Translate

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

Do deserto da morte para o deserto da vida

As roupas acumuladas no deserto do Atacama | Vatican News

Um projeto no deserto do Atacama, no Chile, transforma o descarte da indústria têxtil em painéis de isolamento térmico para casas populares. Uma “semente” que, para germinar, necessita da contribuição de cada um de nós na tentativa de preservação da Casa Comum. A solução é só uma: consumir menos.

https://youtu.be/MaFpPxrB8nQ

Bianca Fraccalvieri – Vatican News

“A terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo. (Laudato Si’, 21)”

Esta frase do Papa Francisco estava se verificando no deserto do Atacama, no Chile. E um lixão particular, feito de montanhas de roupas.

Nos últimos anos, se popularizaram lojas de varejo que vendem roupas de baixo custo. São tão baratas que na primeira mancha, rasgo ou simplesmente porque não agradam mais se opta por jogá-las fora. Um fenômeno conhecido como “fast fashion”. As roupas são fabricadas, consumidas e descartadas num ritmo veloz. A pergunta é: onde vai parar tanta mercadoria e com qual consequência para o meio ambiente?

Este descarte criou uma nova indústria, com empresas especializadas na compra de roupa usada. Mas nem todos os países legalizaram a importação deste material.

Na América Latina, o Chile constitui uma das poucas exceções. As empresas selecionam as melhores peças para a revenda e o que não pode ser reaproveitado vai parar em lixões ilegais. Dentro do Chile, a cidade com os maiores benefícios tributários, também devido à sua posição geográfica – perto do mar –, é Iquique, que é zona franca.

Mas antes que a situação pudesse degenerar, as autoridades intervieram, limpando o maior lixão. Mas segundo dados da Secretaria Regional Ministerial, existem ainda 52 “micro-depósitos” na região. Os importadores se comprometeram a trazer tecidos de melhor qualidade para que não sobre produto. Hoje, o decreto 189 do Ministério da Saúde proíbe o descarte em lixões.

A reviravolta

Foi neste contexto que começou a atuar há oito anos a empresa EcoFibra, cujo CEO é Franklin Zepeda-López. O trabalho consiste em transformar o as roupas inutilizáveis em painéis de isolamento térmico para a construção civil, na projetação de casas populares. Trata-se de uma espécie de cobertor inserido dentro das paredes para isolar o frio ou o calor.

“No Chile, assim como em todo o mundo – explica o CEO -, o isolamento térmico é para os ricos, porque é muito cara. Então a qualidade de vida das pessoas mais pobres é baixa, porque passa muito frio no inverno e muito calor no verão, sobretudo no norte do país.”

A ação de EcoFibra, portanto, tem um tríplice impacto: primeiro no meio ambiente, porque atua praticamente limpando os terrenos; depois no social, porque implica na melhoria da qualidade de vida das pessoas em situação de vulnerabilidade; e, por fim, na economia, porque promove a geração de empregos e aquece a atividade econômica da região, uma das mais pobres do Chile.

Quando o trabalho começou, o empresário conta que iam diretamente ao lixão separar as roupas manualmente. Agora, há um convênio com o importador o caminhão descarrega diretamente na empresa.

Zepeda-López não tem dúvidas: consumir menos é a solução | 
Vatican News

“Consumir menos é a solução”

Este é um modo de reduzir os danos ambientais, mas não basta. Zepeda-López não tem dúvidas: “Consumir menos é a solução”.

“Devemos consumir menos, devemos nos conscientizar de que cada compra de um presente vai chegar a um lixão ou será queimada e isso está contaminando o nosso planeta, os nossos mares, as águas com os microplásticos.”

Para o CEO, se trata de controlar um impulso “que vem daqui, da cabeça, de ter o melhor presente para mostrar para seus amigos, esta tentação do consumo”. Nisto, a Laudato Si’ de Francisco vem em nosso auxílio:

“Que melhor mensagem esta que o Papa nos convida a tomar consciência do meio ambiente, do cuidado com as pessoas, do cuidado com a água, que, se não o fizermos agora, não o teremos para os nossos filhos e muito menos para os nossos netos? Então, agora é o momento de agir!”

Terremoto na Síria: menos de 1 minuto foi pior que 12 anos de guerra

AFP
Por AIS

"As pessoas estão chocadas, não falam muito. Muitos ficaram feridos. Muitos morreram."

ASíria está em guerra há quase 12 anos, mas, para muitas pessoas em Alepo e em outras cidades afetadas, o devastador terremoto deste 6 de fevereiro foi ainda mais traumático.

A irmã Annie Demerjian, religiosa católica que vive e trabalha na cidade, declarou à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN):

“Se você perguntar ao povo de Alepo sobre a guerra que eles viveram, eles expressam seus sentimentos de dor, de medo, desespero quanto ao futuro, perda de segurança etc. Eles usam muitas expressões diferentes para se referir à guerra de 12 anos. Mas se você perguntar a eles sobre o terremoto que eles acabaram de sofrer, a resposta é apenas uma palavra: horror”.

E acrescentou:

“Imagine que você está na cama às 4 da manhã e o chão começa a tremer violentamente. As portas se abrem, os vidros se quebram, as paredes balançam violentamente, os sons de gritos e desmoronamentos vêm lá de fora, e só um grito surge das profundezas do terror: Meu Deus! Menos de um minuto foi mais forte do que toda a guerra. Na guerra existem áreas seguras e outras perigosas, mas de repente todas as áreas ficaram perigosas”.

Dormindo no hospital

Anne Marie Gagnon, das Irmãs de São José da Aparição, é diretora do principal hospital católico São Luís, em Alepo, e tem estado muito ocupada ajudando os sobreviventes do terremoto.

Em mensagem à ACN no dia do desastre, a irmã relatou:

“Em Aleppo caíram muitos prédios de apartamentos, há muitos mortos e feridos. Ainda por cima está chovendo e fazendo muito frio. Acabamos de operar duas pessoas com ferimentos. Temos uma família cristã no hospital cujos familiares morreram no terremoto. Agora estamos aguardando a chegada do corpo do padre falecido, o pe. Daher”.

O próprio hospital resistiu ao terremoto, mas danos estruturais põem a sua segurança em risco.

“No nosso hospital, há uma parte que parece que vai cair. Mas estamos focados em prestar atendimento gratuito às pessoas que estão feridas”.

O desabamento de prédios é um temor recorrente numa cidade que ainda não se recuperou dos anos de combates e bombardeios, pois a guerra já tinha fragilizado estruturalmente uma enorme quantidade de construções. Igrejas também foram afetadas, incluindo a Catedral Siríaca Ortodoxa de São Jorge.

Há famílias que não têm para onde ir.

“As pessoas estão recorrendo às igrejas e conventos e a nós, no hospital, pedindo para ser abrigadas até que esta crise passe. Muitos edifícios estão com rachaduras e as pessoas que estão no quarto ou no quinto andar têm muito medo de ficar lá. Colocamos alguns colchões no chão para o nosso pessoal ficar aqui”.

Um lugar para passar a noite

Terremoto-Turquia-Síria-AFP
RAMI AL SAYED | AFP

O cenário é confirmado pela Irmã Arlene, carmelita, também de Alepo. Embora a sua comunidade seja de clausura, o trágico acontecimento levou as freiras a abrirem as portas para pessoas que buscam ajuda.

“As famílias estão com medo e não querem voltar para casas. Procuram um lugar para passar a noite. Cinco famílias vieram até nós e estamos abrigando todas elas. Outras famílias estão indo para escolas e igrejas. Talvez, se à noite a situação estiver boa, eles voltem para casa, mas há danos nas casas. Esta noite, como congregação, estamos orando pela paz. As pessoas estão chocadas, não falam muito. Muitos ficaram feridos. Muitos morreram”.

Muita pobreza

Terremoto-Turquia-Síria-AFP
Photo by Omar HAJ KADOUR / AFP

Embora a Síria não tenha sido o único país afetado pelo terremoto – e os danos e mortes possam ser significativamente maiores na Turquia -, o fato é que, na Síria, esta é mais uma catástrofe a ser acrescentada a uma lista já muito longa.

A irmã Anne Marie reforçou à ACN:

“Primeiro uma guerra, depois a covid, depois as sanções e agora um terremoto. As pessoas são muito pobres: não têm dinheiro para comer; não têm nem grãos, nem óleo para cozinhar”.

Vários países ocidentais e da região atingida, bem como organizações não governamentais, já prometeram ajuda, mas os sírios esperam mais.

“Precisamos levantar as sanções. Pedimos aos nossos benfeitores que rezem por nós e para que as sanções sejam retiradas. Eles precisam conversar com os poderes da Europa para acabar com estas sanções”.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Sudão do Sul: tampas de plástico que abrem o futuro para os jovens

Todas as famílias de Villaciambra participam da coleta de tampas |
Vatican News

De Villaciambra a Juba, uma viagem de 5.000 km para contar a história do projeto 'Open Caps': toneladas de tampas coletadas, vendidas, recicladas, financiam bolsas de estudo aos jovens deste país africano ainda martirizado por vários tipos de crise, que através da instrução encontram esperança e uma chance na vida. Marta Genova: Laudato si' nos ensina que tudo é possível se estivermos juntos.

Cecilia Seppia – Vatican News

A Farnesina, Ministério das Relações Exteriores italiano, os aconselhou a não partirem de nenhuma forma; faltando menos de 24 horas antes do voo chegaram a telefonar para o casal, desaconselhando novamente a viagem: "não vão, é perigoso e não podemos garantir sua segurança". Mas Marta Genova, jornalista, e seu marido Antonino Costa, fotógrafo, estavam muito entusiasmados com esta bela história e assim, com as malas carregadas de equipamento, paixão e fé, voaram para Juba, para narrar e documentar o projeto "Open Caps" através de fotografias.

Tudo começou em uma pequena cidade de pouco mais de mil almas perto de Palermo, Villaciambra, precisamente no Centro Don Bruno di Bella da Paróquia Maria Santíssima do Rosario. Durante a missa dominical, Marta e Antonino estavam sentados nos bancos da igreja e, após a bênção, ouviram o pároco falar sobre a coleta e a venda dessas tampas de plástico com efeito "milagroso”. De fato, as tampas são usadas para financiar iniciativas beneficentes para pessoas frágeis e pobres em condições difíceis. Desta vez investiram de solidariedade e esperança as crianças de um vilarejo próximo à capital do Sudão do Sul oferecendo-lhes bolsas de estudo na "Escola Secundária Bro Augusto Memorial College”. Trata-se de um instituto que faz parte dos projetos financiados pela Conferência dos Bispos Italianos (CEI) no país, através do Comitê e Serviço de Ação Caritativa no Terceiro Mundo, juntamente com a construção do Centro de Paz do Bom Pastor, onde Marta e Antonino ficaram durante toda a viagem, e a Universidade Católica do Sudão do Sul. Hoje mais do que nunca há necessidade de dar notícias boas, e esta é uma delas! Nós jornalistas temos o dever de mostrar ao mundo também o outro lado da moeda", afirma Marta ao explicar toda a cadeia que transforma as tampas em dinheiro para dar instrução aos que, em lugares como este, morrem de analfabetismo. 

Algumas das meninas beneficiárias das bolsas de estudo
financiadas pela venda das tampas | Vatican News

Sustentabilidade como uma saída

Todas as famílias de Villaciambra e arredores se tornaram zelosos "acumuladores" de tampas. Eles separam, envolvem seus filhos na coleta, mesmo as crianças, e quando os sacos ficam cheios, levam para a paróquia. O ponto de coleta das tampas para as igrejas da cidade de Palermo que participam da iniciativa é a paróquia de Santa Lúcia, graças ao apoio de Claudio Parotti, um irmão comboniano que viveu na Colômbia durante anos. As tampas são levadas para serem armazenadas, com meios próprios, carros, micro-ônibus, em um espaço disponibilizado gratuitamente em Villaciambra e ensacadas em "Big Bags" com 160-170 kg cada uma. Estas enormes sacolas são então transportadas para uma empresa da província que as recicla e revende o produto semi-processado para outras empresas, que é utilizado para produzir vários objetos: tubos, utensílios, acessórios de mobiliário. Nos últimos anos, a venda das tampas tornou possível levantar somas bastante grandes, que foram destinadas para a promoção de atividades beneficentes e solidárias. Desta vez, a solidariedade chegou a Juba.

As Big Bags de 160-170 toneladas cada uma contendo as tampas
de plástico | Vatican News

Educação e resgate

Apesar da independência do Norte, proclamada em 2011, o Sudão do Sul ainda passa por uma guerra civil, uma crise social, econômica e política, e a situação humanitária também está em colapso. Em muitas áreas, há falta de acesso ao saneamento e à água potável; em outras, não há eletricidade; há estradas intransitáveis, lixo por todo o lado, e as crianças são forçadas a trabalhar ou a usar armas em vez de frequentar a escola e aprender a construir sua própria liberdade e seu próprio futuro. “Sempre que algo acontece no Sudão do Sul, os primeiros a perder são os jovens", conta Marta Genova. "O governo, perenemente em guerra com os chamados rebeldes, a cada ameaça de crise suspende as aulas, bloqueia qualquer projeto educativo ou formativo, mesmo aqueles criados pela Igreja local, e efetivamente congela a única chance de salvação destes jovens. Com Open Caps, abriu-se um caminho diferente, permitindo a 15 meninos e meninas entre 14 e 20 anos de idade a estudar e obter um diploma, e este é um passo enorme, mesmo que pareça uma gota no oceano".

As salas de aula da Secondary School Bro. Augusto Memorial College
no vilarejo de Kit, Juba | Vatican News

Não se cansar de falar da beleza

A viagem foi uma espécie de Odisseia, conta Marta, confiando, entretanto, que ela nunca perdeu a fé, talvez também graças ao terço que segurava na mão, pedindo a intercessão e proteção da Virgem. "Depois de fazer contato com os combonianos presentes na localidade, e de receber duas passagens de avião para Juba que custa muito caro e que não teríamos condições de comprar, meu marido e eu partimos para contar a história desta viagem de 5.000 km de esperança através de um projeto de fotojornalismo, que logo será transformado em uma exposição. As passagens foram dadas organização voluntária Caramella Smile, formada por médicos e cirurgiões que trabalham na África com um projeto de diagnóstico e tratamento de malformações craniofaciais. Houve muitas dificuldades, conseguimos um visto de trabalho, mas uma vez lá, quando estávamos atravessando a ponte sobre o Nilo Branco, eles nos pararam, revistaram o carro, confiscaram nosso equipamento, nossos celulares, a certa altura até queriam nos prender, mas no final, graças à intermediação do irmão Bosco, secretário especial da escola em Juba que estava viajando conosco, e após o pagamento de uma soma em dólares, continuamos, ainda mais convencidos de que o que tínhamos que fazer era revelar a beleza e a força deste projeto.

A viagem de Antonino e Marta nas estradas do Sudão do Sul | 
Vatican News

Encontro com os estudantes

"Conhecemos todos os estudantes e especialmente aqueles que tinham recebido as bolsas de estudo. Eles não sabiam nada e enquanto nós explicávamos o que havia acontecido com suas vidas, eles nos olhavam com os olhos cheios de felicidade, nos escutavam com surpresa. Tudo o que eles sabiam era que um dia o Padre Mario Pellegrino, missionário há anos naquelas terras, os havia tirado das ruas e da degradação das aldeias, mas não esperavam poder estudar. Foram surpreendidos, ficaram emocionados ao descobrir que em uma cidade distante alguém pensa neles e tenta ajudá-los, e isto abriu uma reflexão mais ampla também sobre o que eles mesmos poderiam um dia fazer pelo seu país. Todos nos agradeceram. Um menino em particular havia perdido seus pais, alguns irmãos, e mesmo assim ele dizia o tempo todo o quanto estava feliz por estar lá na escola. Da mesma forma, em Palermo (mas em geral também nas outras realidades que aderem à coleta de tampas, e são muitas na Itália), eles não sabem exatamente o objetivo da iniciativa, porque ninguém jamais lhes disse. Deixá-los saber como são as coisas e mostrar-lhes o resultado de suas ações significa imprimir neles uma mensagem poderosa que só pode fazer o bem e levá-los a fazer mais. Se as pessoas sabem que essas tampas ajudarão as pessoas com um nome, um rosto, mesmo que elas vivam em outro continente, reservam as tampas com cuidado, levam o material para o centro de coleta, e se tornam uma parte fundamental do projeto e tudo é feito com alegria".

A alegria nos rostos dos novos estudantes no encontro com Marta e
Antonino | Vatican News

Parte do todo, como na "Laudato si"

Durante toda a viagem, através de todo o trabalho fotojornalístico, mas desde Villaciambra, afirma Marta, "senti o eco da Laudato si" nesta iniciativa. Eu me senti chamada em causa levar adiante a minha missão. São tampas que não fecham, mas abrem possibilidades para o homem e o meio ambiente, com a recuperação e reciclagem do plástico por um lado, e a oportunidade de resgate, por outro. O 'Open Caps' é um projeto de sustentabilidade ambiental que também nos lembra a importância de fortalecer laços, conexões, porque ninguém se salva sozinho e só unidos podemos fazer a diferença. A coleção de tampas é um tipo de negócio sustentável, eco-social e, portanto, vai perfeitamente na direção da Laudato si'. A tampa, ao contrário da garrafa, pode ser reciclada e reutilizada quase indefinidamente para criar coisas úteis, desde tubos de drenagem até acessórios domésticos, e vai na direção oposta àquela cultura do desperdício que o Papa Francisco constantemente denuncia". Olhando para as fotos de Antonino Costa, nós também ficamos impressionados com uma forte emoção. "As fotos contam olhares, contam rostos", conclui Marta. Em particular, há uma que eu quis chamar de 'Esperança'. Ela retrata uma menina de 10 anos, com as mãos na frente do rosto quase apertadas e seus olhos negros, mas brilhantes e luminosos que apesar de tudo o que já viram, estão cheios de esperança e confiança na vida, nos adultos. É por isso que somos quase obrigados a ajudar essas crianças precisamente por causa da confiança que elas expressam e depositam em nós. É como se gritassem: ‘vocês podem me ajudar!’ Tentamos parar o tempo, um tempo feliz, e talvez até conseguimos. Esses jovens estão ocupados o dia todo, estudam o tempo todo, exceto durante o intervalo do almoço. Sua perseverança é louvável, mas eles nunca parecem cansados, pelo contrário, têm fome do saber, de curiosidade, estão cheios de admiração, a mesma admiração que vemos na Criação quando ela é não poluída, suja, desfigurada, quando o olhar de Deus brilha através dela".

A igreja do Good Sheperd Peace Centre de Juba, faz parte dos projetos
financiados no Sudão do Sul pela Conferência Episcopal Italiana
Vatican News

Alguns dados

As tampas de plástico das garrafas são feitas de um material diferente do resto da garrafa, Polietileno (PE) ou Polietileno de Alta Densidade (PEAD). São plásticos que têm um grande impacto sobre o meio ambiente porque são feitos com grandes quantidades de petróleo, água e energia. Isto não é bom, mas podemos obter algo delas e explorar o valor que têm, ou seja, o fato de que estes plásticos podem ser reutilizados indefinidamente. O preço de uma tonelada de tampas de plástico é de 150 a 200 euros. Segundo uma indicação dada há alguns anos pelo Cicap, o comitê criado em 1989 também por iniciativa do divulgador científico Piero Ângela, uma tonelada de tampas corresponde a mais de 400 mil tampas de plástico. A Paróquia de Villaciambra já coletou mais de 2 mil euros, a carga mais recente vendida à empresa de reciclagem é de cerca de 11 toneladas. Dois mil euros em lugares como o Sudão do Sul é muito dinheiro. Não há uma "lista de preços" nacional, as empresas tentam seguir uma linha compartilhada, que, no entanto, flutua. A empresa italiana, por exemplo, nos primeiros anos pagava as tampas a 0,20-0,25 euros por kg (era 2006-2007), depois o preço caiu para um mínimo de 0,10 e em seguida subiu novamente em 2018. Agora estamos entre 15 e 18 centavos por kg.

Santa Josefina Bakhita

Santa Josefina Bakhita | Guadium Press

No dia de hoje, 8 de fevereiro, a Igreja Católica celebra a memória de Santa Josefina Bakhita.

Redação (08/02/2023 09:13, Gaudium Press) Nascida no Sudão, no ano de 1869, Bakhita foi escravizada ainda jovem. Aos 21 anos recebeu a graça do sacramento do Batismo. Algum tempo depois, Santa Josefina ingressou na Congregação das Filhas da Caridade Canossianas.

Dentre as diversas atividades que exerceu na congregação, estão as funções de porteira e bordadeira. Invocava a Deus carinhosamente chamando-o de “o meu Patrão”.

Após sofrer por conta de uma grave enfermidade, Santa Bakhita partiu para a glória do Senhor em 1947, sendo canonizada no ano 2000 por São João Paulo II. Na ocasião, o então pontífice declarou que em “Santa Josefina Bakhita encontramos uma luminosa advogada da emancipação autêntica. A história da sua vida não inspira a aceitação passiva, mas a firme determinação para realizar uma obra eficaz, a fim de libertar jovens e mulheres da opressão e da violência e restituir-lhes a liberdade no exercício total dos seus direitos” (Missa de canonização de Santa Bakhita, 1 de outubro de 2000).

Selecionamos abaixo algumas frases desta Santa para que possam nos servir de reflexão neste dia:

Santa Josefina Bakhita | Guadium Press

Seleção de frases de Santa Josefina Bakhita

1 – “Quando uma pessoa ama tanto uma outra, deseja ardentemente ir para junto dela. Por que então, tanto medo da morte? A morte nos leva a Deus”.

2 – “Muitas vezes as vias de Deus são incompreensíveis aos olhos humanos. Mas Ele sabe como conduzir as almas e os acontecimentos para realizar Seu plano de amor e salvação”.

3 – “Eu estive sempre no meio da lama, mas não me sujei. […] Nossa Senhora me protegeu, ainda que eu não A conhecesse . […] Em várias ocasiões me senti protegida por um ser superior”.

4 – “Felicidade é o Amor de Deus, que sempre me acompanhou de forma tão misteriosa. Mesmo antes de conhecê-lo”.

5 – “Quem é o patrão destas coisas tão bonitas? E sentia uma grande vontade de vê-lo, de conhecê-lo, de prestar-lhe homenagem”

6 – Se eu ficar de joelhos toda a vida, não expressarei jamais toda a minha gratidão ao bom Deus’

7 – “Eu sou definitivamente amada e aconteça o que acontecer, eu sou esperada por este Amor. Assim a minha vida é bela”.

8 – “Sede bons, amai a Deus, rezai por aqueles que não O conhecem. Se soubéssemos que grande graça é conhecer a Deus!”.

9 – “Vou-me devagarinho para a eternidade… Vou com duas malas: uma contém os meus pecados; a outra, bem mais pesada, contém os méritos infinitos de Jesus Cristo. Quando eu comparecer diante do Tribunal de Deus, cobrirei a minha mala feia com os méritos de Nossa Senhora. Depois abrirei a outra e apresentarei os méritos de Jesus Cristo. Direi ao Pai: ‘Agora julgai o que vedes’. Estou segura de que não serei rejeitada! Então me voltarei para São Pedro e lhe direi: ‘Pode fechar a porta porque eu fico!” (Palavras ditas nos últimos momentos de Santa Bakhita).

Santa Josefina Bakhita | Guadium Press

Oração a Santa Josefina Bakhita

Santa Josefina Bakhita, ainda criança foste vendida como escrava e tiveste de passar por dificuldades e sofrimentos inauditos. Assim que foste libertada da tua escravidão física, encontraste a verdadeira redenção no teu encontro com Cristo e a sua Igreja. Ó, Santa Bakhita, ajuda todos quantos estão presos na escravidão; intercede em seu nome diante de Deus para que sejam libertados das cadeias do seu cativeiro. Que Deus liberte todos quantos foram escravizados pelo ser humano. Presta socorro a todos os que sobrevivem à escravidão e permite que te vejam como modelo de fé e esperança. Ajuda todos os sobreviventes a encontrarem a cura das suas feridas. Pedimos a tua oração e intercessão pelos que se encontram escravizados no meio de nós. Amém. (EPC)

terça-feira, 7 de fevereiro de 2023

Maçonaria: um pouco de história

BBC

Maçonaria: um pouco de história

Em síntese:  Nos países latinos da Europa e da América a Maçonaria assumiu o qualificativo de Irregular, porque abandonou suas tradições religiosas e se tornou antirreligiosa, especialmente contrária à Igreja Católica.  O artigo que se segue, apresenta um pouco de história da perseguição movida pelos Governos maçons contra a Igreja no México, onde morreram vários mártires, inclusive o Pe. Agustin Pro s. J.  Também no Brasil do tempo do Império a Maçonaria, instalada no Governo, perseguiu os Bispos de Olinda-Recife e Belém do Pará, tornando-se então benemérito D. Frei Vital, trazido de Olinda para o Rio, onde esteve encarcerado por resistir às injunções do Governo maçônico em assuntos e ordem interna da Igreja.

Reproduzimos, a seguir, artigo sobre a Maçonaria publicado no jornal belohorizontino O LUTADOR, edição de 15 a 21 de junho de 1997, p. 8.  São páginas que revelam aspectos pouco divulgados da Maçonaria, aptos a explicar o difícil diálogo entre tal sociedade secreta e a Igreja.  Agradecemos à Redação daquele periódico o direito de reprodução.

“RELAÇÕES NADA CORDIAIS”

Tudo o que é secreto, desperta interesse.

Tudo o que é proibido, seduz.  O que parece beneficente, se faz simpático.

Será por isso que tantos católicos ainda têm dúvidas sobre a “condenação” da maçonaria e recebem com desconfiança as advertências da Mãe-Igreja?  Seja como for, o exame das relações entre cristãos e maçons na História do Brasil, bem como no México, traz à luz os sinais do ódio contra a Igreja de Jesus Cristo.  Bispos presos, padres fuzilados, centenas de leigos assassinados a sangue frio … Ao menos naquele tempo e naquelas circunstâncias.

MATANDO O ESCORPIÃO

Que é a Maçonaria ?  Uma sociedade secreta.  Qual o seu objetivo ?  Tomar o poder.  Como provar essa afirmação ?  Pelo exemplo mexicano.  A 5 de fevereiro de 1917, foi aprovada a Constituição do México, maçônica, ainda em vigor no México, após 80 anos.  O presidente era Venustiano Corranza, também ele maçom, como todos os demais que se elegeram até hoje.

A Constituição restringia a liberdade religiosa, considerava crime o ensino religioso e a profissão dos votos.  Ao mesmo tempo, desapropriava sumariamente os bens eclesiásticos, negando personalidade jurídica à Igreja e encerrando-a no âmbito das sacristias.  Os sacerdotes foram privados de seus direitos políticos (votar e ser votado, herdar, possuir bens etc.), mas deviam prestar serviço militar.

Além disso, o Governo determinava o número de sacerdotes permitidos em cada localidade e decretava quem estava habilitado ao ministério.  Só mexicanos de nascimento podiam ser sacerdotes.  A partir de 1926, com a “Lei Calles”, Vera Cruz tinha um sacerdote “autorizado” para cada 100 mil habitantes.  Em Sonora, foram fechadas todas as Igrejas.  Os sacerdotes sumariamente eliminados.  Segundo Fidel Gonzáles, em artigo na revista “30 DIAS” (ago/93), “a violência contra a Igreja era dirigida sobretudo pelas lojas maçônicas e por um de seus grupos, o de Sonora, que alcançou com Calles (presidente de 1924 a 1928) o controle total do poder”.

Álvaro Obregón, um dos responsáveis diretos pelo assassinato do Pe. Agustin Pro (herói do conhecido livro Despistou Mil Secretas), declarou em discurso público: “Quando uma formiga nos pica, não procuramos a formiga para matá-la; pegamos um balde de água fervente e a derramamos no formigueiro.  Quando um escorpião nos pica, nós o matamos; pegamos uma lanterna para procurá-lo e, se encontrarmos outro escorpião, não o deixamos viver, porque não foi ele que nos picou; nós o matamos, porque pode nos envenenar”.

UMA LEGIÃO DE MÁRTIRES

Em 1992, o Papa João Paulo II beatificou Miguel Agustin Pro e os 22 sacerdotes mártires mexicanos. Seu crime ?  Exercer secretamente o seu ministério, confessando os penitentes, ungindo os enfermos e celebrando a Eucaristia.  São mártires in odium fidei (por ódio à fé).  Mas também o foram in odium Ecclesiae, (por ódio à Igreja), pois o objetivo do Governo maçom que mantinha o poder no México era não só erradicar a Igreja Católica, mas eliminar da vida nacional o próprio acontecimento cristão.

O episcopado tentou reagir desde o início.  Uma Carta Pastoral dos Bispos mexicanos apontava sem medo o projeto governamental de “aniquilar o catolicismo”, entranhado na alma do povo.  O Governo reagiu com decretos que visavam a “mexicanizar” a Igreja, tal como fizeram os países comunistas (China, Vietname etc), que favoreceram o surgimento de uma “igreja nacional”, “patriótica”, sem ligação hierárquica com Roma.

A 31 de julho de 1926, os Bispos suspenderam todas as celebrações no país.  Explodia a perseguição contra o clero e as lideranças leigas.  Lares invadidos, interrogatórios, tortura e julgamento de fachada.  Dezenas de milhares de católicos (50 mil homens, segundo alguns historiadores) sublevaram-se e empunharam armas.  Começava a guerra dos “cristeros”, que terminaria com o acordo de paz em junho de 1929.  Embora sofrendo com a falta de armas, os “cristeros” estavam em seu apogeu e dominavam um vasto território.  Os Bispos aceitaram um acordo com o Governo (as circunstâncias não são claras até hoje) e pediram aos fiéis para interromper a luta e cessar fogo.  Tão logo as armas foram entregues, começou a matança.  A Igreja tinha sido traída.

Dolores Ortega, 85 anos, remanescente de uma família de “cristeros” , declara: “Todos sabiam que era um truque, que o Governo nunca respeitaria o seu compromisso.  Todos o sabiam, nós da Liga (para a Defesa da Liberdade Religiosa) e também os “Cristeros”.  Quando nos pediram para interromper a luta, sentimos uma dor surda, uma angústia mais forte do que a provação que a guerra exigia”.  Mesmo assim, obedeciam por fidelidade …

“PRENDAM O BISPO !”

1872.  Agonizava a monarquia no Brasil.  As forças republicanas engrossavam suas fileiras.  No Rio de Janeiro, o Visconde do Rio Branco – Grão-Mestre do Grande Oriente do Vale do Lavradio! – preside ao Gabinete.  Em clima de rivalidade, Saldanha Marinho era o Grão-Mestre do Grande Oriente do Vale dos Beneditinos, ligado à maçonaria francesa.

Aos 27 anos de Idade, Dom Vital é nomeado Bispo de Olinda e toma posse a 24 de maio de 1872.  Ele escreve: “Até 1872, a Maçonaria no Brasil respeitou a religião católica. Introduziu-se no clero, nos conventos, nos cabidos, nas confrarias.  Mas quando teve um Grão-Mestre à frente do Governo nacional, julgou oportuno atacar a Igreja” (citado por Antônio Carlos Villaça, in História da Questão Religiosa no Brasil, pág. 7).

De fato, antes de chegar a Olinda, o novo Bispo já sofria os ataques da imprensa maçônica.  Entre outras provocações, o anúncio de Missas para comemorar o aniversário de uma loja maçônica.  Dom vital impôs sua autoridade sobre o clero, proibindo celebrações e atos interditados pelo Direito Canônico.  Alguns padres filiados à maçonaria obedeceram ao superior.  Outros se calaram.  Mas houve rebeldes, que foram suspensos das ordens sacras.

Quando a suspensão atingiu o Deão Joaquim Francisco de Faria (diretor do Ginásio Pernambucano, ex-vigário capitular e chefe do Partido Maçônico Liberal!), este organizou uma reunião popular e insuflou a multidão a atacar o Colégio S. Francisco Xavier, dos jesuítas.  Móveis quebrados, capela destruída, oito jesuítas agredidos.  A seguir, o jornal católico “União” é invadido e queimado.  Numa demonstração de força, a Maçonaria publicou a lista dos maçons que eram sacerdotes ou membros de confrarias religiosas.

Quando D. Vital lançou o interdito canônico sobre as confrarias envolvidas e se negou a obedecer à intimação do Visconde do Rio Branco para o levantar, foi acusado perante o Supremo Tribunal, preso e recolhido ao Arsenal da Marinha do Recife.  Era o dia 2 de janeiro de 1874.  O Governo afastara previamente do tribunal todos os juízes considerados católicos.  Sem perder a firmeza e a dignidade, Dom Vital foi condenado a quatro anos de prisão com trabalhos forçados.  A 12 de março, sua pena foi comutada em prisão simples, na Fortaleza de S. João, no Rio de Janeiro.

PRINCÍPIOS INCOMPATÍVEIS

O tempo passa. Fica a memória. O último documento da Igreja sobre o assunto foi produzido pela Sagrada Congregação para a Doutrina da Fé, em 26/11/1983, e assinado pelo Cardeal Joseph Ratizinger, que os maçons consideram como seu inimigo figadal.  A Declaração afirma: “Permanece imutável o parecer negativo da Igreja a respeito das associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja, e por isso permanece proibida a inscrição nelas.  Os fiéis que pertencem às associações maçônicas, pois os seus princípios foram sempre considerados inconciliáveis com a doutrina da Igreja, e por isso permanece proibida a inscrição nelas.  Os fiéis que pertencem às associações maçônicas estão em estado de pecado grave, e não podem aproximar-se da Sagrada Comunhão”.

Em 1993, a revista de teologia Atualização (nºs 241 e 242) publicou excelente artigo de D. João Evangelista Martins Terra, S. J., sobre a ação da Maçonaria no Brasil, que tem ricos subsídios para os interessados no tema.  Ali, são lembrados os motivos da incompatibilidade entre catolicismo e maçonaria:

– O relativismo e o subjetivismo maçônico negam todo dogma.

– Exclui-se o conhecimento objetivo da verdade.

 – A verdade divina é inatingível, segundo os maçons.

– A maçonaria é “deísta”, seu “deus” é neutro, impessoal, nada parecido com o Pai e Senhor dos cristãos.

– Não se admite nenhuma “revelação” de Deus.

– O conceito maçônico de “tolerância” rejeita o magistério da Igreja.

– Não há lugar para a ação da graça divina no crescimento moral do homem.

– O maçom assume compromissos secretos, para a vida e para a morte, incompatíveis com a liberdade cristã.

Isto não significa que todos os maçons brasileiros tenham esses sentimentos anticlericais, anti-Igreja, anticristianismo.  Muitos são elementos de boa vontade, atraídos para a maçonaria pela camaradagem, o que parece solidariedade, filantropia.  Muitos fazem número, dão prestígio à Loja.  Mas não sabem todos os segredos.  Não entendem a filosofia maçônica.  É a esses que a Igreja quer esclarecer”.

Revista : “PERGUNTE E RESPONDEREMOS”
D. Estevão Bettencourt, OSB
Nº 425 – Ano: 1997 – pág. 467

Pio IX

S. Pio IX | arquisp
07 de fevereiro

Pio IX

O Papa Pio IX nasceu na Itália aos 13 de maio de 1792. Seus pais pertenciam à nobreza local e o batizaram com o nome de Giovanni (João) Maria Mastai Ferretti. Em 1809, transferiu-se para Roma a fim de continuar os estudos, sem ter se definido pelo sacerdócio. Sua saúde era muito débil, tanto que, devido a uma enfermidade, teve de abandonar os estudos em 1812, sendo também dispensado do serviço militar obrigatório.

O jovem Mastai teve um encontro com São Vicente Pallotti em 1815, que lhe profetizou o pontificado. Nessa época, João fazia parte da Guarda nobre pontifícia, mas teve que deixá-la por motivo de saúde. A partir daí, a Virgem de Loreto o curou, gradual e definitivamente, da enfermidade.

Mastai resolveu optar pelo estudo eclesiástico em 1816, sendo ordenado sacerdote em 1819. Celebrou sua primeira Missa na igreja de Santa Ana dos Carpinteiros, do Instituto Tata Giovanni, para o qual fora nomeado reitor, permanecendo na função até 1823. Acompanhou o núncio apostólico ao Chile, onde ficou por dois anos.

Aos trinta e seis anos de idade, o sacerdote Giovanni Maria Mastai foi nomeado Bispo e destinado à arquidiocese da cidade de Espoleto, Itália. Durante os anos 1831 e 1832, ocorreram revoluções nas cidades de Espoleto e Ìmola. O então bispo Mastai não quis derramamento de sangue e reparou os destruidores efeitos da violência, com a paz, concedendo o perdão para todos os envolvidos.

Foi nomeado Cardeal em 1840. Na tarde do dia 16 de junho de 1846, o cardeal Mastai, que fugia de todas as honrarias, foi eleito Papa escolhendo o nome Pio IX. Começou seu governo com um ato de generosidade: concedeu uma anistia para delitos políticos e, já em 1847, promulgou um decreto de ampla e surpreendente liberdade de imprensa.

Entre as realizações do seu pontificado, podemos destacar o restabelecimento da hierarquia católica na Inglaterra, Holanda e Escócia; a condenação das doutrinas galicanas; a definição solene, a 08 de dezembro de 1854, do dogma da Imaculada Conceição; o envio de missionários ao Pólo Norte, Índia, Birmânia, China e Japão; a criação de um Dicastério para as questões relativas aos orientais; a promulgação do "Syllabus errorum", no qual condenou os erros do Modernismo; a celebração, com particular solenidade, do 18º centenário do martírio dos Apóstolos Pedro e Paulo; a celebração do Concílio Ecumênico Vaticano I , ápice do seu pontificado, iniciado em 1869 e concluído em 1870.

Com a queda de Roma, em 20 de setembro de 1870, e o fim do poder temporal, Pio IX encerrou-se no Vaticano, por se considerar prisioneiro. No dia 07 de fevereiro de 1878, com a sua piedosa morte, chegou ao fim o pontificado mais longo, e um dos mais difíceis da História da Igreja. Pio IX foi um grande Papa, certamente um dos maiores, cumpriu sua missão de "Vigário de Cristo", responsável dos direitos de Deus e da Igreja, foi sempre claro e direto: soube unir firmeza e compreensão, fidelidade e abertura. Com a comprovação de inúmeras graças por intercessão do Papa Pio IX, Giovanni Maria Mastai Ferretti, foi beatificado no ano 2000 pelo Papa João Paulo II, em Roma.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Terremoto: mortos passam de 5 mil, enquanto buscas por desaparecidos continuam

A busca por sobreviventes em Hatay, Turquia (REUTERS/Umit Bektas)

Pelo menos 3.432 pessoas morreram em 10 províncias turcas, com mais de 21.100 feridos, de acordo com os últimos números das autoridades turcas divulgados nesta terça-feira. Já na Síria, o número de mortos é de ao menos 1.598, com cerca de 1.450 feridos.

O número de mortos na Turquia devido ao forte terremoto de magnitude 7.8 na segunda-feira, 6, aumentou para 3.432. Os feridos são 21.103, enquanto os prédios destruídos chegam a 5.775. Já o número de mortos na Síria subiu para 1.598, com cerca de 1.450 feridos.

A chefe de emergências da Organização Mundial da Saúde para a Europa, Catherine Smallwood, afirmou que o número de mortos pode subir para mais de 20.000, “pois sempre acontece a mesma coisa com terremotos: os relatórios iniciais do número de pessoas mortas ou feridas aumentam significativamente na semana seguinte.”

Equipes de resgate correram nesta terça-feira para resgatar sobreviventes dos escombros de milhares de edifícios derrubados pelo terremoto, com a descoberta de mais corpos elevando o número de mortos para mais de 5 mil.

Países ao redor do mundo enviaram equipes para ajudar nos esforços de resgate, mas um dia após o terremoto, o número de equipes de emergência no solo permaneceu pequeno, com seus esforços impedidos por baixas temperaturas e pelos quase 200 tremores secundários, que tornaram as buscas perigosas, devido às estruturas instáveis.

Na província de Hatay, a sudoeste do epicentro do terremoto, as autoridades dizem que cerca de 1.500 prédios foram destruídos e muitas pessoas relataram que parentes ficaram presos sob os escombros sem ajuda ou chegada de equipes de resgate. Nas áreas onde as equipes trabalhavam, aplausos ocasionais irromperam durante a noite enquanto os sobreviventes eram retirados dos escombros.

O terremoto, que teve como centro a província de Kahramanmaras, no sudeste da Turquia, fez com que moradores de Damasco e Beirute corressem para as ruas e foi sentido até no Cairo. A organização de ajuda médica Médicos Sem Fronteiras confirmou na terça-feira que um de seus funcionários estava entre os mortos depois que sua casa na província de Idlib, na Síria, desabou, e que outros perderam familiares.

Na província de Hatay, na Turquia, milhares de pessoas se abrigaram em centros esportivos ou salões de feiras, enquanto outras passaram a noite do lado de fora, enroladas em cobertores ao redor de fogueiras. Um navio da Marinha atracou na terça-feira no porto da província de Iskenderun, onde um hospital desabou, para transportar sobreviventes que precisam de cuidados médicos para a cidade vizinha de Mersin. Uma fumaça espessa e negra subiu de outra área do porto, onde os bombeiros ainda não conseguiram apagar um incêndio que começou entre os contêineres que foram derrubados pelo terremoto.

Na cidade turca de Gaziantep, capital provincial a cerca de 33 quilômetros do epicentro, as pessoas se refugiaram em shoppings, estádios, mesquitas e centros comunitários.

O presidente turco Recep Tayyip Erdogan declarou sete dias de luto nacional. As autoridades temem que o número de mortos continue subindo enquanto as equipes de resgate procuram sobreviventes entre emaranhados de metal e concreto espalhados pela região assolada pela guerra civil de 12 anos na Síria e pela crise de refugiados.

Nas últimas promessas de ajuda internacional, o presidente sul-coreano Yoon Suk Yeol disse que estava se preparando para enviar rapidamente uma equipe de busca e resgate de 60 pessoas, bem como suprimentos médicos.

A missão enviada pelo governo da Grécia inclui 21 bombeiros da unidade de emergência EMAK, 2 cães de resgate e um veículo especial de missão de resgate. Também voando com eles estão um oficial do Corpo de Bombeiros especializado em apoiar prédios desabados, 5 médicos de emergência do sistema de emergência de ambulâncias EKAV e o presidente da Organização de Planejamento e Proteção Antissísmica da Grécia, Efthymios Lekkas.

O governo do Paquistão enviou um voo com suprimentos de socorro e uma equipe de busca e resgate de 50 membros na terça-feira, e disse que haverá voos diários de ajuda para a Síria e a Turquia a partir de quarta-feira.

A Índia disse que enviaria duas equipes de busca e resgate, incluindo cães especialmente treinados e pessoal médico. O presidente dos EUA, Joe Biden, ligou para Erdogan para expressar condolências e oferecer assistência ao aliado da OTAN. A Casa Branca disse que estava enviando equipes de busca e resgate para apoiar os esforços da Turquia.

O terremoto acumulou mais miséria em uma região que passou por um tremendo sofrimento na última década. Do lado sírio, a área afetada é dividida entre o território controlado pelo governo e o último enclave controlado pela oposição do país, cercado por forças do governo apoiadas pela Rússia. A Turquia é o lar de milhões de refugiados da guerra civil síria. No enclave controlado pelos rebeldes, centenas de famílias permaneceram presas nos escombros, disse a organização de emergência da oposição conhecida como Capacetes Brancos em um comunicado. A área abriga cerca de 4 milhões de pessoas deslocadas de outras partes do país pela guerra. Muitos vivem em prédios já danificados por bombardeios militares. Centros médicos sobrecarregados rapidamente se encheram de feridos.

*Com informações de Agências de notícias

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF