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quinta-feira, 23 de fevereiro de 2023

Mais de 5,3 milhões de pessoas assistidas pelas Caritas desde início da guerra

Ucranianos aguardam distribuição de comida pela caritas
Internationalis em Kharkiv, em 27 de setembro de 2022.
(Photo by AFP/Yasuyoshi Chiba)  (AFP or licensors)

Um ano após a eclosão da guerra na Ucrânia, a confederação Caritas pede mais solidariedade à comunidade internacional. Ainda é necessário apoio contínuo para as pessoas deslocadas na Ucrânia e nos países vizinhos que estão tentando reconstruir suas vidas após a destruição de suas casas e cidades.

Vatican News

Desde a escalada do conflito na Ucrânia em 24 de fevereiro de 222, a Confederação Caritas na Ucrânia e em todos os países vizinhos - ou seja, Polônia, Romênia, Moldávia, República Tcheca, Eslováquia, Bulgária e Hungria - trabalhou incansavelmente para fornecer ajuda humanitária a mais de 5,3 milhões de pessoas afetadas pela violência na região da Europa Oriental. Os dados foram apresentados na manhã desta quarta-feira, 22, durante uma coletiva de imprensa organizada em Roma pela Caritas Internationalis.

"O número de serviços prestados no último ano é verdadeiramente impressionante. No entanto, o que a Caritas oferece é muito mais do que assistência. Acompanhamos as pessoas antes, durante e depois de uma crise. Queremos continuar este trabalho. Queremos dar essa sensação de esperança e calor às pessoas que sofrem na Ucrânia”, afirmou o co-administrador temporário da Caritas Internationalis Amparo Alonso Escobar.

As Caritas na Ucrânia

Na Ucrânia, as duas Caritas  locais - Caritas Ucrânia e Caritas-Spes Ucrânia - ofereceram assistência humanitária a um total de 3 milhões de pessoas. Foram fornecidos cerca de 3,7 milhões de gêneros alimentícios e não alimentícios (NFI); oferecidos 637.000 abrigos; prestados 192.000 atendimentos de saúde e psicossociais; garantidos 377.000 serviços de proteção; distribuídos mais de 1,5 milhão de itens sanitários e higiênicos (WASH); e 107.600 receberam assistência em dinheiro.

“Todos os dias, cada voluntário e funcionário da Caritas-Spes oferece sua própria crucial contribuição para salvar as pessoas, e não estamos sozinhos nisso. Sentimos fortemente o seu apoio todos os dias. A guerra é sempre uma tragédia. Mas, ao mesmo tempo, percebemos que não estamos sozinhos. Caminhem conosco nesta Via Crucis que dura 365 dias, e sabemos que vocês não nos deixarão sozinhos no futuro", disse o secretário geral da Caritas-Spes Ucrânia, padre Vyacheslav Grynevych. O sacerdote convidou todos a participar da oração da Via Sacra na sexta-feira, 24 de fevereiro, organizada pela Caritas-Spes Ucrânia 'A 366ª Estação' às 19h00 (horário CET), que será transmitida on-line no canal do Youtube da Caritas Internationalis.

"Temos muitas cicatrizes - mortes, perdas, feridas, casas destruídas, infraestruturas, traumas psicológicos, mas em nossa alma não somos vítimas", disse Mila Leonova, responsável pelas relações externas da Caritas Ucrânia. "Permaneçamos em nossa terra, protejamos nossas famílias, tutelemos o que criamos com nossas próprias mãos. E tudo o que estamos aprendendo agora - a solidariedade, a coesão social, a ajuda mútua - cria uma boa base de estabilidade para o futuro. Porque no futuro, quando tivermos que reconstruir o país a partir das ruínas, será ainda mais difícil, e vamos precisar de todas as nossas forças para percorrer o longo caminho que temos pela frente”, acrescentou.

Na primeira semana do conflito, cerca de 77.000 pessoas que fugiram da Ucrânia partiram para a fronteira polonesa. Vários colaboradores e voluntários da Caritas estiveram presentes para os acolher nas “Tendas da Esperança”, onde foram oferecidos alimentos e bebidas quentes, medicamentos, artigos de higiene, agasalhos e um local para descanso. Até agora, a Caritas Polônia distribuiu mais de 15,7 milhões de refeições quentes e produtos não alimentares; forneceu serviços de proteção a aproximadamente 255.000 beneficiários; 176.000 receberam um abrigo; 64.000 um apoio de saúde e psicossocial; e mais de 7.287 crianças receberam atendimento educacional.

Voluntários da Caritas Polônia organizam ajuda humanitária a refugiados
ucranianos em Gdanks (EPA/Adam Warzawa)

Caritas Romênia

Caritas Romênia tem atualmente seis centros de serviço social para refugiados provenientes da Ucrânia em Bucareste, Baia Mare, Cluj, Iasi, Oradea e Sighetu Marmatiei. Até o momento, cerca de 11.900 beneficiários receberam alimentos e itens não alimentícios; 2.700 receberam produtos de higiene; 2.600 encontraram acomodação; 2.500 receberam serviços de proteção; e 537 beneficiários obtiveram serviços de educação.

Caritas Moldávia

Na Moldávia, a assistência humanitária tem se concentrado geograficamente na capital Chisinau e seus arredores, onde muitos refugiados chegaram e encontraram hospitalidade. A Caritas Moldávia forneceu serviços de proteção a 135.000 beneficiários; 34.300 receberam bens alimentares e não alimentares; 22.600 receberam assistência médica e psicossocial; 10.900 obtiveram abrigo; e 2.700 itens de lavanderia.

Caritas Eslováquia

No ano passado, a Caritas Eslováquia, por meio da sua rede diocesana, forneceu produtos alimentares e não alimentares a 66.100 pessoas e produtos de higiene pessoal a 36.500 pessoas; 7.900 beneficiários receberam serviços de educação e 3.400 serviços de proteção; 890 pessoas receberam abrigo e 140 receberam serviços de saúde e psicossociais.

Caritas República Tcheca

Desde o início da guerra, a Caritas República Tcheca forneceu alimentos e itens não alimentícios a 13.300 beneficiários; serviços de proteção a 8.830 pessoas; itens de higiene para 4.500 pessoas; apoio de saúde e psicossocial a 1.170 pessoas; a 1.000 serviços educacionais; e apoio habitacional para 150 pessoas. Atualmente, um dos objetivos da Caritas é encontrar habitação permanente em apartamentos em vez de soluções temporárias para as famílias, bem como emprego permanente para garantir que as crianças possam frequentar a escola no local.

Caritas Bulgária

Desde o início da crise, a Caritas Bulgária - por meio de suas estruturas diocesanas e paroquiais e da Igreja Católica local - concentrou seus esforços em atender às necessidades básicas dos refugiados e deslocados. Até o momento, forneceu serviços de proteção a 13.700 beneficiários; bens alimentares e não alimentares a 3.600 pessoas; saúde e assistência psicossocial a 1.350 pessoas; habitação para 870 pessoas e serviços educacionais para 640 pessoas.

Caritas Hungria

Desde o início do conflito na Ucrânia, a Caritas Hungria prestou serviços de apoio nos pontos de assistência nas fronteiras do país e em Budapeste, bem como assistência com aluguel, vouchers e acesso a serviços econômicos e sociais.

Um ano após a eclosão da guerra na Ucrânia, a confederação Caritas pede mais solidariedade à comunidade internacional. Ainda é necessário apoio contínuo para as pessoas deslocadas na Ucrânia e nos países vizinhos que estão tentando reconstruir suas vidas após a destruição de suas casas e cidades.

O sentido apelo de Deus no início da Quaresma

Julie Ribault | Public domain, via Wikimedia Commons
O retorno do filho pródigo
Por Philip Kosloski

Estas palavras do profeta Joel resumem perfeitamente o desejo de Deus de que nos voltemos para Ele.

A Igreja nos apresenta uma passagem profunda do livro de Joel, do Antigo Testamento, que resume perfeitamente o amor de Deus por nós e dá o tom para a nossa vivência de toda a Quaresma.

Essa passagem costuma ser lida na Quarta-Feira de Cinzas e representa o sentido apelo que Deus nos lança, convidando-nos a voltar para Ele.

Por isso, agora ainda – oráculo do Senhor –, voltai a mim de todo o vosso coração, com jejuns, lágrimas e gemidos de luto. Rasgai vossos corações e não vossas vestes; voltai ao Senhor, vosso Deus, porque ele é bom e compassivo, longânime e indulgente, pronto a arrepender-se do castigo que inflige“. (Joel 2,12-13).

Deus é um Pai amoroso, que pacientemente espera o nosso retorno a Ele depois de desperdiçarmos a nossa herança em coisas sem valor.

Enquanto vivemos estes 40 dias de oração, jejum e caridade, olhemos para Deus e contemplemos o amor que d’Ele se derrama, convidando-nos para o Seu abraço amoroso.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Prazeres da carne x prazeres da alma

Crédito: Cléofas

Prazeres da carne x prazeres da alma

 POR PROF. FELIPE AQUINO

Em Gálatas 5,16 lemos: “Digo, pois: deixai-vos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis os apetites da carne”.

A Bíblia, quando fala de carne, fala de pessoa, de natureza humana. Quando Jesus estava no Horto das Oliveiras, pediu que os apóstolos rezassem por Ele, mas eles dormiram. A natureza humana é fraca por causa do pecado original.

Adão e Eva existiram e foram o primeiro homem e a primeira mulher da Terra. Se eles não tivessem existido, nós não existiríamos. Eles pecaram, disseram ‘não’ a Deus e perderam a comunhão com Eles. Por essa razão, Jesus teve de pagar por um resgate de valor infinito, que só o próprio Deus pode pagar. Muitas pessoas pensam que o Pai colocou o próprio Filho, maldosamente, na cruz. Mas, na verdade, foi Cristo mesmo quem pediu.

Quando somos batizados, participamos da Morte e Ressurreição de Jesus. Somos mergulhados na morte de Cristo e nascemos para uma vida nova. Morremos nos braços do demônio e nascemos nos braços de Deus.

A Bíblia tem várias listas de pecado. “Ora, as obras da carne são estas: fornicação, impureza, libertinagem, idolatria, superstição, inimizades, brigas, ciúmes, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes. Dessas coisas vos previno, como já vos preveni: os que as praticarem não herdarão o Reino de Deus!” (Gálatas 5,19-21)

Como nos livramos disso? Só pelo Espírito Santo. Sem Ele não temos forças para vencer as obras da carne, ou seja, nossos pecados.

Todo sacramento é ministrado pelo poder do Espírito Santo, e a primeira coisa que Jesus fez foi instituir o sacramento da confissão, dizendo “a quem perdoardes os pecados eles vos serão perdoados”. Não há pecado que não possa ser perdoado.

Em Marcos 7,19, Jesus disse que os pecados saem do nosso coração e apresentou uma lista deles. Até São Paulo gemia debaixo da concupiscência, que é a tendência ao pecado. Em Rm 7,15-20, por duas vezes, São Paulo diz: “É o pecado que habita em mim”. Mas a nossa salvação está na graça de Deus.

O pecado mata, mas Jesus nos ensina que o remédio para nos curar é vigiar e orar. Quando a borboleta vê uma chama, ela acredita que é uma flor. Então, ela é atraída por essa chama e acaba sendo queimada. Muitas vezes, isso acontece conosco; acreditamos que o néctar está no pecado, mas este nos queima e leva à morte.

Precisamos viver com base nas orações, nos sacramentos e na vigilância. E quem nos ajuda a viver tudo isso é o Espírito Santo de Deus.

Quatro são os passos para termos o Espírito Santo: lavar a alma, fazendo uma boa confissão, perdoar a todos e fazer a vontade de Deus. Temos de deixar o “volante” da nossa vida nas mãos do Senhor e pedir a Ele o Paráclito.

Depois do batismo no Espírito Santo, nossa vida nunca mais será a mesma. Deus faz maravilhas em nós pelo poder de Seu Espírito.

Prof. Felipe Aquino

Síntese da pregação no Acampamento de Carnaval na Canção Nova (2015). Transcrição e adaptação: Míriam Santos Bernardes.

Fonte: http://eventos.cancaonova.com/vem-louvar—acampamento-de-carnaval/pregacoes/prazeres-da-carne-x-prazeres-da-alma/

CF 2023: Iniciativas e práticas solidárias da Igreja Católica no Brasil, no combate à fome

A Igreja no combate à fome | cnbb

CF 2023: VÍDEO APRESENTA INICIATIVAS E PRÁTICAS SOLIDÁRIAS, REALIZADAS PELA IGREJA NO BRASIL, NO COMBATE À FOME

Muitas são as Igrejas, os Movimentos Sociais, as ONGs e outras instituições empenhados no combate à fome. Por isso, com o objetivo de visibilizar e valorizar as grandes redes de proteção alimentar que existem e realizam um trabalho primoroso, foi apresentado nesta Quarta-Feira de Cinzas, 22 de fevereiro, durante o lançamento da Campanha da Fraternidade 2023, um vídeo com diversas iniciativas e práticas solidárias, realizadas pela Igreja no Brasil, no combate à fome.

O vídeo é uma ação da Assessoria de Comunicação da CNBB e Edições CNBB.

“O testemunho destas iniciativas será semente e oportunidade de novas ações no combate à fome”.

Veja o vídeo na íntegra:

https://youtu.be/mExCVYQCPw0

Os Projetos

Cozinhas Sertanejas – As Cozinhas Sertanejas “Panela de Barro” e “Vale do Peruaçu”, das comunidades de Araçá e Olhos D’Água, localizadas no município de Januária, em Minas Gerais, foram apoiadas com os recursos do Fundo Nacional da Solidariedade, o FNS, oriundos das doações à Coleta Nacional da Solidariedade, da Campanha da Fraternidade.

Cozinhas comunitárias | cnbb

Nas Cozinhas são desenvolvidas, de forma comunitária, ações de geração de renda e de segurança alimentar e nutricional como a produção de refeições, biscoitos, doces e beneficiamentos de frutos.

A Panela de Barro, da comunidade de Araçá, é coordenada por um grupo de 10 mulheres, atende cerca de 225 pessoas, incluindo homens, mulheres, crianças, adolescente, jovens e idosos. E a Cozinha Sertaneja Vale do Peruaçu, da comunidade de Olhos D´agua, é coordenada por um grupo de 11 mulheres e atende a uma população de 218 pessoas, incluindo mulheres, homens, crianças, adolescente, jovens e idosos.

Cozinhas comunitárias | cnbb

Projeto Sumaúma – A Cáritas Brasileira em Roraima, por meio do “Projeto Sumaúma: Nutrindo Vidas”, auxilia milhares de migrantes venezuelanos em situação de vulnerabilidade a vencer a fome. Com três refeições diárias e reforço alimentar para grupos com necessidades alimentares especiais, a ação fortalece a construção do Bem Viver, compartilhando dignidade e amor em forma de alimento.

A semente da ação foi plantada pela associação Mexendo a Panela, projeto social que nasceu em 2015 na Paróquia Nossa Senhora da Consolata, em Boa Vista. A união de forças fez com que o cuidado com o próximo se ampliasse e fortalecesse a partilha do pão.

Cuidado integral com a Amazônia – Na Amazônia brasileira, comunidades da floresta estão se organizando para construir alternativas aos modelos de desenvolvimento predatórios, aqueles que não respeitam os povos e seus territórios.

Alimentos saudáveis no Amazonas (AM) | cnbb

Por isso, a Rede Eclesial Pan-Amazônia, a Repam Brasil, acompanha e apoia projetos territoriais voltados ao cuidado integral com a Amazônia na partilha, na solidariedade, no acesso a alimentos saudáveis, no fortalecimento dos espaços de comercialização solidária.

Casa do Pão –  Localizada em Recife, a Casa do Pão é administrada pelo diaconato da Arquidiocese de Olinda e Recife e conta com a ajuda de diversos voluntários. Embora recente, desde sua inauguração ocorrida em novembro de 2022, a Casa do Pão já serviu mais de 14 mil refeições à população vulnerável.

Casa do Pão de Recife (PE) | cnbb

Além das refeições diárias, o espaço oferece atendimento médico, psicológico e jurídico. O local também conta com um espaço de lavanderia, para que as pessoas em situação de rua possam fazer a higienização adequada de suas próprias roupas; e ainda vestiários com banheiros e chuveiros, para banhos dignos e higiene pessoal.

Mãos que alimentam – Durante a pandemia, a Conferência de Crianças e Adolescentes Menino Jesus, da Sociedade São Vicente de Paula, a SSVP, vinculada ao Conselho Particular Nossa Senhora de Fátima, deu início a um projeto audacioso: preparar e entregar alimentos a pessoas em situação de rua na cidade de Barbacena, no interior de Minas Gerais.

Mãos que alimentam | cnbb

Com o apoio de vicentinos adultos, e membros de outras conferências do Conselho Particular, o Projeto “Mãos que alimentam” prosperou, passando a atender um número cada vez maior de irmãos necessitados. Eles se reúnem semanalmente para cozinhar, embalar, e entregar comida, itens de higiene e cobertores às pessoas em situação de rua. Atualmente, o projeto conta com a participação de 33 crianças e adolescentes, com idade entre 5 e 16 anos.

Membros dos Vicentinos | cnbb

É tempo de Cuidar – Outra iniciativa que nasceu no contexto da pandemia da Covid-19, puxada pela CNBB, dioceses e pela Cáritas Brasileira, foi a Ação Solidária Emergencial “É Tempo de Cuidar”, que se firmou como uma das maiores ações caritativas da história recente da Igreja no Brasil.

Foram arrecadados em recursos financeiros, somente na primeira fase, mais de quatro milhões de reais e distribuídos mais de cinco milhões de quilos de alimentos. Já em sua segunda fase, desde junho de 2021, a Ação Emergencial se colocou numa atitude solidária aos brasileiros que se encontram em situação de insegurança alimentar. O foco é na arrecadação de alimentos em função do retorno do país ao Mapa da Fome. Nessa fase foram arrecadados mais de 2 milhões de quilos de alimentos em todo o país.

Outras experiências

No site Campanhas CNBB(campanhas.cnbb.org.br), é possível conhecer outras experiências de combate à fome da Igreja no Brasil e apoiadas com recursos do Fundo Nacional da Solidariedade por meio da Coleta Nacional da Solidariedade.

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2023

O CRISTIANISMO E AS RELIGIÕES (7/16)

O cristianismo e as religiões | Vecteezy

COMISSÃO TEOLÓGICA INTERNACIONAL

O CRISTIANISMO E AS RELIGIÕES

(1997)

II.2. A única mediação de Jesus

a. Alguns temas neotestamentários

32. Já notamos que a vontade de salvação de Deus Pai se une à fé em Jesus, o único em quem o desígnio salvador se realiza: "Não há sob o céu nenhum outro nome oferecido aos homens, que seja necessário à nossa salvação" (At 4,12). Que a salvação se adquire apenas pela fé em Jesus é afirmação constante no Novo Testamento. Precisamente os que crêem em Cristo são a verdadeira descendência de Abraão (cf. Rm 9,6-7; Gl 3,29; Jo 8,31-58; Lc 1,55). A bênção de todos em Abraão encontra seu sentido na bênção de todos em Cristo.

33. Segundo o evangelho de Mateus, Jesus sentiu-se especialmente enviado ao povo de Israel (cf. Mt 15,24; 10,5-6). Essas afirmações correspondem à apresentação peculiar de Mateus da história da salvação: a história de Israel está orientada a seu cumprimento em Cristo (cf. Mt 1,22-23; 2,5-6.15.17-18.23), e a perfeição das promessas divinas se realizará quando tiverem passado o céu e a terra e tudo se tiver cumprido (cf. Mt 5,18). Esse cumprimento já se iniciou nos acontecimentos escatológicos da morte (cf. Mt 27,51-53) e ressurreição (cf. Mt 28,2-4) de Cristo. Jesus, porém, não exclui os gentios da salvação: elogia a fé de alguns deles, que não se encontra em Israel (cf. Mt 8,10; Lc 7,9, o centurião; Mt 15,21-28; Mc 7,24-30, a siro-fenícia); virão do Oriente e do Ocidente sentar-se à mesa no reino enquanto os judeus serão postos fora (cf. Mt 8,11-12; Lc 13,18-29; 11,20-24). Jesus ressuscitado dá aos onze discípulos uma missão universal (cf. Mt 28,16-20; Mc 16,15-18). A Igreja primitiva começa logo a missão aos gentios, por inspiração divina (At 10,34). Em Cristo não existe diferença entre judeus e gentios (cf. Gl 4,24; Cl 3,11).

34. Em um primeiro sentido, a universalidade da obra salvífica de Jesus se funda em que sua mensagem e sua salvação se dirigem a todos os homens e todos podem acolhê-la e recebê-la na fé. No entanto, no NT encontramos textos em que a significação de Jesus parece ir além, de algum modo é prévia à acolhida de sua mensagem por parte dos fiéis.

35. Devemos notar que tudo quanto existe foi feito por meio de Cristo (cf. 1 Cor 8,6; 1,3.10; At 1,2). Segundo Colossenses 1,15-20, tudo foi criado nele, mediante ele e tudo caminha para ele. Segundo esse mesmo texto, essa causalidade de Cristo na criação está em relação com a mediação salvífica, rumo à qual se dirige. Jesus é o primogênito da criação e o primogênito dentre os mortos; parece que na segunda primogenitura a primeira alcança todo o seu sentido. A recapitulação de tudo em Cristo é o último desígnio de Deus Pai (cf. Ef 1,10). Nessa universalidade se distingue a atuação especial de Cristo na Igreja: "Sim, ele pôs tudo sob seus pés e o outorgou, no ápice de tudo, como cabeça da Igreja que é seu corpo, a plenitude d'Aquele que o próprio Deus repleta totalmente" (Ef 1,22-23; cf. Cl 1,17).

O paralelismo paulino entre Adão e Cristo (cf. 1 Cor 15,20-22.44-49; Rm 5,12-21) parece apontar para direção idêntica. Se existe uma relevância universal do primeiro Adão, enquanto primeiro homem e primeiro pecador, também Cristo há de ter uma significação salvífica para todos, embora não se explicitem com clareza os termos dessa significação. A vocação de todo homem, que agora leva a imagem do Adão de terra, é fazer-se imagem do Adão celeste.

36."O Verbo era a verdadeira luz que, vindo ao mundo, ilumina todo homem" (Jo 1,9)1. E Jesus enquanto Logos encarnado que ilumina todos os homens. O Logos  exerceu a mediação criadora, não sem referência à encarnação e salvação futuras, e por isso Jesus vem aos seus, que não o recebem (cf. Jo 1,3-4.10.11). Jesus anuncia um culto a Deus em espírito e em verdade, que vai além de Jerusalém e do monte Garizim (cf. Jo 4,21-24), reconhecido pela confissão dos samaritanos: "Ele é verdadeiramente o Salvador do mundo" (Jo 4,42).

37. A mediação única de Jesus Cristo relaciona-se com a vontade salvífica universal de Deus em 1 Timóteo 2,5-6: "Pois há um só Deus e também um só mediador entre Deus e os homens, um homem: Cristo Jesus, que se entregou como resgate por todos". A unicidade do mediador (cf. também Hb 8,6; 9,15; 12,24) corresponde à unicidade do Deus que quer salvar a todos. O mediador único é o homem Cristo Jesus; também aqui se trata da significação universal de Jesus enquanto Filho de Deus encarnado. É o mediador entre Deus e os homens porque é o Filho feito homem que se entregou a morte em resgate por todos.

38. No discurso de Paulo no Areópago (cf. At 17,22-31) mostra-se com clareza que a conversão a Cristo implica ruptura com o passado. De fato, as religiões levaram os homens à idolatria. Porém, ao mesmo tempo, parece reconhecer-se a autenticidade de uma busca filosófica que, se não chegou ao conhecimento do verdadeiro Deus, nem por isso estava em um caminho completamente equivocado. A busca incerta de Deus responde aos desígnios da providência; parece que terá de ter também aspectos positivos. Há relação com o Deus de Jesus Cristo também antes da conversão (cf. At 10,34)? Não há uma atitude fechada do NT em relação a tudo que não provém da fé em Cristo; a abertura pode também se manifestar aos valores religiosos (cf. Fl 4,8).

39. O Novo Testamento nos mostra ao mesmo tempo a universalidade da vontade salvífica de Deus e a vinculação da salvação à obra redentora de Cristo Jesus, único mediador. Os homens alcançam a salvação enquanto reconhecem e aceitam na fé a Jesus, o Filho de Deus. Essa mensagem se dirige a todos sem exceção. No entanto, algumas passagens parecem insinuar uma significação salvadora de Jesus para todo homem, que pode inclusive chegar àqueles que não o conhecem. Nem uma limitação da vontade salvadora de Deus, nem a admissão de mediações paralelas à de Jesus, nem uma atribuição dessa mediação universal ao Logos eterno não identificada com Jesus são compatíveis com a mensagem neotestamentária.

Fonte: https://www.vatican.va/

Do bambu gigante, um recurso para curar o planeta

Bambu gigante | Vatican News

A história de uma empresa milanesa, líder e pioneira no cultivo e processamento desta planta de características prodigiosas e o testemunho de seu presidente, Emanuele Rissone: Senti a necessidade de me voltar para a área da sustentabilidade depois que me tornei pai. A Terra precisa urgentemente de boas práticas.

https://youtu.be/KBHSk0bpyfo

Cecilia Seppia – Vatican News

“Se eu distraidamente deixo uma torneira aberta em casa, imediatamente ouço minhas filhas me repreenderem: 'Pai, fecha a água, é desperdício!' As crianças e os adolescentes de hoje entenderam o conceito de sustentabilidade muito melhor do que os adultos. Eles nasceram com essa atitude de proteção do meio ambiente, e é por eles que eu também decidi caminhar nessa direção, tentando fazer a diferença.” Emanuele Rissone, originalmente de Gênova, mas milanês por adoção, é o fundador e presidente da Forever Bambu, uma empresa líder e pioneira no cultivo e processamento do bambu gigante na Europa. Mas sua carreira de empresário, que o levou a estar entre os 100 mais influentes da Itália segundo a revista Forbes, começou aos 19 anos quando, graças à sua paixão pelo esporte e ao mito de Rocky Balboa, abraçou com sucesso o negócio de suplementos alimentares voltados para o fortalecimento dos atletas. Depois, doze anos atrás, se tornou pai. “Quando nasce um filho, as prioridades mudam”, disse Rissone, “e eu imediatamente senti a necessidade de me dedicar a algo que pudesse melhorar a vida das pessoas, principalmente das futuras gerações. Decidi vender minha primeira 'criatura' e me dedicar à família pensando não no lucro e sim no que era melhor para elas, para minhas filhas que hoje tem 12 e 10 anos. Para me convencer a começar uma nova empresa, porém, eu precisava de algo que me estimulasse, algo pelo qual valesse a pena lutar! Foi então que encontrei o Bambu Gigante. Uma planta extraordinária, tão bonita quanto útil, que me deu uma sensação particular, foi uma espécie de 'amor à primeira vista'. Ao ver ao vivo uma floresta de bambu, tive a impressão de entrar nela para encontrar uma dimensão de paz, serenidade, bem-estar. Até parecia que eu estava respirando um oxigênio diferente e eu estava certo! Assim, junto com um grupo de 5 empresários e técnicos, criei o Forever Bambu”.

Emanuele Rissone, presidente da Forever Bambu | Vatican News

Os prodígios do bambu

Esta planta parece ter características verdadeiramente prodigiosas: é capaz de absorver CO2 quase como se fosse um potente aspirador de pó, purificando o ar, a água e o solo. Abriga inúmeras espécies animais, promovendo a biodiversidade, além de ser um material renovável e altamente ecológico capaz de substituir muitos plásticos poluentes. O investimento nesta espécie agrícola, que se tem revelado particularmente rentável, está representando também a possibilidade de muitos terrenos abandonados voltarem a ser produtivos. Rissone afirma: “Com 2.200 hectares plantados de 2014 até hoje, só na Itália, e mais de 1.000 investidores que aprofundaram e acreditaram neste projeto, quem hoje investe em bambu pode dizer com certeza que está fazendo bem ao planeta de uma forma realmente tangível. Recuperamos vastas extensões de terra, degradadas, usadas como lixeiras ilegais, sem cultivo por décadas e as trouxemos de volta ao seu antigo esplendor, transformando-as em florestas que levam mais ou menos 8 anos para se formar completamente, produzir oxigênio, engolindo literalmente o carbono. De nossa parte, optamos por trabalhar as florestas de forma orgânica, biodinâmica e simbiótica. Portanto, de forma muito gentil e respeitosa, sem o uso de fertilizantes e agentes químicos. Basicamente como faziam os agricultores do passado, os nossos avós, usando as mãos ou no máximo usando pequenos meios. Alguns estudos mostram que essas florestas são capazes de ter um impacto positivo no meio ambiente 36 vezes mais do que um normal bosque ou floresta. Portanto, 100 hectares cultivados com bambu desempenham as mesmas funções que 3.600 hectares de floresta normal: é um número incrível! Além disso, ao contrário de um populus, que é cortado e replantado e que precisa de pelo menos 12 anos para ser cortado e usado novamente, levamos em média 8 anos para criar essas florestas, mas a cada inverno podemos ceifar e a cada primavera elas estão lá novamente, estruturadas, prontas para fazer o seu trabalho”.

Os bastões de bambu maduros, prontos para processamento
Vatican News

O aspecto social do bambu

Obviamente existe também um 'bem-estar' social que esta espécie é capaz de garantir. A Forever Bambu administra atualmente 250 hectares de plantações em 4 regiões do centro e norte da Itália e está se expandindo no exterior, com mais de 100 pessoas empregadas apenas no cultivo. Para esta empresa milanesa, a sustentabilidade passa também pelo trabalho digno, pelo salário justo, com contratos regulares e coerentes. Além do cultivo, há também toda a parte de processamento dos bambus maduros para o qual é utilizada outra mão-de-obra. Após o corte, os bambus são selecionados e é criado o chamado 'lascado', ou seja, a madeira reduzida a lascas, que com a colaboração de algumas indústrias é transformada em bioplástico: é um plástico totalmente inovador, resistente, não poluente com dentro uma matriz vegetal. “Com esse material - explica Rissone - podemos produzir pisos, cadeiras, mesas, complementos de decoração, utensílios de cozinha, mas estamos caminhando para a grande indústria, o que mais nos interessa porque significaria ter armazenado o carbono por mais tempo". A rentabilidade do gigante bambu Moso também está no setor alimentício. Na verdade, o rebento desta planta é um dos elementos-chave de muitas cozinhas tradicionais asiáticas e é cada vez mais utilizado em cozinhas vegetarianas. Em particular, só em Milão, os restaurantes de cozinha chinesa – cuja comunidade de referência é a quarta em número na Itália (são mais de 5.000 pessoas) – consomem quase 10.000 kg de brotos por dia. À versatilidade e sustentabilidade ecológica do bambu gigante une-se à sua capacidade de frutificar durante muitas décadas: a vida média de um bambuzal é de fato superior a um século.

Tijolos de lascas de bambu de onde se obtém o bioplástico
Vatican News

Abraçar a sustentabilidade como pede o Papa

“Nascemos um ano antes da Laudato si', em 2014 - diz Rissone - mas foi surpreendente ler que nossa missão, nosso objetivo, já estava escrito nas palavras do Papa: ou seja, deixar para nossos filhos um planeta melhor do que nós encontramos. E comprometer-nos em fazer florescer novamente este jardim maravilhoso que o Criador nos deu tornou-se realmente uma vocação. O Santo Padre fala a todos, a quem crê e a quem não crê, sem distinção nenhuma, mas creio que quem tem os meios para trabalhar imediatamente neste sentido têm uma responsabilidade maior de responder e refiro-me a nós empresários que estão no circuito econômico ou aos políticos ou a quem ocupa cargos de governo. A maior satisfação é ver a terra voltar a ficar verde como fazemos com estes terrenos baldios. Temos que limpar o planeta dos muitos lixões que o estão sufocando. O que eu tenho a dizer para as empresas é que façam alguma coisa! Não se escondam atrás da bandeira do verde e da sustentabilidade só porque está na moda! Devemos primeiro mudar nossa mentalidade e criar as bases para a conversão ecológica que o Papa Francisco nos pede para realizar com estes quatro macros objetivos subjacentes ao projeto, ou seja, sequestrar CO2, desenvolver e disseminar produtos de impacto zero, gerar riqueza e benefícios para todas as partes interessadas, garantir a sustentabilidade, escalabilidade e replicabilidade do modelo ao longo do tempo e, por fim, contribuir do ponto de vista cultural ao movimento da Economia Verde. Forever Bambu transformou-se este ano em uma empresa beneficente com um duplo propósito: a consecução de finalidades ambientais, alcançadas por meio de uma gestão cada vez mais esclarecida de todo o ciclo de vida dos bambuzais, e finalidade socioambientais, voltadas a orientar e multiplicar a transição ecológica em andamento, criando e divulgando um modelo de empresa verde de sucesso e inovadora. “O que me deixa particularmente feliz e orgulhoso com o passo dado – conclui Emanuele Rissone – é o feedback objetivo e constante que recebemos dos nossos clientes: as boas práticas são contagiosas e capazes de fazer um grande bem ao ambiente”.

Alguns produtos feitos com bioplástico obtido a partir do processamento
do bambu | Vatican News

Fonte: https://www.vaticannews.va/pt

Como vivenciar o deserto e o silêncio quaresmal?

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Por Diego Afonso Ribeiro

Não deixemos de invocar o nome Santo de Jesus, de modo que o inimigo seja vencido e a vitória de Cristo reine em nossa vida. Veja aqui:

Quaresma é um tempo litúrgico que conduz a revisão de nossa vida cristã e nos convida a uma profunda conversão. Vivenciar bem a Quaresma é encontrar-se com Cristo na liturgia e junto Dele ter a vida transformada. Não é possível que vivenciando este precioso encontro saiamos tal qual começamos, que não mude nada em nós; afinal é o próprio Espírito que nos conduzirá e sua ação não será em vão.

Deserto é o lugar de encontro com Deus, mas também o lugar do sofrimento e da tentação. João Batista se preparou no deserto; os Padres do Deserto ao retirar-se dos vilarejos para uma vida isolada, encontraram-se com o pior do próprio homem, mas também experimentaram a ação salvadora e eficaz de Deus que vem ao encontro daquele que se esvazia de si mesmo.

Vivenciemos com disciplina este deserto quaresmal, esforçando-nos em silenciar interiormente, sobretudo, dedicando tempo em oração para um verdadeiro encontro com Deus. Quem busca o Senhor há de encontrá-lo. Silenciar diante de Jesus, falar com Jesus, repetir frases da Palavra meditada, olhar para Jesus no sacrário, são exercícios que conduzirão o cristão a uma forte experiência da companhia de Jesus.

O próprio Jesus faz seu retiro e nele experimenta as tentações humanas. Os questionamentos diante de Deus, muitas vezes cercada de negociações e trocas infantis, “Se tu és Deus transforma esta pedra em pão”. Ser adulto na fé é ter a certeza de que Deus não precisa provar nada, ele está sempre ao lado de seus filhos e quando parece não estar, principalmente nas adversidades e enfermidades, é onde podemos recorrer e entender sua ação que fortalece e sustenta os mais fracos.

O diabo oferece a Jesus poder e majestade sobre os reinos deste mundo. Pobre tentação, pois o Reino de Jesus não é deste mundo. Caminhemos com os olhos voltados as verdadeiras riquezas, os poderes de eternidade e santidade, a conquista da salvação e do céu. É tempo de examinar em nossos atos tudo aquilo que ocupa o lugar de Deus e assume mais importância dentro de nós, ou seja, tudo que nos rouba de Deus. Descubramos em Cristo nossa maior riqueza e tenhamos Nele a confiança de que neste mundo as coisas passam, nosso caminhar é para a vitória eterna e celestial. 

O mal é ousado, se faz presente até mesmo no templo sagrado. É astuto e conhecedor da Palavra, faz uso da Escritura para afrontar a Jesus. Porém, Jesus em sua autoridade cessa a ação do mal, “Não tentarás o Senhor teu Deus”, e o diabo se retira. Em nossa caminhada de conversão seremos tentados e provados com as ciladas do inimigo, que fará uso até mesmo de nossas conquistas espirituais. O mal é especialista em remoer o passado e ressuscitar culpas já confessadas. Por isso, não deixemos de invocar o nome Santo de Jesus, de modo que o inimigo seja vencido e a vitória de Cristo reine em nossa vida. 

Como vivenciar este deserto e silêncio quaresmal?

  • Com disciplina estipular um momento com Deus, sem devoções ou leituras, apenas você e Deus. Falar e ouvir, trocar olhares, deixar-se tocar por Deus. 
  • Repetir mantras, frases bíblicas, deixando-se envolver por elas de modo a meditá-las e interiorizá-las.
  • Limitar-se em algum aspecto, sejam redes sociais ou costumes, de modo a aperfeiçoar ainda mais sua caminhada cristã. 
  • Vivenciar o jejum e abstinência, porém, dar um sentido ao jejum bem como acompanhá-lo com orações.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

O Papa: O Evangelho não é uma ideologia. É um anúncio que toca e muda o coração

O Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira 
(Vatican Media)

O Espírito Santo foi o protagonista na catequese do Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira. Francisco disse que o Espírito Santo é «o motor da evangelização»" e que "cada tradição religiosa é útil, se facilitar o encontro com Jesus". "Se você se refugia numa ideia, numa ideologia seja de direita, de esquerda, ou de centro, você está fazendo do Evangelho um partido político, uma ideologia, um clube", disse o Pontífice.

Mariangela Jaguraba - Vatican News

«Ide, pois, e fazei discípulos de todas as nações, batizando-as em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo». Com estas palavras de Jesus o Papa Francisco iniciou a catequese da Audiência Geral, desta quarta-feira (22/02), realizada na Sala Paulo VI, sobre a paixão de evangelizar.

Ide, diz o Ressuscitado, não para doutrinar, nem para fazer prosélitos, mas para fazer discípulos, ou seja, para oferecer a cada um a possibilidade de entrar em contato com Jesus, de o conhecer e de o amar livremente. Ide, batizando: batizar significa imergir e, portanto, antes de indicar uma ação litúrgica, exprime um ato vital: mergulhar a própria vida no Pai, no Filho, no Espírito Santo; experimentar todos os dias a alegria da presença de Deus que está próximo de nós como Pai, como Irmão, como Espírito que age em nós, no nosso próprio espírito. Batizar é imergir-se na Trindade.

O Espírito Santo é «o motor da evangelização»

Segundo o Papa, "quando Jesus diz aos seus discípulos - e também a nós – “Ide!”, não comunica apenas uma palavra. Não! Comunica, ao mesmo tempo, o Espírito Santo, pois só graças a Ele, ao Espírito, podemos receber a missão de Cristo e cumpri-la. Com efeito, os Apóstolos permanecem fechados no Cenáculo, com medo, até chegar o dia de Pentecostes e descer o Espírito Santo sobre eles. O anúncio do Evangelho só se realiza na força do Espírito, que precede os missionários e prepara o coração: Ele é «o motor da evangelização»".

No Livro dos Atos dos Apóstolos, "vemos que o protagonista do anúncio não é Pedro, Paulo, Estêvão ou Filipe, mas o Espírito Santo". Os Apóstolos, "não obstante as diferentes sensibilidades e opiniões, põem-se à escuta do Espírito. E Ele ensina algo, válido até hoje: cada tradição religiosa é útil, se facilitar o encontro com Jesus.

O Evangelho é um anúncio que toca e muda o coração

"Tudo na Igreja deve conformar-se com as exigências do anúncio do Evangelho; não com as opiniões dos conservadores ou dos progressistas, mas com o fato de que Jesus alcance a vida das pessoas. Por isso, cada escolha, uso, estrutura e tradição devem ser avaliados na medida em que favorecerem o anúncio de Cristo", frisou o Papa, acrescentando:

E quando se encontram divisões na Igreja, por exemplo, divisões ideológicas, eu sou conservador, ou eu sou progressista, onde está o Espírito Santo?

“Prestem atenção, pois o Evangelho não é uma ideia, o Evangelho não é uma ideologia, o Evangelho é um anúncio que toca e muda o seu coração, mas se você se refugia numa ideia, numa ideologia seja de direita, de esquerda, ou de centro, você está fazendo do Evangelho um partido político, uma ideologia, um clube.”

O Evangelho sempre dá a liberdade do Espírito que age em você e o conduz. Quanto é preciso hoje tomar a liberdade do Evangelho nas mãos e deixar-se conduzir pelo Espírito!

"Assim, o Espírito lança luz sobre o caminho da Igreja. Com efeito, Ele não é apenas a luz do coração, é a luz que orienta a Igreja: esclarece, ajuda a distinguir, a discernir", frisou ainda o Papa.

Por isso, é necessário invocá-lo frequentemente; o façamos também hoje, no início da Quaresma. Pois, como Igreja, podemos ter tempos e espaços bem definidos, comunidades, institutos e movimentos bem organizados, mas sem o Espírito, tudo permanece sem alma. Não basta a organização. É o Espírito que dá vida à Igreja.

Invocar com frequência o Espírito

Segundo Francisco, se a Igreja não rezar, não invocar o Espírito, "fecha-se em si mesma, em debates estéreis e extenuantes, em polarizações desgastantes, enquanto a chama da missão se extingue. É muito triste ver a Igreja como se fosse um parlamento, somente. A Igreja é outra coisa. A Igreja é a comunidade de homens e mulheres que creem e anunciam Jesus Cristo movidos pelo Espírito Santo e não pelas próprias razões. Sim, se usa a razão, mas é o Espírito a iluminá-la e a movê-la".

O Espírito "nos faz sair, nos impele a anunciar a fé para nos confirmarmos na fé, a ir em missão para reencontrarmos quem somos. Por isso, o Apóstolo Paulo recomenda: «Não extingais o Espírito!»", disse ainda o Papa, convidando a rezar "com frequência ao Espírito", invocá-lo, pedir-lhe "todos os dias que acenda em nós a sua luz". Façamos isso "antes de cada encontro, para nos tornarmos apóstolos de Jesus com as pessoas que encontrarmos. Não extinguir o Espírito na comunidade cristã e dentro de cada um de nós".

"Como Igreja comecemos e recomecemos do Espírito", disse ainda o Papa, convidando a nos perguntar "se nos abrimos a esta luz, se lhe damos espaço". "Invoco o Espírito? Deixo-me orientar por Ele, que me convida a não me fechar, mas a levar Jesus, a dar testemunho do primado da consolação de Deus sobre a desolação do mundo? Que Nossa Senhora que entendeu isso muito bem, nos ajude a entender isso", concluiu Francisco.

Como o jejum pode nos tornar menos egoístas

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Por Philip Kosloski

O jejum durante a Quaresma pode reorientar a nossa vida e nos deixar mais focados nos outros.

O jejum é uma disciplina quaresmal que a maioria de nós não gosta de praticar ou não adota plenamente. Não gostamos do sacrifício de sentir fome.

No entanto, é grande a importância do jejum como disciplina espiritual capaz de nos ajudar a ser menos egoístas e mais abertos às outras pessoas.

O Papa Bento XVI destacou esse aspecto do jejum na sua mensagem de Quaresma em 2011:

“O jejum, que pode ter várias motivações, assume para o cristão um significado profundamente religioso: tornando a nossa mesa mais pobre, aprendemos a vencer o egoísmo para viver na lógica do dom e do amor; suportando alguma forma de privação – e não apenas o excesso – aprendemos a desviar o olhar do nosso ‘eu’, a descobrir Alguém próximo de nós e a reconhecer Deus no rosto de tantos irmãos e irmãs. Para os cristãos, o jejum, longe de ser deprimente, nos abre cada vez mais a Deus e às necessidades dos outros, permitindo assim que o amor a Deus se torne também amor ao próximo (cf. Mc 12, 31)”.

É tentador pensar no jejum como algo opressivo e desnecessário, mas ele pode ter um efeito espiritual surpreendente se o abraçarmos a sério.

A atitude-chave é deixar o jejum abrir os nossos olhos para os pobres entre nós e reconhecer o quanto Deus nos deu. Essa percepção deve inspirar-nos a servir os pobres em nossa comunidade local e a fazer o que pudermos para retribuir aos menos afortunados.

Sempre que jejuarmos durante a Quaresma, ou em outras épocas do ano, deixemos que a graça de Deus penetre em nosso coração e nos ajude a ser menos egoístas em nossa vida.

Fonte: https://pt.aleteia.org/

Pe. Manuel Pérez Candela

Pe. Manuel Pérez Candela
Pároco da Paróquia Nossa Senhora da Imaculada Conceição - Sobradinho/DF