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sábado, 24 de dezembro de 2022

Apelo de Schevchuk aos jovens ucranianos

Vatican News

"Descubram as regras para uma vida sábia"

"Descubram as regras para uma vida sábia. Porque a moralidade cristã, os mandamentos de Deus não são sobre proibições e restrições. Essa é a sabedoria da vida, que é um verdadeiro guia, uma bússola para você, que inicia o movimento da sua vida. Deixe que esses elementos principais da humanidade, o comportamento humano saudável e desenvolvido permita que você passe de uma pessoa escrita em letras minúsculas para uma pessoa com letras maiúsculas."

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Queridos irmãos e irmãs em Cristo!

Hoje é quinta-feira, 22 de dezembro de 2022 e a terra ucraniana, o povo ucraniano já está suportando o 302º dia da grande invasão em grande escala do invasor russo em nossa pacífica terra.

Mais uma vez, o dia de ontem e esta última noite foram difíceis e sangrentas para nossa pátria e nosso povo. Lutas pesadas estão acontecendo ao longo de toda a linha de frente. Esta parte da linha de batalha, da região de Luhansk à região de Donetsk, já é chamada de "arco de fogo", no epicentro do qual existem duas cidades-fortaleza heróicas, Bakhmut e Avdiivka. O inimigo ataca em um círculo onde pode alcançar com suas armas mortíferas e assassinas. Ontem, nosso Oblast de Kharkiv foi duramente atingido. Tanto na fronteira russa quanto perto da cidade de Kupyansk, naqueles territórios recém-libertados em nossa sofrida região de Kharkiv.

O inimigo está constantemente bombardeando nossa região de Zaporizhzhia e Dnipropetrovsk. Cidades como Hulyaipole, Orikhiv em Zaporizhzhia realmente se transformaram em centros de grande dor e martírio, onde as pessoas vivem sob ataques e bombardeios russos todos os dias. O inimigo infligiu golpes significativos em nossa região de Dnipropetrovsk. Nossa região de Nikopol foi bombardeada pelo inimigo com granizo e furacões, além de artilharia pesada. Numerosas destruições foram causadas à infraestrutura vital de nossas cidades. Mas meu coração dói mais por nosso povo. Até uma criança de oito anos, que foi retirada dos escombros da casa onde sua família dormia pacificamente, ficou ferida na noite passada. Oramos por nosso corajoso Kherson, que vive novamente na linha de frente todos os dias.

Hoje toda a Ucrânia sofre de falta de luz e de calor, mas talvez isso se sinta especialmente aqui no centro da Ucrânia, na nossa corajosa Kyiv, que com o início da hora escura do dia mergulha nesta escuridão que espera iluminação. É esperar a solidariedade cristã, é esperar a luz dos nossos corações, dos nossos rostos e das amáveis mãos humanas que abraçam, alimentam e aquecem.

Mas hoje queremos dizer mais uma vez ao mundo inteiro: a Ucrânia está de pé! A Ucrânia está lutando! A Ucrânia está rezando!

E nesta manhã, neste dia, quando celebramos a festa da Imaculada Conceição da Santíssima Virgem Maria, agradecemos ao Senhor Deus e às Forças Armadas da Ucrânia pelo fato de estarmos vivos e pelo fato de podemos servir a Deus e às pessoas.

Hoje, quero, novamente, convidá-los a continuar apoiando, rezando e, principalmente, ouvindo nossos jovens. É tão importante ter tempo para ouvir o que o Papa Francisco nos convida. Vamos ouvir o que nossos bravos jovens ucranianos sonham, o que procuram, o que precisam.

Às vezes nos parece que os jovens estão testando limites. Eles testam certos padrões de vida e comportamento, regras estabelecidas pela sociedade e pelo estado. E às vezes consideramos isso uma coisa ruim para eles. Mas, na realidade, os jovens procuram orientações de vida. Eles estão procurando algo real, estão procurando um ponto de apoio sobre o qual possam se apoiar na vida. Procurando pontos de referência para entender para onde se mover neste mundo amplo e sem limites. E hoje queremos convidar os jovens a escutar a Palavra de Deus sobre um certo caminho para a liberdade. Certa vez, quando o povo de Deus do Antigo Testamento estava saindo da escravidão egípcia, quando se dirigiam para a Terra Prometida, quando se moviam da escravidão para a liberdade no deserto egípcio, o Senhor Deus deu a eles uma bússola, uma placa de sinalização para se orientar nas terras desertas e saber exatamente em que direção se mover. Este marco, esta bússola no mar tempestuoso da vida são os Dez Mandamentos de Deus. Por isso, hoje quero fazer um apelo aos nossos jovens: percorram este caminho e encontrarão a verdadeira liberdade. Confie na sabedoria de Deus, Seu conselho, Seu chamado e Sua luz, e então você nunca cometerá um erro, porque os Dez Mandamentos de Deus contêm a sabedoria de Deus, que nos revela os princípios básicos de nossa vida e existência humana. Assim como quando você compra um novo equipamento, o fabricante dessa coisa nova sempre coloca um manual de instruções na caixa para que você entenda como usá-lo corretamente. Se você ler as instruções e usar essa coisa corretamente, ela será útil por muito tempo. Se você começar a martelar pregos com seu gadget, você o destruirá. Algo semelhante também ocorre com as regras da moral cristã. É como um manual de instruções divino para o uso correto das forças vitais, habilidades e habilidades dadas a você por Deus.

Hoje quero fazer um apelo aos nossos jovens: descubram as regras para uma vida sábia. Porque a moralidade cristã, os mandamentos de Deus não são sobre proibições e restrições. Essa é a sabedoria da vida, que é um verdadeiro guia, uma bússola para você, que inicia o movimento da sua vida. Deixe que esses elementos principais da humanidade, o comportamento humano saudável e desenvolvido permita que você passe de uma pessoa escrita em letras minúsculas para uma pessoa com letras maiúsculas. Deixe que essas regras vitais de nosso comportamento o ajudem a encontrar seu caminho pessoal mesmo em meio à escuridão, no turbulento mar da vida desta tragédia militar e de guerra pela qual você e eu estamos passando. Seja sábio, seja feliz e, o mais importante, viva! Construa sua vida, siga o caminho da vida, que são os mandamentos de Deus - as regras de uma vida real e plena, a oportunidade de ser uma pessoa livre.

Ó Deus, abençoe nossa juventude ucraniana! Ó Deus, abençoe nosso exército ucraniano! Puríssima Virgem Maria, neste dia confiamos em suas mãos nossa sábia juventude ucraniana. Tu, que hoje iluminas a lâmpada da inocência e da vitória sobre o pecado, sobre a antiga serpente, inimiga do gênero humano, com a lâmpada da tua inocência e santidade, conduz a nossa juventude à plenitude da vida e da felicidade. Ó Deus, abençoa nossa Pátria com Tua paz justa e celestial!

Que a bênção do Senhor esteja sobre vocês por meio de Sua graça e amor pela humanidade,  agora e para todo e sempre, amém!

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Svyatoslav+

Pai e Primaz da Igreja Greco-Católica Ucraniana
22.12.2022

sexta-feira, 23 de dezembro de 2022

“Onde Bento ainda hoje refulge em milagres” São Gregório Magno

O interior da igreja superior do Sacro Speco,
com seus afrescos da Escola sienesa,
da segunda metade do século XIV
[© Massimo Quattrucci]
Arquivo 30Dias - 12/2010

“Onde Bento ainda hoje refulge em milagres.”
São Gregório Magno

O atual abade do antigo mosteiro beneditino retoma a sua história: os primeiros assentamentos monásticos de Bento, os tesouros artísticos e documentais, as peregrinações

de padre Mauro Meacci

São Bento, nascido em Núrsia por volta de 480, foi enviado pela família a Roma para completar estudos que, provavelmente, o teriam inserido numa honesta carreira de funcionário público. O jovem, porém, desgostoso com o ambiente da cidade, marcada por profundas divisões civis e eclesiais, querendo “agradar somente a Deus”, como diz seu biógrafo, o papa São Gregório Magno (590-604), no Dialogorum libri II (prologus), pouco antes do ano 500 deixa a Urbe e se dirige para o “deserto” subiacense. Depois de uma primeira etapa na cidadezinha de Enfide, atual Affile, escolhe a gruta do monte Taleo, próxima do mosteiro do monge Romano, para adquirir, mediante a meditação da Sagrada Escritura, a oração e a penitência, a sabedoria que o tornará ignorante aos olhos do mundo, mas sábio perante os olhos de Deus.
O mosteiro do monge Romano, estabelecido acima do Sacro Speco (“gruta santa”), chamava-se, e ainda se chama, São Biágio. Ao longo dos séculos, foi utilizado várias vezes como eremitério; hoje é habitado por uma comunidade de irmãs salesianas.
Depois de cerca de três anos de vida retirada, São Bento começou a reunir em torno dele muitos discípulos, que tiveram como primeira morada alguns galpões da Vila de Nero, situada mais abaixo, próximo da barragem que formava a vazão subiacense; surgia aí o mosteiro de São Clemente. Esses discípulos provinham de todas as classes sociais da época: rústicos, nobres do patriciado romano e até “bárbaros”.
Com o aumento do número de monges, São Bento os reuniu, segundo a simbologia do colégio apostólico, em doze pequenos mosteiros, cada um habitado por doze religiosos chefiados por um abade.
Conhecemos o nome de todos esses mosteiros, e de quase todos sabemos a exata localização. No entanto, não podemos dizer muito sobre a sua história, e é fácil imaginar que bem cedo desapareceram.
Entre estes se destaca o mosteiro de Santa Maria de Morrabotte, que se conservou através dos séculos, habitado por eremitas ou pequenos núcleos de monges, sempre mantendo forte relação com o cenóbio subiacense. Em especial, ali viveu um grande eremita, no século XIII: o Beato Lourenço Loricato (†1243), famoso pela austeridade e pela heroicidade de sua vida penitente. Esse lugar, conhecido também como mosteiro ou eremitério do Beato Lourenço, continuou a exercer um fascínio todo especial mesmo recentemente, e ali encontraram um refúgio de oração e inspiração personagens não só do mundo monástico. Lembro, entre estes, Dom Giussani, que gostava de frequentar o eremitério com seus jovens; ou o pintor americano Bill Congdon, que escolheu o eremitério para retiro espiritual e lugar decisivo para sua produção artística.
Depois da partida de São Bento para Monte Cassino, que se deu por volta de 529, a vida monástica subiacense se concentraria cada vez mais no mosteiro de São Silvestre, instalado um pouco acima de São Clemente, num lugar rico em água, mas menos úmido e mais exposto ao sol. Esse mosteiro, que em seguida se chamaria Santa Escolástica, desenvolveu-se progressivamente até assumir sua configuração atual. A evolução de suas construções acompanhou as características físicas do monte Taleo: o primeiro núcleo do mosteiro ficava no amplo espaço atualmente ocupado pelo pátio da Assumpta; na fase seguinte, entre os séculos VIII e IX, o edifício se desenvolveu para o sul, em direção à orla do vale: esse é o núcleo românico, coroado com a edificação da torre campanária do abade Humberto, em 1052, e com o claustro feito pelos arquitetos Cosmati, do século XII. Em seguida, o mosteiro ampliou-se para o oeste, com a construção do claustro gótico dos séculos XIV e XV e, enfim, com o acréscimo do claustro renascimental iniciado no século XVI pelo abade Cirilo de Montefiascone (1577-1581). Recentemente, as partes do mosteiro que dão de frente para Santa Escolástica foram reformadas e abrigam uma ampla hospedaria. Essa evolução secular e a concatenação dos mais variados modelos arquitetônicos nesse edifício fizeram o papa Paulo VI exclamar: “Este mosteiro é um museu de arquitetura”.
É impossível resumir a história do cenóbio de Subiaco em poucas linhas: certamente, a partir do século IX, foi um protagonista indiscutível da história do Médio Lácio e, de modo particular, do alto vale de Aniene. A comunidade monástica e os abades, não obstante o vaivém da história, exerceram sobre as populações desse território profunda influência espiritual, cultural e social, cuja expressão concreta pode ser vista em algumas instituições. Quero mencionar especificamente a biblioteca e o arquivo subiacense, que ainda hoje são um instrumento indispensável para compreender a identidade da população da região. Por volta do século XV, a biblioteca possuía cerca de dez mil manuscritos, posicionando-se, assim, entre as maiores da época, e o scriptorium já ostentava uma secular e notável atividade. O arquivo ia reunindo, como poeira fecunda, milhares e milhares de documentos que ainda hoje narram não apenas a vitalidade da história monástica subiacense, mas também a de uma terra, naquela época, rica e populosa. Nesse contexto, em 1464, chegaram a Subiaco dois clérigos alemães, Conrado Sweynheym e Arnoldo Pannartz, especialistas na novíssima arte tipográfica, e ali, em 29 de outubro de 1465, terminaram a impressão do celebérrimo Divinae institutiones, de Firmiano Lattanzio, o primeiro livro impresso na Itália.
Seguindo o itinerário dos Diálogos gregorianos, que, depois de descreverem a vida de São Bento em Monte Cassino, voltam ao Speco, onde “ainda hoje [...] ele refulge em milagres” (Dialogorum libri II, 37), quero também voltar até lá, onde tudo começou.
Pouco sabemos do destino dessa gruta depois da descida de São Bento para a Vila de Nero. Segundo a tradição, nas suas proximidades continuaram a viver eremitas e para lá subiram peregrinos atraídos pela fama de santidade daquele lugar. Já no século IX admiráveis afrescos ornavam aquelas paredes rupestres, como testemunham vestígios da chamada gruta dos pastores. Por volta do século XI, começaram a ser construídos edifícios mais amplos e, enfim, a partir do século XIII, uma pequena comunidade passou a morar ali estavelmente, sempre mantendo-se em relação com a comunidade de Santa Escolástica e sob a direção do abade subiacense. Os edifícios assumiram bem cedo a grandiosidade que ainda hoje podemos admirar, e ao longo do tempo se enriqueceram de uma série de ciclos afrescados que constituem uma expressiva e esplêndida celebração da vida e da glória do santo de Núrsia, hoje venerado como patrono da Europa.
Quantos peregrinos e devotos subiram até lá! Deles restam vestígios nos milhares de rabiscos que ornam os afrescos, na verdade deturpando-os, mas que querem expressar o afeto e o desejo de pôr-se sob a proteção de São Bento no lugar que Petrarca definiu justamente como “limen paradisi”, e que contou sempre com a proteção de papas insignes, entre os quais Inocêncio III, cuja imagem se destaca na parte inferior da igreja do Sacro Speco.

Qual é o anjo defensor da Encarnação do Filho de Deus?

Shutterstock - Romolo Tavani.
Por Fernando Cárdenas Lee

Nem todos os anjos ficaram felizes ao saber que Jesus nasceria como homem, e "houve uma batalha no céu".

“Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus.”

Lc 1,31

 As palavras pronunciadas pelo Arcanjo São Gabriel têm uma dimensão cósmica, afetam todo o universo e toda a criação, visível e invisível, homens e anjos.

Místicos e santos expressaram que grande alegria surgiu entre os anjos quando Deus lhes anunciou que seu Filho, Jesus, nasceria como homem.

Porém, nem todos os anjos sentiram essa alegria; houve alguns que sentiram inveja e se rebelaram contra a Encarnação do Filho de Deus..

Uma grande batalha

Essa rebelião, por parte de alguns anjos, levou à grande batalha que aconteceu no céu:

“Houve uma batalha no céu. Miguel e seus anjos tiveram de combater o Dragão. O Dragão e seus anjos travaram o combate”.

Apocalipse 12,7

O dragão e seus anjos param diante do grande sinal, a mulher vestida de sol, com a lua sob os pés e uma coroa de doze estrelas na cabeça (Apocalipse 12,1). O dragão queria devorar o Menino o mais rápido possível (Apocalipse 12,4).

Este sinal é a Bem-Aventurada Virgem Maria, e é um sinal não apenas para os homens, mas para todo o universo, incluindo os anjos.

Diante dela estão o dragão e os anjos, como já mencionado, e também São Miguel e as hostes celestiais.

Por isso, este combate ocorrido no céu é o quadro que dá a sua verdadeira dimensão ao drama humano que se desenrola na história.

Nesse sentido, o diabo é o mentiroso que engana a respeito da encarnação, o assassino que procura destruir e matar o Menino no momento em que ele nasce.

Esse mentiroso e assassino é o mesmo inimigo que, no paraíso, levou Adão e Eva a se rebelarem contra Deus.

Se levarmos em conta que Jesus feito homem é a misericórdia encarnada, segundo Santa Faustina Kowalska, compreendemos que esta batalha descrita pelo Apocalipse não é apenas mais uma batalha.

É a batalha contra o início do mistério central da salvação. É, também, uma rebelião radical e irrevogável contra a vontade de Deus, contra o seu plano de salvação, contra a misericórdia divina, contra Maria e o papel da mulher, e contra o homem.

A força de São Miguel

Nesse sentido, João Paulo II afirmou:

“Quando se perde o sentido de Deus, também o sentido do homem é ameaçado e contaminado, como afirma conclusivamente o Concílio Vaticano II: A criatura sem o Criador desaparece… Além disso, esquecendo-se de Deus, a própria criatura fica obscurecida… O eclipse do sentido de Deus e do homem conduz inevitavelmente ao materialismo prático, no qual proliferam o individualismo, o utilitarismo e o hedonismo”.

Diante dessa rebelião, surgem São Miguel Arcanjo e seu exército celestial, que se opõem a essa tentativa de satanás e dos demônios de obscurecer o sentido de Deus.

Deus está presente e sua misericórdia se encarna em uma criança nascida em uma manjedoura.

Daí a força de São Miguel ser o primado de Deus e a manifestação do seu amor.

O canto dos anjos na noite de Natal

Na noite em que nasce o Filho de Deus, os anjos cantam: “Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por ele amados” (Lc 2,14).

Os santos anjos cantam porque a verdade, a bondade, a beleza e o amor se manifestam, e essas realidades existem e se manifestam no Menino que nasceu.

Vitória sobre o mal

Sem esta vitória de São Miguel e seus anjos sobre a serpente, não estaríamos cantando o “Glória a Deus” todo Natal, a beleza e a verdade e o amor não se manifestariam, e não poderíamos agradar a Deus.

Mas a história nos diz que “não houve lugar no céu para eles. Foi então precipitado o grande Dragão, a primitiva Serpente, chamado Demônio e Satanás, o sedutor do mundo inteiro. Foi precipitado na terra, e com ele os seus anjos” (Apocalipse 12,8-9).

Por isso, nesta noite de Natal, cantemos e alegremo-nos com estes bons amigos e cantemos o “Glória a Deus”, porque nos nasceu um salvador, Jesus que se fez homem.

Demos graças a São Miguel, sem ele e sua vitória não haveria Natal!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Espanha: ataque aberto a famílias numerosas

Famílias Grandes. Foto: Jornal Da Mulher See More

Espanha: ataque aberto a famílias numerosas

A FEFN espera que o título de família numerosa seja mantido, respeitando o seu nome e os benefícios que estas famílias são justamente reconhecidas pelo seu especial contributo para a sociedade.

(ZENIT News / Madri, 21.12.2022).- A Federação Espanhola de Famílias Numerosas (FEFN) recebeu com profundo desconforto a supressão do título de famílias numerosas prevista na nova Lei de Famílias do governo social-comunista da Espanha, que apaga de um golpe de caneta o nome das famílias numerosas e o título oficial que as reconhece como tais, criando uma nova designação de "Famílias necessitadas de apoio especial na educação" que incluirá as famílias numerosas juntamente com outras famílias com circunstâncias diferentes especiais.

Para a FEFN, que avaliou positivamente outros aspectos da Lei, esta alteração do nome supõe "um desprezo pelas famílias numerosas e pelo seu contributo social numa matéria, o nome, que é totalmente desnecessário alterar e que só pode responder a questões ideológicas ”, explica o presidente da FEFN, José Manuel Trigo.

Coleta de assinaturas

A medida tem causado profundo desconforto às famílias e a FEFN já abriu uma  campanha de assinaturas  para que se manifestem contra esta indignação, para que se mantenha o título de família numerosa como até agora e seja criada uma nova denominação para outras famílias. com circunstâncias familiares especiais, que merecem um apoio especial, mas de acordo com as suas necessidades.

Nesse sentido, a FEFN recorda que há algum tempo vem denunciando que "está a ser desvirtuado o conceito de família numerosa, utilizando o Título de Família Numerosa como uma" miscelânea "em que se tem colocado todo o tipo de pressupostos, para que o Ser uma família grande já não significa ter muitos filhos e ser muitos em casa, mas agora são famílias grandes de 3 membros. "Mas agora... -acentua o presidente-, tentar mudar o nome do nosso grupo, que é reconhecido por lei há 80 anos e é um reconhecimento a quem tem mais filhos e dá uma contribuição especial à sociedade, é um desprezo absoluto, é um ataque direto às famílias numerosas, porque apagar o seu nome é querer eliminar as famílias numerosas, apagar a sua existência”, explica.

A FEFN considera este facto mais um exemplo do "absurdo" planeamento do novo Direito da Família, que na sua ânsia de querer integrar e apoiar "todas as famílias", está a gerar grande descontentamento, a criar grandes confusões e queixas comparativas. Assim, a FEFN critica que em vez de elaborar regulamentos específicos que dêem respostas adequadas a cada tipo de família, mantendo o quadro regulamentar da Lei das Famílias Numerosas, o Governo invente uma denominação global “absurda” que inclui famílias com situações e necessidades muito diversas . Paradoxalmente, parece que vai ser criado um cartão familiar monoparental e, no entanto, querem eliminar o cartão familiar numeroso.

A FEFN espera que esta Lei não chegue à luz como foi proposta, que prevaleça o bom senso e se mantenha o título de família numerosa, respeitando o seu nome e os benefícios que estas famílias sejam justamente reconhecidas pelo seu especial contributo para a sociedade. Nesse sentido, a Federação vai contactar os grupos parlamentares para pedir o seu apoio contra a supressão do conceito de família numerosa.

O júbilo pela encarnação do Verbo

A encarnação do Verbo | cancaonova

O JÚBILO PELA ENCARNAÇÃO DO VERBO

 

 

Dom Vital Corbellini

Bispo de Marabá (PA)  

O Natal é o nascimento do Senhor, graça de Deus, sendo a encarnação do Verbo, grande júbilo para todas as pessoas. Jesus tornou-se pessoa humana igual a nós em tudo menos o pecado (Hb 4,15). Um menino foi dado para a humanidade, trazendo nos ombros a marca da realeza sendo Conselheiro admirável, Deus forte, Pai dos tempos futuros, Príncipe da paz (Is 9, 5). O mundo é chamado à fraternidade. A encarnação do Verbo faz a humanidade reviver uma vida nova, na superação do pecado e da morte. O júbilo pela encarnação do Verbo reflita-se pela paz entre os povos, nações, e por uma vida de conversão, de amor em nós e na humanidade. Vejamos a seguir como este júbilo, esta alegria incontável manifestou-se na Sagrada Escritura e nos Santos Padres, os primeiros escritores do cristianismo antigo.  

O Verbo se fez carne (Jo 1, 14). 

O prólogo de São João colocou que o Verbo de Deus se fez carne, gente, pessoa humana como nós. Isso significou que o Senhor Jesus, o Verbo assumiu inteiramente a natureza humana, com as suas dores, tristezas, desafios, esperanças, menos o pecado. Lá no início do cristianismo, havia um grupo muito forte que se chamava ‘gnósticos’, pessoas que seguiam a vida eclesial, mas negavam a realidade humana de Jesus, porque eles não entendiam que o Senhor assumiu a vida humana, mas só a divina. São João foi bem claro na afirmação que o Verbo se fez carne, assumindo a natureza humana, para que assim tudo fosse vivido pelo Filho de Deus, e ao mesmo tempo, redimido e salvo.  

É obra do Espírito Santo. 

O anjo Gabriel disse a Maria que o menino que ela conceberia não seria fruto da relação humana, mas seria obra do Espírito Santo. “O Espírito virá sobre ti, e o poder do Altíssimo te cobrirá com a sua sombra. Por isso, o menino que vai nascer será chamado Santo, Filho de Deus” (Lc 1, 35). Ao saber que Maria estava grávida, em sonho disse o anjo a José para que ele a recebesse como sua esposa, porque ela concebeu pela ação do Espírito Santo (Mt 1, 20).  

Ele nasceu no meio dos pobres. 

Quando o Imperador César Augusto publicou um decreto para todo o império realizar o recenseamento, todos eram solicitados a irem à sua terra natal, de modo que José que estava em Nazaré, na Galiléia, teve que ir à cidade Belém, na Judéia, para registrar-se juntamente com Maria, sua esposa que estava grávida. A palavra do evangelista Lucas fez o relato dizendo que enquanto o casal estava em Belém, completaram-se os dias para o parto e Maria deu à luz o seu filho primogênito. Maria o enfaixou e o colocou numa manjedoura, porque não havia lugar na hospedaria, portanto, nasceu de uma forma simples, pobre, numa estrebaria. Os pastores, pessoas simples e pobres, foram os primeiros, a saber, do nascimento de Jesus em Belém. Os anjos cantaram à vinda do Salvador através da glória a Deus nas alturas e paz aos seres humanos por ele amados (cfr. Lc 2,1-14). Foi a festa nos céus, mas também foi festa na terra.  

Deus falou por meio de seu Filho. 

A encarnação é também ouvir a voz de Deus que falou por meio de seu Filho. É o que diz a Carta aos Hebreus no sentido de que Deus falou por diversas maneiras aos pais, no caso Abraão, Isaac e Jacó, e também ele falou pelos profetas, mas ultimamente que são os últimos dias, ele falou por meio de seu Filho, Jesus Cristo. Os profetas anunciaram a presença do Messias que viria ao mundo, na simplicidade, na paz e no amor. No entanto, nestes últimos tempos ele falou pelo seu Filho, que é o esplendor da glória do Pai, a expressão de seu ser (Hb 1,1-3). É preciso ouvir a sua voz, segui-la na realidade porque a palavra do Filho é a palavra do Pai.  

O nascimento de Jesus trouxe a salvação. 

Os santos padres expressaram a alegria imensa pela encarnação do Verbo de Deus. Entre outros, São Leão Magno, papa de 440-461 falou muito a respeito do Natal, do nascimento do Senhor, como mistério da salvação prometido desde o começo dos tempos e concedido no fim, e para sempre se perpetuará. São Leão convidou os fiéis a adorar o mistério divino, a fim de que a Igreja celebrasse com grande júbilo o grande dom de Deus à humanidade. Jesus Cristo, Deus e homem, nascido de uma virgem, condenou pelo seu nascimento sem mancha de pecado, o profanador da raça humana. O mistério da encarnação possibilitou a salvação ao ser humano, com fé e com amor, pelo seu desígnio divino1.  

A encarnação incluiu a todas as pessoas. 

São Leão Magno também disse que a celebração do Natal era dia de exultação, de alegrias humanas e divinas, porque nasceu o Salvador. Desta forma não existe lugar para a tristeza, onde se celebra o Natal da vida, afastando o medo da morte. O Natal infundiu na pessoa humana a alegria da promessa eterna. Nenhuma pessoa é excluída da participação à esta alegria, porque o motivo do júbilo era único para todos, na qual o Senhor destruiu o pecado e a morte e como ele não encontrou nenhuma pessoa livre da culpa, assim ele veio libertar todas as pessoas do pecado e da morte. Exulta o santo, alegrem-se o pecador e a pecadora, reviva-se o pagão. O Filho de Deus na plenitude do tempo (Gl 4,4) veio a este mundo assumindo a natureza própria do gênero humano para reconciliá-la com o seu Criador2. 

A encarnação do Verbo e a elevação até Deus. 

Santo Atanásio, bispo de Alexandria, século IV, afirmou que o Verbo de Deus se fez pessoa humana, carne para que todas as pessoas fossem deificadas, elevadas até Deus. Ele tornou-se corporalmente visível, a fim de que as pessoas adquirissem uma noção do Pai invisível. Ele suportou os ultrajes da parte dos seres humanos, para que estes participassem da imortalidade. Pela sua encarnação, ao abaixar-se até a realidade humana, elevou-a até a divindade3.  

O júbilo pela encarnação do Verbo é grande para todas as pessoas humanas. Jesus assumiu a realidade humana, para elevá-la até a divindade. Ele fez isso pelo seu grande amor à humanidade e para dar a todos a graça da salvação. O Natal não termina, porque é Deus é Emanuel, “Deus está conosco”(Mt 1, 23). Nós somos chamados a lutar pela justiça e a viver o amor a Deus, ao próximo como a si mesmo.

Por que celebramos o Natal em uma data fixa?

Shutterstock I Marina Demeshko
Por Valdemar De Vaux

Todo 25 de dezembro celebramos o Natal. Por trás deste hábito bem estabelecido, existe uma lógica teológica. As datas das festas, que são baseadas no calendário solar ou lunar, não devem nada ao acaso. Aqui estão algumas explicações:

Qual será a data da Páscoa em 2023? Sem olhar para nosso calendário, é difícil responder a esta pergunta. E o Natal? Essa é fácil… O interesse desta observação pode parecer limitado. Todos sabem que a escolha de 25 de dezembro para celebrar o nascimento de Jesus tem um forte valor simbólico, já que já era uma festa pagã do solstício de inverno. Seis meses após a festa da Natividade de São João Batista, o Natal é, portanto, a vitória do dia sobre a noite.

Mas a escolha de uma data fixa tem um significado mais profundo que nos permite entender melhor o que celebramos. Para simplificar, há várias maneiras de contar o tempo para estabelecer um calendário, na maioria das vezes usando o ritmo do sol (calendário gregoriano) e da lua. O calendário hebraico usa uma combinação destes. O efeito deste uso é o seguinte: usar o sol como base para um calendário dá um determinado dia que não muda se se acrescentar um dia por ano a cada quatro anos. Confiar na lua, por outro lado, requer um ajuste contínuo, já que as fases da lua são compensadas pelo sol.

Dois modos diferentes

Para ser breve, o Natal é uma data fixa, enquanto que a Páscoa é uma data variável, o cálculo depende da lua cheia. Isto é apropriado, já que a Páscoa é a celebração da morte e ressurreição de Jesus, enquanto o Natal é a comemoração do dia de seu nascimento. No primeiro caso, celebramos uma realidade que ainda está ativa no mundo de hoje. Hoje, onde estamos, Cristo realmente nos salva. Esta instabilidade do calendário nos permite experimentar isto: a Páscoa vai além de nosso controle e nos dá um sabor de eternidade.

Em vez disso, no Natal, lembramos que Jesus uma vez entrou em nossa carne, que ele armou sua tenda entre nós. O mistério da Encarnação é, naturalmente, um prenúncio do mistério da Salvação, mas paramos lá em 25 de dezembro. E todo o sabor do Natal reside no fato de que nosso Salvador é antes de tudo um bebê compartilhando nossa condição humilde, limitada e portanto mortal, finita no tempo. É, de certa forma, a contrapartida da Páscoa. O eterno chegou ao tempo – bendito seja Ele – para que o tempo pudesse se tornar eterno.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

quinta-feira, 22 de dezembro de 2022

A fé em Jesus floresce também no deserto

A igreja paroquial de Nossa Senhora do Rosário, em construção em
Doha, no Catar. Os terrenos foram doados pelo chefe de Estado,
o xeque Hamad bin Khalifa Al-Thani | 30Giorni

A fé em Jesus floresce também no deserto

“Aqui, a Igreja Católica vive do essencial, de sacramentos e devoção. O que arregala os olhos dos meus interlocutores, sempre, mesmo quando eles ocupam os mais altos cargos nestes países, é me ouvirem dizer: ‘Nós, cristãos, antes de qualquer outra coisa, rezamos por vocês’”. Encontro com dom Paul Hinder, vigário apostólico da Arábia.

Entrevista com Paul Hinder de Giovanni Cubeddu

A novidade mais recente, do ponto de vista da diplomacia, foi o estabelecimento de relações oficiais entre a Santa Sé e os Emirados Árabes, em 31 de maio passado. Como em outras partes da Península Arábica, nos Emirados a Igreja também já tivera a possibilidade de experimentar, antes de todas as formalidades, a benevolência de governantes esclarecidos: em novembro de 2006, um amplo terreno foi doado para a construção de igrejas cristãs em Ra’s al Khaymah (um dos sete emirados que compõem a federação). A gratuidade é o mais belo modelo de relacionamento com o poder que a Igreja experimenta no Vicariato Apostólico da Arábia. Exatamente no berço do islã, onde o profeta Maomé viveu sua história e encontrou judeus e cristãos em episódios de justiça e convivência que mereceriam hoje uma atenção muito maior, dentro e fora da Ummah.
Além dos Emirados, a Santa Sé mantém nesta região crucial relações diplomáticas com Barein, Kuweit, Iêmen e Catar, e espera-se que em breve a lista possa incluir também o Sultanato de Omã. O Vicariato Apostólico da Arábia – o mais extenso do mundo, com mais de três milhões de quilômetros quadrados – compreende todos os Estados da Península Arábica (com exceção do Kuweit, cujo bispo é dom Camillo Ballin, missionário comboniano). O Vicariato é hoje guiado pelo bispo Paul Hinder, um frade menor capuchinho, que continua a silenciosa e apaixonada tradição de sua ordem de oferecer religiosos a estas terras, que se tornaram um divisor de águas extremamente delicado nas relações entre fé e civilização, e entre política e economia globais, dados os enormes interesses relacionados aos recursos energéticos. Dom Louis Lasserre, primeiro vigário apostólico da Arábia, também era capuchinho. Nos tempos heróicos (o Vicariato foi instituído formalmente em 1889), o agitado quartel-general para o cuidado das almas era a insalubre cidade de Áden, no Iêmen, no sul da península que os romanos conheciam como “Arabia felix”; desde 1973, a residência do vigário apostólico é a futurista Abu Dhabi.
Dom Paul Hinder conversa e se aconselha muito freqüentemente com Bernardo Gremoli, seu confrade e predecessor, vigário apostólico de 1976 a 2005. E, sempre que pode, não deixa de lhe fazer uma visita. É a mesma bonita história que continua.

Paul Hinder, vigário apostólico da Arábia | 30Giorni

Excelência, qual é a situação da Igreja que o senhor herdou de seu predecessor, dom Bernardo Gremoli, na Península Arábica?
PAUL HINDER: A impressão que tive foi de uma Igreja extremamente viva e numerosa. Uma realidade que a gente não espera quando chega a esta parte do mundo pela primeira vez. Nos lugares em que os governos doaram terrenos para a construção de igrejas, existem comunidades realmente impressionantes, que me dão alegria e coragem.
O problema que enfrentamos em quase todos os países do Golfo é justamente o do espaço. Ainda que tenhamos recebido terrenos para erguer nossas igrejas, eles já não são suficientes. Essa é uma questão concreta, que às vezes suscita discussões entre os grupos de diferentes línguas e ritos pertencentes a uma mesma paróquia, e que cria alguns problemas ao bispo, que precisa sempre se comportar da maneira mais imparcial. O que nem sempre é possível, materialmente...
Quer dizer?
HINDER: Tomemos por exemplo o Catar, onde existem mais de 50 mil filipinos, 85% dos quais são católicos. Estamos construindo uma grande igreja para eles, mas no momento eles não possuem nenhuma. No Catar vive ainda um número muito grande de indianos e, considerando tudo, há entre 140 mil e 150 mil católicos. Até hoje o espaço para a liturgia era cedido pela escola americana, pela filipina e por outros ambientes, que aos poucos foram sendo alugados para os momentos litúrgicos. Essa dispersão não nos ajuda a cuidar como pastores de uma realidade de fiéis tão heterogênea, a fim de mantê-la unida. Essa falta de cuidado já é sentida, e nos desagrada.
Em alguns países do Golfo, os problemas relacionados com a autorização para que se construíssem igrejas foram resolvidos graças à boa vontade das lideranças islâmicas. O senhor acha que no futuro serão criadas dificuldades?
HINDER: Anos atrás, quando dom Bernardo Gremoli começou a peregrinar pela Península Arábica, em todos os lugares pelos quais ele passava o estilo de vida era mais próximo do passado beduíno, mais informal e direto do que são as burocracias atuais. Hoje, as famosas demoras podem ser atribuídas muitas vezes não a má vontade, que não existe, mas à estrutura dos ministérios, cada vez mais complicada, também aqui no Golfo. Não nego que às vezes podemos encontrar pela frente uma série de funcionários governamentais menos modernos, que não se dão conta das mudanças sociais que aconteceram em seus países, ou outros que aderem a uma interpretação mais radical e de fechamento. Mas estes são fenômenos que podemos encontrar em qualquer administração. Não é uma prerrogativa do Golfo.
Paradoxalmente, os beduínos de antigamente, mesmo sendo mais tradicionalistas, eram também mais abertos, se comparados a seus sucessores; eram mais seguros de si. O que eu mais espero é que todos nós, muçulmanos ou cristãos, sempre nos demos conta da realidade.
Existem episódios que possam exemplificar o que o senhor está dizendo?
HINDER: Muitos. Eu me lembro de um encontro com o sultão de Omã, no qual eu e o bispo anglicano tivemos a possibilidade de falar com ele livremente, durante mais de uma hora; e ele entendeu e aceitou o que pensávamos e dizíamos. Foi muito cordial. E foram cordiais também o ministro dos Assuntos Religiosos de Omã e o chefe de seção do Waqf, a secretaria que cuida das propriedades religiosas. Como bispo católico, tenho até hoje liberdade de ir e vir em Omã, além de um visto prolongado, com permissão para múltiplas entradas. Eles nos ouvem e até procuram nos ajudar, mesmo respeitando a lei, que estabelece longos prazos para a emissão de vistos, que chegam até a dois ou três meses. Isso cria obstáculos, se tivermos de responder rapidamente a alguma urgência relativa aos cristãos. Mas os funcionários do governo nos ouvem, e, quando há uma necessidade verdadeira, compreendem.

Outros encontros?
HINDER: Com o conselheiro para os Assuntos Religiosos do presidente dos Emirados Árabes Unidos, que já tinha sido um bom amigo de dom Gremoli. É um homem cordial, por isso é um prazer encontrá-lo nas reuniões oficiais; e nós também o recebemos em nossa casa episcopal, quando vem nos desejar um bom Natal. Além de tudo, como vigário apostólico, eu sou apresentado às outras autoridades como representante do Papa. São indícios de uma estima afetuosa, recíproca. No Iêmen, que visito com freqüência, encontrei várias personalidades do governo, como o ministro das Relações Exteriores, ou o da Saúde, para discutir a eventualidade de abrir numa de nossas casas em Áden uma pequena clínica para os pobres. E o rei do Barein ou o emir do Catar não mostram menor benevolência. Mas há também a relação diária com a administração, o funcionário que não nos conhece e que às vezes aplica as regras de uma maneira muito rígida, alongando os prazos... Por isso é preciso ter muita paciência.
E na hora em que ela acaba?
HINDER: Bem, tudo se ajusta com mais um pouquinho de paciência [ri; ndr.]... e, se você não a tiver, aprende.
O fato de haver uma relação cordial com a Igreja Católica em alguns países do Golfo é, por si só, um pedido discreto de maior aproximação com os sauditas.
HINDER: É verdade, se bem que eu não tenha meios para avaliar o quanto, por ora, esse pedido venha sendo acolhido. Nisto, também, a paciência ajuda. Mas, fora essa conversa entre nós, em silêncio, às vezes entre os próprios sauditas e os pequenos países do Golfo existe uma certa preocupação, seja por falta de comunicação, seja pelo que pode acontecer a Riad do ponto de vista político. Existe uma incompreensão recíproca, motivada entre outras coisas pela diferença de mentalidade, de abordagem dos temas quentes... Diante dos grandes problemas que envolvem todo o mundo árabe ou o islã, evidentemente a unidade árabe e/ou muçulmana se realiza quase automaticamente. Mas, olhando para os detalhes, vemos não é bem assim. Exatamente como aconteceria conosco, europeus.
O clima começou a mudar com a revolução no Irã, em 1979, e mais tarde, sobretudo, em 11 de setembro de 2001 e na segunda guerra do Golfo. Dali em diante, houve maior radicalismo, ceticismo, desconfiança no Golfo. As minorias se sentiram mais inseguras, passamos a falar menos. Mas isso não vale para todos. Alguns são exceção...
O que o senhor quer dizer?
HINDER: Quem tem ao menos um pouco de instrução, ou melhor, quem chega a conhecer pessoalmente os cristãos muda sua bagagem cultural, torna-se mais positivo... tem menos “medo” de nós. E isso acontece também aos cristãos diante dos muçulmanos, certamente.
Com base na sua experiência, em que campo é mais fácil o encontro entre pessoas de religiões diferentes? Que gesto as aproxima mais?
HINDER: O problema principal para os países do Golfo, que as autoridades governamentais também notam, é que os estrangeiros chegam para trabalhar e, depois de alguns anos, vão embora; por isso, não são considerados imigrantes que devem ser integrados, mas simples “expatriados”. Isso inevitavelmente muda a maneira de ser da relação. Por exemplo: a esmagadora maioria daqueles que vêm para cá não aprende o árabe. Tomemos o exemplo do Catar: em geral, a Igreja se limita a cuidar dos expatriados – entre os quais há também árabes cristãos de outros países, mas eles são uma pequena minoria dentro de uma massa de asiáticos. Isso também influencia o tipo de coexistência, e as nossas relações com os habitantes locais às vezes também se reduzem a atos burocráticos ou a recepções com as autoridades. Nós esperamos que se estabeleça finalmente um diálogo contínuo com os imãs autóctones, mas estes, às vezes, o que é um outro problema, só conhecem sua língua. Com as autoridades acadêmicas ou políticas, que em alguns casos estudaram no exterior, é mais fácil. Até porque, por exemplo, conhecem a Europa.
Então, para responder sua pergunta, eu diria que o campo em que caminhamos melhor com os muçulmanos é o respeito à vida – até mesmo nas conferências internacionais a Igreja e o islã estiveram próximos, por exemplo ao condenar o aborto – e o amor pela família: mesmo sendo diferentes os papéis do homem e da mulher, o sentido da família é muito forte no islã. O desejo de justiça e de paz também nos aproxima...
Como é que seus interlocutores reagem às atuais circunstâncias internacionais?
HINDER: Como todos sabemos, e sabemos bem, qualquer encontro entre nós ficará enfraquecido, e será menos autêntico, enquanto não forem resolvidas tanto a eterna questão palestina quanto a atual tragédia vivida pelo povo iraquiano. São feridas abertas no mundo árabe-muçulmano. Todas as vezes – eu constato isso em meus encontros oficiais com as autoridades –, em determinado momento do diálogo, me perguntam: “E vocês, o que estão fazendo? Qual é a posição do Papa sobre a Palestina? E sobre o Iraque?”. Felizmente, nosso Papa foi claro sobre a guerra, e a posição da Santa Sé a respeito de Israel e da Palestina também é digna de crédito. Mas esses continuam a ser os problemas centrais, e o diálogo, para nós, que vivemos aqui no Golfo, se complica.
Como se caracteriza a vida das comunidades cristãs no Golfo?
HINDER: Aqui, a Igreja Católica vive do essencial, de sacramentos e devoção. Há atividades caritativas, desenvolvidas por membros das comunidades ou pelo pároco ou bispo local. Mas não existem estruturas físicas, e seria até difícil que existissem. A exceção a isso são as quatro escolas que o Vicariato Apostólico possui, e mais quatro particulares, dirigidas por religiosas: são obras importantíssimas para nós. A maioria dos alunos é muçulmana. Eles já são uma grande maioria se considerarmos o conjunto das instituições de ensino, mas chegam a representar 95% dos alunos na Rosary School, em Abu Dhabi! E todos esses jovens que estudaram conosco, em geral, saem de nossas escolas com uma idéia completa de quem são os cristãos. A fama das escolas é boa, e os próprios xeques se sentem livres para nos enviar seus filhos.

O vigário apostólico Paul Hinder participa de uma conferência
inter-religiosa sobre o tema da tolerância; Abu Dhabi,
23 de janeiro de 2007

A Península Arábica é sinônimo de lugar problemático para a liberdade de religião. Mas qual é a reação de um governante amigo dos cristãos, um emir, por exemplo, quando ouve os debates ocidentais sobre o tema da reciprocidade?
HINDER: Antes de mais nada, eu não diria que a primeira intenção de quem governa no Golfo seja negar a liberdade e a reciprocidade aos cristãos. Não. Ele talvez não tenha tido uma correta informação sobre as reais necessidades dos cristãos em seu país. Eu gostaria de contar um episódio relacionado ao atual sultão de Omã. Uma vez, ele contou que na Grã-Bretanha, quando era estudante, foi hóspede de uma família de cristãos. Os donos da casa não apenas lhe ofereceram um quarto, mas lhe reservaram também um segundo quarto, para que fizesse dele um lugar de oração, como se fosse, ele disse, sua “pequena mesquita”. Essa experiência o marcou para sempre, e quando o sultão foi atacado por ter destinado terrenos à construção de igrejas em Omã, respondeu a quem o denegria que, se até num país estrangeiro haviam reconhecido seu direito de rezar, com maior razão os cristãos agora deviam poder rezar em sua casa. Esse não é um exemplo de reciprocidade? É claro que, como eu dizia, pode haver aqui e ali no Golfo um menosprezo das necessidades dos cristãos: sobre isso, é possível negociar.
O caso de Omã não é isolado.
HINDER: É verdade. Encontrei o príncipe herdeiro de Abu Dhabi, que também havia estudado na Europa, e falamos exatamente nos mesmos termos que usei com o sultão de Omã.
É claro que encontramos também no Golfo aqueles que não se sentem obrigados a garantir liberdade plena de religião, porque são seguidores convictos da única verdadeira religião do islã, e aí os cristãos são tolerados, mas não possuem outro direito além do de se tornarem muçulmanos...
Os cristãos de Omã devem sua liberdade de professar publicamente a fé à experiência pessoal de seu sultão.
HINDER: É verdade... É um episódio que o sultão sempre repete. Da mesma forma, é interessante lembrar que quando o sultão ouviu alguns imãs pregarem de maneira grosseira e excessivamente radical, e soube que eles tinham vindo do Egito de propósito para isso, mandou que fossem acompanhados até a fronteira, pois não queria que esse falso islã contagiasse as mesquitas de seu país.
Nos Emirados Árabes Unidos, deram um passo além, estabelecendo que, quando necessário, haja um controle sobre as orações da sexta-feira, para evitar infiltrações. Se o imã não aceita submeter a uma leitura prévia o texto que lerá aos fiéis na mesquita, fica obrigado a ater-se aos textos oficiais preparados pelo Ministério para os Assuntos de Religião. Veja, eu, como bispo cristão, sou até mais livre que o imã! Pois ninguém nunca veio me pedir que corrigisse minhas homilias...
A questão do radicalismo de exportação é delicada, no Golfo.
HINDER: Quando, há alguns anos, os Irmãos Muçulmanos se transferiram do Egito para outros países, foram acolhidos de braços abertos. Não se tinha consciência do que havia no interior deles. Mas o idílio durou pouco, e alguns Estados árabes reagiram com um controle mais estreito e rígido, ou com a expulsão.
Do seu ponto de vista, o que ajudará mais a comunidade católica nos países do Golfo a ser mais bem compreendida e, dessa forma, receber maiores espaços de liberdade, onde necessário?
HINDER: É preciso apenas que nos tornemos compreensíveis para a mentalidade desses povos. Fazendo três coisas.
A primeira?
HINDER: É a mais fácil. O que arregala os olhos dos meus interlocutores, sempre, mesmo quando eles ocupam os mais altos cargos nestes países, é me ouvirem dizer: “Nós, cristãos, antes de qualquer outra coisa, rezamos por vocês”. Em nossas missas, em todos os dias de festa, há uma intercessão por aqueles que governam o país, e pelo bem-estar do povo que nos hospeda. E isso continua e vale mesmo quando os cristãos podem ter sofrido ou ainda estejam sofrendo injustiças.
A segunda?
HINDER: Procuro sempre lembrar a meu interlocutor que a riqueza destes países ricos em petróleo se realiza também graças ao pobre trabalho manual dos imigrantes, dos expatriados, presentes em cada um dos incontáveis canteiros de obras abertos no Golfo. E que parte deles é cristã. E nesse sentido a Igreja, que tem o maior cuidado com essas pessoas, não está fazendo outra coisa a não ser ajudar no desenvolvimento do país e, se quisermos, assegurar também a ele uma maior ordem civil. O bem-estar do país e do povo que nos hospeda interessa à Igreja.
A terceira?
HINDER: Nós respeitamos as leis do país, e pedimos que os outros façam o mesmo.

Imigrantes asiáticos trabalham nos Emirados Árabes Unidos.
Grande parte deles é cristã
As comunidades cristãs são julgadas por quem as hospeda segundo seu comportamento na vida cotidiana. Mas como é que as julga o seu bispo?
HINDER: Na missa in coena Domini, em Abu Dhabi, estavam presentes no mínimo 15 mil fiéis. Ela foi celebrada ao ar livre; se você pudesse ter presenciado o silêncio e a atenção daquelas pessoas! O mesmo aconteceu na noite de Páscoa. Imagens como essas talvez só possam ser vistas na praça de São Pedro, mas com menor devoção... pois lá a praça é maior e as pessoas se dispersam. Além de tudo, eu vejo muita devoção por aqui, o que não é apenas expressão da religiosidade dos imigrantes indianos ou filipinos ou de outros países asiáticos, mas evidencia a boa batalha da fé, o desejo vital de aprofundá-la. “Padre, eu tenho mais fé aqui do que em meu país”, me disse mais de uma pessoa. Talvez seja pela situação de exposição à qual, como cristãos, somos submetidos aqui, em nações que não são cristãs. Porém... veja que resultado. Vou lhes contar a história do europeu que tinha perdido a fé...
Por favor.
HINDER: Em seu país de origem, existe a possibilidade de uma pessoa se demitir oficialmente da comunidade religiosa a que pertence – nesse caso, a Igreja Católica –, o que é válido também no que se refere às relações oficiais entre o Estado e a Igreja. Assim, há tempos, recebi a carta de um senhor que não era mais “oficialmente” católico e que trabalhava num país do nosso Vicariato no qual não existe liberdade de culto. Mesmo com todas as dificuldades que enfrentava nesse lugar, ou, quem sabe... talvez justamente graças a elas, ele me disse: “Quero voltar para a Igreja”. Aqui, no Golfo, por muitos motivos, estamos diariamente diante da possibilidade de abandonar nossa fé, ou de reabraçá-la, para nunca mais deixá-la.
Excelência, o senhor está descrevendo um lugar no qual todo pastor deveria ter a oportunidade de viver.
HINDER: Eu quase diria que, mais que em outros países ocidentais, aqui o povo ama o bispo... E pensar que eu não pedi para vir.

Maria teve a ajuda de uma parteira no nascimento de Jesus?

Renata Sedmakova | Shutterstock
Por Philip Kosloski

O que exatamente aconteceu naquela noite sempre permanecerá um mistério. Entretanto, evidências bíblicas e históricas podem ajudar a lançar um pouco de luz sobre o acontecimento que mudou o mundo.

Quando imaginamos a cena do nascimento de Jesus, naturalmente pensamos em Maria e José sozinhos em um estábulo, com animais ao redor. Esta imagem é, geralmente, precedida por um José preocupado, que chega a Belém no meio da noite e não encontra lugar para eles na hospedaria.

Devemos considerar, entretanto, que Maria e José já estavam em Belém há alguns dias. Lucas nos diz claramente:

“José subiu da Galileia, da cidade de Nazaré, à Judeia, à Cidade de Davi, chamada Belém, porque era da casa e família de Davi, para se alistar com a sua esposa, Maria, que estava grávida. Estando eles ali, completaram-se os dias dela.”

Lc 2, 4-6

Nenhum senso de urgência está presente no texto, o que torna provável que Maria e José tivessem tempo suficiente para se preparar para o parto e procurar uma parteira local.

As parteiras

As parteiras existem há milhares de anos e são até mencionadas no Antigo Testamento:

“O rei do Egito dirigiu-se, igualmente, às parteiras dos hebreus (uma se chamava Sefra e a outra, Fua) e disse-lhes: ‘‘Quando assistirdes às mulheres dos hebreus, e as virdes sobre o leito, se for um filho, matai-o; mas se for uma filha, dei­xai-a viver’’. Mas as parteiras temiam a Deus, e não executaram as ordens do rei do Egito, deixando viver os meninos.”
Êxodo, 1 – Bíblia Católica Online

Leia mais em: https://www.bibliacatolica.com.br/biblia-ave-maria/exodo/1/

Êx 1, 15-17

Teria sido estranho José estar sozinho com Maria no nascimento de Jesus. Embora José tivesse grande fé em Deus e confiasse que Jesus seria o Messias, os homens naquela época não eram preparados para ajudar as mulheres nos partos. 

Somado a esse conhecimento histórico, um texto antigo do Proto-Evangelho de Tiago conta a história de uma parteira que teria testemunhado o nascimento de Jesus:

“Então a parteira se pôs a caminho junto com ele [José]. Ao chegar à gruta, pararam, e eis que esta estava sombreada por uma nuvem luminosa. Exclamou a parteira: — Minha alma foi engrandecida, porque meus olhos viram coisas incríveis, pois que nasceu a salvação para Israel. De repente, a nuvem começou a sair da gruta e dentro brilhou uma luz tão grande que seus olhos não podiam resistir. Esta, por um momento, começou a diminuir tanto que deu para ver o menino que estava tomando o peito da mãe, Maria. A parteira então deu um grito, dizendo: — Grande é para mim o dia de hoje, já que pude ver com meus próprios olhos um novo milagre. Ao sair a parteira da gruta, veio ao seu encontro Salomé. — Salomé, Salomé! — exclamou. — Tenho de te contar uma maravilha nunca vista. Uma virgem deu à luz; coisa que, como sabes, não permite a natureza humana.”

Embora o texto não seja considerado canônico, ele aponta para uma realidade histórica que provavelmente era verdadeira. Fazia sentido que José procurasse uma parteira. Se ela ajudou Maria no parto ou não é outra questão, mas os serviços de uma parteira também se estendiam aos cuidados com o recém-nascido.

Antigos ícones ortodoxos e bizantinos lembram essa verdade e alguns apresentam a parteira de Maria no canto do ícone, banhando o Menino Jesus.

Enfim, o que exatamente aconteceu naquela noite maravilhosa sempre permanecerá um mistério. Entretanto, evidências bíblicas e históricas podem ajudar a lançar um pouco de luz sobre o nascimento que mudou o mundo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Conheça a antiga receita de pão de Natal de um mosteiro alemão

Imagem ilustrativa / (Pixabay, domínio público)

MUNIQUE, 21 Dez. 22 / 07:00 am (ACI).- Os trabalhos de pesquisa em mais de mil livros de uma antiga abadia na Alemanha permitiram descobrir como as religiosas preparavam pães de gengibre para celebrar o Natal.

Trata-se da biblioteca da abadia de Altomuenster, Alemanha, que foi fechada pela Santa Sé no início de 2017 porque só havia duas monjas. O mosteiro pertencia à Ordem do Santíssimo Salvador de Santa Brígida.

Esta ordem foi fundada por santa Brígida da Suécia e aprovada por Urbano V em 1370. Inicialmente tinha mosteiros mistos, mas hoje a grande maioria das comunidades é constituída apenas por religiosas. Só há um mosteiro de monges.

Após o fechamento da abadia de Altomünster, os estudiosos temiam que a biblioteca fosse abandonada ou possivelmente vendida. No entanto, ela foi conservada no arquivo diocesano de Munique.

Lebkuchen, pão de mel natalino alemão | DW

Entre os manuscritos medievais, os pesquisadores encontraram a receita para fazer Lebkuchen, pão de gengibre de Natal típico da Alemanha, em quantidade suficiente para todo o mosteiro.

Consiste em “ferver 20 litros de mel junto com 2 litros de água. Adicionar a canela e a noz-moscada, uma boa quantidade de gengibre e pimenta, além de erva-doce e coentro. Misturar tudo com farinha de centeio e água”.

Os especialistas dizem que os livros de receitas também são inestimáveis ​​para o estudo das religiosas e monges de santa Brígida. Além disso, junto com os manuscritos ilustrados dos séculos XV e XVI, é possível compreender como era a vida cotidiana por trás das portas fechadas do mosteiro há centenas de anos.

“É uma grande vitória para os estudiosos”, declarou Volker Schier, pesquisador e acadêmico da Universidade Católica de Leuven, Bélgica, que foi um dos promotores de um abaixo-assinado com cerca de duas mil assinaturas pedindo a preservação dos livros da Ordem Brigidina.

“Ninguém de fora sabia o que acontecia por trás dos muros do mosteiro: como era a sua vida cotidiana, o que comiam, quais eram as suas orações, sua rotina diária, mas tudo isso está descrito nos livros”, acrescentou.

Desde 1496, a antiga Abadia Beneditina de Altomuenster, uma cidade no final da linha do metrô de Munique, abrigou a ordem dirigida por religiosas.

Foi um dos três mosteiros do ramo original da ordem erudita e monástica que ainda funcionava quando foi fechado pela Santa Sé em janeiro, depois que o número de monjas caiu abaixo das três necessárias para formar noviças.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF