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quinta-feira, 29 de dezembro de 2022

São Tomás Becket

S. Tomás Becket | diocesedeblumenau
29 de dezembro
São Tomás Becket

Origens

Tomás Becket nasceu em 21 de dezembro de 1118, na cidade de Londres. Seu pai era normando. Tomás cresceu na Corte real inglesa, lado a lado com príncipe herdeiro do trono, chamado Henrique. Era um dos jovens que compunham a comitiva do príncipe e um de seus amigos mais íntimos. Tomás e Henrique tinham grande afinidade. Tomás, a princípio, era ambicioso, aventureiro, amante das diversões, caçador audacioso e amigo das disputas perigosas. Ele e o príncipe compartilharam a adolescência e a juventude.

Chanceler

Quando Henrique III, seu amigo, foi corado, a amizade dos dois ainda teve continuidade, pois o rei o nomeou seu chanceler. Num certo momento, porém, Tomás começou a se interessar pela vida religiosa. Começou a estudar a doutrina cristã e tornou-se amigo do arcebispo de Londres, chamado Teobaldo de Canterbury.

Arcebispo

Seguindo as orientações do arcebispo, Tomás Becket foi se aprofundando na fé, no conhecimento de Deus e da Doutrina. A um dado momento concluiu que deveria deixar o cargo de chanceler para se dedicar à religião. Recebeu, então, a ordem do diaconato, através do bispo Teobaldo, passando a ser arcediácono do bispo.

Quando Dom Teobaldo faleceu, o papa permitiu que o rei de escolhesse o novo arcebispo. Henrique III nomeou o amigo para o cargo.

Amizade desfeita

Tomás Becket recebeu a ordenação sacerdotal em 1162 e, no dia seguinte, a sagração como bispo de Canterbury. Logo, porém, começou a ter problemas com o rei. Primeiramente porque Henrique III publicou um conjunto de leis que chamou de "Constituições de Clarendon". Essas leis davam direitos abusivos ao rei, e pretendiam reduzir a Igreja a um pequeno departamento do Estado da Inglaterra. Dom Tomás Becket, zeloso dos assuntos da Igreja e dos direitos de Deus, foi frontalmente contra. O rei, então, passou de amigo a perseguidor. Tanto que Tomás Becket teve de fugir dali para a França.

Exílio

O bispo Tomás Becket permaneceu no exílio durante seis anos. Só conseguiu voltar para a sua diocese na Inglaterra quando o papa Alexandre III conseguiu um acordo de paz com Henrique III. Ao chegar novamente à sua diocese, Dom Tomás Becket foi aclamado pelo povo. Os fiéis, com efeito, amavam-no e respeitavam muito sua integridade de homem correto e de pastor dedicado.

Paz frágil

Tomás Becket, porém, sabia muito bem que aquela paz era frágil. Tanto que afirmou a todos: "Voltei para morrer no meio de vós". Seu primeiro ato depois de retornar à diocese foi destituir todos os bispos que tinham cedido aos caprichos do rei. Nesse momento, a paz, que já era frágil, desapareceu.

Perseguição e morte

Quando Henrique III ficou sabendo desses atos de Dom Tomás Becket, pediu que alguém matasse o bispo. Tomás Becket foi avisado da intenção clara do rei, mas preferiu não fugir outra vez. E respondeu com uma frase que ficou gravada na história: "O medo da morte não deve fazer-nos perder de vista a justiça". Assim, entrou em oração, vestiu os sagrados paramentos e ficou à espera de seus assassinos dentro da catedral. Quatro cavaleiros chegaram e o apunhalaram na catedral. Como cordeiro manso, ele não ofereceu resistência. Era o dia 29 de dezembro de 1170. Assim, São Tomás Becket entregou sua vida por causa da justiça e da verdade de Jesus Cristo. Foi mártir. Sua canonização aconteceu apenas três anos depois de seu martírio, sendo celebrada pelo Papa Alexandre III. A sua festa litúrgica acontece no dia de sua morte.

Oração a São Tomás Becket

“Senhor nosso Deus, que destes ao mártir São Tomás Becket a grandeza de alma que o levou a dar a vida pela justiça, concedei-nos, por sua intercessão, a graça de saber perder a vida por Cristo neste mundo, para podermos encontrá-la para sempre no Céu. Por Nosso Senhor. Amem. São Tomás Becket, rogai por nós.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

quarta-feira, 28 de dezembro de 2022

A parábola da rosa

Rosa | Cléofas

A parábola da rosa

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Um homem plantou uma rosa e passou a regá-la constantemente.

Antes que ela desabrochasse, ele a examinou e viu o botão que em breve desabrocharia, mas notou espinhos sobre o talo e pensou: “Como pode uma flor tão bela vir de uma planta rodeada de espinhos tão afiados?”

Entristecido por este pensamento, ele se recusou a regar a rosa antes mesmo de estar pronta para desabrochar, e ela morreu. Assim é com muitas pessoas.

Dentro de cada alma há uma rosa: São as qualidades dadas por Deus. Dentro de cada alma temos também os espinhos: São as nossas faltas.

Muitos de nós olhamos para nós mesmos e vemos apenas os espinhos, os defeitos.

Nós nos desesperamos, achando que nada de bom pode vir de nosso interior.

Nós nos recusamos a regar o bem dentro de nós, e consequentemente, isso morre. Nunca percebemos o nosso potencial.

Algumas pessoas não veem a rosa dentro delas mesmas. Portanto alguém mais deve mostrar a elas.

Um dos maiores dons que uma pessoa pode possuir ou compartilhar é ser capaz de passar pelos espinhos e encontrar a rosa dentro de outras pessoas. Esta é a característica do amor.

Olhar uma pessoa e conhecer suas verdadeiras faltas. Aceitar aquela pessoa em sua vida, enquanto reconhece a beleza em sua alma e ajudá-la a perceber que ela pode superar suas aparentes imperfeições. Se nós mostrarmos a essas pessoas a rosa, elas superarão seus próprios espinhos. Só assim elas poderão desabrochar muitas e muitas vezes.

Portanto sorriam e descubram as rosas que existem dentro de cada um de vocês e das pessoas que amam…

Autor desconhecido

Retirado do livro: “Sabedoria em Parábolas”. Prof. Felipe Aquino (org.). Ed. Cléofas.

A paz e a confraternização universal

Confraternização Universal | omaringa

A PAZ E A CONFRATERNIZAÇÃO UNIVERSAL

Dom Antonio de Assis Ribeiro, SDB
Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Belém – Pará

Introdução 

No dia 1º. de janeiro, estreando o ano novo, comemoramos também o dia da Confraternização Universal. Esse grande sonho só é possível se for consequência da paz; não há fraternidade onde não se vive a paz. A condição para a experiência da fraternidade, do amor entre irmãos, é a promoção da Paz. Iniciando mais um ano vale a pena nos dedicarmos à reflexão desse tema tão importante. Lamentavelmente em alguma parte do mundo os homens estão sempre em conflito, tensão e guerra. Mas isso é reflexo dos múltiplos desentendimentos, desordens e disputas em nível intrapessoal e interpessoal.  

A paz tem muitas facetas. Trata-se de uma qualidade nas relações humanas que implica a concorrência de múltiplos fatores. Por se tratar de uma realidade relativa às relações humanas, é uma experiência que está profundamente atrelada ao dinamismo da nossa subjetividade e ao, mesmo tempo, a transcende. Aprofundemos essa questão.  

1. A paz é uma aspiração ética 

A paz é uma das mais profundas aspirações humanas; é um anseio universal; está presente em todas as pessoas, povos e culturas. A paz foi contemplada na Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). A primeira referência à paz está no preâmbulo afirmando “que o reconhecimento da dignidade, inerente a todos os membros da família humana e de seus direitos iguais e inalienáveis, é o fundamento da liberdade, da justiça e da paz no mundo”. A paz depende do respeito à dignidade humana.  

 A segunda menção à paz está contida no artigo XX, parágrafo primeiro, quando fala do direito a associar-se. “Todo ser humano tem direito à liberdade de reunião e associação pacífica”. O direito à associação está submisso à condição de Paz.  

A última referência à paz na Declaração Universal dos Direitos Humanos está no artigo XXVI, parágrafo 2, quando fala da educação. “A instrução será orientada no sentido do pleno desenvolvimento da personalidade humana e do fortalecimento do respeito pelos direitos humanos e pelas liberdades fundamentais. A instrução promoverá a compreensão, a tolerância e a amizade entre todas as nações e grupos raciais ou religiosos, e coadjuvará as atividades das Nações Unidas em prol da manutenção da paz”.  A paz é produto da educação porque esta tem como dever estimular o desenvolvimento das capacidades humanas, dentre elas, a sadia sociabilidade. Onde não há formação humana as relações são embrutecidas. 

Por sua profundidade e amplitude, a paz é uma realidade dinâmica, por isso, é objeto de contínuo aprofundamento. A paz é uma legítima aspiração ética que tem residência no íntimo da consciência humana e está radicada na espiritualidade. Por isso, a paz não pode ser, de forma alguma, um compromisso alheio às religiões com suas mais variadas experiências de fé, doutrina e culto. Na sua essência da religião está a proposta de um caminho para a paz integral. 

2. A paz é uma virtude humana 

Quando nascemos estamos em estado bruto, vazios, como uma folha em branco de um caderno. Por isso o filosofo inglês John Locke para explicar essa realidade usou o termo “tabula rasa” para falar do ser humano que, ao nascer, é desprovido de ideias, sem referências, vazia de saberes, sem conhecimentos e, por isso, necessita da educação. Aos poucos o ser humano vai tomando consciência da sua existência, aprendendo a se relacionar, se exercitando na comunicação e na experiência também da gestão de divergências e conflitos. Por isso a harmonia das relações deve ser buscada, conquistada, é exercício, é uma luta!  

O provérbio latino: “Se queres a paz, prepara-te para a guerra”, é uma realidade que nos declara que a paz é fruto, antes de tudo, de uma conquista pessoal. A paz, como qualidade de relação interpessoal, é fruto de uma luta interior contra a radicalização da impulsividade, instintos, desejos, interesses, fragilidades pessoais; a paz nos exige espera, paciência, autocontrole, equilíbrio, temperança, tolerância, continência verbal e atitudinal. Quem não aprende a se conter, facilmente perde suas balizas e entra em conflito com o outro.    

3. A paz é dom de Deus 

Inspirados pela fé, afirmamos que a paz é também um bem divino, fruto da sabedoria celeste. Na Bíblia há mais de 300 vezes a palavra paz. “Deus é paz” (Jz 6,24). Na Sabedoria Divina há um espírito inteligente, santo, sutil, móvel, imaculado, lúcido, amigo do bem, benfazejo, amigo dos homens, firme, seguro, sereno (cf. Sb 7,22-23). A sabedoria que vem do alto é pura, pacífica, indulgente, conciliadora, cheia de misericórdia e de bons frutos (cf. Tg 3,17-18).  

A paz é fruto do Espírito Santo (Gl 5,22). O rosto do Deus da Paz e da misericórdia revelado por Jesus Cristo, já era adorado no Antigo Testamento como nos testemunha o salmista. Ele é o Deus que faz justiça aos oprimidos, dá pão aos famintos; liberta os prisioneiros; ele abre os olhos dos cegos, endireita os curvados, protege o estrangeiro, sustenta o órfão e a viúva (cf. Sl 146,7-8). É o Deus da piedade e compaixão, lento para a cólera e cheio de amor; bom para com todos, compassivo com todas as suas criaturas (cf. Sl 146,8-9). 

Os discípulos de Jesus, deverão ser homens e mulheres portadores da Paz. Essa foi uma importante recomendação de Jesus ao enviar em missão os seus discípulos. “Entrando numa casa, saudai-a: Paz a esta casa! Se aquela casa for digna, descerá sobre ela vossa paz; se, porém, não o for, vosso voto de paz retornará a vós” (Mt 10,12-12). O testemunho sobre a pessoa e a mensagem de Jesus Cristo só podem acontecer autenticamente se for através de atitudes pacíficas. Não há espaço para a violência e nenhuma forma de opressão sobre as pessoas na evangelização.  

O Deus Conosco é o príncipe da Paz (cf. Is 9,22); o próprio Jesus declarou “bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Quem com a boca grita o nome de Deus, mas com as atitudes está pronta para agredir, enganar, fuzilar, matar está sendo movido pelo seu próprio Eu e não por Deus revelado por Jesus através das suas atitudes. Quem Ama Deus que é Amor, está em sintonia com os irmãos, vivendo na paz. Essa é a paz que Jesus nos deixou que não se identifica com a paz mundana como pura ausência de conflito (cf. Jo 14,27). 

4. A Paz depende da justiça 

A germinação da paz social depende de condições específicas. Na encíclica Populorum progressio, o Papa Paulo VI (1967) afirmou que a paz entre os povos depende da justiça social. A paz, portanto, em nível social, depende do desenvolvimento humano integral (cf. PP,83). Onde não há justiça, lá não há paz. Aquele que passa fome, é injustiçado, negado em seus direitos, não vive em paz, porque está sendo desrespeitado em sua dignidade.  

Essa relação entre justiça e paz nos recorda o profeta Isaías afirmando que, nos tempos messiânicos, “a justiça produzirá a paz e o direito assegurará a tranquilidade” (Is 32,17).

A paz, enquanto virtude, só é possível para pessoas virtuosas, humanamente evoluídas, maduras! Todos aqueles que são promotores da cizânia, são portadores de alto grau de imaturidade humana, porque não cresceram na afetividade e sociabilidade, por isso são incapazes de resiliência e se tornam justiceiros. A paz é nossa responsabilidade, é um desafio que nos compromete no nosso cotidiano. Vale recordarmos o ditado: “quando um não quer, dois não brigam”. Se a paz pode depender de nós então, São Paulo, nos estimula dizendo: “procuremos, portanto, o que favorece a paz e a mútua edificação” (Rm 14,19). 

Resta para todos nós ao longo deste novo ano a necessária firmeza de ânimo nas provocações e resiliência nos abalos. A paz contribui para o nosso bem-estar, a manutenção da saúde e o sono sereno com repouso profundo. Que ao longo deste novo ano a bondade do Senhor e nosso Deus repouse sobre nós, nos conduza, torne fecundos nossos trabalhos e esforços (cf. Sl 90,17) a fim de sermos instrumentos de paz em todas as situações. Tenha um ano de Paz! 

PARA REFLEXÃO PESSOAL: 

1. Por que a confraternização universal depende da Paz?

2. O que significa afirmar que a paz é uma legítima aspiração ética?

3. Por que a educação contribui para paz?


Papa: São Francisco de Sales, grande guia das almas, capaz de ler os sinais de seu tempo

São Francisco de Sales | Vatican News

Nos 400 anos da morte do santo bispo francês, foi publicada a Carta Apostólica "Totum amoris est - Tudo pertence ao amor", na qual o Papa Francisco afirma que este doutor da Igreja, em uma época de grandes mudanças, soube ajudar as pessoas a buscar Deus na caridade, na alegria e na liberdade.

Alessandro Di Bussolo – Vatican News

"Um excelente intérprete" de seu tempo, que de uma nova maneira tinha "sede de Deus", e um "extraordinário diretor de almas", capaz de ajudar as pessoas a buscar o Senhor em seus corações e encontrá-lo na caridade. É assim que o Papa Francisco descreve São Francisco de Sales em sua Carta Apostólica "Totum amoris est - tudo pertence ao amor", escrita por ocasião do 4º centenário da morte do doutor da Igreja, padroeiro dos jornalistas e dos comunicadores, e bispo "exilado" de Genebra. Do santo francês, nascido no castelo de Sales, em Savoy, em 21 de agosto de 1567, e falecido em Lyon em 28 de dezembro de 1622, o Papa enfatiza a vocação de se perguntar "em todas as circunstâncias da vida onde se encontra o maior amor". Não é por acaso que São João Paulo II o chamou de "Doutor do Amor Divino", recorda Francisco, não só por ter escrito "um ponderoso Tratado sobre o mesmo, mas sobretudo porque foi testemunha dele".

Na mudança dos tempos, novas oportunidades para o anúncio do Evangelho

Após se interrogar "sobre o legado de São Francisco de Sales para a nossa época", o Pontífice explicou que encontrou "iluminadoras a sua flexibilidade e capacidade de visão". Durante os anos passados em Paris no início de 1600, aquele que Bento XVI descreveu como um "apóstolo, pregador, escritor, homem de ação e oração" adquiriu "uma percepção clara da mudança de época". E nestas novidades "ele mesmo confessa nunca ter imaginado reconhecer nisso uma oportunidade para o anúncio do Evangelho. A Palavra que tinha amado desde a sua juventude era capaz de abrir caminho, desvendando novos e imprevisíveis horizontes, num mundo em rápida transição". Para o Papa Francisco, "tal é a tarefa essencial que nos espera também nesta nossa mudança de época: uma Igreja não autorreferencial, liberta de toda a mundanidade mas capaz de habitar no seio do mundo, partilhar a vida das pessoas, caminhar juntos, escutar e acolher”. Foi o que fez o santo de Sales, que nos convida, diz o Papa, "a sair da preocupação excessiva conosco, com as estruturas, a imagem social, perguntando-nos antes quais sejam as necessidades concretas e as expectativas espirituais do nosso povo".

Buscar a Deus no coração e na história

Um “estilo de vida cheio de Deus”, explica Francisco, motivado assim pelo santo bispo: “Se o homem pensa com um pouco de atenção na divindade, imediatamente sente uma doce emoção no seu coração, o que prova que Deus é o Deus do coração humano”. Para o Pontífice, esta é a síntese de seu pensamento: "No coração e através do coração", escreve, que "o homem reconhece a Deus e conjuntamente a si mesmo, a sua origem e profundidade, sua realização na vocação ao amor". Assim ele descobre que a fé não é "um abandono passivo, frio, a uma doutrina sem carne e nem história", mas é "antes de tudo uma atitude do coração" que nasce da contemplação da vida de Jesus e nos faz habitar a história com confiança e concretude "na escola da Encarnação".

Discernimento na prova do amor

São Francisco de Sales, observa o Papa, "reconhecera o desejo como a raiz de toda a verdadeira vida espiritual e, ao mesmo tempo, como o lugar da sua adulteração". Por isso considerava fundamental "pôr à prova o desejo através do discernimento", e o critério final para sua avaliação "havia encontrado no amor", ao se perguntar "em todas as circunstâncias da vida onde se encontra o maior amor".

Uma teologia imersa na oração e na comunidade

O Pontífice atribui à reflexão sobre a vida espiritual de São Francisco de Sales "uma eminente dignidade teológica", porque nele sobressaem "os traços essenciais de fazer teologia". Primeiro a vida espiritual, porque "os teólogos se tornam teólogos no crisol da oração", e depois a vida eclesial, já que "o teólogo cristão elabora seu pensamento imerso na comunidade". Ele escreveu importantes obras espirituais, tais como a Introdução à Vida Devota e o Tratado do Amor de Deus, e milhares de cartas enviadas dentro e fora das paredes dos conventos para religiosos e religiosas, para homens e mulheres da corte, assim como para pessoas comuns.

Um novo estilo, com o otimismo salesiano

Na sua direção espiritual, São Francisco de Sales - explica o Papa Francisco - fala de uma nova maneira, usando "um método que renuncia à dureza e se apoia plenamente na dignidade e capacidade de uma alma devota, não obstante as suas fraquezas". Neste ponto de vista, comenta o Papa, " há o otimismo salesiano" que "deixou sua marca duradoura na história da espiritualidade, para sucessivos florescimentos, como no caso de São João Bosco dois séculos depois". Perto do fim de sua vida, assim ele via o seu tempo: "o mundo está a tornar-se tão delicado que, em breve, já não se ousará tocá-lo senão com luvas de veludo, nem medicar as suas chagas senão com cataplasmas de cebola; mas que importa, desde que os homens sejam curados e, em última análise, salvos? A nossa rainha, a caridade, faz tudo pelos seus filhos". Não foi a rendição final face a uma derrota, observa o Papa Francisco, mas sim “a intuição de uma mudança em ato e da exigência, inteiramente evangélica, de compreender como se poderia viver nela”.

Homem de diálogo

Assim, mesmo em diálogo com os protestantes, recorda o Papa citando Bento XVI, ele experimentou "cada vez mais, para além do necessário confronto teológico, a eficácia da relação pessoal e da caridade". Em contato com as pessoas de confissão calvinista, o santo era um controversista hábil, mas também um homem de diálogo, inventor de práticas pastorais originais, como os famosos "panfletos", afixados por todo o lado e até metidos por baixo da porta das casas". E é por isso que ele foi escolhido como o santo padroeiro dos jornalistas.

Nenhuma imposição

A segunda parte da Carta Apostólica analisa o legado de São Francisco de Sales para o nosso tempo, relendo "algumas de suas opções cruciais, para habitar por dentro a mudança com sabedoria evangélica". A primeira foi "repropor a cada um" a "relação feliz entre Deus e o ser humano", como faz o santo em seu Tratado do Amor de Deus. A Divina Providência atrai nossos corações para seu amor, escreve, sem nenhuma imposição, nenhuma "corrente de ferro", mas com "convites, deliciosas atrações e santas inspirações". A forma persuasiva, comenta o Papa, "de um convite que deixa intacta a liberdade do homem".

Verdadeira e falsa devoção

A segunda grande escolha crucial de Francisco de Sales, para o Pontífice, foi “indicar o que se entende por devoção”. No início de Filoteu, como São Francisco renomeia sua primeira grande obra, a Introdução à Vida Devota, ele sublinha: "verdadeira, há apenas uma; falsas e vãs, há muitas; e se não souberes distinguir a verdadeira, podes cair no erro e perder tempo correndo atrás de qualquer devoção absurda e supersticiosa”. Esta é a sua descrição da falsa devoção: vai desde "quem se consagra ao jejum" e acredita ser devoto porque não come nem bebe, e depois mergulha sua língua "no sangue do próximo com a maledicência e a calúnia", outro pensará que é devoto porque bisbilha todo o dia uma "série interminável de orações" e "não dará peso às palavras más, arrogantes e injuriosas que a sua língua lançará" a todos. E também o que dá esmolas aos pobres, mas "não conseguirá extrair do coração uma migalha de doçura para perdoar os inimigos". Enquanto que a verdadeira devoção para São Francisco de Sales "não é nada mais que um verdadeiro amor de Deus", uma manifestação de caridade, portanto nada abstrato, esclarece o Papa Francisco, mas "uma forma de estar no concreto da existência quotidiana". É por isso que a devoção ao santo bispo não leva ao isolamento e não deve ser relegada "a algum âmbito protegido e reservado". Ao contrário, ela pertence a todos e para todos, onde quer que estejamos, e cada pessoa pode praticá-la de acordo com sua própria vocação.

A vida cristã é descobrir a alegria de amar

No último capítulo da Carta Apostólica, intitulado "O êxtase da vida", o Pontífice resume o pensamento sobre a vida cristã de São Francisco de Sales, que não é "uma retirada intimista" no próprio coração ou uma "obediência triste e cinzenta" aos mandamentos, porque "quem presume que está a elevar-se para Deus, mas não vive a caridade para com o próximo, engana-se a si mesmo e aos outros". Ao invés disso, a vida cristã é uma existência que "reencontrou as fontes da alegria, contra todo o seu definhamento", porque quem vive o verdadeiro amor encontra a liberdade de amar e "a fonte deste amor que atrai o coração é a vida de Jesus Cristo" que deu sua vida por nós.

Pastoral Familiar da CNBB lança subsídio "Hora da Família 2023"

Hora da Família | CNBB

PASTORAL FAMILIAR LANÇA SUBSÍDIO HORA DA FAMÍLIA MENSAL PARA 2023 COM O TEMA “FAMÍLIA, CASA DA MISSÃO”

A Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF) lançou o subsídio Hora da Família com celebrações mensais para 2023. A proposta do material é que grupos paroquiais e de famílias reflitam no próximo ano sobre o tema “Família, casa da missão”, em sintonia com o quarto pilar das comunidades eclesiais missionárias propostas pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) nas Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora (DGAE 2019-2023).

O material conta com nove encontros para realização durante os meses de janeiro, fevereiro, março, abril, maio, junho, julho, setembro e novembro. Nos demais meses, serão utilizados os subsídios Hora da Família Especial, em agosto; Hora da Vida, em outubro; e a Novena de Natal, em dezembro. Para cada mês, há o aprofundamento da dimensão missionária da fé.

“Somos uma Igreja em saída e a missionariedade é parte essencial da nossa vida cristã”, recorda o bispo de Rio Grande (RS) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom Ricardo Hoepers. Ele ressalta ainda que “viver a missionariedade é ter a consciência do chamado de Deus para nossa família e nos colocar sempre à disposição da missão que nos for confiada”.

“Desejo que cada encontro e cada tema proposto possa ser semeado nas nossas comunidades com o testemunho de quem os vivenciou. E, todos juntos, possamos formar a grande família dos missionários que levam a paz, o amor, a justiça e a solidariedade a todos os corações”, motivou dom Ricardo.

O subsídio de 2023 é o quarto publicado no formato de encontros mensais, pensado para auxiliar famílias, grupos da Pastoral Familiar e de Movimentos Eclesiais de todo o país. Desde 2020, tem sido uma ferramenta para fazer com que as Diretrizes da Ação Evangelizadora sejam conhecidas e assumidas pela Pastoral Familiar e todos os que com ela tenham contato.

Confira os temas de cada encontro:

·         1º Encontro – Famílias missionárias

·         2º Encontro – Jesus Cristo missionário do Pai

·         3º Encontro – “De Cristo evangelizador a uma Igreja Missionária”

·         4º Encontro – O Espírito Santo protagonista da missão

·         5º Encontro – Os caminhos da missão e a família

·         6º Encontro – Todo cristão é missionário

·         7º Encontro – Idosos e enfermos missionários

·         8º Encontro – Família e espiritualidade missionário

·         9º Encontro – Família, casa da missão

·         Celebração do dia das mães – Maria, mãe e discípula missionária

Adquira já!

Para requisitar o exemplar impresso, acesse: https://bit.ly/HFMensal2023. A unidade custa R$ 4,20 e o envio será feito a partir da primeira semana de janeiro.

Caso queira adquirir e acessar o Hora da Família diretamente do celular, acesse o aplicativo Estante Pastoral Familiar. Baixe aqui: https://bit.ly/EstantePastoral

Como honrar os nascituros na festa dos Santos Inocentes

Peter Paul Rubens | Public Domain
Por Philip Kosloski

O Diretório sobre Piedade Popular e Liturgia oferece ideias para apoiar as mulheres e os nascituros nesta emblemática data litúrgica.

A Igreja recorda em 28 de dezembro os Santos Inocentes assassinados por Herodes, tornando essa data também um dia especial de lembrança de todas as crianças que sofrem no mundo.

Diretório do Vaticano sobre Piedade Popular e Liturgia detalha algumas ideias para honrar os nascituros e apoiar as gestantes nesse dia.

Primeiro, o Diretório contextualiza o evento:

Desde o século VI, em 28 de dezembro, a Igreja celebra a memória daquelas crianças mortas por causa da ira de Herodes contra Cristo (cf. Mt 2, 16-17). A tradição litúrgica se refere a eles como os “Santos Inocentes” e os considera como mártires. Ao longo dos séculos, a arte cristã, a poesia e a piedade popular envolveram a memória do “terno rebanho de cordeiros” com sentimentos de ternura e empatia. Estes sentimentos também são acompanhados por uma nota de indignação contra a violência com que foram arrancados dos braços de suas mães e assassinados.

Em seguida, o Diretório oferece algumas sugestões para a observância desta data litúrgica:

Em nosso tempo, as crianças sofrem inúmeras formas de violência que ameaçam sua vida, sua dignidade e seu direito à educação. Neste dia é oportuno recordar o vasto grupo de crianças ainda não nascidas que são mortas sob leis que permitem o aborto, que é um crime abominável. Atenta aos problemas concretos, a piedade popular tem inspirado, em muitos lugares, manifestações de culto e formas de caridade como a assistência às mães grávidas, a adoção das crianças e a promoção da sua educação.

Todos os crimes contra crianças podem e devem ser lembrados neste dia, implorando a Deus que estenda a sua justiça e misericórdia sobre o mundo.

Nesta época natalina, a festa litúrgica dos Santos Inocentes em 28 de dezembro é ao mesmo tempo uma jornada de alegria e de tristeza, relembrando o plano misterioso de Deus que, muitas vezes, é difícil de entendermos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa: rezemos por Bento XVI, ele está doente e no silêncio apoia a Igreja

Papa Francisco e Bento XVI  (Vatican Media)

No final da Audiência Geral, Francisco pediu aos fiéis uma "oração especial" por seu antecessor de 95 anos: "Que o Senhor o sustente neste testemunho de amor à Igreja até o fim". O Diretor da Sala de Imprensa do Vaticano lançou um comunicado na manhã afirmando: "A situação no momento permanece sob controle, constantemente monitorada pelos médicos".

Salvatore Cernuzio – Vatican News

Em meio às saudações aos fiéis italianos no final da Audiência Geral desta quarta-feira (28), destacando-se do texto escrito, Francisco, olhando para os presentes na Sala Paulo VI, confiou-lhes uma intenção muito precisa: "Uma oração especial pelo Papa emérito Bento XVI, que no silêncio está sustentando a Igreja". "Recordemos, ele está muito doente, pedindo ao Senhor que o console e o sustente neste testemunho de amor à Igreja até o fim".

No Mater Ecclesiae

Poucas palavras, pronunciadas pelo Papa Francisco, que insinuam o delicado estado de saúde de Bento XVI, que completou 95 anos em 16 de abril passado. Joseph Ratzinger, que após a sua demissão em fevereiro de 2013, mora no Mosteiro Mater Ecclesiae, nos Jardins do Vaticano. Ele é assistido pelas consagradas Memores Domini e pelo seu secretário pessoal, Dom Georg Gänswein, que ao longo dos anos sempre falou de uma vida passada em oração, música, estudo e leitura.

A ligação entre Francisco e Bento

Em numerosas ocasiões, Francisco falou da ligação com seu antecessor, a quem ele chamou de "pai" e "irmão" no Angelus de 29 de junho de 2021, por ocasião do 70º aniversário da ordenação sacerdotal de Ratzinger. Desde o início de seu pontificado, o Papa Francisco iniciou a "tradição" de visitar o Pontífice Emérito, começando com a primeira histórica visita logo após a sua eleição que chegou de helicóptero à residência de Castel Gandolfo, onde Bento XVI permaneceu algumas semanas antes de se mudar para o Vaticano. No período que antecede o Natal ou a Páscoa ou por ocasião de consistórios com novos cardeais, Francisco sempre mostrou um gesto de proximidade e cortesia ao visitar o mosteiro do Vaticano para votos de felicitações e saudação.

Visita a Bento XVI após a Audiência

Após a Audiência Geral, respondendo a perguntas de jornalistas, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, afirmou o seguinte:

"Quanto ao estado de saúde do Papa Emérito, para quem o Papa Francisco pediu orações no final da Audiência Geral desta manhã, posso confirmar que nas últimas horas houve um agravamento devido ao avanço da idade. A situação no momento permanece sob controle, constantemente monitorada pelos médicos". Afirmando ainda que, "no final da Audiência Geral, o Papa Francisco foi ao mosteiro Mater Ecclesiae para visitar Bento XVI. Nós nos unimos a ele na oração pelo Papa Emérito"

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Santos Inocentes Mártires

Santos Inocentes Mártires | consolataamerica
28 de dezembro
Santos Inocentes Mártires

A Igreja denomina de Santos Inocentes às crianças – meninos – que Herodes mandou matar sumariamente quando soube do nascimento do Menino Jesus. Queria Herodes garantir assim a morte Daquele que seria Rei de Israel – uma ameaça potencial para o seu trono, conforme entendia.

O Evangelho de Mateus narra estes fatos. Atraídos do Oriente pela misteriosa estrela que indicava o caminho para o local do nascimento do novo Rei dos judeus, três Reis Magos chegaram à Palestina, mas então ela desapareceu. Os Magos buscaram informações com Herodes, que, alarmado com a possibilidade de um concorrente ao seu reinado, consultou os sacerdotes e escribas. Estes, consultando os textos sagrados, indicaram a cidade de Belém, na Judéia. Herodes contou aos Magos e lhes pediu informações exatas, “...para que eu também vá adorá-Lo”.

Herodes era considerado cruel mesmo pelos pagãos. Mantinha-se no trono, ao qual chegara depois de matanças, pelo assassinato “preventivo” inclusive de três dos seus próprios filhos, para que não herdassem – ou usurpassem – a coroa.

Os Magos de fato encontraram Jesus recém-nascido em Belém, mas, avisados em sonho por Deus, voltaram ao Oriente sem passar por Jerusalém.

Herodes não demorou a perceber que os Magos não retornariam, e decidiu pela morte rápida de qualquer menino da região com dois anos ou menos de idade, de forma a garantir que nenhum possível candidato ao trono sobrevivesse. (Porém, milagrosamente, São João Batista, primo de Jesus e seis meses mais velho, sobreviveu à procura dos guardas). Estima-se que o número de meninos mortos foi em torno de 40.

O evangelista São Mateus interpretou este múltiplo assassinato como o cumprimento de uma profecia do profeta Jeremias, que menciona o choro de Raquel por seus filhos mortos (Jr 31,15; Mt 2,18). Raquel, esposa de Jacó e mãe de José e Benjamim, simboliza a nação judaica. O sepulcro de Raquel está na entrada da cidade de Belém, onde foram martirizados os meninos inocentes.

São José, também avisado em sonho, partira com Maria e o Menino Jesus para o Egito, onde ficaram até a morte de Herodes, que foi horrível: corroído por vermes e com o corpo coberto de úlceras fétidas, gritou até expirar.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

A loucura do ser humano, ao se afastar de Deus, o leva a atos absurdos, maus e inúteis. O desejo das coisas deste mundo em detrimento da vida futura provoca os pecados mais graves e cega totalmente o Homem para o seu verdadeiro fim, de acordo com a sua origem das mãos de Deus e destinação à plenitude da vida infinita, participando da intimidade e condição divinas. Sem saber ao certo de onde vem, e para que existe, o Homem não sabe para onde deve ir, nem como lá chegar… por isso é tão fundamental a ordem de Jesus aos Apóstolos e a todos nós, “Ide e pregai o Evangelho a todos os povos” (Mc 16,15).

Oração:

Deus Pai de infinita bondade, protegei-nos dos perigos e males deste mundo, e por intercessão dos Santos Inocentes, defendei-nos da morte eterna, de modo que, por Vós e para manter a nossa pureza, não hesitemos em enfrentar a espada nesta vida como garantia de nascer para a Vossa glória. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e pelas mãos de Maria Vossa e nossa Mãe. Amém.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF