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segunda-feira, 9 de janeiro de 2023

Democracia enfraquecida: é preciso superar as lógicas parciais, afirma o Papa

O Decano do Corpo Diplomático é o grego Georges Poulides | Vatican
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Em audiência ao Corpo Diplomático, Francisco citou o Brasil ao manifestar sua preocupação com o enfraquecimento da democracia. "Sempre é preciso superar as lógicas parciais e trabalhar pela construção do bem comum."

https://youtu.be/gr8BM64P2aw

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

Guerra, vida, liberdade e democracia: estes foram os temas tratados pelo Papa Francisco ao receber em audiência os embaixadores acreditados juntos à Santa Sé, para o tradicional encontro de felicitação de Ano Novo.

Nesta ocasião, o Pontífice faz um articulado discurso analisando os temas mais candentes para a comunidade global. Antes de iniciar, Francisco agradeceu pelas mensagens de condolências que recebeu por ocasião da morte de Bento XVI e pela solidariedade manifestada durante as exéquias.

Como fato eclesial marcante, Francisco citou a decisão da Santa Sé e da República Popular Chinesa de prorrogar por mais dois anos o Acordo Provisório sobre a nomeação dos bispos. “Espero que esta relação de colaboração se possa desenvolver em prol da vida da Igreja Católica e do bem do povo chinês.”

A imoralidade das armas atômicas

Mas o fio condutor do pronunciamento do Papa foi a Encíclica Pacem in terris de São João XXIII, que está completando em 2023 sessenta anos de sua publicação. Neste texto, consta a preocupação com a ameaça nuclear durante a crise dos mísseis de Cuba - ameaça que se repete ainda hoje. “Não posso deixar de reiterar, aqui, que a posse de armas atômicas é imoral.” “Sob a ameaça de armas nucleares, todos somos sempre perdedores!”, completou.

Aprofundando a III guerra mundial em andamento, Francisco citou primeiramente a Ucrânia, reiterando seu apelo “para que se faça cessar imediatamente este conflito insensato”. Mas nomeou ainda a Síria, Israel e Palestina, Líbano, o Cáucaso, o Iêmen, Mianmar e a península coreana. Falando da África, mencionou as nações da costa ocidental, e recordou a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, dois países que visitará daqui poucos dias.

As viagens de 2022 também foram recordadas. No Bahrein e no Cazaquistão, o tema foi o diálogo inter-religoso. No Canadá, a colonização ideológica. Em Malta, o naufrágio da civilização ao lidar com o tema da migração.

Santa Sé mantém relações diplomáticas com 183 países | Vatican News

Mulheres não são cidadãos de segunda classe

Fica então a pergunta: num tempo assim conflituoso, como reatar os fios de paz? Para São João XXIII, a paz é possível à luz de quatro bens fundamentais: a verdade, a justiça, a solidariedade e a liberdade.

Estes bens vêm à tona respeitando os direitos humanos e as liberdades fundamentais de cada pessoa. Mas não é o que acontece às mulheres, por exemplo, em muitos países consideradas cidadãos de segunda classe. Não é o que acontece aos nascituros, que encontram a morte no ventre materno. “Ninguém pode reivindicar direitos sobre a vida doutro ser humano, especialmente se inerme e desprovido de qualquer possibilidade de defesa”, recordou o Papa.

O direito à vida é ameaçado também onde se continua a praticar a pena de morte, como está acontecendo nestes dias no Irã, na sequência das recentes manifestações que pedem maior respeito pela dignidade das mulheres. Até o último momento, disse o Papa, a pessoa pode mudar e se converter, fazendo seu enésimo apelo para que a pena de morte seja abolida nas legislações de todos os países da terra.

Cristianismo incita à paz

A paz exige também educação, antídoto contra a ignorância e o preconceito, e liberdade religiosa. “Em cada sete cristãos, um é perseguido”, recordou Francisco. “O cristianismo incita à paz, porque estimula à conversão e ao exercício da virtude.”

Retomando o tema de sua mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2023, o Papa reafirmou que “juntos, pode-se fazer muito bem! Basta pensar nas louváveis iniciativas destinadas a reduzir a pobreza, ajudar os migrantes, contrastar as alterações climáticas, favorecer o desarmamento nuclear e prestar ajuda humanitária”.

A propósito do cuidado da "casa comum", o Pontífice citou a adesão da Santa Sé à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, com a intenção de dar o seu apoio moral aos esforços de todos os Estados para cooperar numa resposta eficaz e adequada aos desafios colocados pela alteração climática. 

Audiência ao Corpo Diplomático é uma das mais tradicionais do ano | 
Vatican News

Enfraquecimento da democracia

Antes de concluir, Francisco manifestou sua preocupação com o “enfraquecimento” da democracia, cujo sinal são crescentes polarizações políticas e sociais, que não ajudam a resolver os problemas urgentes dos cidadãos.

“Penso nas várias crises políticas em diversos países do continente americano, com a sua carga de tensões e formas de violência que exacerbam os conflitos sociais.” E o Papa citou três países: Peru, Haiti e, nas últimas horas, o Brasil. "Sempre é preciso superar as lógicas parciais e trabalhar pela construção do bem comum."

“Senhoras e Senhores, seria maravilhoso que, ao menos uma vez, pudéssemos encontrar-nos apenas para agradecer ao Senhor Todo-Poderoso pelos benefícios que sempre nos concede, sem nos vermos constrangidos a enumerar as situações dramáticas que afligem a humanidade.”

Este é o papel da diplomacia, que deve aplanar os contrastes para favorecer um clima de mútua colaboração e confiança. Para Francisco, é ainda mais do que isso, é “um exercício de humildade, pois exige sacrificar um pouco de amor-próprio para entrar em relação com o outro a fim de compreender as suas razões e pontos de vista, contrastando assim a soberba e a arrogância humanas que são a causa de toda a vontade beligerante”.

A Santa Sé mantém relações diplomáticas com 183 países. A estes, acrescentam-se a União Europeia e a Soberana Militar Ordem de Malta.

Cinco coisas que talvez não saiba sobre o Batismo católico

Foto ilustrativa - Pixabay (domínio público)

REDAÇÃO CENTRAL, 09 Jan. 23 / 07:00 am (ACI).- “Pelo Batismo, somos libertos do pecado e regenerados como filhos de Deus: tornamo-nos membros de Cristo e somos incorporados na Igreja e tornados participantes na sua missão”, diz o Catecismo da Igreja Católica (CCI 1213). A seguir, confira cinco coisas que talvez não saiba sobre este sacramento, porta para os outros sacramentos.

1. Iniciou-se com os Apóstolos

“Desde o dia de Pentecostes que a Igreja vem celebrando e administrando o santo Batismo. Com efeito, São Pedro declara à multidão, abalada pela sua pregação: ‘convertei-vos (...) e peça cada um de vós o Batismo em nome de Jesus Cristo, para vos serem perdoados os pecados. Recebereis então o dom do Espírito Santo’ (Atos dos apóstolos 2,38)” (CCI 1226).

Santo Higino, papa aproximadamente entre os anos 138 e 142, instituiu o padrinho e a madrinha no batismo dos recém-nascidos, para que guiassem os pequenos na vida cristã.

2. Tem vários nomes

Batizar, do grego “baptizein”, significa “mergulhar” ou “imergir dentro da água”. Esta imersão simboliza “a sepultura do catecúmeno na morte de Cristo, de onde sai pela ressurreição com Ele” (CCI 1214).

Este Sacramento também é chamado “banho da regeneração e de renovação no Espírito Santo”, assim como “iluminação” porque o batizado se converte em “filhos da luz”.

São Gregório Nazianzeno dizia que o batismo é um “dom, porque é concedido aos que nada têm; graça, porque é dado também aos culpados; batismo, porque o pecado é sepultado na água; unção, porque é sagrado e régio (assim se tornam os que são ungidos); iluminação, porque é luz resplendente; veste, porque cobre a nossa vergonha; banho, porque nos lava; selo, porque nos preserva e é sinal do poder de Deus”.

3. Renova-se a cada ano

“Em todos os batizados, crianças ou adultos, a fé deve crescer depois do Batismo. É por isso que a Igreja celebra todos os anos, na Vigília Pascal, a renovação das promessas do Batismo. A preparação para o Batismo conduz apenas ao umbral da vida nova. O Batismo é a fonte da vida nova em Cristo, donde jorra toda a vida cristã” (CCI 1254).

4. Um não batizado pode batizar

Diz o Catecismo da Igreja Católica (1256) que “são ministros ordinários do Batismo o bispo e o presbítero e, na Igreja latina, também o diácono (cf CIC, can. 861,1; CCEO, can. 677,1). Em caso de real necessidade, qualquer pessoa, mesmo não batizada, pode batizar (cf CIC, can 861, § 2) se tiver a intenção requerida e utiliza a fórmula batismal trinitária”.

“A intenção requerida consiste em querer fazer o que a Igreja faz ao batizar. A Igreja vê a razão desta possibilidade na vontade salvífica universal de Deus (cf 1 Tm 2,4) e na necessidade que o Batismo tem para a salvação (cf Mc 16,16)”.

5. Selo único e permanente

“O Batismo marca o cristão com um selo espiritual indelével (charactere) da sua pertença a Cristo. Esta marca não é apagada por nenhum pecado, embora o pecado impeça o Batismo de produzir frutos de salvação (cf DS 1609-1619). Ministrado uma vez por todas, o Batismo não pode ser repetido” (CCI 1272).

Fonte: https://www.acidigital.com/

Santa Marciana

Santa Marciana | gaudiumpress
09 de janeiro
Santa Marciana

Marciana era jovem, bela e piedosa, e cedo decidiu consagrar sua virgindade a Deus e morar como eremita na pequena cidade de Rouzucourt (agora Tigzirt), aproximadamente a 129 km de Cesareia de Mauritânia do final do século III, onde residia sua família, na atual Argélia. O norte da África era neste tempo dominada pelo Império Romano e totalmente latinizada, regendo Diocleciano, feroz perseguidor da Igreja e responsável pelo martírio de cerca de 15.000 cristãos ao longo do seu governo (284 a 305).

Vivendo numa cela, isolada, Marciana não tinha contato habitual com ninguém. Supõe-se por este motivo que a sua decisão de sair dali para ir a Cesareia foi inspiração divina, no empenho de combater o paganismo. Encontrando numa praça pública uma imagem em mármore da deusa Diana, junto a uma fonte, e não podendo suportar a visão de tão impura idolatria, Marciana não apenas a derrubou, mas acintosamente a quebrou em inúmeros pedaços. Ora, do ponto de vista dos pagãos, obrigados a adorar os ídolos, este gesto era gravíssimo delito, pois acreditavam que a estátua era o próprio deus (ao contrário, no Catolicismo, sabemos que uma imagem de algum santo, ou qualquer representação de Deus, embora sejam veneráveis, e que é sacrilégio quebrá-las por ser ofensa ao sagrado, não são em si mesmas aquilo que aparentam). Uma multidão em fúria a agarrou e maltratou, levando-a em seguida diante do juiz no pretório.

Ali ela fez uma corajosa e eloquente apologia do verdadeiro Deus cristão, rindo-se dos deuses de pedra e madeira. Irritado, o juiz entregou-a aos gladiadores, para que dela abusassem. Marciana, tranquila, rezava, e por três horas, aterrorizados e imóveis, aqueles brutos lutadores nada puderam fazer, pois Deus os impedia. Um deles converteu-se à fé católica, confirmando o caráter sobrenatural do episódio.

Furioso, o juiz a condenou à morte por animais ferozes na arena. Marciana caminhou para o suplício alegre e bendizendo a Jesus. Um leão foi solto e avançou para onde ela estava amarrada, apoiando nela as patas, mas em seguida a deixou e não mais a tocou. O povo, então, muito impressionado, pediu aos gritos que a libertassem, mas um grupo de judeus misturado à multidão insistiu para que um touro selvagem fosse solto contra ela, o que de fato ocorreu. Os chifres do animal a feriram horrivelmente, e ela desmaiou. Conta-se que em seguida um incêndio tomou a sinagoga local, que jamais pôde ser reparada.

Marciana foi retirada da arena e, como ainda vivesse, estancaram-lhe a hemorragia e novamente a amarraram para que continuasse o suplício. Olhando para o céu, ela disse: “Ó Cristo, eu Vos adoro! Vós estivestes comigo na prisão, Vós me guardastes pura, e agora Vós me chamais. Ó meu Divino Mestre, vou feliz para Vós! Recebei a minha alma!”. Um leopardo a dilacerou, matando-a. Era o dia 9 de janeiro de 304.

Santa Marciana é invocada na cura de feridas.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

Não suportar os ídolos deste mundo deve nos levar a não apenas nos recolhermos em Deus, mas também a claramente demonstrar a nossa Fé combatendo os erros mundanos, para poder chegar ao Paraíso. Este combate deve chegar com clareza “à cidade”, ao centro da nossa civilização. Derrubar os deuses deste mundo é de fato uma guerra, e Diana, a deusa pagã da caça, persegue os filhos de Deus. Mas é da e na própria realidade humana que o Senhor suscita a redenção: Marciana é um nome latino originado em Martes, deus romano da guerra – daí as chamadas artes marciais, sendo que a mais bela das artes, pode-se dizer, é justamente o combate espiritual; somos chamados por Cristo, e por Ele aparelhados, para enfrentar, na materialidade da condição humana, os erros da alma. A imagem destruída por Marciana estava junto a uma fonte: o pecado tem seu fim próximo às águas do nosso Batismo. O indispensável recolhimento em Deus, na oração, precede a jornada de Santa Mariana, e a nossa, no conflito contra o mal, e sem isto não há vitória possível. Mesmo na ação, a oração tem que estar presente: ela rezava, tranquila, diante dos brutos gladiadores, e também nós temos que serenamente crer e confiar Naquele que está acima dos poderes temporais. A civilização católica é aquela dos que se sabem fracos e aceitam, portanto, as forças sobrenaturais que o Pai oferece, pois o argumento de Cristo é a Sua morte na Cruz. Normalmente, é claro, é necessária a prudência, e mesmo Jesus aconselha a fugir das perseguições (cf. Mt 10, 23; não por mera covardia, mas porque a vida é sim importante em si mesma como dom do Pai, e que a evangelização ocorre também na ida a outros lugares; de toda a forma, a cada um é dada uma missão particular que deve ser bem discernida, seja uma atividade ordinária ou até o martírio). Mas, há momentos em que é preciso não apenas contestar abertamente a mentira, mas também tomar a iniciativa. É comum que Deus suscite a fortaleza a partir dos fracos, para deixar claro que apenas Sua é a verdadeira força, e que os impérios deste mundo nada são diante do Seu poder.

Oração:

Deus Todo-Poderoso, que Vos comprazeis em exaltar a Vossa fortaleza a partir das nossas misérias, elevando-nos assim para Vós e nos reconciliando Convosco, concedei-nos pela intercessão de Santa Marciana viver o bom combate nesta vida, sem temor ao que é ímpio, e testemunhando com firmeza, para o nosso bem e o dos irmãos, em qualquer circunstância a que nos chameis, a Verdade que já manifestastes nesta terra e que será o prêmio de alegria infinita na nossa casa definitiva. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, e Nossa Senhora. Amém.

domingo, 8 de janeiro de 2023

Qual estrela tu segues na vida?

Estrela de Belém | socientifica

QUAL ESTRELA TU SEGUES NA VIDA?

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! Traçar um projeto de mudança de vida requer uma certa dose de disciplina, de autoconfiança e perseverança. Mesmo correndo o risco de ver esmorecer o ardor dos primeiros passos ou dos primeiros dias, a esperança de poder ver o esplendor da luz da conquista e da vitória no horizonte de cada amanhecer, ou do entardecer, vai alimentar as tuas forças, ajudando-te a perseverar na caminhada. 

As Sagradas Escrituras falam que os Magos do Oriente vieram até Jerusalém, para encontrar o rei dos judeus que acabava de nascer. Percorreram um longo caminho para adorá-lo, seguindo uma estrela (Mt 2,1-2). A estrela que iluminou o caminho percorrido pelos Magos não foi percebida em Jerusalém. Os Magos eram homens que buscavam com sinceridade a luz da verdade, a luz do mundo, Cristo Jesus, deixando de lado a luz das vaidades, que dominava a vida de Herodes, impedindo-o de ver, contemplar e adorar a verdadeira Luz.  

Os Magos nos ensinam a não termos medo de nos colocar a caminho, para irmos ao encontro do Senhor, mesmo se, às vezes, temos que mudar de direção, percorrendo uma longa e fatigante jornada de conversão, para podermos chegar ao objetivo.  

Destes homens sábios que souberam conservar a simplicidade de uma criança, manifestada no encontro com “a criança”, podemos aprender a percorrer um caminho de discípulos, que se alegram pela presença e pelo encontro com o Mestre, na Manjedoura, na Cruz e na Eucaristia.   

A viagem mais difícil para muitos, talvez não seja aquela de atravessar as escaldantes areias dos desertos para encontrar a “Luz”, mas enfrentar a viagem interior, o caminho que passa pelo coração, seguindo a estrela que brilha através do amor-compaixão. 

Creio que a Festa do Batismo de Jesus, que encerra as celebrações do Natal, pode ser também um momento oportuno para recordarmos os compromissos do nosso batismo. Através dele, renascemos em nome da Santíssima Trindade, como filhos e filhas de Deus, e somos acolhidos na Igreja, comunidade de fé. Acolhidos não por acaso, mas para vivermos uma missão, a de testemunharmos Jesus Cristo.  

Penso que no mundo temos muitos meios e modos de testemunhar a nossa fé no dia-a-dia na família, na escola, no local de trabalho, participando nas celebrações da comunidade ou nos colocando a serviço do Senhor nos vários ministérios, tão necessários para o fortalecimento da comunhão e o cultivo da vida de fé nas comunidades. Quando nos dispomos a servir o Senhor, saímos do nosso isolamento, e deixamos a indiferença de lado, para dar um novo sentido à nossa vida.  

A graça de poder servir a Deus e aos irmãos, através dos ministérios na comunidade e na ação missionária, pode também ajudar a despertar nos jovens a vocação, o sentido da corresponsabilidade e do compromisso em relação à vida e às fragilidades e feridas, que atingem uma grande parcela do nosso povo. “Aquilo que os olhos não veem o coração não sente”. Jesus viu o sofrimento do povo, encontrando-o ao longo do caminho.

Ouro, incenso ou mirra? Qual o seu presente para Jesus?

Shutterstock
Por Hozana

Se colocarmos Deus no centro da nossa vida, cada dia será para nós a manifestação da sua presença! Todos os dias serão Epifania!

Mateus nos narra a história de três homens, três magos que vêm de longe, três magos que não sabiam bem o que iriam encontrar… mas que partiram ao encontro de um rei, que a princípio não era deles! Mas eles queriam conhecê-lo! Saíram seguindo… uma estrela!

Esse acontecimento nos traz a manifestação de Deus a estes três Reis Magos e, da mesma forma, ao mundo inteiro. Deus se manifesta, Ele se deixa ver! Ele se deixa ver na forma de uma criança pequena, uma criança frágil como para nos dizer que podemos tocá-lo, recebê-lo, acolhê-lo!

Esta história pode parecer distante da nossa realidade, mas essa impressão é só uma ilusão. Porque podemos, contemplando as atitudes dos três magos do Oriente, ver como essa visita pode nos tocar.

Em primeiro lugar, a primeira atitude dos magos é a de observar, vigiar… contemplar! Foi contemplando o céu que puderam ver a estrela! Sim, eles puderam ver aquele sinal que os levou a ver o verdadeiro Rei: Cristo. Estamos em uma época em que muitas vezes não temos mais tempo para contemplar. Pois bem, Deus não para de se manifestar em nossa vida! Deus não cessa de nos dar sinais do seu amor, da sua presença. Somos capazes de ver corretamente os sinais de Deus em nossa vida? Mesmo que tenhamos a impressão de que são muito discretos?

Então, depois de ver “o sinal”, os Magos partiram! Quanto mais somos capazes de ver os sinais de Deus na nossa vida, mais queremos encontrá-lo, caminhar em sua direção! Porque a fé é movimento de encontro! Ela não deve ser estática!

Uma fé que não nos move é uma fé sem sentido! Não basta ver que Deus está ali, é preciso ainda ir ao seu encontro! Atreva-se a ir até ele! Este encontro com Deus, esta manifestação de Deus na nossa vida que nasce deste “caminhar” produz então frutos se deixarmos que o Senhor faça verdadeiramente parte da nossa existência!

Andar nas pegadas de Cristo não é um andar cego! Também nós temos a nossa estrela: a Palavra de Deus! É o nosso roteiro! É ela que nos ilumina, que nos permite crescer na amizade com Ele e no amor ao próximo! Também temos os sacramentos que nos dão a força necessária para seguir em frente em nossa caminhada! E este encontro com Deus é transformador porque ele nos desloca interiormente!

No final deste longo caminho, os Magos ofereceram presentes a Jesus: o ouro, para simbolizar sua realeza. O incenso, sua divindade e a mirra, para anunciar sua Paixão. Também nós somos chamados a dar a Cristo o que levamos dentro de nós. Por isso, convido você a participar do retiro ouro, incenso e mirra: qual meu presente para Jesus? Serão três dias de oração para que reflitamos como podemos nos inspirar na história da Epifania e oferecer nós mesmos nossos presentes para Jesus (clique aqui para se inscrever).

Ele nos dá a sua vida para que possamos dar a ele o que carregamos dentro de nós! Ofereçamos-lhe as nossas fraquezas, as nossas dificuldades; tenhamos coração para agradecer, para dizer obrigado mesmo que às vezes as coisas não sejam como gostaríamos que fossem! Confiemos-lhe também as situações difíceis que conhecemos, as pessoas que nos rodeiam e que passam por dificuldades! Deus se manifesta, se apresenta a cada um de nós! E ele deseja se servir de nossas mãos, do nosso coração, da nossa vida para que o seu amor se concretize no mundo!

Procuremos ao nosso redor os sinais de Deus, como os magos do Oriente, somos chamados a caminhar ao seu encontro para lhe oferecer o que faz a nossa vida e para sermos transformados pelo seu amor! Contemplar, partir, encontrar, ser transformado pelo Senhor! Oferecer-lhe os nossos dons mais simples e receber dele a sua luz, o seu amor e a certeza de que se colocarmos Deus no centro da nossa vida, cada dia será para nós a manifestação da sua presença! Todos os dias serão Epifania!

Padre Emmanuel Albuquerque, pelo Hozana

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Reflexão para a Solenidade da Epifania do Senhor

Solenidade da Epifania do Senhor

Se antes Deus possuía um povo, o Povo de Israel, agora o Senhor torna público, de modo absoluto, o seu amor pelo Homem.

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Esta festa nos fala da abertura do Reino de Deus, abertura de suas portas de para em par, para acolher todos aqueles homens que possuem os sentimentos de paz, que buscam fazer o bem e evitar o mal, ou seja, Deus acolhe em sua casa todos os homens de boa vontade. É o redimensionamento do História da Salvação, ou melhor, é a planificação de seus objetivos.

Se antes Deus possuía um povo, o Povo de Israel, agora o Senhor torna público, de modo absoluto, o seu amor pelo Homem.

No presépio tivemos representando Israel, os pastores, agora, representando toda a Humanidade, temos os Magos. Portanto, a festa da Epifania celebra a manifestação do Amor de Deus a todos os Homens, não apenas ao Povo da Antiga Aliança, mas a todos os Povos de todos os Tempos!

Isso também vale para nós cristãos. Não somos donos do Amor do Senhor, mas temos a grata, a sublime missão de anunciá-lo a todos os homens. Não somos nós os batizados em nome da Trindade e nem os filhos da Antiga Aliança, os únicos chamados ao banquete celestial, mas todos aqueles que buscam a verdade, que são tementes a Deus, que fazem o bem e evitam o mal.

O Povo da Aliança deixa de ser um povo marcado pelo mesmo sangue e pela mesma cultura e passa a ser composto por aquelas pessoas que aceitam os ditames do Menino Deus, do Príncipe da Paz que surgiu na noite de Natal e ressuscitou ao terceiro dia após ter sido sentenciado como blasfemo e criminoso – por ter dito que era Deus e que era Rei - em uma cruz ao lado de dois malfeitores. Os ditames desse rei diferente de todos os demais são; amor, perdão, simplicidade de vida, generosidade.

Nas festas de Natal demonstramos nosso poder aquisitivo na compra de presentes e no preparo de nossa ceia, contudo a comida já foi para um lugar escuso e os presentes começaram a perder o seu valor e poderão irão parar nas mãos de quem não amamos. O tempo corrói! Mas as esmolas que demos, as visitas que fizemos, o tempo gasto com pessoas marginalizadas pela sociedade e também o tempo dedicado à oração foram contabilizados na economia da salvação, se transformaram em bens de eternidade, de acordo com os valores do grande rei, o menino que nasceu no presépio e morreu na cruz, após lavar os pés de seus discípulos.

Supliquemos com muita fé ao Senhor, peçamos a intercessão da Virgem Maria e de São José para mudarmos o nosso modo de pensar e de agir. Temos consciência disso tudo, somos evangelizados, praticamos a religião, mas o velho e viciado modo de pensar e de agir, fala mais alto na hora das decisões. É preciso uma grande graça de Deus para vivermos de acordo com o Evangelho de Jesus Cristo. A salvação não virá dos poderosos, nem do dinheiro, nem da sociedade consumista. Será de um coração despojado, fraterno, pobre, que confia em Deus e nele tem sua única riqueza que o Senhor se servirá para fazer o bem.

Bento XVI em um almoço das festas de Natal, em que se sentou com os pobres atendidos pelas Missionárias da Caridade, falou que Madre Teresa de Calcutá “é um reflexo de luz do amor de Deus”! Tenhamos a coragem de romper com os vícios do passado e vivemos a autenticidade do Evangelho. Sejamos luz do amor de Deus, permitamos que em nós Ele faça sua Epifania como a fez em Teresa de Calcutá e em tantos homens e mulheres de todos os tempos. É preciso coragem! Não tenhamos medo! Coragem! Jesus disse que somos “sal da terra e luz do mundo”. Coragem! Ele venceu o mundo!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2023

Epifania: manifestação da graça e da vida nova

Epifania | catequisar

EPIFANIA: MANIFESTAÇÃO DA GRAÇA E DA VIDA NOVA

Dom Jaime Vieira Rocha 
Arcebispo de Natal (RN)

No dia 6 de janeiro, tradicionalmente, a Igreja celebra a Festa de Reis, cujo nome litúrgico é Epifania do Senhor. Epifania quer dizer manifestação. De fato, o Filho de Deus é manifestado, mostrado às nações pagãs, como o Rei de Israel A Igreja no Brasil, onde não é feriado, celebra a Festa da Epifania no próximo domingo. Sendo assim, a Festa do Batismo do Senhor será celebrada na segunda-feira, dia 9. Temos a graça da proximidade de duas festas que são consideradas, juntas, a epifania do Senhor. “Já no século IV na festa da Epifania eram celebrados o nascimento e o batismo de Jesus Cristo. Esta relação nos faz entender que o batismo cristão é um sacramento, também, natalício e que o Natal quer ter consequências na vida cotidiana, para além da festa” (Kurt Koch). 

Nesta Solenidade a Igreja proclama a universalidade do Cristianismo: “Revelastes, hoje, o mistério de vosso Filho como luz para iluminar todos os povos no caminho da salvação. Quando Cristo se manifestou em nossa carne mortal, vós nos recriastes na luz eterna de sua divindade” (MISSAL ROMANO. Prefácio da Epifania do Senhor). E a manifestação do Senhor em nosso meio, possibilitou que recebêssemos a graça por excelência: a de nos tornarmos participantes de sua vida: “No momento em que vosso Filho assume nossa fraqueza, a natureza humana recebe uma incomparável dignidade: ao tornar-se ele um de nós, nós nos tornamos eternos” (Idem. Prefácio do Natal do Senhor, III). Participar da vida do Filho de Deus: eis o que o Batismo significa. Isso mostra que a manifestação do Filho de Deus comunica a sua vida para nós. Esse é sentido da própria Revelação divina, atestada nas Sagradas Escrituras: Deus se manifesta e se comunica a nós através do seu Filho e dando-nos seu Espírito – automanifestação para autocomunicação.  

Na oração das segundas vésperas da solenidade da Epifania, para a antífona do cântico evangélico (o Magnificat) a Igreja reza: “Recordamos neste dia três mistérios: Hoje a estrela de Belém guia os Magos ao presépio. Hoje a água se faz vinho para as bodas. Hoje Cristo no Jordão é batizado para salvar-nos. Aleluia, aleluia”. Tudo está relacionado conosco. Deus envia seu Filho para que nós tenhamos um futuro autêntico. E isso significa: «Imagem de Deus invisível» (Cl 1,15), Ele [Cristo] é o homem perfeito, que restitui aos filhos de Adão a semelhança divina, deformada desde o primeiro pecado. Já que, nele, a natureza humana foi assumida, e não destruída, por isso mesmo também em nós foi ela elevada a sublime dignidade. Porque, pela sua encarnação, Ele, o Filho de Deus, uniu-se de certo modo a cada homem (CONCÍLIO VATICANO II. Constituição pastoral Gaudium et spes, n. 22). 

Vivamos, pois, essa realidade da graça divina. Esse é um bom início para que o ano novo seja iluminado e possamos seguir em frente no caminho da fé, na doação de nossa vida ao projeto de Deus de ser a Vida de nossa vida. 

Que a Solenidade da Epifania do Senhor leve-nos a reconhecer a nossa vida e o mundo em que vivemos como espaço da manifestação de Deus e assim, faça de todos nós reflexo do amor de Deus que quis ser o que nós somos, para fazer-nos participantes de sua natureza.

Uma seleção com as músicas favoritas de Bento XVI

ARTURO MARI / OSSERVATORE ROMANO / AFP
Bento XVI estudava música e sabia tocar piano
Por J-P Mauro

O Papa Emérito Bento XVI gostava muito de música e admirava Mozart e Bach.

O Papa Emérito Bento XVI faleceu aos 95 anos, deixando um legado de profundos ensinamentos teológicos que influenciaram católicos do mundo todo. Ele era um homem de muitos talentos. Poliglota, falava fluentemente alemão, inglês, espanhol, italiano e francês, além de ter proficiência em português, grego, hebraico e latim. Há ainda uma linguagem universal da qual o Papa Bento XVI foi um estudioso e amante por toda a vida: a música.

O piano do Papa

Embora raramente se apresentasse em público, Bento XVI era um pianista que tocava por seu próprio prazer. Segundo o Centro de Pesquisas em Educação Católica, seu instrumento preferido era um velho piano sem marca que ele adquiriu logo após sua ordenação, quando ainda era professor na Faculdade de Filosofia e Teologia de Freising, na década de 1950.

Mesmo como Pontífice, ele nunca abandonou esse antigo instrumento. Chegou a sugerir que gostava mais de tocá-lo do que o Stienway de alta qualidade do palácio papal em Castel Gandolfo. Isso se devia tanto à sua própria humildade quanto à sua preferência, pois ele reconhecia que não tocava piano em nível profissional. Seu irmão, Mons. Georg Ratzinger, um músico profissional, explicou certa vez por que o Papa Bento XVI nunca tentou instalar um piano de cauda no Vaticano:

“Fala-se em conseguir um para o Vaticano também, mas meu irmão diz que não vale a pena. Por um lado, ele não tem muito tempo e também avalia suas próprias habilidades de forma realista. Para sua própria execução, seu velho piano é bom o suficiente.”

Mozart

Mons. Ratzinger admitiu que não tinha certeza de quanto tempo o Papa Bento XVI se dedicava à música, mas observou que, muitas vezes, via a tampa do instrumento aberta e as sonatas para piano de Mozart espalhadas. De acordo com o National Catholic Register, Mozart foi o compositor favorito do Papa Bento XVI, com Bach não muito atrás.

Certa vez, o Papa Bento XVI descreveu um de seus primeiros encontros com a música de Mozart:

“A alegria que Mozart nos dá, e eu a sinto de novo em cada encontro com ele, não se deve à omissão de uma parte da realidade; é uma expressão de uma percepção superior do todo, algo que só posso chamar de inspiração da qual suas composições parecem fluir naturalmente.”

Músicas preferidas

Em outra entrevista, também publicada pelo NCR, o Papa Bento XVI foi convidado a citar algumas de suas peças favoritas desses dois compositores.

Do lado de Mozart, ele observou que o “Quinteto de Clarinete”, a “Missa da Coroação” e a “Missa de Requiem” permanecem como algumas de suas peças favoritas.

Do lado de Bach, o Papa Bento XVI foi puramente litúrgico, citando a “Missa em Si Menor” e “A Paixão, Segundo São Mateus”.

Lista de reprodução

Em memória deste grande líder da fé católica, organizamos uma lista de reprodução (veja aqui) que inclui todas as músicas que o Papa Bento XVI nomeou como prediletas.

Dizem que ele gostava particularmente de ouvir Mozart enquanto lia as obras de Santo Tomás de Aquino. Então abra a Suma Teológica e experimente a música como o Papa Bento XVI fazia, cercado pela beleza do pensamento católico e da música sacra.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Santo já, gritam fiéis no funeral de Bento XVI

O cartaz de Santo Súbito na missa fúnebre de Bento XVI /
Captura de tela Vatican Media

Vaticano, 05 Jan. 23 / 09:06 am (ACI).- "Santo subito!" (Santo agora) foi o grito ouvido hoje (5) no funeral do papa Bento XVI na praça de São Pedro, no Vaticano.

Fiéis também seguravam um grande cartaz que dizia “SANTO SUBITO”.

https://twitter.com/i/status/1610945169444016128

O pedido para que se declare Bento XVI rapidamente foi o mesmo que se ouviu em 8 de abril de 2005, no funeral de são João Paulo II.

Foi o próprio Bento XVI quem, atendendo ao pedido de numerosos fiéis e autoridades da Igreja, abriu mão da espera de cinco anos para iniciar o processo de canonização de João Paulo II, beatificado em 2011 e canonizado em 2014.

Bento XVI foi sepultado depois da missa de funeral nas Grutas vaticanas, no mesmo túmulo onde originalmente descansou são João Paulo II, cujos restos mortais são agora venerados na Capela de São Sebastião, na Basílica de São Pedro.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O adeus a Bento XVI: "Pai, nas tuas mãos entregamos o seu espírito"

O adeus a Bento XVI | Vatican News

"Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!", com estas palavras, Francisco encerrou a homilia das exéquias do Papa emérito, diante de milhares de fiéis.

https://youtu.be/FfLJvI0-1CI

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

A cidade de Roma amanheceu encoberta por uma forte neblina, que impedia até mesmo de ver a cúpula da Basílica Vaticana, diante da qual milhares de fiéis se reuniram para o funeral do Papa emérito Bento XVI.

As imagens remetem a abril de 2005, quando o mundo se despediu de São João Paulo II: o caixão de madeira, simples, posicionado diante do altar, sobre o qual foi apoiado o Evangelho aberto. Ao ser depositado no chão, recebeu um beijo do seu então secretário particular Dom Georg Gänswein. Estima-se que cerca de 50 mil pessoas participaram do funeral, entre as quais inúmeras autoridades e chefes de Estado. Celebraram com o Pontífice, além do cardeal-decano Giovanni Battista Re no altar, mais de 120 cardeais,  400 bispos e quase quatro mil sacerdotes.

Dom Gänswein beija o caixão | Vatican News

O funeral seguiu o protocolo de um Papa reinante, com algumas modificações. Na homilia, o Papa comentou a leitura extraída de Lucas 23, 46, de modo especial a seguinte frase: «Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito».

“São as últimas palavras que o Senhor pronunciou na cruz; quase poderíamos dizer, o seu último suspiro, capaz de confirmar aquilo que caracterizou toda a sua vida: uma entrega contínua nas mãos de seu Pai. Mãos de perdão e compaixão, de cura e misericórdia, mãos de unção e bênção.”

Francisco nomeou Bento uma única vez, no final, mas as referências são extraídas de textos do Papa emérito: a Encíclica “Deus caritas est”, a homilia na Missa Crismal de 2006 e a missa do início do seu pontificado.

Citações que traçam o perfil do seu pastoreio, que se deixou cinzelar pela vontade do Pai, carregando aos ombros todas as consequências e dificuldades do Evangelho até ao ponto de ver as suas mãos chagadas por amor. Até ao ponto de fazer palpitar no próprio coração os mesmos sentimentos de Cristo Jesus de dedicação agradecida, orante e sustentada pela consolação do Espírito.

A oração do Papa Francisco | Vatican News

Foram essas três “dedicações” explanadas por Francisco.

Dedicação agradecida feita de serviço ao Senhor e ao seu Povo que nasce da certeza de se ter recebido um dom totalmente gratuito. Dedicação orante, que se plasma e aperfeiçoa silenciosamente por entre as encruzilhadas e contradições que o pastor deve enfrentar e o esperançado convite a apascentar o rebanho. Como o Mestre, carrega sobre os ombros a canseira da intercessão e o desgaste da unção pelo seu povo, especialmente onde a bondade é contrastada e os irmãos veem ameaçada a sua dignidade. Dedicação sustentada pela consolação do Espírito, que sempre o precede na missão e transparece na paixão de comunicar a beleza e a alegria do Evangelho.

“Também nós, firmemente unidos às últimas palavras do Senhor e ao testemunho que marcou a sua vida, queremos, como comunidade eclesial, seguir as suas pegadas e confiar o nosso irmão às mãos do Pai: que estas mãos misericordiosas encontrem a sua lâmpada acesa com o azeite do Evangelho, que ele difundiu e testemunhou durante a sua vida.”

Simplicidade marcou o funeral de Bento XVI | Vatican News

Para Francisco, Bento XVI cultivou a consciência do pastor que não pode carregar sozinho aquilo que, na realidade, nunca poderia sustentar sozinho e, por isso, soube abandonar-se à oração e ao cuidado do povo que lhe está confiado.

É o Povo fiel de Deus que, congregado, acompanha e confia a vida de quem foi seu pastor. E o faz com o perfume da gratidão e o unguento da esperança, com a mesma unção, sabedoria, delicadeza e dedicação que o Papa emérito soube dispensar ao longo dos anos.

“Queremos dizer juntos: «Pai, nas tuas mãos entregamos o seu espírito». Bento, fiel amigo do Esposo, que a tua alegria seja perfeita escutando definitivamente e para sempre a sua voz!”

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF