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segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

Os Quatro “Nãos” da história

Crédito: Cléofas

Os Quatro “Nãos” da história

 POR PROF. FELIPE AQUINO

O saudoso D. Estêvão Bettencourt, se referia muitas vezes ao que chamava de “Os Quatro Nãos da história”, que segundo ele foram responsáveis pela situação de descrença, materialismo, ateísmo, relativismo moral e religioso que vivemos hoje.

Segundo o mestre de muitos anos, o primeiro golpe foi o “Não à lgreja Católica”, dito pela Reforma protestante (séc. XVI). Muitos homens continuaram a crer no Evangelho e em Jesus Cristo; não, porém, na Igreja fundada por Cristo. Os princípios subjetivos do “livro exame”, “sola Scriptura”, não à Igreja e ao Papa, não à Tradição Apostólica, estabelecidos por Lutero e seus seguidores, promoveu um esfacelamento crescente da Cristandade pela multiplicação de novas “igrejas”. Cristo foi mutilado. Segundo Teilhard de Chardin, “sem a Igreja Cristo se esfacela”. A túnica inconsútil do Mestre foi estraçalhada.

Até esta época da História, o mundo Ocidental girava em torno do ensinamento da Igreja, assistida e guiada pelo Espírito Santo. A Reforma “quebrou o gelo”, e inaugurou a contestação à doutrina ensinada pela Igreja, depois de quinze séculos. A partir daí muitas outras contestações foram inevitáveis. É preciso lembrar que após o início da Reforma, a Igreja realizou o mais longo Concilio Universal, o de Trento (1545-1563), por dezoito anos, e nada mudou da doutrina que recebeu de Cristo e dos Apóstolos.

O segundo golpe foi dado no século XVIII: foi dito um “Não a Cristo”. Não à religião Revelada por Cristo. Surgiu por parte do Racionalismo, que teve a sua expressão mais forte na Revolução Francesa (1789). Os iluministas, positivistas, introduziram a deusa da razão na Catedral de Notre Dame de Paris. Muitos pensadores passaram a professar o deísmo (crença em Deus como ser reconhecido pela razão natural apenas), em lugar do teísmo (crença em Deus que se revelou pelos profetas bíblicos e por Jesus Cristo).

Depois do Não à Igreja, veio o Não a Cristo.

O terceiro golpe foi dado no século XIX: o “Não ao próprio Deus” oriundo do ateísmo em suas diversas modalidades ateístas. A tomada de consciência da história e da sua influência, tal como Darwin e os evolucionistas a propuseram, contribuiu para disseminar o historicismo que coloca a história acima de Deus. Daí surgiu o relativismo e o ceticismo, que impregnaram muitas correntes de pensamento de então até os nossos dias. Hoje o Papa Bento XVI fala de uma “ditadura do relativismo”; que tenta negar a verdade objetiva.

Infelizmente assistimos hoje o triste espetáculo de pesquisadores que escrevem livros ensinando o ateísmo; difundindo isso nas universidades e afastando os jovens de Deus, como se crer fosse um subdesenvolvimento cultural ou mental.

A mudança de mentalidade foi se realizando em velocidade crescente, principalmente a partir de meados do século passado (1850): o desenvolvimento das ciências e da técnica deixou os homens mais ou menos atordoados diante de perspectivas inéditas, sem que soubessem, de imediato, fazer a síntese dos novos valores com os clássicos.

O quarto Não é dito ao homem. Depois do Não à Igreja, à Cristo, à Deus, agora, como consequência, assistimos ao triste Não dito ao homem. São Tomás de Aquino dizia que “quanto mais o homem se afasta de Deus, mais se aproxima do seu nada”. É o que acontece hoje. Sem Deus o homem é um nada. O Papa João Paulo II disse na primeira encíclica que escreveu – “Jesus Cristo Redentor do Homem” – afirmou que “o homem sem Jesus Cristo permanece para si mesmo um desconhecido, um enigma indecifrável, um mistério insondável”. Quer dizer, sem Deus, sem Jesus Cristo, o homem é um desorientado; não sabe de onde veio, não sabe quem é, não sabe o que faz nesta vida, não sabe o sentido da vida, da morte, do sofrimento. E na agonia desse mistério insondável vive muitas vezes no desespero, como muitos filósofos ateus que desorientaram a muitos.

Esse Não dito ao homem, consequência dos Não anteriores, se manifesta hoje na perda dos valores transcendentes da pessoa humana, o desprezo pela sua dignidade humana, o desaparecimento do seu valor intrínseco. Isto se manifesta nas aprovações aberrantes de tudo que há 20 séculos ninguém tinha dúvida em condenar: aborto, eutanásia, manipulação e destruição de embriões, “camisinhas”, sexo livre, “família alternativa”, “casamentos alternativos”, e tudo o mais que a Igreja continua a condenar como práticas ofensivas a Deus e ao homem.

Mas em nossos dias nota-se um retorno aos valores eternos, que a Igreja guardou fielmente através das tempestades. Muitos se dão por desiludidos do cientificismo e do tecnicismo, e procuram de novo no transcendental os grandes referenciais do seu pensar e viver. A busca do ateísmo cede lugar de novo à consciência de Deus e dos valores místicos, sem os quais a vida humana se autodestrói. O homem moderno percebe que os frutos da tecnologia por si só não lhe satisfazem; a prova disso é que crescem as mazelas humanas: depressão, guerras, injustiças, imoralidade…

A sociedade moderna decaiu. O Modernismo, o Relativismo e o Indiferentismo Religioso dominaram o mundo. Os dogmas foram desprezados; a fé e a moral calcados aos pés. Em lugar de Deus o homem idolatra-se a si mesmo, o dinheiro, a Ciência, o prazer da carne,… o pecado.

O mundo moderno não deu atenção ao Papa Pio IX quando este apontou os erros que lhe levariam ao caos em seu Syllabus; não quis ouvir a voz da Igreja no Concilio Vaticano I, quando este mostrou a harmonia entre fé e razão e a suprema autoridade do Papa. Não ouviu também o apelo dos Papa Leão XIII, Pio X, Pio XI, Bento XV, Pio XII… quando eles apontaram os males do mundo moderno em suas encíclicas de fundo moral e social.

O resultado de tudo isso é a decadência moral, ética e sobretudo religiosa que assistimos hoje, razão de tantas desordens, crises e sofrimentos. Tudo nos faz lembrar a máxima de São Paulo: “O salário do pecado é a morte” (Rm 6,23). Por tapar os ouvidos à voz de Deus anunciada ao mundo pelos últimos Papas, o mundo experimentou duas terríveis guerras mundiais com mais de 60 milhões de mortos, e depois a tragédia do nazismo e comunismo com mais de 100 milhões de vítimas.

A sociedade moderna, enfim, rejeitou a voz da Igreja e dos Papas e preferiu dar ouvidos aos hereges. Hoje querem destruir a Igreja com um programa laicista em escala mundial.

Por isso tudo, o homem moderno mergulha no caos do pecado e nas sombras da desesperança e da morte. Eis que surge mais uma vez o Vigário de Cristo a falar da Esperança que nasce em Deus (Salvi Spes). Será que será ouvido?

Somente abandonando os “valores” modernistas e deixando-se guiar pela Igreja é que a nossa Civilização poderá superar suas crises e dores. Está na hora da Civilização Ocidental voltar-se novamente a Jesus Cristo, que a espera de braços abertos.

A Igreja terá novamente de salvar a nossa Civilização, que começa a desabar, como há 13 séculos quando ela desabou com o Império Romano. Estejamos preparados.

Prof. Felipe Aquino

Ser Marta ou Maria?

Hamza Makhchoune | Shutterstock
Por Julia A. Borges

Afinal, se não fosse por Marta, quem serviria a Jesus? Quem faria o que era necessário de ser feito, mesmo sendo indicado como algo
superficial?

As escolhas estão presentes em nossas vidas desde que nascemos e assim será até o nosso último suspiro. Esse é um fato incontestável. A questão, entretanto, recai na forma como se reage em cada circunstância ao longo da jornada.

Nos “Sete passos para rezar com Teresa de Ávila”, Frei Patrício Sciadini, em um livreto sucinto e de poucas páginas, oferece um direcionamento para o cristão perseverar na vida de oração, mesmo fatigado, sem esperança e até mesmo, sem vontade. São orientações da própria doutora da Igreja Católica que, apesar de nunca ter escrito um livro específico acerca dos “sete passos da oração”, possui uma pedagogia oracional que se constrói nessa fundamentação, e colocar por terra a falsa crença de que por sermos pecadores não somos nem dignos de rezar – “ a maior vitória do demônio é convencer alguém a deixar de rezar por ser pecador” (Santa Teresa D`Ávila).

Os passos talvez não sejam de difícil compreensão até mesmo para um leigo – colocar-se na presença de Deus; ler um texto; meditar; diálogo com Deus; tomar decisões; Ação de Graças; Retornar ao trabalho – mas o Mistério fica a cargo do Espírito Santo. Entretanto, o que me chamou a atenção foi justamente o 5º passo descrito pelo frei Sciadini: tomar decisões.

Retomo à questão das escolhas e cito, como faz o próprio frei carmelita, a passagem de Marta e Maria em Lucas 10:38-42:

E aconteceu que, indo eles de caminho, entrou Jesus numa aldeia; e certa mulher, por nome Marta, o recebeu em sua casa;
E tinha esta uma irmã chamada Maria, a qual, assentando-se também aos pés de Jesus, ouvia a sua palavra.
Marta, porém, andava distraída em muitos serviços; e, aproximando-se, disse:
Senhor, não se te dá de que minha irmã me deixe servir só? Dize-lhe que me ajude.
E respondendo Jesus, disse-lhe: Marta, Marta, estás ansiosa e afadigada com muitas coisas, mas uma só é necessária;
E Maria escolheu a boa parte, a qual não lhe será tirada.

Confesso que ao longo dos anos sempre lia esses versículos com certo descontentamento, afinal, se não fosse por Marta, quem serviria a Jesus? Quem faria as tarefas domésticas? Quem faria o que era necessário de ser feito, mesmo sendo indicado como algo superficial? Mas, sem dúvida, por outro lado, Maria nos faz recordar Mateus 6:33 quando diz: “Buscai, assim, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas.”

Portanto, sejamos Marta ou Maria?

Cada cristão tem um propósito específico neste mundo, quanto a isso não há dúvida, e devemos perseguir este desígnio ao longo de toda a vida. Essa se faz em diferentes contextos e projeções: em silêncio, mas também no contato com o outro; em oração contemplativa, assim como em oração num transporte público. Existindo um propósito maior, direcionado a Deus, a tarefa será uma oblação completa.

Somos chamados a sermos sal, presença, lutadores em um exército no qual Deus é o senhor. Somos escalados para o verdadeiro combate, para a luta que não é vã, para a verdadeira disciplina, para as batalhas diárias, para o jejum, para a oração, para dar a outra face, para ajudar em nossos lares com tarefas domésticas. Sim, devemos agir, mas nada disso é válido se o nosso maior propósito não estiver direcionado a Deus.

Portanto, não é Marta ou Maria; devemos ser Marta e Maria.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Diocese de Roraima, sempre companheira e defensora do Povo Yanomami

Dom Edson Tasquetto Damian em visita a Santa Isabel do
Rio Negro, Amazonas, com indígenas Yanomami_rio Marauiá -
2020 | Vatican News 

A dor do Povo Yanomami vem dilacerando a vida de um dos povos mais numerosos e sofridos da Amazônia brasileira.

Padre Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1

As cenas reveladas nos últimos dias são um episódio a mais de uma série de fatos que mostram as consequências dos abusos cometidos nos últimos séculos contra os povos originários no Brasil.

Na história do Povo Yanomami, uma de suas grandes defensoras nas últimas décadas tem sido a Igreja católica, especialmente através dos missionários e missionárias da Consolata, que desde 1965 assumiram a missão Catrimani, um exemplo daquilo que hoje, especialmente depois do Sínodo para a Amazônia é conhecido como evangelização intercultural. Do mesmo modo, os Yanomami que vivem na diocese de São Gabriel da Cachoeira, no Estado do Amazonas, têm contado com o apoio e defesa dos salesianos e salesianas.

Na missão Catrimani, um bem e um dom para a Igreja de Roraima, se fez realidade um modelo de missão fundado sobre o respeito e o diálogo resultando em ações concretas em defesa da vida, da cultura, do território e da floresta, a Casa Comum. Uma missão fundamentada no silêncio e no diálogo gerando laços de amizade e alianças na ótica do bem viver. Uma missão que ao completar 20 anos levou o então bispo, dom Aldo Mongiano, a dizer que “É privilégio ter os Yanomami”.

A defesa do Povo Yanomami tem sido uma prioridade para os últimos Bispos da Diocese de Roraima, levando essa Igreja local a se posicionar. Dom Roque Paloschi, Bispo da Diocese de Roraima de 2005 a 2015, afirmou na introdução ao Livro “O Encontro”, que relata memórias da Missão Catrimani, que “encontrar e conhecer os Yanomami têm sido um caminho extraordinário, um bem e privilégio para a Igreja de Roraima”.

Uma missão que “é o antídoto contra as violências que os Yanomami sofriam na época e ainda sofrem”. Um modo de anunciar o Evangelho que tinha como fundamento “a ideia de que os índios não precisam ser modificados”, segundo dom Roque, que insistia em que “as sociedades ameríndias, assim como qualquer outra sociedade, devem ser compreendidas e respeitadas nas suas diferenças”. De fato, dom Servilio Conti, bispo na época, buscou com a missão Catrimani, “conhecer aquele povo, amá-lo e com ele viver”.

Quadro presenteado ao Papa Francisco | Vatican News

O convívio com os yanomami ajudou a Igreja de Roraima a descobrir que é “necessário entender, aprender a ver o mundo com os olhos do outro”, afirmou o Presidente do Conselho Indigenista Missionário. Segundo ele, “os missionários fundiram e, de certa forma, subordinaram os destinos da missão ao destino dos Yanomami, colocaram-se ao lado dos Yanomami e a serviço de um projeto de vida voltado à dignidade e autodeterminação desse povo”, um caminho nem sempre fácil, que os levou a serem expulsos em 1987 por 18 meses.

Já em 2017, quando foi publicado o livro, dom Roque Paloschi denunciava a ameaça do garimpo na Terra Yanomami: “atualmente, as invasões e depredações das suas terras continuam, com a constante presença de garimpeiros e a pesca predatória. Os indígenas denunciam, mas permanece a impunidade”. Ele fazia um apelo para as parcerias e as redes para “a luta contra os ‘dragões mortíferos’ da vida”.

Na mesma linha se manifestou o último bispo da diocese de Roraima, atual arcebispo de Cuiabá, dom Mário Antônio da Silva, em 23 de abril de 2022, destacando que na história da Igreja de Roraima, “a causa da vida dos povos indígenas foi assumida como anúncio da dignidade humana e, por vezes, com denúncia daquilo que negava o Evangelho e os direitos humanos”.

O 2º Vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil denunciava que “nos últimos 3 anos, o dragão devorador da mineração tomou força novamente e avança com toda ferocidade e poder das organizações criminosas sobre a Terra Yanomami”, lembrando os constantes ataques, crimes e mortes provocadas pelo garimpo. Algo que denunciava como “uma vergonha para nosso país e fazem o nosso coração sentir o sofrimento e a morte que os Yanomami e a natureza estão vivendo”.

Dom Mário Antônio denunciou “a omissão e a responsabilidade do Governo Federal, que ao invés de cumprir seu papel constitucional na defesa dos povos indígenas e de suas terras, patrimônio da União, incentiva as invasões e coloca na pauta do Congresso Nacional o projeto de lei, que legaliza a mineração em terras indígenas”, enumerando as graves consequências disso.  Diante dessa realidade, ele convidou a se unir na defesa e na garantia da vida e do território do povo Yanomami, a não compactuar com a mineração nas terras indígenas, a defender e cuidar da casa comum.

O atual administrador diocesano, padre Lúcio Nicoletto, denunciou essa realidade na Visita ad Limina do Regional Norte1 da CNBB ao Papa Francisco em junho de 2022, lhe entregando uma tela de um artista local onde aparecia o garimpo avançando e destruindo o Corpo do Yanomami, querendo assim denunciar as consequências do avanço do garimpo na Terra Yanomami. Essa foi mais uma denúncia de tantas realizadas nas últimas décadas, especialmente nos últimos anos, pela Igreja de Roraima, levando ao Santo Padre uma expressão do drama dos yanomami em relação à destruição da sua vida.

Uma Igreja que no dia 21 de janeiro de 2023 expressou “a nossa solidariedade ao Povo Yanomami e o nosso repúdio ao genocídio, envolvendo pelo menos 570 crianças, devido ao caos instalado nos últimos anos quanto à desassistência na saúde indígena, alto índice de malária, desnutrição e contaminação por mercúrio, provocados pelo garimpo ilegal na Terra Indígena no período do governo anterior e sua política”. Dizendo apoiar as medidas do governo federal, esperam “medidas que venham solucionar esta situação, como a retirada do garimpo daquelas terras, sempre na defesa e promoção da vida”. Mais um exemplo de uma profecia iniciada muito tempos atrás e que a Igreja de Roraima não quer deixar morrer.

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Ordenação Episcopal do novo Bispo Auxiliar de Brasília

Monsenhor Antonio Aparecido | arqbrasilia

Ordenação Episcopal do novo Bispo Auxiliar de Brasília

No último dia 21/12/2022, a Arquidiocese de Brasília recebeu a feliz notícia de que o Cardeal Arcebispo, Dom Paulo Cezar Costa contará com mais um Bispo Auxiliar. Trata-se do Monsenhor Antonio Aparecido de Marcos Filho, até então, pertencente ao clero da Diocese de São Carlos, no interior do estado de São Paulo.

A Ordenação episcopal de Monsenhor Antonio Aparecido acontecerá no dia 25/02/2023, sábado, às 10h, na Catedral de São Carlos. Dias depois, o novo Bispo será apresentado na Arquidiocese de Brasília para iniciar seu ofício, auxiliando o Cardeal Paulo Cezar Costa no pastoreio na Igreja em Brasília.

Dom Paulo Cezar Costa, Arcebispo de Brasília, convida, pois, os padres e fiéis da Arquidiocese que puderem, que possam se organizar grupos para representar a Arquidiocese na Celebração de Ordenação Episcopal na cidade de São Carlos-SP, a fim de participar deste momento bonito na vida do Monsenhor Antonio Aparecido e, também, da nossa amada Arquidiocese. Aos que não puderem estar presentes fisicamente, o Cardeal também faz o convite para que nos unamos espiritualmente neste momento, acompanhando através dos meios de comunicação.

Quem é Monsenhor Antonio Aparecido?

Atualmente é reitor do Seminário Diocesano de São Carlos – Teologia e Pároco da Paróquia São João Batista, também no interior paulista. Do clero da Diocese de São Carlos, tem 56 anos de idade e 23 anos de sacerdócio. Desde sua ordenação serviu em diversas paróquias da diocese, além de colaborar na formação dos futuros sacerdotes, como também, em diversas funções diocesanas.

domingo, 22 de janeiro de 2023

Reflexão para o III Domingo do Tempo Comum (A)

Evangelho do domingo | Vatican News

A vocação, o chamado que Jesus dirige a Pedro e a André, a Tiago e a João, dirige também hoje, agora a cada um de nós, onde estivermos, fazendo o que quer que seja.

Padre Cesar Augusto - Vatican News

A primeira leitura, a mesma da noite de Natal, nos fala do domínio dos assírios sobre Israel. Na verdade, duas tribos que viviam ao norte do país, na Galiléia, e eram esquecidas, oprimidas, vilipendiadas em seus direitos. Viviam, de fato, em total escuridão. É a esses povos que o Senhor socorre com sua luz. Ele destrói a escuridão, quebra o jugo opressor e alegra seu povo com a libertação de todo e qualquer sofrimento. Na liturgia da noite de Natal, a leitura ia mais adiante, e falava do nascimento de um menino, do qual a luz era a sua representação.

No Evangelho, Jesus vai morar nessa região do norte. Mateus cita a profecia que ouvimos na primeira leitura. A promessa é cumprida 700 anos depois, por Jesus Cristo, a Luz do mundo.

Há muito os assírios haviam deixado Israel, mas não a situação de morte, de pecado, através das más ações dos homens. Por isso Jesus prega: “Convertei-vos, porque o Reino dos Céus está próximo!”

Ele vai anunciar a necessidade da mudança de coração, onde as pessoas se encontram, ali no trabalho, no seu dia a dia. É Deus companheiro, o Deus visitador, aquele que solicita nossa companhia, nosso trabalho, nossa amizade. Ele nos quer como colaboradores em sua missão de Luz que destrói as trevas. Recordo a cerimônia batismal quando o sacerdote acende uma vela no círio pascal, o sinal expressivo do Cristo Ressuscitado, e a entrega ao batizando, dizendo para ele ser luz. Temos todos a missão cristã de iluminar com nossa fé, esperança e serviço a parcela  do mundo em que vivemos, fazendo o bem a todos. Aí sinalizaremos que chegou o Reino de Deus, Reino de Justiça, do Amor e da Paz.

A vocação, o chamado que Jesus dirige a Pedro e a André, a Tiago e a João, dirige também hoje, agora a cada um de nós, onde estivermos, fazendo o que quer que seja. Ele nos diz: “Segui-me e eu vos farei pescadores de homens,” colaborando na sua missão: libertar a Humanidade do mal que impede o Reino de Deus de se aproximar e dos seres humanos de irem até Deus..

Vivamos nossa vocação de luz. Sejamos construtores da paz, de uma sociedade alicerçada no amor e no perdão.

História da Igreja: Os Primeiros Concílios – Parte 2

Wikipedia

História da Igreja: Os Primeiros Concílios – Parte 2

 POR PROF. FELIPE AQUINO

II. OS CÂNONES: Como em todo concílio esta é a parte disciplinar. São 20 cânones ou normas. A palavra cânon significava cana ou regra de medir. São normas com respeito às ordenações presbiterais e eleições dos bispos, os lapsi(caídos) nas perseguições, e jurisdição de patriarcas. Deles ressaltamos o cânon 3: Proíbe estritamente todo bispo, presbítero, diácono, ou qualquer do clero a ter uma subintroducta (mulher alheia) morando com ele, exceto mãe, ou irmã, ou tia, ou uma pessoa que esteja fora de qualquer suspeita. Cânon 6: Sobre jurisdição dos patriarcas à semelhança do Bispo de Roma, o de Alexandria terá certa jurisdição sobre os sucedâneos de Egito, Líbia e Pentápolis, de modo que não poderá ser ordenado bispo dentro de seu território sem o consenso do Metropolitano. O que serve também para o Metropolitano de Antioquia. Cânon 9: Somente um homem sem culpa pode ser ordenado presbítero. Cânon 15: Bispos, presbíteros e diáconos não devem passar de uma igreja a outra. Nada existe sobre a separação entre evangelhos canônicos e apócrifos como relata Roberto C. P. Júnior que a si mesmo se intitula escritor. Mas disto falaremos em próximo artigo.

ALGUMAS OBSERVAÇÕES SOBRE O CÂNON IV: Muitos comentaristas consideram este cânon como o mais importante dos vinte aprovados pelo Concílio. Ele diz: “Prevaleça o antigo costume no Egito, Líbia e Pentápolis de modo que o bispo de Alexandria tenha jurisdição em todos eles, posto que o mesmo é costumeiro para o Bispo de Roma também….E isto é entendido de modo geral de forma que, se qualquer um é feito bispo sem o consenso do Metropolitano, o grande Sínodo há declarado que tal pessoa não é bispo…” A primeira tradução latina deste cânon, a chamada Prisca(antiga), modifica o texto grego e diz: “É de antigo costume que o bispo da cidade de Roma tenha um Primado de modo que governe, com seus cuidados, os lugares suburbicários e toda sua própria Província”. Os comentaristas gregos do século XII disseram bastante explicitamente que este sexto cânon confirma os direitos do Bispo de Roma como Patriarca sobre todo o Ocidente. Em fins do século IV havia 120 metropolitas em 120 províncias. O Império Romano havia anteriormente instituído a diocese civil para agrupar as províncias. A diocese era dirigida por um vicarius; a Igreja adotou igual organização. No Oriente havia cinco dioceses. Teria portanto 5 dioceses religiosas. Em cada parte do Império Romano se reconhecia a autoridade superior de uma igreja- Antioquia para Síria e regiões vizinhas; Éfeso para a Ásia Menor; Alexandria para o Egito; Cesareia para a Pérsia.; Constantinopla para a Grécia; Esse sistema não foi adotado nem na Gália, nem na Espanha, nem na Itália onde o papel do Bispo de Roma era bem diferente. Daí as discussões geradas por este cânon. Posteriormente surgiram os Patriarcados e com eles certos antagonismos e certos particularismos foram introduzidos na Igreja. Segundo a versão árabe, ao parecer anterior ao Concílio de Constantinopla (381) nos tempos de Teodósio, “o Patriarca deve ter cuidado sobre os bispos e arcebispos de seu patriarcado. A primazia do Bispo de Roma cabe sobre todos… Embora o arcebispo seja entre os bispos o irmão mais velho, que cuida de seus irmãos e os mantenha em obediência porque tem autoridade sobre eles, o patriarca está acima de todos eles. Do mesmo modo o que ocupa a sede de Roma é a cabeça e o príncipe de todos os Patriarcas, pois que é o primeiro, como foi Pedro, a quem foi dado o poder sobre todos os príncipes cristãos, sobre todos os povos, sendo o Vigário de Cristo Nosso Senhor sobre todos os povos e sobre toda a Igreja Católica. Quem contradizer isto, seja excomungado pelo Sínodo”. Seguindo esta mesma versão, teremos um cânon 35 que diz: “Deve haver somente quatro Patriarcas em todo o mundo, como há quatro evangelhos e quatro rios.. E deve haver um príncipe e chefe deles, o Senhor da sede do sublime Pedro de Roma, como ordenaram os apóstolos. Após ele, o Senhor da grande Alexandria, que foi a sede de Marcos. O terceiro, o Senhor de Éfeso, que foi a sede do sublime João que disse coisas divinas. E o quarto e último é o meu Senhor de Antioquia, que é a outra sede de Pedro. Os bispos sejam divididos pelas mãos destes quatro patriarcas. Os bispos das pequenas cidades que estão sob a autoridade de grandes cidades fiquem sob autoridade dos respectivos metropolitas. Cada metropolita das grandes cidades designe os bispos das províncias, mas nenhum bispo os designe, pois que o metropolita é maior do que os bispos”. Vamos explicar alguns termos.

Metropolita: Significa cidade mãe em grego; é o bispo que na antiguidade tinha uma primazia (lugar preferente) e poder de jurisdição (mandato) sobre outras sedes episcopais em suas vizinhanças. A primazia tinha como símbolo o pálio, que era um dossel mantido como um pano sobre a cabeça do metropolita por 4 ou mais varas seguras por portadores. Hoje, no Ocidente a palavra metropolita designa o arcebispo de uma província eclesiástica que tem sobre os bispos das sedes sucedâneas unicamente uma preferência puramente honorífica. O pálio atual é uma faixa branca com cruzes pretas que o Papa e alguns metropolitas levam como estolas.

Patriarca: Título dos doze chefes das tribos de Israel. No NT título dado aos bispos que desciam diretamente de Pedro como Antioquia e Roma, sendo que Alexandria foi escolhida por ser fundada diretamente por Marcos, discípulo de Pedro. No Concílio de Niceia, Jerusalém teve também o título de Patriarca; e mais tarde Constantinopla porque era a nova Roma. Nos tempos modernos temos o patriarca de Veneza e o patriarca das índias ocidentais entre outros.

Província: Desde o século IV à semelhança da administração civil, a eclesiástica adotou o mesmo tipo de organização, tendo o bispo chamado metropolita, hoje arcebispo, um conjunto de dioceses sobre as quais presidia.

Primado: O bispo que pela antiguidade de sua igreja tem o lugar preferente numa determinada nação ou região, como é o arcebispo de Salvador no Brasil.

III PARTE CONCÍLIO DE NICEIA

O CONCÍLIO VISTO PELOS DISSIDENTES NÃO CATÓLICOS. (APOLOGÉTICA)

“Em 313 D.C. com o grande avanço da Religião do Carpinteiro o imperador Constantino Magno enfrenta problemas com o povo romano e necessitava de uma nova religião para controlar as massas. (1). Aproveitando-se da grande difusão do Cristianismo, apoderou-se dessa Religião e modificou-a, conforme seus interesses. (2) Alguns anos depois, em 325 D.C.,no Concílio de Niceia, é fundada, oficialmente, a Igreja Católica… (3) o Concílio de Niceia.., presidido por Constantino era composto pelos Bispos que eram nomeados pelo Imperador e por outros que eram nomeados por líderes Religiosos das diversas comunidades(4). Tal Concílio consagrou oficialmente a designação “Católica”, aplicada à Igreja organizada por Constantino: “Creio na igreja una, santa, católica e apostólica”. (5) Poderíamos dizer que Constantino foi seu primeiro Papa. Como se vê claramente, a Igreja católica não foi fundada por Pedro e está longe de ser a Igreja primitiva dos Apóstolos” (6)…

Esta citação é parte do artigo firmado por Roberto C.P. Junior em março de 1997, e que parece citado por Jefferson S.B., aparentemente um espírita. Que há de verdade em tudo isso?

Temos numerado os parágrafos para poder mais facilmente refutá-los sem necessidade de citá-los por extenso. Vejamos o 1o ponto: (Constantino) apoderou-se dessa religião e modificou-a conforme seus interesses. A religião cristã em tempos de Constantino era majoritária unicamente no Oriente. No Ocidente era ainda minoritária, especialmente entre os pagos, vilas rústicas. Daí o nome de pagãos para os gentios. Uma exceção era a região de Cartago ou Túnez. Não era o povo romano, mas o Oriente que, com as ideias de Ario que negava a divindade de Jesus, estava dividido. Constantino viu nessa divisão um perigo para a sociedade majoritariamente cristã no Oriente onde ele morava. Pensava podia se repetir o caso dos donatistas como veremos mais adiante. De fato só 5 bispos ocidentais, e dois presbíteros, pertencentes ao Metropolita de Roma, o Papa, estiveram presentes entre os quase 300 bispos do Concílio. A heresia de Ario era praticamente desconhecida no Ocidente. Desde 313 até 324, doze anos, Constantino não influiu na religião cristã do Oriente. Mais: Licínio, que era o imperador do Oriente perseguiu os cristãos, apesar do decreto de Milano em 313 e que ele próprio promulgou pouco mais tarde em Nicomedia, a capital de seu império. Um decênio durou esta perseguição, de modo que no ano 321 todo o Oriente ardia em perseguição. Foi por isso que Constantino, de coração cristão, embora só se batizasse na hora da morte, querendo conservar a paz religiosa, lutou contra ele e o derrotou na batalha de Andrianópolis em 323. Em 324 decapitou Licínio, seu cunhado, como réu de alta traição e ficou dono de todo o império. Como fosse recebido em Roma após dez anos de ausência de modo hostil, e, visto o entusiasmo com que era aclamado no Oriente praticamente cristão, Constantino levantou uma nova Roma em Constantinopla que inaugurou em 330, dividindo o império em 4 prefeituras (Oriente, Ilírico, Itália, e Gália) com 14 dioceses e 116 províncias, base das divisões eclesiásticas. A experiência do donatismo no norte da África, cujo extremismo e violências chegaram a perturbar a província e até todo o norte do continente na época (313) sobre o domínio de Constantino, foi decisiva para posteriores atuações do imperador. Foi para aplacar os ânimos e a violência suscitada pelos donatistas, que pela primeira vez ele interveio em problemas eclesiásticos. Reuniu em Roma um sínodo, tendo como presidente o Papa Milciades, 15 bispos italianos, 3 galos, e 10 de cada facção(donatistas e contrários). O sínodo de Roma foi contrário aos donatistas que apelaram de novo; e em Arlés, um outro sínodo de caráter mais universal, de novo condenou as bases donatistas. Por fim Constantino decidiu-se a atuar com energia. Mas não deu certo. Os donatistas formaram sus exércitos de agonistici (lutadores) e que foram chamados vulgarmente de circumcelliones (merodeadores). Imperadores posteriores intentaram acalmar os ânimos e a luta chegou até os tempos de S. Agostinho que tentou solucionar a licitude da supressão violenta da heresia por parte da autoridade em seus escritos. As palavras de Agostinho serviram de base para a instituição da Inquisição contra os albigenses, que alteravam a ordem social do modo que o faziam os donatistas. A entrada dos vândalos na África, oprimindo juntamente hereges e católicos, acabou com o donatismo.

O 2° ponto que vamos estudar diz: “Alguns anos depois, em 325 D.C. no Concílio de Niceia, é fundada, oficialmente, a Igreja Católica”. Vamos estudar o que há de verdade nesta afirmação. Tomaremos como referência histórica a Britannica, a Catholic Encyclopedia, a História da Igreja, Volume I da BAC e a Patrística de Johannes Quasten. Katholikos, do grego, significa universal, palavra que, segundo os autores eclesiásticos da 2a centúria, distinguia a Igreja cristã em geral, das comunidades locais; e também servia para distingui-la de seitas heréticas ou cismáticas. No primeiro sentido o adjetivo foi usado por Aristóteles e Políbio entre outros clássicos. Justino, mártir (+165) fala da católica ressurreição, Tertuliano (+220) escreve sobre a católica bondade divina e S. Ireneu (+202) sobre os quatro ventos católicos. São palavras que hoje traduziríamos por ressurreição universal, absoluta bondade divina e quatro ventos principais. Mas a combinação de Igreja Católica é encontrada pela primeira vez em S. Ignácio de Antioquia (+107) na sua carta aos de Esmirna(8): “Onde o bispo está, esteja também o povo, como onde está Jesus, aí está a Igreja CATÓLICA”. Segundo alguns autores a palavra deve interpretar-se como a única e só Igreja. A Britannica interpreta católica como universal, única e a mesma, onde quer que haja uma congregação cristã. O cânon de Muratori (c180) fala que certos escritos heréticos não podem ser recebidos na Igreja Católica. Clemente de Alexandria(+220) declara: “Nós dizemos que tanto em substância como em aparência, tanto em origem como em desenvolvimento, a primitiva e Igreja Católica é a única, em concordância, como ela faz, com a unidade da única fé” (Stromata 7,17).

Destes escritos se deduz logicamente que o termo católico era usado tecnicamente no início da terceira centúria (um século antes de Niceia) para designar uma doutrina sã como oposta à HERESIA, e uma unidade de organização como oposta ao ESQUISMA ou divisão das seitas. Terminamos com S. Cipriano (c252). Sua obra mais extensa é Sobre a unicidade da Igreja Católica e frequentemente encontramos em suas obras frases como fé católica, unidade católica, regra católica, referidas a uma ortodoxia como oposta à heresia. Kattenbusch, professor evangélico de Giessen (Alemanha central), não duvida em admitir que, para Cipriano, Católico e Romano são termos intercambiáveis. Mais: a palavra católica algumas vezes foi usada como substantivo para substituir seu equivalente Igreja Católica, como no fragmento Muratoriano e em Tertuliano. Terminamos com palavras de S Cirilo de Jerusalém (c. 347): “Se por acaso tens que pernoitar numa cidade, pergunta não só onde está a casa do Senhor, – porque as seitas também chamam seus tugúrios casa do Senhor- não só onde está a igreja, mas onde está a Igreja Católica. Porque este é o nome peculiar do santo corpo, mãe de todos nós”. Para terminar em suas catequeses: “A Igreja é chamada católica na base de sua extensão universal, sua completa doutrina, sua adaptação a todas as necessidades dos homens de toda classe, e de sua perfeição moral e espiritual”.

Igreja Católica em Niceia: O Credo, atribuído ao Concílio, rejeita os erros arianos sobre a temporalidade do Filho e a diferença de essência do Pai, e termina com estas palavras: “a todos eles a Católica e Apostólica igreja anatematiza”. Se estas palavras podem ser consideradas uma adição posterior, não podemos dizer o mesmo do cânon 8, em que referindo-se àqueles que a si mesmos se consideram Cataros (limpos), quando retornarem à Católica e Apostólica Igreja…deverão professar por escrito que observarão e seguirão os dogmas da Católica e Apostólica Igreja. E fala não só dos dogmas da Igreja Católica, mas também dos bispos ou presbíteros da Igreja Católica. Com estes exemplos basta para que o leitor tenha uma ideia clara do assunto.

3° Ponto: “O Concílio de Niceia… presidido por Constantino era composto pelos bispos, que eram nomeados pelo Imperador e por outros que eram nomeados por líderes religiosos das diversas comunidades”. Que existe de verdade nesta afirmação? Já temos visto como Constantino só foi dono do Oriente no ano 324, ano anterior ao Concílio. O Oriente, do qual procediam a maioria dos bispos, acabava de sofrer uma perseguição sob Licínio, originada em 320, sendo esta uma das causas da guerra entre os dois cunhados, que terminou com a batalha de Andrianópolis e no ano seguinte com a morte de Licínio e seu filho em Tessalônica. Do Ocidente, em que reinava Constantino na época, só 5 bispos estiveram presentes. Tudo isso é completamente contrário à afirmação que tentamos refutar.

Presidido por Constantino: É verdade que foi Constantino quem chamou os bispos para um concílio por medo que surgisse uma “contenda não nascida de algum mandato importante da lei”. Por isso chamou em carta Ario e Alexandro(seu bispo em Alexandria) a ter o mesmo sentimento, e uma mesma comunhão, pois é indecoroso e contra lei que um povo tão numeroso, povo de Deus, seja governado por seu bel prazer, comportando-se ambos como êmulos que disputam por picuinhas e minúcias. Constantino tinha uma experiência desagradável com os donatistas do norte da África, e daí seu interesse em ter a paz e a concórdia. Também é verdade que esteve presente na aula inaugural; que ele dirigiu um apelo aos bispos para encontrar a unidade. Mas os debates e as conclusões do concílio foram feitos pelos bispos de maneira livre, pois Constantino não votou nem usou qualquer força para dirigir os votos dos padres consulares. Dos 300 bispos em números redondos reunidos, 17 não estavam conformes em aceitar o credo. Mas finalmente só três se negaram. A razão foi a palavra Homoousios, apresentada por Constantino, devido à sua novidade e à interpretação dada por Paulo de Samosata, tão materialista que tornava o Filho em essência igual ao Pai, com parte da natureza comum, como um filho se assemelha ao seu pai terreno. A natureza divina estaria dividida em duas: parte era do pai e parte era do Filho. Vencidas as duas dificuldades, a maioria aprovou o credo. É verdade que Constantino desterrou dois bispos à Ilíria(Iugoslávia) junto com Ario e que os livros deste último foram proibidos e mandados queimar por ordem do Imperador. Alguns anos após o Concílio, Ario descobriu uma nova forma de interpretar o Homoousios e apelou ao imperador. Pediu para ser readmitido na comunhão da Igreja, mas esta última recusou. Seu apelo chegou ao imperador a quem sua irmã Constância, moribunda no leito de morte, pediu por Ario e por isso Constantino quis impor à Igreja uma readmissão de Ario, marcando uma data. Enquanto esperava por essa reconciliação, forçada pelo imperador, Ario sofreu uma indisposição e no reservado morreu por uma ruptura dos intestinos. Grande parte desta História foi narrada por Eusébio, filo-ariano.

Mas vejamos o que diz Atanásio na História dos Monges em 358: “Quando uma decisão da Igreja recebeu sua autoridade do Imperador?” e “nunca os padres buscaram o consenso do Imperador, nem o Imperador esteve ocupado com a Igreja”. Foram os heréticos os que se apoiaram no Imperador. Podemos dizer, como conclusão, que a igreja estava desejosa de aceitar a ajuda do Imperador, de ouvir o que ele tinha a dizer, porém não podia aceitar o rol do imperador em matéria de fé. Devemos lembrar que o critério sobre o credo que foi chamado de católico, não foi o pensamento do Imperador, mas o que a maioria pensava que era tradicional, a fé dos apóstolos transmitida e pela qual muitos deles tinham dado seu sangue (eram “confessores” das perseguições anteriores) e estavam dispostos a dar a sua vida pela sua fé.

Com os artigos anteriores temos visto que a Igreja não foi chamada pela primeira vez de católica, nem fundada por Constantino, nem seus bispos eram nomeados diretamente pelo imperador. Mas vejamos outras peregrinas afirmações para saber a verdade. “O concílio reconhece a deidade (sic) do homem da Galileia, embora essa conclusão não tenha sido unânime. Os bispos que discordaram, foram simplesmente perseguidos pelo Imperador Constantino”. Como temos visto, dos 300 bispos(números redondos) só dois não concordaram. A afirmação “os bispos que discordaram, foram simplesmente perseguidos pelo imperador Constantino” é uma meia-verdade. Pela frase parece serem muitos os discordantes e que a perseguição foi uma constante. Na realidade só dois bispos foram punidos. A perseguição foi um exílio que na morte de Constança (irmã de Constantino), poucos anos após o Concílio e vista uma nova interpretação de Ario (Ario morre em 336), Constantino quer readmitir o heresiarca. Outra afirmação é: “poderíamos dizer que Constantino foi seu primeiro Papa. Como se vê claramente a Igreja Católica não foi fundada por Pedro e está longe de ser a Igreja primitiva dos Apóstolos”. Porém sabemos que os papas sempre foram bispos de Roma e Constantino era, na época de Niceia, o Imperador residente no Oriente e cuja capital foi transferida de Niceia para Constantinopla. no ano de 330… Por outra parte temos os nomes dos bispos de Roma desde Pedro até Milciades, papa no tempo do Concílio de Niceia. São no total 35 papas divididos por séculos em 4+ 9+ 15+4, dos quais dois mártires e um antipapa (Hipólito).

Eis uma outra afirmação que pretendemos rebater. Cito textualmente: “Os quatro evangelhos canônicos, que se acredita terem sido inspirados pelo espírito Santo, não eram aceitos como tais no início da igreja. O bispo de Lyon, Irineu, explica os pitorescos critérios utilizados na escolha dos quatro evangelhos (reparem na fragilidade dos argumentos…): O evangelho é a coluna da Igreja, a Igreja está espalhada por todo o mundo, o mundo tem quatro regiões, e convém, portanto, que haja também quatro evangelhos. O evangelho é o sopro do vento divino da vida para os homens, e pois, como há quatro ventos cardeais, daí a necessidade de quatro evangelhos. (…) O Verbo criador do Universo reina e brilha sobre os querubins, os querubins têm quatro formas, eis porque o Verbo nos obsequiou com quatro evangelhos”. A cita é textual, com os erros de gramática correspondentes.

Ainda temos mais uma outra versão pitoresca, mas do lado espírita: “As versões sobre como se deu a separação entre os evangelhos canônicos e apócrifos, durante o Concílio de Niceia no ano 325 D.C, são também singulares. Uma das versões diz que estando os bispos em oração, os evangelhos inspirados foram depositar-se no altar por si só!!!…Uma outra versão informa que todos os evangelhos foram colocados por sobre o altar, e os apócrifos caíram no chão… Uma terceira versão afirma que o Espírito santo entrou no recinto do Concílio em forma de pomba, através de uma vidraça (sem quebrá-la), e foi pousando no ombro direito de cada bispo, cochichando nos ouvidos deles os evangelhos inspirados…” Vamos refutar estas afirmações estudando a formação do cânon tanto do AT como do NT.

LIVROS INSPIRADOS. O CANON

O CANON: Como se formou a lista dos livros sagrados? A palavra cânon significava em grego junco ou caniço. As varas desse material eram usadas como réguas para medir e portanto a palavra veio significar régua ou fixação de uma determinada matéria. Como se formou o cânon ou se fixou os números dos escritos do Velho e Novo Testamento?. Não entraremos com os livros do AT por eles não serem enumerados no artigo que estamos refutando. Quem quiser ver a matéria pode clicar em newadvent.org/ na enciclopédia católica no artigo cânon. Vamos intentar averiguar a fonte de semelhantes afirmações. Parece seja Voltaire no seu Dictionnaire Philosophique na seção Conciles. Era o mesmo homem que afirmou: mente que algo fica. Mas vejamos os fatos verdadeiros.

Tendo, pois, a palavra cânon o significado de lista dos livros sagrados, escritos sob a inspiração do Espírito Santo, vamos, através dos documentos históricos, ver quais e quantos são esses livros, especialmente os do NT.

LIVROS INSPIRADOS:

O primeiro a reconhecer a inspiração é o próprio Jesus segundo o que lemos em Mateus 4,4. Jesus usa o termo técnico judaico da época: Gegraptai (está escrito) Não só de pão vive o homem… de Dt 8,3. Na mesma passagem vemos outras citações: Salmos e de novo Deuteronômio. Seguindo esta tradição estudaremos os primeiros escritos dos padres apostólicos.

A DIDAQUÉ (90-120) -Da crença nos livros que podemos chamar de Sagrados, está a frase da Didaque em XVI 7, (os errethe) como “foi dito”: O Senhor virá e todos os santos com Ele de Zac 14,5 para imediatamente seguir com uma alusão a Mt 26, 64: Então o mundo virá o Senhor vindo sobre as nuvens do céu.

S. IGNÁCIO DE ANTIOQUIA (+ 107) – Fala de “Os gegraptai” como está escrito; e cita uma frase dos Pr 18,17: O justo é acusador de si mesmo. Tem também uma citação de Mt 10, 16 quando recomenda ser prudente como a serpente e sem falsidade(simples) como a pomba.

CLEMENTE (+ 120) -Também Clemente Romano com Gregaptai(está escrito) ou Legei gar e grafé (diz pois a Escritura), afirma a crença na inspiração. Um exemplo: Miríades e miríades estão junto dele; milhares e milhares estão ao seu serviço. E eles gritam: Santo, santo, santo é o Senhor dos Exércitos! Toda a criação está cheia de sua glória. (Is 6,3). Clemente fala de Escrituras Sagradas da verdade, as do Espírito Santo e de Ta lógia tou Theou (as palavras de Deus).

A Maravilha do Ocidente torna-se uma das Sete Maravilhas do Mundo

Mont Saint-Michel UNESCO World Heritage Site, France. Escudero |
Hemis.fr
France, Manche (50), Baie du Mont Saint-Michel, classée Patrimoine Mondial de l'UNESCO, la passerelle de l'architecte Dietmar Feichtinger et la Mont Saint-Michel

Por Victor Nexon

Em 1023, teve início a construção da abadia do Monte Saint-Michel. Mil anos depois, o emblemático santuário, muitas vezes chamado de Maravilha do Ocidente, acaba de ser nomeado uma das Sete Maravilhas do Mundo pela prestigiadíssimo Condé Nast Traveler, uma revista de turismo de luxo.

Esta é uma maneira agradável de celebrar o aniversário do início da construção da Abadia de Monte Saint-Michel. Esta última acabou de ser listada entre as Sete Maravilhas do Mundo pela revista americana Condé Nast Traveler. Ela figura na lista ao lado da geleira Perito Moreno (Argentina), do oásis Al-ʿUla (Arábia Saudita), do mosteiro Taktshang (Butão), da Capadócia (Turquia), do Lake District (Reino Unido) e da corrida das sardinhas (África do Sul).

Conhecida desde a Idade Média como a “Maravilha do Ocidente”, a outrora abadia beneditina foi construída durante um período de 500 anos e o próprio Monte tem sido um lugar de devoção ao arcanjo São Miguel desde 708. De acordo com a revista, o lugar é notável por sua combinação harmoniosa de “pedra e mar”, acrescentando que “talvez em nenhum outro lugar na Europa a arquitetura seja tão bem complementada pelo mundo natural”. Acrescentemos que nesta lista incomum o Monte é o único que nos conecta diretamente com o Senhor. Maravilhoso, não é?

Abadia de Mont-Saint-Michel (Normandia)

O ideal é atravessar a baía como os peregrinos da Idade Média, descalços nas areias movediças e com os olhos fixos no arcanjo São Miguel. À noite, de dia, com o tempo nublado, a abadia é um farol, uma rocha, um refúgio. Desde 2001, duas comunidades de monges e freiras das Fraternidades Monásticas de Jerusalém têm vivido na abadia. Eles prestam serviços de oração e dão-lhe as boas-vindas. (Shutterstock)

Fonte: https://pt.aleteia.org/

"Domingo da Palavra de Deus"

Domingo da Palavra de Deus | Vatican News

“DOMINGO DA PALAVRA DE DEUS”

Dom José Gislon
Bispo de Caxias do Sul (RS)

Estimados irmãos e irmãs em Cristo Jesus! A Igreja, que é mãe e mestra, nos convida para meditarmos, através da Palavra de Deus, sobre a nossa missão como cristãos no mundo. Cristãos que alimentam a vida de fé com o pão da Palavra e o pão da Eucaristia, para continuar a peregrinação de povo de Deus a caminho da casa do Pai. 

A Palavra de Deus, quando é escutada e acolhida no coração, transforma a nossa vida, nos ajuda a percorrermos um caminho de conversão, porque podemos perceber o quanto estamos longe da lei de Deus. Através da sua Palavra, o próprio Senhor se manifesta e revela quem ele é, e o que deseja do povo que está a caminho. Esperando que esse o escute atento, e o acolha com alegria, para formar um único corpo em comunhão com Ele. Este corpo é formado por muitos membros, numa relação de serviço entre eles, tendo cada um uma importante função para a edificação do bem comum, na Igreja, comunidade de fé, onde todos louvam a Deus e se alegram juntos.  

Como cristãos, devemos ter consciência de que fazemos parte de uma comunidade de fé. Se não temos consciência de que pertencemos a uma Igreja, tudo aquilo que diz respeito à vida de fé, ou ao compromisso com a comunidade, se torna para nós um peso, em vez de ser um motivo de alegria poder encontrar os irmãos e irmãs, que conosco se reúnem para louvar e agradecer ao Senhor.  

Quando acolhemos a Palavra de Deus, como é pronunciada ao nosso coração, para a nossa vida, na realidade de hoje, ela frutifica, alimenta a nossa vida de fé, nos fortalece na caminhada de povo de Deus, mantém acesa no nosso coração a chama da esperança, nos momentos bonitos, mas também naqueles de provações que a vida nos apresenta, muitas vezes de forma dura e inesperada. 

Na familiaridade com a Palavra de Deus, podemos perceber uma história de amor de Deus com a humanidade. Uma história de amor marcada pela ternura, compaixão e misericórdia, de proximidade do divino na fragilidade humana. Uma proximidade que cura os corações feridos, alimenta a esperança nos corações desanimados, e fortalece o espírito daqueles que se deixam tocar pela mão divina no peregrinar da realidade humana.

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF