Translate

terça-feira, 20 de dezembro de 2022

Captar o essencial com clareza

Nesta página, Giotto, detalhes dos afrescos da Capela dos
Scrovegni, Pádua; acima, A última Ceia | 30Giorni
Arquivo 30Dias - 12/2005

Captar o essencial com clareza

Uma reflexão do arcebispo emérito de Florença sobre a encíclica do papa Bento XVI

do cardeal Silvano Piovanelli

Quando as carmelitas descalças do mosteiro de Santa Teresa em Florença tiveram notícia do título e do tema da primeira encíclica do papa Bento XVI, exclamaram quase em coro: “É ele!”.
Sim, é ele! Papa Bento gosta de captar com clareza o essencial. E captá-lo não catedraticamente e por meio de discursos difíceis, mas com profundidade e simplicidade ao mesmo tempo, de modo a ser compreendido por todos.
A maneira de prenunciar a publicação também foi insólita, quase familiar. Ele falou dela de improviso com os quase dez mil fiéis da audiência geral da quarta-feira, dando a entender que a redação do texto, a sua elaboração, as traduções requereram mais tempo do que o previsto (“finalmente, em 25 de janeiro será publicada a minha primeira encíclica!”), e reconhecendo que o atraso foi providencial, pois fez coincidir a publicação da encíclica com a festa da conversão de São Paulo e a conclusão da semana de oração pela unidade dos cristãos.
É ele! Numa conferência no “Meeting pela Amizade entre os Povos” de 1990, dizia corajosamente: “Está disseminada hoje, aqui e ali, mesmo em ambientes eclesiásticos elevados, a idéia de que uma pessoa é tanto mais cristã quanto mais está empenhada em atividades eclesiais. A pessoa é levada a uma espécie de terapia eclesiástica da atividade, do ter o que fazer: procura-se assinalar um comitê para cada um ou, em todo caso, ao menos um grande compromisso dentro da Igreja. De certa forma, pensa-se, deve haver sempre uma atividade eclesial, deve-se falar da Igreja, deve-se fazer alguma coisa por ela ou nela. Mas um espelho que reflete apenas a si mesmo não é mais um espelho. Uma janela que, em vez de permitir um olhar livre para o horizonte distante, se interpõe como uma tela entre o observador e o mundo, perdeu o seu sentido. Pode acontecer que alguém exerça ininterruptamente atividades associativas, eclesiais, e todavia não seja realmente um cristão. Pode acontecer, em vez disso, que algum outro viva simplesmente apenas da Palavra e do Sacramento e pratique o amor que provém da fé, sem nunca ter comparecido a comitês eclesiásticos, sem nunca ter-se ocupado das novidades da política eclesiástica, sem ter feito parte de Sínodos e sem ter votado neles, e todavia é um verdadeiro cristão. Não é de uma Igreja mais humana que precisamos, mas de uma Igreja mais divina; só então ela será também verdadeiramente humana... Quanto mais aparatos construímos, ainda que sejam os mais modernos, menos espaço há para o Espírito, menos espaço para o Senhor, menos liberdade há. Eu penso que deveríamos, deste ponto de vista, começar na Igreja um exame de consciência em todos os níveis, sem reservas”.
A coisa mais importante para a Igreja, portanto, não é o fazer, mas o ser: escolher, como Maria de Betânia, a parte melhor, que é sentar-se aos pés do Amado e beber sua palavra com alegria. Não certamente para viver um intimismo solitário e dobrado sobre si mesmo, mas para dar um testemunho forte desse Amor, que por nosso intermédio quer alcançar a todos.
É ele! Ele, que reconhece o seu mestre em Santo Agostinho. O qual, comentando as cartas do apóstolo João, escrevia: “‘Deus é amor’: uma frase breve, de um só período, mas que peso de significado ela contém” (In Ep. Io., 1). “O que podia dizer mais, ó irmãos? Se não houvesse em toda essa Epístola e em todas as páginas da Escritura nenhum louvor da caridade fora dessa única palavra que entendemos da boca do Espírito, ou seja, que Deus é caridade, não deveríamos mais crer” (In Ep. Io., 7, 4).
“Busca saber como é possível ao homem amar a Deus: de modo algum saberás como, a não ser no fato de que ele nos amou em primeiro lugar. Ele nos deu a si mesmo como objeto a ser amado, nos deu os recursos para amá-lo. O que ele nos deu com a finalidade de poder amá-lo, ouve-o de maneira mais explícita do apóstolo Paulo, que diz: ‘A caridade de Deus está espalhada em nossos corações’. Mas como? Acaso por obra nossa? Não. Mas então como? ‘Pela ação do Espírito Santo que nos foi dado’” (Sermo 34, 2).
“Se todos se marcassem com a cruz, se respondessem ‘Amém’ e cantassem todos ‘Aleluia’; se todos recebessem o batismo e entrassem nas igrejas, se fizessem construir as paredes das basílicas, restaria o fato de que somente a caridade permite distinguir os fi­lhos de Deus dos filhos do diabo. Os que têm a caridade nasceram de Deus, os que não a têm não nasceram de Deus. É esse o grande critério de discernimento. Se tivesses tudo, mas te faltasse essa única coisa, de nada te aproveitaria o que tens; se não tens as outras coisas, mas possuis esta, cumpriste a lei” (In Ep. Io., 5, 7).
Numa passagem belíssima, Agostinho esclarece como a caridade não consiste principalmente e simplesmente num “fazer”, que poderia ser também expressão de um amor egoísta e soberbo, que deseja ser louvado pelos homens: “Vede as grandes obras que a soberba realiza: dai bastante atenção a como elas são semelhantes e quase iguais às da caridade. A caridade oferece alimento a quem tem fome, mas o faz também a soberba: a caridade faz isso para que o Senhor seja louvado, a soberba o faz para dar louvor a si mesma. A caridade veste um nu e o faz também a soberba; a caridade jejua mas o faz também a soberba; a caridade sepulta os mortos, mas o faz também a soberba... A divina Escritura nos convida a sair dessa ostentação e a voltar a nós mesmos, a voltar ao nosso íntimo saindo dessa superficialidade que se ostenta diante dos homens. Volta ao íntimo de tua consciência, interroga-a. Não olha para o que floresce exteriormente, mas vê qual é a raiz que está oculta na terra”.
“Deus não te proíbe de amar as criaturas, mas te proíbe de as amar com a finalidade de obter delas a felicidade” (In Ep. Io., 2, 11).

O lava-pés | 30Giorni

É ele! Quantas vezes a palavra amor ou algo correspondente ressoou em seus lábios!
Na homilia da missa de início do ministério petrino, exclamou: “Apascentar significa amar, e amar quer dizer também estar prontos para sofrer. Amar significa: dar às ovelhas o verdadeiro bem [...]. Rezai por mim, para que eu aprenda a amar cada vez mais o seu rebanho [...]. Rezai por mim, para que eu não fuja, por receio, diante dos lobos”. “Cada um de nós é querido, cada um de nós é amado, cada um é necessário. Não há nada mais belo do que ser alcançados, surpreendidos pelo Evangelho, por Cristo. Não há nada mais belo do que conhecê-Lo e comunicar aos outros a Sua amizade.”
Às crianças da Primeira Comunhão, que recebeu na praça de São Pedro em 15 de outubro, explicou: “Adorar é dizer: ‘Jesus, eu sou teu e sigo-te na minha vida, nunca gostaria de perder esta amizade, esta comunhão contigo’. Poderia também dizer que a adoração na sua essência é um abraço com Jesus, no qual eu digo: ‘Eu sou teu e peço-te que estejas também tu sempre comigo’”.
Na abertura do Congresso da Diocese de Roma sobre a Família, sublinhava: “A vocação para o amor é aquilo que faz com que o homem seja a autêntica imagem de Deus: ele torna-se semelhante a Deus na medida em que ama”.
Em Bari, concluindo o Congresso Eucarístico Nacional, o Papa lembrava que Agostinho ini­cialmente teve dificuldades para aceitar a perspectiva do “repasto eucarístico”, que lhe parecia indigna de Deus: nos repastos comuns, de fato, o homem é o mais forte, na medida em que é ele quem assimila o alimento, fazendo deste um elemento da sua realidade corpórea. Mas num segundo tempo, Agostinho entendeu que na Eucaristia as coisas caminhavam no sentido exatamente contrário: o centro é Cristo, que nos atrai para si, nos faz uma só coisa com ele e, dessa forma, nos insere também na comunidade dos irmãos... Não podemos comungar com o Senhor se não comungamos entre nós.

Noli me tangere | 30Giorni
Aos jovens peregrinos em Colônia disse com força: “Não são as ideologias que salvam o mundo, mas unicamente dirigir-se ao Deus vivo, que é o nosso criador, a garantia da nossa liberdade, a garantia do que é deveras bom e verdadeiro. A verdadeira revolução consiste unicamente em dirigir-se sem reservas a Deus, que é a medida do que é justo e ao mesmo tempo é o amor eterno. E o que nos pode salvar a não ser o amor?”.
O mal e o sofrimento, sobretudo o sofrimento dos inocentes, mas também o ódio e a crueldade gratuita de tantas pessoas continuam a ser o escândalo que torna difícil a esperança. Hoje, para muitos, a vida não tem sentido. Saber que Deus tem um amor sem limites por todos nós, homens e mu­lheres, e por toda a criação, e que entregou seu Filho único para salvar o mundo, dá um sentido à vida.
É ele! Tenho a encíclica em minhas mãos, mas ainda não cortei as páginas. Tudo o que disse até agora me foi sugerido pela expressão certeira de uma comunidade de carmelitas descalças. Lerei com atenção esta primeira encíclica do papa Bento XVI, não esquecendo que - como diz a raposa do Pequeno Príncipe no conto de Saint-Éxupery - “nós só vemos bem com o coração. O essencial é invisível aos olhos. Os homens esqueceram essa verdade. Você não a deve esquecer”.
Tenho confiança de que todas as pessoas às quais a carta é endereçada - os bispos, os presbíteros, os diáconos, as pessoas consagradas e todos os fiéis leigos -, lendo com o coração as palavras do papa Bento, tornarão programa de sua vida o que o novo Papa declarou solenemente no início de seu serviço petrino: “O meu verdadeiro programa de governo é não fazer a minha vontade, não perseguir idéias mi­nhas, pondo-me contudo à escuta, com a Igreja inteira, da palavra e da vontade do Senhor, e deixando-me guiar por Ele, de forma que seja Ele mesmo quem guia a Igreja nesta hora da nossa história”.

Conheça o seu santo padroeiro de 2023

Aleteia
Por Aleteia

Comece o Ano Novo com um santo padroeiro que será seu intercessor junto a Deus e seu apoio em tempos difíceis. Santa Irmã Faustina fazia isso todos os anos!

A chegada do Ano Novo é, para muitos de nós, um tempo para fazer um balanço, tomar resoluções e estabelecer novas metas. No entanto, acontece com frequência que nosso entusiasmo se desvanece rapidamente e mal temos motivação suficiente até o final de janeiro… 

Vale a pena lembrar que podemos então recorrer a nossos santos padroeiros para obter ajuda!

Seu santo padroeiro – intercessor no céu

Confiar suas intenções à intercessão dos Santos de Deus é um belo hábito que não só te ajudará a perseverar em tempos de provação e dificuldade este ano, mas também abrirá seu coração ao plano de Deus para você.

Santa Faustina e tradição do santo padroeiro

A tradição de sortear o padroeiro do ano é particularmente apreciada pela Congregação das Irmãs de Nossa Senhora das Mercês, à qual pertenceu Santa Faustina Kowalska. Em seu Diário, ela recorda os acontecimentos de 1º de janeiro de 1935, como segue:

Quando chegamos ao refeitório para o café da manhã, depois de nos despedirmos, começou o sorteio dos padroeiros. Quando me aproximei das fotos nas quais os santos patronos estão escritos, eu as tirei sem pensar, mas sem lê-las imediatamente, quis me mortificar por alguns minutos. Depois ouço uma voz em minha alma: Eu sou seu santo padroeiro, leia. Naquele momento eu olhei para a inscrição e li: Padroeiro do ano de 1935 – a Santíssima Eucaristia. Meu coração tremiu de alegria (Atos 360).

Todos os anos Santa Faustina estava convencida da grande ajuda de sua padroeira e de sua intercessão no céu. E você? Você confiará suas intenções ao seu santo padroeiro este ano?

Basta preencher o formulário acima para descobrir quem será seu intercessor junto a Deus este ano.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Cop 15, acordo em Montreal para salvar a biodiversidade

Da Cop15, a salvação para a biodiversidade | Vatican News

Na segunda-feira (19) em Montreal, no Canadá, chegou-se a um acordo histórico entre os países de todo o mundo para tentar deter a destruição da biodiversidade e de seus recursos, essenciais para a humanidade.

Giancarlo La Vella – Vatican News

Mais de 190 países chegaram a um acordo na segunda-feira (19/12) na Cop15 em Montreal, presidida pela China e realizada no Canadá após adiamentos devido à pandemia, sobre um percurso de etapas que visa proteger 30% do território do planeta até 2030 e a aumentar a ajuda aos países em desenvolvimento para a proteção da biodiversidade para 30 bilhões de dólares por ano. A etapa canadense, nos comentários dos especialistas em clima e meio ambiente, foi vista como uma espécie de última praia para evitar que entremos em um túnel sem retorno sem frear o progresso econômico dos países industrializados e os em desenvolvimento.

Um estreito debate

O procedimento para a adoção do acordo exigiu uma longa maratona noturna que encerrou depois de quatro anos de difíceis negociações que colocaram em contraposição os países mais desenvolvidos industrialmente e os menos desenvolvidos do mundo. Além do tempo real de implementação, este é um passo decisivo para a salvação de todas as formas de vida na Terra e para a proteção do planeta. Um passo que, no entanto, não evitou um duro confronto, especialmente com os países africanos que criticaram os critérios de distribuição de fundos. O objetivo do acordo, entretanto, é restaurar 30% das áreas marinhas e terrestres degradadas até 2030 e reconhecer os direitos dos povos indígenas.

Comentários das instituições

"É um pacto de paz com a natureza", comentou o Secretário Geral da ONU Antonio Guterres sobre o acordo. Para a Presidente da Comissão Européia Ursula von der Leyen, "o mundo chegou a um acordo com objetivos para a proteção e restauração da natureza sem precedentes e mensuráveis”.

O Concílio Vaticano II

Abertura do Concílio - 11 outubro de 1962 
(Archivio Fotografico Vatican Media)

O CONCÍLIO VATICANO II 

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ) 

Na terça-feira, 11 de outubro de 2022, memória de São João XXIII, o Papa Francisco presidiu na Basílica de São Pedro a Santa Missa pelo 60° aniversário do Concílio Vaticano II. Em sua homilia, entre outros, convidou a redescobrirmos o Concílio, “para devolver a primazia a Deus, ao essencial”, recordando que o pedido do Senhor a Pedro para apascentar as suas ovelhas, referia-se não só a algumas, mas a todas, “porque ama a todas; a todas designa, afetuosamente, como «minhas». O bom Pastor vê e quer o seu rebanho unido, sob a guia dos Pastores que lhe deu. (Vatican News). No dia 8 de dezembro último, solenidade da Imaculada Conceição de Maria Santíssima, comemoramos os 57 anos do encerramento do Concílio Vaticano II (1962-1965). Estamos vivendo um momento especial em que é necessário aprofundarmos a beleza desse Concílio Ecumênico. Em nosso “curso para os Bispos” durante alguns anos aprofundamos os vários documentos conciliares escutando as conferências de especialistas e autoridades dos dicastérios. Também, como lembrança do final deste ano entreguei para cada seminarista de nossa Arquidiocese o livro do grande teólogo D. Cirilo Folch Gomes, OSB com o resumo do Concílio Vaticano comemorando este tempo importante da história, numa edição própria do nosso Regional Leste 1. Nestes tempos de tanta confusão é muito importante nos recolocarmos diante das moções do Espírito Santo que moveu a igreja nessa direção na caminhada conciliar. 

Esse foi o maior evento da vida da Igreja no século XX e que, por isso, merece nossa atenção serena e objetiva à luz de importantes declarações dos Papas que o vivenciaram de dentro: São João XXIII, o iniciador, São Paulo VI, o concluinte, o Beato João Paulo I, bispo de Vittorio Veneto (Itália), São João Paulo II, arcebispo de Cracóvia (Polônia) e Bento XVI, jovem sacerdote e teólogo, na condição de perito no Vaticano II. E agora atualizadas com as reflexões do Papa Francisco. 

São João XXIII, no Natal de 1961, observando os grandes problemas da humanidade em nível geopolítico e também a pobreza religiosa das pessoas, decidiu, ouvido o parecer de seus irmãos no episcopado, convocar, por meio da constituição apostólica Humanae salutis (HS), o Concílio Vaticano II. São suas palavras: “Desde quando subimos ao supremo pontificado, não obstante nossa indignidade e por um desígnio da Providência, sentimos logo o urgente dever de conclamar os nossos filhos para dar à Igreja a possibilidade de contribuir mais eficazmente na solução dos problemas da idade moderna. Por este motivo, acolhendo como vinda do alto uma voz íntima de nosso espírito, julgamos estar maduro o tempo para oferecermos à Igreja católica e ao mundo o dom de um novo concílio ecumênico, em acréscimo e continuação à série dos vinte grandes concílios, realizados ao longo dos séculos, como uma verdadeira providência celestial para incremento da graça na alma dos fiéis e para o progresso cristão” (HS, 6). Faz-se importante notar que a reta intenção do Papa santo era a de oferecer à Igreja, por graça de Deus, o 21º Concílio Ecumênico, ou seja, uma assembleia de bispos do mundo todo (= ecumênico) a fim de, em continuidade com toda Tradição de 20 séculos, apresentar, como um grande meio de avanço espiritual, aos homens e mulheres do nosso tempo uma palavra do Magistério vivo da Igreja. 

E o mesmo Pontífice, no documento já citado, convoca, então, o Concílio: “Depois de ouvir o parecer de nossos irmãos os cardeais da santa Igreja romana, com a autoridade de nosso Senhor Jesus Cristo, dos santos apóstolos Pedro e Paulo e com a nossa, anunciamos, indicamos e convocamos para o próximo ano de 1962, o ecumênico e geral concílio, que se celebrará na Basílica Vaticana, nos dias que serão fixados segundo a oportunidade que a boa Providência quiser nos oferecer” (HS, 18). É, portanto, aquela assembleia conciliar válida e lícita, pois os padres conciliares agiram cum Petro et sub Petro, isto é, junto com Pedro e sob a direção de Pedro, o Papa, a quem Nosso Senhor confiou as chaves da Igreja, prometeu assistência infalível (cf. Mt 16,18-19) – assim como a prometeu, depois, aos 11 reunidos junto com Pedro (cf. Mt 18,18) – e mandou confirmar seus irmãos na fé (cf. Lc 22,39-40). E o Concílio foi aberto, se realizou e concluiu-se por outro santo, São Paulo VI, em 7/8 de dezembro de 1965. 

Em seu Discurso conclusivo da magna assembleia conciliar, o Papa São Paulo VI assegurou que o Concílio deixou não só a imagem de uma Igreja viva e unida, “mas também o patrimônio da sua doutrina e dos seus mandamentos, isto é, o depósito que Cristo lhe confiou; depósito que no decurso dos tempos os homens sempre meditaram, transformaram, por assim dizer, no próprio sangue e exprimiram de algum modo no seu viver; depósito que agora, aclarado em muitos pontos, foi estabelecido e ordenado na sua integridade. Este depósito, vivo pela divina virtude da verdade e da força que o constituem, deve ser considerado apto para vivificar todo o homem que o acate piedosamente e dele alimente a sua própria vida”. E continua a dizer que o Vaticano II, mesmo se voltando aos problemas candentes do século XX e de uma análise da Igreja em si mesma, não deve ser, no campo religioso, acusado de relativista. Ao contrário, é a fé católica que lhe dá a tônica: “Os documentos conciliares, principalmente os que tratam da Revelação divina, da liturgia, da Igreja, dos sacerdotes, dos religiosos, dos leigos, permitem ver diretamente esta primordial intenção religiosa e demonstram quão límpida, fresca e rica é a veia espiritual que o vivo contato com Deus vivo faz brotar no seio da Igreja e correr sobre as áridas glebas da nossa terra”. 

E mais: o Concílio, assumindo uma postura otimista, se opôs aos erros sem, no entanto, atacar o errante: “Precisamos de reconhecer que este nosso Concílio se deteve mais nos aspectos felizes do homem que nos desditosos. Nisto ele tomou uma atitude claramente otimista. Uma corrente de interesse e de admiração saiu do Concílio sobre o mundo atual. Rejeitaram-se os erros, como a própria caridade e verdade exigiam, mas os homens, salvaguardado sempre o preceito do respeito e do amor, foram apenas advertidos do erro. Assim se fez, para que em vez de diagnósticos desalentadores, se dessem remédios cheios de esperança; para que o Concílio falasse ao mundo atual não com presságios funestos, mas com mensagens de esperança e palavras de confiança. Não só respeitou, mas também honrou os valores humanos, apoiou todas as suas iniciativas, e depois de os purificar, aprovou todos os seus esforços”. Temos aqui a máxima de Santo Agostinho de Hipona († 430) que convida a amar o homem errante, mas a rejeitar os seus vícios: “Cum dilectione hominum et odio vitiorum” (Carta 211). 

Ainda que mais pastoral que doutrinal, o Concílio Vaticano II merece acatamento: “O magistério da Igreja, embora não tenha querido pronunciar-se com sentenças dogmáticas extraordinárias sobre nenhum capítulo doutrinal, propôs, todavia, o seu ensinamento autorizado acerca de muitas questões que hoje comprometem a consciência e a atividade do homem. Por assim dizer, a Igreja baixou a dialogar com o homem; e conservando sempre a sua autoridade e a sua virtude, adotou a maneira de falar acessível e amiga que é própria da caridade pastoral. Quis ser ouvida e entendida pelos homens. Por isso, não se preocupou só com falar à inteligência do homem, mas exprimiu-se no modo hoje usado na conversação corrente, em que o recurso à experiência da vida e o emprego dos sentimentos cordiais dão mais força para atrair e para convencer. Isto é, a Igreja falou aos homens de hoje, tais quais eles são”. O grande protagonista do Concílio, não obstante as falhas de cada ser humano presente, foi, nas palavras do Beato Albino Luciani, Papa João Paulo I: “‘O Espírito Santo! Está presente nos trabalhos com sua assistência para evitar erros e desvios doutrinais’. Uma assistência que irá aos membros do Concílio coletivamente como ‘líderes da Igreja, não como homens individuais’ que ‘permanecerão homens com seu temperamento’” (Andrea Tornielli. O Concílio de Albino Luciani. Vaticannews, 26/08/2020). Exato! Deus não abandona a Sua Igreja, mas, ao contrário, a assiste, de modo ininterrupto, até o fim dos tempos (cf. Mt 28,20). 

Importa ainda, neste breve percurso sobre alguns pontos do Concílio, ouvir também o Papa São João Paulo II ao dizer, em 27 de fevereiro de 2000, que a grande assembleia conciliar só pode ser bem entendida na perspectiva da fé e requer aprofundamento a fim de não ser parcializado ou, quiçá, instrumentalizado. Afirma o Papa: “Sem dúvida, ele [o Concílio] exige um conhecimento cada vez mais profundo. Todavia, no interior desta dinâmica é necessário que não se perca de vista a intenção genuína dos Padres conciliares; pelo contrário, esta deve ser recuperada superando as interpretações desconfiadas e parciais que impediram de exprimir da melhor forma a novidade do Magistério conciliar. A Igreja conhece desde sempre as regras para uma reta hermenêutica dos conteúdos do dogma. Trata-se de regras que se colocam no interior do tecido da fé e não fora dele. Interpretar o Concílio pensando que ele comporta uma ruptura com o passado, enquanto na realidade ele se põe na linha da fé de sempre, é decididamente desviar-se do caminho. Aquilo que foi acreditado por ‘todos, sempre e em cada lugar’ é a autêntica novidade que permite a cada época sentir-se iluminada pela palavra da Revelação de Deus em Jesus Cristo” (ver também: São Vicente de Lérin. Commonitorium, XXIII). 

Importa notar, em São João Paulo II, o que também, com muita propriedade, o Papa Bento XVI, hoje emérito, afirma: o Concílio Ecumênico Vaticano II é o 21º da história da Igreja e está em plena conformidade com a doutrina bimilenar da Igreja, doutrina que ele não rejeita, mas, de um modo novo e próprio, reforça. Eis as firmes palavras de Bento XVI em 22 de dezembro de 2005: “Por que a recepção do Concílio, em grandes partes da Igreja, até agora teve lugar de modo tão difícil? Pois bem, tudo depende da justa interpretação do Concílio ou, como diríamos hoje, da sua correta hermenêutica, da justa chave de leitura e de aplicação. Os problemas da recepção derivaram do fato de que duas hermenêuticas contrárias se embateram e disputaram entre si. Uma causou confusão, a outra, silenciosamente, mas de modo cada vez mais visível, produziu e produz frutos. Por um lado, existe uma interpretação que gostaria de definir como hermenêutica da descontinuidade e da ruptura; não raro, ela pôde valer-se da simpatia dos mass media e também de uma parte da teologia moderna. Por outro lado, há a hermenêutica da reforma, da renovação na continuidade do único sujeito-Igreja, que o Senhor nos concedeu; é um sujeito que cresce no tempo e se desenvolve, permanecendo, porém, sempre o mesmo, único sujeito do Povo de Deus a caminho. A hermenêutica da descontinuidade corre o risco de terminar numa ruptura entre a Igreja pré-conciliar e a Igreja pós-conciliar. Ela afirma que os textos do Concílio como tais ainda não seriam a verdadeira expressão do espírito do Concílio”. 

E segue: “À hermenêutica da descontinuidade opõe-se a hermenêutica da reforma, como antes as apresentou o Papa João XXIII, no seu discurso de abertura do Concílio, em 11 de outubro de 1962, e, posteriormente o Papa Paulo VI, no discurso de encerramento, a 7 de dezembro de 1965. […] Neste processo de novidade na continuidade, devíamos aprender a compreender mais concretamente do que antes que as decisões da Igreja em relação às coisas contingentes, por exemplo, certas formas concretas de liberalismo ou de interpretação liberal da Bíblia deviam necessariamente ser elas mesmas acidentais, justamente porque referidas a uma determinada realidade em si mesma mutável. Era preciso aprender a reconhecer que, em tais decisões, somente os princípios exprimem o aspecto duradouro, permanecendo subjacente e motivando a decisão a partir de dentro. Não são, por sua vez, igualmente permanentes as formas concretas, que dependem da situação histórica e podem, portanto, ser submetidas a mutações. Assim, as decisões de fundo podem permanecer válidas, enquanto as formas da sua aplicação a estes novos podem mudar. Assim, por exemplo, se a liberdade religiosa for considerada como expressão da incapacidade do homem para encontrar a verdade e, consequentemente, se torna canonização do relativismo, por conseguinte, ela, por necessidade social, foi elevada de modo impróprio a nível metafísico e está privada do seu verdadeiro sentido, com a consequência de não poder ser aceita por quem crê que o homem é capaz de conhecer a verdade de Deus e, com base na dignidade interior da verdade, está ligado a tal conhecimento. Uma coisa completamente diversa é, porém, considerar a liberdade de religião como uma necessidade derivante da convivência humana, aliás, como uma consequência intrínseca da verdade que não pode ser imposta do exterior, mas deve ser feita pelo próprio homem somente mediante o processo do convencimento”.  

O Papa Francisco, ao comemorar 60 anos da abertura do Concílio Vaticano II, assim concluiu sua homilia (Basílica de São Pedro, terça-feira, 11 de outubro de 2022, Memória de São João XXIII, Papa): “Nós Vos damos graças, Senhor, pelo dom do Concílio. Vós que nos amais, livrai-nos da presunção da autossuficiência e do espírito da crítica mundana. Livrai-nos da autoexclusão da unidade. Vós, que nos apascentais com ternura, fazei-nos sair dos recintos da autorreferencialidade. Vós que nos quereis rebanho unido, livrai-nos do artifício diabólico das polarizações, dos «ismos». E nós, vossa Igreja, com Pedro e como Pedro Vos dizemos: «Senhor, Vós sabeis tudo; bem sabeis que Vos amamos» (cf. Jo 21, 17).   

Depois destas observações pontuais sobre o Concílio Vaticano II que foi, sem dúvida, em sua reta interpretação, um presente de Deus à Igreja, reafirmamos o nosso desejo de, com a graça de Deus, vivê-lo e ensiná-lo no nosso dia a dia. Recordo da época que começou o Concílio. Estava na escola secundária e o professor de história comentava sobre a importância de um evento desse em nosso tempo. Agora, passados os anos, somos chamados a valorizar e aprofundar aquilo que o Espírito Santo nos diz. Temos previsões de continuar com as várias conferências virtuais e cursos presenciais sobre o tema nestes tempos, assim como o despertar o reto conhecimento de tão grande acontecimento em nossa história contemporânea. Exorto a que façamos mais ainda nessa direção para que as novas gerações possam se aproximar de tão grandes riquezas. Temos certeza de que o Espírito Santo que suscitou no coração de São João XXIII a convocação do mesmo irá continuar conduzindo a Igreja nestes tempos confusos. Diante da pergunta do Senhor colocado pelo Papa Francisco no início de sua homilia: “«Amas-Me?» é a primeira frase que Jesus dirige a Pedro, no Evangelho que ouvimos (Jo 21, 15), ao passo que a última será «apascenta as minhas ovelhas» (21, 17). No aniversário da abertura do Concílio Vaticano II, sentimos dirigidas também a nós, a nós como Igreja, estas palavras do Senhor: Amas-Me?Apascenta as minhas ovelhas”, seja a nossa resposta: Senhor, tu sabes tudo, tudo sabes que eu Te amo.

São Domingos de Silos

S. Domingos de Silos | comshalom
20 de dezembro
São Domingos de Silos

Por volta do ano 1000, a Espanha era dividida em reinos vários. No de Navarra nasceu Domingos, em família pobre. Quando menino foi pastor de ovelhas, e sua bondade e generosidade já se mostravam por oferecer ele leite aos viajantes pobres. Tinha especial inclinação para os estudos, e o cura da paróquia o acolheu na sua escola; fez os estudos superiores com tanto êxito que o bispo quis ordená-lo sacerdote, o que Domingos recusou por não se considerar digno. Voltou-se então para a vida eremítica e em seguida para um mosteiro beneditino, onde achou sua plena vocação.

Monge exemplar, cresceu em conhecimento, espiritualidade, disciplina e zelo. Tanto que aos 30 anos foi designado para restaurar e reabrir o mosteiro de Santa Maria, então fechado. Obteve dinheiro pedindo esmolas, e trabalhou como operário nas reconstruções. Terminada esta obra, foi destinado como abade do mosteiro de São Millian de la Cogolla, o mais importante na região, enquanto, entre os novos candidatos para Santa Maria, estavam seu próprio pai e alguns parentes.

O príncipe de Navarra cobiçava os bens do mosteiro de Cogolla, e a situação crítica forçou Domingos a se transferir para o Reino de Castela, como abade do mosteiro de São Sebastião de Silos, em Burgos, em decadência na época. Mas por seu entusiasmo e trabalho em mais de 30 anos ali, foi considerado como um novo fundador da casa. Esmerou-se em desenvolver a cultura, enriquecendo a biblioteca com muitos manuscritos, e desenvolvendo e ensinando exemplarmente agricultura e pecuária. Mas sobretudo valorizou e exaltou as atividades monásticas, o esplendor do culto litúrgico, o zelo pastoral pelas populações vizinhas.

 Foi considerado o apóstolo de Castela; prenunciou a própria morte, a 20 de dezembro de 1073.

Reflexão:

São inúmeros e indiscutíveis os exemplos da importância dos mosteiros, com destaque dos beneditinos, na evangelização, organização, desenvolvimento e civilização da Europa após a queda do Império Romano. Num tempo de barbárie, os mosteiros eram locais de paz, estudo e cultura, fé, evangelização e serviço ao próximo. Na Espanha da sua época, São Domingos de Silos foi talvez o mais destacado promotor da vida monástica e da sua ação benfazeja para os países e populações. Não por acaso o equilíbrio da Regra de São Bento facilitou este trabalho, que hoje também, numa nova era de barbárie cultural, se faz necessário.

Oração:

Deus de paz e sabedoria, concedei-nos por intermédio de São Domingos de Silos o seu mesmo zelo no cuidado de civilizar as nossas almas, valorizando a oração, a disciplina e a obediência, o estudo e o trabalho, para que nossa caridade tenha melhores meios de verdadeiramente ajudar os irmãos. Por Nosso Senhor Jesus Cristo e Maria Santíssima, perfeitos exemplos de oração e serviço. Amém.

A volta às fontes na missão da Igreja

Papa Paulo VI na Basílica do Santo Sepulcro, em Jerusalém
(04-01-1964)  (@L'Osservatore Romano)

A ideia de visitar a terra de Jesus se encontra em uma nota manuscrita do Pontífice, que leva a data de 21 de setembro de 1963. “Após uma longa reflexão, e depois de ter invocado a luz divina... parece que se deve estudar positivamente como possível uma visita do Papa aos Lugares Santos na Palestina... Que esta peregrinação seja rapidíssima, que tenha um caráter de simplicidade, de piedade, de penitência e de caridade”.

Jackson Erpen - Cidade do Vaticano

Foi o Papa Montini a inaugurar as viagens dos Pontífices pelo mundo. De fato, na manhã de 4 de dezembro de 1963, ao final da segunda sessão conciliar, o Papa Paulo VI surpreendeu os padres conciliares ao anunciar seu desejo de peregrinar à Terra Santa em janeiro do ano seguinte.  

“Será uma viagem de oração e de humildade, um ato puramente religioso, absolutamente alheio a todo tipo de considerações políticas e temporais”, afirmou em várias ocasiões. Assim, em Nazaré, ao visitar o lugar da Anunciação, pediu à Maria Santíssima, para ser introduzido “na intimidade com Cristo, seu humano e divino Filho Jesus”.

Seu secretário particular na época, Pasquale Macchi, recordou que “ali ele retomou as grandes lições do Evangelho: lição do silêncio, da vida familiar, do trabalho para depois oferecer quase uma transcrição moderna das Bem-aventuranças ensinadas por Jesus”.

No âmbito do 60° aniversário do Concílio Vaticano II, padre Gerson Schmidt* nos fala hoje sobre "a volta às fontes na missão da Igreja":

"Sem dúvida alguma, a Lumen Gentium significa a superação de uma eclesiologia jurídica. Essa mudança de perspectiva faz com que a Igreja deixe de ser vista horizontalmente e a partir de si mesma, para ser compreendida verticalmente, isto é, a partir de Deus e de sua presença nela. Como consequência, ela é o instrumento de Deus no mundo e tem a missão de proclamar a Boa-Nova do Reino de Deus. O que não significa afastamento do mundo, mas o assentamento de sua missão no essencial.

O Papa São Paulo VI define claramente a essência da Igreja na evangelização, as suas origens, passando pelos séculos de sua história, a evangelização é o que a Igreja tem de mais íntimo. Está bem evidente isso na Evangelii Nuntiandi, relembrado também no documento atual do Papa Francisco Evangelii Gaudium. Não precisamos ir em busca de uma identidade. Ela existe deste a Igreja primitiva. Por isso, basta voltar às fontes originais da missão da Igreja, identificada pelo anúncio ardoroso do Evangelho.

O Papa Montini, em janeiro de 1964, com o Concílio em andamento, fez uma breve, mas intensa peregrinação de três dias à Terra Santa, onde visitou 11 locais de dois países diferentes. Sua intenção foi uma viagem espiritual, voltando às origens, a terra de Jesus. Foi a primeira das nove viagens ao estrangeiro de Paulo VI. Diga-se que desde 1812, quando Pio VII foi levado por Napoleão ao exílio forçado de Fontainebleau, nenhum dos Pontífices havia saído da Itália. Papa Paulo VI dizia assim na ocasião, anunciando supreendentemente aos padres conciliares: “Estamos convencidos de que para obter um bom resultado do Concílio, devemos elevar pias súplicas, multiplicar as obras e, após maduras reflexões e muitas orações dirigidas a Deus, decidimos nos dirigir como peregrinos àquela terra, pátria do Senhor nosso Jesus Cristo... com a intenção de reevocar, pessoalmente, os principais mistérios de nossa salvação, ou seja, a encarnação e a redenção”. “Veremos aquela terra venerada”, acrescentou Paulo VI, “de onde São Pedro partiu e para a qual nenhum de seus sucessores nunca mais voltou. Contudo, nós, muito humildemente e por um tempo muito breve, voltaremos ali em espírito de devota oração, de renovação espiritual, para oferecer a Cristo sua Igreja; para chamar a ela, una e santa, os Irmãos separados; para implorar a divina misericórdia em favor da paz”.

A ideia de visitar a terra de Jesus se encontra em uma nota manuscrita do Pontífice, que leva a data de 21 de setembro de 1963. “Após uma longa reflexão, e depois de ter invocado a luz divina... parece que se deve estudar positivamente como possível uma visita do Papa aos Lugares Santos na Palestina... Que esta peregrinação seja rapidíssima, que tenha um caráter de simplicidade, de piedade, de penitência e de caridade”. É a única das viagens de Paulo VI que não nasceu de uma circunstância particular, de uma celebração ou de um convite. Ele quer resgatar as origens do cristianismo mais genuíno."

*Padre Gerson Schmidt foi ordenado em 2 de janeiro de 1993, em Estrela (RS). Além da Filosofia e Teologia, também é graduado em Jornalismo e é Mestre em Comunicação pela FAMECOS/PUCRS.

200 bilhões de dólares são gastos em incentivo à natalidade, porém população não quer ter filhos

Taxa de Natalidade | Top 10 Mais!
Por JOSÉ FERREIRA FILHO

A Coreia do Sul recentemente quebrou seu próprio recorde de taxa de fertilidade mais baixa do mundo. Dados divulgados em novembro mostram que o número médio de filhos que uma mulher sul-coreana terá ao longo da vida caiu para 0,79. Mesmo em comparação com a taxa de outros países desenvolvidos, como Estados Unidos (1,6) e Japão (1,3) – este também com a taxa mais baixa de sua história –, a situação se mostra alarmante. Em 2020, pela primeira vez o país registrou mais mortes do que nascimentos, o que significa que o número de habitantes encolheu, no que é chamado de “cruz da morte da população”.

Isso significa que a população da Coreia do Sul está envelhecendo, indicando um declínio demográfico que os especialistas temem deixar o país com pouquíssimas pessoas em idade ativa para sustentar sua crescente população idosa, tanto pagando impostos e preenchendo empregos em áreas como saúde e assistência domiciliar quanto mantendo viável o sistema previdenciário. Para manter uma população estável em longo prazo, os países precisam de uma taxa de fertilidade de 2,1 filhos por mulher. Em alguns países africanos, nos quais essas taxas são as mais altas do mundo, o número é de 5 ou 6. Atualmente, a taxa de fertilidade no Brasil é de 1,63 filho por mulher. O presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol admitiu que mais de 200 bilhões de dólares foram gastos tentando aumentar a população nos últimos 16 anos. Esse montante inclui apoio financeiro às famílias, e o governo anunciou que o subsídio mensal para pais com bebês de até 1 ano de idade aumentará dos atuais 300 mil won para 700 mil won (de 230 dólares para 540 dólares) em 2023 e para 1 milhão de won (770 dólares) até 2024. Muitos especialistas acreditam que a abordagem atual – de incentivar a natalidade por meio de compensações financeiras – é muito unidimensional e ineficaz, e o que é necessário, em vez disso, é o apoio contínuo ao longo da vida da criança.

Fontes: CNN Estados Unidos e Projeto Colabora

segunda-feira, 19 de dezembro de 2022

«O Silêncio De Zacarias»

O Natal de Zacarias | Coalizão pelo Evangelho

«O Silêncio De Zacarias»

18 De Dezembro De 2022 | By Ecclesia

O futuro pai de João não acredita que este possa nascer e é castigado com a mudez; Maria acredita e Cristo é concebido pela fé. […] Se não formos capazes de perscrutar toda a profundeza de tão grande mistério por falta de capacidade ou de tempo, melhor no-lo ensinará Aquele que fala dentro de nós, mesmo estando nós ausentes, Aquele em quem pensamos com amor filial, que recebemos no nosso coração e de quem nos tornámos templos. […]

Zacarias cala-se e perde a fala até ao nascimento de João, o precursor do Senhor; e então, recupera a fala. […] O fato de Zacarias recuperar a fala ao nascer João tem o mesmo significado que o rasgar-se do véu do Templo ao morrer Cristo na cruz. Se João se anunciasse a si mesmo, Zacarias não abriria a boca. Solta-se-lhe a língua porque nasce aquele que é a voz. Com efeito, quando João já anunciava o Senhor, perguntaram-lhe: «Quem és tu?». E ele respondeu: «Eu sou a voz que clama no deserto» (Jo 1,23). João é a voz; mas o Senhor, «no princípio, era a Palavra» (Jo 1,1). João é a voz passageira; Cristo é, no princípio, a Palavra eterna.


Santo Agostinho de Hipona (norte de África) (354-430)
Sermão 293, para a natividade de São João Batista; PL 38, 1327 (trad. breviário 24/06)
Fonte: Evangelho Cotidiano

Fonte: https://www.ecclesia.org.br/

Música: “O Come, O Come Emmanuel” como você nunca viu

Antoine Mekary | ALETEIA
Por Aleteia

Incrível, veja:

Prepare o seu coração para a chegada do Senhor no Natal com esta versão magnífica do tradicional hino “Oh vem, oh vem, Emanuel”.

https://youtu.be/SkvYR4BcHYc

Letra

Oh vem, oh vem, Emanuel
Redime o povo de Israel
Que geme em triste exílio e dor
E aguarda, crente, o Redentor
Dai glória a Deus! Emanuel
Virá em breve, oh Israel

Oh vem, Rebento de Jessé
E aos filhos teus renova a fé
Que o diabo possam derrotar
E sobre a morte triunfar
Dai glória a Deus! Emanuel
Virá em breve, oh Israel

Oh vem aqui nos animar
E nossas almas despertar
Dispersa as sombras do temor
E as nuvens negras do terror
Dai glória a Deus! Emanuel
Virá em breve, oh Israel

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O sentido do Natal para o cristão!

O sentido do Nataal | Expositor Cristão

O SENTIDO DO NATAL PARA O CRISTÃO!

 

 

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Com a proximidade da celebração do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo, creio que deveríamos refletir sobre o sentido dessa festa, na vida pessoal, nas famílias e na própria comunidade de fé. O sentido do Natal, ontem, hoje e no futuro, para os cristãos, vai ser sempre o de celebrar o nascimento de Jesus, o Filho do Deus Altíssimo. Percebemos que muitas pessoas estão absorvendo e celebrando o Natal sem saber por que celebramos essa festa. Neste sentido, a celebração é puramente comercial, ou celebra-se porque é uma festa bonita, marcada pelas luzes e pela troca de presentes, etc. Neste caso, o centro ou o motivo da celebração não é lembrado; é o Natal sem Jesus. 

Há valores que devemos resgatar e precisamos transmitir às próximas gerações, para celebrar um Natal cristão. Além de todo o clima de preparação exterior, é um tempo propício para revermos a nossa vida interior, para sermos mais solidários, abrirmos o nosso coração à reconciliação e estendermos as mãos, desejando aos outros a paz e recebendo a paz. 

Se tirarmos do Natal a celebração da vinda do Filho de Deus entre nós, isto é, Jesus Cristo, a festa do Natal passa a ser uma festa entre tantas outras que temos. Com a diferença da troca de presentes, celebrada por quase todos os povos, em todos os continentes. Infelizmente, em muitos lugares, celebra-se o Natal, mas o festejado não é nem lembrado; o que importa é o movimento comercial.  

Natal foi e continua sendo uma festa para ser celebrada em família, porque Deus serviu-se de uma família para enviar seu filho entre nós, e foi em família que se celebrou o primeiro Natal. Natal é a Festa do encontro de gerações, é tempo de receber familiares, de matar a saudade, de dar e receber um abraço. 

Mas o espírito do Natal nos pede um pouco mais. Nos pede para olharmos para além do nosso círculo familiar e de amizade. Para aquelas realidades que normalmente não temos presente em nossa vida e na nossa sociedade. Mas eu e você sabemos que existem. Não adianta a gente querer ignorar, porque o espírito do Natal irá nos recordar.  

Portanto, abra as portas do teu coração, abra os braços para um abraço. Vá ao encontro daqueles que precisam da tua presença, do teu carinho, do teu amor e do teu gesto de solidariedade. Para fazer isso não precisa viajar milhares de quilômetros, basta apenas alguns passos. A oportunidade para fazer o bem, dentro do espírito do Natal, pode estar dentro da tua casa, ou quem sabe na casa ao lado, ou estar logo na quadra seguinte ou no bairro vizinho. Não tenhas medo de expressar amor, num gesto de caridade que expresse a presença do Senhor Jesus na tua vida.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF