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sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

Papa Francisco embarca para a África no último dia de janeiro

Papa Francisco / Vatican Media
Por Mercedes de la Torre | ACI Prensa

Vaticano, 12 Jan. 23 / 10:40 am (ACI).- O papa Francisco vai à África de 31 de janeiro a 5 de fevereiro para visitar a República Democrática do Congo e o Sudão do Sul, anunciou hoje (12) a Santa Sé. Francisco vai a Kinshasa e Goma, na República Democrática do Congo e Juba, capital do Sudão do Sul.

A viagem havia sido programada para 2 a 7 de julho do ano passado, mas teve que ser adiada a pedido dos médicos por causa do problema no joelho do papa.

“Sinto realmente grande amargura por ter que adiar esta viagem, muito importante para mim”, disse o papa na oração do Ângelus em 12 de junho. “Peço-vos desculpa por isto. Rezemos juntos para que, com a ajuda de Deus e das curas médicas, eu possa ir o mais depressa possível ao vosso encontro. Sejamos confiantes!”

Celebrações em janeiro de 2023

Além da viagem à África, o papa vai celebrar a santa missa do Domingo da Palavra de Deus no Vaticano no dia 22 de janeiro às 9h30 (5h30 no horário de Brasília).

No dia da conversão de são Paulo, 25 de janeiro, o papa celebra vésperas na basílica de São Paulo Fora dos Muros ás 17h30 (13h30 no horário de Brasília) para concluir a 56ª semana de oração pela unidade dos cristãos.

Fonte: https://www.acidigital.com/

A Unção dos Enfermos

A Unção dos Enfermos | presbiteros

A Unção dos Enfermos

1. A Unção dos Enfermos, sacramento de salvação e de cura

Natureza desse sacramento

A Unção dos Enfermos é um sacramento instituído por Cristo, insinuado como tal no Evangelho de São Marcos (cf. Mc 6,13), recomendado e promulgado aos fiéis pelo Apóstolo São Tiago: “Está alguém enfermo? Chame os sacerdotes da Igreja, e estes façam oração sobre ele, ungindo-o com óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o enfermo e o Senhor o restabelecerá. Se ele cometeu pecados, lhe serão perdoados” (Tg 5,14-15). A Tradição viva da Igreja, refletida nos textos do Magistério eclesiástico, reconheceu neste rito, especialmente destinado a confortar os doentes e a purificá-los do pecado e de suas sequelas, um dos sete sacramentos da Nova Lei[1].

Sentido cristão da dor, da morte e da preparação para bem morrer

No Ritual da Unção dos Enfermos, o sentido da doença do homem, dos seus sofrimentos e da morte compreendem-se à luz do desígnio salvador de Deus, mais concretamente, à luz do valor salvífico da dor assumida por Cristo, o Verbo Encarnado, no mistério da sua Paixão, Morte e Ressurreição[2]. O Catecismo da Igreja Católica apresenta uma concepção similar: “Por sua paixão e morte na cruz, Cristo deu um novo sentido ao sofrimento, que doravante pode configurar-nos com Ele e unir-nos à sua paixão redentora.” (Catecismo, 1505). “Cristo convida seus discípulos a segui-lo, tomando cada um sua cruz (cf. Mt 10,38). Seguindo-o, adquirem uma nova visão da doença e dos doentes” (Catecismo, 1506).

A Sagrada Escritura indica uma estreita relação entre a doença, a morte e o pecado[3]. Mas seria um erro considerar a doença como um castigo pelos pecados pessoais (cf. Jo 9,3). O sentido da dor do inocente só se alcança à luz da fé, crendo firmemente na Bondade e na Sabedoria de Deus, na sua Providência amorosa e contemplando o mistério da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, graças à qual foi possível a Redenção do mundo[4].

Ao mesmo tempo que o Senhor nos ensinou o sentido positivo da dor para realizar a Redenção, quis curar muitos doentes, manifestando pelo seu poder sobre a dor e a doença a sua potestade para perdoar os pecados (cf. Mt 9,2-7). Depois da Ressurreição, envia os Apóstolos: “Em meu nome… imporão as mãos aos enfermos e eles ficarão curados”. (Mc 16, 17-18) (cf. Catecismo, 1507)[5].

Para um cristão, a doença e a morte podem e devem ser meios para se santificar e redimir com Cristo. A Unção dos Enfermos ajuda a viver estas realidades dolorosas da vida humana com sentido cristão: “Na Unção dos enfermos, como agora se chama a Extrema-Unção, assistimos a uma amorosa preparação da viagem que terminará na casa do Pai”[6].

2. A estrutura do signo sacramental e a celebração do sacramento

Segundo o Ritual da Unção dos Enfermos, a matéria apta do sacramento é o azeite ou, em caso de necessidade, outro óleo vegetal[7]. Este azeite deve ser abençoado pelo bispo ou por um presbítero que tenha essa faculdade[8].

A Unção administra-se ungindo o doente na fronte e nas mãos[9]. A fórmula sacramental usada no rito latino para administrar o sacramento da Unção dos Enfermos é a seguinte: “Per istam sanctam Unctionem et suam piissimam misericordiam adiuvet te Dominus gratia Spiritus Sancti. Amen./ Ut a peccatis liberatum te salvet atque propitius allevet. Ámen”. (Por esta santa unção e pela sua infinita misericórdia o Senhor venha em teu auxílio com a graça do Espírito Santo, para que, liberto dos teus pecados, Ele te salve e, na sua bondade, alivie os teus sofrimentos. Amém)[10].

Como recorda o Catecismo da Igreja Católica, “é muito conveniente que ela se celebre dentro da Eucaristia, memorial da Páscoa do Senhor. Se as circunstâncias o permitirem, a celebração do sacramento pode ser precedida pelo sacramento da Penitência e seguida pelo sacramento da Eucaristia. Como sacramento da Páscoa de Cristo, a Eucaristia deveria sempre ser o último sacramento da peregrinação terrestre, o “viático” para a “passagem” à vida eterna” (Catecismo, 1517).

3. Ministro da Unção dos Enfermos

O ministro deste sacramento é unicamente o sacerdote (bispo ou presbítero)[11]. É dever dos pastores instruir os fiéis sobre os benefícios deste sacramento. Os fiéis (em particular, os familiares e os amigos) devem animar os doentes a chamar o sacerdote para receber a Unção dos Enfermos (cf. Catecismo, 1516).

Convém que os fiéis tenham presente que no nosso tempo tende-se a ‘isolar’ a doença e a morte. Nas clínicas e nos hospitais modernos, os doentes graves morrem frequentemente na solidão, embora se encontrem rodeados de outras pessoas numa ‘unidade de cuidados intensivos’. Todos – em particular os cristãos que trabalham em ambientes hospitalares – devem fazer um esforço para que não faltem aos doentes internados os meios que deem consolo e alívio ao corpo e à alma de quem sofre. Entre esses meios – além do sacramento da Penitência e do Viático – encontra-se o sacramento da Unção dos Enfermos.

4. Sujeito da Unção dos Enfermos

O sujeito da Unção dos Enfermos é qualquer pessoa batizada, que tenha alcançado o uso da razão e se encontre em perigo de vida face a uma doença grave, ou por velhice acompanhada de avançada debilidade senil[12]. Não se pode administrar a Unção dos Enfermos aos defuntos.

Para receber os frutos deste sacramento requer-se do sujeito a prévia reconciliação com Deus e com a Igreja, pelo menos com o desejo, inseparavelmente unido à intenção de se confessar, quando for possível, no sacramento da Penitência. Por isso, a Igreja prevê que, antes da Unção, se administre ao doente o sacramento da Penitência e da Reconciliação[13].

O sujeito deve ter a intenção, pelo menos habitual e implícita, de receber este sacramento[14]. Embora a Unção dos Enfermos possa ser administrada a quem já tenha perdido os sentidos, deve-se procurar que seja recebida com conhecimento, para que o doente se prepare melhor para receber a graça do sacramento. Não se deve administrar aos que permanecem obstinadamente impenitentes em pecado mortal manifesto (cf. CDC, cân. 1007).

Se um doente, que recebeu a Unção dos Enfermos, recupera a saúde pode, no caso de nova doença grave, tornar a receber este sacramento; e, no decurso da mesma doença, o sacramento pode ser reiterado caso a doença se agrave (cf. CDC, cân. 1004, 2).

Por fim, convém ter presente esta indicação da Igreja: “Em caso de dúvida se o doente atingiu o uso da razão, ou se está perigosamente enfermo, ou se já está morto, administre-se o sacramento” (CDC, cân. 1005).

5. Necessidade deste sacramento

A recepção da Unção dos Enfermos não é necessária como necessidade de meio para a salvação, mas não se deve prescindir voluntariamente deste sacramento, se é possível recebê-lo, porque o contrário seria rejeitar um auxílio de grande eficácia para a salvação. Privar um doente desta ajuda poderia constituir um pecado grave.

6. Efeitos da Unção dos Enfermos

Enquanto verdadeiro e próprio sacramento da Nova Lei, a Unção dos Enfermos transmite ao cristão a graça santificante; além disso, a graça sacramental específica da Unção dos Enfermos tem como efeitos:

– A união mais íntima com Cristo na sua Paixão redentora, para o seu bem e de toda a Igreja (cf. Catecismo, 1521-1522; 1532).

– O consolo, a paz e o ânimo para vencer as dificuldades e os sofrimentos próprios da doença grave ou da fragilidade devida à velhice (cf. Catecismo, 1520; 1532).

– A libertação das relíquias do pecado e o perdão dos pecados veniais, bem como dos mortais no caso do doente ter se arrependido, mas não ter podido receber o sacramento da Penitência (cfr. Catecismo, 1520).

– O restabelecimento da saúde corporal, se tal for a vontade de Deus (cf. Concílio de Florença: DS 1325; Catecismo, 1520).

– A preparação para passagem para a vida eterna. Neste sentido, afirma o Catecismo da Igreja Católica: “Esta graça é um dom do Espírito Santo que renova a confiança e a fé em Deus e fortalece contra as tentações do maligno, tentação de desânimo e de angustia diante da morte (cf. Tg 5, 15)” (Catecismo, 1520).

Ángel García Ibáñez


Bibliografia básica

Catecismo da Igreja Católica, 1499-1532.

Leituras recomendadas

João Paulo II, Carta Apostólica Salvifici Doloris, 11-02-1984.

P. Adnès, L’Onction des malades. Histoire et theólogie, FAC-éditions, Paris 1994, pp. 86 (trad. it.: L’Unzione degli infermi, Storia e teologia, Edizioni San Paolo, Cinisello Balsamo (Milano) 1996, pp. 99.

F.M. Arocena, Unción de enfermosDiccionario de Teología, Eunsa, Pamplona 2006, pp. 983-989.


[1] Cf. DS 216; 1324-1325; 1695-1696; 1716-1717; Catecismo, 1511-1513.

[2] Cf. Ritual da Unção dos Enfermos, Praenotanda, 1-2.

[3] Cf. Dt 28,15; Dt 28,21-22; Dt 28,27; Sl 37 (38),2-12; Sl 38 (39),9-12; Sl 106 (107),17; Sb 2,24; Rm 5,12; Rm 5,14-15.

[4] “Cristo não apenas se deixa tocar pelos doentes, mas assume suas misérias: ‘Ele levou nossas enfermidades e carregou nossas doenças’ (Mt 8, 17) (…). Na cruz, Cristo tomou sobre Si todo o peso do mal (cf. Is 53,4-6) e tirou ‘o pecado do mundo’ (Jo 1, 29). A enfermidade não é mais do que uma consequência do pecado” (Catecismo, 1505).

[5] A dor, em si, não salva nem redime. Só a doença vivida na fé, na esperança e no amor de Deus, só a doença vivida em união com Cristo, purifica e redime. Então, Cristo salva-nos não da dor, mas na dor, transformada em oração, num ‘sacrifício espiritual’ (cf. Rm 12,1; 1 Pe 2,4-5), que podemos oferecer a Deus unindo-nos ao sacrifício Redentor de Cristo, atualizado em cada celebração da Eucaristia para que nós possamos participar nele.

Além disso, convém considerar que “entra dentro do plano providencial de Deus que o homem lute ardentemente contra qualquer doença e procure solicitamente a saúde, para que possa continuar a desempenhar as suas funções na sociedade e na Igreja, de tal modo que esteja sempre disposto a completar o que falta à Paixão de Cristo para a salvação do mundo, esperando a libertação na glória dos filhos de Deus (cf. Cl 1,24; Rm 8,19-21)”. (Ritual da Unção dos Enfermos)

[6] São Josemaria, É Cristo que Passa, 80.

[7] Cf. Ritual da Unção dos Enfermos, Praenotanda, n. 20; Concílio Vaticano II, Const. Sacrosactum Concilium, 73 Paulo VI, Const. Ap. Sacram Unctionem Infirmorum, 30-11-1972, AAS 65 (1973) 8.

[8] Cf. Ritual da Unção dos EnfermosPraenotanda, 21. Neste documento indica-se também, de acordo com o CDC, cân. 999, que qualquer sacerdote, em caso de necessidade, pode benzer o óleo para a Unção dos Enfermos, mas dentro da celebração.

[9] Cf. IdemPraenotanda, 23. Em caso de necessidade, bastaria fazer uma só unção na fronte ou noutra parte conveniente do corpo (cf. Ibidem).

[10] Ritual da Unção dos Enfermos, Praenotanda, n. 25; cf. CDC, cân. 847,1; Catecismo, 1513. Esta fórmula pronuncia-se de modo que a primeira parte se diz enquanto se unge a fronte e a segunda enquanto se ungem as mãos. Em caso de necessidade, quando só se pode dar uma unção, o ministro pronuncia simultaneamente a fórmula inteira (cf. Ritual da Unção dos Enfermos, Praenotanda, n. 23).

[11] Cf. CDC, cân. 1003,1. Nem os diáconos nem os fiéis leigos podem administrar validamente a Unção dos Enfermos (cf. Congregação para a Doutrina da Fé, Nota sobre o ministro do sacramento da Unção dos Enfermos, ”Notitiae”, 41 (2005) 479).

[12] Cf. Concilio Vaticano II, Const. Sacrosanctum Concilium, 73; CDC, cân. 1004-1007; Catecismo, 1514. A Unção dos Enfermos não é um sacramento para os fiéis que estão na chamada ‘terceira idade’ (não é um sacramento para reformados), nem sequer é um sacramento para moribundos. No caso de uma operação cirúrgica, a Unção dos Enfermos pode administrar-se quando a doença, que motiva a operação, pode pôr em perigo a vida do doente.

[13] Cf. Concilio Vaticano II, Const. Sacrosanctum Concilium, 74.

[14] A este propósito, diz o CDC: “Administre-se o sacramento aos doentes que, quando estavam no uso da razão, ao menos implicitamente o teriam pedido” (cân. 1006).

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/tema-24-i-a-uncao-dos-enfermos/

Do Discurso contra os gentios, de Santo Atanásio, bispo

S. Atanásio | Fratres In Unum

Do Discurso contra os gentios, de Santo Atanásio, bispo

(Nn.42-43: PG25,83-87)      (Séc.IV)

Todas as coisas compõem pelo Verbo uma divina harmonia

Nada há absolutamente de quanto existe que não tenha sido feito nele e por ele. O Teólogo no-lo ensina pelas palavras: No princípio era o Verbo e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus. Tudo foi feito por ele, e sem ele nada se fez (Jo 1,1).

O musicista, com uma harpa bem afinada, combina artisticamente os sons graves com os agudos e os médios, de modo a produzir uma só harmonia. Assim também, a Sabedoria de Deus, empunhando todo o universo como uma harpa, conjuga as coisas aéreas com as terrenas e as celestes com as aéreas, ligando o todo com suas partes. Assim, dirigindo tudo por um aceno de sua vontade, produz um só universo, um universo com sua ordem cheia de beleza e de harmonia. Entretanto ele mesmo, Verbo de Deus, permanece sempre imóvel junto do Pai, enquanto tudo se move dentro da força da respectiva natureza, segundo o agrado do Pai. Por seu dom, tudo vive e se mantém conforme sua natureza, compondo assim, por ele, uma admirável harmonia, verdadeiramente divina. Só por comparação podemos entender uma realidade tão imensa! Por exemplo: num coro numeroso, com muitos homens, mulheres, crianças, velhos e adolescentes, sob a direção de um só, todos cantam conforme sua capacidade e estado, homem como homem, criança como criança, velho como velho, jovem como jovem. No entanto, todos formam uma só harmonia. Outro exemplo: como nossa alma, ao mesmo tempo, move nossos sentidos segundo suas propriedades. Na presença de alguma coisa, todos eles se movimentam: os olhos veem, os ouvidos escutam, as mãos tocam, o olfato percebe, o paladar prova e mesmo os outros membros muitas vezes agem, por exemplo, os pés caminham. Assim acontece nas coisas naturais. Estas são imagens, embora fraquíssimas, que nos ajudam a perceber as realidades mais altas.

Na verdade, num instante, um só aceno do Verbo de Deus rege todas as coisas ao mesmo tempo, de forma que cada ser realiza o que lhe é próprio e todos em conjunto perfazem uma só harmonia.

Coração, Palavra, Espírito: as três palavras-chave da oração

Priscilla Du Preez | Unsplash | CC0
Por Marzena Devoud

Como rezar sem desanimar? Como entrar em uma relação de amizade com Cristo e saber como cultivá-la todos os dias? Estas três palavras-chave podem mudar significativamente a vida de oração de uma pessoa.

Você acha difícil rezar? E ainda assim, o desejo de aprofundar seu relacionamento com Cristo está presente. Mas este desejo é atrapalhado facilmente por várias distrações, cansaço e preocupações. Às vezes desaparece por completo. Deus então parece estar ausente… Fique tranquilo, a experiência da aridez é comum. Sim, nem sempre é fácil ser fiel ao compromisso.

Mas existe uma maneira eficaz de se agarrar ao caminho da oração?

Para Teresa d’Ávila, a primeira coisa a fazer é perceber que a oração é “um intercâmbio de amizade no qual muitas vezes falamos, sozinhos, com Aquele que sabemos que nos ama”. É, portanto, um encontro com Cristo, um momento privilegiado de amizade com Ele. É a história de sua amizade.

Consequentemente, a oração não pode ser apenas um olhar trocado ou algumas palavras ditas de passagem, é “um encontro que dura mais ou menos tempo, com o desejo de amar a Deus e de reconhecer-se como amado por Ele”, como explicou o irmão carmelita Dominique Sterckx, autor de “L’oraison, petit guide pratique”, uma obra luminosa publicada pelas Edições Emmanuel.

Coração, Palavra, Espírito

Mas como, em termos concretos, podemos cultivar esta amizade com Cristo? Antes de tudo, devemos decidir praticá-la “com determinação”, aconselha Teresa d’Ávila. Como é uma questão de amizade, não podemos dizer a nós mesmos: vou testá-la e ver se funciona: se funcionar, vou continuar, se não, vou desistir. Em uma amizade, você permanece fiel. Assim, para se manter sem desanimar, é essencial “permanecer humilde e confiante para com Aquele que nos chama, e amá-lo”, diz o irmão Dominique Sterckx.

Na realidade, seus fundamentos estão nestas três palavras-chave: o coração, a Palavra de Deus e o Espírito Santo. Pois a oração é acima de tudo “o compromisso de minha liberdade, o que o Evangelho chama de coração (que é diferente de sentimento). É a resposta que eu dou à Palavra que Deus me dirige em Jesus Cristo, escolhendo confiar, em outras palavras, acreditar. E finalmente, não há oração cristã sem a presença ativa do Espírito Santo”, explica o Carmelita.

O lugar da oração é no coração

Como a oração é um encontro com um Amigo, ela não pode, portanto, ser apenas uma atividade da mente. Seu lugar é no coração. “Um verdadeiro encontro entre as pessoas não se faz com pensamentos; posso conhecer bem a outra pessoa sem ter uma relação humana com ela, ter pensamentos piedosos, ou recitar o Pai Nosso sem dirigi-lo ao Pai”, escreve o religioso.

“Deus nunca deixa de nos falar, se soubermos ficar em silêncio e dedicar tempo para escutá-lo”

Da mesma forma, uma amizade pode crescer com a condição de que saibamos escutar o outro. “Deus nunca deixa de nos falar, às vezes até mesmo em silêncio, se soubermos ficar em silêncio e dedicarmos tempo para ouvi-lo nas Escrituras e no segredo de nossos corações”. Devemos aprender a ouvi-lo como ouvimos um amigo”, aconselha ele. Mesmo que nem sempre compreendamos o significado de suas palavras, é importante confiar nele. Assim, a oração será alimentada pela escuta da Palavra.

Não há oração sem a presença ativa do Espírito Santo

Finalmente, não há oração sem a presença ativa do Espírito Santo. Deus envia o Espírito Santo para o coração humano. Ele vem como um apoio: “O Espírito vem em auxílio de nossa fraqueza, pois não sabemos rezar como devemos” (Rm 8,26).

Para entrar em oração, nada melhor do que começar invocando o Espírito Santo para que ele ajude, para que ele inspire, para que ele seja “a alma da oração”, observa o irmão Dominique Sterckx. É por isso que é indispensável dedicar tempo para descer ao coração, para escutar a Deus e invocar o Espírito Santo.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Francisco: colocar Cristo no centro da nossa vida e da nossa missão

O Papa Francisco com os membros do Conselho Primacial da
Confederação dos Cônegos Regulares   (Vatican Media)

Ao receber os membros do Conselho Primacial da Confederação dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho, o Papa disse, em seu discurso, que "a vida consagrada nasce na Igreja, cresce com a Igreja e frutifica como Igreja. É na Igreja, como nos ensina Santo Agostinho, que descobrimos o Cristo total".

Mariangela Jaguraba - Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (13/01), no Vaticano, os membros do Conselho Primacial da Confederação dos Cônegos Regulares de Santo Agostinho fundada, em 1959, por São João XXIII.

Em seu discurso, o Pontífice ressaltou a importância dessa estrutura em favor da "comunhão entre as Congregações que a compõem e partilham o mesmo carisma".

Segundo o Papa, "mesmo que cada Congregação goze da sua própria autonomia, isto não impede que os Estatutos Confederais prevejam competências que favoreçam um equilíbrio entre essa autonomia e uma coordenação adequada que evite a independência e o isolamento". "O isolamento é perigoso", sublinhou o Papa, que convidou a se distanciar da "doença da autorreferencialidade" e a preservar "a comunhão entre as diversas Congregações como um verdadeiro tesouro". "Ninguém constrói o futuro isolando-se ou com as próprias forças, mas reconhecendo-se na verdade de uma comunhão sempre aberta ao encontro, ao diálogo, à escuta e à ajuda recíproca. Praticar a espiritualidade do encontro é essencial para viver a sinodalidade na Igreja", disse ele.

A vida consagrada deve adaptar-se às circunstâncias do tempo

Como qualquer outra forma de vida consagrada, também a de vocês deve adaptar-se às circunstâncias do tempo, dos diversos lugares onde vocês estão presentes e das culturas, sempre à luz do Evangelho e do próprio carisma. A vida consagrada é como a água, se não flui, apodrece, perde o sentido, é como o sal que perde o sabor, e se torna inútil.

Segundo o Papa, "a boa memória é fecunda. É a memória 'deuteronômica' das raízes, das origens. Não devemos contentar-nos com uma memória arqueológica, porque esta nos transforma em peças de museu, talvez dignas de admiração, mas não de imitação. Pelo contrário, a memória deuteronômica nos ajuda a viver plenamente e sem medo o presente para nos abrir ao futuro com renovada esperança".

A regra fundamental da vida religiosa é o seguimento de Cristo proposto pelo Evangelho. Assumir o Evangelho como regra de vida, a ponto de dizer com São Paulo: «Já não sou eu que vivo, mas Cristo que vive em mim».

Amar a Cristo significa amar a Igreja, o seu corpo

Que o Evangelho permaneça sempre para vocês espírito e vida. O Evangelho nos convida continuamente a colocar Cristo no centro da nossa vida e da nossa missão. Isso nos leva de volta ao "primeiro amor". Amar a Cristo significa amar a Igreja, o seu corpo. A vida consagrada nasce na Igreja, cresce com a Igreja e frutifica como Igreja. É na Igreja, como nos ensina Santo Agostinho, que descobrimos o Cristo total.

"Como Cônegos Regulares, a sua tarefa principal é a busca constante e cotidiana do Senhor", disse ainda o Papa, convidando-os a procurar Jesus na vida comunitária, na leitura assídua das Sagradas Escrituras, na liturgia, especialmente na Eucaristia, ápice da vida cristã, no estudo, no cuidado pastoral ordinário, nas realidades do nosso tempo, e "livres de toda a mundanidade, possamos animar o mundo com o fermento do Reino de Deus. Estes são os diferentes caminhos de uma única busca, que pressupõe o caminho da interioridade, do conhecimento e do amor pelo Senhor, na escola de Santo Agostinho". "Que a koinonia os faça sentir construtores, tecelões da fraternidade", concluiu Francisco.

DIMENSÃO BÍBLICO-RELIGIOSA DO ANO LITÚRGICO

Ano Litúrgico | youtube

PEQUENA REFLEXÃO SOBRE A DIMENSÃO BÍBLICO-RELIGIOSA DO ANO LITÚRGICO

Dom Carmo João Rhoden
Bispo Emérito de Taubaté (SP)

Texto inspirador: “Isto é o meu corpo, dado por vós.” “Fazei isto, em memória de mim. Está é a nova aliança em meu sangue, derramado por vós”. (Lc 22,19-20) 

1º A liturgia cristã católica é cristocentricamente trinitária: Ele é o caminho a verdade e a vida, daqueles que desejam chegar à casa do Pai, pelo Espírito Santo. (Jo 14,6) Não há outra possibilidade. Ele interveio na história humana, encarnando-se, ou seja, assumindo como Verbo divino a natureza humana, para nos salvar: viveu, morreu e ressuscitou. Venceu. Por isso, afirmam as Escrituras: “Jesus Cristo é o mesmo, ontem e hoje; Ele o será para eternidade”. (Hb 13,8) Cristo participou da nossa história, em tudo, menos no pecado do qual nos veio salvar. Ele não viveu num tempo mítico, nasceu em nossa história, tornando-a salvífica.  

 Com a reforma da liturgia, para podermos celebrar melhor, o ano litúrgico e aprimorar a evangelização, através da melhor apresentação da riqueza bíblica do velho e novo testamento, principalmente deste, dividiu os anos: em “A”, “B”, “C”. Assim: ano “A” (São Mateus), ano “B” (São Marcos), e ano “C” (São Lucas). João ficou mais para as solenidades e tempos especiais. A Igreja forma seus filhos, com a Palavra de Deus e os alimenta pela eucaristia, para assim poderem viver, de modo mais digno, a própria vocação e missão, buscando a santificação da vida na comunidade. 

 O ano litúrgico é a celebração do grande memorial, da obra da salvação, na história humana. À raiz de toda celebração litúrgica cristã, está o mandamento ou a ordem de Jesus, “fazei isto, em memória de mim” (Lc 22,19; 1Cor 11,23-34). Celebramos o nascimento, vida, morte e ressureição de Cristo. O povo da antiga Aliança celebrava sua libertação da escravidão, através de Moisés. Fazia-o, pelo rito da ceia Pascal, chamado de “memorial”, porque tornava presente, para os Hebreus de todos os tempos, a libertação dos seus pais do Egito. Eles diziam: “hoje o Senhor celebrou conosco (comigo) sua Aliança”. Celebro, hoje, também eu, minha libertação: minha Páscoa. Hoje, nos tornamos todos salvos. (Dt 5, 2-3) 3.1 Portanto, celebrando, “hoje”, a Eucaristia, sob a ordem de Cristo (fazei isto, em memória de mim), não estamos, apenas, recordando eventos passados, como que olhando, o álbum da história salvífica: mas, eu mesmo celebro a minha (nossa salvação), hoje com os irmãos. Não é, portanto, apenas, uma representação de acontecimento do passado, mas de algo, que acontece, aqui e agora. Não uma gélida recordação de realidade passada, mas é Cristo mesmo, que através do ministro, celebra Seu mistério (seus mistérios), perenemente presente e operante na história. É o próprio Cristo, ontem, hoje e por todos os séculos presente (Hb 13,8). Ele acrescentou ainda “eu estarei convosco, todos os dias, até à consumação dos séculos (Mt 28,20). No centro de tudo, está a Páscoa, agora a de Cristo. 

 Finalidade do ano litúrgico: este possui uma força sacramental e uma eficácia particular, para alimentar a vida cristã. O que se espera de todos, é uma participação, pela fé, esperança e caridade, na vivência do mistério de Cristo, apresentado e celebrado, durante todo ano. A celebração eucarística, não deve, portanto, torna-se uma fria e apressada “faturação” de algo do passado. Pergunto, portanto: como celebramos, este grande acontecimento? Pergunto, mais: onde ficam nossa evangelização e celebrações? Dão a impressão, de que estamos felizes, com o Cristo ressuscitado, ou apenas, junto ao Seu tumulo, tristes como aquelas mulheres do Evangelho? (Mc 16,6-8) Não celebramos um funeral (o de Cristo), mas sua vitória gloriosa e nossa salvação, no hoje de nossa existência. (cf. Messale e lezionario meditato, edições “EDB” 1974. Aos cuidados A. Tessarolo scj).

quinta-feira, 12 de janeiro de 2023

Jesus revela-se aos pequeninos

Jesus e os pequeninos | santuarioastorga
Arquivo 30Dias - 12/2009

Jesus revela-se aos pequeninos

Homilia do Papa Bento XVI durante a santa missa com os membros da Comissão Teológica Internacional, Capela Paulina, terça-feira, 1º de dezembro de 2009.

Homilia do Papa Bento XVI

Bento XVI durante a homilia na Capela Paulina, terça-feira, 1º de dezembro de 2009 [© Osservatore Romano]

Queridos irmãos e irmãs!
As palavras do Senhor, que há pouco ouvimos no trecho evangélico, são um desafio para nós teólogos, ou talvez para dizer melhor, um convite a um exame de consciência: o que é a teologia? O que somos nós, teólogos? Como fazer bem teologia? Ouvimos que o Senhor louva o Pai porque escondeu o grande mistério do Filho, o mistério trinitário, o mistério cristológico, diante dos sábios, dos doutos – eles não o conheceram – mas revelou-o aos pequeninos, aos népioi, àqueles que não são doutos, que não têm uma grande cultura. A eles foi revelado este grande mistério.
Com estas palavras, o Senhor descreve simplesmente um fato da sua vida; um fato que começa já na época do seu nascimento, quando os Magos do Oriente perguntam aos competentes, aos escribas, aos exegetas, o lugar do nascimento do Salvador, do Rei de Israel. Os escribas sabem-no, porque são grandes especialistas; podem dizer imediatamente onde nasce o Messias: em Belém! Mas não se sentem convidados a ir: para eles é um conhecimento acadêmico, que não diz respeito à sua vida; eles permanecem fora. Podem dar informações, mas a informação não se torna formação da própria vida.
Depois, durante toda a vida pública do Senhor, encontramos a mesma coisa. É inacessível para os sábios compreender que este homem não douto, galileu, possa ser realmente o Filho de Deus. Permanece-lhes inacessível o fato de que Deus, o grande, o único, o Deus do céu e da terra, possa estar presente neste homem. Sabem tudo, conhecem também Isaías 53, todas as grandes profecias, mas o mistério permanece escondido. Ao contrário, é revelado aos pequeninos, a começar por Nossa Senhora até aos pescadores do lago da Galileia. Eles conhecem, como também o capitão romano, aos pés da cruz, reconhece: Ele é o Filho de Deus.
Os acontecimentos essenciais da vida de Jesus não pertencem unicamente ao passado, mas estão presentes, de vários modos, em todas as gerações. E assim também na nossa época, nos últimos duzentos anos, observamos a mesma coisa. Existem grandes doutos, grandes especialistas, grandes teólogos, mestres da fé, que nos ensinaram muitas coisas. Penetraram nos pormenores da Sagrada Escritura, da história da salvação, mas não puderam ver o próprio mistério, o verdadeiro núcleo: que Jesus era realmente Filho de Deus, que Deus trinitário entra na nossa história, num determinado momento histórico, num homem como nós. O essencial permaneceu escondido! Poder-se-iam citar facilmente grandes nomes da história da teologia destes duzentos anos, dos quais aprendemos muito, mas o mistério não foi aberto aos olhos do seu coração.
Em contrapartida, no nosso tempo existem também os pequeninos que conheceram este mistério. Pensemos em Santa Bernadete Soubirous; em Santa Teresa de Lisieux, com a sua nova leitura da Bíblia “não científica”, mas que entra no coração da Sagrada Escritura; até aos santos e beatos da nossa época: Santa Josefina Bakhita, Beata Teresa de Calcutá, São Damião de Veuster. Poderíamos enumerar muitos deles!
No entanto, de tudo isto nasce a pergunta: por que é assim? É o cristianismo a religião dos néscios, das pessoas sem cultura, não formadas? Apaga-se a fé onde se desperta a razão? Como se explica isto? Talvez tenhamos que olhar mais uma vez para a história. Permanece verdadeiro o que Jesus disse, aquilo que se pode observar em todos os séculos. E todavia, existe uma “espécie” de pequeninos que são inclusive doutos. Aos pés da cruz encontra-se Nossa Senhora, a humilde serva de Deus, a grande mulher iluminada por Deus. E encontra-se também João, pescador do lago da Galileia, mas é aquele João que será justamente chamado pela Igreja “o teólogo”, porque realmente soube ver o mistério de Deus e anunciá-lo: com olhos de águia, entrou na luz inacessível do mistério divino. Assim, mesmo depois da sua ressurreição o Senhor, no caminho de Damasco, sensibiliza o coração de Saulo, um dos sábios que não vêem. Ele mesmo, na primeira Carta a Timóteo, define-se “ignorante” naquela época, apesar da sua ciência. Mas o Ressuscitado toca-o: ele torna-se cego e, ao mesmo tempo, realmente vidente, começa a ver. O grande douto torna-se um pequenino, e precisamente por isso vê a loucura de Deus que é sabedoria, sapiência maior do que todas as sabedorias humanas.

Santa Bernadete Soubirous e Santa Teresa de Lisieux
Poderíamos continuar a ler toda a história deste modo. Só mais uma observação. Estes doutos sábios, sofói e sinetói, na primeira leitura, aparecem de outro modo. Aqui, sofia e sínesis são dádivas do Espírito Santo que pairam sobre o Messias, sobre Cristo. O que significa? Sobressai o fato de que existe um uso dúplice da razão e uma maneira dupla de ser sábio ou pequenino. Há um modo de utilizar a razão que é autônomo, que se põe acima de Deus, em toda a gama das ciências, a começar pelas naturais, onde é universalizado um método adequado para a pesquisa da matéria: Deus não faz parte deste método, portanto Deus não existe. E assim, finalmente, também na teologia: pesca-se nas águas da Sagrada Escritura com uma rede que permite capturar somente peixes de uma certa medida, e aquilo que vai além desta medida não entra na rede, e por conseguinte não pode existir. Assim o grande mistério de Jesus, do Filho que se fez homem, reduz-se a um Jesus histórico: uma figura trágica, um fantasma sem carne nem ossos, um homem que permaneceu no sepulcro, que se corrompeu e é realmente um morto. O método sabe “capturar” certos peixes, mas exclui o grande mistério, porque o homem se faz ele mesmo a medida: possui esta soberba, que é contemporaneamente uma grande loucura, porque torna absolutos certos métodos não adequados às grandes realidades; entra neste espírito acadêmico que vimos nos escribas, os quais respondem aos Reis magos: não me diz respeito; permaneço fechado na minha existência, que não é tocada. É a especialização que vê todos os pormenores, mas já não vê a totalidade.
E existe o outro modo de utilizar a razão, de ser sábio, a do homem que reconhece quem ele mesmo é; reconhece a própria medida e a grandeza de Deus, abrindo-se na humildade à novidade do agir de Deus. Assim, precisamente aceitando a sua pequenez, fazendo-se pequenino como realmente é, chega à verdade. Desta maneira, também a razão pode expressar todas as suas possibilidades, não é anulada mas amplia-se, torna-se maior. Trata-se de outra sofia e sínesis, que não exclui do mistério, mas é precisamente comunhão com o Senhor, em quem repousam a

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Esperança cristã

Esperança cristã | catequisar

ESPERANÇA CRISTÃ

Dom Jaime Vieira Rocha 
Arcebispo de Natal (RN)

A Igreja Católica ensina que existem três virtudes que são chamadas de “virtudes teologais”: fé, esperança e caridade. No Catecismo encontramos a definição delas: “De fato, as virtudes teologais referem-se diretamente a Deus e dispõem os cristãos para viverem em relação com a Santíssima Trindade. Têm Deus Uno e Trino por origem, motivo e objeto” (CATECISMO DA IGREJA CATÓLICA n. 1812). Quero refletir sobre a virtude da esperança, embora sabendo da grande importância que tem a virtude da caridade. Já São Paulo afirmava isso: “Por ora subsistem a fé, a esperança e a caridade – as três. Porém, a maior delas é a caridade” (1Cor 13,13). 

A esperança nunca deve morrer. Enquanto estivermos na experiência da fé, ela nunca deve morrer. Sempre associamos esperança com momentos de crise, de dificuldades, de situações perigosas, até mesmo diante da morte. Mas, para a Igreja a esperança é uma virtude intimamente ligada à fé. Ela nos direciona à realidade escatológica, isto é, ao fato de que Deus criou o homem e a mulher para que vivessem neste mundo e seguissem o caminho para a eternidade. Deus é a nossa esperança. A Teologia como reflexão sobre a fé é uma “Teologia da Esperança”. Esse é o título de uma obra teológica que fez muito sucesso na década de 70. Escrito por um grande teólogo luterano, Jürgen Moltmann, a obra procura reconhecer a relação entre fé e esperança. Jürgen Moltmann diz que “Na vida cristã, a prioridade pertence à fé, mas o primado, à esperança”. Em outras palavras, a esperança tem seu princípio na fé e dá sentido a ela. A fé em Cristo sem a esperança produz um conhecimento infrutífero, enquanto que a esperança sem a fé é utopia. “A esperança (…) é o ‘companheiro inseparável’ da fé e dá à fé o horizonte que tudo abrange do futuro de Cristo”. 

Também o Papa Bento XVI escreveu sobre a esperança. Na sua segunda Carta Encíclica, publicada em 30 de novembro de 2007, intitulada “Spe salvi”, salvos pela esperança. A frase completa “Spe salvi facti sumus”, é extraída da Carta de São Paulo aos Romanos, expressa a convicção do Apóstolo de que a esperança se baseia na ação redentora de Cristo que, sentado à direita do Pai, garante para nós a salvação. Bento XVI lembra a Carta aos Hebreus onde se lê: “A fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê” (11,1). No número 13 da Encíclica Spe Salvi, Bento XVI faz uma reflexão bastante interessante e dá uma resposta significativa para o real sentido da esperança. Diante da crítica moderna sobre aqueles que tiveram a  coragem de viverem segundo a fé e, assim, abandonarem inclusivamente os bens materiais para a sua existência, o que se configuraria como “puro individualismo, que teria abandonado o mundo à sua miséria indo refugiar-se numa salvação eterna puramente privada” reage o Papa emérito, comentando a obra de um teólogo católico, o francês Henri de Lubac: “A este respeito, Henri de Lubac, baseando-se na teologia dos Padres em toda a sua amplidão, pôde demonstrar que a salvação foi sempre considerada como uma realidade comunitária. A mesma Carta aos Hebreus fala de uma ‘cidade’ (cf. 11,10.16; 12,22; 13,14) e, portanto, de uma salvação comunitária. Coerentemente, o pecado é entendido pelos Padres como destruição da unidade do gênero humano, como fragmentação e divisão” (n. 14). 

O Papa Francisco lembrou esse tema na sua Catequese semanal, no dia 1 de fevereiro de 2017. Disse o Papa: “A esperança cristã é a espera de algo que já está consumado; a porta está ali, e eu espero de chegar à porta. Que coisa devo fazer? Caminha até a porta! Estou seguro que chegarei à porta. Assim é a esperança cristã: ter a certeza que eu estou em caminho para algo que é, não que eu quero que seja. Esta é a esperança cristã. A esperança cristã é a espera de uma coisa que já está consumada e que certamente se realizará para cada um de nós. Também a nossa ressurreição e aquela dos queridos defuntos, portanto, não é uma coisa que poderá chegar ou não, mas é uma realidade certa, enquanto radicada no evento da ressurreição de Cristo”.

Francisco convida a educar com fraternidade: a educação é um ato de amor

A educação é um ato de amor | Vatican News

O Papa escolheu lançar uma mensagem aos educadores, neste mês de janeiro, fazendo-lhes a proposta de "acrescentar um novo conteúdo ao seu ensino: a fraternidade".

Vatican News

Foi divulgada, nesta terça-feira (10/01), a intenção de oração do Papa Francisco para o mês de janeiro. Para inaugurar 2023, o Santo Padre escolheu lançar uma mensagem aos educadores, fazendo-lhes a proposta de "acrescentar um novo conteúdo ao seu ensino: a fraternidade".

Na mensagem de vídeo, Francisco deseja ampliar o âmbito da atividade educacional, para que a educação não se concentre apenas no conteúdo.

O vídeo do Papa deste mês, que começa com a palavra fraternidade, escrita numa lousa como se fosse um tema didático, acompanha a reflexão de Francisco com a narração de uma história ambientada em uma escola. Um menino, deixado de lado por seus colegas durante as partidas de futebol, permanece sozinho num canto até que um professor, percebendo seu desconforto, decide cuidar dele. Ele o faz não com palavras, mas com o testemunho de sua vida: ele fica com ele, dia após dia, e com carinho e perseverança ele o ensina a brincar. Até que, numa manhã, ele o encontra com aqueles mesmos colegas que antes o haviam marginalizado: ele está brincando com eles e, quando marca seu primeiro gol, ele o dedica ao professor, a testemunha confiável que o ajudou.

A educação é um ato de amor que ilumina o caminho para que recuperemos o entendimento da fraternidade, para que não ignoremos os mais vulneráveis.

Para o Papa, "o educador é uma testemunha que não oferece os seus conhecimentos mentais, mas as suas convicções, o seu compromisso com a vida".

É alguém que sabe manusear bem três linguagens: a da cabeça, a do coração e a das mãos, em harmonia. E daí a alegria de comunicar. E eles serão ouvidos com muito mais atenção e serão criadores de comunidade. Por quê? Porque estão semeando este testemunho.

Segundo o diretor internacional da Rede Mundial de Oração do Papa, pe. Frédéric Fornos, "novamente, diante dos desafios do mundo, o Papa Francisco insiste mais uma vez na fraternidade. É a bússola de sua Encíclica Fratelli tutti. É o único caminho para a humanidade, e é por isso que a educação é essencial".

Rezemos para que os educadores sejam testemunhas críveis, ensinando a fraternidade em vez da competição e ajudando especialmente os jovens mais vulneráveis.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF