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quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

DOM MÁRIO SOBRE OS YANOMAMIS

Dom Mário Antônio - Arcebispo de Cuiabá (MT) | cnbb

DOM MÁRIO SOBRE OS YANOMAMIS: “EXISTEM MUITOS DISCURSOS DE DEFESA DA VIDA, MAS POUCA PRÁTICA EM DEFESA DA VIDA FRAGILIZADA”

Durante quase seis anos, de 2016 a 2022, o atual arcebispo de Cuiabá (MT) e segundo vice-presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Mário Antônio da Silva, foi o bispo da diocese de Roraima (RR). Para ele, este tempo foi de aprendizado e partilha com as comunidades, também com os povos indígenas.

De acordo com ele, a diocese de Roraima sempre teve ao longo de sua história, sobretudo com os bispos anteriores, grande preocupação com os povos indígenas e também específica com o Povo Yanomami, com a presença dos missionários e as missionárias Consolata. Ele descreve, o trabalho como uma presença heroica de defesa, de respeito à sua cultura e religião e fomento de valores e da sabedoria deles. “A defesa se dá frente a omissão das autoridades, que têm a competência de cuidar dos povos indígenas”, reforça.

Diante desse momento de tristeza e de luto, dom Mário Antônio chama a Igreja ao compromisso de assumir uma verdadeira ecologia integral. O segundo vice-presidente da CNBB faz um chamado a que “como católicos nos unamos em defesa da vida e da vida concreta”. Segundo ele, hoje existem muitos discursos de defesa da vida, da fecundação até a morte natural, mas pouca prática em defesa da vida concreta existente diante dos nossos olhos, sobretudo quando ela está fragilizada. Confira, abaixo, a íntegra da entrevista que ele concedeu ao padre Luiz Modino, assessor de comunicação do regional Norte 1 da CNBB.

O senhor foi bispo da diocese de Roraima durante quase seis anos. Por todos os lugares onde passamos, vai ficando um pedaço do nosso coração. O que o senhor deixou na diocese de Roraima?

Meu período em Roraima, quase seis anos, foi um período de muitos desafios, mas também de muito aprendizado, aprendizado com as comunidades, sobretudo daquelas que estavam mais distantes do grande centro, que é a capital. Mas um aprendizado ímpar com os povos e comunidades indígenas.

Das muitas coisas que eu aprendi lá e procurei retribuir é a proximidade com as pessoas, a proximidade no aspecto de estar junto, não só para celebrar a missa, mas também para a convivência. E a convivência se dava nos arraiais, se dava nas quermesses, se dava até nos momentos de comensalidade, eram momentos muito bonitos.

O que eu procurei também partilhar com as comunidades da diocese de Roraima é que nós precisamos ter uma fé que é mais do que normas, sejam católicas ou bíblicas. Mas a nossa fé é adesão a Jesus Cristo e essa adesão é visibilizada pelo seguimento a Ele, na prática da paz, da justiça e da solidariedade. Foi isso que eu procurei partilhar com as pessoas, recebendo deles impulso e motivação para uma missão diante de tantos desafios.

O senhor fala da importância da convivência com o povo. Entre os Yanomami, a diocese de Roraima se faz presente através dos missionários e missionárias da Consolata, na missão Catrimani. Qual a importância dessa presença como Igreja no meio do Povo Yanomami e esse jeito de anunciar o Evangelho?

A diocese de Roraima sempre teve na sua história, sobretudo com os bispos anteriores, grande preocupação com os povos indígenas e também específica com o Povo Yanomami, com a presença dos missionários e as missionárias Consolata, uma presença heroica, de mulheres e homens na convivência com as comunidades do Povo Yanomami, no respeito à cultura, no respeito à religião, na convivência, no fomentar os valores e em valorizar a sabedoria do Povo Yanomami. No seu cuidado com a própria cultura, com a própria humanidade, com os membros de cada maloca, de cada comunidade, como também no cuidado da natureza, com o cuidado da floresta, dos rios, da obra do Criador.

É um jeito de conviver muito respeitoso e que tem sementes do Evangelho, que realmente revela o que o ser humano tem de mais humano e divino, no estar, na interlocução e no confronto. Por isso, a diocese de Roraima tem uma contribuição sem igual em toda a Igreja, para todo mundo, através do testemunho dos missionários e missionárias da Consolata, essa presença de respeito, de valorização, e digna de ser chamada também do Reino de Deus à luz daquilo que nos fala São Paulo, da graça, paz e justiça do Espírito Santo.

Uma presença que também foi de defesa diante de tantos ataques que os povos indígenas e sobretudo o Povo Yanomami têm sofrido nas últimas décadas. Por que é importante essa atitude de defesa da Igreja assumida pela diocese de Roraima em favor dos povos indígenas, do Povo Yanomami?

A gente gostaria que todo ser humano tivesse sua dignidade humana respeitada, seus valores reconhecidos, seus direitos cumpridos para que pudessem também seus deveres serem executados, sem traumas, sem sacrifícios, sem opressão e sem injustiça. Mas infelizmente é fantasia achar que a Igreja não precise estar na luta pelos mais empobrecidos. A Igreja de Roraima, como toda a Igreja católica, quando se coloca ao lado dos indefesos, dos mais pobres, tem sido a grande testemunha de Jesus Cristo.

No caso do Povo Yanomami, os missionários e missionárias da Consolata abrem portas e abrem os nossos olhos para uma atitude fundamental, mesmo que específica, diante dos desafios dos povos Yanomami, de lutar pela dignidade da sua vida, da sua saúde, de sua própria religião, conservando e escutando a sua própria sabedoria.

A defesa da Igreja se dá por algo que a gente fica muito triste, se dá por omissão das autoridades, que têm a competência de cuidar dos povos indígenas, da omissão do Governo Federal, do Governo Estadual e de outras instituições que têm a competência de cuidar dos povos indígenas. Esse abandono, esse descaso, esse desmonte de direitos fez com que o povo Yanomami entrasse ainda em uma escuridão maior, em uma treva que não mereciam. Parece-me que agora vem aí uma nova luz, tem novas luzes que surgem. Uma luz que a Igreja sempre procurou manter, mesmo que de maneira limitada, com as suas forças e com a sua missão lá com o Povo Yanomami.

Uma atitude que não é exclusiva da Igreja de Roraima, mas que poderíamos dizer que é assumida pela Igreja do Brasil e inclusive da Igreja universal com o apoio expresso do Papa Francisco aos povos indígenas. Como segundo vice-presidente da CNBB, como o senhor pensa que a Igreja do Brasil está impulsando essa defesa e como o que está acontecendo com o Povo Yanomami desafia a Igreja católica do Brasil nessa missão com os povos indígenas?

De fato, toda a atividade da diocese de Roraima, sempre foi acompanhada pela Igreja do Brasil, como também dioceses de outros países, inclusive da Europa. Instituições afins à defesa da causa indígena e à causa dos mais pobres, sempre colaboraram com esse protagonismo da Igreja de Roraima. Na CNBB temos acompanhado muito de perto toda essa questão dos povos yanomami. Inclusive várias entidades ligadas à nossa Conferência, como a Rede Eclesial Pan-Amazônica, em comunhão com a REPAM-Brasil, se manifestam nesse momento crucial para os povos yanomami.

Um grande desafio com este caso é que nós abramos mais os olhos, que nós estendamos mais a mão, que a gente se exercite um pouco mais na sensibilidade para com a realidade dos povos indígenas. Nessa sensibilidade, não apenas de compaixão no momento de sofrimento, mas também de promoção, de reconhecimento em todos os outros momentos, nos momentos também de conquistas e de vitórias dos povos indígenas.

É preciso transformar esse momento de tristeza, esse momento até de luto por tantas crianças indígenas que morreram em consequência dessa devastação de direitos, devastação da natureza, como também o envenenamento dos rios e tudo aquilo que têm causado destruição do meio ambiente, mas consequentemente pela bebida, pelas drogas, pela prostituição, pela invasão do garimpo ilegal, a devastação total do ser humano, das pessoas.

Cuidar através de uma ecologia integral, o grande desafio está em implantar aquilo que nos fala o Papa Francisco na Laudato si´, uma verdadeira ecologia integral, que promove a vida como um todo, prioritariamente o ser humano mais necessitado.

A Igreja do Brasil tem recebido críticas e desqualificações nos últimos dias, nas últimas horas, inclusive de pessoas que se dizem católicas. O que dizer para essas pessoas e como mostrar para elas que a defesa que a Igreja está fazendo do Povo Yanomami, dos povos indígenas, é algo que nasce da fé, do Evangelho, como uma exigência diante daquilo que Jesus Cristo nos pede como discípulos missionários?

O próprio Jesus Cristo, quando se coloca no início da sua missão, além de nos convidar à conversão aos valores do Reino de Deus, Ele diz claramente que veio para evangelizar os pobres, anunciar o ano da graça do Senhor, a libertar os cativos e prisioneiros, enfim a fazer o bem aos doentes e necessitados. Infelizmente, causa estranheza em muitos quando a Igreja abraça essa causa. Deveria ser o normal, mas parece que quando uma Igreja defende a causa dos mais pobres é algo extraordinário, como se fosse algo anormal. Isso simboliza que nós estamos fugindo um pouco da nossa missão.

Mas é importante, não obstante as críticas que vem, até de católicos de nome e renome, às vezes até influentes, de que nós estamos dando um testemunho de coerência aquilo que é o Evangelho de Jesus Cristo, sobretudo Jesus no seu programa missionário. Abandonar o programa missionário de Jesus, conforme Lucas 4, seria uma loucura da nossa parte e algo que não combinaria com a Igreja de Jesus Cristo. As críticas não deixarão de serem feitas, mas que também o pessoal que critica possa se sensibilizar pela vida humana diante dos seus olhos.

É importante que como católicos nos unamos em defesa da vida e da vida concreta. Hoje existem muitos discursos de defesa da vida, da fecundação até a morte natural, mas pouca prática em defesa da vida concreta existente diante dos nossos olhos, sobretudo quando ela está fragilizada. As críticas nos fazem perceber que o cuidado com a vida humana ainda está longe do Evangelho de Jesus Cristo.

Qual é a sua palavra de esperança para os povos indígenas de Roraima, especialmente para o Povo Yanomami neste momento de tanta dor?

A minha palavra de esperança vai naquilo que o profeta Isaías escreve em uma de suas passagens, o povo indígena merece uma luz, merece uma grande luz. Na verdade, os povos indígenas nos oferecem essa grande luz na sua maneira de ser e que precisam ser respeitados. A minha mensagem é de respeito, de valorização e de gratidão pela perseverança das comunidades indígenas em suas lutas, em suas causas nobres.

Inclusive de Roraima, nesses 50 anos do Conselho Indígena de Roraima, o CIR, juntamente com o Cimi, também em todo o Brasil, 50 anos de existência e testemunho na luta pelas causas dos povos indígenas. A minha palavra não é de muita coisa, senão de motivação para que prossigam com nosso reconhecimento e a nossa comunhão. Oxalá que a gente consiga como Igreja católica exercitar um passo de sinodalidade verdadeira com os povos indígenas em direção do Reino de Deus.

S. PAULA, MATRONA ROMANA

S. Paula, Maestro della Madonna di Strauss  (© Musei Vaticani)
26 de janeiro
Santa Paula

Nobre romana

Nascida em 347 d.C. no seio de uma ilustre família romana, - com laços de parentela com Cornélia, até remontar às origens do próprio Agamenon, - Paula casou-se, com a idade de dezesseis anos, com o senador Toxócio, do qual teve quatro filhas e um filho. Até aos 32 anos, viveu na riqueza e no luxo, vestindo-se de seda e carregada por escravos eunucos pelas ruas da cidade.

Com a morte do seu marido, Paula começou a frequentar um grupo de viúvas guiado por Santa Marcela: com elas, dedicou-se à oração e à penitência, hospedando, na sua grande mansão romana, no bairro do Aventino, esta Ordem semi-monacal. Santa Marcela, em 382, apresentou-lhe São Jerônimo, quando veio a Roma com os Bispos Epifânio de Salamina e Paulino de Antioquia. Ao hospedar em sua casa os três peregrinos, Paula ficou profundamente comovida. Jerônimo causou uma profunda influência em Paula, despertando nela o desejo de abraçar a vida monacal no Oriente.

Na Terra Santa

Em setembro de 385, após a morte da filha Belsila, Paula decidiu partir para a Terra Santa, acompanhada pela filha Eustóquia, para seguir a vida monacal. Jerônimo, que as havia precedido de cerca um mês, encontrou com elas em Antioquia e, juntos, fizeram uma peregrinação pelos lugares santos da Palestina. A seguir, foram ao Egito para frequentar as lições dos eremitas e cenobitas; enfim, estabeleceram-se em Belém, onde fundaram dois mosteiros: um masculino e outro feminino. Todos os dias, as monjas cantavam todo o Saltério, que deviam saber de cor. Além do mais, Paula era particularmente fiel ao jejum e às obras de caridade, chegando a doar aos pobres até o necessário para a subsistência da sua comunidade. Tanto Paula como Eustóquia participaram ativamente da pregação de Jerônimo, do qual foram devotas colaboradoras, conformando-se, sempre mais, com a sua direção espiritual. Jerônimo tinha um temperamento irascível, mas Paula o ajudou, sobretudo no contraste com os seguidores de Orígenes, a manter um confronto fundado na humildade e na paciência.

Um claro exemplo do seu estilo de vida foi testemunhado em uma carta que Paula escreveu a Marcela, que tinha ficado em Roma, procurando convencê-la a deixar a Cidade e ir morar com elas em Belém.

Tradução da Bíblia em latim

Entre as contribuições mais significativas de Paula para as pregações de Jerônimo encontra-se a tradução da Bíblia do grego e hebraico para o latim. Foi ela quem sugeriu a necessidade de tal tradução, dedicando-se, com a filha Eustóquia, à compilação da obra, para que fosse divulgada.

A morte

Em 406, com 56 anos, Paula percebeu que o dia da sua morte estava se aproximando, tendo o pressentimento de ouvir a voz de Jesus, que se dirigia a ela com as palavras do Cântico dos Cânticos: “Levante-se, meu amor, minha formosa e vem. Porque eis que passou o inverno; a chuva cessou e se foi; mostre-me seu rosto, faça-me ouvir sua voz, porque a sua voz é doce e o seu rosto gracioso”. E ela respondeu-lhe com as palavras do Salmo 27: “O Senhor é a minha luz e a minha salvação; a quem temerei? O Senhor é a força da minha vida; de quem me recearei? Pereceria, sem dúvida, se não cresse que veria a bondade do Senhor na terra dos viventes”, e adormeceu para sempre.

Participaram do seu funeral, não apenas os monges e as monjas dos dois mosteiros por ela fundados, mas também muitos pobres, que tinham sido ajudados por ela, durante anos, e que a consideravam mãe e benfeitora.

Santa Paulo foi sepultada em Belém, na igreja da Natividade. São Jerônimo lhe dedicou o Epitaphium sanctae Paulae. Quando ele também morreu, foi sepultado ao lado dos túmulos de Paula e Eustóquia.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Pedro e o Papado

Christ's Charge to Peter (Victoria and Albert Meseum)

Pedro e o Papado 

No Novo Testamento podemos encontrar ampla evidência de que Pedro foi o primeiro em autoridade entre os apóstolos. Cada vez que os apóstolos são nomeados, Pedro encabeça a lista (Mt 10,1-4; Mc 3,16-19; Lc 6,14-16; At 1,13); algumas vezes aparece somente “Pedro e aqueles que estavam com ele” (Lc 9,32). Pedro era o primeiro que geralmente falava em nome dos apóstolos (Mt 18,21; Mc 8,29; Lc 12,41; Jo 6,69), e aparece em muitas cenas dramáticas (Mt 14,28-32; Mt 17,24, Mc 10,28).

Em Pentecostes, Pedro foi o primeiro que predicou à multidão (At 2,14-40), e foi Pedro que realizou a primeira cura milagrosa na nascente Igreja (At 3,6-7). Também foi a Pedro a quem veio a revelação de que os Gentis foram batizados e aceitos como cristãos (At 10,46-48).

Sua preeminente posição entre os apóstolos estava simbolizada no próprio princípio de sua relação com Cristo. Em seu primeiro encontro, Cristo disse a Simão que seu nome seria mudado para Pedro, que é traduzido como Rocha (Jo 1,42).

O fato é que – além da única vez que Abraão é chamado “rocha” (Hebraico: sur; aramaico: Kefa) em Isaías 51,1-2 – no Antigo Testamento somente Deus era chamado de rocha. Na antigüidade, a palavra rocha não era usada como nome próprio. Se você se dirige a um companheiro e lhe diz: “De agora em diante teu nome é Aspargo”, as pessoas se surpreenderão. Por que Aspargo? Qual é a intenção disto? Que é que isto significa? Então, por que chamar “Rocha” a Simão, o pescador? Cristo não estava fazendo isto sem sentido, e tampouco os judeus, quando davam um nome.

Dar um novo nome é mudar a situação da pessoa, como quando o nome de Abrão foi mudado a Abraão (Gn 17,5), o de Jacó a Israel (Gn 32,28), o de Eliaquim a Joaquim (2Rs 23,34), os nomes dos quatro jovens hebreus – Daniel, Ananias Misael e Azarias – para Baltazar, Sidrak, Misak e Abdênago (Dn 1,6-8). Mas nenhum judeu tinha sido chamado de Rocha. Os judeus davam outros nomes tomados da natureza, como Barak (“relâmpago”, Jz 4,6), Débora (“abelha”, Gn 35,8) e Raquel (“ovelha”, Gn 29,16), mas não Rocha.

No Novo Testamento, Tiago e João foram chamados por Cristo com o sobrenome de Boanerges, que significa “Filhos do Trovão”, mas este nome nunca foi regularmente usado no lugar de seu nome original, e certamente não era tomado como um novo nome. Mas no caso de Simão-bar-Jonas, seu novo nome Kefas (em grego: Petrus) definitivamente substituiu o nome velho.

Como se deram as coisas

Não somente foi significante para Simão receber um novo e inusual nome, mas também foi importante o lugar onde Jesus solenemente mudou seu nome para Pedro. Isto sucedeu quando “Jesus veio à cidade de Cesaréia de Filipo” (Mt 16,13), uma cidade que Felipe, o Tetrarca, construiu em honra de César Augusto, que tinha morrido no ano 14 d.C.

A cidade estava situada perto das cascatas do rio Jordão e perto de um gigantesco muro de rocha de cerca de 60 metros de altura e 150 metros de largura, que é parte da parte sul do Monte Hermon. A cidade não existe atualmente, mas suas ruínas estão próximas a Banias, uma pequena cidade árabe, e na base do muro de rocha pode ser encontrada a sua esquerda um dos afluentes que alimentam o Jordão. Foi aqui onde Jesus se dirigiu a Simão e lhe disse: “Tu és Pedro” (Mt 16,18).

O significado deste fato ficou bem claro aos outros apóstolos. Como judeus devotos, eles sabiam que o lugar era verdadeiramente importante para o que estava sendo feito – mudar o nome de Simão. Ninguém acusou Simão por ter recebido somente ele esta honra, e no resto do Novo Testamento é chamado por seu novo nome, enquanto Tiago e João continuaram se chamando Tiago e João, e não Boanerges.

Promessas a Pedro

Quando Ele encontrou pela primeira vez Simão, “Jesus lhe fixou o olhar, e disse, ‘tu és Simão, o filho de João? Chamar-te-ás Kefas (que significa Pedro)'” (Jo 1,42). A palavra “Kefas” em grego é meramente a tradução literal da palavra “Kefas” em aramaico. Então, depois que Pedro e os outros discípulos estavam com Cristo, eles regressaram outra vez a Cesaréia de Filipo, onde Pedro fez sua profissão de fé: “Tu és o Cristo, o Filho de Deus Vivo” (Mt 16,16). Jesus lhe disse que aquilo era uma verdade especialmente revelada a ele e então solenemente reiterou: “E eu te digo: tu és Pedro” (Mt 16,18). E a isto acrescentou a promessa de fundar a Igreja, de algum modo, fundada sobre Pedro (Mt 16,18).

Então duas coisas muito importantes foram dadas aos apóstolos: “Tudo o que ates na terra, será atado no céu, e tudo o que desates na terra, será desatado nos céus” (Mt 16,19). Aqui, Pedro foi distinguindo com a autoridade de perdoar os pecados e elaborar as regras disciplinares. Logo os apóstolos receberam similar poder, mas, neste caso, particularmente aqui recebe Pedro de modo singular. Também foi somente a Pedro que foi prometido: “Dar-te-ei as chaves do Reino dos Céus” (Mt 16,19).

Naqueles tempos, a chave era sinal de autoridade. Uma cidade cercada de muralhas tinha uma grande porta, e essa porta tinha uma grande fechadura que funcionava com uma grande chave. Dar a chave da cidade (uma honra que ainda existe hoje em dia, ainda que não haja portas) é também dar livre acesso e autoridade sobre a cidade. A cidade da qual Pedro estava recebendo a chave era nada mais e nada menos que a própria Cidade Celestial. Este mesmo simbolismo para a autoridade é usado em outra parte da Bíblia (Is 22,22; Ap 1,18).

Finalmente, após a Ressurreição, Jesus apareceu para os seus discípulos e perguntou três vezes a Pedro: “Tu me amas?” (Jo 21,15-17). Em arrependimento por suas três negações, Pedro fez uma tríplice afirmação de amor. Então, Cristo, o Bom Pastor (Jo 10,11.14), deu a Pedro a autoridade que havia prometido: “Apascenta as minhas ovelhas” (Jo 21,17).

Isto especificamente incluía os outros apóstolos, já que Jesus perguntou a Pedro, “Tu me amas mais do que estes?” (Jo 21,15) – a palavra “estes” se refere aos outros apóstolos que estavam presentes (Jo 21,2) -. Isto aconteceu para que se cumprisse a profecia feita antes de Jesus e seus discípulos estarem pela última vez no Monte das Oliveiras. Antes de sua negação Jesus disse a Pedro: “Simão, Simão, eis que Satanás pediu insistentemente para vos peneirar como trigo; eu, porém, orei por ti, a fim de que tua fé não desfaleça. Quando, porém, te converteres, [depois de sua negação] confirma teus irmãos.” (Lc 22,31s). Foi por Pedro que Cristo rezou para que não lhe faltasse a fé e para que fosse o guia dos outros, e sua oração, sendo perfeitamente eficaz, seria cumprida certamente.

Quem é a rocha? Voltemos nossa atenção para o verso-chave: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei minha Igreja” (Mt 16,18). A discussão sobre este verso sempre se voltou para o significado da palavra “pedra” ou “rocha”. A quem Jesus se refere? Visto que o novo nome de Simão, Pedro, por si só significa “rocha”, a frase pode ser reescrita como “Tu és Rocha e sobre esta rocha edificarei minha Igreja”. O jogo de palavras é óbvio, mas muitos comentaristas, desejando evitar o que segue (a instituição do papado), têm insinuado que a palavra rocha não pode referir-se a Pedro, mas sim à sua profissão de fé ou ao próprio Cristo. Do ponto de vista gramatical, a frase “esta rocha” deve referir-se ao substantivo mais próximo. A profissão de fé de Pedro (“Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”), é feita a dois versículos do termo em análise, enquanto que seu nome, um nome próprio, está precedendo imediatamente a cláusula. Consideremos como analogia esta paráfrase: “Eu tenho um carro e um caminhão, e este é azul.” Qual é o azul? O caminhão, porque é o substantivo mais próximo ao pronome “este”. Tudo isto seria mais claro se a referência ao carro fosse a duas frases da que contém o adjetivo “azul”, como a referência à profissão de fé de Pedro está a duas frases do termo “rocha”.

Outra alternativa

O mesmo tipo de argumentação considera que a palavra rocha pode fazer referência ao próprio Cristo, já que ele está mencionado na profissão de fé. O fato de que em outra parte da Escritura, em uma metáfora diferente, Cristo seja chamado “pedra angular” (Ef 2,20; 1Pe 2,4-8) não desaprova que aqui a fundação seja Pedro. Naturalmente, Cristo é o principal e, já que ele está regressando aos céus, a invisível fundação da Igreja que ele estabelecerá, Pedro é nomeado por ele como o secundário, porque ele e seus sucessores permanecerão sobre a terra, a visível fundação. Pedro pode ser a fundação somente porque Cristo é o Primeiro.

Consideremos outra analogia: Às vezes pedimos a nossos amigos que rezem por nós e oramos por eles. Nossas orações pedem a Deus especial ajuda para um e outro. Que estamos fazendo quando rezamos? Estamos agindo como mediadores, como intercessores. Estamos suplicando a Deus em favor de outro. Seria isto contra a declaração de Paulo que Cristo é o único mediador (1Tm 2,5)? Não, porque nossa mediação é inteiramente secundária e depende da mediação de Cristo. Ele é o único Deus-Homem, a única pessoa que é ponte entre Deus e o homem, mas nossa intercessão por outra pessoa não interfere na mediação de Cristo. Na realidade, nos quatro versos anteriores a 1Tm 2,5, Paulo manda os cristãos orarem uns pelos outros. Cristo poderia ter estabelecido sua mediação da forma que quisesse, mas decidiu que nós também participaríamos quando Ele próprio nos mandou rezar uns pelos outros (Mt 5,44; 1Tm 2,14; Rm 15,30; At 12,50). Assim, como pode haver intercessores secundários e um principal, também pode haver uma fundação secundária e uma principal.

Um olhar para o Aramaico

Os que se opõe à interpretação católica de Mt 16,18 algumas vezes argumentam que no texto grego o nome do apóstolo é “Petros”, enquanto “rocha” é traduzida como “pedra” (petra). Eles dizem que a primeira palavra (petros) significa uma pequena pedra e que a segunda (petra) é uma grande massa de rocha, então, se Pedro foi pensado para ser uma grande rocha, por que seu nome não é “Petra”? Mas, observe que Cristo não falou para os seus discípulos em grego.

Ele falou em aramaico, uma linguagem popular na Palestina de então. Nessa língua a palavra para “rocha” era “Kepha”, que é a utilizada por Jesus em sua linguagem comum (repare que em Jo 1,42 Ele disse: “chamar-te-ás Cefas”). O que Jesus disse em Mt 16,18 foi isto: “Tu és Kepha, e sobre esta kepha edificarei minha Igreja.”

Quando o evangelho segundo São Mateus foi traduzido do aramaico original para o grego surgiu um problema que o evangelista não enfrentou quando compôs este compêndio da vida de Cristo. Em aramaico, a palavra kepha tinha o mesmo sentido final para se referir a uma grande rocha ou a um nome pessoal masculino. Em grego, a palavra para traduzir rocha, petra, é do gênero feminino. O tradutor poderia usá-la na segunda vez em que aparece a palavra na oração, mas não na primeira porque seria inapropriado dar a um homem um nome feminino. Por isso o tradutor pôs um final masculino nele, e este foi Petros.

Além disso, a premissa do argumento contra Pedro como rocha é simplesmente equivocada, pois no século primeiro as palavras gregas “petros” e “petra” eram sinônimos. Possuíram o significado de “pequena pedra” e “rocha grande”, respectivamente, nos primórdios da poesia grega, mas no século primeiro essa distinção já havia se perdido, assim admitem alguns protestantes estudiosos da Bíblia (Ver os comentários de D. A. Carson em, “Expositor’s Bible Commentary” [Grand Rapids: Zondervan Books]).

Alguns dos efeitos do jogo de palavras de Cristo perderam-se na tradução do aramaico para o grego, mas foi o melhor que pôde ser feito em grego. Em inglês, como em aramaico, não existem problemas com as finais, porque na tradução para o inglês poderia ser lido: “Tu és Rocha, e sobre esta rocha edificarei minha Igreja”. [Pode-se dizer o mesmo em português. Assim como em aramaico, a frase não gera nenhuma confusão, tal como se lê na tradução hoje em dia: “Tu és Pedro (nome próprio masculino que significa pedra), e sobre esta pedra (substantivo comum que faz referência ao substantivo próprio anterior) edificarei minha Igreja.” Nota do tradutor.]

Considerando outro ponto de vista; se a palavra rocha se refere diretamente a Cristo (como dizem alguns anticatólicos, baseando-se em 1Cor 10,4 “e essa rocha era Cristo” – ainda que a rocha fosse literalmente uma rocha física que viajava com os israelitas no deserto durante o êxodo; cf. Ex 17,6; Nm 20,8), por que Mateus deixou a passagem como estava? No aramaico original, e no inglês que é mais parecido com o aramaico do que o grego, a passagem é clara. Mateus acreditava que seus leitores entenderiam o óbvio sentido de “Pedro … pedra”.

Se Mateus referia-se a Cristo como a rocha, por que não o fez claramente? Por que deu a oportunidade e deixou Paulo escrever esclarecendo o texto (pressupondo, naturalmente, que 1 Coríntios foi escrito depois do evangelho segundo Mateus, e se foi primeiro, por que não escreveu para esclarecer o assunto?).?

A razão, certamente, é que Mateus sabia muito bem que a frase queria dizer o que realmente está dizendo. E foi Simão, fraco como era, o escolhido para ser a rocha, o primeiro elo na cadeira do papado.

Fonte: ACI Digital

Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo

A conversão de São Paulo, apóstolo | liturgiadashoras

Das Homilias de São João Crisóstomo, bispo

(Hom. 2 de laudibus sancti Pauli: PG 50,447-480)             (Séc.IV)

Por amor de Cristo, Paulo tudo suportou

O que é o homem, quão grande é a dignidade da nossa natureza e de quanta virtude é capaz a criatura humana, Paulo o demonstrou mais do que qualquer outro. Cada dia ele subia mais alto e se tornava mais ardente, cada dia lutava com energia sempre nova contra os perigos que o ameaçavam. É o que depreendemos de suas próprias palavras: Esquecendo o que fica para trás, eu me lanço para o que está na frente (cf. Fl 3,13). Percebendo a morte iminente, convidava os outros a comungarem da sua alegria, dizendo: Alegrai-vos e congratulai-vos comigo (Fl 2,18). Diante dos perigos, injúrias e opróbrios, igualmente se alegra e escreve aos coríntios: Eu me comprazo nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições (2Cor 12,10); porque sendo estas, conforme declarava, as armas da justiça, mostrava que delas lhe vinha um grande proveito.

Realmente, no meio das insídias dos inimigos, conquistava contínuas vitórias triunfando de todos os seus assaltos. E em toda parte, flagelado, coberto de injúrias e maldições, como se desfilasse num cortejo triunfal, erguendo numerosos troféus, gloriava-se e dava graças a Deus, dizendo: Graças sejam dadas a Deus que nos fez sempre triunfar (2Cor 2,14). Por isso, corria ao encontro das humilhações e das ofensas que suportava por causa da pregação, com mais entusiasmo do que nós quando nos apressamos para alcançar o prazer das honrarias; aspirava mais pela morte do que nós pela vida; ansiava mais pela pobreza do que nós pelas riquezas; e desejava muito mais o trabalho sem descanso do que nós o descanso depois do trabalho. Uma só coisa o amedrontava e fazia temer: ofender a Deus. E uma única coisa desejava: agradar a Deus.

Só se alegrava no amor de Cristo, que era para ele o maior de todos os bens; com isto julgava-se o mais feliz dos homens; sem isto, de nada lhe valia ser amigo dos senhores e poderosos. Com este amor preferia ser o último de todos, isto é, ser contado entre os réprobos, do que encontrar-se no meio de homens famosos pela consideração e pela honra, mas privados do amor de Cristo.

Para ele, o maior e único tormento consistia em separar-se de semelhante amor; esta era a sua geena, o seu único castigo, o infinito e intolerável suplício.

Em compensação, gozar do amor de Cristo era para ele a vida, o mundo, o anjo, o presente, o futuro, o reino, a promessa, enfim, todos os bens. Afora isto, nada tinha por triste ou alegre. De tudo o que existe no mundo, nada lhe era agradável ou desagradável.

Não se importava com as coisas que admiramos, como se costuma desprezar a erva apodrecida. Para ele, tanto os tiranos como as multidões enfurecidas eram como mosquitos.

Considerava como brinquedo de crianças os mil suplícios, os tormentos e a própria morte, desde que pudesse sofrer alguma coisa por Cristo.

Uma das formas mais simples de rezar é também a mais eficaz

Iryna Inshyna | Shutterstock
Por Peter Cameron

E se a maneira mais simples de rezar fosse esta? Rezar assim com fé nos permite expulsar todos os pensamentos malignos e nos dirigir com amor a Cristo.

Não tem tempo para rezar? No entanto, uma só palavra contém o poder de uma oração: é o nome de Jesus. Uma das maneiras mais simples de rezar é também a mais eficaz: dizer “Jesus” com devoção. É o único nome que realmente contém a presença que ele significa. Dizer o Santo Nome de Jesus com fé afasta os maus pensamentos e aproxima aquele que reza desta maneira de Cristo (CIC 432):

“O nome ‘Jesus’ contém tudo. O Nome de Jesus é o único que contém a presença que ele significa.

O Santo Nome de Jesus é muito poderoso. Como nos lembra o Catecismo da Igreja Católica: “O nome ‘Jesus’ significa que o próprio nome de Deus está presente na pessoa de seu Filho”. Os apóstolos também testemunharam a supremacia espiritual do Santo Nome de Jesus. Para São Pedro, “não há outro nome em todo o mundo dado aos homens pelo qual devemos ser salvos” (At 4,12).

O nome de Jesus batiza e perdoa, como nos lembra São João: “Pelo nome de Jesus vossos pecados foram perdoados… Tendes a vida eterna, vós que credes no nome do Filho de Deus” (1Jo 2,12; 1Jo 5,13). O nome de Jesus é, portanto, muito mais do que uma oração, ele realiza as coisas que o próprio Jesus realiza: “Mas fostes lavados, mas fostes santificados, mas fostes justificados, em nome do Senhor Jesus Cristo”, escreve São Paulo (1 Cor 6,11).

O nome de Jesus é a maior honra do fiel a Deus

Para compreender o poder de um nome, basta pensar na alegria que temos quando ouvimos nosso próprio nome pronunciado por alguém que amamos. “O dom de um nome é da ordem da confiança e da intimidade” (CIC 2143). De fato, o nome revela a pessoa e é uma espécie de convite para dar um passo em direção a ela. “Revelar o próprio nome é dar-se a conhecer aos outros; é, de certa forma, entregar-se, tornando-se acessível, capaz de ser conhecido mais intimamente e abordado pessoalmente” (CIC 203). Jesus faz tudo isso por nós, no próprio dom de seu Santo Nome! “O nome de Jesus é a maior honra do fiel em Deus”, escreveu São Bernardino de Siena.

A invocação prolongada do nome Jesus é uma oração muito poderosa

Para rezar o Santo Nome de Jesus, basta repetir “Jesus” em voz baixa, de forma simples e amorosa. A invocação prolongada do nome Jesus é uma oração muito poderosa, ajudando a esmagar pensamentos de orgulho, autogratificação, raiva e, em vez disso, desenvolver bons pensamentos. O nome Jesus não é, portanto, apenas um nome, pois contém o mistério e o poder da pessoa de Cristo. A repetição do nome Jesus com fé nos permite, ao mesmo tempo, quebrar o fio do mau pensamento e incutir em nós “o espírito que estava em Cristo Jesus” (Fil 2,5).

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa nomeia mais um Bispo Auxiliar para a Arquidiocese de Brasília

arqbrasilia

Papa nomeia mais um Bispo Auxiliar para a Arquidiocese de Brasília

Na manhã desta quarta-feira (25/01), Festa da Conversão de São Paulo, a Sala de Imprensa da Santa Sé comunicou que o Santo Padre nomeou mais um Bispo Auxiliar para cooperar com a missão do Cardeal Paulo Cezar Costa na Arquidiocese de Brasília. Trata-se do Monsenhor Denilson Geraldo, S.A.C, da Sociedade do Apostolado Católico, também conhecida como Padre Palotinos.

Monsenhor Denilson Geraldo nasceu 31/05/1969 em Cornélio Procópio (PR) e foi ordenado presbítero em 06/07/1997. É doutor em Direito Canônico pela Pontifícia Universidade Lateranense e, atualmente, professor em diversas universidades no país, com destaque para a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo – PUC-SP. Mons. Denilson encontra-se em Roma, atualmente, por conta de seu ofício no Conselho Geral da Sociedade do Apostolado Católico.

Monsenhor Denilson Geraldo, SAC se associa a Dom José Aparecido, Bispo Auxiliar da Arquidiocese desde 2013, e ao Monsenhor Antonio Aparecido, nomeado Bispo Auxiliar no último dia 21 de dezembro na missão de colaborar com o Cardeal Arcebispo de Brasília na condução do rebanho do Cristo no Distrito Federal. Posteriormente serão comunicadas as datas de ordenação e apresentação em Brasília do novo Bispo Auxiliar.

Igrejas católicas nos EUA sofreram quase 300 ataques desde 2020

Estátua de um santo vandalizada nos EUA / Shutterstock

WASHINGTON DC, 24 Jan. 23 / 10:49 am (ACI).- Um relatório atualizado de CatholicVote revela que, desde maio de 2020, houve 275 ataques a igrejas católicas.

Naquele mês, por causa da morte de George Floyd, morto pela polícia de Minneapolis, teve início um período de agitação civil tomou conta do país. Segundo CatholicVote, os templos não ficaram a salvo das turbas que destruíam propriedades em várias cidades. Os ataques, revela o documento, continuaram e se intensificaram.

Os ataques incluem incêndios criminosos que danificaram ou destruíram igrejas, mensagens satânicas pintadas com spray, pedras e tijolos jogados em janelas e estátuas quebradas.

CatholicVote afirma que houve uma segunda onda de ataques muito marcante, após o vazamento do projeto de sentença da Suprema Corte revertendo a decisão sobre o aborto no caso Roe x Wade, no início de maio de 2022. Em 1973, Roe x Wade liberou o aborto nos EUA. em julho do ano passado a decisão, foi de fato, anulada.

Um relatório do Family Research Council publicado em dezembro também mostrou que os ataques a igrejas aumentaram após a anulação de Roe x Wade.

Desde que o rascunho vazou até o momento, houve 118 ataques a igrejas católicas, segundo CatholicVote.

“Enquanto alguns ataques incluíam roubo, a grande maioria envolvia apenas a destruição de propriedades, indicando que o ganho material não era o motivo principal”, disse a organização católica, no domingo (22).

Dos 50 Estados americanos, 42 e o distrito federal Washington D.C. foram afetados por atos de vandalismo.

Os Estados com mais ataques são: Califórnia, com 39; Nova York, com 28; Pensilvânia, com 19; Texas, com 15; Colorado, com 14; Nova Jersey, com 14; Massachusetts, com 12; Flórida, com 11; Washington, com 11; e Oregon, com 10.

Em seu relatório, CatholicVote também afirmou que apenas 25% dos ataques a igrejas que registrou levaram a alguma prisão.

“O vandalismo que estamos vendo hoje está aumentando rapidamente para níveis não vistos desde o final de 1800 e início de 1900 por grupos organizados como Know-Nothings e Ku ​​Klux Klan”, escreveu o presidente da CatholicVote, Brian Burch. Ambos os grupos citados por Burch defendiam a supremacia dos anglo-saxões rotestantes contra negros e imigrantes, principalmente católicos como irlandeses e italianos.

Em dezembro de 2021, Burch enviou uma carta ao Departamento de Justiça, citando pelo menos 114 casos desde maio de 2020 e criticando sua liderança por "não fazer nenhum esforço significativo para conscientizar ou abordar o aumento inquietante de ataques cheios de ódio contra católicos, símbolos religiosos, santuários, estátuas e igrejas".

A vice-procuradora-geral Vanita Gupta respondeu à carta de Burch em 28 de janeiro de 2022, prometendo uma "revisão de 15 dias para garantir que todos os recursos apropriados estejam disponíveis para proteger os locais de culto".

CatholicVoice afirmou que, desde então, "não há evidências de que o Departamento de Justiça tenha tomado qualquer ação específica e os ataques continuaram".

Fonte: https://www.acidigital.com/

O que a conversão de São Paulo nos ensina sobre Cristo

Antoine Mekary / Godong
25 de janeiro
Por Edifa

A vida cristã consiste em abraçar a religião, em ter uma conversão forte na fé, até o ponto de se tornar cada vez mais homens e mulheres evangélicos, vivendo neste mundo "à imagem e semelhança de Deus". Mas o que isso significa e como conseguimos essa conversão?

Aconversão de São Paulo no caminho de Damasco é exemplar. É uma das razões das quais é a única que comemoramos no ano litúrgico, no dia 25 de janeiro. Não comemoramos a conversão de Santo Agostinho, nem a de São Francisco, nem a do Beato Charles de Foucauld, mas sim a de São Paulo, porque ele é de certo modo o arquétipo de toda conversão cristã. Então, temos que entender o que é.

A conversão, para São Paulo, não consistia apenas em renunciar às suas opiniões e mudar seu comportamento, mas em renunciar à imagem que tinha de si mesmo, em morrer em si mesmo para revestir-se de Cristo. Ele não apenas passou da condição de fariseu para a de cristão praticante e atencioso. Ele se tornou uma “nova criatura em Cristo” (2 Cor 5,17). Assim é a mesma coisa com todos nós. O apelo de Cristo à conversão é um convite a entrar em comunhão com Ele, até o ponto de poder dizer com São Paulo: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim” (Gl 2, 20). Desde a sua conversão, esta é a única coisa que realmente contou aos olhos de São Paulo. Nem a circuncisão, nem a lei, nem as obrigações alimentares, mas Cristo.

Convertam-se para se tornarem homens e mulheres evangélicos

Nossa vida cristã é basicamente um processo de conversão. Trata-se de nos libertar de toda forma de escravidão para assemelharmos cada vez mais ao próprio Deus, que nos criou à sua imagem e semelhança. Se não nos convertermos, se não nos tornarmos mais semelhantes a Cristo depois de anos de vida “cristã”, então corremos o risco de ser neste mundo meras caricaturas de Deus e, vamos enfrentá-lo, uns escândalos ambulantes para aqueles que só conhecem o Evangelho por ouvir dizer. Agora, como diziam os antigos: Corruptio optimipessima, a corrupção dos melhores é a pior de todas!

Quantas vezes já ouvimos este tipo de comentário de pessoas escandalizadas pelos “católicos dominicais”: “Você diz que é cristão e passa o tempo fazendo isso ou sem fazer aquilo”. E é que a autêntica vida cristã não consiste apenas em ir à missa de domingo e em acreditar nos 598 números do resumo do Catecismo da Igreja Católica (embora isso seja ótimo, obviamente). A vida cristã consiste em ter uma conversão até o ponto de nos tornarmos cada vez mais homens e mulheres evangélicos, vivendo neste mundo “à imagem e semelhança de Deus”. Portanto, o essencial da conversão cristã pode ser dito em duas palavras: divinização e libertação. Converter-se é unir-se a Deus e libertar-se do que é contrário à ele.

Deus nos uniu à sua própria vida

O Oriente cristão não hesita em falar de “divinização” para expressar esta vocação cristã. “Porque esta é a razão pela qual o Verbo se fez homem, e o Filho de Deus, o Filho do homem: para que o homem, entrando em comunhão com o Verbo e recebendo assim a filiação divina, se torne um filho de Deus”, disse Santo Irineu de Lyon (século II). Santo Atanásio de Alexandria (século IV) acrescentou: “Porque o Filho de Deus se fez homem para nos fazer Deus”. Até Santo Tomás de Aquino (1225-1274) concordou: “O Filho Unigênito de Deus, querendo nos tornar participantes da sua divindade, assumiu a nossa origem para que, feito homem, fizesse dos homens deuses”.

Hoje em dia, hesitamos na hora de usar essa linguagem. E, no entanto, não há nada mais clássico e mais verdadeiro do que isto: Deus, desde a criação da humanidade, não teve outro propósito senão tornar o homem semelhante à Ele. O pecado de Adão e do homem condenou aquele plano original, mas a obediência de Cristo à Cruz o restaurou. Em Cristo, tornamo-nos “participantes da origem divina” (2 Pedro 1, 4). Certamente, não somos divinos do ponto de vista da origem – ainda somos humanos – mas somos do ponto de vista da vida divina que flui em nossa alma desde o batismo. Deus nos juntou à sua própria vida. A graça que transborda em nossa alma é uma participação em sua própria vida, mas se isso for verdade, como podemos mudar tão pouco? Por que é tão difícil para nós ter uma conversão de verdade? Em parte, é porque não tornamos esta verdade nossa. Acreditamos vagamente que somos filhos de Deus, por isso não entramos totalmente no mistério que nos foi dado viver aqui e agora.

Visto que o que somos profundamente não é muito visível mesmo aqui embaixo, sempre somos levados a diminuir o mistério de nossa vida cristã. O Diabo, que entende muito bem qual é a pergunta, nos testa (e nos odeia!) da mesma forma que testou (e odiou) Jesus no deserto, tentando nos fazer duvidar do nosso ser profundo: “Se tu és o Filho de Deus”, quer dizer: “Se tu és o que pretendes ser, isso deveria ser visto um pouco mais!”. O Diabo quer nos cegar para nossa verdadeira identidade (Deus em nós e nós em Deus). E é a armadilha em que caímos sempre que tentamos construir nossa personalidade em algo diferente de Deus. Então, assumimos uma certa qualidade superficial para nosso eu profundo e, em última análise, é uma forma sutil de idolatria mas gostamos de adorar esse querido “eu” que pensamos que somos; e como percebemos que a conversão vai arrancá-lo de nós, resistimos, deixamos a Hora de Deus e a nossa para amanhã.

Uma conversão é uma libertação

Cada conversão é um mistério pascal: um mistério de crucificação e ressurreição, porque ter uma conversão “numa nova criatura” só pode ser feito ao preço da morte do “homem velho” (isto é, muitas vezes, do homem novo em quem acreditamos ser!). No entanto, embora seja algo a que todos estamos muito apegados, trata-se da imagem que fazemos de nós mesmos (seja ela positiva ou negativa, além disso). Saulo, que planejava chegar com orgulho a Damasco para levar os discípulos de Cristo cativos para lá, deve ter, após seu encontro com Jesus, entrado na cidade cego e conduzido pela mão. Foi necessário que seu “ego” fosse quebrado para que seu “eu profundo” pudesse emergir. Foi necessário que o fariseu que ele foi, fosse “crucificado” com Cristo para poder ressuscitar cristão.

No terceiro relato de sua conversão, no capítulo 26 dos Atos dos Apóstolos, há um detalhe que nos diz o quão difícil deve ter sido a luta com Deus para Saulo. Tendo se tornado cristão, ele contou esta frase que Cristo lhe disse no caminho: “Saulo, Saulo, por que você está me perseguindo? Você se machuca ao chutar o ferrão”. Chutar contra o ferrão é o que o boi faz quando se recusa a avançar, embora receba a aguilhada do boiadeiro. Jesus, portanto, compara Saulo a um boi que resiste e se machuca por resistir. É também comovente ver que ele não lhe diz: “Você me desrespeita resistindo a mim” ou “Você é cruel e saberá da minha raiva se continuar assim”. Também não diz: “Acho difícil suportar isso”, mas sim: “É difícil para você”, “É muito difícil para você”. É um pouco como dizer: “Não vou falar sobre o dano que você está causando a mim, mas olhe um pouco para o dano que você está causando a si mesmo!”

A conversão cristã não é apenas uma conversão moral ou uma libertação do pecado (Paulo não nos diz: “Antes eu fazia coisas erradas, agora faço coisas certas”); é uma conversão que atinge no fundo de todo o nosso ser pessoal, uma libertação em relação a tudo o que, em nossa pessoa, resiste a Deus.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Israel e Jordânia se unem para recuperar rio Jordão e mar Morto

Rio Jordão | Folha de São Paulo

Israel e Jordânia se unem para recuperar rio Jordão e mar Morto

Fundamentais nos ecossistemas do Oriente Médio, locais estão secando.

Por: Diogo Bercito - 19.jan.2023

Os governos de Israel e da Jordânia têm se aproximado nos últimos meses para enfrentar um dos grandes desafios ambientais de sua região.

Esses dois países —que no passado guerrearam— assinaram em novembro uma declaração conjunta para cooperarem na recuperação do rio Jordão. A assinatura aconteceu na cúpula do clima COP27, no Egito.

O rio Jordão está contaminado e vem sumindo. É, segundo a Bíblia, o cenário do batismo de Jesus, além de outros episódios centrais do livro. Turistas, em especial os religiosos, costumam visitá-lo para serem batizados e encher garrafinhas com essa água, de simbolismo tamanho.

Rio Jordão com o mar Morto, onde ele deságua, ao fundo, perto da cidade de Jericó (Cisjordânia) - Menahem Kahana - 14.out.2022/AFP

A importância do Jordão vai além da Bíblia, porém. O rio desce do mar da Galileia, no norte de Israel, e desemboca no mar Morto. É uma peça fundamental para os ecossistemas do Oriente Médio –uma das regiões do mundo mais afetadas pela mudança climática, segundo especialistas.

Isso sem mencionar a importância política. O rio Jordão passa pela Cisjordânia, um território que Israel ocupa desde 1967. Sua bacia inclui a Síria, em conflito com Israel, e também os palestinos, sob seu controle.

Segundo Elias Salameh, professor na Universidade da Jordânia e especialista no tema, todos os países que fazem parte da bacia do rio contribuíram —por exemplo, desviando água— à diminuição do fluxo do Jordão. Eram 1.400 milhões de metros cúbicos anuais nos anos 1960; o número caiu à taxa atual: de 100 milhões a 150 milhões de metros cúbicos anuais.

O incremento da atividade agrícola e da urbanização nos países da região foi, ainda, responsável pela poluição do Jordão com dejetos e componentes químicos. Ademais, a intensa atividade humana levou a um aumento "dramático", da salinidade do rio, na avaliação de Salameh.

O curso do rio Jordão afeta também o mar Morto, um ecossistema único e bastante frágil —onde turistas vão para flutuar na superfície, graças à excepcional composição salina da água. Segundo o professor Salameh, o nível desse mar baixou em quase 40 metros desde os anos 1970. O mar Morto corre o risco, assim, de fazer jus ao seu nome e realmente morrer.

A diminuição da superfície do mar Morto resulta em diversos fenômenos, como a diminuição da umidade do ar, afetando a vida ao redor. Crateras têm surgido ao redor da costa, com risco a assentamentos.

Formações salinas no sul do mar Morto, perto de Neve Zohar (Israel) - Gil Cohen-Magen - 9.jan.2023/AFP

O texto assinado por Israel e pela Jordânia inclui planos para aumentar o fluxo de água que vem do rio Jordão, limpá-lo, incentivar a agricultura sustentável na bacia e criar reservas ambientais em toda essa região.

Não está claro qual será o impacto imediato, no entanto, e há razões para ceticismo. Em primeiro lugar, porque o ministro israelense que firmou o acordo já não faz mais parte do governo. Em segundo, porque os palestinos —que vivem na bacia— não foram fizeram parte da conversa.

Ainda assim, a assinatura é um marco importante. "Significa que Israel e Jordânia entenderam as consequências do que está acontecendo", diz Yana Abu-Taleb, uma das diretoras da Eco Peace, ONG que conecta israelenses, jordanianos e palestinos para a proteção ambiental.

"Eles compreenderam que a mudança climática afeta todos os lados e que eles precisam cooperar", ela afirma, reforçando que "o ambiente não respeita fronteiras."

Para além do impacto ambiental, Abu-Taleb ressalta também a importância dos planos de recuperação do rio em termos econômicos. O texto prevê o desenvolvimento sustentável ao redor do Jordão, em especial nos territórios onde vivem jordanianos e palestinos.

Na visão de organizações como a Eco Peace, soluções ambientais como a recuperação do rio Jordão têm, inclusive, o potencial de promover a paz regional. "Ao reunir as partes para falar sobre a mudança climática, nós ajudamos a criar confiança entre elas. Só com confiança haverá paz."

Abu-Taleb diz, ainda, que a própria degradação do rio Jordão é uma das consequências dos conflitos e dos desentendimentos entre os países nessa região. "Não há cooperação, e é aí que o rio perde sua água. Os governos se apropriam há décadas do quanto podem, sem negociar. Agora estão enfrentando secas. Se a gente não colaborar, todos perdem."

Salameh diz algo parecido com a fala de Abu-Taleb. "Devido à situação delicada das fronteiras de diferentes países em conflito, as medidas adequadas não foram implementadas", afirma. "O rio Jordão virou um local de depósito para dejetos. E ninguém se sentiu responsável por ele."

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

Fonte: https://www1.folha.uol.com.br/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF