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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

Bispo auxiliar de Los Angeles é morto

Dom David O’Connell / Víctor Alemán (Ángelus News)

LOS ANGELES, 20 Fev. 23 / 10:47 am (ACI).- O bispo auxiliar de Los Angeles, EUA, dom David O'Connell, foi morto a tiros no sábado (18).

Segundo o Los Angeles Times, o bispo de 69 anos, conhecido como "o pacificador", foi encontrado morto com um tiro na cidade de Hacienda Heights, no condado de Los Angeles, Califórnia.

O bispo irlandês foi encontrado por volta das 13h, no bloco 1500 da Janlu Avenue em Hacienda Heights.

O arcebispo de Los Angeles, dom José Gomez, publicou uma declaração no site da arquidiocese após receber a notícia.

“Estou muito triste em informar esta tarde que nosso amado bispo auxiliar, dom David O'Connell, morreu inesperadamente. É um choque e não tenho palavras para expressar minha tristeza”, escreveu o arcebispo de origem mexicana.

“Como padre e depois como bispo aqui em Los Angeles por 45 anos, o bispo Dave era um homem de profunda oração e grande amor por Nossa Mãe Santíssima”, continuou.

Dom Gomez disse ainda que o bispo morto "era um pacificador com um coração para os pobres e imigrantes e tinha paixão por construir uma comunidade onde a santidade e a dignidade de cada vida humana foram honradas e protegidas".

“Ele também era um bom amigo e sentirei muita saudade. Eu sei que todos nós iremos. Por favor, junte-se a mim na oração por dom Dave e sua família na Irlanda”, continuou o arcebispo.

“Que Nossa Senhora de Guadalupe te cubra com o manto de seu amor e que os anjos te levem ao paraíso. Descanse em paz”, concluiu dom Gomez.

A Conferência dos Bispos Católicos dos EUA se solidarizou com dom Gomez, "em luto pela perda repentina de um de seus bispos".

“O bispo O'Connell foi um membro ativo de nossa conferência e um defensor dos pobres e marginalizados, tendo atuado como chefe do subcomitê @PovertyUSA_CCHD. Descanse em paz", disse a conferência em sua conta no Twitter.

Poverty USA é uma iniciativa da Campanha Católica para o Desenvolvimento Humano, que visa combater a pobreza.

Dom David O’Connell nasceu em 16 de agosto de 1953.

Formou-se em Filosofia e Literatura Inglesa pela University College Dublin em 1975, e em Divindade pela Maynooth College em 1977. Concluiu o mestrado em Espiritualidade pela Mount St. Mary's College em 1987.

Foi ordenado sacerdote em 10 de junho de 1979, aos 25 anos. Ele trabalhou nas paróquias de St. Raymond em Downey, St. Maria Goretti, em Long Beach, e St. Hillary, em Pico Rivera.

Também serviu na Igreja St. Frances X. Cabrini, Ascension Catholic Church e nas paróquias de St. Eugenio e St. Michael, no sul de Los Angeles, onde atendeu uma comunidade afetada pela violência de quadrilhas, a pobreza, as famílias quebradas e, inclusive, viveu fortes tensões com a polícia local.

Por causa de seu grande trabalho pastoral ao enfrentar esses desafios, foi chamado de "o pacificador".

Ele foi nomeado bispo auxiliar de Los Angeles em 21 de julho de 2015 e recebeu a consagração episcopal em 8 de setembro do mesmo ano.

Foi vigário episcopal da Região Pastoral de San Gabriel, uma das cinco regiões pastorais da arquidiocese de Los Angeles.

Fonte: https://www.acidigital.com/

Santo Ulrico

Santo Ulrico | arquisp
20 de fevereiro

Santo Ulrico

Ulrico Nasceu em Bristol, Inglaterra. Sabemos muito pouco a respeito de sua vida. Inicialmente Ulrico estava entregue aos vícios da nobreza inglesa. Muitos sacerdotes não observavam as normas da Igreja. Certa vez, Ulrico foi abordado por um mendigo. Este o advertiu a respeito de seus atos e da decadência dos costumes daquela época. Ulrico reconheceu envergonhado a verdade nas palavras daquele mendigo.

Resolveu juntar-se a um grupo de padres que viviam disciplinadamente, trabalhando na agricultura e na indústria de lã. Eles trabalhavam, estudavam e pregavam o evangelho, distanciando-se da vida mundana. Ulrico desaparece das festas e penitencia seu corpo, vestindo uma malha de ferro sobre a pele nua. Passa a celebrar missas, pregar apaixonadamente, trabalhar pela Igreja e copiar livros. Enfim, ele havia reencontrado o caminho que o levaria de volta a Deus.

O padre Ulrico ficou muito conhecido entre os pobres e humildes, tornando-se um dos poucos que os escutavam. Tornou-se a voz dos pobres, pregando a esperança. Alguns diziam que ele tinha o dom da profecia e o próprio rei Henrique II fora visitá-lo a fim de ouvir seus conselhos.

O sacerdote Ulrico viveu os últimos anos de sua vida numa pequena cela na Igreja de Haselbury. Tinha conquistado a fama de um homem santo e gente de todo o país vinha em peregrinação para vê-lo e ouví-lo. Quando da sua morte, aos 20 de fevereiro de 1154, uma grande comoção tomou conta do povo humilde que o amava. Sua cela tornou-se sacristia da Igreja de Haselbury.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

https://arquisp.org.br/

O Papa: a tecnologia é para o homem, o virtual não substitui o real

O Papa Francisco com os membros da Pontifícia Academia para
a Vida  (Vatican Media)

Com os membros da Pontifícia Academia para a Vida reunidos em plenária, Francisco sublinhou que é paradoxal falar de um homem “aumentado”, esquecendo que o corpo humano se refere ao bem integral da pessoa. O Papa ressaltou que "é importante uma reflexão séria sobre o valor do homem".

Mariangela Jaguraba – Vatican News

O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta segunda-feira (20/02), na Sala do Consistório, os membros da Pontifícia Academia para a Vida por ocasião da assembleia plenária em andamento, no Vaticano, sobre o tema "Convergir para a pessoa. Tecnologias Emergentes para o Bem Comum".

O organismo, cujo presidente é dom Vincenzo Paglia, "reflete nestes dias sobre a relação entre pessoa, tecnologias emergentes e bem comum". Segundo o Papa, esta "é uma fronteira delicada onde o progresso, a ética e a sociedade se encontram, e onde a fé, em sua perene atualidade, pode oferecer uma valiosa contribuição". "Neste sentido, a Igreja não cessa de incentivar o progresso da ciência e da tecnologia a serviço da dignidade da pessoa e de um desenvolvimento humano 'integral e integrante'", disse Francisco.

A seguir, o Papa refletiu com os membros da Pontifícia Academia para a Vida sobre três desafios que considera importantes nesse sentido: a mudança das condições de vida do homem no mundo tecnológico; o impacto das novas tecnologias na própria definição de "homem" e "relação", com particular referência à condição dos sujeitos vulneráveis; e a definição de “conhecimento” e as consequências decorrentes.

Rapidez e interdependência

No primeiro desafio, a mudança das condições de vida do homem no mundo tecnológico, Francisco ressaltou que é natural do "ser humano agir no mundo de forma tecnológica, transformando o meio ambiente e melhorando suas condições de vida". Bento XVI recordou isso, afirmando que a tecnologia “responde à vocação do trabalho humano” e que “na tecnologia, vista como obra de seu próprio gênio, o homem se reconhece e realiza sua humanidade”. Segundo Francisco, a tecnologia nos ajuda "a compreender cada vez melhor o valor e o potencial da inteligência humana e, ao mesmo tempo, nos fala da grande responsabilidade que temos para com a criação".

O Pontífice ressaltou que "no passado, a conexão entre culturas, atividades sociais e ambiente, era menos impactante. Hoje, porém, o rápido desenvolvimento dos meios tecnológicos torna mais intensa e evidente a interdependência entre o homem e a "Casa comum", como já reconhecia São Paulo VI na Populorum Progressio".

Com efeito, a força e a aceleração dos acontecimentos são tais que produzem mutações significativas, porque vai um pouco com uma aceleração geométrica, não matemática; produzem mutações significativas tanto no ambiente quanto nas condições de vida humana, com efeitos e desdobramentos nem sempre claros e previsíveis. Várias crises demonstram isso, desde a pandemia à crise energética, da crise climática à migratória, cujas consequências se repercutem umas nas outras, amplificando-se mutuamente. O desenvolvimento tecnológico saudável não pode deixar de levar em conta esses entrelaçamentos complexos.

Reflexão séria sobre o valor do homem

No segundo desafio, o impacto das novas tecnologias na própria definição de "homem" e "relação", com particular referência à condição dos sujeitos vulneráveis, o Papa ressaltou que "é importante uma reflexão séria sobre o valor do homem. Na rede de relações, tanto subjetivas quanto comunitárias, a tecnologia não pode suplantar o contato humano, o virtual não pode substituir o real e nem as mídias sociais podem substituir o âmbito social. Estamos na tentação do virtual sobre o real: esta é uma tentação feia".

O Papa destacou "a urgência de que a distribuição de recursos e o acesso aos cuidados beneficiem a todos, para que sejam reduzidas as desigualdades e seja garantido o apoio necessário, especialmente aos mais frágeis, como os deficientes, os doentes e os pobres".

Por isso é necessário monitorar a velocidade das transformações, a interação entre as mudanças e a possibilidade de garantir um equilíbrio global. Além disso, não significa que esse equilíbrio seja o mesmo nas diferentes culturas, como a perspectiva tecnológica parece presumir quando se impõe como linguagem e cultura universal e homogênea. Isso é um erro. O compromisso deve, pelo contrário, «assegurar que cada um cresça com o estilo que lhe é peculiar, desenvolvendo a sua capacidade de inovar a partir dos valores da sua própria cultura».

Bem integral

A propósito do terceiro desafio, a definição de “conhecimento” e as consequências decorrentes, Francisco disse que "o conjunto de elementos até agora considerados nos leva a nos questionar sobre os nossos modos de saber, conscientes de que o tipo de conhecimento que implementamos já tem em si implicações morais. Por exemplo, é redutivo buscar a explicação dos fenômenos apenas nas características dos elementos individuais que os compõem. São necessários modelos mais articulados, que considerem o entrelaçamento das relações das quais os eventos singulares são tecidos.

É paradoxal, por exemplo, referir-se às tecnologias para potencializar as funções biológicas de um sujeito, falar de um homem "aumentado" se se esquece que o corpo humano se refere ao bem integral da pessoa e, portanto, não pode ser identificado com o organismo biológico sozinho. Uma abordagem errada neste campo, na verdade, não termina em "aumentar", mas em "comprimir" o homem.

Teologia e diálogo inter-religioso

A teologia "pode​​ contribuir" segundo o Papa "para a definição de um novo humanismo e favorecer a escuta recíproca e a compreensão mútua entre ciência, tecnologia e sociedade". Da mesma forma, Francisco exortou a Pontifícia Academia para a Vida a continuar considerando “a importância da contribuição oferecida pelo diálogo entre as grandes tradições religiosas” e pela sabedoria secular. "A tarefa que vocês têm é enorme", mas, assegurou o Pontífice, "o Senhor, que ama a vida, não os abandona".

domingo, 19 de fevereiro de 2023

Quando caem as principais celebrações da Quaresma em 2023?

Thoom | Shutterstock

Fique por dentro do calendário litúrgico.

Você já sabe: a Quaresma lembra o tempo Jesus passou no deserto, rezando e meditando. Depois de um período de jejum e penitência, celebra-se a Páscoa. Por isso, esse tempo é um tempo de preparação para a Ressurreição do Senhor.

Mas quando caem as principais celebrações da Quaresma e do Tríduo Pascal em 2023? Fique por dentro do calendário litúrgico:

Quarta-feira de Cinzas: 22 de fevereiro

A Quarta-feira de Cinzas marca o início da Quaresma. Na celebração, o padre traça uma cruz com cinza na testa de cada fiel. Trata-se de uma simbologia para lembrarmos de nossa conversão, de que somos pó e ao pó voltaremos. 

Domingo de Ramos: 2 de abril

No Domingo anterior à Páscoa – 2 de abril, neste ano – a Igreja celebra o Domingo de Ramos. Os fiéis se reúnem antes da Missa e levam um ramo verde. Depois da bênção, entram na igreja em procissão para ouvir o Evangelho da Paixão, lembrando a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém.

Quinta-feira Santa: 6 de abril

A Quinta-feira Santa lembra a “Última Ceia” que Jesus compartilhou com seus apóstolos. Ele tomou o pão e o vinho e deu graças, instituindo, assim, o sacramento da Eucaristia. Também há o ritual do “Lava-pés”, que lembra a passagem em que Cristo lavou o pé dos discípulos. A Quaresma termina na Quinta-feira Santa, na Missa da Santa Ceia. Na tarde deste dia, já tem início o Tríduo Pascal.

Sexta-feira Santa: 7 de abril

Jesus morre na cruz, traído por Judas e abandonado por Pedro. É arrastado e sobe ao Calvário carregando a cruz. É o dia mais triste e sombrio para os fiéis.

Sábado de Aleluia: 8 de abril

Jesus repousa na tumba. É um dia de silêncio e reconhecimento em que se medita sobre a morte de Cristo na cruz e seu sepultamento. À noite, começa a Vigília Pascal, em que é celebrada a passagem da escuridão para a luz, ou seja, a vitória de Jesus sobre a morte.

Domingo de Páscoa: 9 de abril

Cristo ressuscitou! É a concretização das promessas feitas por Deus a seu povo. Assim, a festa da Páscoa é o ápice do calendário litúrgico cristão. É um dia de alegria, celebrado com Missa solene. O clero se veste de branco ou dourado, símbolos de alegria e luz.

Confira os horários de Missas, procissões e celebrações de sua paróquia. Participe e viva intensamente este período!

Fonte: https://pt.aleteia.org/

A antiga história de Nabot se repete cotidianamente (1/3)

Abel assassinado pelo seu irmão Caim. 
Catedral de Monreale (século XII), 
Palermo, Itália | 30Giorni

Arquivo de 30Dias – 04/2009

A antiga história de Nabot se repete cotidianamente

Assim inicia Santo Ambrósio a sua obra De Nabuthae, que toma o nome do mísero que contrariou o então potente do trono.

O retrato mais antigo de Santo Ambrósio, que remonta ao séc. V. Detalhe do mosaico da Capela de São Vítor, na Basílica de Santo Ambrósio em Milão | 30Giorni

de Lorenzo Cappelletti

Era uma vez um homem chamado Nabot que possuía em Jezrael um terreno desejado por Acab, rei de Samaria. Para tomar a posse do terreno, o rei fez várias ofertas, mas Nabot recusou todas: “O Senhor me livre de ceder-te a herança dos meus pais”. O orgulho do rei ficou ferido. À sua mulher Jezabel, não passou despercebido o quanto o marido se irritara e promete: “Eu te darei a vinha de Nabot”. Então ordena que se encontrem duas falsas testemunhas que lhe sejam hostis e acusem publicamente Nabot de ter amaldiçoado Deus e o rei. Dito e feito. Nabot foi lapidado e Acab tomou posse da vinha. Vigésimo-primeiro capítulo do Primeiro (Terceiro, nas antigas edições da Bíblia) Livro dos Reis. A história, que não é uma fábula, remonta à metade do século IX antes de Cristo. Mas a antiga história de Nabot se repete cotidianamente: Nabuthae historia tempore vetus est, usu cottidiana, assim inicia Santo Ambrósio na sua obra, o De Nabuthae, que toma o nome daquele mísero que contrariou o então potente do trono.
“Não nasceu apenas um Acab, mas o que é pior, a cada dia nasce um Acab e jamais morre por este mundo. Se há um a menos surgem logo outros; são mais numerosos os que roubam do que os que perdem. Não apenas um Nabot pobre foi assassinado; a cada dia um Nabot é oprimido, a cada dia um pobre é assassinado” (1, 1). Na verdade não ameniza a nossa curiosidade saber que a história de Nabot se repete cotidianamente. Se àquela de hoje assistimos, para poder entender a daquela época deveríamos ter diante dos nossos olhos o que tinha diante dos olhos Ambrósio, os rostos, as vozes, as fisionomias que não se repetem dos Acab e dos Nabot da época. Devemos nos contentar da reconstrução, por força de coisa genérica e parcial, operada pelos historiadores através dos documentos, e imaginar Milão no crepúsculo do século IV.
Daquilo que podemos entrever, na época, todo o Ocidente estava preocupado com uma crise demográfica que, acompanhada à política monetária deflacionária do tempo, significava geral diminuição da produtividade, redução do comércio, empobrecimento. Na Itália – dividida entre um Vicariatus Italiae que compreendia todo o norte e a atual Suíça, e onde se destacavam Milão, Turim e Ravena, e um Vicariatus Romae que compreendia todo o centro-sul e as ilhas, que gravitavam em torno da antiga capital imperial – a crise atingia especialmente o norte, onde, entre outras coisas, era maior a presença, digamos assim, dos imigrantes bárbaros. O aumento do latifúndio improdutivo às custas dos pequenos proprietários e a riqueza imponente de alguns resultavam particularmente escandalosas. Também porque muitos já eram cristãos. Imaginemos Ambrósio. Ambrósio é um observador pragmático, não concebe a fé como ligada a um projeto cultural. Salta da fé à política e da política à fé. Certamente levando consigo a cultura. Mas, como o Rodrigo Mendoza, de Mission, arrastava e não empurrava para frente a sua bagagem de quinquilharias barulhentas. Expiando assim aquela retórica clássica à sombra da qual crescera. Com efeito, por um lado (escrevia Pierre Courcelle, o latinista do Collège de France, falecido em 1980, concluindo um artigo seu que já é um clássico: Polemiche anticristiane e platonismo cristiano: da Arnobio a sant’Ambrosio) Ambrósio era impregnado mais do que os outros pelas teorias dos neoplatônicos: “Tão impregnado pela doutrina deles e pelo seu léxico metafórico, que algumas vezes chegava até a recair num verdadeiro e próprio neoplatonismo [...]. A síntese que fora apenas esboçada por Arnóbio, foi levada bem adiante por Ambrósio, quase adiante demais". Mas por outro lado a pesquisa sugere a Courcelle “uma importante correção. Aquele mesmo Ambrósio que nos testemunha um tão forte desejo de síntese, é também capaz, se colocado diante de uma doutrina que lhe parece absolutamente irreconciliável com a fé cristã, de rejeitá-la sem hesitações e de atacá-la com a mais cruel das ironias”. No caso estudado por Courcelle, Ambrósio, para salvaguardar o depositum fidei, estava pronto a armar um contra o outro, autores que faziam parte ambos da sua bagagem e usar “as velhas armas forjadas pelo cético Luciano contra o platonismo pitagorizante”. Para que assim, entre os dois adversários, pudesse sair ganhando o depositum fidei.

Fonte: http://www.30giorni.it/

Quarta-feira de Cinzas

Quarta-feira de Cinzas | acidigital

QUARTA-FEIRA DE CINZAS

Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG) 

Celebramos no próximo dia 22 de fevereiro, a Quarta-Feira de Cinzas na liturgia da Igreja. Iniciamos o período da Quaresma, marcado pelo jejum, a oração e a esmola. Estamos vivendo um tempo propício para a nossa preparação para chegarmos à Páscoa renovados na fé, após atravessarmos a Paixão, Morte e Ressurreição do Senhor. 

Na liturgia dessa Quarta-feira de Cinzas, o evangelista Mateus (6,1) nos ensina que a Quaresma é um caminho que conduz à conversão. As cinzas não são um símbolo de tristeza, mas transmitem uma mensagem fundamental da nossa fé cristã: do pó viemos, ao pó voltaremos. Jesus, o servo sofredor, é a nossa inspiração máxima para uma profunda vivência da fé. Na missa, depois do Evangelho e da homilia, o celebrante irá benzer e impor as cinzas feitas de ramos de oliveiras e outras árvores, bentos no Domingo de Ramos do ano anterior. 

Para vivermos plenamente a Quaresma, é importante que cada cristão medite sobre o jejum, a oração e a esmola, pois é uma oportunidade única no ano de conversão genuína. O jejum sem oração não alcança o Senhor. Precisamos jejuarmos, preenchendo nossa vida de oração constante durante a Quaresma. E a caridade, a esmola, é o gesto concreto do nosso amor ao Senhor. 

“Tenham o cuidado de não praticar suas ‘obras de justiça’ diante dos outros para serem vistos por eles. Se fizerem isso, vocês não terão nenhuma recompensa do Pai celestial” (Mt 6,1). De igual modo, somos convidados a refletir no exemplo deixado por Jesus, enquanto viveu entre nós. A recompensa que buscamos está no Céu, ela não é terrena. De nada adianta buscarmos recompensas agora, pois temos a chance de viver a plenitude da vida eterna junto ao Senhor. 

A Quaresma é um tempo propício para renunciarmos aos nossos próprios interesses e abraçar a cruz de Cristo, tornando-nos um discípulo d’Ele. Para ganharmos a vida, é necessário alcançar a eternidade e persistir nos caminhos do Senhor. 

O jejum e a oração são ações que todo cristão deve abraçar nessa Quaresma. E o gesto concreto de nossa fé é a caridade. Por isso, hoje começa, também, a Campanha da Fraternidade 2023. Todos os anos, a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil – CNBB – promove a Campanha da Fraternidade durante a Quaresma. A finalidade é vivenciar e assumir a dimensão comunitária e social da Quaresma. A Campanha da Fraternidade ilumina de modo particular os gestos fundamentais desse tempo litúrgico: a oração, o jejum e a esmola.  

A Igreja nos convida a refletir um tema que norteará nossa vida cristã no período quaresmal. Esse ano de 2023, o tema escolhido é Fraternidade e Fome, e o lema é “Dai-lhes vós mesmos de comer!” (Mt 14,16).  

A proposta principal da Campanha da Fraternidade é despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo em particular, os cristãos na busca do bem comum. Além de educar para a vida em fraternidade, com justiça e amor, e renovar a consciência da responsabilidade de todos pela ação da Igreja na evangelização. 

Irmãos e irmãs, com o tema deste ano, a Campanha da Fraternidade nos ensina a conversão ao verdadeiro amor cristão, que acolhe e se antecipa às necessidades dos nossos irmãos. Não há espaço para orgulho, indiferença e superioridade. Todo cristão católico assume um compromisso radical de amor aos mais necessitados.  

Aproveitemos o tempo quaresmal para que seja feita uma verdadeira conversão. Serão 40 dias para jejuarmos e orarmos, pedindo que o Espírito Santo nos ilumine e guie nossos passos, para suportarmos as dores da Paixão e Morte e celebrarmos o mistério da Ressurreição.  

A abstinência não é apenas do que entra por nossa boca, mas do que sai, também. Façamos um jejum de palavras e sentimentos que ferem os ensinamentos do Senhor. Maledicências, ódio e ataques não devem fazer parte da vida do cristão e a Quaresma é um forte chamado para abandonarmos hábitos terrenos e nos entregarmos nas mãos daquele que nos ama verdadeiramente, aquele que se entregou na Cruz e morreu por nós! 

Convido, ainda, todos os cristãos de Arquidiocese a viver plenamente a Campanha da Fraternidade. Sejamos animadores de todas as pastorais e grupos de oração, transformando nosso amor em gesto concreto de caridade, para vivermos santamente a Quaresma. 

Louvado Seja Nosso Senhor Jesus Cristo!

Santa Sé: nunca deixar o uso de armas para a inteligência artificial

A Conferência em Haia sobre Inteligência Artificial Responsável
nas Forças Armadas (REAIM) | Vatican News

Em andamento em Haia um encontro de cúpula sobre "Inteligência artificial responsável no campo militar". Francesca Di Giovanni: Os sistemas baseados em IA não podem tomar decisões, enquanto desprovidos de impulso moral. Todo ataque armado deve ser ponderado e deve ser legítimo. A proposta de criação de uma agência internacional.

Michele Raviart - Cidade do Vaticano

“Os esforços despendidos para fazer a Inteligência Artificial no setor militar devem ser acompanhados por um esforço ainda maior para capacitar nossos corações e mentes para evitar conflitos.” Assim o sublinhou Francesca Di Giovanni, subsecretária para o setor multilateral da Seção para as Relações com os Estados e Organismos Internacionais, chefe da delegação da Santa Sé, que se pronunciou em Haia durante um encontro de cúpula sobre "inteligência artificial responsável no âmbito militar".

A realidade não pode ser reduzida a simulação

O próprio fato de se falar de inteligência artificial “responsável”, explica Di Giovanni, parece contraditório. A Santa Sé, de fato, “reitera a urgência de manter e justificar a diferença entre pessoas e objetos”. Os sistemas baseados em Inteligência Artificial "não podem pensar, sentir, decidir ou assumir a responsabilidade por suas ações, pois carecem de impulso moral". Na melhor das hipóteses, eles podem apenas executar instruções e simular comportamentos, enquanto "a realidade nunca pode ser reduzida a uma mera simulação de si mesma".

Todo ataque armado deve ser ponderado e legitimado

“Se importantes poderes de decisão sobre o uso da força são delegados a um sistema de armas cujo comportamento é imprevisível ou cuja finalidade e escopo operacional não são bem definidos ou conhecidos” - o exemplo é o dos sistemas de armas autônomas dotadas de capacidade de autoaprendizagem - "a ligação crucial entre 'ações', efeitos e responsabilidades seria inevitavelmente comprometido", sobretudo porque, reitera a Santa Sé, "todo ataque armado deve ser cuidadosamente ponderado e sua legitimidade deve ser comprovada".

Promover a IA para reduzir a desigualdade

Isso não quer dizer que a Santa Sé pretenda criar obstáculos à pesquisa, o desenvolvimento e o uso de tecnologias. Pelo contrário, estas devem ser orientadas, "para um horizonte mais adequado e útil, que não se baseie apenas em critérios de utilidade ou eficiência, mas na promoção do bem comum da humanidade e para a humanidade, respeitando a dignidade humana e favorecendo o nosso desenvolvimento humano integral”. Por isso, sugere-se a criação de uma agência internacional de inteligência artificial, a fim de promover seus usos pacíficos nas diversas aplicações civis para reduzir as desigualdades e prevenir seus usos nocivos, limitando suas consequências indesejáveis.

São Gabino

São Gabino | arquiso
19 de fevereiro

São Gabino

Gabino nasceu na Dalmácia, atual Bósnia , numa família da nobreza romana cristã, radicada naquele território. Na idade adulta, ele foi viver em Roma com a intenção de se aproximar da Igreja, mesmo sabendo dos sérios riscos que correria. Nesta cidade, ele se tornou senador e se casou. Com a morte da esposa, Gabino decidiu ser padre. Transformou sua casa numa igreja, consagrou a jovem filha Suzana, à Cristo, e a educou com a ajuda do irmão Caio, que já era sacerdote. Juntos, eles exerciam o apostolado em paz, convertendo pagãos, ministrando a comunhão e executando a santa missa, enfim fortificando a Igreja neste período de trégua das perseguições.

Segundo os registros encontrados, Gabino e os familiares, eram aparentados do imperador Diocleciano. Assim, quando o soberano desejou ter a filha de Gabino como nora, não conseguiu. Enviou até mesmo um emissário para convencer a jovem, que não cedeu, decidida a se manter fiel à Cristo, sendo apoiada pelo pai e o tio Caio, que fora eleito papa, em 283. O imperador ficou mais irritado do que já estava, devido as tensões que circundavam o Império Romano em crescente decadência. Decretou a perseguição mais severa registrada na História do Cristianismo, apontado como causador de todos os males. O parentesco com o soberano de nada serviu, pois o final foi trágico para todos.

Quando começou esta perseguição, verificamos pelos registros encontrados que o padre Gabino, não mediu esforços para consolar e amparar os cristãos escondidos. Enfrentou com serenidade o perigo, andando quilômetros e quilômetros a pé, indo de casa em casa, de templo em templo, animando e preparando, os fiéis para o terrível sacrifício que os aguardava. Montanhas, vales, rios, florestas, nada o impedia nesta caminhada para animar os aflitos. Foram várias as missas rezadas por ele em catacumbas ou cavernas secretas, onde ministrava a comunhão aos que seriam martirizados. Finalmente foi preso, junto com a filha, que também foi sacrificada.

Gabino foi torturado, julgado e como não renegou a fé, foi condenado à morte por decapitação. Antes da execução, o mantiveram preso numa minúscula cela sem luz, onde passou fome, sede e frio, durante seis meses, quando foi degolado em 19 de fevereiro de 296, em Roma.

Ele não foi um simples padre, mas sim, um marco da fé e um símbolo do cristianismo. No século V, sua antiga casa, que havia sido uma igreja secreta, tornou-se uma grande basílica. Em 738, o seu culto foi confirmado durante a cerimônia de traslado das relíquias de São Gabino, para a cripta do altar principal desta basílica, onde repousam ao lado das de sua santa filha.

No século XV, a basílica foi inteiramente reformada pelo grande artista e arquiteto Bernini, sendo considerada atualmente uma das mais belas existentes na cidade do Vaticano. A sua festa litúrgica ocorre no dia de sua morte.

*Fonte: Pia Sociedade Filhas de São Paulo Paulinas http://www.paulinas.org.br

Reflexão para o VII Domingo do Tempo Comum (A)

Evangelho de Domingo | Vatican News

No Evangelho, Jesus confirma essa nossa filiação e nos propõe: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito! Isso ele fala depois de nos exortar a uma vida de amor e de perdão em relação ao nosso próximo".

Padre Cesar Augusto, SJ - Vatican News

Chamados por Deus à Santidade: esse é o tema da Liturgia deste domingo.

O Senhor nos criou para sermos santos e o sermos como Ele é. Todo filho quer ser igual ao seu pai – se a referência é boa - e a menina tem em sua mãe um modelo a ser seguido.

Do mesmo modo, o Senhor se compraz que sejamos semelhantes a Ele, pois, de fato, fomos criados à sua imagem e semelhança.

A primeira leitura de hoje, tirada do Levítico nos diz: “Sêde santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou santo”.

E o que é ser santo? De acordo com a leitura é não ter ódio, é alertar o outro para que não peque, é não ser vingativo, é não guardar rancor e amar o próximo como a si mesmo.

Ser santo é agir de modo diferente das outras pessoas que não conhecem sua origem divina. Quem sabe de onde vem, qual é sua família e tem consciência disso, se porta de um modo nobre, porque sabe qual é o valor de seu sangue. Nós, não apenas fomos criados por Deus à sua imagem e semelhança, mas fomos lavados pelo sangue de Cristo e renascidos no batismo. Somos verdadeiramente filhos do Santo.

No Evangelho, Jesus confirma essa nossa filiação e nos propõe: “Sede perfeitos como o vosso Pai celeste é perfeito! Isso ele fala depois de nos exortar a uma vida de amor e de perdão em relação ao nosso próximo. Não retribuir ofensas e agressões, não odiar o inimigo e amá-lo, enfim agir como o Pai.

Por fim, a segunda leitura, a primeira carta de São Paulo aos Coríntios, nos alerta dizendo que somos templo do Espírito Santo. São Paulo acrescenta que a sabedoria deste mundo é insensatez diante de Deus. Com isso Paulo deseja nos falar que nosso modelo de vida, nosso parâmetro deverá ser Deus, nosso Pai e Jesus Cristo, o Verbo Encarnado. Não nos iludamos: os valores mundanos não nos darão a felicidade desejada, só Deus a dará. Somente Jesus tem palavras de vida eterna!

sábado, 18 de fevereiro de 2023

De uma Alocução a um grupo de recém-casados, de Pio XII, papa

Alianças de casamento | mulhercatolica

De uma Alocução a um grupo de recém-casados, de Pio XII, papa

(Discorsi e Radiomessaggi, 11 mart. 1942: 3,385-390)

(Séc. XX)

A esposa, o sol da família

A família tem o brilho de um sol que lhe é próprio: a esposa. Ouvi o que a Sagrada Escritura afirma e sente a respeito dela: A graça da mulher dedicada é a delícia do marido. Mulher santa e pudica é graça primorosaComo o sol que se levanta nas alturas do Senhor, assim o encanto da boa esposa na casa bem-ordenada (Eclo 26,16.19.21).

Realmente, a esposa e mãe é o sol da família. É sol por sua generosidade e dedicação, pela disponibilidade constante e pela delicadeza e atenção em relação a tudo quanto possa tornar agradável a vida do marido e dos filhos. Irradia luz e calor do espírito. Costuma-se dizer que a vida de um casal será harmoniosa quando cada cônjuge, desde o começo, procura não a sua felicidade, mas a do outro. Todavia, este nobre sentimento e propósito, embora pertença a ambos, constitui principalmente uma virtude da mulher. Por natureza, ela é dotada de sentimentos maternos e de uma sabedoria e prudência de coração que a faz responder com alegria às contrariedades; quando ofendida, inspira dignidade e respeito, à semelhança do sol que ao raiar alegra a manhã coberta pelo nevoeiro e, quando se põe, tinge as nuvens com seus raios dourados.

A esposa é o sol da família pela limpidez do seu olhar e o calor da sua palavra. Com seu olhar e sua palavra penetra suavemente nas almas, acalmando-as e conseguindo afastá-las do tumulto das paixões. Traz o marido de volta à alegria do convívio familiar e lhe restitui a boa disposição, depois de um dia de trabalho ininterrupto e muitas vezes esgotante, seja nos escritórios ou no campo, ou ainda nas absorventes atividades do comércio ou da indústria.

A esposa é o sol da família por sua natural e serena sinceridade, sua digna simplicidade, seu distinto porte cristão; e ainda pela retidão do espírito, sem dissipação, e pela fina compostura com que se apresenta, veste e adorna, mostrando-se ao mesmo tempo reservada e amável. Sentimentos delicados, agradáveis expressões do rosto, silêncio e sorriso sem malícia e um condescendente sinal de cabeça: tudo isso lhe dá a beleza de uma flor rara mas simples que, ao desabrochar, se abre para receber e refletir as cores do sol.

Ah, se pudésseis compreender como são profundos os sentimentos de amor e de gratidão que desperta e grava no coração do pai e dos filhos, semelhante perfil de esposa e de mãe!

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF