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sexta-feira, 3 de fevereiro de 2023

7 sinais de pessoas com “depressão escondida”

Tatyana Dzemileva - Shutterstock
Por Aleteia Brasil

Fique atento: alguém da sua família (ou você mesmo) pode estar ocultando a depressão - ou nem sequer sabe que tem a doença.

Existem pessoas que vão levando a vida com “depressão mascarada” ou “escondida“: elas tentam ocultar a sua depressão diante dos outros ou nem sequer sabem (ou não querem admitir para si mesmas) que têm depressão.

Isto acontece porque ainda existem, entre as pessoas, entendimentos vagos ou equivocados sobre esta doença de sintomas complexos, que variam de indivíduo para indivíduo: nem sempre é fácil identificar a presença da depressão em familiares, amigos, colegas ou até em nós próprios. O desconhecimento e os preconceitos a respeito da depressão estão diminuindo, é verdade, mas, mesmo assim, continuam sendo bastante frequentes.

No entanto, até nos casos em que o sofrimento parece “invisível”, ele deixa “sinais” que podemos captar se estivermos atentos.

E estes são 7 sinais de que uma pessoa pode estar sofrendo de “depressão escondida”:

1. A pessoa deprimida pode nem parecer deprimida, mas está constantemente cansada

Muita gente pensa que as pessoas com depressão não querem sair do quarto, ficam desleixadas e andam sempre tristes. Mas a depressão não tem os mesmos sintomas em todas as pessoas. Muitos doentes conseguem demonstrar uma aparência de boa saúde mental, mas, por baixo desse verniz, estão exaustos. De fato, um efeito bastante comum da depressão é um permanente cansaço – e, se o doente não foi diagnosticado adequadamente, nem ele sabe que a causa desse cansaço é a depressão. Talvez ele pense que está apenas com acúmulo de trabalho, ou se culpe por uma suposta preguiça, ou ache que está com “fraqueza”. Um diagnóstico sério é fundamental para dar início à solução deste quadro depressivo.

2. A pessoa deprimida pode se irritar com facilidade

Ainda é comum a ideia de que uma pessoa com depressão seja quieta, amuada, apática. Por isso, muita gente não imagina que a pessoa deprimida pode ficar bastante irritadiça. Mas ela pode; aliás, isso ocorre com frequência, já que ela precisa continuar lidando com as responsabilidades do cotidiano apesar da falta de energias, o que é bastante esgotador. Como o mundo inteiro parece mais acelerado e impaciente hoje em dia, é comum que as pessoas não interpretem essa irritabilidade como sintoma da depressão. E é por isso mesmo que é necessário ficar atento: a irritabilidade pode ser, sim, um sintoma da doença.

3. A pessoa deprimida pode parecer indiferente ao afeto dos outros

O indivíduo com depressão nem sempre se sente triste: muitas vezes, ele simplesmente não sente nada. São relativamente comuns os relatos de pacientes que se sentem frios, indiferentes, “entorpecidos”, e, nesse quadro, eles não reagem a palavras e atos de carinho. Este é outro sinal que pede atenção.

4. A pessoa deprimida pode abandonar atividades que antes gostava de fazer

O desinteresse por atividades antes prazerosas é um indicativo frequente da depressão, já que a doença esgota as energias físicas e mentais, reduzindo drasticamente a capacidade de sentir satisfação. Se não houver explicação plausível para o desinteresse crescente da pessoa por atividades das quais ela gostava, este mesmo fato pode ser um importante sintoma da depressão.

5. A pessoa deprimida pode assumir hábitos alimentares prejudiciais

A alteração dos hábitos alimentares pode ser um efeito colateral do descuido com a própria vida ou até uma tentativa de lidar com a doença: pode ser que o excesso de comida seja uma forma de tentar sentir algum prazer, por exemplo, ou que a perda de apetite seja um indicativo de que até o ato de comer já se tornou insípido e pesado. É comum achar que os maus hábitos alimentares de alguém se devam a mera falta de disciplina, mas eles também podem ser sinais relevantes de depressão clínica.

6. A pessoa deprimida pode se sentir pressionada ou exigida além das suas forças

Uma pessoa com depressão não tem as mesmas disposições de quem está mental e fisicamente sadio. Exigir o que ela não é capaz de fazer só serve para piorar o seu quadro, porque tanto pode perturbá-la e frustrá-la quanto deixá-la envergonhada e magoada. Se é sempre importante ser paciente e compreensivo com todas as pessoas no dia-a-dia, é mais importante ainda ter a sensibilidade de manter a paciência e a compreensão com as pessoas que enfrentam o peso da depressão: elas realmente não conseguem fazer as coisas com a mesma disposição de quem não sofre a doença. Não é frescura! É doença e requer tratamento – e muita paciência.

7. A pessoa deprimida pode oscilar de humor aleatoriamente

A depressão pode ser cheia de altos e baixos, alternando “dias bons” e “dias ruins” sem muita lógica aparente. Geralmente, não se percebe uma motivação específica para as variações de humor: elas podem ser apenas uma forma de manifestação da depressão. É importante prestar especial atenção à falsa impressão de que a pessoa está curada quando passa por uma série de “dias bons”: na verdade, o quadro poderá mudar de repente, reforçando a necessidade de ajuda especializada.

O que fazer se eu me identifiquei com esses sintomas?

Se você identificou esses sintomas em si mesmo ou em alguém que você conhece e concluiu que pode estar com depressão, não se assuste: a depressão é bastante comum em nossa sociedade e é perfeitamente tratável. Não se automedique: é fundamental procurar orientação médica especializada e responsável para que o tratamento seja um sucesso. Experimente consultar um psicólogo para compreender melhor o que está acontecendo; se for necessário, ele encaminhará você a um psiquiatra, que é o médico especializado nos tratamentos com medicação apropriada para reequilibrar o funcionamento do seu sistema nervoso. Junto com o tratamento, alimente a sua mente e a sua alma com motivação e fé, consciente de que essa perda de energias pode ser superada. A sua determinação de vencer e fazer o tratamento com empenho, mesmo que não sinta vontade para nada, é essencial para derrotar a depressão!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Papa chega ao Aeroporto de Juba, capital do Sudão do Sul

Papa chega ao Aeroporto de Juba, Sudão do Sul (Foto de SIMON MAINA/AFP)

Depois de pouco mais de 3 horas de voo, o Papa Francisco chegou ao Sudão do Sul para a segunda etapa de sua viagem ao continente africano.

Vatican News

Pouco antes das 15 horas locais (uma hora a mais, em relação a Roma), o avião da Ita Airways A359 tocou a pista do Aeroporto Internacional de Juba, capital do Sudão do sul, tendo a bordo o Papa Francisco e séquito, além dos 75 jornalistas de 12 países que o acompanham nesta "Peregrinação Ecumênica de Paz". O Sudão do Sul é a segunda etapa desta que é a 40ª Viagem Apostólica do Pontificado. A temperatura local na hora da chegada estava por volta dos 36°C, contrastando com o frio no continente europeu.

Após o avião parar na área reservada ao cerimonial, subiram a bordo para saudar o Papa o núncio apostólico, Dom Matheus Maria van Megen, o chefe do Protocolo, o arcebispo de Cantuária Justin Welby, e o moderador da Assembleia Geral da Igreja da Escócia, Iain Greenshields. O Papa desceu do avião com um elevador, recebeu flores e uma pomba branca de um menino, e depois de passar pela Guarda de Honra se dirigiu à Sala Vip do aeroporto para a apresentação das delegações e um breve encontro com o presidente Salva Kiir Mayardit.

Do aeroporto, o Papa segue para o Palácio Presidencial, distante 5 km, para o encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático, ocasião em que proferirá seu primeiro discurso em terras sul-sudanesas.

Uma intensa programação marca a visita do Papa ao país que se conclui no domingo, 5, e que tem por lema "Para que todos sejam um", extraída do Evangelho de João, capítulo 17. A esperança é que a presença dos três líderes religiosos possa ajudar a selar definitivamente o acordo de paz no país, nascido oficialmente em 9 de julho 2011, após a separação do Sudão.

De fato, a presença dos três líderes religiosos "é uma expressão muito significativa do ecumenismo, um ecumenismo - eu o chamaria - de testemunho", afirmou antes da viagem o cardeal secretário Pietro Parolin, observando que "as Igrejas cristãs trabalham a serviço de toda a população, onde muito frequentemente o Estado e às vezes até mesmo as agências internacionais não conseguem chegar. Portanto, elas gozam de confiança e autoridade entre a população e isto lhes permitiu desempenhar um papel significativo no complexo diálogo internacional".

O país vem sendo marcado pela violência desde sua independência. Somente ontem, véspera da chegada do Papa, 27 pessoas foram mortas no Estado da Equatorial Central, no confronto entre pastores de gado e membros de uma milícia.

São Brás

São Brás | RCC BRASIL
03 de fevereiro
São Brás

São Brás, médico, sacerdote e bispo. Protetor contra os males da garganta e dos animais.

São Brás foi um homem de fé, valoroso médico que não só curava as pessoas de suas doenças, mas também dos males da alma. Tinha grande compaixão dos mais necessitados e usava de seu oficio para ajudar a todos sem discriminação.

Um médico começa a se questionar

São Brás nasceu na cidade de Sebaste, Armênia perto do ano 300. Num certo tempo, começou a questionar sobre sua profissão de médico, pois queria servir a Deus, mas não sabia como. Resolveu, então, tornar-se um eremita e ficar em constante oração. Assim, viveu numa gruta por muitos anos.

Fama de santidade

Logo, sua fama de santo se espalhou por toda a região da Capadócia, pois ele atendia a todos que o procuravam e muitas vezes as pessoas ficaram curadas de suas doenças do corpo e da alma. Até os animais selvagens conviviam em total harmonia com o santo.

O médico se torna bispo

Quando o Bispo local morreu, a população de toda a região foi ao seu encontro, pedindo para que ele se tornasse padre para tomar conta do povo de Deus.  Ele aceitou e foi morar na cidade. Estudou e se ordenou padre. E, não muito tempo depois, foi sagrado Bispo. Construiu uma casa para abrigar a Diocese aos pés da gruta em que ele morou, e dali comandava a igreja de toda a região.

Vivendo em meio aos perseguidores

O prefeito de Sebaste na Capadócia era um tirano que combatia o cristianismo em toda a região. Ele se chamava Agricola, era amigo do Imperador do oriente Licinius Lacinianus. Que era cunhado de Constantino, Imperador do ocidente, que parou de perseguir os cristãos.

As perseguições começam

Um dia Agricola mandou seus soldados buscarem feras, leões, tigres, para servirem de espetáculo no martírio dos cristãos presos. Quando os soldados chegaram perto da gruta do santo, viram todo o tipo de animal da floresta convivendo em harmonia com ele. Com espanto geral correram para contar ao prefeito Agricola o que estava acontecendo.

Prisão de São Brás

Muito nervoso com o fato o Governador mandou prender São Brás. Ele não se opôs, não tiveram nenhum tipo de resistência. Chegando à presença de Agricola, foi ordenado que São Brás renunciasse a Jesus Cristo e à igreja, e adorasse os seus deuses. São Brás, então, disse que nunca deixaria de adorar a Deus e a Jesus Cristo. Disse ainda que a Igreja jamais acabaria porque era guiada pelo Espírito Santo. Por várias vezes o Prefeito chamou-o para tentar muda-lo de opinião, mas ele nunca cedeu. Muitas pessoas visitavam o Santo na prisão para vê-lo e pedir orações. São Brás, apesar do sofrimento das torturas, atendia a todos com conselhos e orações.

Um milagre que trouxe a benção das gargantas

Um dia, uma mãe desesperada o procurou porque seu filho estava quase morrendo com um espinho encravado na garganta. São Brás olhou para o céu, rezou e, em seguida, fez o sinal da cruz na garganta do menino. No mesmo instante, ele ficou milagrosamente curado. Por esse milagre, até os dias de hoje São Brás é invocado para curar os males da garganta.

Em todos os lugares do mundo, quando uma criança ou qualquer pessoa se engasga, a invocação direta ao Santo logo é rezada: "São Brás te proteja." Ou simplesmente: "São Brás."

Nas Igrejas de todo o mundo essa benção é feita especialmente no seu dia, com duas velas cruzadas sobre a garganta dos fiéis, que recebem a benção de São Brás.

Milagres e morte do santo na prisão.

Algumas mulheres que foram à prisão ajudar São Brás por causa dos ferimentos das torturas que ele sofrera. Porém, elas foram mortas pelos soldados do Governador após terem jogado em um lago os ídolos dados pelos soldados para que elas renunciassem a Jesus e à igreja. São Brás gritou com os soldados e contra o governador, que também mandou jogar o santo no lago, mas por milagre ele andou sobre as águas e nada lhe aconteceu.

A morte de São Brás

Voltando à terra, o governador enfurecido mandou decapitar São Brás. Assim, ele foi morto tendo sua garganta cortada pela espada. Era o dia 3 de fevereiro de 316. Sua festa é comemorada no dia 3 de fevereiro.

Até 732 o corpo e as relíquias de São Brás ficaram na catedral de Sebaste, na Armênia, depois quando iam ser levadas para Roma, uma tempestade conduziu o barco até a cidade de Maratea, em Potenza, onde os moradores fizeram uma Igreja e posteriormente a Basílica  de São Brás, mudando o nome do local para "Monte São Brás".

Oração a São Brás

"Ó glorioso São Brás, que restituístes com uma breve oração a perfeita saúde a um menino que, por uma espinha de peixe atravessada na garganta, estava prestes a expirar, obtende para nós todos a graça de experimentarmos a eficácia do vosso patrocínio em todos os males da garganta. Conservai a nossa garganta sã e perfeita para que possamos falar corretamente e assim proclamar  e cantar os louvores a Deus. Amém".

A bênção de São Brás:

"Por intercessão de São Brás, Bispo e Mártir, livre-te Deus do mal da garganta e de qualquer outra doença. Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. São Brás, rogai por nós. Amém."

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2023

Por quanto tempo um padre pode ficar em uma paróquia?

© Pascal Deloche / Godong
Por Philip Kosloski

E em que casos acontecem as transferências dos sacerdotes?

Quando são anunciadas as tarefas sacerdotais a cada ano, muitos se perguntam: por quanto tempo um padre pode ficar em uma paróquia?

Código de Direito Canônico incentiva a estabilidade de um pároco, mas diz que os padres devem ser designados a uma paróquia por um período “indeterminado” de tempo.

“Importa que o pároco goze de estabilidade, e por isso seja nomeado por tempo indeterminado; só pode ser nomeado pelo Bispo diocesano por um prazo determinado, se isto tiver sido admitido pela Conferência episcopal, mediante decreto.”

Cân. 522

As transferências

As transferências dos padres de uma paróquia para outra podem acontecer – e são de fato, comuns. Essas mudanças ocorrem pelos mais variados motivos, uma vez que a dinâmica da vida da Igreja Católica e as necessidades pastorais exigem sempre novas decisões. O importante a destacar é que essas decisões não são um gesto de arbitrariedade do bispo.

As mudanças, geralmente, são avaliadas por um conselho formado por bispos e padres, o Conselho Presbiteral, e demandam longas conversas. Porém é importante elencar que as transferências de padres fazem parte da autoridade episcopal.

Ainda sobre as transferências, o Código de Direito Canônico ressalta:

“Se o bem das almas ou a necessidade ou a utilidade da Igreja exigirem que o pároco seja transferido da sua paróquia, que rege com fruto, para outra paróquia ou para outro ofício, o Bispo proponha-lhe por escrito a transferência e aconselhe-o a que aceda por amor de Deus e das almas.”

Cân. 1748

Resumindo: a escolha do sacerdote para cada paróquia, o tempo em que ele lá permanecerá e suas transferências cabem ao bispo local e tentam responder às demandas pastorais de cada comunidade.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Cardeal Leonardo Steiner visita o povo Yanomami

Cardeal Leonardo Steiner | cnbb-norte 1

CARDEAL LEONARDO STEINER VISITA O POVO YANOMAMI EM NOME DO PAPA FRANCISCO E DA PRESIDÊNCIA DA CNBB

A Igreja da Amazônia foi mais uma vez ao encontro dos povos indígenas, eternas vítimas de um sistema que não duvida em colocar o lucro acima da vida das pessoas. Dom Leonardo Steiner, o cardeal da Amazônia, chegou a Boa Vista, capital do Estado de Roraima, para mostrar em nome do Papa Francisco e da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), sua solidariedade ao Povo Yanomami.

O cardeal da Amazônia, que foi acompanhado pelo padre Lúcio Nicoletto, administrador diocesano de Roraima, e pelo padre Corrado Dalmonego, um dos grandes conhecedores do mundo yanomami, afirmou vir a Boa Vista “para me encontrar com lideranças indígenas para um diálogo, para uma escuta, para assim podermos como Igreja ainda estarmos mais presentes”. Depois de visitar doentes na Casa de Saúde Indígena Yanomami em Boa Vista, o arcebispo de Manaus insistiu em que “a Igreja católica sempre se fez muito presente junto aos povos indígenas, e nesse momento de dificuldade aqui no Estado de Roraima, especialmente junto ao Povo Yanomami, nós queremos marcar essa presença”. Sua visita na SESAI, foi momento em que ele esteve “conversando, dialogando, vendo as necessidades e realmente a situação de desnutrição é muito grande, é preocupante”.

Segundo o cardeal Steiner, “os motivos todos nós já sabemos, o porquê da desnutrição, mas em diálogo agora com algumas lideranças, nós percebemos que existem diversos elementos onde nós podemos dar a nossa contribuição, ajudar”. Ele ressaltou que de parte da Igreja católica, “nós queremos ser solidários, são filhos e filhas de Deus, são pessoas que vivem em regiões distantes, que são povos desassistidos pelo governo nos últimos anos e nós sabemos que a dificuldades que estamos a ver não é nova”.

O arcebispo de Manaus destacou o trabalho de denúncia realizado pela Igreja nos últimos anos, sobretudo através do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), que “durante muito tempo tem denunciado, tem falado, tem publicado inclusive relatórios e nós queremos neste momento mostrar a nossa proximidade, nossa solidariedade e vermos com os governos o que podemos fazer para que esses povos possam continuar a viver, mas possam especialmente viver e viver bem”.

A visita de dom Leonardo em Boa Vista continuou com um encontro com lideranças indígenas na sede do Conselho Indígena de Roraima (CIR). O cardeal, que recebeu o informe “Yanomami sob ataque”, um relatório sobre a violência contra o Povo Yanomami, entregue em abril de 2022 aos 3 poderes, executivo, legislativo e judiciário, onde são recolhidos depoimentos e dados que mostram os efeitos devastadores do garimpo ilegal na Terra Indígena Yanomami, enfatizou a necessidade de articulação das organizações indígenas, que na atualidade contam com pessoas muito bem-preparadas e altamente organizadas.

Dom Leonardo fez saber às lideranças indígenas o apoio do Papa Francisco, a quem enviará um relatório de sua visita, e da Presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil. Posteriormente foi escutando as dores do Povo Yanomami, que segundo as lideranças se resumem em quatro elementos: garimpo, desnutrição, fome emergencial e malária. Eles reconhecem o apoio histórico da Igreja de Roraima aos povos indígenas, insistindo em que não é novidade o que está acontecendo. Diante desse cenário alarmante, as organizações indígenas, que se reconhecem mais estruturadas para enfrentar, denunciam a tentativa da mídia de esconder a realidade e afirmam que a maior bandeira é defender a vida dos povos.

Segundo as organizações indígenas, boa parte do Povo Yanomami está morto espiritualmente pela destruição da floresta, pelos assassinatos e ataques de todo tipo que sofrem, humilhações, estupros, roubo de crianças, suicídios, todos eles consequência do garimpo, que tem levado 120 comunidades Yanomami a estar em situação de grave calamidade. As lideranças não duvidam em dizer que “quem está matando é o garimpo, que está na Terra Indígena e na cidade”, insistindo em que “o garimpo está banhado de sangue”, algo que acontece à vista de todos em Roraima. Por isso, eles pedem, como tem pedido em todas as instâncias, inclusive governamentais, a retirada imediata dos garimpeiros, a proteção do território e das lideranças indígenas.

Um desafio a longo prazo, que pode provocar muita dor no povo, e que tem que começar com a identificação e punição dos verdadeiros culpados, dentre eles os membros dos diferentes poderes e as redes de criminosos que apoiam e financiam o garimpo, o que demanda estratégias de proteção e segurança. De fato, as pessoas que denunciam são ameaçadas e cada vez são mais os jovens yanomami que envolvidos em atividades ilícitas apoiam os criminosos.

As lideranças indígenas agradeceram ao cardeal Steiner sua presença na região em um momento muito difícil para os povos indígenas de Roraima. Eles insistiram em que não foi por falta de aviso, suplicando que “nos ajudem, não nos deixem passar mais por essa situação. Vocês agora têm conhecimento do que nós estamos passando”. Um pedido que encontrou eco no cardeal da Amazônia, que reconhecendo que as exposições das lideranças tinham lhe ajudado muito, lhes mostrou o desejo da Igreja de caminhar junto com os povos indígenas.

Por Padre Luis Miguel Modino, assessor de comunicação CNBB Norte1


 Fonte: https://www.cnbb.org.br/

O casamento é mesmo possível? O Papa Francisco tira todas as dúvidas

Filippo Monteforte | AFP
Por Isabella H. de Carvalho

Segundo o Pontífice, as crises que afetam muitas famílias hoje vêm de uma “ignorância prática – pessoal e coletiva – sobre o casamento”.

“O matrimônio, segundo a Revelação cristã, não é uma cerimônia ou um acontecimento social, não é uma formalidade nem um ideal abstrato”, mas sim um “vínculo permanente […] de amor”. Essas foram as palavras do Papa Francisco em um discurso de 27 de janeiro de 2023. Em audiência com funcionários do Tribunal da Rota Romana, o tribunal de apelação da Santa Sé que lida notadamente com casos de nulidade matrimonial, o Pontífice sublinhou a “forte necessidade de redescobrir o significado e o valor” deste sacramento.

Segundo ele, as crises que afetam muitas famílias hoje vêm de uma “ignorância prática – pessoal e coletiva – sobre o casamento”.

“Poderíamos nos perguntar: como é possível que haja uma união tão abrangente entre um homem e uma mulher, uma união fiel e eterna, da qual nasce uma nova família? Como isso é possível, considerando os limites e a fragilidade do ser humano?”

Tendo em conta as questões que nos possam surgir, o Papa continuou a respondê-las e sublinhou que o casamento se baseia num amor divino e que até mesmo uma união com muitos fracassos pode fazer parte do desígnio de Deus para as nossas vidas. 

Vínculo indissolúvel baseado no amor divino 

O Pontífice argentino destacou que os noivos decidem livremente dar vida à sua união através do casamento. Entretanto é “só o Espírito Santo” que pode fazer daquele homem e daquela mulher uma “existência única”.

Ele explicou que Cristo “entra na vida dos cristãos casados ​​por meio do sacramento do matrimônio” e, que “o que Deus uniu, nenhum ser humano deve separar” (Mateus, 19,6).

O vínculo, que é a “realidade permanente do matrimônio”, precisa ser redescoberto, insistiu o Pontífice. Ele reconheceu que podemos ver esse tipo de vínculo como “uma imposição externa, um fardo”.

Na realidade, porém, este “vínculo de amor” é “um dom divino que é a fonte da verdadeira liberdade e que preserva a vida matrimonial”. 

Francisco reconheceu que podemos encarar “esta bela visão” como “utópica”, pois ela não leva em conta a fragilidade humana e a volatilidade dos sentimentos. No entanto, o Papa sublinhou que não é qualquer tipo de amor que está na base de um vínculo matrimonial. O amor conjugal não é apenas “sentimental” ou para “satisfações egoístas”.

Para Francisco, “o amor matrimonial é inseparável do próprio matrimônio, no qual o amor humano, frágil e limitado, se encontra com o amor divino, sempre fiel e misericordioso”.

O Santo Padre ainda explicou que o amor matrimonial “é um dom confiado à liberdade [dos esposos], com os seus limites e os seus lapsos, de modo que o amor entre esposos necessita de purificação e amadurecimento contínuos, compreensão recíproca e perdão. […] As crises ocultas não se resolvem na ocultação, mas no perdão mútuo”.

Até um casamento imperfeito é bom – e faz parte do plano de Deus

Tendo explicado o forte vínculo divino que deve estar na base de qualquer casamento, e deve ajudar homens e mulheres a superar suas dificuldades, o Papa também enfatizou que não se trata de pensar que as coisas serão perfeitas.

“O casamento não deve ser idealizado, como se só existisse onde não existem problemas. O desígnio de Deus, colocado em nossas mãos, sempre se realiza de maneira imperfeita”, explicou Francisco ao fazer referência à exortação apostólica Amoris Laetitia:

“A presença do Senhor habita nas famílias reais e concretas, com todas as suas dificuldades e lutas cotidianas, alegrias e esperanças. Viver em família torna difícil para nós fingir ou mentir; não podemos nos esconder atrás de uma máscara. Se aquela autenticidade é inspirada pelo amor, então o Senhor reina ali, com sua alegria e sua paz”.

Por fim, o Papa afirmou que o matrimônio é “um bem de valor extraordinário para todos: para os próprios esposos, para seus filhos, para todas as famílias com as quais se relacionam, para toda a Igreja, para toda a humanidade. É um bem que se difunde, que atrai os jovens a responder com alegria à vocação matrimonial, que conforta e vivifica continuamente os esposos, que produz muitos e diversos frutos na comunhão eclesial e na sociedade civil”.

O Papel da Igreja junto aos casais

Francisco também pediu à Igreja que apoie os casais antes e depois do sacramento do matrimônio, a fim de ajudá-los a “aprofundar o amor, mas também a superar problemas e dificuldades”.

“Um recurso fundamental para enfrentar e superar as crises é renovar a consciência do dom recebido no sacramento do matrimônio, dom irrevogável, fonte de graça com a qual sempre podemos contar. […] Assim a fragilidade, que sempre permanece e também acompanha a vida conjugal, não levará à ruptura, graças à força do Espírito Santo”, conclui o Papa.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A sua paciência nos espera (3/3)

Rembrandt, O lava-pés, Amsterdã, Rijksmuseum |
30Giorni

Arquivo 30Dias – 03/2003

Luciani e a confissão

A sua paciência nos espera

“O Senhor é um pai que espera no portão. Que nos vê quando ainda estamos longe, e se enternece, e, correndo, vem se atirar ao nosso pescoço e nos beijar com ternura... Nosso pecado, então, transforma-se quase numa joia que podemos lhe dar de presente para prover-lhe a consolação de perdoar... Agimos como senhores, quando damos joias de presente. E não é derrota, mas uma vitória cheia de alegria deixar Deus vencer!”

 de Stefania Falasca


“Da quod iubes, iube quod vis”

(Santo Agostinho)
Em janeiro de 1965, Albino Luciani, bispo de Vitório Vêneto, pregou exercícios espirituais a sacerdotes de várias dioceses do Vêneto. Naqueles encontros, escolheu este tema: Historia salutis. Tomou como ponto de partida a parábola do Bom Samaritano: “O Bom Samaritano é Jesus”, disse, “o viajante desafortunado somos nós”. E começou com estas palavras: “História salutis significa isto: o Senhor corre atrás dos homens”. Foi um sucesso tão grande que o texto daqueles encontros foi depois publicado. Algumas partes se referem à graça. O Concílio de Trento, explica Luciani, diz: “‘Ninguém ouse aceitar a afirmação temerária, refutada também pelos Padres, de que os mandamentos de Deus são impossíveis de observar. Deus não ordena coisas impossíveis, mas, quando ordena, exorta a fazer o que for possível e a pedir-lhe aquilo de que não se for capaz, ao mesmo tempo em que ajuda a sê-lo’. Dizia Santo Agostinho: ‘Agnosce ergo gratiam eius cui debes quod non commisisti’, ‘reconhece, pois, a graça dAquele a quem deves o fato de não cometeres certos pecados’, e continuava: ‘Nullum est peccatum quod fecit homo, quod non possit facere et alter homo, si desit rector a quo factus est homo’, ‘não existe pecado cometido por homem que outro homem não possa cometer, se faltar a ajuda dAquele que fez o homem’”. Luciani então comentava: “O Paraíso é um pouco alto e nós custamos a chegar lá. Nós estamos na situação de uma menininha que viu as cerejas mas não as alcança; é preciso então que venha o pai, pegue-a nos braços e diga: pra cima, pequena, pra cima! Aí sim, quando ele a levanta, é que ela pode pegar e comer as cerejas. Nós somos assim: o Paraíso nos atrai, mas é alto demais para as nossas pobres forças. Ai de nós se o Senhor não vier com sua graça! O próprio Santo Agostinho repetia uma oração com extrema freqüência: ‘Da, Domine, quod iubes, et iube quod vis’. Senhor, eu não alcanço, dá-me fazer o que me ordenas; ordena-me o que quiseres, mas só depois de me dares a graça de fazê-lo. Tudo é possível com a graça de Deus. Precisamos da Sua graça. Portanto, deixem que agora lhes diga uma palavra sobre a oração”. E contou este episódio: “Padre Mac Nabb, famoso dominicano que pregava em Londres, dizia: ‘Quando estou no confessionário, eu me revisto realmente da paciência do Senhor. Seja o que for que me digam, nunca me sinto agitado: mesmo que sejam pecados horríveis. Digo: o Senhor perdoará, esta pessoa veio aqui, humilhou-se... Coragem, coragem... Há apenas uma exceção: quando chega alguém que diz ter negligenciado a oração. ‘Mas não rezou nenhum dia, mesmo?’. ‘Não, padre, não rezei’. ‘Ah’, ele diz, ‘é nessa hora que se pudesse eu passaria a mão pela janelinha e lhe daria com vontade umas belas bofetadas!’”. “Como é possível neste mundo”, retomou Luciani, “inclinados para o mal como somos, fracos como somos, não rezar? Não pedir a graça, a ajuda de Deus? Isso significa não ter mesmo conhecimento da realidade, não entender realmente nada. [...] Não dá nem para seguir em frente sem a oração, sem a confiança na graça de Deus. ‘Quero que peçais’, disse o próprio Jesus, ‘com insistência’ até. [...] ‘Quero que peçais.’ ‘Basta que peçais, basta terdes confiança, esperança.’ Omnia possibilia sunt credenti. ‘De minha parte tudo é possível, basta que tu tenhas fé’. Quantas vezes... Espero em Vós, porque sois infinitamente bom, reza o Ato de Esperança, ou seja: espero com certeza. ‘Esperar com certeza’, dizia Dante. A esperança não é facultativa, é obrigatória...”.
“Mas, nesse meio tempo, é a Sua paciência que nos espera”, retomou enfim Luciani. E, voltando ao início da Historia salutis: “Porque, vejam, é Ele que quer nos encontrar, e não desanima mesmo que fujamos: ‘Quero tentar de novo, uma, dez, mil vezes...’. Alguns pecadores não gostariam de tê-lo em sua casa. Pegariam até uma arma para matá-lo e não ouvi-lo mais falar. Não importa, Ele espera. Sempre. E nunca é tarde demais. É assim que ele é, é disso que ele é feito... é Pai. Um pai que espera no portão. Que nos vê quando ainda estamos longe, e se enternece, e, correndo, vem se atirar ao nosso pescoço e nos beijar com ternura... Nosso pecado, então, transforma-se quase numa jóia que podemos lhe dar de presente para prover-lhe a consolação de perdoar... Agimos como senhores, quando damos joias de presente. E não é derrota, mas uma vitória cheia de alegria deixar Deus vencer!”.

Fonte: http://www.30giorni.it/

A Igreja na República Democrática do Congo

Catedral Nossa Senhora do Congo, em Kinshasam. 
(AFP or licensors)

A Igreja da República Democrática do Congo está entre as mais antigas da região subsaariana. A sua primeira evangelização por obra de missionários portugueses remonta a finais do século XV, quando o rei do Kongo Nzinga Nkuwu foi batizado (3 de maio de 1491) e o cristianismo tornou-se a religião oficial do Reino.

Vatican News

Nesta terça-feira, 31 de janeiro de 2023, o Papa Francisco dá início à 40ª Viagem Apostólica de seu Pontificado, que o levará inicialmente à República Democrática do Congo. Na sequência, ao Sudão do Sul.

As origens da Igreja Católica na RDC

A Igreja da República Democrática do Congo está entre as mais antigas da região subsaariana. A sua primeira evangelização por obra de missionários portugueses remonta a finais do século XV, quando o rei do Kongo Nzinga Nkuwu foi batizado (3 de maio de 1491) e o cristianismo tornou-se a religião oficial do Reino.

A Igreja no Congo Belga

O catolicismo estabeleceu-se fortemente durante o domínio colonial belga (1877-1960). Data desta época a chegada dos Padres Brancos, das Missionárias de Scheut e das primeiras monjas. O Estado belga autorizou e apoiou ativamente a criação de escolas e hospitais católicos. Em 1954, a primeira Universidade do Congo, a Universidade Jesuíta "Lovanium", foi inaugurada em Léopoldville (Kinshasa). Em 1956 foi consagrado o primeiro bispo congolês, Dom Pierre Kimbondo, seguido em 1959 pela nomeação do primeiro arcebispo autóctone de Léopoldville, Dom Joseph Malula, que se tornou o primeiro cardeal do país.

A Igreja sob o regime de Mobutu

As boas relações entre o Estado e a Igreja começaram a deteriorar-se após a independência e, em particular, durante a ditadura de Mobutu Sese Seko, que por etapas procedeu à nacionalização das universidades, incluindo a Universidade Católica de Louvain, a abolição do Natal como dia festivo, a nacionalização das escolas católicas e a proibição de símbolos religiosos em edifícios públicos.

Essas políticas geraram muitos atritos com o episcopado congolês, que não hesitou em denunciar os abusos e a corrupção do regime. Se em relação à escola Mobutu foi forçado a recuar devido ao fracasso de sua política, as tensões continuaram em fases alternadas nas décadas de 1980 e 1990, com contínuas intimidações por parte do governo. Nesse contexto, foram realizadas as duas Viagens Apostólicas de São João Paulo II ao país: em 1980, por ocasião do centenário da evangelização, e em 1985, por ocasião da Beatificação da Irmã Anuarite Nengapeta, a "Santa Inês de o continente africano".

A Igreja após o fim de Mobutu

Os bispos continuaram a fazer ouvir a sua voz mesmo depois da morte de Mobutu, para denunciar as violências e abusos de poder, e sobretudo em defesa das populações vítimas dos conflitos que continuaram a sangrar o país. Mesmo à custa da vida, como aconteceu com Dom Christophe Munzihirwa, o arcebispo jesuíta de Bukavu assassinado em 29 de outubro de 1996 por milícias ruandesas aliadas de Kabila, por seu empenho em favor dos refugiados e por ter denunciado injustiças e os planos de guerra na região dos Grandes Lagos .

A vitalidade da Igreja congolesa

Apesar das vicissitudes políticas, a Igreja Católica congolesa continua a estar entre as mais fecundas da África. Testemunha disso é o crescimento dos fiéis, que representam cerca de 33% da população para 90% cristãos (sendo 22% protestantes e 19% pentecostais e evangélicos); a alta participação nas Missas, mesmo entre os jovens; o florescimento das vocações ao sacerdócio e à vida religiosa; o zelo missionário das comunidades eclesiais; o dinamismo dos leigos que participam ativamente da vida e da missão da Igreja; sua ampla presença na sociedade e na mídia.

A Igreja conta com mais de 4.000 sacerdotes diocesanos, sendo numerosos os sacerdotes Fidei Donum, missionários na África, Europa e América. A eles se somam mais de 11 mil religiosos e religiosas, comprometidos nos vários âmbitos da pastoral e cujos superiores maiores estão reunidos em dois organismos: a ASUMA (Associação dos Superiores Maiores) e a USUMA (União dos Superiores Maiores).

Grande é o ativismo dos leigos, como evidenciado pela presença de numerosas associações e movimentos laciais reunidos no Conselho do Apostolado Católico dos Leigos (CALCC). São numerosos os catequistas que contribuem para animar as comunidades, assim como os leigos empenhados em dar testemunho da fé nos âmbitos político, econômico e cultural.

Graças à sua colaboração, a Igreja congolesa é, portanto, viva, dinâmica e missionária. Uma missão que realiza também através dos meios de comunicação. Atualmente, existem mais de 30 rádios e vários canais de televisão diocesanos, aos quais devem ser adicionados jornais e publicações. A Conferência Episcopal (CENCO) já há algum tempo tem um site próprio, sempre atualizado.

Ademais, a Igreja congolesa também é um ator social de primeiro plano e é de fato o primeiro parceiro do Estado no campo educacional e da saúde, suprindo a carência de serviços públicos com a sua densa rede de hospitais, centros sociais e escolas de todos os níveis, muito apreciados pela qualidade do ensino ministrado.

Grande parte de sua classe dirigente foi educada em escolas católicas. Esta colaboração por vezes é afetada por tensões políticas no país, como aconteceu com a recente reforma escolar, relativa à decisão das autoridades estatais de tornar gratuitas todas as escolas primárias. Uma uma decisão compartilhada em princípio pelos bispos, mas que foi politizada a ponto de a Igreja Católica ser acusada de ser contra a educação gratuita.

Apesar da vitalidade da Igreja local, alguns problemas permanecem. Entre estes, uma forma superficial de viver a fé de alguns cristãos: crenças e práticas supersticiosas, feitiçarias e magias, que condicionam a vida cotidiana das pessoas e alimentam o medo e as suspeitas, ainda são difundidas nas comunidades dos fiéis. Além disso, Igrejas independentes de matriz pentecostal, e as seitas, estão se multiplicando no país. Outro desafio importante para a Igreja congolesa é representado pelos jovens que, com a falta de trabalho, se tornam presas fáceis para grupos criminosos nas cidades e para milícias locais e grupos armados estrangeiros em áreas de conflito no leste do país.

Os bispos sobre a situação sócio-política do país

Nos últimos trinta anos, a CENCO continuou a acompanhar de perto a situação sócio-política local, intervindo com mensagens e declarações nos momentos marcantes da vida nacional para denunciar as deficiências das instituições, a corrupção, a má governança, os abusos das autoridades e exortar as consciências.

Intervenções acompanhadas de iniciativas concretas para educar os cidadãos congoleses para os valores da paz e da democracia e encorajar os fiéis leigos a participar ativamente da vida política da nação. A Igreja também participa frequentemente da organização das eleições com seus próprios observadores para verificar sua correta conduta e sempre insistiu fortemente na necessidade de garantir a efetiva independência da Comissão Nacional Eleitoral (CENI) para evitar disputas que seguem pontualmente cada turno eleitoral.

Graças à confiança e credibilidade de que goza, a Igreja tem sido repetidamente chamada a intervir como mediadora e conciliadora nos conflitos que se seguiram desde o fim do regime de Mobutu. Repetiram-se nos últimos anos os apelos dos bispos pela paz no leste do país, juntamente com as queixas contra a presença de forças estrangeiras e fortes interesses em torno de suas extraordinárias riquezas minerais.

A proximidade do Papa Francisco ao povo congolês

O sofrimento do povo congolês tem estado constantemente no centro das preocupações do Papa Francisco, cuja Visita Apostólica ao país prevista para julho, e depois adiada para 2023, incluiu inicialmente também uma escala na atormentada província de Kivu do Norte para encontrar as vítimas da violência. Uma etapa que foi cancelada do programa justamente pela insegurança que persiste na região.

Seus apelos e expressões de proximidade aos congoleses se repetiram durante seu pontificado. Em particular, recorda-se a especial vigília de oração pela paz no Congo e no Sudão do Sul por ele presidida na Basílica de São Pedro em 23 de novembro de 2017 e o Dia de Oração convocado para 23 de fevereiro de 2018 após o adiamento, por motivos de segurança, de sua viagem ao Sudão do Sul junto com o primaz anglicano inglês Justin Welby, que havia sido anunciada para 2017. Naquelas ocasiões, o Pontífice voltou a pedir esforços adequados, sobretudo por parte da comunidade internacional, na busca da paz nestes dois países, por meio do diálogo e da negociação.

Após o novo adiamento da sua Viagem Apostólica aos dois países prevista para o verão de 2022, numa mensagem vídeo divulgada a 2 de julho passado, o Papa Francisco voltou a reafirmar a sua proximidade e afeto a estes dois povos: "Trago em mim, na oração , o sofrimento que vocês vivenciam há muito, muito tempo", disse o Papa, exortando as populações do Congo e do Sudão do Sul a não deixar que sua "esperança seja roubada".

Apresentação do Senhor

Apresentação do Senhor | Opus Dei
02 de fvereiro

Festa da Apresentação do Senhor

Reflexão para meditar no dia 2 de fevereiro, Festa da Apresentação do Senhor. Os temas propostos são: a festa do encontro; Simeão era um homem esperançado; impulsionados pelo Espírito Santo.

PASSADOS QUARENTA DIAS do nascimento de Jesus, a Sagrada Família viaja ao Templo em Jerusalém a fim de cumprir duas prescrições da Lei: a apresentação do primogênito (cf. Ex 13, 2. 12-13) e a purificação da mãe (cf. Lev 12, 2-8). Os dois mistérios estão unidos na festa de hoje.

Por um lado, a apresentação do primogênito recordava a salvação dos primogênitos hebreus no Egito. De acordo com a lei de Moisés, o primogênito masculino era propriedade de Deus e devia ser “consagrado ao Senhor” (Lc 2, 23), pelo que esta cerimônia era considerada uma espécie de “resgate”. Por outro lado, a purificação da mãe realizava-se quarenta dias após o parto. Até então, a mulher não podia aproximar-se dos lugares santos, pois estava manchada por uma certa impureza depois de dar à luz. Na cerimônia de purificação, era oferecido um duplo sacrifício: um cordeiro e uma rola ou pombo jovem; mas se a mulher fosse pobre, podia oferecer duas rolas ou dois pombos jovens. “E desta vez serás tu, meu amigo, quem leve a gaiola das rolas. – Estás vendo? Ela – a Imaculada! – Submete-se à Lei como se estivesse imunda”[1]. O evangelista especifica que Maria e José ofereceram o sacrifício dos pobres (cf. Lc 2, 24).

“Logo chegará ao seu templo o Dominador” (Ml 3, 1), diz o profeta Malaquias na primeira leitura. É um momento único e belo: o Filho de Deus entra no seu próprio templo. É por isso que o salmo responsorial canta: “Ó portas, levantai vossos frontões! Elevai-vos bem mais alto, antigas portas, a fim de que o Rei da glória possa entrar! Dizei-nos: Quem é este Rei da glória? É o Senhor, o valoroso, o onipotente, o Senhor, o poderoso nas batalhas!” (Sl 23, 7-10). Na realidade, porém, o “Deus poderoso” não queria entrar no Templo ao som de trombetas, mas apenas como uma criança entre outras. No meio das constantes idas e vindas de pessoas, entre peregrinos, devotos, sacerdotes e levitas: ninguém soube o que estava acontecendo. Apenas dois idosos, Simão e Ana, tiveram o “Rei da Glória” em seus braços. Por este motivo, a festa da Apresentação do Senhor no Templo “é a festa do encontro: a novidade do Menino encontra-se com a tradição do templo; a promessa encontra o seu cumprimento; Maria e José, os jovens, conhecem Simeão e Ana, os idosos. Tudo se encontra, em suma, quando Jesus chega”[2].

SIMEÃO era um homem “justo e piedoso, e esperava a consolação do povo de Israel. O Espírito Santo estava com ele e lhe havia anunciado que não morreria antes de ver o Messias que vem do Senhor” (Lc 2, 25-26). Simeão estava sempre preparado para o encontro com Deus porque, como as virgens sensatas da parábola, transportava a lâmpada cheia de azeite. Era um homem idoso que tinha a juventude permanente da esperança. Movido pelo Espírito, subiu ao Templo para rezar. Quando viu a família que vinha de Belém, e olhou para o menino, percebeu que ele não era um dos muitos que vinham ao Templo todos os dias. Neste bebê, que ele tomou nos seus braços, cumpriam-se todas as profecias: ele era o esperado, o primogênito de uma nova humanidade, o consagrado do Pai.

“Simão não se deixou desgastar pela passagem do tempo. Era um homem já carregado de anos, e, no entanto, a chama do seu coração ainda ardia; na sua longa vida deve ter sido ferido algumas vezes, desapontado; no entanto, não perdeu a esperança. Com paciência, guardou a promessa – cumprir a promessa – sem se deixar consumir pela amargura do tempo passado ou por aquela melancolia resignada que surge quando se chega ao ocaso da vida. A esperança da espera traduziu-se nele na paciência diária de alguém que, apesar de tudo, permaneceu vigilante, até que finalmente "os seus olhos viram a salvação" (cf. Lc 2, 30)”[3].

Com o auxílio do Espírito Santo, Simeão chamou Jesus de “luz” para iluminar as nações (cf. Lc 2, 29-35). A liturgia de hoje começa com uma procissão de velas, significando que Cristo é a luz que vem ao mundo para iluminar as pessoas que, sem Deus, só tropeçam na escuridão. A palavra de Deus é, em palavras de São Josemaria, “luz e esperança nos corações”[4]. Provavelmente isto fazia parte do segredo de Simeão para manter viva aquela sua juventude: a abertura sincera à palavra de Deus, sempre com um novo olhar.

DEPOIS de Simeão, a família de Belém encontrou-se com Ana, uma profetisa idosa, que ia diariamente ao Templo, “dia e noite servindo a Deus com jejuns e orações” (Lc 2, 37). Esta viúva idosa, ao encontrar o Menino, louvou a Deus e falou d’Ele “a todos os que esperavam a libertação de Jerusalém” (Lc 2, 38). Ambos os anciãos profetizam que Jesus é o Messias há muito esperado, e preveem a sua morte e ressurreição para salvar todas as nações.

Vislumbra-se na cena a presença do Espírito Santo, movendo “os passos e os corações daqueles que o esperam. É o Espírito que sugere as palavras proféticas de Simeão e Ana, palavras de bênção, de louvor a Deus, de fé no seu Consagrado, de ação de graças porque finalmente os nossos olhos podem ver e os nossos braços acolher a sua salvação”[5]. Neles descobrimos modelos maravilhosos de docilidade. O Espírito Santo era o verdadeiro motor das suas vidas, “estava neles”, guiava-os, empurrava-os, falava em seus corações, ditava as suas palavras. São um ícone de santidade, porque ouvem e proclamam a Palavra de Deus, procurando resolutamente o rosto de Cristo, as suas pegadas, a sua vontade.

“No templo, Jesus vem ao nosso encontro, enquanto nós vamos ao seu encontro. Contemplamos o encontro com o velho Simeão, que representa a expectativa fiel de Israel e a exultação do coração pelo cumprimento das antigas promessas. Admiramos também o encontro com a idosa profetisa Ana que, ao ver o Menino, exulta de alegria e louva a Deus. Simeão e Ana representam a espera e a profecia, Jesus é a novidade e o cumprimento: Ele se apresenta a nós como a perene surpresa de Deus; neste Menino que nasceu para todos encontram-se o passado, feito de memória e de promessa, e o futuro, repleto de esperança”[6]. Podemos imaginar como Simeão e Ana devem ter admirado a Virgem Maria, que carregava essa esperança em seu ventre. Ela pode interceder para que nas nossas vidas nunca falte o alento do Espírito Santo, que faz novas todas as coisas.

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[1] São Josemaria, Santo Rosário, 4.º mistério gozoso.

[2] Francisco, Homilia, 2/02/2019.

[3] Francisco, Homilia, 2/02/2021.

[4] São Josemaria, Via Sacra, 1.ª estação.

[5] Bento XVI, Homilia, 2/02/2013.

[6] Francisco, Homilia, 2/02/2016.


Fonte: https://opusdei.org/pt-br

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF