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segunda-feira, 5 de dezembro de 2022

Santa Crispina

Santa Crispina | Wikipedia
05 de dezembro
Santa Crispina

Crispina nasceu de rica e nobre família em Tebaste (ou Thagara, ou Thacora), cidade romana da Numídia, em Taoura, Argélia, norte da África. Ali vivia no final do século III e início do Século IV, casada e mãe de vários filhos. Não possuía boa saúde; muito firme na Fé, era estimada carinhosamente pelos cristãos, que a procuravam pelos seus bons conselhos tanto em assuntos religiosos quanto naturais.

Neste período eclodiu a décima perseguição do imperador romano Dioclesiano aos cristãos. Sendo muito conhecida na região, Crispina foi uma das primeiras a serem presas e levada a Theveste (Tébessa) para julgamento pelo procônsul Gaius Annio Anullino. Diante dele, ela se negou a adorar os deuses pagãos: – "Você quer viver muito ou morrer entre as torturas como seus cúmplices [Júlio, Potamia, Félix, Grato e outros sete cristãos]?".

"Se eu quisesse morrer, eu não deveria fazer outra coisa que dar o meu consentimento aos demônios, deixando que a minha alma se perdesse no fogo eterno".

Para humilhá-la, rasparam o seu cabelo, e Gaius a atormentou de várias formas; mas nem diante do choro dos seus próprios filhos ela negou a Deus. Humilhado, então, ficou Gaius, diante da valentia de Crispina, e irritado decretou-lhe a morte por decapitação de espada, diante do que a santa disse: "Louvado seja Deus que me olhou de cima e me tirou de suas mãos".

 Em cinco de dezembro de 305, a sentença foi executada fora de Theveste, e neste local foi posteriormente construída uma Basílica. Num dos seus sermões, Santo Agostinho, que viveu no mesmo período, a compara com Santa Inês e Santa Tecla, e o seu culto foi muito difundido na Antiguidade.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

“Crispina”, de etimologia alemã, significa “de cabelo crespo”. [Infelizmente não pude apurar, caro leitor, se o nome desta mártir era, portanto, este mesmo, ou se apenas um apelido]. Mas providencialmente este fato permite uma breve e pertinente consideração. Crespo, encaracolado, enrolado desde a raiz, é o modo característico da vida humana desde o Pecado Original; o que não impede, pela infinita bondade de Deus que nos concedeu a Redenção pela Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, de novamente nos reconciliarmos com Ele, a exemplo da firmeza e virtude exemplares desta santa. A nós basta a humildade de reconhecer nossas limitações e, assim conscientes delas, obedecermos a Deus, seguindo os Seus Mandamentos com o auxílio indispensável dos Sacramentos que Ele nos deixou através da Santa Igreja. Esta é a coerência ao mesmo tempo normal e indispensável a quem de verdade é fiel a Deus, sem “reinterpretações” e subjetivismos interesseiros: só assim receberemos a graça santificante que nos permite não adorar os demônios ao invés do Senhor, ainda que para isso seja necessário morrer na carne. De fato, as perseguições romanas aos cristãos se baseavam em que eles não ofereciam sacrifícios aos deuses romanos, o que deveria trazer a sua insatisfação e consequente castigo para o império…algo até lógico, e que seria admirável se não fosse o fato de que tais “deuses” nada mais eram do que fantasias criadas à imagem e semelhança dos homens pecadores, exatamente o contrário da Verdade, pois somos nós os criados à Imagem e Semelhança de Deus, por Sua bondade e nada mais! Tal inversão de ideias vem exatamente do diabo, que nos quer perder e afastar de Deus, e que Santa Crispina denunciou claramente no seu julgamento: ela se recusou a "sacrificar aos demônios", resistindo às ameaças e punições para não "sujar sua própria alma com os ídolos, que são feitos de pedra, fabricados pelo homem". Hoje também são muitos os ídolos que o diabo propõe à Humanidade, particularmente através de ideologias políticas que prometem um impossível e mal dimensionado e ilusório “paraíso terrestre”, onde questões econômicas e administrativas são colocadas acima de Deus e da salvação das almas. Só seremos “enrolados”, enganados, se o quisermos e permitirmos; pois Cristo e os Seus santos já nos mostraram claramente o caminho da Verdade e a disposição a seguir.

Oração:

Deus, Pai de Amor, que jamais abandona os Seus filhos, os quais resgatastes com o Sangue de Jesus, concedei-nos pela intercessão de Santa Crispina o discernimento e a firmeza para não nos deixarmos enganar ou intimidar pelas seduções e perseguições do mal, dos ídolos atuais, enfim, do demônio que se apresenta sob muitos disfarces mas não pode esconder o seu desejo de dominar tiranicamente nossos corpos e almas, mas ao contrário nos fortaleça na Fé e na Verdade, para darmos sempre e sem restrições o exemplo do primado ao Vosso Amor e à Vossa Vontade. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

Primeira Pregação do Advento 2022 com Fr. Raniero Cantalamessa

Primeira Pregação do Advento 2022/Fr. Cantalamessa | Vatican News

"Vamos ao encontro de Cristo que vem, com um ato de fé, que é também uma promessa de Deus e, portanto, uma profecia: o mundo está nas mãos de Deus e, quando, abusando da sua liberdade, o homem terá chegado ao fundo, ele intervirá para salvá-lo. Sim, intervirá para salvá-lo! Para isso, de fato, veio ao mundo, há dois mil e vinte e dois anos."

https://youtu.be/pRwAAajpBQ4

Fr. Raniero Card. Cantalamessa, OFMCap.

A PORTA DA FÉ

Primeira Pregação do Advento de 2022

Santo Padre, Reverendos Padres, irmãos e irmãs da Cúria Romana, perguntei-me várias vezes sobre qual o sentido e a utilidade destas pregações no Advento e na Quaresma, que interrompem ou atrasam compromissos de todo tipo e importância. O que me anima e me tira os escrúpulos de fazê-los perder tempo, é a convicção de que não se vem a estas pregações para escutar opiniões ou soluções para problemas eclesiais do momento, mas para haurir forças das verdades de fé e, assim, encarar todos os problemas com espírito certo. Para, enfim, banhar-se – ou ao menos refrescar-se – de fé, de esperança e de caridade.

Assim, pensei em escolher como tema destas três pregações de Advento justamente as três virtudes teologais. Fé, esperança e caridade são o ouro, o incenso e a mirra que nós, Magos de hoje, queremos oferecer como dom a Deus que “vem nos visitar do alto”. Valendo-nos da tradição antiga – patrística e medieval – sobre as virtudes teologais, tentarei – por quanto possível fazê-lo em três breves meditações – uma aproximação também moderna e existencial, que responda aos desafios, aos enriquecimentos e, às vezes, aos substitutos propostos pelo homem de hoje às virtudes teologais do cristianismo.

*  *  *

Na oração cristã, sempre teve grande ressonância o salmo que – na versão da liturgia – diz:

Ó portas, levantai vossos frontões!
Elevai-vos bem mais alto, antigas portas,
a fim de que o Rei da glória possa entrar.
Dizei-nos: “Quem é este Rei da glória?”
“É o Senhor, o valoroso, o onipotente,
o Senhor, o poderoso nas batalhas!” 
(Sl 24,7-8).

Na interpretação espiritual dos Padres e da liturgia, as portas de que se fala no salmo são aquelas do coração humano: “Feliz aquele a cuja porta Cristo bate”, comentava Santo Ambrósio. “Nossa porta é a fé... Se quiseres levantar os portais de tua fé, entrará em ti o Rei da glória”[1]. São João Paulo II fez, das palavras do salmo, o manifesto do seu pontificado. “Abri, melhor, escancarai as portas a Cristo!”, gritou ao mundo, no dia da inauguração do seu ministério.

A grande porta que o homem pode abrir, ou fechar, a Cristo, é apenas uma e se chama liberdade. Ela, porém, se abre segundo três modalidades diversas, ou segundo três tipos diversos de decisão que podemos considerar como outras portas: a fé, a esperança e a caridade. Estas são todas portas especiais: abrem-se por dentro e por fora ao mesmo tempo: com duas chaves, das quais uma está nas mãos do homem, a outra, nas de Deus. O homem não pode abri-las sem o concurso de Deus e Deus não quer abri-las sem o concurso do homem.

Cristo, origem e cumprimento da fé

Iniciemos, portanto, a nossa reflexão com a primeira das três portas: a fé. Deus – lê-se nos Atos dos Apóstolos – “havia aberto a porta da fé aos gentios” (At 14,27). Deus abre a porta da fé ao dar a possibilidade de crer enviando quem prega a boa nova; o homem abre a porta da fé acolhendo esta possibilidade.

Com a vinda de Cristo, constata-se, a propósito da fé, um salto de qualidade. Não na natureza dela, mas em seu conteúdo. Já não se trata mais de uma fé genérica em Deus, mas da fé em Cristo nascido, morto e ressuscitado por nós. A Carta aos Hebreus faz um longo elenco de crentes: “Pela fé, Abel... Pela fé, Abraão... Pela fé, Isaac... Pela fé, Jacó... Pela fé, Moisés...” Mas conclui dizendo: “Todos eles, se bem que pela fé tenham recebido um bom testemunho, não alcançaram a realização da promessa” (Hb 11,39). O que faltava? Faltava Jesus, isto é, aquele que – afirma a mesma Carta – “vai à frente da nossa fé e a leva à perfeição” (Hb 12,2).

A fé cristã, portanto, não consiste apenas em crer em Deus; consiste em crer também naquele que Deus enviou. Quando, antes de realizar um milagre, Jesus pergunta: “Tu crês?” e, após tê-lo realizado, afirma: “A tua fé te salvou”, não se refere a uma fé genérica em Deus (esta era presumida em todo israelita); refere-se à fé nele, no poder divino a ele concedido.

Esta, assim, é a fé que justifica o ímpio, a fé que faz renascer para a vida nova. Ela se coloca ao término de um processo do qual São Paulo, no capítulo 10 da Carta aos Romanos, traça as várias fases, quase visivelmente, desenhando-as no mapa do corpo humano. Tudo começa, diz ele, pelos ouvidos, a partir do ouvir o anúncio do Evangelho: “A fé vem da escuta”, fides ex auditu. Dos ouvidos, o movimento passa ao coração, onde se toma a decisão fundamental: corde creditur, “com o coração se crê”Do coração, o movimento se volta à boca: “com a boca se faz a profissão de fé”: ore fit confessio.

O processo não termina aqui, mas – dos ouvidos, do coração e da boca – ele passa para as mãos. Sim, porque “a fé age pelo amor”, diz o Apóstolo (Gl 5,6). São Tiago pode se tranquilizar. Há espaço também para as “obras”: porém, não antes, mas depois (logicamente, se não cronologicamente) da fé. “Não se chega à fé – afirma São Gregório Magno – partindo-se das virtudes, mas às virtudes partindo-se da fé”[2].

Surge, neste ponto, uma pergunta de grande atualidade. Se a fé que salva é a fé em Cristo, o que pensar de todos aqueles que não têm nenhuma possibilidade de crer nele? Vivemos em uma sociedade, também religiosamente, pluralista. A nossas teologias – Oriental e Ocidental, Católica e Protestante, do mesmo modo – desenvolveram-se em um mundo onde existia, na prática, apenas o cristianismo. Conhecia-se, certamente, a existência de outras religiões, mas elas eram consideradas falsas em princípio, ou não eram consideradas de fato. À parte o diverso modo de entender a Igreja, todos os cristãos compartilhavam o axioma tradicional: “Fora da Igreja não há salvação”: Extra Ecclesiam nulla salus.

Hoje não é mais assim. Há algum tempo, está em curso um diálogo entre as religiões, baseado no respeito recíproco e no reconhecimento dos valores presentes em cada uma delas. Na Igreja Católica, o ponto de partida foi a declaração “Nostra aetate” do Concílio Vaticano II, mas uma orientação análoga é compartilhada por todas as Igrejas históricas cristãs. Com este reconhecimento, foi-se afirmando a convicção de que também pessoas fora da Igreja podem ser salvas.

É possível, nesta nova perspectiva, manter o papel até agora atribuído à fé “explícita” em Cristo? O antigo axioma: “fora da Igreja não há salvação” não terminaria por sobreviver, neste caso, no axioma: “fora da fé não há salvação”? Em alguns ambientes cristãos, esta última é, de fato, a doutrina dominante, e é ela que motiva o empenho missionário. Deste modo, contudo, a salvação passa a ser limitada, em princípio, a uma exígua minoria de pessoas.

Isso não só não pode nos deixar tranquilos, mas primeiramente prejudica Cristo, subtraindo-lhe grande parte da humanidade. Não se pode crer que Jesus é Deus, e depois limitar a sua relevância de fato a apenas um setor restrito dela. Jesus é “o Salvador do mundo” (Jo 4,42); o Pai enviou o seu Filho “para que o mundo seja salvo por meio dele” (Jo 3,17): o mundo, não alguns poucos no mundo!

Busquemos uma resposta na Escritura. Ela afirma que quem não reconheceu Cristo, mas age em base à própria consciência (Rm 2,14-15) e faz o bem ao próximo (Mt 25,31ss) é aceito por Deus. Nos Atos dos Apóstolos, escutamos, da boca de Pedro, esta solene declaração: “De fato, estou compreendendo que Deus não faz distinção de pessoas. Pelo contrário, ele aceita quem o teme e pratica a justiça, qualquer que seja a nação a que pertença” (At 10,34-35).

Também os adeptos de outras religiões creem, em geral, que “Deus existe e recompensa os que o buscam” (Hb 11,6); realizam, por isso, o que a Escritura considera o dado fundamental e comum de toda fé. Isto vale, naturalmente, de maneira toda especial, para os irmãos Hebreus, que creem no mesmo Deus de Abraão, Isaac e Jacó, no qual cremos nós, cristãos.

O motivo principal do nosso otimismo não se baseia, contudo, no bem que os adeptos de outras religiões estejam em condição de fazer, mas na “multiforme graça de Deus” (1Pd 4,10). Às vezes, sinto a necessidade de oferecer o sacrifício da Missa justamente em nome de todos aqueles que se salvaram pelos méritos de Cristo, mas não o sabem e não podem agradecê-lo. A liturgia também nos exorta a fazê-lo. Na Oração Eucarística IV, à oração pelo Papa, pelo Bispo e pelos fiéis é acrescentada uma oração "por todos os que vos buscam com coração sincero".

Deus tem muito mais modos de salvar do que podemos pensar. Ele instituiu “canais” da sua graça, mas não se vinculou a eles. Um destes meios “extraordinários” de salvação é o sofrimento. Depois que Cristo o assumiu sobre si e o redimiu, também ele é, à sua maneira, um sacramento universal de salvação. Aquele que mergulhou nas águas do Jordão, santificando-as para todo batismo, também mergulhou nas águas da tribulação e da morte, fazendo delas um potencial instrumento de salvação. Misteriosamente, todo sofrimento – não apenas o dos fiéis – completa, de algum modo, “o que falta à paixão de Cristo” (Cl 1,24). A Igreja celebra a festa dos Santos Inocentes, ainda que nem mesmo eles sabiam que sofriam por Cristo!

Nós cremos que todos aqueles que se salvam, salvam-se pelos méritos de Cristo: “Em nenhum outro há salvação, pois não existe debaixo do céu outro nome, dado à humanidade, pelo qual devamos ser salvos” (At 4,12). Uma coisa, contudo, é afirmar a necessidade universal de Cristo para a salvação e outra coisa, afirmar a necessidade universal da fé em Cristo para a salvação.

Supérfluo, então, continuar a proclamar o Evangelho a toda criatura? Pelo contrário! É o motivo que deve mudar, não o fato. Devemos continuar a anunciar Cristo; não tanto, porém, por um motivo negativo – porque, do contrário, o mundo será condenado –, quanto por um motivo positivo: pelo dom infinito que Jesus representa para cada ser humano. O diálogo inter-religioso não se opõe à evangelização, mas determina seu estilo. Tal diálogo – escreveu São João Paulo II na Redemptoris missio – “faz parte da missão evangelizadora da Igreja”.

O mandato de Cristo: “Ide pelo mundo inteiro e proclamai o Evangelho a toda criatura” (Mc 16,15) e “Fazei discípulos todos os povos” (Mt 28,19) conserva a sua perene validade, mas deve ser compreendido em seu contexto histórico. São palavras para serem referidas no momento em que foram escritas, quando “todo o mundo” e “todos os povos” eram um modo para dizer que a mensagem de Jesus não era destinada apenas a Israel, mas também a todo o resto do mundo. São sempre válidas para todos, mas, para quem já pertence a uma religião, é preciso respeito, paciência e amor. Já o tinha compreendido na prática Francisco de Assis. Ele projetava dois modos de ir entre “os Sarracenos e outros infiéis”. Escreve na Regra não bulada:

Mas os frades que vão, podem comportar-se espiritualmente entre eles de dois modos. Um modo é que não façam nem litígios nem contendas, mas estejam submetidos a toda criatura humana por Deus e confessem que são cristãos. Outro modo é que, quando virem que agrada ao Senhor, anunciem a palavra de Deus, para que creiam em Deus onipotente, Pai e Filho e Espírito Santo, criador de tudo, no Filho redentor e salvador[3].

O desafio da ciência

Com esta abertura de coração, voltemos agora a nos ocupar da nossa fé cristã. O grande desafio que ela deve encarar em nossa época não vem tanto da filosofia, como no passado, mas da ciência. É de alguns meses atrás uma notícia sensacional. Um telescópio lançado ao espaço em 25 de dezembro de 2021 e posicionado há um milhão e meio de quilômetros da Terra, em 12 de julho deste ano enviou imagens inéditas do universo que extasiaram o mundo científico.

“O novo telescópio – lia-se nos noticiários – escancarou uma nova janela sobre o cosmo, em condições de nos catapultar atrás no tempo, até pouco depois do Big Bang inicial do mundo. É a visão mais detalhada do universo primordial jamais obtida. Representa a primeira degustação de uma nova e revolucionária astronomia que nos desvelará o universo como jamais o tínhamos visto”.

Seríamos tolos e ingratos se não participássemos do justo orgulho da humanidade por esta, como também por qualquer outra descoberta científica. Se a fé – além do que da escuta – nasce, como foi dito, do estupor, estas descobertas científicas não deveriam diminuir a possibilidade de crer, mas aumentá-la. Se vivesse hoje, o salmista cantaria com maior impulso: “Os céus proclamam a glória de Deus, e o firmamento anuncia as obras de suas mãos” (Sl 19,2) e Francesco de Assis: “Louvado sejas, meus Senhor, com todas as tuas criaturas”.

Deus quis nos dar um sinal tangível da sua infinita grandeza com a imensidão do universo e um sinal da sua “inalcançabilidade” com a menor partícula de matéria que, uma vez alcançada – assegura a física –, mantém a sua “indeterminação”. O cosmo não se fez sozinho. É a qualidade do ser, não a quantidade que decide; e a qualidade da criação é ser... criada! Bilhões de galáxias, distantes bilhões de bilhões de anos-luz, não mudam esta sua qualidade.

Fazemos estas reflexões sobre fé e ciência não para convencer os cientistas não crentes (nenhum deles está aqui para escutar ou lerá estas palavras), mas para nos confirmar a nós, crentes na fé, e não nos deixarmos perturbar pelo clamor das vozes contrárias. É o mesmo objetivo pelo qual São Lucas afirma ao “caríssimo Teófilo” ter escrito o seu Evangelho: “para que conheças – diz ele – a solidez dos ensinamentos que recebeste” (Lc 1,4).

Diante do desdobrar-se das dimensões ilimitadas do universo diante de nossos olhos, o maior ato de fé para nós, cristãos, não é crer que tudo isso foi criado por Deus, mas crer que “tudo foi criado por meio de Cristo para ele” (Cl 1,16), que “sem ele nada foi feito de tudo o que foi feito” (Jo 1,3). O cristão tem uma prova sobre Deus bem mais convincente daquela dada pelo cosmo: a pessoa e a vida de Jesus Cristo.

Os crentes não são avestruzes. Não escondemos a cabeça no solo para não ver. Compartilhamos com cada pessoa o desconcerto diante de tantos mistérios e contradições do universo: da evolução natural, da história, da própria Bíblia... Contudo, estamos em condições de superar o desconcerto com uma certeza mais forte do que todas as incertezas: a credibilidade da pessoa de Cristo, da sua vida e da sua palavra. A certeza plena e alegre não se tem antes, mas depois de ter acreditado.

O justo, na sua fidelidade, viverá

A fé é o único critério capaz de fazer como que nos relacionemos de modo justo, não apenas com a ciência, mas também com a história. Ao falar da fé que justifica, São Paulo cita o famoso oráculo de Habacuc: “O justo, na sua fidelidade, viverá” (Hab 2,4). O que Deus quer dizer com aquela palavra profética, a partir do momento que é Deus em pessoa que a pronuncia?

A mensagem se abre com uma lamentação do profeta, pela derrota da justiça e porque Deus parece assistir impassível do alto dos céus a violência e a opressão. Deus responde que tudo isso está prestes a acabar porque chegará logo um novo flagelo – os Caldeus – que varrerá tudo e todos. O profeta se rebela contra esta solução. É esta a resposta de Deus? Uma opressão que substitui a outra?

Mas justamente aqui Deus esperava o profeta. Há uma solenidade insólita no modo com que o oráculo divino é introduzido: “Escreve uma visão e grava-a sobre tábuas... Se demora, espera-a... Eis que sucumbe quem não é reto, mas o justo, na sua fidelidade, viverá” (Hab 2,2-4). Ao profeta, é pedido o salto da fé. Deus não desvenda o enigma da história, mas pede que confie nele e na sua justiça, apesar de tudo. A solução não está na cessação da prova, mas no aumento da fé.

A história é uma contínua luta entre bem e mal, ímpios que triunfam e justos que sofrem. A vitória estável do bem sobre o mal não deve ser buscada na própria história, mas além dela. Deixemos para trás toda forma de milenarismo. Contudo, Deus é de tal forma soberano e está no controle dos eventos, que faz servir aos seus planos misteriosos até mesmo o agitar-se dos ímpios. É verdade: Deus escrive certo por linhas tortas! As situações podem escapar das mãos dos homens, mas não das de Deus.

A mensagem de Habacuc é de uma singular atualidade. A humanidade viveu nos últimos anos do século passado a libertação do poder opressor dos sistemas totalitários comunistas. Mas não tivemos o tempo de dar um respiro de alívio, que outras injustiças e violências surgiram no mundo. Houve quem, ao final da “guerra fria”, tivesse ingenuamente acreditado que o triunfo da democracia teria, portanto, encerrado definitivamente o ciclo das grandes convulsões e que a história teria prosseguido o seu curso sem maiores agitações. Até sema mais “história”. Uma tal tese foi, bem cedo, piedosamente desmentida pelos eventos, com o surgimento de outras ditaduras e o deflagrar-se de outras guerras, a começar pela “do Golfo”, até a desafortunada deste ano na Ucrânia.

Nesta situação, também para nós se apresenta a acalorada pergunta do profeta: “Até quando, Senhor? Tu, de olhos tão puros, que não pode ver o mal! Por que tanta violência, tantos corpos humanos esqueléticos pela fome, tanta crueldade no mundo, sem que intervenhas?” A resposta de Deus ainda é a mesma: sucumbe ao pessimismo e se escandaliza quem não tem o coração reto com Deus, enquanto o justo, na sua fidelidade, viverá, encontrará a resposta na sua fé. Entenderá o que Jesus queria dizer quando, diante de Pilatos, disse: “O meu reino não é deste mundo” (Jo 18,36).

Inculquemos isso, porém, e recordemo-lo, conforme a oportunidade, ao mundo: Deus é justo e santo; não permitirá que o mal tenha a última palavra e os malfeitores se valham disso. Haverá um juízo na conclusão da história, “vai um livro ser trazido, no qual tudo está contido, onde o mundo está julgado”: Liber scriptus proferetur – in quo totum continetur – unde mundus judicetur”[4].

Um primeiro juízo, no mais – imperfeito, mas sob os olhos de todos, crentes e não crentes – já está em ato agora, na história. Os benfeitores da humanidade que trabalharam pelo progresso do seu país e pela paz no mundo são recordados com honra e bênção de geração em geração; o nome dos tiranos e dos opressores continua pelos séculos a ser acompanhado de desprezo e reprovação. Jesus inverteu para sempre os papéis. Vencedor porque vítima: assim o define Santo Agostinho: Victor quia victima. À luz da eternidade - e também da história - não são os verdugos os verdadeiros vencedores, mas as suas vítimas.

O que a Igreja pode fazer, para não assistir passivamente ao desdobrar-se da história, é colocar-se contra a opressão e a prepotência, colocar-se sempre, “oportuna e inoportunamente”, do lado dos pobres, dos fracos, das vítimas, daqueles que carregam o peso maior de todo infortúnio e de toda guerra.

O que pode também fazer é remover um dos fatores que sempre tem fomentado os conflitos, isto é, a rivalidade entre as religiões, as famigeradas “guerras de religião”. Do entendimento e da colaboração leal entre as grandes religiões, pode vir um impulso moral que imprima na história aquele novo curso que, em vão, espera-se dos poderes políticos. Neste sentido, deve ser vista a utilidade de iniciativas como aquelas, iniciadas por São João Paulo II e aceleradas hoje pelo atual Sumo Pontífice, para um diálogo construtivo entre as religiões.

A fé é arma da Igreja. Também a Igreja, como o justo de Habacuc, “na sua fidelidade, viverá”. Roma deixou, há tempos, de ser caput mundi, mas deve permanecer caput fidei, capital da fé. Não só da reta fé, isto é, da ortodoxia, mas também da intensidade e da radicalidade do crer. O que os fiéis captam imedia­tamente em um sacerdote e em um pastor é se “crê”, se crê no que diz e no que celebra. Hoje, faz-se muito uso da transmissão sem fio (WiFi, diz-se em inglês). Também a fé se transmite de preferência assim: sem fio, sem muitas palavras e raciocínios, mas por uma corrente de graça que se estabelece entre dois espíritos.

O maior ato de fé que a Igreja pode dar – após ter rezado e feito o possível para evitar ou fazer cessar os conflitos – é voltar-se a Deus com um ato de total confiança e sereno abandono, repetindo com o Apóstolo: “Sei em quem acreditei!”: Scio cui credidi (2Tim 1,12). Deus jamais retrocede para deixar cair no vazio quem se lança em seus braços.

Vamos ao encontro de Cristo que vem, com um ato de fé, que é também uma promessa de Deus e, portanto, uma profecia: o mundo está nas mãos de Deus e, quando, abusando da sua liberdade, o homem terá chegado ao fundo, ele intervirá para salvá-lo. Sim, intervirá para salvá-lo! Para isso, de fato, veio ao mundo, há dois mil e vinte e dois anos.

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Tradução de fr. Ricardo Farias, ofmcap

[1]  Cf. Ambrósio, Comentário sobre o Salmo 118, XII,14.

[2] Cf. Gregório Magno, Homilias sobre Ezequiel, II,7 (PL 76,1018).

[3] Regra não bulada, cap. XVI.

[4] Sequência Dies irae.

domingo, 4 de dezembro de 2022

Reflexão para o 2º Domingo do Advento - Ano A

Evangelho de Domingo | Vatican News

O Natal autêntico é a abertura do coração ao Senhor para que venha até nós e se instale como quiser. Certamente os frutos serão a fraternidade, a alegria sincera, o serviço despretensioso, a gratuidade no ser e no agir.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

A liturgia de hoje, de modo especial, nos propõe uma mudança radical que nos torne pessoas de acordo com o coração de Deus. A primeira leitura tirada do livro do Profeta Isaías nos dá uma visão do mundo querido por Deus e pelo qual deveríamos trabalhar para que se tornasse realidade: a harmonia reinando entre as criaturas, sejam animais racionais ou irracionais. O Evangelho nos leva à radicalidade ao apresentar a pessoa de João Batista: ele prega a Metanoia, a mudança de mentalidade.

O termo técnico usado pela espiritualidade ao falar de mudança de pensar e de querer é a palavra grega Metanoia. Usamos geralmente a palavra metamorfose para falar de mudança de forma. Metanoia é mudar de cabeça, de maneira de pensar e de agir.

João Batista prega isso ao falar em conversão e a mostra quando se apresenta com um modo de proceder bastante simples e voltado para aquele que virá – Jesus Cristo!

Se vivo voltado para mim mesmo, se sou consumista, se me fecho em meu mundinho formado por minha família e minha roda de amigos, se desconheço a realidade que está à minha volta e se penso apenas nos negócios da família, necessito de conversão. Se continuo assim, nunca será Natal em minha vida, mesmo que minha casa esteja bem iluminada e decorada, mesmo que em cada canto haja um presépio, mas será o famoso Natal consumista, sem a presença do aniversariante porque não existe lugar para ele com seus valores em nossa vida.

O Natal autêntico é a abertura do coração ao Senhor para que venha até nós e se instale como quiser. Certamente os frutos serão a fraternidade, a alegria sincera, o serviço despretensioso, a gratuidade no ser e no agir.

Existe uma fábula de La Fontaine - o Cordeiro e o Lobo -  onde fica claro que o mais forte sempre possui uma razão para devorar o mais fraco, mesmo que seja sem culpa alguma do primeiro. Também nós, fechados em nosso mundo e confiantes em nossa sabedoria e discernimento, sempre encontramos razões para continuar fazendo o que nos agrada e julgar que sempre temos razão e os errados são os outros. Deixemo-nos questionar pela Palavra de Deus! É a nossa salvação, a libertação de nós mesmos! Eis o tempo propício à conversão, à mudança de mentalidade.

Se o coração não estiver mudado, o Senhor não virá até cada um de nós. A imagem usada pelo Batista deixa claro que para o rei poder chegar ao seu povo, necessita de haver caminhos endireitados, caso contrário se torna impossível. Não é que o Senhor exija caminhos, mas como entrar em um coração fechado, em uma mente que não se abre para acolher novas idéias e para sempre deixar outras? Como acolher o outro se temos muros que impedem o acesso a nós?

Na Eucaristia celebramos o mundo da partilha, onde Deus e não o dinheiro é o Pai. O caminho é o da austeridade de vida e o da solidariedade. E isso com todos os bens que possuímos, desde os materiais até os espirituais, passando pelos psicológicos, os afetivos, os intelectuais. O sacrificar-se pelo outro e até a própria liberdade se for o caso, faz parte dessa dinâmica, pois Eucaristia é o sacrifício da Vida, realizado pelo Amor, partilhada em favor de todos.

A segunda leitura nos ensina que essa acolhida será para todos os homens, sejam fracos ou fortes, sem preconceito algum. Mas ela também nos diz a necessidade de unirmos nossos sentimentos, a exemplo de Jesus Cristo.

Além disso é preciso criar raízes. Nos primeiros tempos da Evangelização do Brasil, os nossos índios, após um tempo em que os missionários estavam contentes pelos aparentes frutos colhidos, voltavam aos antigos costumes, deixando com isso os missionários muito tristes com a falta de perseverança dos nativos. É necessário mudança radical!

Nesse segundo domingo peçamos ao Senhor que invada nosso coração e aplaine nossa afetividade, corrija nossos valores e derrube nossos muros. Que nossa vida, com toda sua riqueza seja colocada em favor da paz, da harmonia entre os homens. Que a paz e a beleza da noite de Natal, quando veio ao mundo o Príncipe da Paz, não seja impedida pelo nosso egoísmo, mas permitida pelo nosso querer e agir, pelo nosso coração. Advento/Natal é tempo de amar, tempo de mudar de vida para amar mais, em plenitude.

Nossa vocação é o Amor! Vivamos o Amor sem limites, sem empecilhos, sem barreiras, o Amor da Noite de Natal!

Santa Bárbara

Santa Bárbara | Bonde
04 de dezembro
Santa Bárbara

Santa Bárbara nasceu na cidade de Nicomédia na região da Bitínia, onde hoje se localiza a cidade de Izmit, na Turquia, às margens do Mar de Mármara. Bárbara viveu no final do Século III. Foi uma bela jovem, filha única de Dióscoro, um rico e nobre morador de Nicomédia.

Dióscoro não queria deixar sua filha única viver no meio da sociedade corrupta daquele tempo. Por isso, decidiu fechá-la numa torre. Lá, ela era ensinada por tutores da confiança de seu pai. Porém, aquilo que parecia um castigo, começou a abrir a mente de Bárbara. Do alto da torre ela contemplou a natureza: as estações do ano, a chuva, o sol, a neve, o frio, o calor, as aves, os animais, etc. Tudo isso fez Bárbara questionar se aquilo era realmente criação dos “deuses”, como seus tutores e seu povo creditavam, ou se havia “alguém” muito mais inteligente e poderoso por trás da criação.

A beleza de divina

Quando atingiu a idade para o casamento, por volta de 17 anos, seu pai a trouxe para casa e permitia que ela recebesse a visita de pretendentes, mas não permitia que ela visitasse a cidade. Bárbara era uma jovem muito bela e de família rica. Por isso, muitos eram os pretendentes que queriam se casar com ela. Mas Bárbara não aceitava nenhum, enxergando neles a superficialidade e o interesse, e nenhum toque de amor verdadeiro.

Para seu pai, isso era um problema sério, pois, segundo os costumes, ele tinha obrigação de casar sua filha. Dióscoro pensava que as “desfeitas” da filha diante dos pretendentes se davam por causa do tempo que ela passou na torre. Então, ele decidiu permitir que Bárbara conhecesse a cidade.

O contato com os cristãos

Santa Bárbara, então, começou a frequentar a cidade. Nessas visitas, acabou conhecendo os cristãos de Nicomédia. Estes passaram para Bárbara a mensagem de Jesus Cristo. Falaram-lhe também sobre o mistério da Santíssima Trindade. A novidade cristã tocou profundamente o coração de Bárbara. Com os cristãos ela encontrou a resposta para seus questionamentos: o Criador de tudo era o Deus Único e Pai de Nosso Senhor Jesus Cristo e não os deuses que seu povo cultuava.

Bárbara se converteu ao cristianismo de todo o coração. Logo, um padre vindo de Alexandria ministrou a ela o batismo. E Bárbara passou a ser uma jovem fervorosa e cheia de virtudes cristãs. Em Jesus Cristo ela encontrou o sentido mais profundo de sua vida.

Santa Bárbara e as perseguições

Dióscoro, pai de Santa Bárbara, decidiu construir para ela uma casa de banho na torre, onde ele planejou instalar duas belas janelas. Quando a obra começou, Dióscoro teve que fazer uma longa viagem. Durante a viagem do pai, Santa Bárbara ordenou que construíssem uma terceira janela na obra. Sua intenção era que a torre tivesse três janelas em homenagem à Santíssima Trindade. Além disso, Santa Bárbara esculpiu uma cruz na torre.

Quando Dióscoro voltou, reparou logo nas mudanças feitas na construção e foi perguntar à filha o por que daquilo. Santa Bárbara explicou que as mudanças eram símbolos de sua nova fé: três janelas em homenagem ao Deus Uno e Trino, Criador de todas as coisas. E a Cruz lembrava o sacrifício do Filho de Deus para salvar a humanidade. Dióscoro ficou furioso.

A sentença de morte de Santa Bárbara

Ao perceber que a filha estava irredutível em sua fé cristã, Dióscoro, num impulso de ira, denunciou a filha ao prefeito da cidade. Este ordenou que Bárbara fosse torturada em praça pública, para tentar fazer com que a jovem renegasse a fé cristã. Porém, para surpresa de todos, Santa Bárbara não renegou sua fé, mesmo diante dos mais atrozes sofrimentos.

Durante a tortura, uma jovem cristã chamada Juliana denunciou os nomes dos carrascos, coisa que era expressamente proibida na época. Por isso, Juliana foi presa e condena à morte por decapitação juntamente com Santa Bárbara.

As duas jovens cristãs foram levadas amarradas pelas ruas de Nicomédia, sob os gritos furiosos de muita gente. Santa Bárbara teve os seios cortados. Depois, foi conduzida para fora da cidade. Lá, seu próprio pai a degolou.

Bárbara e os raios

Quando Dióscoro degolou a filha e a cabeça de Santa Bárbara rolou pelo chão, um raio riscou o céu e um enorme trovão foi ouvido pelo povo. E, para o assombro de todos, o corpo de Dióscoro caiu no chão sem vida, atingido pelo raio. Parece que a natureza se revoltou contra a atitude desse pai infanticida.

Depois deste fato, Santa Bárbara ganhou o status de "protetora contra relâmpagos e tempestades", além de ser nomeada Padroeira dos artilheiros, dos mineradores e das pessoas que trabalham com fogo.

Devoção à Santa Bárbara

festa de Santa Bárbara é celebrada na Igreja Católica e na Igreja Ortodoxa. A festa é celebrada no dia 4 de Dezembro de cada ano.

Mas a grande mensagem de Santa Bárbara destina-se a todos aqueles que buscam a verdade, principalmente os jovens. Ela nos ensina a buscar a verdade com coração sincero e aberto. Ensina também que o casamento não deve acontecer por mero interesse, mas sim por amor. Por fim, Santa Bárbara nos dá uma mensagem de coragem e fé. A palavra mártir quer dizer testemunha e se aplica aos cristãos que preferiram morrer a negar sua fé e pecar. Este é o grande testemunho de Santa Bárbara.

Oração de Santa Bárbara

“Santa Bárbara, que sois mais forte que as torres das fortalezas e a violência dos furacões, fazei que os raios não me atinjam, os trovões não me assustem e o troar dos canhões não me abalem a coragem e a bravura. Ficai sempre ao meu lado para que possa enfrentar de fronte erguida e rosto sereno todas as tempestades e batalhas de minha vida, para que, vencedor de todas as lutas, com a consciência do dever cumprido, possa agradecer a vós, minha protetora, e render graças a Deus, criador do céu, da terra e da natureza: este Deus que tem poder de dominar o furor das tempestades e abrandar a crueldade das guerras. Por Cristo, nosso Senhor. Amém.”

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

Cardeal Braz de Aviz celebra 50 anos de sacerdócio em Apucarana

Cardeal Braz de Aviz celebra 50 anos de sacerdócio | AD3

Dom João Braz de Aviz relembra os principais momentos de sua trajetória e destaca como é trabalhar junto ao Papa Francisco.

Vatican News

A Catedral Nossa Senhora de Lourdes, em Apucarana, foi o local escolhido para a celebração do Jubileu Sacerdotal do cardeal dom João Braz de Aviz. A missa celebrada no último sábado dia 26, contou com a presença de um grande número de fiéis, além de bispos, padres e autoridades públicas.

Dom João Braz é natural de Mafra-SC, porém passou toda sua infância em Borrazópolis, onde seu pai era açougueiro. Ele foi ordenado padre em 1972, na Catedral de Apucarana, pelo então bispo dom Romeu Alberti.

Essa acolhida de Dom Carlos, bispo de Apucarana e também da comunidade, aqui no meu ninho, onde eu vivi tanto tempo, causou uma alegria no meu coração. É como se eu voltasse um pouco às raízes. É o lugar onde Deus me pôs, me fez crescer, amadurecer, na minha vida cristã, na minha vida sacerdotal e depois me puxou para fora, levando para tantos outros lugares para a missão”, destaca o cardeal durante entrevista coletiva um dia antes da missa celebrativa.

Cardeal Braz de Aviz celebra 50 anos de sacerdócio em Apucarana | AD3

Em tom de emoção, o prelado evidenciou a alegria de reencontrar pessoas da diocese onde foi gerada a sua vocação: “todas as nossas verdadeiras amizades, a gente pode não se encontrar por anos, mas elas não oxidam, não pegam ferrugem, estão sempre límpidas e bonitas, então é isso um pouco o que eu experimento aqui no olhar, no abraço, no carinho, na conversa, na recordação.

Atualmente morando em Roma, o cardeal exerce um dos mais importantes cargos, ao lado do Papa Francisco, como Prefeito do Dicastério para Institutos de Vida Consagrada e Sociedades de Vida Apostólica.

“São onze anos que nós experimentamos do Papa Francisco uma pessoa profundamente humana. Ele te dá uma atenção muito grande, tudo o que você faz, para ele é importante! E nós temos a alegria de nesses onze anos, nunca tivemos um momento de tensão, de conflito. Ele sempre esteve perto e trazendo para nós a luz necessária”, relembra Aviz, ao comentar sobre a convivência com o santo padre.

Cardeal Braz de Aviz celebra 50 anos de sacerdócio em Apucarana | AD3

“A convivência com ele (o papa) é de uma simplicidade que vocês não imaginam! Um dia bem no começo, a gente que estava acostumado com um jeito mais antigo, foi lá tudo “empetecado”, cheios de roupas de cardeais e, chegando lá  ele deu uma risada. Era uma audiência particular nossa e ele disse: ‘vocês vieram numa festa de casamento?’ E nunca mais nós fomos assim (risos).

Durante a coletiva, dom João Braz de Aviz falou também sobre a revitalização da Catedral Nossa Senhora de Lourdes e ressaltou a importância de jamais perder as raízes. “Não perder a sua história, primeira coisa! Porque a gente tem raízes! E tudo o que é construído em Deus não precisa desaparecer, precisa ser aprofundado. Depois, vocês têm a graça de um bispo muito pai, um bispo assim muito perto, que se interessa de tudo, né? Que acolhe, que fala devagar, que não fala com força, mas que sabe o que quer também! Ele tem muita clareza no que ele faz. Então, a unidade com o bispo para nós tem essa dimensão profunda da fé que faz a gente estar unido a Deus. Apucarana tem uma história muito bonita. Nós nascemos como diocese justamente no período do Concílio Vaticano II e dali pra frente, quem viveu desde o começo sabe que essa história foi muito rica, porém não sem dificuldades. Cada bispo tem o seu jeito, né? Mas a gente sabe que por ali passou a estrada de Deus para nós! Por isso que Apucarana é bonita!

Cardeal Braz de Aviz celebra 50 anos de sacerdócio em Apucarana

A coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (25), foi conduzida por dom Carlos José de Oliveira, atual bispo da diocese de Apucarana.

“Nossa Igreja Particular está em festa pelo Jubileu dos cinquenta anos de ordenação sacerdotal do Cardeal Dom João Braz de Aviz e agrademos a Deus com muita alegria por celebrarmos juntos dele (o cardeal) este momento tão especial”, ressaltou o bispo.

Fonte:  Ana Néri - Assessoria de Imprensa AD3 Comunicação

Charles de Foucauld é inspiração para comunidade cristã no Saara

Antoine Mekary | ALETEIA
Por Aleteia

Foucauld queria que a Eucaristia estivesse presente no meio dos muçulmanos.

No dia 1 de Dezembro, celebrou-se a festa de São Charles de Foucauld, canonizado pelo Papa Francisco no dia 15 de Maio deste ano. O missionário francês, que viveu entre os tuaregues do Saara, na Argélia, foi assassinado em 1916 e é considerado pela Igreja Católica como mártir.

Na região do Saara Ocidental existe hoje uma minúscula, mas activa comunidade cristã. O missionário espanhol Mario León Dorado é o rosto desta Igreja sendo, desde 2013, o Prefeito Apostólico. Ele é responsável pela Catedral de El Aaiún, e pela Igreja de Nossa Senhora do Carmo, em Dakhla, assim como por uma capela no porto de El Aaíun.

Em entrevista a Maria Lozano, directora de informação internacional da Fundação AIS, o padre Léon refere que a maioria dos cristãos que vivem nesta região são migrantes e estão de passagem e muitos têm como objectivo chegar à Península Ibérica. “São migrantes que atravessaram África para chegar às Ilhas Canárias ou à Península Ibérica; ou são estudantes que chegam por três anos para fazer um curso superior e depois voltam para os seus países.” Gente que vem de muitos lugares e com o sonho de uma vida melhor na bagagem.

Como explica Monsenhor Mario León Dorado, o que predomina nesta Igreja no Saara Ocidental são pessoas oriundas de países tão distintos como a Costa do Marfim, Senegal, Camarões, Guiné-Conacri, Quénia, Serra Leoa ou Libéria. “Somos uma Igreja muito pequena, mas pequenina não significa morta ou insignificante. Mas somos pequenos. Ou seja, temos basicamente duas paróquias no Saara Ocidental”, diz o missionário oblato de Maria Imaculada. São as paróquias de El Aaiún e de Dakhla. Trata-se de uma prefeitura apostólica, explica, “porque não reúne as condições para constituir uma diocese. Portanto, não temos bispo…”

O Saara Ocidental é uma região que faz fronteiras com Marrocos, Mauritânia e Argélia e hoje é palco de uma disputa no plano internacional após Espanha ter saído do território em 1975. Neste momento é um território sob domínio marroquino. E o número de cristãos é mesmo muito exíguo. 

“Em Dakhla, o número de cristãos varia entre 40 e 60, mas isto muda muito. São, antes de tudo, migrantes que certamente chegam ao Saara para poderem ir às Ilhas Canárias, Espanha, às vezes de barco. Mas há um bom núcleo que fica e está lá há anos, porque em Dakhla podem ganhar dinheiro com a indústria do peixe, os frigoríficos. E assim eles constroem comunidade e nós, como Igreja, queremos construir um lar, uma família, porque todos os migrantes vivem longe de suas famílias, de suas Igrejas de referência”, diz o Prefeito Apostólico.

Para esta missão, para se cumprir este objectivo de ajudar estes cristãos a sentirem-se em casa, foi criado um centro de acolhimento para migrantes, que é gerido pela Caritas e pela congregação do padre León Dorado. “É isto, uma Igreja pequena, mas muito viva, muito viva. A verdade é que é um prazer celebrar aqui a Eucaristia e a fé”, acrescenta. Em El Aaiún, a capital da região, com cerca de 400 mil habitantes, também existe uma pequena comunidade cristã. Mas aqui a realidade é diferente. El Aaiún é uma zona de saída, e não tem indústria nem oferece oportunidades de trabalho. “Por isso, é mais difícil permanecer por muito tempo.” Nesta zona, os cristãos são, sobretudo, estudantes subsarianos que procuram fazer a sua formação profissional superior. “Há também um pequeno grupo das Nações Unidas que tem uma missão desde 1991. As nossas celebrações dominicais podem ter aqui umas 40 ou 50 pessoas. Uma pequena minoria dentro da grande sociedade muçulmana”, diz o missionário espanhol. Também aqui, o objectivo é, mais uma vez, construir família e comunidade.

Para a Igreja há imensos desafios apesar de serem poucos fiéis. Um desses desafios é, por exemplo, dar a conhecer Charles de Foucauld. Falar da sua mensagem, explicar o que significa ser cristão em terras muçulmanas, mostrar o sentido da fé quando se é estrangeiro é uma dessas tarefas. “Acho que Foucauld tem muito para nos dizer e é uma ferramenta, acho que é uma ferramenta do Espírito para que possamos justamente aprender a ser cristãos nesta terra, porque a tentação de todos, inclusive dos nossos irmãos subsaarianos, é copiar as Igrejas, os modelos de Igreja dos seus países e das suas comunidades”, diz Monsenhor Mario León Dorado. “Foucauld é, claramente, um santo para nós, uma inspiração. É um modelo, um exemplo de vida cristã, de carisma, de maneira de ser, de estar e de viver, de missionar, de evangelizar nesta terra”, afirma ainda o Prefeito Apostólico.

Um dos projectos que o missionário espanhol tem em mãos, e que está a ser desenvolvido com o apoio da Fundação AIS, é a decoração dos templos em El Marsa, no Norte, e em Dakhla, no Sul. “Queremos utilizar a decoração das capelas como inspiração e para a catequese dos nossos cristãos, para que possam aprofundar a sua espiritualidade em terras muçulmanas, como é o Saara. Foucauld queria que a Eucaristia estivesse presente no meio dos muçulmanos, e é isso que queremos ser, a presença do corpo de Cristo no mundo muçulmano, em contacto com o mundo muçulmano.”

(Via AIS)

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Homenagem a Carmen Hernández

Carmen Hernández no Brasil | cn.org.br

Para homenagear Carmen Hernández, em razão do quarto ano de seu falecimento no dia 19 de julho de 2020, o Centro Neocatecumenal de Brasília produziu este vídeo recordando as quatro vezes em que ela, junto com Kiko Argüello e Pe. Mario Pezzi, esteve no Brasil.


Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF