Terceira pregação do Advento | You Tube |
"Diz
uma lenda que, entre os pastores que se dirigiram para encontrar o Menino na
noite de Natal, havia um pastorzinho tão pobre, que não tinha nada para
oferecer à Mãe, e ficava de lado, envergonhado. Todos disputavam para entregar
a Maria o próprio presente. A Mãe não conseguia pegar todos, tendo que segurar
o Menino Jesus nos braços. Vendo-o ali ao lado o pastorzinho com as mãos
vazias, toma o Menino e o coloca em seus braços. Não ter nada foi a sua sorte.
Façamos com que seja também a nossa."
Fr. Raniero Card. Cantalamessa,
OFMCap
A PORTA DA CARIDADE
Terceira Pregação do Advento de 2022
Um Deus para amar ou um Deus que ama?
“Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem
mais alto, antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar”. Em nosso intuito de abrir as portas a Cristo que
vem, chegamos à porta mais interna do “castelo interior”, aquela da virtude
teologal da caridade.
Mas o que significa abrir a Cristo a porta do amor?
Significa, talvez, tomarmos nós a iniciativa de amar a Deus? Assim teriam
respondido os filósofos pagãos, em base à concepção que tinham do amor de Deus.
“Deus – dizia Aristóteles – move o mundo na medida em que é amado”[1].
Na medida em que é amado, note-se bem, não à medida em que ama! Esta visão
filosófica foi completamente invertida no Novo Testamento:
Nisto está o amor: não fomos nós que amamos a Deus,
mas foi ele que nos amou e enviou o seu Filho... Nós amamos porque ele nos amou
primeiro (1Jo 4,10.19).
Henri de Lubac escreveu: “É preciso que o mundo
saiba: a revelação do Amor revira tudo o que ele concebera sobre a divindade”[2].
Até hoje não terminamos (e jamais terminaremos) de tirar todas as consequências
da revolução evangélica sobre Deus como amor. O Espírito Santo – ensina-nos
Santo Irineu – rejuvenesce continuamente o tesouro da revelação, juntamente com
o vaso que o contém, que é a tradição da Igreja. Com o seu auxílio, busquemos
entender qual é, acerca da virtude teologal da caridade, a consequência a se
descobrir e, sobretudo, a se viver.
Existem inúmeros tratados sobre o dever e sobre os
graus do amor de Deus, em outras palavras, sobre o “Deus a se amar”, De
diligendo Deo; não conheço tratados sobre Deus que ama! A
Bíblia é, ela própria, um tratado sobre o Deus que ama; mas, apesar disso,
quase sempre, quando se fala de “amor de Deus”, Deus é o objeto, não o sujeito
da frase.
Agora, é bem verdade que amar a Deus com todas as
forças é “o primeiro e maior mandamento”. Esta é, certamente, a primeira coisa
na ordem dos mandamentos; mas a ordem dos mandamentos não é a primeira ordem, a
que está no topo de tudo! Antes da ordem dos mandamentos, está a ordem da
graça, isto é, do amor gratuito de Deus. O próprio mandamento se
funda sobre o dom; o dever de amar a Deus se funda sobre o sermos
amados por Deus: “Nós amamos porque ele nos amou primeiro”, recordou-nos há
pouco o evangelista João. Esta é a novidade da fé cristã em relação a toda
ética baseada no “dever”, ou no “imperativo categórico”. Jamais deveríamos
perdê-lo de vista.
Nós cremos no amor de Deus
Abrir a Cristo a porta do amor significa, portanto,
algo bem preciso: acolher o amor de Deus, crer no amor. “E nós
conhecemos, e cremos no amor que Deus tem para conosco”, escreve João no
mesmo contexto (1Jo 4,16). Natal é a manifestação – literalmente, a epifania –
da bondade e do amor de Deus para o mundo: “Com efeito, a graça salvadora de
Deus manifestou-se (epephane) a toda a humanidade”, escreve São
Paulo. E ainda: “Se manifestou a bondade Deus, nosso Salvador, e o seu
amor pela humanidade” (Tt 2,11;3,4).
A coisa mais importante a se fazer no Natal é
receber com estupor o dom infinito do amor de Deus. Quando alguém recebe um
presente, não é delicado apresentar imediatamente, com a outra mão, o próprio
presente, talvez já preparado com antecedência. Dá-se, inevitavelmente, a
impressão de querer imediatamente se desobrigar. Primeiro, é preciso honrar o
presente que se recebe e o seu doador, com o estupor e a gratidão. Depois –
quase se envergonhando e com pudor – pode-se apresentar o próprio presente,
como se não fosse nada em relação ao que foi recebido (diante de Deus, o nosso
presente é, de fato, menos que nada!).
O que devemos fazer, como primeira coisa no Natal,
é crer no amor de Deus por nós. O ato de caridade tradicional, ao menos na
recitação particular e pessoal, não deveria começar com as palavras: “Senhor
Deus, amo-Te sobre todas as coisas”, mas “Senhor Deus, creio de todo o coração
que Tu me amas”.
Parece algo fácil. Ao contrário, está entre as
coisas mais difíceis no mundo. O homem é mais propenso a ser ativo do que
passivo; a fazer, mais do que deixar que lhe façam. Inconscientemente, não
queremos ser devedores, mas credores; queremos, sim, o amor de Deus, mas
com prêmio, mais do que como dom. Assim, porém,
realiza-se insensivelmente um deslocamento e uma inversão: em primeiro lugar,
no topo de tudo, no lugar do dom, é colocado o dever; no lugar da graça, a lei;
no lugar da fé, as obras.
“Cremos no amor!”: este é um grito para o qual é
preciso reunir todas as forças e fazer-se violência. Eu chamo de “fé
incrédula”: fé que não sabe se capacitar do que crê, mesmo que creia. Deus – o
Eterno, o Ser, o Tudo – me ama e cuida de mim, pequeno nada perdido na
imensidão do universo e da história! “O naufragar me é doce neste mar”,
deveríamos exclamar com o poeta Leopardi[3].
É preciso que nos tornemos crianças para crer no
amor. As crianças creem no amor, mas não em base a um raciocínio. Por instinto,
por natureza. Nascem cheios de confiança no amor dos pais. Pedem aos pais as
coisas de que necessitam, talvez mesmo batendo os pés, mas o pressuposto tácito
não é que já ganharam; é que são filhos e um dia serão herdeiros de tudo. É
sobretudo por este motivo que Jesus recomenda frequentemente para que nos
tornemos como crianças para entrar no seu Reino.
Mas não é fácil nos tornarmos crianças. A
experiência, as amarguras, as desilusões da vida nos tornam cautelosos,
prudentes, às vezes, cínicos. Todos parecemos um pouco com Nicodemos. “Como
pode alguém nascer – pensamos –, se já é velho?” (Jo 3,4). Como podemos
renascer, voltar a nos entusiasmar, a nos maravilhar no Natal, como as
crianças? Mas o que Jesus respondeu a Nicodemos? “Em verdade, em
verdade, eu te digo: se alguém não nascer da água e do Espírito, não poderá
entrar no Reino de Deus” (Jo 3,5).
Isto não é resultado de esforço e pretensão
humanos, ou excitação do coração; é obra do Espírito Santo. Jesus não fala aqui
apenas do batismo; pelo menos, não apenas do batismo de água. Trata-se de um
renascimento e de um batismo “no Espírito”, ou “do alto” (Jo 3,3), que pode se
renovar várias vezes no arco da vida. Foi isso que os apóstolos e os discípulos
experimentaram em Pentecostes e que também nós deveríamos desejar conhecer, em
certa medida, aquele “novo Pentecostes” que o Papa São João XXIII pediu a Deus
para toda a Igreja ao anunciar o Concílio.
O essencial de Pentecostes está encerrado nestas
palavras do versículo 4 do capítulo segundo dos Atos dos Apóstolos: “Todos
ficaram repletos do Espírito Santo”. O que quer dizer esta breve
frase que já ouvimos milhares de vezes? “Todos ficaram repletos do Espírito
Santo”: certo: mas o que é o Espírito Santo? É o amor – diz a teologia – com
que o Pai ama o Filho e com que o Filho ama o Pai. Mais livremente, dizemos: é
a vida, a doçura, o fogo, a bem-aventurança que corre na Trindade, porque o
amor é todas estas coisas juntas e em grau infinito.
Dizer, portanto, que “todos ficaram repletos do
Espírito Santo” é como dizer que todos ficaram repletos do amor de Deus.
Fizeram uma experiência arrebatadora de serem amados por Deus. Morrendo, Cristo
destruíra o muro divisório do pecado e, agora, o amor de Deus podia finalmente
ser derramado sobre os apóstolos e os discípulos, submergindo-os em um oceano
de paz e felicidade. Ao dizer que “o amor de Deus foi derramado em nossos
corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rm 5,5), São Paulo não faz
outra coisa senão descrever – de forma sintética, ao invés de narrativa – o
evento de Pentecostes, atualizado, para cada um, no batismo.
O amor de Deus tem um aspecto objetivo, que
chamamos de graça santificante, ou caridade infundida, mas comporta também um
elemento subjetivo, uma repercussão existencial, assim como é na própria
natureza do amor. Não se tratou, como somos levados a pensar, de algo puramente
objetivo, ou ontológico, do qual o interessado não tem qualquer conhecimento. O
dom do “coração novo” não acontece sob anestesia total, como os transplantes
normais de coração! Nós o vemos a partir da mudança improvisa que se realiza
nele. Nada mais de temores, rivalidades, timidez; homens novos, prontos a se
lançar pelas estradas do mundo e dar a vida por Cristo.
“O amor constrói”
O discurso sobre a virtude teologal do amor não se
conclui, certamente, neste ponto. Seria um discurso incompleto, como uma
prótase não seguida pela apódose. A prótase é: “Se Deus tanto nos amou...”; a
apódose, ou a consequência, é: “também nós devemos amá-lo e nos amar entre
nós”. Mas temos tantas ocasiões para falar sobre o exercício da caridade que,
por uma vez, podemos deixar de lado o “dever” para nos ocupar apenas do “dom”.
Limito-me apenas a algumas breves considerações sobre o efeito social e eclesial
da virtude teologal da caridade.
Sobre ela, afirma-se que “constrói”: “o
conhecimento enche de arrogância, mas o amor constrói” (1Cor 8,1). Constrói
primeiramente o edifício de Deus, que é a Igreja. “Vivendo segundo a
verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação a Cristo, que é
a cabeça. É dele que o corpo recebe coesão e harmonia... e, assim, realiza o
seu crescimento, construindo-se no amor” (Ef 4,15-16).
O amor é o que constitui a realidade invisível da
Igreja, a societas sanctorum, ou comunhão dos santos, como a chama
Agostinho. É a realidade do sacramento (a res sacramenti), o
significado do sinal que é a Igreja visível. “O amor permanece”, afirma São
Paolo (1Cor 13,13). É o único que permanece. Cessados as Escrituras, a fé, a
esperança, os carismas, os ministérios e todo o resto, permanece o amor. Tudo
desaparecerá, como quando se desmonta o andaime que serviu para construir um
edifício e este aparece em todo o seu esplendor.
Por um certo tempo, na antiguidade, costumou-se
designar com o simples termo de caridade, ágape, a realidade
inteira da Igreja. Isto logo traz à mente o famoso ditado de Santo Inácio de
Antioquia: “A Igreja de Roma é aquela que preside na caridade (ágape)”[4].
Esta frase é normalmente utilizada em função do primado de Roma e do Papa. Mas
ela não afirma apenas o fato do primado (“preside”), mas
também a sua natureza, ou o modo de exercê-lo (“na caridade”). É o
que a Igreja de Roma tem feito em seus melhores momentos e que hoje certamente
deseja fazer, tendo escolhido – também na nova Constituição Praedicate
Evangelium – o diálogo fraterno, a sinodalidade e o serviço, como
método de governo.
A caridade, contudo, não constrói apenas a
sociedade espiritual que é a Igreja, mas também a sociedade civil. Na
obra A cidade de Deus, Santo Agostinho explica que, na história,
coexistem duas cidades: a cidade de Satanás, simbolizada pela Babilônia, e a
cidade de Deus, simbolizada por Jerusalém. O que distingue as duas sociedades é
o amor diverso com o qual se movem. A primeira tem por motivação o amor a si
levado até o desprezo por Deus (amor sui usque ad contemptum Dei), a
segunda tem por motivação o amor a Deus levado até desprezo de si (amor Dei
usque ad contemptum sui)[5].
A oposição, neste caso, é entre o amor a Deus e o
amor a si mesmo. Em outra obra, contudo, Santo Agostinho corrige em parte esta
contraposição, ou ao menos a reequilibra. A verdadeira contraposição que
caracteriza as duas cidades não é entre o amor a Deus e o amor a si. Estes dois
amores, entendidos corretamente, podem – melhor, devem – existir juntos. Não, a
verdadeira contraposição é aquela dentro do amor a si, e é a contradição entre
o amor exclusivo por si – o amor privatus, como ele o
chama –, e o amor pelo bem comum – o amor socialis [6].
É o amor privado – isto é, o egoísmo – que cria a cidade de Satanás, a
Babilônia, e é o amor social que cria a cidade de Deus, onde reina a concórdia
e a paz.
O sentimento social nasceu no solo irrigado pelo
Evangelho, e é estranho que, em época moderna, tal conquista tenha sido usada
como argumento para se jogar na face do cristianismo. Nos primeiros séculos e
por toda a Idade Média, o meio por excelência, para agir no social e ir ao
encontro dos pobres, era a esmola. Ela é um valor bíblico e conserva sempre a
sua atualidade. Não pode mais, contudo, ser proposto como o modo ordinário de
praticar o amor social, ou o amor pelo bem comum, pois não salvaguarda a
dignidade do pobre e o mantém em seu estado de dependência.
Compete aos políticos e aos economistas empreender
processos estruturais que reduzam o escandaloso abismo entre um reduzido número
de megarricos e o infinito número dos deserdados da terra. O meio ordinário
para os cristãos é criar as premissas no coração do homem para que isto
aconteça. Para quem está empenhado no social, trata-se de promover a chamada
“Doutrina Social da Igreja”. Para os empreendedores cristãos, por exemplo, é
criar postos de trabalho, como reafirmou o Santo Padre, no encontro de Assis de
setembro passado, aos jovens economistas que se inspiram em seu ensinamento.
Só o amor pode nos salvar
Gostaria, antes de concluir, de acenar a um outro
efeito benéfico da virtude teologal da caridade sobre a sociedade em que
vivemos. A graça, reza um famoso axioma teológico, supõe a natureza, não a
destrói, mas a aperfeiçoa[7].
Aplicado à terceira virtude teologal, isso significa que a caridade supões a
capacidade e a predisposição natural do ser humano a amar e ser amado. Esta
capacidade pode nos salvar hoje de uma tendência em ato, que poderia, se não
for corrigida, a uma verdadeira e própria “desumanização”.
Há alguns anos, participei de um debate público em
Londres. A moderadora propunha uma série de perguntas a um certo número de
teólogos, entre eles, um professor de teologia da universidade de Yale, um
bispo e um teólogo anglicanos e eu. A pergunta crucial era a seguinte. Após ter
substituído as capacidades operativas do homem com robôs, a técnica já está a
ponto de substituir também as suas capacidades mentais com a inteligência
artificial. O que resta, portanto, de próprio e exclusivo ao ser humano? Ainda
há motivo de considerá-lo à parte no universo? É ainda indispensável, ou não
seria nocivo, por natureza?
Quando chegou a minha vez de responder, com o meu
pobre e dificultoso inglês, acrescentei uma simples reflexão. Estão
trabalhando, eu disse, em um computador que pensa: mas conseguimos imaginar um
computador que ama, que se enternece pelas nossas penas e se alegra pelas
nossas alegrias? Podemos conceber uma inteligência artificial: mas conseguimos
conceber um amor artificial? Talvez seja justamente aqui que devamos colocar o
específico do humano e o seu inalienável atributo. Para um crente bíblico, há
uma razão que explica este fato: é que fomos criados à imagem de Deus, e “Deus
é amor”! (1Jo 4,8).
Apesar de todos os nossos erros e más ações, nós,
seres humanos, não somos – e jamais seremos – demais sobre a terra! Ao término
das suas reflexões filosóficas sobre o perigo da técnica para o homem moderno,
Martin Heidegger, quase jogando a toalha, exclamava: “Só um deus pode nos
salvar!”[8].
Podemos parafrasear: só o amor pode nos salvar! Porém, o amor de Deus,
certamente não o nosso.
“Nasceu para nós um pequenino”
Voltemos, então, os nossos pensamentos ao Natal,
que está às portas. Com a vinda de Cristo, o grande rio da história chegou a
uma “eclusa” e recomeça a partir de um nível mais alto. “O que era antigo
passou; eis que tudo se fez novo” (2Cor 5,17). Está coberto o grande “desnível”
que separava Deus do homem, o Criador da criatura. Não sem razão, daí em
diante, a história humana se divide em “antes de Cristo” e “depois de Cristo”.
Existem figuras natalinas ingênuas, mas de profundo
significado. Nelas, vê-se o Menino Jesus que, descalço, com neve aos seus pés e
uma lâmpada na mão, de noite, esperando diante de uma porta após ter batido. Os
pagãos imaginavam o amor como um garotinho, a quem chamavam de Eros. Tratava-se
de uma representação simbólica, antes, de um verdadeiro e próprio ídolo. Nós
sabemos que o amor realmente se tornou um menino; que ele já é uma realidade,
um evento, antes, uma pessoa. “O amor do Pai se fez carne”, assim um autor do
II século parafraseava o versículo de João 1,14[9].
O amor realmente se fez menino: o Menino Jesus.
“Eis que estou à porta e bato. Se alguém ouvir a
minha voz e abrir a porta, eu entrarei em sua casa e tomarei a refeição com
ele, e ele comigo” (Ap 3,20). Abramos a porta do coração àquele Menino
que bate. A coisa mais bonita que podemos fazer no Natal não é, eu dizia, nós
oferecermos algo a Deus, mas acolher com estupor o dom do seu próprio Filho,
que Deus Pai dá ao mundo.
Diz uma lenda que, entre os pastores que se
dirigiram para encontrar o Menino na noite de Natal, havia um pastorzinho tão
pobre, que não tinha nada para oferecer à Mãe, e ficava de lado, envergonhado.
Todos disputavam para entregar a Maria o próprio presente. A Mãe não conseguia
pegar todos, tendo que segurar o Menino Jesus nos braços. Então, vendo-o ali ao
lado o pastorzinho com as mãos vazias, toma o Menino e o coloca em seus braços.
Não ter nada foi a sua sorte. Façamos com que seja também a nossa!
Unamo-nos ao estupor e à alegria da liturgia que,
no Natal, repete – como fato cumprido e não mais simples profecia – as palavras
de Isaías (9,5):
Pois nasceu para nós um pequenino,
um filho nos foi dado.
O principado está sobre seus ombros,
e seu nome será:
Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte,
Pai para sempre, Príncipe da paz.
__________________________
Tradução de Fr. Ricardo Farias, ofmcap
[1] Cf. Aristóteles, Metafísica, XII,7,1072b.
[2] Cf. Henri de Lubac, Histoire et
Esprit, Aubier, Paris 1950, cap. V.
[3] Cf. Giacomo Leopardi, L’infinito.
[4] Cf. Inácio de Antioquia, Carta aos
Romanos, saudação inicial.
[5] Cf. Agostinho, De civitate Dei,
14,28.
[6] Cf. Agostinho, De Genesi ad litteram, 11, 15,
20 (PL 32, 582).
[7] Cf. Tomás de Aquino, S.Th. I, q. 2. a. 2 ad 1
(gratia [praesupponit] naturam”); I, q. 1, a. 8, ad 2 (gratia non
tollit naturam, sed perficit).
[8] Cf. Martin Heidegger, Antwort. Martin
Heidegger im Gespräch, Gesamtausgabe, vol. 16, Frankfurt 1975.