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terça-feira, 22 de novembro de 2022

Nossa Senhora do Rosário: a primeira Igreja Católica do Catar

@Facebook Parish Youth Ministry - Catholic Church of Our
Lady of Rosary Qatarr
Por Merche Crespo

O templo ficará aberto para receber os torcedores que quiserem ter um momento de oração durante a realização da Copa do Mundo.

A Igreja Católica de Nossa Senhora do Rosário (árabe: كنيسة سيدة الوردية) foi construída em Doha, em um terreno doado em 2005 pelo Emir do Catar.

A região, chamada de “Cidade da Igreja”, na periferia da capital do país, também abriga outras igrejas cristãs: anglicanas, ortodoxas gregas, ortodoxas sírias, coptas e cristãs indianas. Todas fazem parte do complexo religioso de Abu Hamour. 

Segundo o Vigário Apostólico do Norte da Arábia, Monsenhor Paul Hinder, durante os dias em que a Copa do Mundo for disputada “a igreja de Nossa Senhora do Rosário permanecerá aberta para todos os torcedores que quiserem ter um momento de oração e meditação”.

Igreja sem cruz

Esta imensa e moderna igreja, de forma arredondada, é a primeira construída no país desde a conquista muçulmana no século VII, embora o cristianismo tenha chegado antes do islamismo à Península Arábica.

Mas foi a religião islâmica que prevaleceu nessas terras e agora é a religião oficial desses estados, incluindo o Catar. Por esta razão, e devido às leis islâmicas, a igreja não exibe símbolos cristãos no exterior: nem cruzes, nem campanário, nem sinos.

Abertura religiosa

Antes da construção dessa Igreja, os católicos do país rezavam de improviso em “capelas” dentro de casa ou em escolas, já que o país proibia a prática de qualquer religião que não fosse o Islã. O padre John Vanderleen, professor da escola americana, era o único pároco do país. 

Mas em 1995, o novo emir do Catar, Hamad bin Khalifa Al Thani, concedeu liberdade de culto e outros padres receberam autorização para entrar no país. Além disso, o Catar estabeleceu relações diplomáticas com a Santa Sé em 2003 e o emir, inclusive, visitou o Papa Bento XVI no Vaticano.

Na época do anúncio desta decisão, soube-se que o governo do Catar iria ceder à Igreja Católica vários terrenos para a construção de templos, de acordo com as necessidades. E isso, de fato, tem acontecido.

A igreja de Nossa Senhora do Rosário

No dia da inauguração da Igreja de Nossa Senhora do Rosário, a Rádio Vaticano afirmou que este foi “um acontecimento de importância histórica após 14 séculos”. 

Foi no dia 14 de março de 2009 que aconteceram a inauguração e a consagração da igreja de Nossa Senhora do Rosário. 

Mais de 15.000 fiéis assistiram à missa de inauguração e consagração. O Cardeal Dias agradeceu “a Deus e ao Catar por este grande dom da Igreja” e, na ocasião, foi oferecido à nova paróquia um cálice enviado pelo Papa Bento XVI. 

Interior da Igreja de Nossa Senhora do Rosário

A igreja tem capacidade para receber cerca de 5.000 pessoas. É composta por um templo principal e duas capelas (Capela do Sacramento e Capela de Alverna).

O recinto possui ainda um edifício paroquial (com muitas salas para catequese e outras atividades), uma casa paroquial, uma biblioteca e uma cafeteria.

Mas o que mais impressiona no seu interior são as suas enormes dimensões e a explosão de cores, sobretudo graças aos vitrais, da autoria de Emile Hirsch.

Vitrais de grande formato

Graças às doações dos fiéis, a Igreja conseguiu comprar os vitrais, restaurá-los, transportá-los e instalá-los neste templo, em Doha. E o Ministério da Cultura da França autorizou sua saída do território francês. Eles agora são propriedade da Igreja Católica do Catar.

Os vitrais foram instalados de forma a ficarem protegidos do calor e da areia do local. Oito deles festão no coro da Igreja e outros dois na capela ao lado.

Todos tratam exclusivamente de temas religiosos: o profeta Isaías, a Árvore de Jessé, a apresentação da Virgem no Templo, a Anunciação, a visita da Virgem à sua prima Santa Isabel, a misericórdia, Cristo dá a comunhão à Virgem e a Assunção .

Cada vitral mede 3,7m x 0,98m e é feito de cacos de vidro unidos por tiras de chumbo.

Católicos no Catar

O templo está sob a administração dos sacerdotes da Ordem dos Frades Menores Capuchinhos, ordem encarregada pela pastoral do Vicariato Apostólico da Arábia do Norte, ao qual pertencem Bahrein, Catar, Arábia Saudita e Kuwait.

A Igreja Católica na Península Arábica desenvolveu-se rapidamente desde a década de 1990, em grande parte devido aos expatriados, principalmente das Filipinas e da Índia. Estes constituem a quase totalidade dos fiéis do Vicariato e trabalham, sobretudo, em empresas dos setores do petróleo, gás e construção.

Rito Latino e Rito Oriental

Embora não existam dados oficiais, estima-se que haja mais de 1 milhão de católicos na Arábia Saudita. Só no Catar seriam de 200.000 a 300.000 católicos.

Além a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, existem duas outras igrejas católicas no Catar, ambas de rito oriental: a Igreja Católica Sírio-Malancar de Santa Maria e a Igreja Sírio-Malabar de São Tomás. Cerca de 80% dos fiéis pertencem ao rito latino, enquanto o restante pertence ao rito oriental, siro malabar e siro malankar.  

Fiéis de quase todo o mundo

As missas no Catar acontecem nas diferentes línguas de seus fiéis: árabe, inglês, italiano, espanhol, urdu, tagalo, coreano, indonésio ou tâmil.

Monsenhor Hinder, Administrador Apostólico da região reconhece: “Somos uma igreja peregrina. O desafio é sermos uma igreja multicultural, multilíngue e multirracial, composta por fiéis de mais ou menos quase todo o mundo”.

No entanto, a Península Arábica tornou-se agora uma comunidade cristã viva, uma “ponte” entre diferentes áreas do mundo e, portanto, entre diferentes culturas.

Podemos aproveitar especialmente estes dias Copa para rezar pelos nossos irmãos do Catar e por todos aqueles que têm dificuldade em viver a sua fé. Que Nossa Senhora do Rosário os proteja!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Dom Paulo Cézar celebra a abertura do 3° Ano Vocacional do Brasil

Missa na Catedral de Brasília com Dom Paulo Cezar | arqbrasilia

Dom Paulo Cézar celebra a abertura do 3° Ano Vocacional do Brasil

Neste domingo (20), o Cardeal Arcebispo Dom Paulo Cezar Costa presidiu a abertura do 3° Ano Vocacional do Brasil, na Catedral de Brasília, durante a Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. A celebração contou com a participação de sacerdotes, seminaristas, religiosas, consagrados e leigos.

Durante a homilia, Dom Paulo ressaltou que a realeza de Jesus é afirmada na Cruz. “Ele é o Rei do amor. A fé em Cristo é o encontro com o esse Amor e destrói nossa lógica humana. Jesus é o rei que salva quem confia nEle, quem se abandona ao Seu amor”.

Sobre a abertura do Ano Vocacional, o Arcebispo Cardeal relembrou que, diante da diversidade e beleza que temos na Igreja, esse é um tempo especial para refletir as vocações. “Que todos se sintam vocacionados. Que seja um ano rico de organização, oração, esperança e reflexão. Todo batizado é vocacionado e responde ao um chamado de Deus. Que possamos dar passos concretos”, afirmou. O tema do Ano Vocacional é “Vocação: graça e missão“ e, o lema, “Corações ardentes, pés a caminho”.

Ao final da celebração, Dom Paulo falou sobre uma inspiração pastoral para o tempo do Advento. Ele afirmou que o drama da pandemia revelou a fragilidade humana. E que a situação foi agravada pelo pleito eleitoral que acirrou a polarização da sociedade, onde as discussões e opções políticas colocaram as pessoas em lados opostos, criando inimizades, fragilizando laços familiares.

Diante deste cenário, Dom Paulo pediu que as iniciativas sejam realizadas nas paróquias e comunidades.

“Que neste tempo de espera e de preparação para o nascimento de Jesus, recordado e celebrado em cada Natal, possamos orientar nossas mentes e corações para restabelecer vínculos fraternos, para fortalecer os nossos laços de família, para estabelecermos a paz entre nós. O Senhor, em seu amor, nos estabeleceu a todos como irmãos!”, diz a carta assinada pelo Cardeal Arcebispo.

Solenidade
Celebramos, hoje, o último domingo do Ano Litúrgico, chamado Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. Nesta data, a Igreja nos coloca frente à realeza do Rei Jesus que consiste no serviço fraterno.

A solenidade de Cristo Rei foi instituída pelo papa Pio XI em 1925. É celebrado Cristo como o Rei bondoso e pastor que guia todo seu rebanho o Reino Celestial, preparando-os para a sua volta.

Abertura do 3º Ano Vocacional

Coletiva de imprensa | cnbb

ABERTURA DO 3º ANO VOCACIONAL É MARCADA POR COLETIVA DE IMPRENSA REALIZADA NO SANTUÁRIO NACIONAL

O 3º Ano Vocacional, em nível nacional, iniciou-se com a celebração da Eucaristia no Santuário Nacional de Aparecida, no sábado, dia 19, precedido por uma coletiva de imprensa que contou com a presença de dom João Francisco Salm, presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), da irmã Maristela Ganassini, assessora do Setor Juventudes e Vocações da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) e a presidente do Conselho Nacional do Laicato no Brasil (CNLB), Sônia Gomes de Oliveira.

Na coletiva, o presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, dom João Francisco Salm, destacou que o Ano Vocacional 2023 surgiu do IV Congresso Vocacional do Brasil, posteriormente aprovado por unanimidade pela Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Com o tema “Vocação: Graça e Missão” e o lema “Corações ardentes, pés a caminho” se procurou “refletir aquilo que a Igreja neste momento precisa, aquilo que pudesse ser de fato resposta e inspiração para essa experiência tão especial, todo um ano dedicado à questão das vocações”, segundo dom João Salm.

O presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada destacou que nos elementos recolhidos apareceu “uma Igreja de comunhão, uma Igreja de sinodalidade, que fosse uma Igreja do Vaticano II, que houvesse o espírito de uma Igreja missionária, uma Igreja em saída, uma Igreja aberta aos pobres, uma Igreja que se colocasse ao serviço de Jesus Cristo na vida D´ele doada à humanidade hoje, de acordo com as necessidades do nosso tempo”.

D. Salm | cnbb

O bispo de Novo Hamburgo destacou a importância de trabalhar a vocação como “uma experiência, uma realidade que diz respeito a toda vida humana”, insistindo em que todo batizado, “cada um, cada uma, vive uma vocação específica”. Lembrando a exortação do Sínodo da Juventude, o bispo definiu a vocação como “um entrelaçamento entre Deus que toma a iniciativa e a pessoa humana na sua resposta livre”, ressaltando a dimensão de liberdade presente em toda vocação.

“Daí surge a visão da vocação como graça, como dom, como algo que tem uma dimensão de Mistério, presente no tema, e o encontro com Jesus, que faz arder o coração e nos põe a caminho, elemento presente no lema”, insistiu dom Salm.

Despertar vocacional das juventudes

Ir. Maristela | cnbb

Em sua fala, a irmã Maristela Ganasini, assessora do Setor Juventudes da Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB), apontou que os outros dois anos vocacionais, realizados há 40 e 20 anos, “traziam a perspectiva do caminho para a cultura vocacional, algo que tem como objetivo este terceiro ano, buscando “oportunizar às nossas juventudes o despertar vocacional”.

A religiosa destacou que a primeira vocação é à vida, o que depois leva a fazer uma escolha a uma vocação específica. A religiosa das Filhas do Sagrado Coração de Jesus destacou a importância de esta ser “uma temática transversal, que vai perpassando nas nossas comunidades, nas nossas famílias”. Junto com isso, “nos tornarmos sensíveis, olhar para todas as vocações”, sem ficar só no ser padre ou irmã.

Também destacou a importância da teologia da graça, de ser missionários, igreja em saída, do acompanhamento personalizado das juventudes e fazer o convite direto às vocações específicas. Um outro elemento que deve, segundo a religiosa, são as equipes vocacionais, buscando incentivar uma dinâmica que perpasse todas as pastorais e movimentos.

Vocação laical

Sônia Gomes | cnbb

Ao relembrar o Documento 105 da CNBB, a presidente do Conselho Nacional do Laicato do Brasil (CNLB), Sônia Gomes de Oliveira, afirmou que a vocação laical nos remete ao “verdadeiro sujeito eclesial, maduro na fé, testemunha do amor à Igreja, a serviço dos irmãos, permanece à escuta da Palavra de Deus, obediente à inspiração do Espírito, que tenha coragem para dar testemunho na defesa dos irmãos”. A partir daí, Sônia falou sobre o que é um sujeito maduro na fé, afirmando que “a partir do Batismo, nós fomos chamados a ser corresponsáveis na evangelização”.

O olhar da vocação laical, segundo a presidente do CNLB, “tem que ser para o interno da Igreja, olhando o ministério, mas a missão específica nossa é na sociedade”. Ela insistiu no testemunho do amor à Igreja, “que vem a partir daquilo que nós recebemos a partir do nosso chão, a partir da catequese, da vida na comunidade, a partir da vida nos espaços onde nós estamos”. Junto com isso destacou o serviço aos irmãos, nas periferias, onde a vida está ameaçada, sendo bálsamo e alento.

“Para isso se faz necessário escutar a Palavra para entender que estamos ao serviço de Jesus Cristo e evitar que cada um se anuncie a se mesmo. Aí dar testemunho, em espaços que precisam da presença do cristão leigo, suscitando vocacionados para cada espaço, partindo do fato de assumir o Batismo, de ser Igreja”.

Desafios no âmbito vocacional

No trabalho vocacional, a irmã Maristela fez um chamado a aprender com as juventudes, a estar com eles, a sentir, viver o que eles vivem. Junto com isso, o desafio de estar no mundo virtual, nas redes sociais, de evoluir na linguagem, de ressignificar as relações internas dentro da vida religiosa, a espiritualidade. Ela pediu para não se preocupar com quantidade e sim com que os vocacionados tenham o ardor missionário. Sempre em um trabalho organizado e contando com os materiais que ajudam a vivenciar o Ano Vocacional.

Falar de vocação é segundo dom Salm, “falar desses carismas que Deus dá a cada um”. Em um tempo de transformação, em que o mundo vive uma grande crise, em uma mudança de época, o bispo de Novo Hamburgo fez um chamado a “descobrir a pessoa de Jesus, nos encontrarmos com Ele, e a partir d´Ele começar a fazer um outro trabalho de renovação das nossas vidas”. Isso em um mundo que não é mais de Cristandade e que desafia a fazer cristãos, recordando as palavras de Tertuliano, a partir do testemunho de vida, destacando a importância de saber apresentar o modo de viver de Jesus, levando o jovem a uma experiência, onde a gente reflete, encontra respostas e faz seguir um caminho novo.

O presidente da Comissão para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada da CNBB vê a crise no âmbito vocacional como momento de possibilidades, ainda mais em um tempo em que precisa-se encontrar caminhos novos, vendo o Ano Vocacional como um tempo de criatividade, chamando a planejar atividades, a pensar o que se quer alcançar. O bispo destacou três áreas no campo vocacional: a formação, a oração e o chamado direto a partir de experiências impactantes, que são apelo para o jovem.

Confira a coletiva na íntegra:


Com informações do Padre Modino/Celam

Santa Cecília

Santa Cecília | cancaonova
22 de novembro
Santa Cecília

Santa Cecília nasceu provavelmente no ano 150, em Roma. Era filha de um Senador Romano, da família nobre dos Metelos. Era cristã, e desde pequena fez voto de castidade para viver o Amor de Deus e de Cristo. Como cristã numa época tão antiga, e em Roma, ela certamente herdou a fé dos discípulos de São Paulo, que levou a fé até Roma, e de São Pedro, o primeiro papa.

Cecília herdou a fé desses santos homens e de tantos outros que foram martirizados exatamente em Roma. O cristianismo que Cecília recebeu em sua formação, era o cristianismo dos mártires, dos heróis da fé. Cecília foi cristã numa Igreja perseguida, numa Igreja que ainda era minoritária, porém, cheia de profunda fé, esperança e coragem.

História de Santa Cecília

No transcorrer normal de sua vida, quando jovem ela foi prometida e dada em casamento a um jovem chamado Valeriano. No dia do casamento ela estava muito triste. Então, ela  chamou seu noivo disse a ele toda verdade sobre sua fé. Disse que tinha feito voto de castidade para Deus, e começou a falar das glórias de Deus e de Jesus Cristo ao jovem, que a ouvia boquiaberto com a força de suas palavras e a convicção que vinha de seu coração.

Tamanho foi o poder das palavras de Cecília que, após ouvi-la, ele se converteu, entendeu a promessa de sua noiva e disse que iria respeitá-la em sua decisão. Naquela mesma noite ele recebeu o batismo. Valeriano contou o que ocorrera para seu irmão Tiburcio e este também, impressionado, se converteu. Ambos eram pagãos.

A primeira canção de Santa Cecília

Santa Cecília, então, vendo a maravilha que Deus estava operando através dela, agradecida, cantou para Deus: Senhor, guardai sem manchas o meu corpo e minha alma, para que não seja confundida. Foi um canto inspirado e emocionante, que tocou profundamente o coração de todos. Daí vem o fato de ela ser considerada a padroeira dos músicos cristãos.

O prefeito de Roma, Turcius Almachius, teve conhecimento da conversão dos dois irmãos e quis o tesouro dos dois irmãos nobres e ricos. Os dois irmãos, porém, já tinham distribuído todos os seus bens aos pobres. O prefeito de Roma exigiu, então, sob pena de morte, que os dois abandonassem a nova fé. Os dois, porém, alimentados com a força do cristianismo nascente e cheios do poder de Deus, não renegaram sua fé. Assim, foram condenados à morte e decapitados.

Milagres de Santa Cecília

Santa Cecília foi chamada ao conselho romano logo em seguida. Isso aconteceu  provavelmente no ano 180. O conselho exigiu primeiro que ela revelasse onde estaria o tesouro dos dois irmãos. Ela disse que tudo já tinha sido distribuído aos pobres.

O prefeito, furioso, exigiu que ela renunciasse a fé cristã e adorasse aos deuses romanos. Cecília negou-se mostrando muita coragem e serenidade diante de todos. Condenaram-na à tortura. Mas, estando ela diante dos soldados romanos para ser torturada, ela falou a eles sobre as maravilhas de Deus, sobre a verdadeira religião, sobre sentido da vida, que é o seguimento de Jesus Cristo. Os soldados, maravilhados com uma mensagem que nunca tinham ouvido, ficaram do lado de Cecília, dizendo que iriam abandonar o culto aos deuses. Essas inúmeras conversões foram milagres que Deus operou através de Santa Cecília para que essas pessoas alcançassem a felicidade  e a salvação.

O prefeito então, aborrecido e furioso, deu ordens para outros algozes trancarem Santa Cecília no balneário de águas quentes do seu próprio castelo, logo na entrada dos vapores. Ali, ela seria asfixiada pelos vapores ferventes que aqueciam as águas. Ninguém conseguia ficar ali por mais de alguns minutos. Era morte certa.

Porém, para surpresa de todos, milagrosamente ela foi protegida e nada lhe aconteceu. Todos ficavam impressionados com a fé daquela jovem, frágil, que enfrentava a morte sem receio por causa da grande fé que tinha em seu coração. Mas o prefeito, irredutível, mandou que ela fosse morta com três golpes de machado em seu pescoço.

O algoz obedeceu, mas não conseguiu arrancar sua cabeça, coisa que ele estava acostumado a fazer com apenas uma machadada. Santa Cecília permaneceu viva ainda por 3 dias, conversando e dando conselhos a todos que corriam para vê-la e rezar por ela.

Martírio de Santa Cecília

Por fim, pressentindo sua morte iminente, Santa Cecília pediu para o Papa entregar todos os seus bens aos pobres e transformar sua casa numa igreja. Antes de sua morte, em seus últimos momentos neste mundo, sentindo que sua missão estava cumprida mesmo ela sendo ainda tão jovem, Cecília conseguiu cantar louvando a Deus, cantando as maravilhas de Deus.

Por isso, ela é a padroeira dos músicos e da música sacra. Depois disso, a fisicamente frágil e interiormente forte jovem romana que desafiou os poderes deste mundo, entregou seu espírito ao Pai Celestial. Após sua morte ela foi sepultada pelos cristãos na catacumba de São Calisto e desde então passou a ser venerada como mártir.

Descoberta do túmulo de Santa Cecília

O túmulo de Santa Cecília ficou desaparecido por muitos séculos. No século IX, Santa Cecília apareceu ao Papa Pascoal l (817-824). Logo após este fato, seu túmulo foi encontrado e lá estava o caixão com as relíquias da Santa.

O corpo dela estava intacto, na mesma posição em que ela foi enterrada. Ao lado da Santa estavam também os corpos de Valeriano e Tiburcio. No ano de 1599, o Cardeal Sfondrati mandou abrir o tumulo de Santa Cecília, e seu corpo foi encontrado na mesma posição que estava quando o Papa Pascoal l a encontrou. Sua festa é celebrada em 22 de novembro, dia dos músicos e da música.

Oração a Santa Cecília

Ó Virgem e mártir, Santa Cecília, pela fé viva que vos animou desde a infância, tornando-vos tão agradável a Deus e ao próximo, merecendo a coroa do martírio, convertendo pagãos ao cristianismo, alcançai-nos a graça de progredir cada vez mais na fé e professá-la através do testemunho das boas obras, especialmente servindo aos irmãos necessitados. Alcançai-nos também a graça de sempre louvar a Deus com canções espirituais.

Gloriosa Santa Cecília, que os vossos exemplos de fé e virtude sejam para todos nós um brado de alerta, para que estejamos sempre atentos à vontade de Deus, na prosperidade como nas provações, no caminho do céu e da salvação eterna. 

Santa Cecília, padroeira dos músicos e artistas, rogai por nós. 

Amém.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

Tomás Reggio

Tomás Reggio | arquisp
22 de novembro

Tomás Reggio

Descendente de nobres, Tomás nasceu na cidade de Gênova, na Itália, em 9 de janeiro de 1818. Aos vinte anos, decidiu dedicar-se à vida religiosa, deixando para trás o luxo e uma carreira brilhante. Escolha essa definitiva, pois, ao receber a ordenação sacerdotal, fez voto de pobreza.

Apesar da pouca idade, foi nomeado vice-reitor do seminário de Gênova, aos vinte e cinco anos, e logo depois assumiu a titularidade da reitoria. Sua dedicação na formação dos futuros sacerdotes era para que realmente eles estivessem dispostos a um compromisso pleno e total de suas vidas, sem receios, com Deus e com Igreja.

Em 1877, foi consagrado bispo de uma diocese genovesa muito pobre, chamada Ventimiglia, onde foi um pastor visionário e verdadeiro guia espiritual do seu rebanho. Convocou três sínodos em quinze anos, criou novas paróquias, renovou a liturgia e trabalhou para aumentar a atuação da assistência social aos pobres e doentes da diocese.

No primeiro ano de seu bispado, fundou a Congregação das Religiosas de Santa Marta, com o objetivo de acolher os mais pobres entre os pobres. Essas religiosas aprenderam com ele a adorar a Deus em silêncio, a alimentar-se da oração, a encontrar, de joelhos, as razões de uma fé que faz descobrir Cristo nos mais necessitados. Mais tarde, dom Tomás direcionou a Congregação das Religiosas de Santa Marta para servir como enfermeiras nos asilos, orfanatos e hospitais de misericórdia.

Apesar da idade avançada, quando um terremoto devastou a região dom Tomás agiu rapidamente. Pedindo ajuda financeira aos nobres locais, imediatamente construiu um orfanato e um hospital, que foram entregues aos cuidados de suas religiosas. Também conseguiu verba para reconstruir sua diocese, recuperando todas as igrejas e paróquias atingidas pela catástrofe.

O papa Leão XIII nomeou dom Tomás arcebispo de Gênova quando ele já contava com setenta e quatro anos de idade. Apesar das dificuldades, entrou em ação e criou a Pontifícia Faculdade Católica de Direito e a Escola Superior de Religião.

Foi ele também que celebrou em Roma o ritual religioso para o sepultamento do rei Humberto I, assassinado em Monza em 1900. No ano seguinte, aceitou o convite para a festa de inauguração da estátua do Redentor instalada no alto do monte de uma cidade de sua diocese. Quando viajava, como sempre na terceira classe de um trem, passou mal e não conseguiu chegar ao destino. Morreu, na cidade de Triora, em 22 de novembro de 1901.

O papa João Paulo II proclamou-o bem-aventurado no ano jubilar de 2000. As suas filhas, Religiosas de Santa Marta, hoje se encontram servindo em muitos países de todos os continentes, até no Brasil. Por isso a festa que celebra a sua lembrança, e que ocorre no dia de sua morte, é muito comemorada pelos fiéis.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

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segunda-feira, 21 de novembro de 2022

Maria, agraciada, medianeira de todas as graças

Maria, medianeira de todas as graças | nadateespante
MARIA, AGRACIADA, MEDIANEIRA DE TODAS AS GRAÇAS

 

 Dom Valdir Mamede

Bispo de Catanduva (SP)

“Porque um só é Deus, também há um só Mediador entre Deus e os homens, o homem Cristo Jesus, que se entregou para a redenção de todos” (1 Tim 2,5-6)

Embasada nos textos das Sagradas Escrituras, a Igreja sempre reconheceu e professou a fé na mediação única do Cristo “que se entregou para a redenção de todos” (1 Tim 2,6), e que, portanto, possui “o nome único pelo qual devemos ser salvos” (Ef 2,9). Trata-se de dado constitutivo, essencial, da fé que a comunidade dos crentes deve professar, mas, que exige o esforço da ciência teológica para ser explicitado nas minúcias que o compõem. Neste contexto é que se deve entender a afirmação clássica acerca da mediação materna que a Bem-aventurada Virgem Maria exerce a favor dos crentes, a fim de que “nenhum deles se perca”. E o Concílio Vaticano II esclarece que “a materna missão de Maria a favor dos homens de modo algum obscurece nem diminui esta mediação única de Cristo, mas até ostenta sua potência, pois todo o salutar influxo da Bem-aventurada Virgem a favor dos homens não se origina de alguma necessidade interna, mas do divino beneplácito” (LG 60).

Os padres da época imediatamente sucessiva à dos apóstolos, no período designado como Patrística, começaram a compreender e a ensinar que, em previsão dos méritos de Cristo, e sempre a Ele referida, a Santíssima Virgem ocupa um lugar primordial na economia da salvação. Assim, ao constatar que “o Verbo se fez carne, e habitou entre nós” (Jo 1,14), compreenderam que a proposta divina tendo encontrado acolhida generosa no seio de Maria, fez com que ela fosse agraciada com graça maior e mais importante: tornara-se a Mãe do Redentor, a casa da carne do Deus que se fez carne, para resgatar a pessoa humana, devolvendo-lhe a dignidade perdida.

Deste modo, na compreensão patrística, ao Sim generoso de Maria, se segue que Deus tenha querido que a Sua graça chegasse às criaturas mediante sua mediação materna. Como afirma o autor da Carta aos Hebreus, “nestes dias, que são os últimos” (Hb 1,2), Deus abriu o caminho das graças em Seu Filho único. E a Bem-aventurada Virgem que fora “coberta com a Virtude do Altíssimo” (Lc 1,35), agora se torna colaboradora eficaz, despenseira de todas as graças, apontando para o Cristo, e assoprando aos ouvidos dos crentes: “façam aquilo que Ele vos disser” (Jo 2,5). Se Deus é onipotente porque pode em si todas as coisas, a Maria se atribui o título honroso de “onipotência suplicante”, já que alcança do Filho tudo o que necessitam aqueles que aos pés da cruz lhe foram dados como filhos (cf. Jo 19,25-27). Assim, a mediação de Maria se exerce através do Cristo, sempre e exclusivamente através d’Ele, donde se entenda a afirmação popular, “pede à Mãe, que o Filho atende”.

Ao refletir acerca da mediação única, exercida pelo Cristo junto ao Pai, em favor dos homens, os teólogos costumam afirmar que ela é perfeitíssima. Porém, que pode ser entendida desde duas perspectivas: ascendente e descendente. Ascendente, enquanto o Cristo ora e se sacrifica pelos seus; Descendente, enquanto distribui seus dons aos homens. Contudo, ao ser referir à mediação materna de Maria, o fazem sob a ótica de quatro interessantes observações: subordinação; não necessariedade; perpetuidade; irresistibilidade.

Este modo, a mediação materna é, sempre e em todas as ocasiões e circunstâncias, subordinada e dependente dos méritos de Cristo; não necessária, no sentido de que “basta o Cristo”, mas é do agrado de Deus que assim o seja; perpétua, quer dizer, até o retorno glorioso do Cristo na Parusia; irresistível, no sentido de que o Filho sempre atende à Mãe, zelosa cuidadora daqueles que lhe foram entregues aos pés da cruz.

Concluindo, em Maria, tudo se refere a Cristo, d’Ele provém e para Ele deve retornar. Por isso, a Igreja nunca teve pretensão de dar-lhe um lugar que não lhe competisse. Ela é a seta que aponta para o caminho único que leva ao Pai, o seu Filho Jesus Cristo. E nós a ela devemos recorrer, “gemendo e chorando neste vale de lágrimas”, pois sempre nos mostrará “Jesus, o bendito fruto do seu ventre”. Aliás, o nosso amor e devoção a Maria, “de modo algum impede, mas até favorece a união imediata dos fiéis com Cristo” (LG 60).

Palavra Oficial

Cardeal Dom Paulo Cezar Costa
Arcebispo de Brasília

Palavra Oficial

Fratelli Tutti!
Todos irmãos!

São com estas palavras que o Papa Francisco inicia sua carta encíclica sobre a fraternidade e a amizade social, inspirado nas palavras de São Francisco de Assis. Na conclusão de mais um ano litúrgico, onde todas as coisas são recapituladas em Cristo (Ef 1, 10), Rei do Universo, minha primeira palavra quer ser de gratidão a todos (as) pela unidade de fé e de vida sustentada em nossa amada Arquidiocese de Brasília. Um agradecimento especial aos nossos dedicados presbíteros que desgastam a vida com alegria nas nossas 157 paróquias, 2 áreas pastorais e seminários. Obrigado por fazerem a diferença. Neste mesmo sentido, minha gratidão aos religiosos e religiosas pela doação em tantas obras e colégios desta grande cidade. Deus lhes pague e sustente.

Mas não menos importante é a dedicação do nosso laicato que, gratuitamente, se desgasta nas pastorais, movimentos e nas diversas atividades da vida de nossas paróquias e da Arquidiocese. Obrigado pela vossa generosa doação. Deus lhes pague e sustente. Estamos dando passos num caminho pastoral que envolve a todos (as), na busca de sermos uma Igreja evangelizadora e missionária centrada na Palavra de Deus, como nos indica o nosso Plano Pastoral. Fundamental é, também, o caminho que estamos trilhando na dimensão social da fé, principalmente agora com o projeto “Partilha Brasília”.

Contudo, há uma preocupação que está inquietando o meu coração de pastor. Este tempo que passou, nos colocou diante de situações tão extremas, que fomos provados na nossa existência e nas nossas relações. A humanidade está vivendo ainda o drama da pandemia de COVID-19 que revelou nossa fragilidade, trouxe perdas irreparáveis e danos profundos. Papa Francisco mostrou como “a tempestade desmascara a nossa vulnerabilidade e deixa à descoberto as falsas e supérfluas seguranças com que construímos os nossos programas, os nossos projetos, os nossos hábitos e prioridades” (FRANCISCO, Fratelli Tutti, 32). Esta situação foi agravada pelo pleito eleitoral que acirrou a polarização na nossa sociedade, onde as discussões e opções políticas colocaram as pessoas em lados opostos, criando inimizades, fragilizando laços familiares. Fomos provados em nossa humanidade e em nosso caminho de fé.

Diante de tais circunstâncias, me veio ao coração uma inspiração pastoral para o tempo do Advento que se inicia: Que neste tempo de espera e de preparação para o nascimento de Jesus, recordado e celebrado em cada Natal, possamos orientar nossas mentes e corações para restabelecer vínculos fraternos, para fortalecer os nossos laços de família, para estabelecermos a paz entre nós. O Senhor, em seu amor, nos estabeleceu a todos como irmãos! É preciso contemplar a ternura do presépio e nos deixarmos comover por ela. A vinda do Filho de Deus à nossa história na simplicidade e humildade deve nos interpelar. Sua entrada na nossa história revela que somos todos filhos e filhas no mesmo Pai que está no céu e salvos em Cristo. Somos irmãos entre nós. Essa realidade precisa ser traduzida de forma cristã no nosso entendimento de vida, na nossa vida afetiva, nos nossos relacionamentos e nas nossas ações. É preciso sentirmos que quem está ao nosso lado não é um inimigo, mas um irmão, uma irmã a quem devemos amar, pois o amor rompe “as cadeias que nos isolam e separam, lançando pontes; o amor que nos permite construir uma grande família na qual todos nós podemos nos sentir em casa (…). Amor que sabe de compaixão e dignidade” (FRANCISCO, Fratelli Tutti, 62).

Neste esforço, diversas iniciativas acontecerão em nossas paróquias e comunidades. O secretariado de Pastoral ajudará propondo algumas iniciativas.
Pedimos aos sacerdotes, diáconos, religiosos(as) e consagrados(as), lideranças de pastoral e a todo o povo de Deus que se esforcem para serem sinais, ainda mais luminosos, de reconciliação e de paz neste período, ajudando a todos membros da Igreja e também de toda a sociedade civil, a seguir construindo uma sociedade mais reconciliada, onde todos se sintam irmãos e irmãs.

Que Senhor nos ajude a sermos, instrumentos da paz! Em Cristo,

Dom Paulo Cezar Costa Cardeal Arcebispo de Brasília

Processo de Dom Hélder supera fase diocesana e chega ao Vaticano

Dom Hélder Câmara | Vatican News

Tem início uma nova fase do processo de beatificação de Dom Hélder Câmara: concluída a etapa diocesana, começa a chamada "fase romana". Agora, o Dicastério das Causas dos Santos aguarda a nomeação de um Relator para a elaboração da "Positio", isto é, o volume que sintetiza as provas coletadas na Diocese. Uma vez aprovada, o Papa poderá declarar Dom Hélder "venerável".

Vatican News

O 18º Congresso Eucarístico Nacional se concluiu no dia 15 de novembro, em Recife, com uma grande notícia:

O arcebispo de Olinda e Recife, Dom Fernando Saburido, leu a seguinte comunicação assinada pelo Frei Jociel Gomes, OFMCap., vice-postulador da Causa de Dom Hélder:

“Comunico que foi emitido hoje, em Roma, o decreto de Validade Jurídica de Dom Hélder Câmara, reconhecendo que todos os atos e toda a documentação feitos na Arquidiocese foram aprovados pelo Dicastério das Causas dos Santos. Doravante, solicitaremos a nomeação de um Relator e iniciaremos a elaboração da Positio, que será, posteriormente, analisada pelas comissões de historiadores, teólogos, bispos e cardeais, a fim de que deem os seus pareceres. Com a aprovação destas comissões, o Papa poderá declará-lo “Venerável”.”

De acordo com Dom Fernando, os presentes “vibraram, aplaudiram e ficaram felizes com esta grande notícia”.

“Uma grande alegria que encheu os corações e vamos rezar para que o quanto antes possamos ver este processo caminhar e termos no futuro a satisfação de ter Dom Hélder, este grande bispo da nossa Igreja, como um santo, alguém que mereceu o reconhecimento da Igreja pelas suas virtudes, pelos seus valores, sendo um modelo de vida para todos nós.”

O fascínio e a raiva na juventude

Halfpoint | Shutterstock
Por Francisco Borbaq Ribeiro Neto

O que é a vida adulta senão nossa tentativa de realizar um projeto esboçado, mesmo que de forma muito idealizada, na juventude?

Quem trabalha na universidade, como eu, vive cercado por jovens. Quando me dou conta disso e olho para eles com particular atenção, me veem à mente uma passagem do sociólogo Karl Manheim, que citando Nietzsche, diz que podemos dizer “Esqueci porque comecei”. Quando li essa passagem, na minha própria juventude, me perguntei como poderia alguém esquecer das razões que o levam a fazer o que faz? Como, imaginava eu, seria vazia uma vida assim! O tempo passou e o espanto foi dando lugar à constatação de que todos nós, muitas vezes, vivemos de modo maquinal, fazendo as coisas porque elas devem ser feitas, sem nos darmos conta de nossas motivações.

Paralelamente, fui entendendo também uma admoestação que o sacerdote italiano Luigi Giussani fazia aos adultos, dizendo-lhes que deviam olhar para os jovens e reaprender com eles: os mais velhos precisam sempre recuperar as razões que os levam a fazer o que fazem – e olhar os jovens pode ser muito útil para uma retomada. Afinal, o que é a vida adulta senão nossa tentativa de realizar um projeto esboçado, mesmo que de forma muito idealizada, na juventude?

A busca por uma vida que valha a pena viver

Sou particularmente fascinado por aqueles jovens que manifestam uma enorme paixão pela vida, que estão buscando obter sempre o máximo de cada situação. Quando eu era jovem, em meu primeiro “retiro espiritual” como universitário, o padre que nos acompanhava, Pigi Bernareggi, disse que seguir a Cristo era nossa possibilidade de abraçar o mundo, com tudo aquilo que tinha de bom e mal. Se não vivêssemos o cristianismo assim, podíamos ir embora, pois a vida cristã era muito exigente para não nos entregar, em retribuição, o mundo inteiro.

Pigi era um cristão extremamente radical e extremo, mas, sempre que encontro esses jovens que parecem explodir com seu desejo de vida, sou obrigado a recordar a grandeza da promessa cristã. Recordar que “o cêntuplo” não é força de expressão, ou objeto de uma contabilidade mesquinha de ganhos e perdas advindos de uma conduta moralmente justa. O cêntuplo é o mundo, quer seja vivido por um papa que é referência para milhões, que percorre o globo em viagens internacionais, quer seja vivida por uma monjinha humilde, que passou sua vida em seu convento, como Teresa de Lisieux.

Ao mesmo tempo, me entristece ver certos jovens “bonzinhos”, que parecem ter perdido o ímpeto da juventude e desde logo se tornam conformistas, se autointitulando realistas ou moralmente bons. É verdade que as explosões de vida juvenis frequentemente se perdem em condutas inadequadas para o próprio desenvolvimento da pessoa, mas negar a busca juvenil por realização, felicidade, prazer e justiça não ajuda a construir um mundo melhor – pode inclusive levar a uma vida arrependida pelas “ocasiões perdidas”.

A frustração com a vida adulta

A pior coisa que um jovem pode dizer para um adulto é “quando tiver a sua idade, não quero ser como você”. Infelizmente, é algo que pode não ser dito, mas é pensado com enorme frequência. Existem casos em que se trata de um julgamento totalmente injusto. O jovem simplesmente não entende as condições de vida do adulto, suas limitações e as formas pelas quais se realiza humanamente mesmo enfrentando essas limitações. Ou então, ainda não viveu certas aspirações típicas da vida adulta, como a paternidade e a maternidade, que implicam num espírito de doação pouco evidente para quem ainda está descobrindo a si próprio. Contudo, muitas vezes esse juízo corresponde realmente a um dado real, à perda das esperanças da juventude, ao conformismo diante das injustiças do mundo, do amesquinhamento do coração como forma de sobrevivência… Ou, pior ainda, em comportamentos autoritários e destrutivos, que oprimem o outro para desafogar as próprias frustrações.

E aqui surge o outro lado da medalha: paralelamente a essas fascinantes explosões de vida encontramos expressões de raiva e desatino igualmente frequentes na juventude. Por que os jovens tantas vezes parecem agir assim? Um dado óbvio e inevitável é que o jovem, ainda não sendo autônomo, frequentemente tem sua vontade contrariada – e ninguém gosta de ser contrariado. Mas não é só isso…

A juventude é o período em que nos damos conta do caráter ilusório de muitos sonhos da infância, que constatamos as contradições do mundo e a fragilidade dos adultos. A perda das ilusões, o medo do fracasso e a falta de perspectivas estimulantes podem levar ao ressentimento e à raiva, a uma ávida e pouco sensata busca pelo prazer e pelo alívio das tensões. Nesse momento, a falta de uma orientação segura e de um modelo de vida adequado se tornam particularmente perigosos.

Um caminho para não se deixar levar por ideologias

A grande questão, tanto para os jovens quanto para os adultos, é não perder a relação com aqueles que são sinal de uma humanidade intensamente vivida, que nos ajudam a reconhecer toda a beleza e a grandeza da existência. Às vezes nos assustamos com o impacto das ideologias sobre a mentalidade dos jovens. Coremos o risco de agir como quem se preocupa em não se contaminar com uma doença, mas não procura fortalecer o organismo… Acaba não pegando uma doença, mas pega outra…

Uma existência bem vivida, a consciência de ter experimentado a riqueza que a vida nos oferece e a liberdade de quem sabe o valor daquilo que está vivendo são as melhores defesas contra qualquer ideologia. Quem sabe como viver, quem conhece verdadeiros mestres de vida, não se deixa levar por ideologias. Quando erra (pois todos somos falíveis e erramos), consegue reencontrar o caminho certo. Já quem não faz a experiência de uma vida que tem sabor, que vale a pena ser vivida, estará sempre sujeito à influência do primeiro ilusionista que lhe oferecer a felicidade que ele anseia, mas não sabe como encontrar.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

APRESENTAÇÃO DE NOSSA SENHORA AO TEMPLO

Apresentação de Nossa Senhora ao Templo | Vatican News

21 novembro

A Festa da Apresentação de Nossa Senhora ao Templo recorda, segundo os Evangelhos apócrifos, o dia em que Maria, ainda criança, vai ao templo de Jerusalém para se consagrar a Deus. A Igreja não pretende dar realce apenas ao acontecimento histórico, que não existe nos Evangelhos, mas ao dom total da jovem de Nazaré, que, ao ouvir a frase "Bem-aventurados os que ouvem a Palavra de Deus e a põem em prática", se preparou para ser "templo do Filho".

Neste mesmo dia 21 de novembro, celebra-se a festa mais famosa de Maria, Nossa Senhora da Saúde, instituída na então República do Vêneto, em 1630, que, depois, se espalhou por toda parte. Esta recorrência e tradição tiveram origem depois da epidemia, que atingiu todo o norte da Itália, entre 1630 e 1631, que também citada por Alessandro Manzoni em "Os Noivos". Diante da difusão da doença, não sabendo o que fazer, o Governo da Sereníssima República organizou uma procissão a Nossa Senhora, tanto que, em 22 de outubro de 1630, o Doge prometeu construir um templo, dedicado a Maria, se a cidade sobrevivesse à pandemia. Algumas semanas depois, houve uma brusca diminuição da doença e, em novembro de 1631, foi declarado o fim definitivo da emergência pandêmica. Desde então, a Virgem recebeu o título de "Nossa Senhora da Saúde". O Doge cumpriu sua promessa e mandou construir uma basílica, inaugurada em 28 de novembro de 1687, chamada Santa Maria da Saúde.

No dia 21 de novembro, por desejo de Pio XII, a Igreja também celebra, desde 1953, o “Dia das Monjas de Clausura”.

”Jesus ainda falava à multidão, quando sua mãe e seus irmãos vieram e o esperavam, do lado de fora, para falar com Ele. Disse-lhe alguém: “Tua mãe e teus irmãos estão ali fora e querem falar contigo”. Jesus respondeu-lhe: “Quem é minha mãe e quem são meus irmãos”? E, apontando o dedo aos seus discípulos, acrescentou: “Aqui estão minha mãe e meus irmãos”. Todo aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus, este é meu irmão, minha irmã e minha mãe” (Mt 12, 46-50).

Não tem mais vinho

Maria, como mulher e mãe, sempre percebe o que “falta” em casa. De fato, percebeu que faltava vinho nas Bodas de Caná. Com previdência, pede a intercessão do Filho Jesus para que possa providenciá-lo. Ela age assim na certeza de que nada é impossível para Deus, como lhe disse o anjo na Anunciação. Jesus resiste ao responder "Mulher, ainda não chegou a minha hora", mas, depois, cede.
Em Caná, Maria revela-se a “fiel” a Jesus: graças à sua fé, leva Jesus ao seu primeiro “sinal”. O vinho é símbolo de alegria, festa, regozijo. Logo, dizer que falta vinho, significava que, na festa das Bodas, faltava o ingrediente por excelência: a alegria. Graças à sua intercessão, Maria percebe e providência para que a água do embaraço, do temor... logo se transforme em alegria na festa. Como fez em Caná, assim Maria, Nossa Senhora da Saúde, faz com os que a invocam e nela confiam.

Os servos

Os servos eram os que acompanhavam o evento, passo a passo: pegam as jarras, as enchem de água até à borda e, ao distribuírem aos convidados, percebem, com surpresa, que era vinho. Assim, os servos se tornam testemunhas, porque, por obediência, são protagonistas de um "acontecimento", sobre o qual todos falariam. Logo, eles foram as suas primeiras testemunhas. Diante dos "sinais", que Deus continua a realizar em nós e em torno de nós, podemos, também nós, passar de "servos" a "testemunhas", que narram as grandes coisas que Deus realiza entre nós, mediante a nossa humilde e frágil obediência. Esta experiência só poderá ser possível se formos "obedientes" às ordens da Virgem Maria.

Dom e compromisso

Neste dia de festa, o “dom” que Maria faz de si a Deus se entrelaça com seu compromisso de viver a vida, animada pela fé, na certeza de que o próprio Deus providenciará a tudo (Cf. Gn 22). Quando, para o homem, tudo parece impossível, tudo se torna possível para quem acredita em Deus e, com fé, confia na intercessão de Maria, Mãe de Jesus e nossa Mãe.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF