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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

A importância do matrimônio nos padres da Igreja

Vatican News

"O matrimônio é um dos sete sacramentos da vida eclesial. É a unidade de duas pessoas que se amam, projetam uma vida em conjunto, com a vida de filhos e filhas para assim formar uma só carne como Jesus falou aos seus discípulas, discípulos, missionárias e missionários. É preciso rezar por todos os casais, aqueles que estão bem os passam por algumas dificuldades de relacionamento, falta de emprego ou estão em segunda união."

Por Dom Vital Corbellini, Bispo de Marabá (PA)

Deus criou o ser humano à sua imagem e semelhança(Gn 1,26), como dons a serem desenvolvidos na realidade do mundo e em vista da glória do Senhor. Esta unidade do homem com a mulher e da mulher com o homem alude ao desejo do próprio Criador de que o casal viva bem, junto na paz e no amor. Tudo é dado de uma forma simples e humilde o qual este processo não pode se dissolver, porque como diz a Escritura o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher e os dois formarão uma só carne (Gn 2,24). Jesus retomou o ideal e a objetividade do matrimônio na criação quando foi perguntado pelos fariseus se era permitido ao homem despedir a mulher por qualquer motivo, afirmou ele que o Criador os criou para viverem unidos, pois, o que Deus uniu o ser humano não separe (Mt 19,3-6). O casal é abençoado por Deus desde as origens no mistério do amor do Senhor Deus Uno e Trino para com a humanidade. Será muito importante ver como os padres da Igreja, os primeiros escritores cristãos elaboraram esta doutrina que ilumina as pessoas nos séculos posteriores até chegar à atualidade. O matrimônio é graça de Deus e é responsabilidade humana.

O matrimônio como unidade de duas pessoas

O matrimônio era visto pelos padres da Igreja, como entrega de duas pessoas para uma vida em conjunto, tendo a benção de Deus para a sua unidade. Eles falaram de um acordo que foi ratificado por Deus que criou o homem e a mulher à sua imagem e semelhança (Gn 1,26). O Senhor conduz a esposa ao esposo e o esposo à esposa tendo como conseqüência as núpcias e ratificando a sua união, dada pela Igreja[1]. O princípio da unidade e da indissolubilidade estavam presentes nos padres da Igreja ganhando força a palavra do Criador destes valores cristãos ao matrimônio e o Senhor Jesus que também colocou o matrimônio no plano das origens, do Criador em vista das pessoas buscarem uma vida indissolúvel, uma só carne (Mt 19,4-5)[2]

A benção do matrimônio cristão

Tertuliano, padre da Igreja no Norte da África dos séculos II e III afirmou a felicidade do matrimônio porque é a Igreja que ratifica a vivência de duas pessoas, une os jovens para viverem juntos sendo a imagem e semelhança de Deus (Gn 1,26). É uma espécie de hóstia eucarística, uma benção selada, que os anjos anunciam nos céus e o Senhor Deus aprovou?[3]. Tertuliano colocou a importância do casal na unidade de seus projetos e de suas vidas. Para ele seriam dois fiéis, homem e mulher unidos numa única esperança num só desejo, num único respeito, numa única vida de serviço e doação[4].

Única carne na vida e na Igreja

Tertuliano reforçou também a unidade a partir do dado bíblico, proveniente do Senhor Jesus no qual o casal é dois numa única carne (Mt 19,6). Desta forma é uma só vida, sendo também um só espírito, onde juntos rezam, juntos se ajoelham, fazem as admoestações um ao outro, exortando-se um a outro, como também se confortam um ao outro[5].

Esta unidade na vida humana para ser uma só carne, é dada também na Igreja de Deus, no banquete do Senhor, da eucaristia, sendo também igual nas perseguições e nas consolações. O casal visita livremente os doentes, dá uma grande ajuda aos pobres. A cruz não se faz no esconderijo, a benção não é dada no silêncio na vida do casal. Ao ver e sentir estas coisas, o Senhor Jesus alegra-se, convidando-o à sua paz (Jo 14,27). Onde está o casal lá se encontra o Senhor (Mt 18,20) e onde Ele está, não há lugar para o mal[6].

O matrimônio: a união

São Clemente de Alexandria, Padre dos séculos II e III disse que o matrimônio é a união de um homem e de uma mulher, segundo a lei, em vista do amor e da procriação. A pessoa casa com o tempo com uma pessoa que o ama e assim o casal tenha as condições para a geração de filhos e de filhas[7]. O casal é convidado a se querer bem um com o outro e também seja ciente na procriação dos filhos[8].

A superação da divisão

São Clemente reforçava a idéia para os homens casados não buscarem a divisão com as suas próprias mulheres pela vida dos filhos e por ser uma opção que não favorece a lei do Senhor, a divisão é claro. O autor exortava para que se começasse a partir do matrimônio a mostrar em casa o valor de uma vida de santidade. É uma realidade excepcional a união conjugal, o matrimônio é uma grande graça para o serviço do Senhor no mundo[9].

A vivência da virtude e da unidade

O autor alexandrino teve também presente na unidade do casal a vivência das virtudes, da fé, da caridade no homem e na mulher, pois se tratava do matrimônio cristão. O fato é que o mesmo Deus está em ambos, e é também para ambos, o mesmo Pedagogo, Jesus Cristo. Uma é também a Igreja, a temperança, comum é o alimento, o vínculo nupcial, um é o respiro, a vista, o conhecimento, a esperança, a obediência, o amor porque todas as coisas são iguais na unidade do matrimônio. As pessoas as quais tem comunhão de vida pelo matrimônio, terão em comum, a graça e a salvação[10].

Deus os criou homem e mulher

Orígenes, padre alexandrino dos séculos II e III teve presente o dado bíblico de que o Senhor Deus criou o ser humano, homem e mulher, como imagem e semelhança suas, para que também crescessem, se multiplicassem, enchessem a terra e a dominassem (Gn 1,27-28). O Senhor abençoou os dois para que vivessem bem em unidade com as criaturas e com Deus[11].

A igualdade diante de Deus

Orígenes ressaltou que a forma como Deus criou o homem e a mulher conduz a unidade do casal e à plena igualdade diante do Criador. Não existe uma superioridade de um para com o outro pelo fato de serem criaturas feitas pelo Senhor. Por isso Orígenes é contra a dominação no casal por que toda a relação com Deus seja digna pela vivência da unidade no matrimônio, uma vez que o Salvador disse que assim não são mais dois, mas uma só carne (Mt 19,21). Quando as coisas reinam no matrimônio, como a concórdia, a harmonia por parte do marido para com a mulher, e por parte da mulher com o marido, agindo em favor da unidade e da igualdade é possível que a palavra de Deus se realize no matrimônio, pois não se trará mais de dois. É Deus mesmo que une as duas pessoas em uma só, afim de que não sejam dois seres distintos, mas que vivam unidos entre si, com os outros e com Deus[12]. Para Orígenes é muito importante afirmar que quando o matrimônio respira a graça de Deus, deriva a harmonia, o amor no casal. O matrimônio constitui uma graça divina, quando não existe a instabilidade, mas quando reina a paz, dom de Deus para o mundo e para o casal[13].

 O matrimônio é um dos sete sacramentos da vida eclesial. É a unidade de duas pessoas que se amam, projetam uma vida em conjunto, com a vida de filhos e filhas para assim formar uma só carne como Jesus falou aos seus discípulas, discípulos, missionárias e missionários. É preciso rezar por todos os casais, aqueles que estão bem os passam por algumas dificuldades de relacionamento, falta de emprego ou estão em segunda união. As autoridades olhem com carinho as famílias para que hajam políticas públicas em favor das mesmas. Os padres da Igreja tiveram presentes as palavras do Criador lá no início e a retomada do Senhor Jesus ao mesmo plano de unidade, de fraternidade para assim formar um só ser no mundo e um dia na eternidade.

[1] Cfr. H. Crouzel – L. Odobrina. Matrimonio. In: Nuovo Dizionario Patristico e di Antichità Cristiane, diretto da Angelo di Berardino, F-0. Genova-Milano, Casa Editrice Marietti, 2007, pgs. 3133-3134.
[2] Cfr. Idem, pg. 3134.
[3] Cfr. Tertulliano. Alla sua sposa II, 8,6. In: La Coppia nei Padri. Introduzione, Traduzione e note di Giulia Sfameni Gasparro, Cesare Magazzù, Concetta Aloe Spada. Milano, Edizione Paoline, 1991, pg. 185.
[4] Cfr. Idem, 8,7, pg. 186.
[5] Cfr. Ibidem.
[6] Cfr. Idem, 8,8, pgs 186-187.
[7] Cfr. Clemente Alessandrino. Stromati II, 137-1-4. In: Idem, pgs. 200-201.
[8] Cfr. Idem, III, 58,1-2;, pgs. 202-203.
[9][9] Cfr. Clemente Alessandrino. Il Pedagogo, III,XI,84,1. In: Idem, pg. 203.
[10]Cfr. Idem, I,IV,10,1-2. In: Idem, pg. 205.
[11] Cfr. Origene. Omelie sulla Genesi I, 14. In: Idem, pg. 226.
[12] Cfr. Origene. Commento al Vangelo di Matteo XIV,16. In: Idem , pgs. 231-232.
[13] Cfr. Commento a 1 Cor., fr. 34e fr. 35: C. Jenkins, The Origen Citations in Cramer´s Catena on I Corinthians, JTS 9. In: Idem, pg 233.

“Todo ramo que não dá fruto será cortado”: o que isso quer dizer?

Comaniciu Dan | Shutterstock
Por Julia A. Borges

Quem lê a Bíblia em idioma moderno sabe que está em contato direto com textos divinos, mas a experiência não é tão simples quanto parece.

A Bíblia, para todo cristão, é a ferramenta linguística mais poderosa de evangelização. Cremos que ali estão fatos e episódios ocorridos antes de Cristo e também com a vinda de Jesus. Lê-la é condição essencial para um verdadeiro estreitamento com os ensinamentos de Deus. Entretanto, é interessante pensar como esse Livro, possuidor também de um brilhante teor histórico-literário, conseguiu atravessar tempo e espaço e ainda permanecer com seu propósito original.

Para tanto, refletir acerca de sua tradução é peça-chave para compreender trechos e passagens que parecem, muitas vezes, não refletir a mensagem cristã. Nos seus primeiros séculos, a Igreja serviu-se, sobretudo da língua grega. Foi nesta língua que foi escrito todo o Novo Testamento, incluindo a Carta aos Romanos, de São Paulo, bem como muitos escritos cristãos de séculos seguintes. Mas a situação muda já no século IV, e é a pedido do bispo Dâmaso I, que São Jerônimo faz a tradução para o latim.

A Vulgata foi produzida para ser mais exata e mais fácil de compreender do que suas predecessoras. Foi a primeira, e por séculos a única versão da Bíblia que verteu o Velho Testamento diretamente do hebraico e não da tradução grega conhecida como Septuaginta. O nome Vulgata vem da expressão versio, isto é “versão de divulgação para o povo”, e foi escrita em um latim cotidiano, usado na distinção consciente ao latim elegante de Cícero, o qual Jerônimo considerava seu mestre. Fato é que o termo Vulgata acabou por se consolidar na primeira metade do século XVI, sobretudo a partir da edição da Bíblia de 1532, tendo sido definitivamente consagrada pelo Concílio de Trento, em 1546. 

Todas essas informações são fundamentais para o entendimento de que o ofício de qualquer tradução é uma tarefa muito exaustiva, árdua e muitas vezes de difícil entendimento. Quem lê a Bíblia em idioma moderno sabe que está em contato direto com textos divinos, mas a experiência não é tão simples quanto parece. O leitor muitas vezes encontra-se, sem saber, diante de uma tradução ruim ou imprecisa, entre tantas as que são realizadas da obra mais popular do planeta.

E a respeito das inúmeras versões, surgem trechos que fazem aflorar certa inquietação em sua leitura. O doutor e professor da Universidade de Coimbra, Frederico Lourenço, é tradutor premiado e coleciona trabalhos como ficcionista, poeta e ensaísta, e dentre seus escritos, há a tradução dos livros homéricos – Ilíada e Odisseia, além da tradução única da Bíblia, feita diretamente do grego ao português. O caráter que o estudioso dá às traduções realizadas é de um trabalho filológico intenso, no qual o repertório teórico-linguístico não é descartado.

Não obstante, ao cristão o que verdadeiramente importa é a leitura e a condução do Espírito Santo. Mas como passar desapercebido ao capítulo 15 de João, versículos 1 e 2 no qual, em muitas traduções lê-se: 

“Eu sou a videira verdadeira, e meu Pai é o agricultor. Todo ramo que, estando em mim, não dá fruto, ele corta; e todo que dá fruto ele poda, para que dê mais fruto ainda.”

O Evangelho de João é de fato singular. As palavras “amor” e “amar” surgiram mais vezes neste livro do que em qualquer outro. É neste Evangelho que Jesus diz “eu não julgo ninguém” (8:15). É o único Evangelho em que Jesus chora (11:35). Então como pensar que um homem de puro amor afirma cortar todo aquele que não dá fruto? 

Respeitando as terminações linguísticas, tem-se no original grego o termo αἴρει, ou seja, terceira pessoa do singular do presente do indicativo do verbo αἴρω (aírō), que no sentido mais estrito significa levantar. 

Jesus está a nos dizer o que é sabido por todo o cristão: Ele é por amor, Ele é do amor, Ele é o amor. Em tempos de exclusões e extremismos de todos os lados, Jesus parece querer mostrar que o céu é para todos, para todos aqueles que querem fazer parte dessa videira. Nós, caro leitor, fatalmente falharemos, mas se estivermos Nele, com Ele e por Ele, certamente Sua benevolência será maior.

Não é ter um pensamento pequeno no qual não há mal nenhum falhar ou até mesmo pecar, porque tal concepção exclui o principio básico do propósito da vida: sermos melhores em Cristo, sermos semelhantes a Ele. Mas é, acima de tudo, saber que no combate diário não estamos sozinhos nunca. Afinal, se escolhemos combater no exército cristão, a vitória é certa, mesmo que no caminho surjam pequenos ou grandes obstáculos.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

7 sinais de pessoas com “depressão escondida”

Tatyana Dzemileva - Shutterstock
Por Aleteia Brasil

Fique atento: alguém da sua família (ou você mesmo) pode estar ocultando a depressão - ou nem sequer sabe que tem a doença.

Existem pessoas que vão levando a vida com “depressão mascarada” ou “escondida“: elas tentam ocultar a sua depressão diante dos outros ou nem sequer sabem (ou não querem admitir para si mesmas) que têm depressão.

Isto acontece porque ainda existem, entre as pessoas, entendimentos vagos ou equivocados sobre esta doença de sintomas complexos, que variam de indivíduo para indivíduo: nem sempre é fácil identificar a presença da depressão em familiares, amigos, colegas ou até em nós próprios. O desconhecimento e os preconceitos a respeito da depressão estão diminuindo, é verdade, mas, mesmo assim, continuam sendo bastante frequentes.

No entanto, até nos casos em que o sofrimento parece “invisível”, ele deixa “sinais” que podemos captar se estivermos atentos.

E estes são 7 sinais de que uma pessoa pode estar sofrendo de “depressão escondida”:

1. A pessoa deprimida pode nem parecer deprimida, mas está constantemente cansada

Muita gente pensa que as pessoas com depressão não querem sair do quarto, ficam desleixadas e andam sempre tristes. Mas a depressão não tem os mesmos sintomas em todas as pessoas. Muitos doentes conseguem demonstrar uma aparência de boa saúde mental, mas, por baixo desse verniz, estão exaustos. De fato, um efeito bastante comum da depressão é um permanente cansaço – e, se o doente não foi diagnosticado adequadamente, nem ele sabe que a causa desse cansaço é a depressão. Talvez ele pense que está apenas com acúmulo de trabalho, ou se culpe por uma suposta preguiça, ou ache que está com “fraqueza”. Um diagnóstico sério é fundamental para dar início à solução deste quadro depressivo.

2. A pessoa deprimida pode se irritar com facilidade

Ainda é comum a ideia de que uma pessoa com depressão seja quieta, amuada, apática. Por isso, muita gente não imagina que a pessoa deprimida pode ficar bastante irritadiça. Mas ela pode; aliás, isso ocorre com frequência, já que ela precisa continuar lidando com as responsabilidades do cotidiano apesar da falta de energias, o que é bastante esgotador. Como o mundo inteiro parece mais acelerado e impaciente hoje em dia, é comum que as pessoas não interpretem essa irritabilidade como sintoma da depressão. E é por isso mesmo que é necessário ficar atento: a irritabilidade pode ser, sim, um sintoma da doença.

3. A pessoa deprimida pode parecer indiferente ao afeto dos outros

O indivíduo com depressão nem sempre se sente triste: muitas vezes, ele simplesmente não sente nada. São relativamente comuns os relatos de pacientes que se sentem frios, indiferentes, “entorpecidos”, e, nesse quadro, eles não reagem a palavras e atos de carinho. Este é outro sinal que pede atenção.

4. A pessoa deprimida pode abandonar atividades que antes gostava de fazer

O desinteresse por atividades antes prazerosas é um indicativo frequente da depressão, já que a doença esgota as energias físicas e mentais, reduzindo drasticamente a capacidade de sentir satisfação. Se não houver explicação plausível para o desinteresse crescente da pessoa por atividades das quais ela gostava, este mesmo fato pode ser um importante sintoma da depressão.

5. A pessoa deprimida pode assumir hábitos alimentares prejudiciais

A alteração dos hábitos alimentares pode ser um efeito colateral do descuido com a própria vida ou até uma tentativa de lidar com a doença: pode ser que o excesso de comida seja uma forma de tentar sentir algum prazer, por exemplo, ou que a perda de apetite seja um indicativo de que até o ato de comer já se tornou insípido e pesado. É comum achar que os maus hábitos alimentares de alguém se devam a mera falta de disciplina, mas eles também podem ser sinais relevantes de depressão clínica.

6. A pessoa deprimida pode se sentir pressionada ou exigida além das suas forças

Uma pessoa com depressão não tem as mesmas disposições de quem está mental e fisicamente sadio. Exigir o que ela não é capaz de fazer só serve para piorar o seu quadro, porque tanto pode perturbá-la e frustrá-la quanto deixá-la envergonhada e magoada. Se é sempre importante ser paciente e compreensivo com todas as pessoas no dia-a-dia, é mais importante ainda ter a sensibilidade de manter a paciência e a compreensão com as pessoas que enfrentam o peso da depressão: elas realmente não conseguem fazer as coisas com a mesma disposição de quem não sofre a doença. Não é frescura! É doença e requer tratamento – e muita paciência.

7. A pessoa deprimida pode oscilar de humor aleatoriamente

A depressão pode ser cheia de altos e baixos, alternando “dias bons” e “dias ruins” sem muita lógica aparente. Geralmente, não se percebe uma motivação específica para as variações de humor: elas podem ser apenas uma forma de manifestação da depressão. É importante prestar especial atenção à falsa impressão de que a pessoa está curada quando passa por uma série de “dias bons”: na verdade, o quadro poderá mudar de repente, reforçando a necessidade de ajuda especializada.

O que fazer se eu me identifiquei com esses sintomas?

Se você identificou esses sintomas em si mesmo ou em alguém que você conhece e concluiu que pode estar com depressão, não se assuste: a depressão é bastante comum em nossa sociedade e é perfeitamente tratável. Não se automedique: é fundamental procurar orientação médica especializada e responsável para que o tratamento seja um sucesso. Experimente consultar um psicólogo para compreender melhor o que está acontecendo; se for necessário, ele encaminhará você a um psiquiatra, que é o médico especializado nos tratamentos com medicação apropriada para reequilibrar o funcionamento do seu sistema nervoso. Junto com o tratamento, alimente a sua mente e a sua alma com motivação e fé, consciente de que essa perda de energias pode ser superada. A sua determinação de vencer e fazer o tratamento com empenho, mesmo que não sinta vontade para nada, é essencial para derrotar a depressão!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa chega ao Aeroporto de Juba, capital do Sudão do Sul

Papa chega ao Aeroporto de Juba, Sudão do Sul (Foto de SIMON MAINA/AFP)

Depois de pouco mais de 3 horas de voo, o Papa Francisco chegou ao Sudão do Sul para a segunda etapa de sua viagem ao continente africano.

Vatican News

Pouco antes das 15 horas locais (uma hora a mais, em relação a Roma), o avião da Ita Airways A359 tocou a pista do Aeroporto Internacional de Juba, capital do Sudão do sul, tendo a bordo o Papa Francisco e séquito, além dos 75 jornalistas de 12 países que o acompanham nesta "Peregrinação Ecumênica de Paz". O Sudão do Sul é a segunda etapa desta que é a 40ª Viagem Apostólica do Pontificado. A temperatura local na hora da chegada estava por volta dos 36°C, contrastando com o frio no continente europeu.

Após o avião parar na área reservada ao cerimonial, subiram a bordo para saudar o Papa o núncio apostólico, Dom Matheus Maria van Megen, o chefe do Protocolo, o arcebispo de Cantuária Justin Welby, e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Iain Greenshields. O Papa desceu do avião com um elevador, recebeu flores e uma pomba branca de um menino, e depois de passar pela Guarda de Honra se dirigiu à Sala Vip do aeroporto para a apresentação das delegações e um breve encontro com o presidente Salva Kiir Mayardit.

Do aeroporto, o Papa segue para o Palácio Presidencial, distante 5 km, para o encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático, ocasião em que proferirá seu primeiro discurso em terras sul-sudanesas.

Uma intensa programação marca a visita do Papa ao país que se conclui no domingo, 5, e que tem por lema "Para que todos sejam um", extraída do Evangelho de João, capítulo 17. A esperança é que a presença dos três líderes religiosos possa ajudar a selar definitivamente o acordo de paz no país, nascido oficialmente em 9 de julho 2011, após a separação do Sudão.

De fato, a presença dos três líderes religiosos "é uma expressão muito significativa do ecumenismo, um ecumenismo - eu o chamaria - de testemunho", afirmou antes da viagem o cardeal secretário Pietro Parolin, observando que "as Igrejas cristãs trabalham a serviço de toda a população, onde muito frequentemente o Estado e às vezes até mesmo as agências internacionais não conseguem chegar. Portanto, elas gozam de confiança e autoridade entre a população e isto lhes permitiu desempenhar um papel significativo no complexo diálogo internacional".

O país vem sendo marcado pela violência desde sua independência. Somente ontem, véspera da chegada do Papa, 27 pessoas foram mortas no Estado da Equatorial Central, no confronto entre pastores de gado e membros de uma milícia.

São Brás

São Brás | RCC BRASIL
03 de fevereiro
São Brás

São Brás, médico, sacerdote e bispo. Protetor contra os males da garganta e dos animais.

São Brás foi um homem de fé, valoroso médico que não só curava as pessoas de suas doenças, mas também dos males da alma. Tinha grande compaixão dos mais necessitados e usava de seu oficio para ajudar a todos sem discriminação.

Um médico começa a se questionar

São Brás nasceu na cidade de Sebaste, Armênia perto do ano 300. Num certo tempo, começou a questionar sobre sua profissão de médico, pois queria servir a Deus, mas não sabia como. Resolveu, então, tornar-se um eremita e ficar em constante oração. Assim, viveu numa gruta por muitos anos.

Fama de santidade

Logo, sua fama de santo se espalhou por toda a região da Capadócia, pois ele atendia a todos que o procuravam e muitas vezes as pessoas ficaram curadas de suas doenças do corpo e da alma. Até os animais selvagens conviviam em total harmonia com o santo.

O médico se torna bispo

Quando o Bispo local morreu, a população de toda a região foi ao seu encontro, pedindo para que ele se tornasse padre para tomar conta do povo de Deus.  Ele aceitou e foi morar na cidade. Estudou e se ordenou padre. E, não muito tempo depois, foi sagrado Bispo. Construiu uma casa para abrigar a Diocese aos pés da gruta em que ele morou, e dali comandava a igreja de toda a região.

Vivendo em meio aos perseguidores

O prefeito de Sebaste na Capadócia era um tirano que combatia o cristianismo em toda a região. Ele se chamava Agricola, era amigo do Imperador do oriente Licinius Lacinianus. Que era cunhado de Constantino, Imperador do ocidente, que parou de perseguir os cristãos.

As perseguições começam

Um dia Agricola mandou seus soldados buscarem feras, leões, tigres, para servirem de espetáculo no martírio dos cristãos presos. Quando os soldados chegaram perto da gruta do santo, viram todo o tipo de animal da floresta convivendo em harmonia com ele. Com espanto geral correram para contar ao prefeito Agricola o que estava acontecendo.

Prisão de São Brás

Muito nervoso com o fato o Governador mandou prender São Brás. Ele não se opôs, não tiveram nenhum tipo de resistência. Chegando à presença de Agricola, foi ordenado que São Brás renunciasse a Jesus Cristo e à igreja, e adorasse os seus deuses. São Brás, então, disse que nunca deixaria de adorar a Deus e a Jesus Cristo. Disse ainda que a Igreja jamais acabaria porque era guiada pelo Espírito Santo. Por várias vezes o Prefeito chamou-o para tentar muda-lo de opinião, mas ele nunca cedeu. Muitas pessoas visitavam o Santo na prisão para vê-lo e pedir orações. São Brás, apesar do sofrimento das torturas, atendia a todos com conselhos e orações.

Um milagre que trouxe a benção das gargantas

Um dia, uma mãe desesperada o procurou porque seu filho estava quase morrendo com um espinho encravado na garganta. São Brás olhou para o céu, rezou e, em seguida, fez o sinal da cruz na garganta do menino. No mesmo instante, ele ficou milagrosamente curado. Por esse milagre, até os dias de hoje São Brás é invocado para curar os males da garganta.

Em todos os lugares do mundo, quando uma criança ou qualquer pessoa se engasga, a invocação direta ao Santo logo é rezada: "São Brás te proteja." Ou simplesmente: "São Brás."

Nas Igrejas de todo o mundo essa benção é feita especialmente no seu dia, com duas velas cruzadas sobre a garganta dos fiéis, que recebem a benção de São Brás.

Milagres e morte do santo na prisão.

Algumas mulheres que foram à prisão ajudar São Brás por causa dos ferimentos das torturas que ele sofrera. Porém, elas foram mortas pelos soldados do Governador após terem jogado em um lago os ídolos dados pelos soldados para que elas renunciassem a Jesus e à igreja. São Brás gritou com os soldados e contra o governador, que também mandou jogar o santo no lago, mas por milagre ele andou sobre as águas e nada lhe aconteceu.

A morte de São Brás

Voltando à terra, o governador enfurecido mandou decapitar São Brás. Assim, ele foi morto tendo sua garganta cortada pela espada. Era o dia 3 de fevereiro de 316. Sua festa é comemorada no dia 3 de fevereiro.

Até 732 o corpo e as relíquias de São Brás ficaram na catedral de Sebaste, na Armênia, depois quando iam ser levadas para Roma, uma tempestade conduziu o barco até a cidade de Maratea, em Potenza, onde os moradores fizeram uma Igreja e posteriormente a Basílica  de São Brás, mudando o nome do local para "Monte São Brás".

Oração a São Brás

"Ó glorioso São Brás, que restituístes com uma breve oração a perfeita saúde a um menino que, por uma espinha de peixe atravessada na garganta, estava prestes a expirar, obtende para nós todos a graça de experimentarmos a eficácia do vosso patrocínio em todos os males da garganta. Conservai a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e assim proclamar  e cantar os louvores a Deus. Amém".

A bênção de São Brás:

"Por intercessão de São Brás, Bispo e Mártir, livre-te Deus do mal da garganta e de qualquer outra doença. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. São Brás, rogai por nós. Amém."

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Por quanto tempo um padre pode ficar em uma paróquia?

© Pascal Deloche / Godong
Por Philip Kosloski

E em que casos acontecem as transferências dos sacerdotes?

Quando são anunciadas as tarefas sacerdotais a cada ano, muitos se perguntam: por quanto tempo um padre pode ficar em uma paróquia?

Código de Direito Canônico incentiva a estabilidade de um pároco, mas diz que os padres devem ser designados a uma paróquia por um período “indeterminado” de tempo.

“Importa que o pároco goze de estabilidade, e por isso seja nomeado por tempo indeterminado; só pode ser nomeado pelo Bispo diocesano por um prazo determinado, se isto tiver sido admitido pela Conferência episcopal, mediante decreto.”

Cân. 522

As transferências

As transferências dos padres de uma paróquia para outra podem acontecer – e são de fato, comuns. Essas mudanças ocorrem pelos mais variados motivos, uma vez que a dinâmica da vida da Igreja Católica e as necessidades pastorais exigem sempre novas decisões. O importante a destacar é que essas decisões não são um gesto de arbitrariedade do bispo.

As mudanças, geralmente, são avaliadas por um conselho formado por bispos e padres, o Conselho Presbiteral, e demandam longas conversas. Porém é importante elencar que as transferências de padres fazem parte da autoridade episcopal.

Ainda sobre as transferências, o Código de Direito Canônico ressalta:

“Se o bem das almas ou a necessidade ou a utilidade da Igreja exigirem que o pároco seja transferido da sua paróquia, que rege com fruto, para outra paróquia ou para outro ofício, o Bispo proponha-lhe por escrito a transferência e aconselhe-o a que aceda por amor de Deus e das almas.”

Cân. 1748

Resumindo: a escolha do sacerdote para cada paróquia, o tempo em que ele lá permanecerá e suas transferências cabem ao bispo local e tentam responder às demandas pastorais de cada comunidade.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Cardeal Leonardo Steiner visita o povo Yanomami

Cardeal Leonardo Steiner | cnbb-norte 1

CARDEAL LEONARDO STEINER VISITA O POVO YANOMAMI EM NOME DO PAPA FRANCISCO E DA PRESIDÊNCIA DA CNBB

A Igreja da Amazônia foi mais uma vez ao encontro dos povos indígenas, eternas vítimas de um sistema que não duvida em colocar o lucro acima da vida das pessoas. Dom Leonardo Steiner, o cardeal da Amazônia, chegou a Boa Vista, capital do Estado de Roraima, para mostrar em nome do Papa Francisco e da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sua solidariedade ao Povo Yanomami.

O cardeal da Amazônia, que foi acompanhado pelo padre Lúcio Nicoletto, administrador diocesano de Roraima, e pelo padre Corrado Dalmonego, um dos grandes conhecedores do mundo yanomami, afirmou vir a Boa Vista “para me encontrar com lideranças indígenas para um diálogo, para uma escuta, para assim podermos como Igreja ainda estarmos mais presentes”. Depois de visitar doentes na Casa de Saúde Indígena Yanomami em Boa Vista, o arcebispo de Manaus insistiu em que “a Igreja católica sempre se fez muito presente junto aos povos indígenas, e nesse momento de dificuldade aqui no Estado de Roraima, especialmente junto ao Povo Yanomami, nós queremos marcar essa presença”. Sua visita na SESAI, foi momento em que ele esteve “conversando, dialogando, vendo as necessidades e realmente a situação de desnutrição é muito grande, é preocupante”.

Segundo o cardeal Steiner, “os motivos todos nós já sabemos, o porquê da desnutrição, mas em diálogo agora com algumas lideranças, nós percebemos que existem diversos elementos onde nós podemos dar a nossa contribuição, ajudar”. Ele ressaltou que de parte da Igreja católica, “nós queremos ser solidários, são filhos e filhas de Deus, são pessoas que vivem em regiões distantes, que são povos desassistidos pelo governo nos últimos anos e nós sabemos que a dificuldades que estamos a ver não é nova”.

O arcebispo de Manaus destacou o trabalho de denúncia realizado pela Igreja nos últimos anos, sobretudo através do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que “durante muito tempo tem denunciado, tem falado, tem publicado inclusive relatórios e nós queremos neste momento mostrar a nossa proximidade, nossa solidariedade e vermos com os governos o que podemos fazer para que esses povos possam continuar a viver, mas possam especialmente viver e viver bem”.

A visita de dom Leonardo em Boa Vista continuou com um encontro com lideranças indígenas na sede do Conselho Indígena de Roraima (CIR). O cardeal, que recebeu o informe “Yanomami sob ataque”, um relatório sobre a violência contra o Povo Yanomami, entregue em abril de 2022 aos 3 poderes, executivo, legislativo e judiciário, onde são recolhidos depoimentos e dados que mostram os efeitos devastadores do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, enfatizou a necessidade de articulação das organizações indígenas, que na atualidade contam com pessoas muito bem-preparadas e altamente organizadas.

Dom Leonardo fez saber às lideranças indígenas o apoio do Papa Francisco, a quem enviará um relatório de sua visita, e da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Posteriormente foi escutando as dores do Povo Yanomami, que segundo as lideranças se resumem em quatro elementos: garimpo, desnutrição, fome emergencial e malária. Eles reconhecem o apoio histórico da Igreja de Roraima aos povos indígenas, insistindo em que não é novidade o que está acontecendo. Diante desse cenário alarmante, as organizações indígenas, que se reconhecem mais estruturadas para enfrentar, denunciam a tentativa da mídia de esconder a realidade e afirmam que a maior bandeira é defender a vida dos povos.

Segundo as organizações indígenas, boa parte do Povo Yanomami está morto espiritualmente pela destruição da floresta, pelos assassinatos e ataques de todo tipo que sofrem, humilhações, estupros, roubo de crianças, suicídios, todos eles consequência do garimpo, que tem levado 120 comunidades Yanomami a estar em situação de grave calamidade. As lideranças não duvidam em dizer que “quem está matando é o garimpo, que está na Terra Indígena e na cidade”, insistindo em que “o garimpo está banhado de sangue”, algo que acontece à vista de todos em Roraima. Por isso, eles pedem, como tem pedido em todas as instâncias, inclusive governamentais, a retirada imediata dos garimpeiros, a proteção do território e das lideranças indígenas.

Um desafio a longo prazo, que pode provocar muita dor no povo, e que tem que começar com a identificação e punição dos verdadeiros culpados, dentre eles os membros dos diferentes poderes e as redes de criminosos que apoiam e financiam o garimpo, o que demanda estratégias de proteção e segurança. De fato, as pessoas que denunciam são ameaçadas e cada vez são mais os jovens yanomami que envolvidos em atividades ilícitas apoiam os criminosos.

As lideranças indígenas agradeceram ao cardeal Steiner sua presença na região em um momento muito difícil para os povos indígenas de Roraima. Eles insistiram em que não foi por falta de aviso, suplicando que “nos ajudem, não nos deixem passar mais por essa situação. Vocês agora têm conhecimento do que nós estamos passando”. Um pedido que encontrou eco no cardeal da Amazônia, que reconhecendo que as exposições das lideranças tinham lhe ajudado muito, lhes mostrou o desejo da Igreja de caminhar junto com os povos indígenas.

Por Padre Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1


 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O casamento é mesmo possível? O Papa Francisco tira todas as dúvidas

Filippo Monteforte | AFP
Por Isabella H. de Carvalho

Segundo o Pontífice, as crises que afetam muitas famílias hoje vêm de uma “ignorância prática – pessoal e coletiva – sobre o casamento”.

“O matrimônio, segundo a Revelação cristã, não é uma cerimônia ou um acontecimento social, não é uma formalidade nem um ideal abstrato”, mas sim um “vínculo permanente […] de amor”. Essas foram as palavras do Papa Francisco em um discurso de 27 de janeiro de 2023. Em audiência com funcionários do Tribunal da Rota Romana, o tribunal de apelação da Santa Sé que lida notadamente com casos de nulidade matrimonial, o Pontífice sublinhou a “forte necessidade de redescobrir o significado e o valor” deste sacramento.

Segundo ele, as crises que afetam muitas famílias hoje vêm de uma “ignorância prática – pessoal e coletiva – sobre o casamento”.

“Poderíamos nos perguntar: como é possível que haja uma união tão abrangente entre um homem e uma mulher, uma união fiel e eterna, da qual nasce uma nova família? Como isso é possível, considerando os limites e a fragilidade do ser humano?”

Tendo em conta as questões que nos possam surgir, o Papa continuou a respondê-las e sublinhou que o casamento se baseia num amor divino e que até mesmo uma união com muitos fracassos pode fazer parte do desígnio de Deus para as nossas vidas. 

Vínculo indissolúvel baseado no amor divino 

O Pontífice argentino destacou que os noivos decidem livremente dar vida à sua união através do casamento. Entretanto é “só o Espírito Santo” que pode fazer daquele homem e daquela mulher uma “existência única”.

Ele explicou que Cristo “entra na vida dos cristãos casados ​​por meio do sacramento do matrimônio” e, que “o que Deus uniu, nenhum ser humano deve separar” (Mateus, 19,6).

O vínculo, que é a “realidade permanente do matrimônio”, precisa ser redescoberto, insistiu o Pontífice. Ele reconheceu que podemos ver esse tipo de vínculo como “uma imposição externa, um fardo”.

Na realidade, porém, este “vínculo de amor” é “um dom divino que é a fonte da verdadeira liberdade e que preserva a vida matrimonial”. 

Francisco reconheceu que podemos encarar “esta bela visão” como “utópica”, pois ela não leva em conta a fragilidade humana e a volatilidade dos sentimentos. No entanto, o Papa sublinhou que não é qualquer tipo de amor que está na base de um vínculo matrimonial. O amor conjugal não é apenas “sentimental” ou para “satisfações egoístas”.

Para Francisco, “o amor matrimonial é inseparável do próprio matrimônio, no qual o amor humano, frágil e limitado, se encontra com o amor divino, sempre fiel e misericordioso”.

O Santo Padre ainda explicou que o amor matrimonial “é um dom confiado à liberdade [dos esposos], com os seus limites e os seus lapsos, de modo que o amor entre esposos necessita de purificação e amadurecimento contínuos, compreensão recíproca e perdão. […] As crises ocultas não se resolvem na ocultação, mas no perdão mútuo”.

Até um casamento imperfeito é bom – e faz parte do plano de Deus

Tendo explicado o forte vínculo divino que deve estar na base de qualquer casamento, e deve ajudar homens e mulheres a superar suas dificuldades, o Papa também enfatizou que não se trata de pensar que as coisas serão perfeitas.

“O casamento não deve ser idealizado, como se só existisse onde não existem problemas. O desígnio de Deus, colocado em nossas mãos, sempre se realiza de maneira imperfeita”, explicou Francisco ao fazer referência à exortação apostólica Amoris Laetitia:

“A presença do Senhor habita nas famílias reais e concretas, com todas as suas dificuldades e lutas cotidianas, alegrias e esperanças. Viver em família torna difícil para nós fingir ou mentir; não podemos nos esconder atrás de uma máscara. Se aquela autenticidade é inspirada pelo amor, então o Senhor reina ali, com sua alegria e sua paz”.

Por fim, o Papa afirmou que o matrimônio é “um bem de valor extraordinário para todos: para os próprios esposos, para seus filhos, para todas as famílias com as quais se relacionam, para toda a Igreja, para toda a humanidade. É um bem que se difunde, que atrai os jovens a responder com alegria à vocação matrimonial, que conforta e vivifica continuamente os esposos, que produz muitos e diversos frutos na comunhão eclesial e na sociedade civil”.

O Papel da Igreja junto aos casais

Francisco também pediu à Igreja que apoie os casais antes e depois do sacramento do matrimônio, a fim de ajudá-los a “aprofundar o amor, mas também a superar problemas e dificuldades”.

“Um recurso fundamental para enfrentar e superar as crises é renovar a consciência do dom recebido no sacramento do matrimônio, dom irrevogável, fonte de graça com a qual sempre podemos contar. […] Assim a fragilidade, que sempre permanece e também acompanha a vida conjugal, não levará à ruptura, graças à força do Espírito Santo”, conclui o Papa.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A sua paciência nos espera (3/3)

Rembrandt, O lava-pés, Amsterdã, Rijksmuseum |
30Giorni

Arquivo 30Dias – 03/2003

Luciani e a confissão

A sua paciência nos espera

“O Senhor é um pai que espera no portão. Que nos vê quando ainda estamos longe, e se enternece, e, correndo, vem se atirar ao nosso pescoço e nos beijar com ternura... Nosso pecado, então, transforma-se quase numa joia que podemos lhe dar de presente para prover-lhe a consolação de perdoar... Agimos como senhores, quando damos joias de presente. E não é derrota, mas uma vitória cheia de alegria deixar Deus vencer!”

 de Stefania Falasca


“Da quod iubes, iube quod vis”

(Santo Agostinho)
Em janeiro de 1965, Albino Luciani, bispo de Vitório Vêneto, pregou exercícios espirituais a sacerdotes de várias dioceses do Vêneto. Naqueles encontros, escolheu este tema: Historia salutis. Tomou como ponto de partida a parábola do Bom Samaritano: “O Bom Samaritano é Jesus”, disse, “o viajante desafortunado somos nós”. E começou com estas palavras: “História salutis significa isto: o Senhor corre atrás dos homens”. Foi um sucesso tão grande que o texto daqueles encontros foi depois publicado. Algumas partes se referem à graça. O Concílio de Trento, explica Luciani, diz: “‘Ninguém ouse aceitar a afirmação temerária, refutada também pelos Padres, de que os mandamentos de Deus são impossíveis de observar. Deus não ordena coisas impossíveis, mas, quando ordena, exorta a fazer o que for possível e a pedir-lhe aquilo de que não se for capaz, ao mesmo tempo em que ajuda a sê-lo’. Dizia Santo Agostinho: ‘Agnosce ergo gratiam eius cui debes quod non commisisti’, ‘reconhece, pois, a graça dAquele a quem deves o fato de não cometeres certos pecados’, e continuava: ‘Nullum est peccatum quod fecit homo, quod non possit facere et alter homo, si desit rector a quo factus est homo’, ‘não existe pecado cometido por homem que outro homem não possa cometer, se faltar a ajuda dAquele que fez o homem’”. Luciani então comentava: “O Paraíso é um pouco alto e nós custamos a chegar lá. Nós estamos na situação de uma menininha que viu as cerejas mas não as alcança; é preciso então que venha o pai, pegue-a nos braços e diga: pra cima, pequena, pra cima! Aí sim, quando ele a levanta, é que ela pode pegar e comer as cerejas. Nós somos assim: o Paraíso nos atrai, mas é alto demais para as nossas pobres forças. Ai de nós se o Senhor não vier com sua graça! O próprio Santo Agostinho repetia uma oração com extrema freqüência: ‘Da, Domine, quod iubes, et iube quod vis’. Senhor, eu não alcanço, dá-me fazer o que me ordenas; ordena-me o que quiseres, mas só depois de me dares a graça de fazê-lo. Tudo é possível com a graça de Deus. Precisamos da Sua graça. Portanto, deixem que agora lhes diga uma palavra sobre a oração”. E contou este episódio: “Padre Mac Nabb, famoso dominicano que pregava em Londres, dizia: ‘Quando estou no confessionário, eu me revisto realmente da paciência do Senhor. Seja o que for que me digam, nunca me sinto agitado: mesmo que sejam pecados horríveis. Digo: o Senhor perdoará, esta pessoa veio aqui, humilhou-se... Coragem, coragem... Há apenas uma exceção: quando chega alguém que diz ter negligenciado a oração. ‘Mas não rezou nenhum dia, mesmo?’. ‘Não, padre, não rezei’. ‘Ah’, ele diz, ‘é nessa hora que se pudesse eu passaria a mão pela janelinha e lhe daria com vontade umas belas bofetadas!’”. “Como é possível neste mundo”, retomou Luciani, “inclinados para o mal como somos, fracos como somos, não rezar? Não pedir a graça, a ajuda de Deus? Isso significa não ter mesmo conhecimento da realidade, não entender realmente nada. [...] Não dá nem para seguir em frente sem a oração, sem a confiança na graça de Deus. ‘Quero que peçais’, disse o próprio Jesus, ‘com insistência’ até. [...] ‘Quero que peçais.’ ‘Basta que peçais, basta terdes confiança, esperança.’ Omnia possibilia sunt credenti. ‘De minha parte tudo é possível, basta que tu tenhas fé’. Quantas vezes... Espero em Vós, porque sois infinitamente bom, reza o Ato de Esperança, ou seja: espero com certeza. ‘Esperar com certeza’, dizia Dante. A esperança não é facultativa, é obrigatória...”.
“Mas, nesse meio tempo, é a Sua paciência que nos espera”, retomou enfim Luciani. E, voltando ao início da Historia salutis: “Porque, vejam, é Ele que quer nos encontrar, e não desanima mesmo que fujamos: ‘Quero tentar de novo, uma, dez, mil vezes...’. Alguns pecadores não gostariam de tê-lo em sua casa. Pegariam até uma arma para matá-lo e não ouvi-lo mais falar. Não importa, Ele espera. Sempre. E nunca é tarde demais. É assim que ele é, é disso que ele é feito... é Pai. Um pai que espera no portão. Que nos vê quando ainda estamos longe, e se enternece, e, correndo, vem se atirar ao nosso pescoço e nos beijar com ternura... Nosso pecado, então, transforma-se quase numa jóia que podemos lhe dar de presente para prover-lhe a consolação de perdoar... Agimos como senhores, quando damos joias de presente. E não é derrota, mas uma vitória cheia de alegria deixar Deus vencer!”.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF