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quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Teologia e magistério: O SACERDOTE DO PÓS-CONCÍLIO

Ordenação Presbiteral | presbiteros

O SACERDOTE DO PÓS-CONCÍLIO

POR PIERGIORDANO CABRA *

Dentro do Ano sacerdotal, temos o gosto de oferecer aos leitores um artigo publicado em «L’Osservatore Romano», ed. port., de 18-VII-09, em que se propõe a santidade dos presbíteros fiéis aos ensinamentos do Vaticano II.

Quando se fala de santidade sacerdotal, o pensamento vai espontaneamente para as grandes figuras do passado, sobretudo do século XIX, ilustrado por eminentes personalidades de sacerdotes que se impuseram no seu tempo, suscitando admiração e maravilha pelo seu modo de comportar-se e de influir na sociedade. Dificilmente o pensamento vai para o sacerdote do pós-concílio, tão abalado pelos terramotos culturais e sociais, e caracterizado por um processo de redefinição da figura do sacerdote, com incertezas teológicas e concretas. Contudo, a segunda metade do século passado pode ser caracterizada por uma «nuvem de testemunhas» que viveram na tensão entre o antigo e o novo, entre lealdade à Igreja e amor pelas necessidades do próprio rebanho, entre expectativas e realizações, entre resultados prometidos e desilusões práticas.

Gostaríamos aqui de prestar homenagem a estes «santos anónimos» sem reconhecimentos e sem auréola, de uma santidade que se poderia chamar de difícil e custosa fidelidade criativa, da inserção do profeta sobre o sacerdote. A história que segue pode ser a de um de tantos sacerdotes que nestes decénios carregaram o peso do seu ministério, com uma inabalável fidelidade a Cristo e com a esperança de não serem desiludidos.

O Vaticano II tinha aberto o coração a grandes esperanças. Previa-se uma florescente primavera, sinal da renovada juventude da Igreja, abalada por um novo Pentecostes. O clima de entusiasmo criado pelo Concílio era tal que se esperava um salto em frente da Igreja no coração dos homens e na sociedade. Com grande surpresa, as igrejas, em vez de se encherem, começaram a esvaziar-se e a fugaz Primavera foi substituída por um Outono tardio, anunciador de ventos frios e inospitaleiros.

Começa aqui o calvário do sacerdote sozinho com o seu povo. Povo que olha cada vez menos para ele, atraído por outros interesses, imergido num mar de informações que corrompem a sua palavra. Começam os debates sobre o Vaticano II, com a pergunta frequentemente presente, mesmo se nem sempre pronunciada: De quem é a culpa? De quem atrasa a sua aplicação ou de quem ousou demais?

Há quem se declara de uma parte e quem se declara da outra. O sacerdote santo primeiro hesita, avaliando e sofrendo, e depois faz as suas opções, mantendo firme o ditado evangélico do «não julgar para não ser julgado» e da primazia da caridade que o impede de condenar quem não pensa como ele. E, sobretudo, faz um ato de fé no Espírito Santo que «falou por meio do Concílio», sabendo que a boa semente dará fruto no tempo oportuno, onde e como o dono da messe quiser. É a santidade do trabalhar não tanto para obter resultados, mas para ser fiéis à própria tarefa.

O grupo dos fidelíssimos, que antes se reuniam com ele para ouvir a sua palavra e as diretrizes, tomou consciência da própria dignidade de batizados e é encorajado a ser parte viva do povo de Deus. Formam-se os vários conselhos pastorais nos quais os leigos tomam a palavra e participam, por vezes com pouca, outras com demasiada convicção.

Do falar ao ouvir, o passo não é fácil, também porque por vezes existe a contestação, há juízos sumários sobre a Igreja, há reivindicações de autonomia inusuais e que devem ser avaliadas.

O sacerdote santo não elimina nem minimiza tudo isto, esperando unicamente que a tempestade termine para voltar a levantar a cabeça, mas medita sobre a Igreja como comunhão e decide continuar a ouvir, mas também a falar, com paciência e com coragem, sabendo que a sua comunidade se constrói com a contribuição de todos, dando-se conta de que deve aprender muito, assim como de que tem algo a ensinar. Começa aqui uma particular devoção ao Espírito Santo, Espírito de discernimento, devoção que caracteriza a espiritualidade do sacerdote santo. Com a confiança no Espírito, dedica-se a construir a sua comunidade como fraternidade.

Na construção da comunidade, a primeira atenção é dada à Palavra de Deus, que «volta do exílio», e à liturgia que se torna culmen et fons da sua ação pastoral. Foi grande o entusiasmo pela introdução das línguas correntes na liturgia e na proclamação da Palavra. Mas, depois das primeiras curiosas e atentas assembleias, pouco a pouco o interesse diminui. A Palavra é compreendida na própria língua, mas a compreensão não é óbvia como se esperava.

O sacerdote santo sabe que tem que trabalhar em profundidade e dedica-se a adquirir competência sobre a liturgia e a exegese. Dedica-se a aprofundar e a formar o seu povo. Propõe também cânticos novos, aplica as reformas, explica o melhor possível a Palavra, reorganiza devoções populares procurando sintonizá-las com o espírito da liturgia. Mas, com o passar do tempo vê que alguns não compreendem e os jovens não se interessam.

As assembleias renovadas com grande cuidado diminuem, mesmo se as igrejas são aquecidas, o esquema de altifalantes é melhorado, o edifício restaurado, por vezes também com excelente gosto. O sacerdote santo partilha o mal-estar com os seus irmãos, mas exorta-os a não cair no pessimismo. Continua a sua obra de formação, a partir da Palavra de Deus, meditada na oração e anunciada. Compreende que a Palavra tem o poder de o edificar pessoalmente e à sua comunidade e dedica-lhe a parte mais tranquila do seu tempo, no qual pode «contemplar» os factos de todos os dias à luz da Palavra. Está convicto de que a celebração da Eucaristia é o centro da sua vida e da sua comunidade e, mesmo devendo deslocar-se em vários lugares multiplicando as celebrações, vigia para não se deixar subverter pela rotina.

Houve um período no qual a política assumiu um aspecto messiânico: «Tudo é política», dizia-se nas cátedras e nas praças. «A política é a forma mais alta da caridade», afirmou Paulo VI. Alguns irmãos abraçavam com entusiasmo a política para resolver tantos problemas, a partir do dos pobres. Neste triunfo da política, o nosso sacerdote santo não se sentia muito à-vontade: a reforma das estruturas, mesmo se necessária, por vezes não parecia substitutiva da reforma do coração pedida pelo Senhor?

Os partidos excediam nos seus pedidos de fazer da Igreja uma base eleitoral? E quem servia melhor os pobres? E ele, pobre sacerdote, não corria o risco de ser envolvido nas tensões políticas, perdendo a credibilidade e o afeto de uma parte da sua grei, além da difícil mansidão evangélica? E como evitar a tentação de apoiar um respeitável candidato para disso obter vantagens?

Dado que cada solução – também a de não se interessar por política – era considerada política, o sacerdote santo pensa que é melhor manter a discrição, intervindo o mínimo exigido, concentrando-se no Evangelho e pregando sobre as exigências de conversão em relação aos pobres. E precisamente no momento em que se fala muito da «opção pelos pobres» e vê alguns que se servem dos pobres, decide no seu coração nunca fechar a porta aos pobres, denunciar as situações de exploração que vê, mesmo à custa de ver reduzidas as ofertas, e, sobretudo, fazer uma opção de vida sóbria, essencial, sem se conceder mais do que a condição médio-baixa do seu povo se pode permitir. Com algumas excepções: os livros, caros mas necessários, e algumas viagens, relaxantes e úteis, sobretudo nas missões, para se dar conta do mundo que muda e das novas perspectivas para o Evangelho.

Contudo, ao dar-se conta de que se afirmam novos modelos de comportamento e novas formas de pensar, na maioria em ruptura com o passado, eis que rebentam as bombas explosivas, como a introdução do divórcio e a liberalização do aborto. E, precisamente quando alguns teólogos se mostravam propensos a fechar o purgatório, o sacerdote santo verifica que o purgatório existe, sobretudo quando se senta no confessionário, onde deve meditar entre as normas severas e a fragilidade do praticante, entre a fidelidade à doutrina da Igreja e uma diversa sensibilidade do penitente, entre a misericórdia de Deus pronta a perdoar e quem ao contrário exige a legitimação dos próprios comportamentos.

O sacerdote santo encontra-se dilacerado interiormente, constatando o abismo que se alarga entre a lei e a realidade, mas persevera invocando o Espírito de discernimento para as situações inéditas, tomando consciência de que a sua tarefa não é rebaixar as exigências do ser cristão, mas ajudar a encontrar novos caminhos para o ser no nosso tempo.

Depois há os momentos da solidão, que pesam como uma pedra, que corroem interiormente. Momentos nos quais se sente sozinho consigo mesmo, necessitado de afecto e de estima, sozinho com o Senhor que silencia e com os outros que não compreendem, com o seu celibato aparentemente tão pouco estimado, ferido pelas debilidades de alguns irmãos, imediatamente apregoadas pelas media, que lançam uma suspeita corrosiva sobre todo o clero. É o seu Getsémani, ao lado de Jesus abandonado.

Sentir-se-á aliviado quando o Papa Bento XVI relançar o purgatório, consciente de o ter antecipado em parte nas horas, quando boas e quando difíceis, do confessionário. Mas também nas horas longas e escuras da sua solidão, sobre as quais pairava desânimo e depressão, mas das quais sai provado e purificado.

A sua dedicação pastoral construiu uma comunidade de crentes, capazes de resistir ao desgaste do secularismo, que atinge a maioria, que condiciona a mentalidade geral. Para ele, secularismo não é um conceito sociológico neutro, mas são famílias que se desagregam, liberdade de costumes, desejo de exibição, busca de dinheiro fácil, irrelevância prática da pregação da Igreja em muitos sectores.

A avalanche parece irreprimível. Parece-lhe até que o cristianismo não é capaz de resistir aos assaltos cada vez mais insistentes lançados de muitas partes. Por vezes pensa que está diante do mistério do mal que se manifesta com todas as suas capacidades de sedução e de engano. Quase sente receio, porque por vezes sente-se desarmado diante do alargamento de forças ao serviço de um plano obscuro. Mas depois, no contacto orante com a Palavra, pensa que o seu Senhor foi o primeiro que lutou contra o poder das trevas, abriu os olhos aos seus discípulos convidando-os à vigilância, prometendo também o Espírito, que infunde a coragem na luta e força nas tribulações.

O sacerdote santo sente que deve perseverar na oração, mesmo quando é árida e vazia, porque sabe que recebe a força do Espírito juntamente com o seu conforto. Não se lê nos Actos dos Apóstolos que os discípulos estavam «cheios do Espírito Santo» precisamente no meio das dificuldades?

Assim cultiva a sua perseverança, redescobrindo páginas da antiga ascética, pensando em tantos que olham para a sua fidelidade como ponto de referência para a sua, cada vez mais difícil, fidelidade. Por isso, não se amargura nem se entristece com lamentosas filípicas: sabe que o mundo está firmemente nas mãos de Deus, que está a preparar algo de novo. Compete a ele, seu servo humilde, anunciar a boa nova de que Deus não abandona o seu povo.

Ditas desta forma, as coisas parecem fáceis, até edificantes. Mas quantas delas tentou o nosso sacerdote santo, quantas desilusões, quantas tristes surpresas. Contudo, aprendeu a lamentar-se mais com o Senhor do que com os fiéis, aguçou o olhar sobre o novo que está a germinar, olha para outros lugares onde o Evangelho progride, abre o seu coração aos pobres do Terceiro Mundo, olha com simpatia para as iniciativas com bom êxito, mesmo se não foram promovidas por ele. Rejubila ao ver o bem feito pelos movimentos, mesmo se não deseja aderir a eles.

Não duvida das suas responsabilidades de pastor e não desiste de anunciar a verdade total, mas fá-lo com caridade e com delicadeza em relação às pessoas, sem se fazer forte da verdade que possui, brandindo-a como uma arma, consciente de que a primeira verdade é a caridade que não culpabiliza, mas convida a voltar ao Deus da paz.

Apercebe-se, com o passar dos anos, que é mais evangélico anunciar a beleza e a grandeza do amor de Deus, do que mortificar o homem frágil.

Nisto ajudam-no os santos pastores que, enamorados do Amor, souberam conduzir a este amor pessoas desorientadas nos caminhos do mundo.

Ele sente-se pequeno e grande, servo e unicamente servo, mas totalmente do Senhor para o qual tudo volta. Pequeno e grande, anunciador de um mundo que não morre. Pequeno e grande, como Maria, que se tornou para ele, com o passar dos anos, «vida, doçura e esperança».

Revendo a sua vida, ele constata que o Senhor lhe mudou o ideal de santidade, através de mudanças imprevistas nas ciências, na cultura, na sociedade, mudanças que deram origem à mudança das perguntas do povo e, por conseguinte, à sua colocação.

Não sabe se lhe respondeu, mas sabe que as levou a sério. Verificou que também as pessoas lhe ensinaram muitas coisas, sobretudo as que conversavam menos e queriam ser mais discípulas do que mestras.

Sente-se feliz por ter olhado para os superiores com respeito e muitas vezes também com amor, tendo sob controle a tentação da contestação ou da lisonja. Compreende as suas dificuldades, mesmo se no seu coração os quisesse mais criativos.

Não lhe desagrada não ter feito carreira. Sorri diante do carreirismo, uma forma de compensação típica também entre os apóstolos.

Sente-se feliz por ter cultivado a amizade com os seus irmãos e a alegria com os amigos. E recomenda-os ao Espírito que renova a face da terra, para que renovem o futuro.

Olhando para a sociedade, que procede pela sua estrada, é admirado pela sua extraordinária capacidade de gerir a complexidade, graças ao crescimento das competências e da organização. Mas apercebe-se de que o homem se torna cada vez mais frágil: sem um fundamento e sem uma meta, conseguirá evitar ser esmagado pela obra das suas mãos?

Trepida pelo futuro dos jovens. Mas repete-lhes: «Não tenhais medo de Cristo». Vê com clareza e infinita gratidão que «tudo é graça», também o ter sido conservado no santo serviço e reza por quem iniciou com ele e não continuou.

Apercebe-se de que cada sua reflexão e oração é triangular: Deus, ele, o seu povo. Deus e o povo foram a sua vida. Um trio já indissolúvel, também além do tempo. Espera apenas que Deus o acolha com o seu povo, para viverem sempre juntos.

* Consultor da Congregação para os Institutos de vida consagrada e as Sociedades de vida apostólica.

Fonte: https://www.cliturgica.org/portal/artigo.php?id=1135

quarta-feira, 11 de janeiro de 2023

Brasileiro reconstrói face de Santo Antônio de Pádua

2022. Imagem final renderizada de Santo Antônio de Pádua.
Direito de imagem concedido pelo autor | Vatican News

Cícero Moraes, designer brasileiro da cidade de Sinop/MT, apresenta nova modelagem do rosto de Santo Antônio de Pádua. O profissional compartilha também fatos da sua história pessoal.

Luiz Felipe Bolis – Vatican News

A história do êxodo de Cícero André da Costa Moraes selou a mudança de Chapecó/SC para Sinop/MT quando este tinha apenas 4 anos. Sobre as linhas de uma narrativa semelhante a de milhares de outras pelas estradas brasileiras, a escassez de trabalho na cidade de origem influenciou a família na busca por melhores condições de vida.

Era 1986 e o Brasil se reconstruía pelas vias da democracia. Os brasileiros, na procissão de um progresso esperançoso, marchavam adiante pelas oportunidades anunciadas dentro e fora da nação verde e amarela. O coração da gente de maioria católica depositava suas esperanças na intercessão de Nossa Senhora Aparecida e num oceano de outras devoções.

Dentro da narrativa de Cícero se fazem presentes as mãos de Santo Antônio desde as raízes da ancestralidade. O seu avô, de sobrenome Pagliari, teve a graça de se chamar Antônio. Cícero nasceu num dia 13, não de junho, mas de novembro, no Hospital Santo Antônio. Coincidência ou não, de Chapecó a Sinop, ambas as cidades em que viveu tinham o santo português como padroeiro. Os estudos e a retórica também se revelaram particularidades comuns entre os dois: o santo e o designer.

Cícero Moraes, designer brasileiro: foto de Martin Dlouhý / Koktejl
Vatican News

Em 1992, aos 9 anos, um quadro de curiosidades em um programa da TV aberta chamou a atenção de Cícero. Ficou impressionado pela reconstrução facial forense de uma pessoa, a partir do crânio original. Trinta anos depois, o designer 3D mato-grossense se transformou no Brasil, e além fronteiras, em uma das maiores referências no campo da reconstrução facial.

Nesta história de profissão e interesse pessoal, o menino de Sinop, depois de reconstruir mais de 70 rostos de forma digital, deu um salto de qualidade e se aventurou para criar a face de um dos homens mais amados na história da Igreja: Santo Antônio de Pádua. Esse trabalho vigora entre os mais conhecidos de Cícero, feito em parceria com o Centro de Estudos Antonianos, o Museu de Antropologia da Universidade de Pádua, o Centro de Tecnologia Renato Archer e o grupo de pesquisa arqueológica Arc-Team.

“Eles mandaram para mim um crânio escaneado, só informaram que era homem, a faixa etária de 36 anos e a ancestralidade”, pontua o cidadão mato-grossense. O primeiro molde da face do rosto do santo de Pádua, apresentado em 2014, alcançou uma repercussão de grandes proporções em várias partes do Brasil e do mundo e foi reportado por diversos veículos de comunicação. O crânio foi reconstruído em uma leva de outros crânios a serem refeitos, e só depois foi possível descobrir que se tratava de uma das maiores devoções da Igreja Católica.

Oito anos depois, Cícero aproveitou-se do avanço da ciência e da tecnologia para recriar o rosto de Santo Antônio de Pádua, utilizando técnicas computadorizadas desenvolvidas por ele mesmo. Em 2022, o resultado dos estudos saiu em uma reconhecida revista internacional de arqueologia, intitulada Digital Applications in Archaeology and Cultural Heritage (DAACH).

“Em 2014 eu utilizei técnicas de terceiros e em 2022 eu utilizei técnicas que eu mesmo criei com colegas de estudo. Então a gente teve essa aproximação facial forense do Santo Antônio de Pádua, agora mais coerente, com as estatísticas das estruturas faciais de um ser humano. Curiosamente a linha do perfil ficou muito parecida com aquela de 2014, e um outro fato interessante para se falar sobre esse processo de estudo é que nós colhemos dados do corpo dele de um estudo de 1980, e eles realizaram um levantamento do endocrânio de Santo Antônio e, para a nossa surpresa, ficou bem parecido, usando dados de tomografia computadorizada, a tecnologia moderníssima validou o estudo que fizeram em 1980”, explicita Cícero sobre o santo nascido em Lisboa, em 1195, e falecido em Pádua, em 1231.

Reconstrução do crãnio: Direitos autorais concedidos pelo autor.
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Do trauma ao sucesso

No fim dos anos 90, a computação gráfica 3D já encantava o jovem Cícero. Desenhista auxiliar de alguns escritórios de arquitetura naquela época, ele levou ao mundo digital o conhecimento analógico adquirido desde os 12 anos. Serviços para a área de marketing e publicidade também foram surgindo.

Em 2011 a roda da vida girou. Uma nova engrenagem para os rumos pessoais e profissionais do designer foi acrescentada. Ele viu a fronteira entre a vida e a morte bem diante dos olhos. Ele viu o perigo. Era noite. Estava a caminho de uma visita aos pais quando, no meio do percurso, surgiram bandidos que apontaram um revólver em sua direção. A reação foi inevitável. Um tiro de raspão o atingiu. Mas a bala mais dolorosa foi aquela que atingiu a alma, com um trauma que o deixou recluso por quinze dias. O pânico não o deixava sair de casa. A depressão bateu à porta, e de intrusa permaneceu por longo tempo.

Mas eis que não só de descidas é feita a caminhada do homem. As subidas também fazem parte. Em Cícero despertou um desejo hibernado desde 1992: o gosto pela técnica de retratar graficamente pessoas vivas ou falecidas através de modelagem 3D.

Foi então que ao passar pelo sepulcro da existência humana ele deixou os panos e os planos velhos para trás e foi em busca de novos sentidos de vida. Ele estudou, aprendeu, se refez, decodificou palavras difíceis em inglês e tantos outros códigos. E deste percurso veio a glória de vestir sobre si uma nova roupagem de designer. Nasceu o Cícero que hoje o Brasil e o mundo conhecem como o menino prodígio de Sinop. O Cícero que deu vida a um campo ainda pouco explorado e a pessoas que, em sua grande maioria, vieram ao mundo tempos antes da existência de registros fotográficos.

“Em pouco tempo superei a ansiedade acerca do assalto e fechei parcerias com pesquisadores internacionais, apresentando o trabalho em vários países. Um dos desdobramentos desse projeto foi o interesse por parte de médicos e cirurgiões dentistas acerca da abordagem 3D digital sobre a face, que se desdobraram em parcerias de desenvolvimento de tecnologia, culminando em soluções para o planejamento cirúrgico humano (hoje o meu ganha-pão) e a confecção de próteses animais e humanas. Desde o assalto que sofri, a recuperação foi tão plena que além de ‘voltar à vida’, passei a viajar por outros países, a ter dezenas de parceiros de pesquisas e a ver o meu trabalho noticiado em mais de 100 idiomas em volta do globo, nos principais sites, jornais impressos e canais de TVs”, sublinha Cícero.

Cícero Moraes, designer brasileiro: foto, Martin Dlouhý / Koktejl
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Novas descobertas por meio do autoconhecimento

Estudos e treinos na academia vigoram entre os afazeres da rotina de Cícero Moraes. Há alguns meses, já perto dos 40 anos, o desbravador de novos mundos e descobertas surpreendeu-se com o diagnóstico que lhe foi apresentado com muita cautela, busca e acompanhamento de um psicólogo: ele fazia parte do mundo de pessoas com altas habilidades/superdotação (PAH/SD).

“Eu tenho memórias de quando era bebê. Aos meus poucos meses de vida, minha mãe estava jogando canastra 11 com o meu pai e amigos, e eu me interessei pelas cartas. Ao tentar pegar uma delas na mesa, o meu curto braço não a alcançou, daí minha mãe me deu uma colher, tomei a colher com a mão esquerda, encostei na carta, puxei-a e finalmente peguei-a. Todos na mesa vibraram com a ação e eu me recordo muito bem daquele momento. Além disso, comecei a andar cedo, a falar cedo, a ler algumas palavras com pouco mais de um ano de idade e a minha memória é ininterrupta desde os 3 anos, de modo que eu recordo até do momento que isso passou a acontecer, pois foi no dia que eu dei uma pirueta sobre a cama, e de lá pra cá lembro de quase tudo”, frisa o designer.

Desde o princípio Cícero imaginava que um indivíduo com superdotação era alguém com memória totalmente fotográfica, capaz de fazer cálculos complexos de cabeça, praticamente um computador humano imune a erros. No entanto, pesquisas revelaram que o horizonte dos que possuíam essa condição era muito maior.

O mote inicial pela busca incessante de autoconhecimento aos 39 anos veio através de uma “crise” muito comum nessa idade e também chamada de “crise da meia-idade ou metanoia”, a qual Cícero explica como “uma espécie de ‘adolescência adulta’, onde o mundo psicológico sofre profunda turbulência, fazendo com o que o indivíduo reveja seus conceitos e reestruture a forma com que encara a própria existência”.

O grande nome de Sinop pontua: “ao descobrir que eu era uma PAS (pessoal altamente sensível), aprendi algo novo e muito importante: descansar de verdade, ou seja, não fazer nada para realmente recarregar as energias, evitando a saturação e logo, a ansiedade”.

Reconstrução do crãnio: Direitos autorais concedidos pelo autor.
Vatican News

O designer e o seu legado

Cícero Moraes recebeu diversas honrarias, dentre elas: nove moções de aplauso (2013-2022) oferecidas pelas Câmara de Vereadores de Sinop, Comenda Colonizador Enio Pipino (2014), Título de Cidadão Mato-Grossense (2015), Reconhecimento por parte do Governo Regional de Lambayeque (Peru) pela reconstrução facial do Senhor de Sipán (2017), a Medalha Inca Garcilaso de la Vega (2017), um reconhecimento do Ministério da República Tcheca (2018) e um reconhecimento da Arquidiocese de Kosice, Eslováquia (2019) pelas suas contribuições a religião oficial e à história do país.

Em 2021 obteve o reconhecimento do Guinness World Records pelo primeiro casco de tartaruga impresso em 3D no mundo. Em 2022 recebeu o título de Doutor Honoris Causa outorgado pela Faculdade Tecnológica de Limoeiro do Norte (FATELL) e pela Fundação Cariri (FUNCAR), por suas contribuições à Ciência utilizando a computação gráfica 3D. Seus trabalhos foram noticiados nos principais meios de comunicação do mundo e as publicações traduzidas para mais de 100 idiomas, contemplando o impressionante número de quase 7 bilhões de falantes.

As palavras finais de Cícero dizem: “todos esses trabalhos fazem com que hoje eu viva a minha vida de modo muito satisfatório e feliz. O mundo é um lugar muito mais agradável quando você se reconhece e tem empatia pelas pessoas, e uma forma de tornar essa empatia produtiva é compartilhando o resultado das nossas vitórias”.

9 contundentes razões para rechaçar a pornografia em sua vida

Crédito: cleofas

9 contundentes razões para rechaçar a pornografia em sua vida

 POR PROF. FELIPE AQUINO

A pornografia não é considerada apenas por especialistas como uma nova droga que gera uma dependência semelhante a ocasionada por drogas pesadas em pessoas de qualquer idade, mas destrói o amor de Deus na alma e distorce a verdadeira sexualidade humana.

Sam Guzman, fundador e editor do blog ‘The Catholic Gentleman’ (O cavalheiro católico), compartilhou um artigo que aponta 9 contundentes razões pra rechaçar a pornografia da vida do homem.

1. Fere as mulheres reais

Sam Guzman indicou que, muitas vezes, tem-se a impressão de que a pornografia é inofensiva e que as mulheres que saem nesses vídeos “estão se divertindo e fazendo-o por escolha”.

“É mentira. Muitas estrelas da pornografia que deixaram a indústria contaram histórias de abuso físico, emocional, coerção, automutilação, depressão, violência e tentativa de suicídio. Dizem com veemência que ser uma estrela pornô era miserável, não divertido. Isso sem mencionar milhões de mulheres que são traficadas e vendidas como escravas para alimentar a indústria”, assinala o autor.

Finalmente, disse que quando se “vê um vídeo ou olha uma imagem, está causando uma dor incalculável a milhões de mulheres e crianças que merecem ser amados e apreciados, não abusados e vistos como objetos”.

2. Mata o amor

Os casamentos foram destroçados pela pornografia porque esta destrói a intimidade, indica Guzman.

“Ver pornografia crava uma faca no coração de seu cônjuge. Faz-lhe perder toda confiança. Diz-lhe que nunca será o suficientemente bom. Zomba de seus fotos matrimoniais. Planta as sementes da amargura e do ressentimento. Causa-lhe dor profunda, emocional e espiritual”, acrescenta.

3. Faz com que se desfrute menos do sexo

Segundo uma pesquisa recente, há um número crescente de homens que preferem a pornografia ao sexo real.

“Por quê? Porque é mais fácil. Com um botão, você tem acesso infinito a mulheres preparadas que fazem coisas que nenhuma esposa em sua mente faria. Nem tem que se preocupar por dar prazer a outra pessoa. Em comparação, o sexo real se sente como uma tarefa. Muitos homens relatam até mesmo que já não conseguem despertar o suficiente para ter relações sexuais com mulheres reais. Basicamente, arruína a sua vida sexual”, aponta Guzman.

4. Destorce a visão do homem em relação à mulher

O blogueiro afirma que a forma mais rápida e absoluta de destorcer a visão sobre as mulheres é ver pornografia, porque ali “as mulheres são só objetos”.

“Não têm emoção, nem necessidades, nem alma. São instrumentos de gratificação. Simplesmente não pode ver a mulher ser abusada das formas mais horríveis na tela inúmeras vezes e esperar ter uma visão saudável delas na vida real. Simplesmente não é possível”, acrescentou.

Em seguida, destacou que as mulheres merecem “respeito e proteção, não luxúria”, porque vendo pornografia não se verá uma mulher como “feita à imagem de Deus”, mas “começará a fantasiar sobre ela como se fosse seu brinquedo”.

5. Extingue a graça de Deus na alma

“Um pecado mortal é um pecado que destrói o amor de Deus em sua alma. É um pecado tão grave, tão horrível que nos separa de Deus, deixando uma alma fria, sem vida e doente”, recordou Guzman.

Do mesmo modo, disse que se pode “criar muitas desculpas”, mas “ver pornografia é um pecado mortal e traça um caminho para o inferno”.

“São Paulo deixa claro: aqueles que toleram o pecado sexual em suas vidas ‘não herdarão o Reino de Deus’ (Gálatas 5,19-21). Pode ter o céu ou a pornografia, mas não ambos. Escolha sua opção”, exortou.

6. Agrava-se com o tempo

O pai de família manifestou ainda que a pornografia se torna “muito rapidamente um vício como o crack ou a metanfetamina”.

“Os meses passam e as mesmas coisas ficam chatas. Necessita-se de mais e mais coisas extremas para que se emocione. Logo está vendo coisas que pouco tempo antes seriam deixariam você horrorizado. E não importa o quanto veja, nunca é o suficiente”, acrescentou.

7. Torna-se egoísta

Guzman explica que quando se passa horas gerando satisfação com imagens obscenas, as pessoas começam a “ficar obcecadas consigo mesmas”.

“Em vez de abraçar o sacrifício requerido pelo amor verdadeiro, começa a ver os demais como objetos desenhados para servir às suas necessidades e desejos, como as mulheres de fantasia das telas. Em vez que dar e servir como Cristo, fica obcecado em tomar e consumir. Torna-se egoísta, irritado, abusivo, sem nem perceber. Torna-se um narcisista que usa os outros em vez de amá-los”, acrescentou.

8. Rouba a alegria

O blogueiro indica que a pornografia deixa a pessoa com sentimento de culpa e miséria.

“Não importa o quanto mintamos a nós mesmos, sabemos no fundo que a pornografia é errada. E cada vez que a vemos, nossa consciência naturalmente nos incomoda”, assinala.

9. Torna-o escravo

Segundo Guzman, o problema da pornografia é que torna as pessoas viciadas no pecado e as devolve voluntariamente à escravidão do demônio.

Entretanto, o blogueiro disse que “Cristo nos redimiu e, quando fomos batizados, nos libertou dessa cruel escravidão e nos traçou a liberdade de filhos de Deus. Se é batizado, está morto ao pecado e vivo a Deus. Vocês compartilham a liberdade de Jesus Cristo e já não são ‘escravos mas filhos’ (Gálatas 4,7)”.

Fonte: https://www.acidigital.com/noticias/9-contundentes-razoes-para-rechacar-a-pornografia-em-sua-vida-76381

CNBB pede orações pela saúde do cardeal Geraldo Majella Agnelo

Cardeal Geraldo Majella Agnelo.
Foto: Arquidiocese de Londrina (PR)

BRASILIA, 09 Jan. 23 / 01:39 pm (ACI).- A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) pede que as dioceses do país rezem pela saúde do arcebispo emérito de Salvador (BA), cardeal Geraldo Majella Agnelo, internado há 17 dias em Londrina (PR). Dom Geraldo Majella está com 89 anos e sua saúde “inspira cuidados”, segundo a CNBB.

Em 29 de junho de 2022, ele comemorou seu 65º aniversário de ordenação sacerdotal, no santuário Nossa Senhora Aparecida, em Londrina (PR). A missa foi celebrada pelo arcebispo de Londrina (PR), dom Geremias Steinmetz, e pelo Arcebispo de Salvador (BA), cardeal Sergio da Rocha.

Também estiveram na cerimônia o arcebispo emérito de Salvador (BA), dom Murilo Krieger; o arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer; dom Luiz Vieira, arcebispo emérito de Manaus (AM), o arcebispo emérito de Maringá (PR), dom Anuar Battisti; o bispo emérito de Cornélio Procópio (PR), dom Manoel João Francisco; o bispo de Cornélio Procópio (PR), dom Marcos José dos Santos; o bispo de Jacarezinho (PR), dom Antonio Braz Benevente, e o bispo de Apucarana (PR), dom Carlos José de Oliveira.

O bispo emérito de Salvador (BA) foi criado cardeal pelo papa são João Paulo II, no consistório de 21 de fevereiro de 2001 e recebeu o título de são Gregório Magno, em Magliana Nuova, em Roma, na Itália. E foii membro do Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e Itinerantes e da Pontifícia Comissão para os Bens Culturais da Igreja.

Cardeal Geraldo Majella esteve nos conclaves que elegeram Bento XVI, em 2005, e Francisco, em 2013. Além disso, foi um dos três presidentes da Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe realizada em Aparecida (SP), em maio de 2007.

Fonte: https://www.acidigital.com/

O Papa: ser missionário, ser apostólico é uma dimensão vital para a Igreja

Papa Francisco na Sala Paulo VI para a Audiência Geral |
Vatican News

Contudo, disse Francisco, "pode acontecer que o ardor apostólico, o desejo de alcançar os outros com o bom anúncio do Evangelho, diminua. Quando a vida cristã perde de vista o horizonte do anúncio, adoece: fecha-se em si mesma, torna-se autorreferencial, atrofia-se. Sem zelo apostólico, a fé esmorece".

Vatican News

O Papa Francisco iniciou um novo ciclo de catequeses na Audiência Geral, desta quarta-feira (11/01), dedicado a um tema urgente e decisivo para a vida cristã: a paixão pela evangelização, ou seja, o zelo apostólico

Segundo o Pontífice, "trata-se de uma dimensão vital para a Igreja: com efeito, a comunidade dos discípulos de Jesus nasce apostólica, missionária, não proselitista e isso desde o início tivemos que distinguir". "Ser missionário, ser apostólico, evangelizar não é o mesmo que fazer proselitismo, não tem nada a ver uma coisa com a outra. É uma dimensão vital para a Igreja", sublinhou Francisco.

Sem zelo apostólico, a fé esmorece

O Espírito Santo plasma a Igreja em saída "a fim de que não permaneça fechada em si mesma, mas seja extrovertida, testemunha contagiosa de Jesus, destinada a irradiar a sua luz até aos extremos confins da terra".

Contudo, pode acontecer que o ardor apostólico, o desejo de alcançar os outros com o bom anúncio do Evangelho, diminua. Quando a vida cristã perde de vista o horizonte do anúncio, adoece: fecha-se em si mesma, torna-se autorreferencial, atrofia-se. Sem zelo apostólico, a fé esmorece. Ao contrário, a missão é o oxigênio da vida cristã: a tonifica e a purifica.

A seguir, Francisco iniciou o caminho de redescoberta da paixão evangelizadora, começando das Escrituras e do ensinamento da Igreja, para haurir das fontes o zelo apostólico. 

No episódio evangélico do chamado do apóstolo Mateus, tudo começa com Jesus, que “vê” - diz o texto - «um homem». Poucos viam Mateus como era: conheciam-no como aquele que estava «sentado no banco dos impostos». Era cobrador de impostos: ou seja, alguém que cobrava os tributos em nome do império romano, que ocupava a Palestina. Em síntese, era um colaboracionista, um traidor do povo. Podemos imaginar o desprezo que o povo sentia por ele: era um “publicano”.

Jesus vai à pessoa, ao coração

"Mas, aos olhos de Jesus", frisou o Papa, "Mateus é um homem, com as suas misérias e a sua grandeza. Jesus não se limita aos adjetivos, Jesus sempre procura o substantivo. 'Este é um pecador, este é um tal...' são adjetivos":

Jesus vai à pessoa, ao coração, esta é uma pessoa, este é um homem, esta é uma mulher, Jesus vai à substância, ao substantivo, nunca ao adjetivo, deixa passar os adjetivos". E enquanto entre Mateus e o seu povo há distância, Jesus aproxima-se dele, porque cada homem é amado por Deus. Este olhar de Jesus que é belíssimo, que vê o outro, quem quer que seja, como destinatário de amor, é o início da paixão evangelizadora. Tudo começa a partir deste olhar, que aprendemos com Jesus

Movimento e meta

Portanto, tudo começa pelo olhar de Jesus. A isto segue-se a - segunda passagem - um movimento. Mateus estava sentado no banco dos impostos; Jesus disse-lhe: «Segue-me!». E ele «se levantou e o seguiu». O texto diz: “levantou-se”. “Por que este detalhe é tão importante? Porque naquela época quem estava sentado tinha autoridade sobre os outros“, respondeu o Papa. “Em síntese, quem estava sentado tinha poder. A primeira coisa que Jesus faz é separar Mateus do poder: do estar sentado para receber os outros, o coloca em movimento rumo aos outros; o faz deixar uma posição de supremacia para o colocar no mesmo nível dos irmãos e para lhe abrir os horizontes do serviço. É isto que Cristo faz, e isto é fundamental para os cristãos", sublinhou Francisco.

Um olhar, um movimento e, no final, uma meta. Jesus vai até a casa de Mateus e ali,  Mateus prepara-lhe «um grande banquete», no qual «participa uma grande multidão de publicanos». "Mateus regressa ao seu ambiente, mas volta mudado e com Jesus".

O nosso anúncio começa hoje, lá onde vivemos

Segundo o Papa, "o seu zelo apostólico não começa num lugar novo, puro e ideal, mas lá onde vive, com as pessoas que conhece. Eis a mensagem para nós: não devemos esperar ser perfeitos e ter percorrido um longo caminho atrás de Jesus para dar testemunho d'Ele; o nosso anúncio começa hoje, lá onde vivemos. E não começa procurando convencer os outros, mas testemunhando todos os dias a beleza do Amor que olhou para nós e nos fez levantar".

"Como nos ensinou o Papa Bento XVI, «a Igreja não faz proselitismo. Ao contrário, ela desenvolve-se por atração». Este testemunho atraente e jubiloso é a meta para a qual Jesus nos conduz com o seu olhar de amor e com o movimento em saída que o seu Espírito suscita no nosso coração".

O Tempo Comum durante o ano

Liturgia da Igreja Católica | CNBB

O TEMPO COMUM DURANTE O ANO

Cardeal Orani João Tempesta
Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ)
 

Na liturgia celebramos a vida de Cristo desde as promessas do Messias, sua Encarnação no seio da Virgem Maria, passando pelo seu Nascimento, Paixão, Morte, Ressurreição, até a sua Ascensão e a vinda do Espírito Santo. Mas enquanto civilmente se comemoram fatos passados que aconteceram uma vez e não acontecerão mais, (embora muitos desses fatos influenciem a nossa vida até os dias de hoje), no Ano Litúrgico, além da comemoração, vivemos na atualidade, no dia-a-dia de nossa vida, todos os aspectos da salvação operada por Cristo. A celebração dos acontecimentos da Salvação é atualizada, tornada presente na vida atual dos batizados. 

No Ano Litúrgico, a cada Natal é Cristo que nasce no meio das famílias humanas, é Cristo que sofre e morre na cruz na Semana Santa, é Cristo que ressuscita na Páscoa, é Cristo que derrama o Espírito Santo sobre a Igreja no dia de Pentecostes. De forma que, ao fazermos memória das atitudes e dos fatos ocorridos no passado, essas mesmas atitudes e fatos tornam-se presentes e atuantes hoje, no aqui e agora de nossa vida. 

O Ano Civil começa em 1º de janeiro e termina em 31 de dezembro. Já o Ano Litúrgico começa na véspera do 1º Domingo do Advento (cerca de quatro semanas antes do Natal) e termina na tarde do sábado anterior a ele. Podemos perceber, também, que o Ano Litúrgico está dividido em “Tempos Litúrgicos”. O Ano Litúrgico da Igreja é assim dividido: Advento, Tempo do Natal, Tempo Comum (1), Tempo Quaresmal, Tempo Pascal e Tempo Comum (2). Além dos tempos, que têm características próprias, restam no ciclo anual trinta e três ou trinta e quatro semanas nas quais são celebrados, na sua globalidade, os Mistérios de Cristo, que chamamos Tempo Comum durante o ano. Comemora-se o próprio Mistério de Cristo em sua plenitude, principalmente aos domingos. 

Com a semana, que segue ao Batismo de Jesus, inicia-se o chamado Tempo Comum do ano litúrgico. O Tempo Comum não celebra um ou outro aspecto particular do mistério de Cristo, como acontece, por exemplo, com o Advento-Natal ou a Quaresma-Páscoa, mas celebra o mesmo mistério, na sua globalidade. Realiza isso pela constante referência à Páscoa, que caracteriza os domingos, assim acompanhando e orientando o caminho pascal do povo de Deus, no seguimento de Jesus, rumo ao cumprimento da história. 

O Tempo Comum pode nos ajudar a refletir sobre a espiritualidade desse tempo do ano e sobre o sentido do tempo como dom de Deus. Se chama “tempo comum”, para distinguir do extraordinário, do festivo. No Ano litúrgico, como em nossa vida, existem tempos fortes de festa e tempos ordinários, comuns. 

Mas, como fazer com que no tempo comum não caímos em tempo de rotina? Primeiramente, devemos alimentar nossa vida naquela fonte rica dos tempos fortes que celebramos. Assim, Natal significa nascimento, manifestação do Senhor na história dos homens. Então, este Cristo que nasceu, este Cristo que se manifestou, deseja prolongar a ação de nascer e manifestar-se após as solenidades. Cristo quer encarnar-se cada dia através dos tempos. 

Outra maneira de valorizar e superar a rotina do tempo comum é encontrar o extraordinário no comum. Como no Ano litúrgico, em nossa vida nem sempre se verificam grandes acontecimentos. Importa aproveitarmos as menores coisas para aí detectarmos as coisas grandes, as realidades permanentes e eternas. Iluminados e fortificados pelo Espírito, podemos viver, na monotonia e na rotina do dia-a-dia. o mistério pascal de morte e vida. As grandes coisas que propusemos serão coisas grandes, quando feitas com amor. 

O Tempo Comum nos leva a valorizar o tempo que Deus nos concede. Os grandes e os pequenos acontecimentos são percebidos no tempo e, por outro lado, os acontecimentos nos fazem perceber o tempo. O Tempo Comum nos convida a entrar no mistério das grandes pequenas coisas. É fácil deixar-se inebriar pelas grandes festas que costumam deixar uma gota de amargor. Difícil é fazer com que as pequenas coisas e pequenos acontecimentos se tornem eloquentes. O raiar do dia será cada dia novo, se vivermos o seu significado; se for um encontro com o sol da vida, Jesus Cristo. O trabalho mais despretensioso e oculto será um evocar a maravilhosa capacidade do homem de dominar a terra, participando do poder criador do próprio Deus. 

Portanto, o Tempo Comum na experiência semanal da Páscoa pela celebração do Domingo, nos proporcione mais tempo para a reflexão sobre as coisas mais ordinárias do dia-a-dia, levando-nos a descobrir e a viver os acontecimentos antes de tudo em nós mesmos. O tempo comum nos fará compreender que nossa vida espiritual é um processo lento e gradual.

Fonte: https://www.cnbb.org.br/

São Teodósio

S. Teodósio | A12
11 de janeiro
São Teodósio

Teodósio nasceu em 423 na Capadócia (Turquia), recebendo sólida formação cristã na família. Jovem, impressionou-se com a história de Abraão, sentindo-se como ele chamado a partir para o lugar que Deus lhe mostrasse. Fez então uma peregrinação à Terra Santa, onde conheceu São Simeão Estilita, que profetizou ser ele escolhido por Deus como instrumento de salvação de muitos.

Decidiu levar vida religiosa num convento, próximo à torre de Davi, e seus progressos na vida espiritual monástica levaram a que lhe fosse oferecida a provedoria de uma igreja de Nossa Senhora, perto de Belém. Mas as constantes visitas não eram compatíveis com a vida solitária que desejava, e por isso mudou-se para uma gruta isolada, onde viveu 30 anos. Mas sua fama de santidade, pela humildade e caridade, atraiu discípulos, de modo que acabou organizando o regulamento para uma comunidade, que chegou a ter 400 monges. Ali ele construiu uma hospedaria para os peregrinos e um hospital, com setores feminino, masculino e para doentes mentais. Tudo era mantido pela Providência divina, na qual Teodósio confiava ilimitadamente.

O bispo de Jerusalém, conhecendo a santidade e capacidade administrativa de Teodósio, nomeou-o arquimandrita (superior geral) dos monges da Palestina. Juntamente com São Sabas, outro mestre do monaquismo, Teodósio defendeu a Fé contra a heresia monofisita, que negava a distinção das naturezas divina e humana de Cristo; como o imperador Anastásio apoiasse os hereges, foi perseguido e exilado, mas não muito tempo depois voltou a Jerusalém, após a morte do imperador.

 Faleceu em 529, com 105 anos. Seu mosteiro durou mais de um milênio, quando foi destruído pelos muçulmanos. Os monges gregos ortodoxos o reconstruíram no início do século XX.

Colaboração: José Duarte de Barros Filho

Reflexão:

São Teodósio é considerado um dos maiores líderes do monaquismo oriental do século V. Impressionante é a sua confiança em Deus, que o levou primeiramente a viajar, e, depois, a aceitar uma missão que, a princípio, não era a que desejava: isolando-se em busca de vida solitária, tornou-se organizador de vasta comunidade religiosa, que atendia também a peregrinos, e exigiu a construção e administração de um hospital. Os caminhos da nossa santidade dependem sempre da vontade do Pai, e não da nossa: só a humilde e alegre aceitação dos Seus desígnios garantem a fecundidade espiritual que devemos ter, para benefício nosso e dos irmãos, e maior glória de Deus.

Oração:

Senhor, que nos conduzis nos caminhos dos desertos desta vida, concedei-nos que, como São Teodósio, cujo nome significa "presente de Deus", sejamos ofertas dignas para a comunidade de todos os Vossos Filhos, através da plena confiança no Vosso querer e plena disponibilidade no Vosso serviço. Por Jesus Cristo, que nos ensinou a rezar “Seja feita a Vossa vontade”, e Nossa Senhora, que nos deu o exemplo de perfeita “serva do Senhor”. Amém.

terça-feira, 10 de janeiro de 2023

Da Regra mais longa, de São Basílio Magno, bispo

S. Basílio Magno | osbm

Da Regra mais longa, de São Basílio Magno, bispo

(Resp. 2,1: PG 31,908-910)                      (Séc.IV)

Possuímos inata capacidade de amar

O amor de Deus não é matéria de ensino nem de prescrições. Não aprendemos de outrem a alegrar-nos com a luz, ou a desejar a vida, ou a amar os pais ou educadores. Assim – ou melhor, com muito mais razão –, não se encontra o amor de Deus na disciplina exterior. Mas, quando é criado, o ser vivo, isto é, o homem, a força da razão foi, como semente, inserida nele, uma força que contém em si a capacidade e a inclinação de amar. Logo que entra na escola dos divinos preceitos, o homem toma conhecimento desta força, apressando-se em cultivá-la com ardor, nutri-la com sabedoria e levá-la à perfeição, com o auxílio de Deus.

Sendo assim, queremos provar vosso empenho em atingir este objetivo. Pela graça de Deus e contando com as vossas preces, nós nos esforçaremos, segundo a capacidade dada pelo Espírito Santo, por suscitar a centelha do amor divino escondida em vós.

Antes de mais nada, nós dele recebemos antecipadamente a força e a capacidade de pôr em prática todos os mandamentos que Deus nos deu. Por isso não nos aflijamos como se nos fosse exigido algo de incomum, nem nos tornemos vaidosos pensando que damos mais do que havíamos recebido. Se usarmos bem destas forças, levaremos uma vida virtuosa; no entanto, mal empregadas, cairemos no pecado.

Ora, o pecado se define como o mau uso, o uso contrário à vontade de Deus daquilo que ele nos deu para o bem. Pelo contrário, a virtude, como Deus a quer, é o desenvolvimento destas faculdades que brotam da consciência reta, segundo o preceito do Senhor.

O mesmo diremos da caridade. Ao recebermos o mandamento de amar a Deus, já possuímos capacidade de amar, plantada em nós desde a primeira criação. Não há necessidade de provas externas: cada qual por si e em si mesmo pode descobri-la. De fato, nós desejamos, naturalmente, as coisas boas e belas, embora, à primeira vista, algumas pareçam boas e belas a uns e não a outros. Amamos também, sem ser necessário que nos ensinem nossos parentes e amigos e temos espontaneamente grande amizade por nossos benfeitores.

O que haverá, pergunto então, de mais admirável do que a beleza divina? Que coisa pode haver mais suave e deliciosa do que a meditação da magnificência de Deus? Que desejo será mais veemente e violento do que aquele inserido por Deus na alma liberta de toda impureza e que lhe faz dizer do fundo do coração: Estou ferida de amor? É na verdade totalmente indescritível o fulgor da beleza de Deus.

Por que a Igreja tem duas versões do Credo e quando são rezadas?

Laurom-CC
Por Pe. Cido Pereira

Leitora achou que o Credo Niceno só é rezado uma vez por ano, mas não é assim.

O pe. Cido Pereira respondeu à dúvida de uma leitora do portal O São Paulo, da arquidiocese paulistana, que lhe tinha enviado a seguinte pergunta:

“Padre, na época do Natal foi rezado um Credo diferente, que fala que ‘Jesus é Deus de Deus, luz da luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro’. Por que só é rezado uma vez no ano?”.

Na verdade, o Credo em questão não é rezado apenas uma vez por ano. O pe. Cido explicou:

“Minha irmã, o Credo é o mais completo ato de fé que se proclama individualmente ou em comum. Ele é chamado ‘Símbolo dos Apóstolos’. A palavra símbolo significa a reunião de todas as verdades encontradas nos Evangelhos e no ensinamento dos apóstolos.

Existem dois Credos. O Símbolo ou Credo apostólico, que nos vem dos inícios do Cristianismo, e o Credo Niceno-Constantinopolitano, que contém algumas verdades da fé que foram definidas posteriormente por diferentes concílios. Os dois Credos revelam a preocupação da Igreja diante de várias heresias que foram condenadas.

O Credo Niceno-Constantinopolitano data do Concílio de Niceia, realizado no ano 325 da era cristã.

Em todas as missas dominicais e em grandes celebrações, rezam-se o Credo em suas duas versões. Você se encantou com o Credo Niceno. Por ser mais completo, ele é celebrado nas grandes solenidades.

As Igrejas católicas, ortodoxas e as Igrejas cristãs históricas usam o Credo.

Minha irmã, você agora sabe que na liturgia, nas missas solenes e festivas, um dos dois Credos tem que ser rezado em comum pelo sacerdote e pelos fiéis”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF