos de “santos”[ Cf. Rm 1,7; Rm 15,26; Rm 16,15; 1Cor 1,2; 2Cor 1,1; Ef 1,1; Fl 1,1; 1Te 5,27; Hb 3,1.]. Todo cristão que está em estado de graça assemelha-se a Cristo, e vive a santidade. E a Igreja já canonizou mais de vinte mil santos; mesmo em nossos tempos de tanto paganismo e pecado, a Igreja continua canonizando santos: João Paulo II, João XIII, José de Anchieta, Padre Pio, Madre Paulina, Santa Faustina, Edith Sthein… Continuamente o Papa proclama novos beatos e santos. Essas pessoas são o reflexo da santidade da Igreja. Ela os levou à santidade.

Virgem Maria

A santa por excelência, Santíssima, foi a Virgem Maria, isenta de toda culpa do pecado original e de toda culpa pessoal. Nela, diz o Catecismo da Igreja,  “a Igreja já atingiu a perfeição, pela qual existe sem mácula e sem ruga, nela, a Igreja é já a toda santa”[n.829]. Além de Imaculada, ela é Virgem Perpétua e Assunta ao céu de corpo e alma, porque é a Santa Mãe de Deus (Aghios Theotókos).

Ao fundar a Igreja Jesus já sabia que nela haveria pecadores como Judas. Ele comparou sua Igreja à “rede que apanha maus e bons peixes” (cf Mt 13, 47-50); ao joio no meio do trigo (cf Mt 13, 24-30); à festa de casamento onde há convidados  sem a veste nupcial (cf Mt 22, 11-14)”.

A Igreja é santa porque é a única Instituição terrena que tem uma dimensão divina. Sua substância [=natureza, essência] permanece pura. Os homens podem pecar, mas a Igreja não.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa: preocupo-me com o crescimento de polarizações e extremismos

Jornadas da Pastoral Social de Buenos Aires | Vatican News

“A polarização corrói todas as tentativas de solução e a única coisa que ela cria é desconforto e descrença. Neste contexto, é imperativo recuperar nossa capacidade de diálogo, ou seja, aproximarmo-nos, escutarmo-nos, conhecermo-nos e reconhecermo-nos mutuamente para encontrar pontos de contato que nos ajudem a transcender”. Palavras do Papa na Mensagem por ocasião das Jornadas da Pastoral Social de Buenos Aires lidas na noite de segunda-feira (14/11).

Vatican News

Por ocasião das Jornadas da Pastoral Social de Buenos Aires deste ano, o Papa escreveu uma mensagem na qual destacou que, “a polarização corrói todas as tentativas de soluções e a única coisa que ela cria é o desconforto e a descrença". Neste contexto, "é imperativo recuperar nossa capacidade de diálogo; aproximarmo-nos, escutarmo-nos, conhecermo-nos e reconhecermo-nos mutuamente para encontrar pontos de contato que nos ajudem a transcender”, pois "para nos ajudarmos mutuamente, precisamos dialogar", disse Francisco.

Encontros para discernimento

As Jornadas da Pastoral Social, são organizadas pela Arquidiocese de Buenos Aires, que comemoram seu 25º aniversário este ano, reúne vários expoentes e líderes da sociedade civil. O Papa na mensagem enfatiza também "a necessidade e a importância deste costume saudável". De fato, "nos encontros tentamos discernir o presente e nos esforçamos para imaginar um futuro possível, e isto é urgente se considerarmos a situação mundial: as guerras, com sua ameaça nuclear; a recente pandemia e suas consequências em diferentes níveis; a crise ecológica e migratória; o aumento da cultura da exploração e do desperdício... problemas aos quais as situações locais poderiam ser acrescentadas".

Sem sentido de pertença

Por trás dessas realidades, confidenciou o Pontífice, "como uma música de fundo, preocupo-me com o crescimento de polarizações e extremismos que nos impedem construir e nos encontrarmos em um ‘nós’ comum. Há tantos conflitos nos quais a retirada para as trincheiras, muitas vezes ideológica, impede que sejam resolvidos". Infelizmente, segundo o Papa, "pouco a pouco se corroeu o sentido de pertença capaz de quebrar a tirania da divisão e do confronto, para possibilitar, com todas as legítimas diferenças que possam existir, a convergência de vontades na busca do bem comum, que é muito mais do que a soma de bens individuais".

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF