Translate

domingo, 22 de janeiro de 2023

Quantas Igrejas Ortodoxas existem?

Alexandros Michailidis | Shutterstock - Igreja Ortodoxa Grega
Por Julio De la Vega Hazas

As Igrejas autocéfalas se caracterizam por uma quase total independência.

Não é tão fácil quanto poderia pensar-se a resposta a esta pergunta: quantas Igrejas Ortodoxas existem?

Por um lado, usando a terminologia católica para não complicar, cada diocese pode ser considerada como uma Igreja particular. Isso vale tanto para a Igreja Católica quanto para a Igreja Ortodoxa. Mas acho que não é bem isso que se quer saber.

A Ortodoxia é dividida nas chamadas Igrejas autocéfalas. Elas se caracterizam por uma quase total independência, de modo que as nomeações eclesiásticas, a começar pelas de bispos, são decididas dentro de cada uma, sem a necessidade de se consultar ninguém.

Portanto, parece-me que a questão seria mais precisamente esta: quantas Igrejas autocéfalas existem?

Bem, são quatorze. Mas há outra, a chamada Igreja Ortodoxa na América, que seria a décima-quinta e é formada pelos ortodoxos dos Estados Unidos. No entanto, não é reconhecida como autocéfala por todas as outras, principalmente pela mais significativa de todas elas, que é a Igreja de Constantinopla.

Moscou e Constantinopla

Existe um histórico pano de fundo de rivalidade entre Moscou e Constantinopla. Esta última reivindica jurisdição sobre a chamada diáspora, o que incluiria os ortodoxos que vivem nos Estados Unidos.

Mas o Patriarcado de Moscou reconheceu a autocefalia deles, no que foi seguido pelas outras Igrejas mais ligadas ao patriarcado russo.

Isso, no entanto, não afeta os ortodoxos que vivem no México, já que a capital mexicana sedia o Exarcado da América Central e do Caribe, que depende do Patriarcado de Constantinopla.

Igrejas católicas e ortodoxas

A Jordânia, por outro lado, faz parte do território do Patriarcado de Jerusalém, mas trata-se de duas Igrejas autocéfalas diferentes. E isso é estranho.

Outro ponto complexo é o caso da Igreja Armênia, já que existem duas, e ambas com o mesmo rito: uma está unida a Roma (Igreja Católica Armênia) e a outra está separada (Igreja Apostólica Armênia). No caso do ramo católico, a sua sede fica em Beirute, no Líbano.

Igrejas autônomas dentro da Igreja Católica

Para entender melhor o contexto histórico das igrejas de distintas tradições históricas e litúrgicas que fazem parte da plena comunhão com a Igreja Católica (e que, portanto, não fazem parte das Igrejas Ortodoxas), acesse também este artigo:

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa: todos, mesmo os Pastores da Igreja, estamos sob a autoridade da Palavra de Deus

Papa Francisco na Missa no Domingo da Palavra de Deus | Vatican Media

"Deus aproximou-Se de ti, por isso dá-te conta da sua presença, dá espaço à sua Palavra e mudarás a perspectiva da tua vida. Por outras palavras: coloca a tua vida sob a Palavra de Deus. Este é o caminho que nos apontou a Igreja: todos, mesmo os Pastores da Igreja, estamos sob a autoridade da Palavra de Deus; não sob os nossos gostos, as nossas tendências e preferências, mas unicamente sob a Palavra de Deus que nos molda, converte e pede para permanecermos unidos na única Igreja de Cristo".

HOMILIA DO SANTO PADRE
Santa Missa – Domingo da Palavra de Deus

Jesus deixa a vida tranquila e incógnita de Nazaré, mudando para Cafarnaum, cidade situada junto do mar da Galileia, lugar de passagem, encruzilhada de povos e culturas diferentes. A instância que O impele é o anúncio da Palavra de Deus, que deve ser levada a todos. Vemos realmente no Evangelho que o Senhor a todos convida à conversão, e chama também os primeiros discípulos para transmitirem aos outros a luz da Palavra (cf. Mt 4, 12-23). Assumamos este dinamismo, que nos ajuda a viver o Domingo da Palavra de Deus: a Palavra é para todos, a Palavra chama à conversão, a Palavra torna-nos anunciadores.

Em primeiro lugar, a Palavra de Deus é para todos. O Evangelho apresenta-nos Jesus sempre em movimento, saindo ao encontro dos outros. Em nenhuma ocasião da sua vida pública, nos dá a ideia de ser um mestre estático, um professor sentado na sua cátedra; pelo contrário, vemo-Lo, itinerante e peregrino, a percorrer cidades e aldeias ao encontro de rostos e casos. Os seus pés são os do mensageiro que anuncia a boa-nova do amor de Deus (cf. Is 52, 7-8). Como observa o texto, lá onde Jesus prega, na Galileia dos gentios, ao longo da via do mar, na região de além do Jordão, jazia um povo mergulhado nas trevas: estrangeiros, pagãos, mulheres e homens de variadas regiões e culturas (cf. Mt 4, 15-16). E agora também eles podem ver a luz. Assim Jesus «amplia as fronteiras»: a Palavra de Deus, que sara e levanta, não se destina apenas aos justos de Israel, mas a todos; quer alcançar os que estão longe, curar os doentes, salvar os pecadores, reunir as ovelhas perdidas e encorajar a quantos têm o coração cansado e oprimido. Em suma, Jesus ultrapassa os confins para nos dizer que a misericórdia de Deus é para todos.

Este aspeto é fundamental também para nós. Recorda-nos que a Palavra é um dom dirigido a cada um e, por isso, não podemos jamais limitar o seu campo de ação, porque aquela, ultrapassando todos os nossos cálculos, germina de forma espontânea, imprevista e imprevisível (cf. Mc 4, 26-28), segundo modalidades e tempos que o Espírito conhece. E se a salvação é destinada a todos, incluindo os mais distantes e os extraviados, então o anúncio da Palavra deve tornar-se a principal urgência da comunidade eclesial, tal como o foi para Jesus. Não nos aconteça professar um Deus de coração largo e ser uma Igreja de coração estreito; isto seria - permito-me dizer - uma maldição: professar um Deus de coração largo e ser uma Igreja de coração estreito; pregar a salvação para todos e tornar intransitável o caminho para a acolher; saber que somos chamados a levar o anúncio do Reino e transcurar a Palavra, dispersando-nos em tantas atividades secundárias. Aprendamos com Jesus a colocar a Palavra no centro, a alargar as fronteiras, abrir-nos às pessoas, gerar experiências de encontro com o Senhor, sabendo que a Palavra de Deus «não está cristalizada em fórmulas abstratas e estáticas, mas tem uma história dinâmica, feita de pessoas e acontecimentos, de palavras e ações, de evoluções e tensões» (XII Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, Instrumentum laboris «A palavra de Deus na vida e na missão da Igreja», 2008, 10).

Passemos agora ao segundo aspeto: a Palavra de Deus, que se dirige a todos, chama à conversão. De facto, na sua pregação, Jesus repete: «Convertei-vos, porque está próximo o Reino do Céu» (Mt 4, 17). Isto significa que a proximidade de Deus não é neutral, a sua presença não deixa as coisas como estão, não defende o «não te rales». Pelo contrário, a sua Palavra mexe conosco, desinquieta-nos, incentiva-nos à mudança, à conversão: põe-nos em crise, porque «é viva, eficaz e mais afiada que uma espada de dois gumes (...) e discerne os sentimentos e intenções do coração» (Heb 4, 12). É verdade! À semelhança duma espada, a Palavra penetra na vida, fazendo-nos discernir sentimentos e intenções do coração, ou seja, fazendo-nos ver qual é a luz do bem a que havemos de dar espaço e onde, ao contrário, se adensam as trevas dos vícios e pecados que temos de combater. A Palavra, quando penetra em nós, transforma o coração e a mente; muda-nos, levando a orientar a vida para o Senhor.

https://youtu.be/Z9Uw6jvR5Ww

Este é o convite de Jesus: Deus aproximou-Se de ti, por isso dá-te conta da sua presença, dá espaço à sua Palavra e mudarás a perspectiva da tua vida. Por outras palavras: coloca a tua vida sob a Palavra de Deus. Este é o caminho que nos apontou a Igreja: todos, mesmo os Pastores da Igreja, estamos sob a autoridade da Palavra de Deus; não sob os nossos gostos, as nossas tendências e preferências, mas unicamente sob a Palavra de Deus que nos molda, converte e pede para permanecermos unidos na única Igreja de Cristo. Então, irmãos e irmãs, podemos perguntar-nos: A minha vida, que direção toma; donde tira a orientação? Das numerosas palavras que escuto ou da Palavra de Deus que me guia e purifica? E em mim, quais são os aspetos que exigem mudança e conversão?

Finalmente – terceiro aspeto – a Palavra de Deus, que se dirige a todos e chama à conversão, torna-nos anunciadores. Com efeito, Jesus passa pelas margens do lago da Galileia e chama Simão e André, dois irmãos que eram pescadores. Convida-os, com a sua Palavra, a segui-Lo, dizendo que fará deles «pescadores de homens» (Mt 4, 19): já não peritos só em barcos, redes e peixes, mas peritos na busca dos outros. E como, na navegação e na pesca, aprenderam a deixar a margem para lançar as redes ao largo, de igual modo tornar-se-ão apóstolos capazes de navegar no mar aberto do mundo, indo ao encontro dos irmãos e anunciando-lhes a alegria do Evangelho. Este é o dinamismo da Palavra: atrai-nos para a «rede» do amor do Pai e torna-nos apóstolos que sentem o desejo irreprimível de fazer subir para a barca do Reino todos os que encontram.

Assim, sintamos dirigido também a nós o convite para ser pescadores de homens: sintamo-nos chamados por Jesus pessoalmente para anunciar a sua Palavra, testemunhá-la nas situações de cada dia, vivê-la na justiça e na caridade, «encarná-la» acarinhando a carne de quem sofre. Esta é a nossa missão: sair à procura de quem está perdido, de quem está oprimido e desanimado, para lhes levar, não nós mesmos, mas a consolação da Palavra, o anúncio desinquietador de Deus que transforma a vida, a alegria de saber que Ele é Pai e fala a cada um, a beleza de dizer: «Irmão, irmã, Deus aproximou-Se de ti, escuta-O e, na sua Palavra, encontrarás um dom estupendo!»

Irmãos, irmãs, quero concluir dizendo simplesmente «obrigado» a quem se esforça porque a Palavra de Deus volte a ser colocada no centro, partilhada e anunciada. Obrigado a quem a estuda e aprofunda a sua riqueza; obrigado aos agentes pastorais e a todos os cristãos empenhados na escuta e difusão da Palavra, especialmente os leitores e catequistas: hoje vou conferir o ministério a alguns deles. Obrigado a quantos acolheram os inúmeros convites que fiz para trazer sempre conosco o Evangelho e lê-lo todos os dias. E, por fim, um agradecimento particular aos diáconos e aos sacerdotes: Obrigado, queridos irmãos, porque não deixais faltar ao Povo santo de Deus o alimento da Palavra; obrigado por vos empenhardes a meditá-la, vivê-la e anunciá-la; obrigado pelo vosso serviço e os vossos sacrifícios. A todos, sirva de consolação e recompensa a doce alegria de anunciar a Palavra da salvação.

São Vicente Pallotti

S. Vicente Pallotti | arquisp
22 de janeiro

São Vicente Pallotti

Vicente Pallotti nasceu em Roma , dia 21 de abril de 1795, numa família de classe média. Com sua mãe aprendeu a amar os irmãos mais pobres, crescendo generoso e bondoso. Enquanto nos estudos mostrava grande esforço e dedicação, nas orações mostrava devoção extremada ao Espírito Santo. Passava as férias no campo, na casa do tio, onde distribuía aos empregados os doces que recebia, gesto que o pai lhe ensinara: nenhum pobre saía de sua mercearia de mãos vazias.

Às vezes sua generosidade preocupava, pois geralmente no inverno, voltava para casa sem os sapatos e o casaco. Pallotti admirava Francisco de Assis, pensou em ser capuchinho, mas não foi possível devido sua frágil saúde. Em 1818, se consagrou sacerdote pela diocese de Roma,onde ocupou cargos importantes na hierarquia da Igreja. Muito culto obteve o doutorado em Filosofia e Teologia.

Mas foi a sua atuação em obras sociais e religiosas que lhe trouxe a santidade. Teve uma vida de profunda espiritualidade, jamais se afastando das atividades apostólicas. É fruto do seu trabalho, a importância que o Concílio Vaticano II, cento e trinta anos após sua morte, decretou para o apostolado dos leigos, dando espaço para o trabalho deles junto às comunidades cristãs. Necessidade primeira deste novo milênio, onde a proliferação dos pobres e da miséria, infelizmente se faz cada vez mais presente.

Vicente defendia que todo cristão leigo, através do sacramento do batismo, tem o legítimo direito assim como a obrigação de trabalhar pela pregação da fé católica, da mesma forma que os sacerdotes. Esta ação de apostolado que os novos tempos exigiria de todos os católicos, foi sem dúvida seu carisma de inspiração visionária . Fundou, em 1835, a Obra do Apostolado Católico, que envolvia e preparava os leigos para promoverem as suas associações evangelizadoras e de caridade, orientados pelos religiosos das duas Congregações criadas por ele para esta finalidade, a dos Padres Palotinos e das Irmãs Palotinas.

Vicente Pallotti morreu em Roma, no dia 22 de janeiro 1850, aos cinqüenta e cinco anos de idade. De saúde frágil, doou naquele inverno seu casaco a um pobre, adquirindo a doença que o vitimou. Assim sendo não pôde ver as duas famílias religiosas serem aprovadas pelo Vaticano, que devolvia as Regras indicando sempre algum erro. Com certeza um engano abençoado, pois a continuidade e a persistência destas Obras trouxeram o novo ânimo que a Igreja necessitava. Em 1904, foram reconhecidas pela Santa Sé, motivando o pedido de sua canonização.

O papa Pio XI o beatificou reconhecendo sua atuação de inspirado e "verdadeiro operário das missões". Em 1963, as suas idéias e carisma espiritual foi plenamente reconhecido pelo papa João XXIII que proclamou Vicente Pallotti, Santo.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

sábado, 21 de janeiro de 2023

Os perigos da superproteção para nossos filhos

As borboletas têm seu tempo para sair do casulo Freepik

Os perigos da superproteção para nossos filhos

Crianças precisam aprender a lidar com as pequenas frustrações e a solucionar problemas que representem um desafio à sua altura.

Por Daniel Becker - 19/01/2023

Um homem andava pelo campo quando viu uma borboleta lutando para sair de seu casulo. Ela se contorcia intensamente para passar através do pequeno buraco. Com pena, ele aumentou um pouco o buraco, facilitando a passagem da borboleta.

O que o homem não sabia era que o processo de esforço e compressão contra o casulo era o que permitia que a circulação do sangue fosse direcionada para as asas.

Quando a borboleta emergiu do casulo, era incapaz de voar.

É difícil demais ver nossos filhos sofrendo. É uma tendência mais que compreensível, quase instintiva, tentar ajudar, resolver o problema para ele.

Sofia vem do play chorando porque as amigas a excluíram da brincadeira. João não quer ir à escola porque não estudou para a prova. Malu está sofrendo porque as melhores amigas já têm celular e ela não. Pedro, 3 anos, chora desesperado porque não consegue completar o quebra cabeça e Lia se joga no chão porque quer comer biscoito quando faltam 15 minutos para o jantar. Situações cotidianas da infância.

É natural querermos ir tirar satisfação com as amigas de Sofia, ligar para a escola para dizer que João está com febre, comprar um celular para Malu, completar o jogo para Pedro e dar o biscoito para Lia.

Isso pode trazer alívio e alegria no curto prazo, mas é um atalho perigoso.

Crianças precisam aprender a lidar com as pequenas frustrações e a solucionar problemas que representem um desafio à sua altura, ou seja, que elas sejam capazes de resolver com algum esforço. Não estou falando de criar frustrações artificiais nem de abandoná-las à própria sorte. Claro que não.

Trata-se de acolher seus sentimentos, mostrar que estamos ao seu lado, mas que cabe a elas encontrar soluções. Podemos ajudar, acalmar, orientar, apoiar, dar pistas, guiar com perguntas. Mas elas precisam desenvolver a capacidade de encontrar caminhos próprios para resolver seus problemas.

Isso contribui para desenvolver habilidades como paciência, adiamento da gratificação, imaginação, resiliência, solução de problemas, perseverança. E importante: ajuda a quebrar o narcisismo. Afinal, o mundo não existe apenas em função delas, nem gira em torno dos umbiguinhos, por mais lindos que sejam.

Fonte: https://oglobo.globo.com/

MORAL: O falso drama dos pseudoescrupulosos (6/6)

O falso drama dos pseudoescrupulosos | Presbíteros

O falso drama dos pseudoescrupulosos

Por Pe. José Eduardo Oliveira e Silva

UMA FALSA NOÇÃO DE SANTIDADE

Certa vez, estava com um grupo, de carona num carro. De repente, um rapaz disparou a contar com euforia uma história; pelos modos e pela tonalidade, parecia algo maravilhoso, como um grande feito: “esses dias sonhei que estava casado e chegava com minha esposa para a lua-de- mel. Quando entramos no quarto, pensei comigo: ‘meu Deus!, eu vou perder no céu a coroa da castidade da qual falava Santo Afonso!’ Então, eu peguei uma faca e comecei a matá-la, mas com tanta, com tanta felicidade que eu acordei rindo! Nossa! Ainda bem que foi só um sonho”, e disparava a rir.

Àquela altura, eu quase pulei pra fora do carro em movimento. Nunca tinha ouvido narração tão macabra, mas o que mais me impressionou foram as reações espontâneas de alegria. Tenho pra mim que aquela boa alma não se dava conta do disparate escandaloso que dizia e talvez hoje nem pense mais naquele assunto.

Contudo, coisas do tipo acontecem com frequência. Um colega padre me disse que, quando precisa dar os avisos paroquiais no fim da missa, uma alma muito “devota” que está em ação de graças após a comunhão, costuma levantar a cabeça e fulminá-lo com um olhar de raiva. Decerto não entende a necessidade pastoral de dar um aviso antes que o povo se disperse e pensa apenas em sua própria edificação pessoal. Mas, sendo a Eucaristia o Sacramento da caridade, como se justifica que alguém possa querer fazer atos de amor a Cristo e lançar um olhar de ódio no mesmo instante? Há algo de errado nisso!

Quando vejo pessoas maníacas por vasculhar pecados no lixo do passado ou inventar-se uma centena deles desde os últimos dias, é indissimulável que elas jamais conseguirão crescer no caminho de santidade antes de abaterem esse tipo de espiritualidade narcisista, em que o olhar do indivíduo está demasiadamente concentrado sobre si mesmo.

É evidente que todos devemos lutar contra o pecado, mas isso em função de um bem infinitamente maior: desenvolvermos em nossa alma a fé, pela qual nos unimos a Jesus Cristo, a quem amamos, juntando, assim, à fé a caridade.

Em alguns casos, a ênfase em limpar-se de pecados é similar à compulsão de algumas pessoas por lavar as mãos. O transtorno higiênico não é fruto de uma verdadeira sujeira, mas da sensação de sentir-se sujo e precisar lavar-se a cada cinco minutos. São casos psiquiátricos, tratados com medicação e psicoterapia.

O mais habitual, porém, é a velha vaidade de quem se considera importante ao ficar verificando no espelho de suas próprias ações se usar uma camisa com a gola aberta seja pecado mortal ou se assistir um jogo da copa também o seja. O olhar permanece concentrado sobre o próprio eu, não há o sacrifício do amor próprio, o egoísmo ainda prevalece e, com ele, aquela trava que nos impede de crescer na contemplação.

Frequentemente, essas pessoas começam a estudar tratados de mística e se embriagam com uma linguagem espiritual. Contudo, não praticam as virtudes verdadeiramente, não se mortificam com verdadeira humildade, não servem os outros com espírito de abnegação e, por isso, adquirem apenas uma santidade aparente, um disfarce de caridade sobre a bruteza dos próprios vícios não superados.

Eles não entendem que moral, ascética e mística não são assuntos teóricos, em que basta ler alguns textos profundos para deslanchar na oração contemplativa. São práticos! É preciso viver e sofrer uma adaptação psicológica para que a mente seja suscetível à psicologia da graça. Isso demora, leva anos de perseverança, até que a fé desponte em nós e percebamos a ação divina movendo o nosso ser até assumi-lo por completo.

Isso não depende tampouco de cumprirmos freneticamente uma agenda de práticas de devoção, se, com isso, queremos apenas nos “livrar” logo das obrigações contraídas com Deus. Também não se evapora numa espécie de recomendação genérica à oração, ao modo pietista, em que o empenho por rezar se perde num oceano de indefinições.

É a junção da doutrina espiritual e da prática da mesma, numa mescla de oração mental e orações vocais, exames e leituras, realizados com humilde simplicidade, com perseverança

heroica e paciente, com amor intenso à cruz, que vagarosamente nos vai levando à união divina, deixando para trás o nosso eu, como um barco que se afasta progressivamente do cais.

A moral cristã não é como uma clínica de estética em que a pessoa vai para sentir-se mais bonita. Ao contrário, é o único meio para nos esvaziarmos de nós mesmos e nos enchermos da beleza de Deus, de sermos fascinados por ele.

Do outro lado, porém, os pseudoescrupulosos leem tratados de moral como doentes mentais que se dedicam à leitura de bulas de psicotrópicos: além das próprias doenças, acabam desenvolvendo sintomas por puro reflexo; a criatividade do pecado se aguça e, porque não têm o devido preparo, acabam se tornando obsessivos e, pior!, acabam tornando outros vítimas de sua própria obsessão. Certa vez, um rapaz me disse que nunca teve problemas com a guarda da vista, até assistir uma aula de moral em que se detalhou de tal modo os problemas de castidade, que ele passou a ver o que não via e a pensar no que não pensava…

A formação da consciência moral é arte muito delicada. Causa medo ver tanta gente enlouquecendo a si mesmo e aos outros por se comportarem como cirurgiões pelo único motivo de portarem um bisturi. Muita informação sem bom senso apenas é ferramenta de desorientação. De pouco vale muita lei sem prudência e muita mística sem ascética, é como entregar a constituição nas mãos de um juiz louco ou como tratar um canceroso com maquiagens.

A preocupação obsessiva por apresentar listas exaustivamente minuciosas de pecados esconde, muitas vezes, um arrependimento pouco teologal. Em outras palavras, o remorso causado pelo orgulho ferido é muito diferente da contrição por ter ferido o amor divino fluente em nossa alma. Confessar-se para apenas declarar maus atos como quem passa por um pedágio para comungar é muito diferente de confessar-se para uma genuína e profunda conversão.

Quantas pessoas pecam em previsão de uma confissão no dia seguinte? Quantos comungam prevendo o pecado que cometerão daqui a pouco? Quantos se confessam de picuinhas estúpidas e escondem faltas de caridade gigantescas, folga com as pessoas de sua casa, descuido por uma oração profunda e constante, vaidade imensamente manifestada na incapacidade de reconhecer os próprios erros, insensibilidade com quem sofre e verdadeiros e graves descuidos na castidade? Há muitas pessoas preocupadas com erudições morais e o que deveriam fazer é parar de ver pornografias e outros que sabem tudo sobre as “Moradas” e nem rezam direito o terço.

O pior de todos os pecados capitais é a soberba, ao menos segundo as Sagradas Escrituras e a Doutrina da Igreja. Assim como as monjas de Port Royal, das quais se dizia que “eram puras como os anjos e soberbas como os demônios”, há muitos desses pseudoescrupulosos cujo eu está entronizado devidamente no altar de sua própria devoção, como um bezerro de outro, como um ídolo que precisa ser pulverizado para tornar-se pó, terra, o húmus da humildade.

Esses breves artigos sobre os pseudoescrupulosos são uma tentativa de devolver o bom senso e aliviar a perturbação mental com a qual tantos têm sofrido. Nesses dias, uma pessoa escreveu- me em privado que a leitura de um desses textos a impediu de suicidar-se por causa do desespero moral. É nesse nível que estamos! Isso não é uma brincadeira, não é um mero debate…

Encerro essa série por aqui, lembrando a todos que o estudo da Teologia Moral é sempre muito salutar, desde que tenhamos equilíbrio psíquico e nos preparemos para ele conhecendo intimamente o Catecismo da Igreja, integralmente a filosofia e a teologia de São Tomás em sua inteireza, todos os documentos magisteriais, inclusive aqueles mais atuais, especialmente os sobre a doutrina moral e os que modificam leis eclesiásticas, sem descurar a própria metodologia prática dessa disciplina, pois uma coisa é estudar receitas de pão e outra, completamente diferente, trabalhar numa padaria.

Fonte: https://presbiteros.org.br/

Os desafios das Redes Sociais

Internet | Vatican Media

Estes meios de comunicação possuem aspectos positivos como a criação de uma maior rede de contatos. No entanto, também tem aspectos negativos se for usada de forma descontrolada ou abusiva.

Padre Lício de Araújo Vale- Diocese de São Miguel Paulista - SP

Sejamos sinceros, a grande maioria de nós usa as redes sociais. O nosso "mundo" virtual mudou e temos de nos adotar a esta nova realidade.  A comunicação instantânea que a rede social nos proporciona é inegável. É importante entender o impacto nas gerações Y e Z.

Geração Y ou millennial: os nativos digitais

A revolução foi marcada pelos" millennials" ou geração Y. Também conhecidos como nativos digitais, os millennials são os nascidos entre 1982 e 1994, e a tecnologia faz parte de seu dia a dia: todas as suas atividades passam por meio de uma tela. On e off estão totalmente integrados em sua vida. No entanto, eles não nasceram na era tecnológica. Eles viveram na época analógica e migraram para o mundo digital.

Ao contrário das gerações anteriores, o mundo, em virtude da crise econômica, exigiu deles uma maior preparação para que conseguir um emprego, uma vez que a concorrência cresceu. Ao contrário de seus pais — a geração X —, os nativos digitais não se conformam com o seu entorno e são ambiciosos para atingir suas metas.

No entanto, a geração dos millennials vive com o rótulo de ser preguiçosa, narcisista e mimada. Em 2014, a revista Time classificou essa geração como a do “eu-eu-eu”.

Características da Geração Z ou Centenial

Com idades entre 8 e 23 anos, a geração Z ou" pós-millenial " assumirá o protagonismo dentro de algumas décadas. Também conhecidos como centenials, por terem vindo ao mundo em plena mudança de século — os mais velhos são do ano de 1995 e os mais novos nasceram em 2010 —, chegaram com um tablet e um smartphone debaixo do braço.

O comprometimento da Saúde Mental

Estes meios de comunicação possuem aspectos positivos como a criação de uma maior rede de contatos. No entanto, também tem aspectos negativos se for usada de forma descontrolada ou abusiva. Poderá levar ao isolamento social, sedentarismo, diminuição do rendimento escolar, dificuldades  em estabelecer relações e em casos mais graves, quando está instalada a dependência da internet, poderá surgir sintomatologia ansiosa e/ou depressiva. Alguns autores introduziram termos como a "depressão do facebook' ou o "toque fantasma" para descrever novos sintomas ou patologias derivadas do uso excessivo das novas tecnologias. Por exemplo,  a depressão do facebook  faz o jovem sentir uma tristeza ou angústia profunda por não estarem em contato com os outros, por sentir que está desligado do mundo, e o toque fantasma é descrito como a sensação de estar ouvindo o celular tocar ou vibrar quando na realidade não está.

Os "jogos perigosos" nas redes são um problema grave. Eles são definidos pela OMS como:      " um padrão de jogatina, online ou offline, que aumenta sensivelmente o risco de consequências para o indivíduo."

O perigo pode se manifestar tanto pelo excesso do tempo gasto com a "brincadeira" quanto pelos comportamentos de risco associados diretamente às regras do jogo, inclusive o risco de suicídio. Cito alguns exemplos:  " baleia azul, “desafio da rasteira", " o desafio do desodorante", " colocar um saco plástico na cabeça", "o desafio da água quente" entre outros...

Como prevenir que os filhos caiam em jogos perigosos

Já que a internet contém inúmeras informações úteis para o desenvolvimento é praticamente impossível fazer com que a criança ou adolescente não tenha acesso a internet. No entanto, algumas atitudes dos pais ou responsáveis podem colaborar para prevenir o acesso a "jogos perigosos":

1.Muita conversa, falar de forma clara e aberta sobre a realidade dos jogos e dos seus perigos.

2.Alertar sobre a pressão social dos amigos e como não se deixar influenciar.

3.Evitar deixar a criança ou o adolescente sozinho e trancado no quarto jogando games.

4.Criar regras para o uso seguro.

5.Utilizar ferramentas de monitoramento. O recurso é disponibilizado em configurações de sistemas operacionais, sites ou que podem ser instalados por meio de aplicativos pagos ou gratuitos,

6. Mergulhe no mundo social virtual da criança ou adolescente.

7. Conversar sobre o que é o suicídio e dar informações sobre o tema, sem idealizações. A criança e sobretudo o adolescente, tem tendência a idealizar coisas. Se ele idealiza que se uma pessoa entrou no jogo e se matou resolveu seu problema, pode achar que isso funcionará para si.

8. Se não conseguir lidar sozinho (a) busque ajuda de um serviço ou profissional de saúde mental e se apoie na fé.

Por fim, ser e estar presente na vida das crianças e adolescentes desenvolvendo empatia, acolhimento, autoestima e habilidades de comunicação. Lembrando que amar é também dizer não.

Que o Beato Carlo Acutis, " que usou a internet a serviço do Evangelho, para alcançar o maior número possível de pessoas" e que pode se tornar o primeiro santo da era millenial, interceda ao Senhor para que crianças, adolescentes e jovens possam fazer bom uso das redes sociais!

Perdoar

Perdoar | porciunculaniteroi

PERDOAR

Dom Adelar Baruffi
Arcebispo de Cascavel (RS)

“Perdoar” é livrar o outro, aquele que nos ofende, do peso de sua exclusão do meu mundo, das minhas relações com os irmãos e de Deus. Para receber o perdão de Deus as pessoas precisam demonstrar arrependimento e mudança de rumo. O perdão sempre nos aproxima de Deus e nos faz mais próximos dos irmãos e irmãs.

Perdoar não é esquecer. É aceitar de coração que um perdão se dê, sem exigir nada em troca, sem um benefício concedido em função do arrependimento, da reparação, ou de qualquer outra forma de benfeitoria. O perdão precisa ser manifestado, pedido ou confessado, quando houver esta possibilidade. Está diretamente ligado a Deus, que na sua bondade quer o bem de todos.   O sentimento de desapego nos faz ter relações de perdão e misericórdia e, por isso, de acolhida.

A pessoa que cultiva a compaixão e a misericórdia, sempre terá a alegria no rosto presente e, um dia, o outro terá a mesma alegria de quem tomou a iniciativa. Precisamos saber a distância entre o perdão e a confissão da falta. Uma falta, por exemplo, no tempo da infância ou adolescência, que costumam marcar a vida, não são tão fáceis de falar. Arrepender-se, reconhecer-se culpado ou não é um sinal de manifestação de uma doença, é um sinal de maturidade. É sanidade consigo mesmo e com os demais. Porém, o falar dela não sempre é tão fácil! O caminho inicia quando começamos a nos dar conta de que há algo que nos incomoda, que não está bem. Depois, vem os passos seguintes.

Anselm Grün (2005), grande escritor cristão e católico, nos apresenta quatro pontos importantes neste momento. Se você é um destes que não consegue perdoar, tenta, ao menos, estes quatro pontos.

O primeiro passo consiste em nós permitirmos novamente viver e sentir o que nos causou a dor. Muitas vezes não percebemos o que nos aconteceu. Mas no momento seguinte estamos tão envolvidos com as atividades e reprimimos a palavra que nos feriu.

O segundo passo é aceitar o aborrecimento e a raiva que sentimos, sempre que estivermos diante daquele que nos magoou. “O perdão vem sempre depois da raiva” (A. Grün). É preciso tirar de dentro de nós aquele que nos feriu.

O terceiro passo consiste em avaliar objetivamente aquilo que tanto nos feriu, a partir da distância que obtivemos com nossa raiva. Talvez, seja a oportunidade de ver os porquês da manifestação de raiva e nos perguntarmos sobre nossa história. Enquanto não tomar contato com a própria ira, não poderá ver a lesão e libertar-se dela.

O quarto passo é a libertação do domínio do outro. Enquanto ainda não o tivermos perdoado, ficaremos dando ao outro poder e força, assim como o outro também conosco. Isso não é humano! O outro sempre terá algum poder sobre nós. Quando nós, por meio do perdão, estaremos nos libertando do domínio do outro, de sua influência nociva, estaremos nos fazendo um grande bem.

O Papa: proteger a vida em todas as etapas com medidas legais apropriadas

EUA - Marcha pela vida  (AFP or licensors)

Mensagem assinada pelo cardeal secretário de Estado Pietro Parolin por ocasião da Vigília pela vida nos Estados Unidos.

Vatican News

O Papa Francisco disse estar "profundamente grato pelo testemunho fiel demonstrado publicamente ao longo dos anos por todos aqueles que promovem e defendem o direito à vida dos membros mais inocentes e vulneráveis de nossa família humana". Foi o que escreveu o cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, numa mensagem enviada ao bispo de Arlington, Dom Michael Burbidge, presidente da Comissão episcopal estadunidense para as atividades em favor da vida, por ocasião da Vigília Nacional de Oração pela Vida, realizada na quinta-feira, 19 de janeiro, na Basílica do Santuário Nacional da Imaculada Conceição, em Washington.

Vigília em Washington

A Vigília precedeu a Marcha anual pela Vida realizada na sexta-feira em Washington, DC, em seu 50º aniversário, com o tema "Os próximos passos: em marcha em direção de uma América pós-Roe". O evento foi aberto com uma reflexão sobre as medidas a serem tomadas após a Suprema Corte ter derrubado a sentença Roe vs. Wade e decidido que as mulheres não têm o direito constitucional de aceder ao aborto.

Proteger a vida humana

"A construção de uma sociedade verdadeiramente justa baseia-se no respeito pela sagrada dignidade de cada pessoa e na aceitação de cada pessoa como irmão ou irmã", lê-se na mensagem do Papa, assinada por Parolin, e publicada no site da Usccb.

"A este respeito, Sua Santidade confia que Deus Todo-Poderoso fortalecerá o compromisso de todos, especialmente dos jovens, de perseverar em seus esforços para proteger a vida humana em todas as suas etapas, especialmente através de medidas legais apropriadas emanadas em todos os níveis da sociedade. Aos que participam da Marcha pela Vida e a todos aqueles que os apoiam com suas orações e sacrifícios, o Santo Padre concede sua bênção como penhor de força e alegria no Senhor".

Por que Santa Inês é retratada com um cordeiro?

Fr Lawrence Lew OP CC
Por Philip Kosloski

A conexão mais imediata entre Santa Inês de Roma e os cordeiros é o seu próprio nome - mas há mais do que isso.

Santa Inês de Roma, cuja festa é celebrada em 21 de janeiro, costuma ser retratada na arte religiosa segurando um cordeiro ou ao lado de um desses animais de grande simbolismo para os cristãos.

Além disso, é tradição que os cordeiros sejam abençoados todo ano em pleno dia de sua festa litúrgica, reservando-se a sua lã para fazer o pálio, vestimenta branca semelhante a um lenço que é usada sobre a casula do bispo metropolitano.

A conexão mais imediata entre Santa Inês de Roma e os cordeiros é o seu próprio nome, que, na versão original, é “Agnes”. Acontece que essa palavra vem do latim “agnus“, que significa justamente cordeiro.

Além disso, há uma história medieval, registrada na célebre coletânea “Legenda Aurea” (Lenda Dourada), que reforça esta ligação relembrando um episódio pouco posterior à sua morte:

“Ocorreu que, certa noite, quando os amigos de Santa Inês vigiavam o seu sepulcro, viram uma grande multidão de virgens vestidas com vestes de ouro e prata, e uma grande luz brilhou diante delas. Do lado direito, havia um cordeiro mais branco do que a neve. Também Santa Inês aparecia entre as virgens e disse a seus pais: ‘Olhai e vede de não já lamentar-me como morta, mas alegrai-vos comigo, pois com todas estas virgens deu-me Jesus Cristo a mais refulgente habitação e morada, e estou com Ele unida no céu, a quem na terra amei com todo meu pensar'”.

Nesse relato, a presença de um cordeiro simbolizava a pureza, em referência à pureza de sua vida.

Desde então, Santa Inês foi quase sempre retratada junto a um cordeiro – e os cordeiros continuam a ser abençoados até hoje na sua festa litúrgica.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Santa Inês

Santa Inês | santo.cancaonova
21 de janeiro
Santa Inês

Santa Inês tem o nome originário do grego e significa pura. Inês nasceu em Roma, no ano 304. Era de família nobre, descendente da família Cláudia. Desde pequena foi educada na fé cristã. Foi cuidada por uma Aia, uma babá. Desde criança demonstrou personalidade forte e decidiu consagrar sua pureza para Deus.

Vida de Santa Inês

Com apenas 13 anos já era cheia de pretendentes, por causa de sua beleza. Inês foi cobiçada por sua beleza e riqueza por um jovem romano chamado Fúlvio, que era filho de Simprônio, o prefeito de Roma. Fúlvio fez o pedido de casamento formal à família. Inês, porém, não aceitou por causa de sua consagração a Deus.

Fúlvio, indignado, denunciou Inês como cristã. E era tempo de perseguição contra os cristãos. Por isso, Inês foi presa, e após um julgamento forjado, foi condenada a vários castigos. Os pais de Santa Inês nada puderam fazer em seu favor, pois o prefeito de Roma era superior a eles.

Santa Inês, castigada pelos homens e defendida por Deus

Assim, sem poder contar com o socorro de seus pais, queriam obrigar Inês a manter aceso o fogo da deusa romana do lar e do fogo chamada Vesta, no templo dedica à deusa. O castigo era uma maneira de obrigar Inês renunciar à sua fé.

Mas Inês  recusou-se e disse ao prefeito: Se recusei seu filho que é homem, como pode pensar que eu aceite prestar honras a uma estátua? Meu esposo não é desta terra (Jesus Cristo). Sou jovem, é verdade, mas a fé não se mede pelos anos e sim pelas obras. Deus mede a alma, não a idade. Quanto aos deuses, podem até ficar furiosos, que eu não os temo. Meu Deus é amor.

O prefeito, irado, condenou Inês a uma pena pior: ser exposta nua num prostíbulo do circo Agnolo, em Roma, para que todos os homens a vissem. Inês pediu proteção a Deus. Então, uma luz celestial a protegeu, de forma que ninguém conseguiu se aproximar dela. Em seguida seus cabelos cresceram rápido e protegeram seu corpo.

Milagres de Santa Inês

O primeiro homem que tentou agarrar Inês nua no prostíbulo ficou cego por causa da luz que a protegia. Ao ver o homem cego, porém, Santa Inês rezou por ele, perdoou e ele pode ver novamente, convertendo-se. O homem passou a ver não uma jovem nua, mas uma filha de Deus, da qual emanava o amor de Deus, que equilibra e coloca as paixões humanas em seu devido lugar.

Não obstante esse milagre, outro homem tentou violentá-la. Dessa vez, porém, um anjo do Senhor o matou. Santa Inês, mais uma vez, ficou com pena e orou a Deus. O homem ressuscitou. Por causa desses acontecimentos, no local onde foi esse prostíbulo, hoje se ergue a Basílica de Santa Inês em Roma.

Torturas a pequena Santa Inês

Simprônio, o prefeito de Roma, ao ver tudo isso, teve medo e passou o caso da jovem Inês para o vice prefeito chamado Aspásio. Este era ainda mais cruel e mandou queimá-la. Porém as chamas nada fizeram a ela e sim aos os soldados que estavam em volta.

Depois disso, Santa Inês passou por vários castigos sob as ordens de Aspásio. Foi acorrentada e esticada na roda de tortura, mas nada a afetava. Inês, por sua vez, perseverava louvando a Jesus e nunca cedendo a nenhuma pressão.

Morte de Santa Inês

Por fim, Aspasio, mandou cortar sua cabeça. Assim, com apenas 13 anos, ela foi morta. Foi em 21 de janeiro do ano 317. Por causa da data da sua morte, a festa de Santa Inês é realizada no dia 21 de janeiro, que celebra o dia do seu nascimento no céu.

Consolo para os pais da santa

Oito dias depois de sua morte, seus pais estavam desconsolados rezando em seu túmulo. Então Santa Inês apareceu a eles para consolá-los. Ela estava cercada por várias jovens virgens e anjos, segurando um cordeirinho e um lírio. Ela relatou sua felicidade a seus pais que, desse momento em diante, viveram felizes em Roma e perseveraram na fé.

Comprovação arqueológica

Havia um crânio no tesouro de relíquias do Sancta Sanctorum da Basílica de Latrão, em Roma, que há séculos era guardado como sendo de Santa Inês. Recentemente foram realizados exames forenses sobre este crânio e foi comprovado que se trata realmente do crânio de uma menina de 13 anos. Hoje, o crânio de Santa Inês está na Igreja de Santa Inês em Agonia (Sant'Agnese in Agone), localizada na Praça Navona, em Roma.

Imagem de Santa Inês

Nas imagens de Santa Inês, ela é representada frequentemente com um cordeiro nos braços, símbolo de Jesus, o Cordeiro de Deus, e também porque seu nome vem do latim agnus (cordeiro). Ela também segura um lírio, símbolo da pureza.

O pálio dos Bispos

Todos os anos, os padres da Basílica de Santa Inês levam dois cordeiros para o Papa abençoar. Os cordeiros depois são tosquiados e sua lã é levada para fazer os pálios, 2 tiras de lã branca, que são usados na liturgia pelos Arcebispos da Igreja Católica. O pálio é um símbolo que lhes confere o poder da jurisdição. Santa Inês é cantada na ladainha de Todos os Santos. Santa Inês é Padroeira da Pureza e da castidade, é também a padroeira dos noivos.

Oração a Santa Inês

Ó dulcíssimo Senhor Jesus Cristo, fonte de todas as virtudes, amigo das almas virginais, vencedor fortíssimo das ciladas dos poderosos, severíssimo extirpador de todos os vícios, lançai propício vosso olhar para a minha fraqueza, e pela intercessão de Vossa Santíssima Mãe, a Virgem Maria e de Santa Inês, concedei o auxilio de vossa divina graça.

Santa Inês, rogai por nós.

Fonte: https://cruzterrasanta.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF